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35-PROCEDIMENTOS-DE-ENSINO

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1 
 
2 
 
 
 
 
 
Complementação Pedagógica 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
Unidade I 
Procedimentos de Ensino 
Unidade II 
Conhecendo os Procedimentos de Ensino 
- Apresentação do Grupo 
- Apresentação de Ideias 
- Aula Expositiva 
- Debate 
- Dramatização 
- Ensino com pesquisa 
- Ensino com projetos 
- Estudo de caso 
- Estudo dirigido 
- Estudo do Meio 
- Seminário 
- Solução de problemas 
- Trabalho em grupos 
Unidade III 
As técnicas de Freinet com diferentes procedimentos de Ensino 
- Uma Proposta Pedagógica para os nossos tempos. 
- Técnicas que revolucionaram o ensino: 
- Aulas – Passeio 
- Texto – livre 
- Livro da vida 
- Correspondência interescolar 
- Jornal escola 
- Fichário escolar cooperativo 
4 
 
 
OBJETIVOS DO CURSO 
 
 Refletir sobre a importância de pensar, escolher e adotar diferentes 
Procedimentos de Ensino que ajudam e apoiam o fazer 
pedagógico. 
 
 Apresentar um referencial para apoio e reflexão aos educadores, 
tendo em vista a grande necessidade de planejar e construir a 
prática docente. 
 
 Estimular a reflexão sobre a relação ensinar-aprender, com enfoque 
no como ensinar, para que o aluno aprenda tanto no nível 
cognitivo quanto no afetivo e motor. 
5 
 
UNIDADE I 
 
PROCEDIMENTOS DE ENSINO 
 
Procedimentos de Ensino - são as ações do professor e do 
aluno, no processo ensino-aprendizagem. São os “que fazer” 
pedagógicos, no sentido de provocar, estimular, desencadear a ação 
do aluno no processo de construção do conhecimento. 
Sem desconsiderar as diferentes concepções de Educação e as 
decorrentes propostas de organização da prática pedagógica e do 
espaço educativo, formuladas em cada uma delas, será nosso 
objetivo, no decorrer desta Unidade, analisar os diferentes 
procedimentos de ensino, sob o enfoque dos objetivos de ensino, que 
mais diretamente cada um deles possibilita realizar e das atribuições 
que acarretam ao professor. 
Consideraremos procedimentos de ensino as ações que nos 
propomos a investigar, lembrando que, no contexto de variadas 
concepções de Educação, eles têm sido identificados como técnicas, 
estratégias, atividades, métodos, entre outros. E ainda, que têm sido 
foco de maior ou menor importância, maior ou menor relevância. 
Apoiada na experiência educativa e na investigação teórica, é 
possível afirmar que procedimentos de ensino devem compor o 
conjunto de preocupações do professor, no processo de elaboração 
do plano de ensino, na mesma medida que os objetivos e os 
conteúdos de ensino e que os procedimentos de avaliação. 
6 
Nenhum dos componentes desse amplo processo de decisões 
pode preponderar sobre os demais. Todos são igualmente importantes 
e decorrentes. 
 
Com base em objetivos de ensino bem definidos, apoiados em 
consistente caracterização dos alunos, o professor pode realizar uma 
seleção adequada de conteúdos de ensino. Com objetivos bem for- 
mulados e conteúdos bem eleitos, por sua vez, ele seleciona proce- 
dimentos de ensino e de avaliação compatíveis e envolventes. Por 
decorrência, esses componentes do plano de ensino, de forma 
harmônica e integrada, orientam o trabalho do professor em direção à 
necessária qualidade. 
Da mesma forma, não é possível acreditar que exista o melhor 
procedimento de ensino. Cada procedimento deve ser selecionado em 
função dos objetivos e conteúdos de ensino que o professor pretende 
realizar, considerando especificamente o grupo de alunos com que 
trabalha e o momento do processo ensino-aprendizagem que 
desenvolvem. Assim, não há como postular a vantagem de um 
procedimento sobre outro, de modo genérico. 
Também não é possível recomendar procedimentos de ensino 
que privilegiem exclusivamente aspectos ativos ou passivos da 
aprendizagem, ou a elaboração pessoal, movida por interesses 
7 
explícitos dos alunos, em detrimento da memorização e da 
compreensão de conceitos e teorias. Não há fórmula pronta ou 
consagrada. De qualquer modo, é sempre desejável que o aluno 
vivencie um processo de apropriação significativa dos novos 
conhecimentos, relacionando-os a conhecimentos e experiências 
anteriores, e apoiados em suas necessidades humanas. 
E, nesse sentido, será necessário que o professor conheça e 
saiba utilizar diferentes procedimentos de ensino, capazes, em cada 
momento do processo ensino-aprendizagem, de mobilizar as 
experiências e as vivências necessárias, em relação ao conteúdo em 
estudo e aos objetivos propostos. 
Para tanto, alguns procedimentos de ensino serão apresentados 
a seguir, organizados internamente com base nos seguintes itens. 
- Descrição do procedimento de ensino: características gerais, 
variações. 
- Objetivos de ensino que o procedimento possibilita atingir, 
com maior frequência. 
- Atribuições do professor na preparação e no desenvolvimento 
da atividade. 
- Papel do aluno: atribuições e habilidades a serem mobilizadas. 
8 
UNIDADE II 
 
CONHECENDO OS PROCEDIMENTOS DE ENSINO... 
 
APRESENTAÇÃO DO GRUPO 
Descrição: 
São procedimentos de ensino a serem utilizados nas situações 
em que professor e alunos ainda não se conhecem, em geral no início 
do ano letivo ou de uma nova disciplina. 
Os procedimentos de apresentação podem ser: 
- Apresentação simples: cada componente diz seu nome e um 
aspecto selecionado previamente pelo professor de sua vida pessoal, 
suas preferências, suas expectativas, suas experiências anteriores, 
entre outros. 
- História do nome: o componente do grupo diz seu nome e 
narra os motivos familiares e sociais da escolha. 
- Apresentação em duplas: organizados em duplas, os alunos 
conversam entre si e se apresentam, mencionando aspectos 
relevantes de sua vida. Decorrido o tempo estipulado pelo professor, 
cada aluno fala de seu colega ao grupo. Esta modalidade se presta 
melhor ao ensino presencial. 
Objetivos de Ensino 
O emprego de procedimentos de apresentação propicia ao professor e 
aos alunos uma oportunidade de: 
- Nomear os componentes do grupo-classe, identificando 
professor e alunos. 
9 
 
- Enumerar características pessoais relevantes, preferências, 
relações familiares e sociais. 
- Expressar expectativas e interesses em relação ao trabalho 
que será realizado. 
- Relatar experiências favoráveis ou desfavoráveis vivenciadas 
com a área de conhecimento ou disciplina. 
- Respeitar as diferenças identificadas entre os componentes do 
grupo-classe. 
- Romper barreiras interpessoais ou preconceitos estabelecidos 
por meio de julgamentos precipitados ou apoiados apenas em sinais 
exteriores. 
No decorrer dessa atividade, o aluno será estimulado a realizar 
aprendizagens de caráter conceitual (nomes, características), 
procedimental (expressão verbal: falar e ouvir) e atitudinal (respeito, 
atenção). 
 
Atribuições do Professor 
Escolhida a modalidade de apresentação, o professor deverá: 
- Solicitar aos alunos que colaborem na disposição das cadeiras 
em círculo, arrumando a sala de modo que todos possam ver e ser 
vistos. 
- Esclarecer as condições de realização do procedimento de 
apresentação: aspectos a serem comentados, tempo de duração. 
Verificar se o procedimento já foi utilizado com o grupo em passado 
recente e, se necessário, modificar o critério a ser empregado. 
 
- Moderar a apresentação, garantindo que todos se manifestem 
e se apresentem ou sejam apresentados em ambiente de respeito e 
acolhimento. 
- Apresentar-se com clareza e nos mesmos padrões utilizados 
pelos alunos, isto é, mencionando os aspectos selecionados. 
 
 
APRESENTAÇÃO DE IDEIAS 
Descrição: 
Para iniciar um novo tema de estudo, muitas vezes, o professor 
tem a necessidade de realizar um inventário dos conhecimentos 
anteriores, disponíveis entre os alunos. 
Em algumas situações, é importante explicitar essas informações 
para diagnosticar a compreensão superficial ou eventualmente 
preconceituosados conceitos a serem trabalhados muitas vezes 
entendidos de modo inquestionável. 
São exemplos desses procedimentos: 
- Tempestade cerebral ou brainstorming: quando o aluno 
menciona em voz alta e espontaneamente, sem pré-julgamentos, as 
ideias que lhe ocorrem diante de um novo tema ou assunto. Essas 
palavras serão anotadas no quadro-de-giz pelo professor, agrupadas 
de acordo com sua semelhança ou diferença ou por categorias 
afirmativas e negativas, entre outras. 
- Redação de conceitos: o professor distribui pequenos pe- 
daços de papel todos iguais e o aluno é orientado a explicar, em 
poucas palavras, sua compreensão do conceito ou ideia. Concluída a 
redação, o professor recolhe as produções sem identificação do aluno- 
autor e, com base nas ideias ali contidas, organiza o registro no 
10 
11 
 
quadro-de-giz, de forma semelhante à atividade anterior. Trabalhar 
dessa maneira pode contribuir para proteger o aluno na exposição de 
suas ideias, quando o grupo ainda não tem a familiaridade necessária. 
- Cartaz em grupo: os alunos devem participar da elaboração 
de um cartaz, com um desenho ou colagem, realizado em subgrupo, 
após rápida discussão a respeito de um tema proposto. Concluído o 
tempo determinado para a atividade, os cartazes devem ser expostos 
e observados por toda a classe. 
Na sequência, serão comentados por seus autores, explicitando 
seu sentido e suas relações e discutidos livremente pelos demais 
alunos. 
 
Objetivos de Ensino 
Os procedimentos de apresentação de ideias são muito úteis nas 
situações em que o conceito a ser trabalhado é de uso frequente dos 
alunos, já incorporado a sua linguagem, porém nos limites do senso 
comum. São procedimentos que possibilitam: 
- Explicitar a compreensão presente, entre os alunos, do tema a 
ser trabalhado. 
- Mapear o conceito, agregando ideias semelhantes e com- 
plementares ou refutando ideias contrárias. 
- Expressar ideias, em linguagem oral, escrita ou por meio de 
desenho coletivo. 
- Escutar as opiniões dos colegas e ser por eles ouvido em suas 
ideias. 
- Trabalhar de maneira cooperativa, na construção do cartaz, no 
subgrupo, e do conceito, no grupo-classe. 
12 
 
- Respeitar ideias divergentes e formas de expressão diferentes. 
- Estreitar vínculos afetivos entre os alunos, contribuindo para a 
coesão da classe. 
Esses procedimentos de ensino propiciam condições para o 
aluno realizar aprendizagens de caráter conceitual (revisão de con- 
ceitos), procedimental (expressão verbal: falar e ouvir, elaboração de 
cartaz: desenhar, pintar, colar, recortar) e atitudinal (respeito, atenção, 
cooperação). 
 
Atribuições do Professor 
O papel do professor caracteriza-se por: 
- Definir a atividade a ser realizada e esclarecer aos alunos as 
suas atribuições. 
- Reunir e disponibilizar o material necessário à redação dos 
conceitos ou à elaboração dos cartazes, que neste último caso pode 
ser solicitado aos alunos, em aula anterior. 
- Conduzir o processo, observando que todos os alunos tenham 
a oportunidade de se manifestar e de contribuir no processo de 
construção coletiva do conceito. 
- Elaborar a síntese, registrando e estimulando o registro, por 
parte dos alunos, das ideias construídas no decorrer da atividade. 
 
AULA EXPOSITIVA 
Descrição: 
A aula expositiva é um dos procedimentos de ensino mais 
conhecidos e utilizados e, de certo modo, dispensa descrição. Em 
geral, baseia-se na apresentação oral de um tema, pelo professor, e 
13 
 
pode contar com maior ou menor participação dos alunos, 
dependendo da proposta e dos objetivos de ensino. Além disso, a aula 
expositiva pode estar apoiada em recursos de ensino, como 
esquemas, gráficos, sinopses, anotada no quadro-de-giz, em cartazes, 
em transparências, entre outros. 
 
Objetivos de Ensino 
A aula expositiva pode ser utilizada nas situações em que o 
professor pretende propiciar aos alunos condições de: 
- Compreender de forma ampla e geral um novo tema de estudo, 
quando são apresentadas as ideias introdutórias ao assunto, através 
de esquemas e sumários. Na sequência, outros procedimentos de 
ensino deverão ser empregados, de modo que promova o 
aprofundamento necessário ao estudo. 
- Sintetizar o assunto estudado por meio de outros proce- 
dimentos de ensino, identificando os aspectos essenciais, de maneira 
resumida. Nesse caso, a aula expositiva, como oportunidade de 
elaboração da síntese final, pode contar com a participação ativa dos 
alunos, que já terão produzido conhecimentos sobre o assunto. 
- Atualizar as informações disponíveis ou solicitar as explicações 
necessárias sobre o assunto em estudo, quando o professor esclarece 
aspectos cuja compreensão pareça mais difícil ou divulga informações 
de acesso mais restrito. 
A aula expositiva oferece oportunidade para o aluno realizar 
aprendizagens de caráter conceitual (aquisição e atualização de in- 
formações, esclarecimento de dúvidas, elaboração de sínteses), 
14 
 
procedimental (ouvir e perguntar, anotar, elaborar esquemas) e 
atitudinal (respeito e atenção). 
 
Atribuições do Professor: 
O sucesso da aula expositiva depende quase exclusivamente do pro- 
fessor, tanto para a sua preparação como para o desenvolvimento. 
Em relação à preparação, o professor deve: 
- Definir claramente os objetivos de ensino da aula, considerando 
as características e as necessidades dos alunos. 
- Planejar com cuidado a sequência das ideias a serem apre- 
sentadas, as perguntas e os exemplos a serem utilizados. 
- Elaborar o esquema ou sumário a ser transcrito no quadro-de- 
giz ou equivalente. 
- Preparar outros recursos básicos, como fotos, recortes, 
transparências, lembrando-se de que devem conter apenas os 
elementos mínimos necessários para ilustrar e complementar a 
exposição oral. 
- Reservar os equipamentos necessários ou verificar sua pre- 
sença e a forma de utilização no espaço onde será realizada a aula 
expositiva. 
No que se refere à realização da aula expositiva, o professor 
deve: 
- Comunicar com clareza o tema e os objetivos de ensino da 
aula, relacionando-os a aulas anteriores. 
- Despertar a atenção dos alunos para o tema a ser tratado com 
uma questão, o relato de um fato, o comentário de uma notícia, entre 
15 
 
outros, de modo que mobilize conhecimentos e experiências 
anteriores dos alunos. 
- Respeitar o ritmo da classe em relação à participação, com 
comentários ou questões, e em relação à possibilidade de anotar 
ideias e esquemas apresentados. 
- Apoiar a apresentação em recursos visuais preparados pre- 
viamente e em comentários e questões formuladas pelos alunos, 
dirigindo-se a eles pessoalmente. 
- Utilizar linguagem não-verbal - gestos, expressão facial, 
variando o tom de voz e movimentando-se pelo espaço da sala de 
aula. 
- Avaliar continuamente a disposição dos alunos, levando em 
conta que sua participação na aula expositiva não é tão passiva 
quanto se pode pensar, mas requer atenção e disponibilidade para a 
atividade intelectual. 
- Evitar de se irritar com interrupções ou distrações dos alunos, 
considerando-as desrespeito ou desinteresse. 
- Controlar cuidadosamente o tempo de duração da aula, 
evitando ultrapassar 15 ou 20 minutos de exposição contínua. Lembre-
se de que assistir a uma aula expositiva pode ser muito cansativo. 
- Ao final da apresentação, enfatizar ideias essenciais e esta- 
belecer a sua relação com as próximas atividades a serem 
desenvolvidas. 
16 
 
DEBATE 
Descrição: 
O debate é um procedimento de ensino que se apoia em leitura 
e estudo prévio sobre o assunto em foco e desenvolve-se no processo 
de exposição oral das ideias, pelos participantes do grupo, mediado 
pela atuação do professor. 
Quando a ideia em debate inclui posições antagônicas, e co- 
nhecido o grau de envolvimento e participação dos alunos, o professor 
pode dividir a classe em dois subgrupos, que se responsabilizarãopor 
defender ou por combater a ideia em debate. Decorridos alguns 
minutos, as posições podem ser trocadas, dando oportunidade a quem 
defendeu de atacar e a quem atacou, de defender. 
Objetivos de Ensino 
O debate possibilita a professor e alunos: 
- Preparar-se previamente para a discussão, fundamentando 
conceitos e organizando informações. 
- Expor ideias, reflexões, vivências, experiências em relação a 
um assunto estudado. 
- Ouvir ou ler o relato de experiências, opiniões, impressões dos 
demais participantes do grupo. 
- Argumentar e defender posições, respeitando opiniões alheias 
e fazendo respeitar as suas. 
- Trocar de papéis, defendendo ideias organizadas pelo grupo a 
que pertence, mesmo que não expressem suas convicções pessoais. 
- Trabalhar com perspectivas diferentes, ampliando a com- 
preensão de um tema ou assunto. 
- Respeitar e fazer respeitar regras e limites. 
17 
 
O debate pode ser uma situação de aprendizagem em que o 
aluno atinge objetivos de caráter conceitual (informação, atualização e 
aquisição de novas ideias ou argumentos), procedimental (ouvir e 
expressar ideias e argumentos) e atitudinal (atenção, respeito, 
empatia, solidariedade). 
 
Atribuições do Professor 
Para que o debate possa ser utilizado com sucesso, o professor 
precisa: 
- Selecionar um tema adequado à realização do procedimento. 
- Dominar, de forma ampla e profunda, o assunto a ser debatido. 
- Orientar a preparação prévia dos alunos, fornecendo indi- 
cações bibliográficas, sugerindo leituras e pesquisas. 
- Enunciar claramente as regras a serem seguidas e os inter- 
valos de tempo a serem observados. 
- Dispor as cadeiras de modo que todos os participantes possam 
ver e ser vistos, no decorrer do debate. 
- Estimular a participação de todos os alunos, evitando atitudes 
monopolizadoras da palavra, por parte de alguns, e o silêncio de 
outros. 
- Promover a mediação atenta, respeitando e fazendo respeitar o 
tempo de participação de cada um, e garantindo a atenção e o 
respeito às opiniões dos participantes. 
- Estimular a cooperação, pela análise contínua das contri- 
buições e pelo elogio aos participantes. 
18 
 
- Organizar as contribuições, a fim de construir conclusões, ainda 
que parciais e provisórias, para que no encerramento da atividade não 
permaneçam questões sem resposta. 
- Avaliar o procedimento de ensino utilizado, os resultados 
obtidos e a participação do grupo no debate. Registrar suas 
impressões sobre o preparo, o envolvimento e a participação dos 
diferentes alunos, compondo, com essas informações, um relatório de 
avaliação continuada. 
 
DRAMATIZAÇÃO 
Descrição: 
A dramatização ou "desempenho de papéis" é um procedimento 
de ensino que objetiva a representação de uma situação do cotidiano, 
fato ou fenômeno social, pelos alunos. Pode ser espontânea ou 
planejada e, em geral, apoia-se no desempenho de papéis da reali- 
dade. Na dramatização planejada, os alunos preparam a representa- 
ção, elaborando os personagens e discutindo os papéis que vão de- 
sempenhar. Na dramatização espontânea, os alunos participam sem 
elaboração prévia das situações encenadas. 
 
Objetivos de Ensino 
A dramatização é um procedimento de ensino que possibilita ao 
professor e aos alunos: 
- Caracterizar e analisar de forma abrangente as situações do 
cotidiano. 
- Expressar-se com clareza, expondo ideias, sentimentos e 
percepções, em linguagem verbal e não-verbal. 
19 
 
- Desenvolver a observação e a criatividade. 
- Desenvolver a empatia e a solidariedade, no desempenho de 
papéis sociais e profissionais diferentes. 
- Analisar situações de conflito e disputa, trabalhando com 
valores. 
- Envolver-se ativamente no processo de construção de novos 
conhecimentos. 
A dramatização, utilizada como procedimento de ensino, pode 
constituir oportunidade de aprendizagem na qual o aluno atinge 
objetivos de caráter conceitual (informação, ideias), procedimental 
(representação de papéis, relacionamento interpessoal, auto- 
consciência, expressão de ideias e posições) e atitudinal (empatia, 
respeito, sensibilidade, solidariedade). 
 
Atribuições do Professor 
Usar dramatização em sala de aula requer que o professor se 
preocupe em: 
- Preparar os alunos para a atividade a ser realizada, estimu- 
lando a participação daqueles considerados mais tímidos. 
- Selecionar a situação, fato ou fenômeno a ser trabalhado na 
dramatização. 
- Orientar a discussão dos subgrupos e a construção dos papéis, 
no caso de dramatização planejada. 
- Definir a duração da cena e os objetivos a serem alcançados 
nas situações a serem dramatizadas. 
- Estimular o registro das observações realizadas no decorrer da 
dramatização, como personagem ou como plateia. 
20 
 
- Avaliar a participação e o envolvimento do grupo na atividade 
realizada, e de cada aluno, em particular, registrando essas 
informações no processo de avaliação continuada. 
- Sistematizar os aspectos principais trabalhados, resumindo-os 
com a participação dos alunos. 
 
ENSINO COM PESQUISA 
Descrição: 
Ensino com pesquisa é um procedimento que requer a 
orientação direta do professor, no processo de elaboração da 
pesquisa. É muito mais do que determinar que os "alunos façam 
pesquisas", caracterizadas pela busca em bibliografia escrita ou virtual 
das informações pretendidas e pela transcrição ou impressão gráfica 
dos achados. É uma atividade de ensino que demanda tempo e 
dedicação dos envolvidos, na produção de conhecimentos. 
Esse procedimento de ensino também pode ser conhecido por 
método da descoberta, que, da mesma forma requer uma atitude 
reflexiva por parte do aluno e a assistência contínua do professor. 
 
Objetivos de Ensino 
O ensino com pesquisa propicia ao professor e aos alunos uma 
oportunidade de: 
- Buscar e coletar as informações necessárias à realização do 
estudo. 
- Treinar a capacidade de observação, investigação e reflexão. 
- Trabalhar com fontes diversificadas de i n fo rmação , 
 como revistas, livros, fotos, filmes, letras de música. 
21 
 
- Transitar por diversos ambientes educativos, como biblioteca, 
videoteca, sites na Internet, entre outros. 
- Selecionar as informações pertinentes, organizá-las e 
empregá-las na elaboração do estudo. 
- Trabalhar, de forma cooperativa, com os outros componentes 
do grupo de pesquisa, quando esse trabalho se realizar em 
subgrupos. 
- Desenvolver ou aperfeiçoar o sentimento de auto confiança, em 
relação às habilidades cognitivas. 
- Registrar suas conclusões, redigindo um relatório científico. 
- Preparar uma apresentação oral, síntese do relatório da 
pesquisa. 
- Comunicar, com clareza, os resultados obtidos. 
O ensino, com pesquisa, embora demande tempo e dedicação 
do professor, é uma situação de aprendizagem na qual o aluno realiza 
transformações de ordem conceitual (coleta, seleciona, organiza, 
relaciona e registra informações), procedimental (observação, 
manuseio de fontes e documentos diversos, utilização de diferentes 
ambientes educativos, registro e expressão oral) e atitudinal (coo- 
peração, autoconfiança). 
 
Atribuições do Professor 
Para trabalhar dessa maneira, no processo ensino- 
aprendizagem, o professor precisa: 
- Esclarecer a seus alunos a forma de realização da pesquisa 
bibliográfica ou de campo -, enfatizando que se trata de oportunidade 
de produção de novos conhecimentos. 
22 
 
- Orientar com clareza a escolha do tema e os objetivos da 
investigação. 
- Quando a classe for numerosa, formar subgrupos, delegar a 
cada subgrupo um aspecto da investigação como desdobramento do 
problema da pesquisa. 
- Descrever um plano de pesquisa e exemplificar as ações a 
serem realizadas. 
- Orientar passo a passo o processo de investigação e a ela- 
boração do relatório. 
- Agendar a apresentação dos relatórios dos subgrupos. 
- Coordenar as apresentações, estimulando a participação dos 
alunose a solução de dúvidas e eventuais divergências. 
- Estimular o registro das conclusões dos subgrupos, como 
passos no processo de construção do novo conhecimento. 
- Coordenar a avaliação do processo e dos produtos obtidos, da 
participação individual e do desempenho coletivo. Propor ainda aos 
alunos a avaliação do desempenho do professor, considerando que 
sua orientação direta é fator decisivo para o sucesso do procedimento. 
- Registrar as informações coletadas na observação direta, nos 
relatórios, na apresentação final de cada aluno e dos grupos, no 
processo de avaliação continuada. 
 
ENSINO POR PROJETOS 
Descrição: 
O ensino por projetos organiza-se com base em um problema 
concreto, presente na realidade do aluno, que pede a busca de 
soluções práticas. Em parte, é semelhante ao ensino com pesquisa, 
23 
 
na fase de coleta e organização de informações, na consulta a fontes 
e no trânsito por espaços educativos. No entanto, o ensino por 
projetos não finaliza com um relatório de pesquisa, mas com a 
elaboração de uma proposta de intervenção na realidade, um projeto. 
 
Objetivos de Ensino 
De modo semelhante ao ensino com pesquisa, o ensino por 
projetos requer tempo e dedicação do professor e dos alunos e 
estabelece condições para: 
- Desenvolver o raciocínio diante de problemas propostos pela 
realidade imediata. 
- Selecionar e coletar as informações necessárias ao entendi- 
mento do problema. 
- Observar, investigar, refletir e propor alternativas de solução. 
- Trabalhar com fontes diversificadas de informação em diversos 
ambientes educativos. 
- Relacionar conhecimentos de áreas diferentes, em seus as- 
pectos teóricos e práticos. 
- Trabalhar, de maneira cooperativa, com seu grupo de projeto. 
- Desenvolver a autoconfiança e a criatividade, na busca de 
soluções originais para o problema em análise. 
- Prever tarefas necessárias, elaborar plano de ação, delegando 
e assumindo responsabilidades. 
- Registrar as conclusões, descrevendo o processo de inter- 
venção na realidade. 
- Preparar uma apresentação oral, síntese do relatório do projeto 
e roteiro de intervenção. 
24 
 
- Comunicar, com clareza, as ações propostas, discutindo- as e 
acatando as sugestões pertinentes. 
O ensino por projetos requer períodos mínimos de dois a três 
meses para sua realização e grande dedicação por parte de professo- 
res e alunos. Constitui uma situação de aprendizagem na qual o aluno 
atinge objetivos conceituais (produz novos conhecimentos diante de 
uma situação real), procedimentais (elabora processos de 
investigação e busca de solução) e atitudinais (coopera, respeita e 
valoriza o seu trabalho e o de seus colegas). 
 
Atribuições do Professor 
As atribuições do professor ao utilizar o ensino por projetos são 
muito semelhantes àquelas enumeradas no ensino com pesquisa. 
Como visto, para que a atividade se realize, será necessário ao pro- 
fessor: 
- Orientar os alunos na escolha do projeto. 
- Quando a classe for numerosa, formar subgrupos, orientando- 
os na seleção dos subprojetos. 
- Elaborar, com os alunos, um plano de trabalho, enumerando as 
tarefas a serem cumpridas. 
- Orientar o processo de investigação e a elaboração do projeto. 
- Auxiliar os alunos na execução do projeto. 
- Agendar a apresentação dos projetos dos subgrupos. 
- Coordenar as apresentações, estimulando a participação dos 
alunos com contribuições aos projetos. 
- Coordenar a avaliação do processo e dos projetos realizados, 
da participação individual e do desempenho coletivo. Propor ainda aos 
25 
 
alunos a avaliação do desempenho do professor, considerando que 
sua orientação direta é fator decisivo para o sucesso do procedimento. 
- Registrar as informações coletadas por observação direta, no 
desenvolvimento dos projetos, e pela apresentação final de cada aluno 
e dos grupos, no processo de avaliação continuada. 
 
ESTUDO DE CASO 
Descrição: 
O estudo de caso é um procedimento de ensino que se apoia na 
apresentação aos alunos de uma situação real ou simulada, relativa 
ao tema em estudo, para análise e encaminhamento de solução. 
Corresponde a um método de trabalho no qual os alunos têm a 
oportunidade de aplicar conhecimentos teóricos a situações práticas. A 
situação pode ser trazida aos alunos, pelo professor, na forma de uma 
notícia de jornal ou revista, de um filme, ou de relato descritivo. 
 
Objetivos de Ensino 
O professor, ao utilizar esse procedimento de ensino, enseja 
uma oportunidade aos alunos para: 
- Retomar conhecimentos teóricos elaborados no decorrer do 
trabalho na disciplina. 
- Aplicar esses conhecimentos às situações reais ou simuladas 
apresentadas para estudo. 
- Analisar uma situação real ou simulada, com a responsabilidade 
de propor encaminhamentos. 
- Apresentar o caso a ser estudado. 
26 
 
- Trabalhar em equipe na busca de solução para o caso apre- 
sentado, se o professor decidir que o trabalho será realizado em 
subgrupo. 
- Discutir com o grupo-classe as propostas de solução individual, 
acolhendo ideias semelhantes e respeitando as diferentes. 
O estudo de caso é um procedimento de ensino que possibilita 
aos alunos realizar aprendizagens de caráter conceitual (revisão 
teórica), procedimental (construir soluções para o problema, aplicando 
a teoria estudada) e atitudinal (posicionar-se favoravelmente na busca 
de soluções, ter autoconfiança, respeito, cooperar). 
 
Atribuições do Professor 
Nesse procedimento de ensino, cabe ao professor realizar 
algumas atividades preparatórias, como: 
- Decidir se o trabalho será realizado individualmente ou em 
subgrupos. 
- Definir os objetivos de ensino a serem atingidos e os conteúdos 
a serem retomados. 
- Escolher o caso a ser estudado: um fato documentado, ou uma 
situação composta pelo professor. 
- Planejar as etapas de realização do trabalho, definindo o tempo 
necessário, em cada uma delas. 
- Reservar, se necessário, recursos de ensino (vídeo e TV) para 
apresentação do caso. 
E outras, no decorrer do trabalho dos alunos: 
- Orientar os alunos sobre o desenvolvimento da atividade. 
27 
 
- Orientar a análise da situação, a busca ao referencial teórico e, 
se for o caso, a discussão nos subgrupos. 
- Recomendar o registro das soluções obtidas e a revisão dos 
aspectos teóricos, se necessário. 
- Coordenar a apresentação das soluções dos alunos ou dos 
subgrupos, mediando a discussão e promovendo esclarecimentos. 
- Avaliar o desempenho dos alunos no decorrer da atividade, 
reorientando a aprendizagem sempre que se fizer necessário. 
 
ESTUDO DIRIGIDO 
Descrição: 
O estudo dirigido, como o nome indica, é um procedimento de 
ensino por meio do qual o aluno executa um trabalho proposto e 
orientado pelo professor, de preferência, em sala de aula. Apoiado na 
leitura de um texto, artigo ou capítulo de livro e em um roteiro de 
estudos previamente elaborado pelo professor, o aluno trabalha 
ativamente, realizando leitura e interpretação do texto, análise e 
comparações, sínteses e avaliações. 
Considerando o interesse em propiciar um contato mais in- 
tenso do aluno com o material, o roteiro de estudo deve incluir 
atividades que favoreçam a construção e a reconstrução dos 
conhecimentos disponíveis, como: 
- Identificar palavras desconhecidas e buscar seus significados. 
- Localizar ideias ou conceitos essenciais, indicados pelo 
professor. 
- Elaborar esquema ou mapa de conceitos. 
28 
 
- Formular perguntas ao texto, que poderão ser utilizadas em 
discussão posterior. 
- Elaborar outras interpretações ou conclusões diferentes 
daquelas apresentadas pelo autor. 
- Redigir justificativa para as posições assumidas pelo autor. 
- Preparar síntese ou resenha, a ser utilizada em debate 
posterior, presencial ou em lista de discussão. 
- Escrever uma carta para o autor, concordando ou discordando 
de suas ideias centrais. 
 
Objetivos de Ensino 
Considerando quealguns textos a serem trabalhados no 
processo ensino-aprendizagem requerem maior dedicação dos alunos, 
utilizar o estudo dirigido pode lhes proporcionar a oportunidade de: 
- Ler, de forma atenta e orientada, os textos e autores indicados. 
- Desenvolver habilidade de leitura e reflexão, a ser aplicada em 
diferentes situações de busca e aquisição de novos conhecimentos. 
- Aperfeiçoar o repertório vocabular, familiarizando-se com novas 
palavras e expressões e investigando sinônimos. 
- Aprofundar a compreensão do texto, com base na leitura de 
seu contexto: características do autor, época e motivo da publicação, 
entre outros. 
- Construir progressivamente um referencial teórico que subsidie 
a percepção e a explicação da realidade e, por decorrência, a 
elaboração de textos acadêmicos. 
O estudo dirigido é um procedimento de ensino que, empregado 
com clareza de objetivos, pode proporcionar aos alunos a 
29 
 
oportunidade de atingir objetivos conceituais (aquisição, 
aprofundamento e atualização de informações), procedimentais 
(habilidade de leitura, de interpretação de textos, de busca de 
sinônimos e significados, de elaboração de sínteses, de questões, 
entre outras) e atitudinais (respeito pelo trabalho, dedicação, 
interesse). 
 
Atribuições do Professor 
Muitas são as tarefas do professor quando pretende utilizar o 
estudo dirigido como procedimento de ensino. Entre elas, algumas a 
serem realizadas previamente, como: 
- Formular claramente os objetivos de ensino para a atividade a 
ser realizada, considerando que o estudo dirigido pode ser utilizado 
como procedimento de ensino para promover ampliação de 
informações, aprofundamento, atualização, revisão, entre outros. 
- Realizar a seleção adequada do material a ser lido, que deve ser 
compatível com os objetivos do estudo dirigido, com as possibilidades 
imediatas de compreensão dos alunos e com o tempo disponível para 
a realização da leitura. 
- Organizar o roteiro de estudos a ser utilizado pelos alunos, definindo 
as instruções com clareza e determinando as tarefas a serem 
executadas. 
 
Outras atribuições do professor serão cumpridas no decorrer da 
atividade, como: 
- Orientar os alunos, esclarecendo-os sobre os objetivos de ensino do 
estudo dirigido a ser desenvolvido. 
30 
 
- Apresentar o roteiro de estudos a ser obedecido. 
30 
 
- Definir o tempo necessário para a realização da atividade. 
- Atender, na medida das solicitações, às questões propostas pelos 
alunos, esclarecendo e orientando. Quando se tratar de questão 
recorrente, interromper a atividade e orientar de forma coletiva o 
conjunto de alunos. 
- Concluída a atividade individual, promover uma situação de 
socialização dos conhecimentos, sob a forma de trabalho em grupo, 
em duplas ou debate no grupo-classe. 
 
ESTUDO DO MEIO 
Descrição: 
O estudo do meio caracteriza-se pela possibilidade de 
investigação interdisciplinar de fenômenos da realidade natural e 
social do aluno. Nesse sentido, pelas próprias características do objeto 
de estudo, requer a integração dos componentes curriculares, por 
meio de objetivos e conteúdos de ensino, no trabalho a ser realizado, 
e o emprego de procedimentos de ensino com pesquisa, como 
observação, entrevistas, levantamento bibliográfico, entre outros. 
Quando se considera que o meio natural e social que circundam 
e "contém" o aluno (o professor, a escola...) não é objeto de estudo de 
uma única disciplina ou área, nem está totalmente desvendado, 
explicado, entendido..., o estudo ganha novo sentido. Não é tarefa 
exclusiva desse ou daquele professor, mas atividade coletiva a ser 
construída pela equipe escolar, apoiada no projeto pedagógico da 
escola. 
31 
 
Dessa forma, o estudo do meio precisa ser planejado com base 
em objetivos de ensino bem definidos, garantindo o envolvimento da 
equipe escolar, dos alunos e de seus pais e responsáveis. 
Deve ser executado de maneira séria e comprometida e seus 
resultados devem ser divulgados amplamente. Todo o processo deve 
ser avaliado pelos participantes, não só em termos dos resultados 
obtidos, mas também dos custos e esforços empenhados. Em 
especial na Educação básica, os familiares dos alunos devem ser 
informados com clareza dos objetivos de ensino do procedimento, a 
fim de não o confundir com mais um "passeio ou excursão". 
 
Objetivos de Ensino 
O estudo do meio propicia ao aluno as condições para: 
- Tomar contato direto com a realidade natural ou social, localizando, 
descrevendo e analisando o fenômeno identificado como objeto de 
estudo em seus múltiplos aspectos (geográfico, histórico, social, 
político, econômico, cultural...). 
- Buscar, selecionar, classificar e organizar informações, construindo 
novos conhecimentos relativos ao objeto de estudo, por meio de 
contato direto (observação do fenômeno, coleta de amostras) e de 
experiências práticas (observação de procedimentos, entrevista com 
profissionais, visita a ambientes diferenciados). 
- Registrar, documentar e relatar as experiências e os contatos 
realizados. 
- Aprofundar a investigação bibliográfica, recorrendo a novas fontes e 
autores. 
32 
 
-Identificar e utilizar formas diferenciadas de documentação, registro e 
divulgação de conhecimentos (fotos, gravação em áudio e vídeo). 
- Compreender a construção do conhecimento como processo 
pessoal, apoiado em interesse e atitude individual, que se realiza em 
ambiente de cooperação e solidariedade. 
- Identificar a necessidade do emprego de métodos de pesquisa 
científica na construção de novos conhecimentos. 
O estudo do meio é um procedimento de ensino que se apoia no 
trabalho coletivo de professores e alunos. Proporciona experiências de 
aprendizagem em que o aluno atinge objetivos conceituais (reorganiza 
conhecimentos diante da realidade), procedimentais (prepara e 
executa processos de investigação: visita, observação, entrevista) e 
atitudinais (respeita o fenômeno observado, valoriza o seu trabalho e o 
de seus colegas, coopera). 
 
Atribuições do Professor 
O professor responsável pela coordenação da proposta de 
estudo do meio deve estimular o envolvimento e a participação de 
seus colegas, dos alunos e familiares e da equipe escolar. Será 
necessário garantir a adesão de todos, por meio da mais ampla 
compreensão dos objetivos de ensino, para viabilizar o sucesso do 
procedimento. 
As atribuições do professor/dos professores podem ser divididas 
em quatro conjuntos principais, quais sejam: 
1. Planejamento do estudo do meio, que requer a definição do 
objeto de estudo, dos aspectos a serem considerados e dos 
procedimentos de investigação necessários. Nessa fase, professores 
33 
 
e alunos definirão os objetivos de ensino a serem atingidos, as formas 
de trabalho a serem realizadas, os recursos e investimentos 
necessários e as normas de conduta a serem observadas. 
2. Execução ou realização do estudo do meio, que corresponde 
à etapa em que professores e alunos estão em campo, em pleno 
desenvolvimento da atividade. Os professores devem estar atentos e 
próximos dos alunos, observando sua atitude, esclarecendo dúvidas, 
auxiliando o registro. 
3. Organização e divulgação dos resultados. Nessa etapa, os 
alunos trabalham em subgrupos, sob a supervisão direta dos 
professores, selecionando, organizando e interpretando as 
informações recolhidas. A essa altura, os professores podem indicar 
novas leituras e aprofundamento bibliográfico, se julgarem pertinente e 
necessário à elaboração do relatório. Também é atribuição dos 
professores organizar a apresentação dos relatórios, que pode ser em 
forma de exposição oral, painel, mural, jornal, entre outras. 
4. Avaliação do processo. Sob a responsabilidade direta dos 
professores, e com ampla participação dos alunos, a avaliação do 
processo busca verificar se os objetivos de ensino enunciados para o 
trabalho foram atingidos. Além desses,importa identificar outras 
aprendizagens realizadas e habilidades desenvolvidas. Ainda é o 
momento de investigar os eventuais insucessos ou pontos falhos do 
processo, visando formular hipóteses para sua ocorrência e 
alternativas para a superação, em novas oportunidades. 
De modo geral é possível afirmar que, são muitas as atribuições 
dos professores envolvidos na realização do estudo do meio. Em 
síntese, eles têm a responsabilidade de desencadear, orientar e 
34 
 
coordenar todo o processo, desde o planejamento, a execução, a 
divulgação e a avaliação, em relação direta com os alunos e seus 
familiares, a equipe escolar e o ambiente, natural ou social, tornado 
objeto de estudo. 
 
SEMINÁRIO 
Descrição: 
Seminário, em sentido genérico, designa um evento destinado à 
socialização de conhecimentos ou de variados aspectos de um 
mesmo tema, de natureza semelhante a congressos, encontros 
nacionais e internacionais, e outros. 
 
Objetivos de Ensino 
O seminário possibilita reunir as qualidades de dois outros 
procedimentos de ensino estudados, o ensino com pesquisa e o 
debate, refinando-os em seus aspectos favoráveis ao desenvolvimento 
do aluno. Portanto, o debate realiza-se com maior e melhor funda- 
mento e a pesquisa ganha mais significado no processo de debate e 
socialização de conhecimentos. 
De modo amplo, é possível afirmar que o seminário propicia a 
professor e alunos condições para: 
- Investigar em amplitude e profundidade uma questão, 
buscando entendê-la sob diferentes e renovadas perspectivas. 
- Analisar de maneira crítica e reflexiva os resultados de sua 
investigação (ou de seu grupo), em confronto com aqueles 
apresentados pelos outros grupos da classe. 
35 
 
- Trabalhar cooperativamente, buscando e socializando 
informações, discutindo e confrontando hipóteses e opiniões. 
- Debater, com fundamento, aspectos diversificados de uma 
questão ou problema. 
- Participar ativamente, respeitando as contribuições dos 
diferentes grupos e participantes. 
O seminário é uma situação de aprendizagem que possibilita ao 
aluno realizar transformações de ordem conceitual (coleta, seleciona, 
organiza, relaciona e registra informações), procedimental (leitura, 
pesquisa bibliográfica, registro e expressão oral) e atitudinal 
(cooperação, autoconfiança). 
 
Atribuições do Professor 
Embora a ação dos alunos seja preponderante nesse 
procedimento de ensino, muitas são as atribuições reservadas ao 
professor. Elas podem ser divididas em duas fases principais, que se 
referem à preparação e à apresentação. Na fase de preparação, o 
professor precisa: 
- Definir com clareza os objetivos de ensino a serem atingidos. 
- Identificar os conteúdos a serem trabalhados. 
- Selecionar o tema a ser investigado, bem como os subtemas, 
de acordo com os objetivos e conteúdos de ensino definidos. 
- Selecionar a bibliografia, em diferentes graus de complexidade 
e aprofundamento, a ser indicada aos alunos. 
- Esclarecer aos alunos a forma de realização do trabalho: a 
investigação, a apresentação e a avaliação. 
36 
 
- Orientar o trabalho, construindo com os alunos um roteiro de 
pesquisa e auxiliando na localização e utilização dos recursos 
bibliográficos necessários. 
- Elaborar o cronograma de realização da pesquisa e de 
apresentação e discussão dos resultados. 
- Acompanhar os trabalhos dos subgrupos, observando o 
desempenho e a participação dos alunos e os produtos elaborados. 
Concluída a fase de pesquisa, o professor tem de viabilizar a 
apresentação dos trabalhos e a realização do debate. Nesse sentido, 
ele deve: 
- Organizar o ambiente de sala de aula, selecionando ou 
solicitando a indicação dos debatedores. 
- Coordenar as apresentações, direcionando o processo, 
questionando, esclarecendo e sintetizando, quando necessário. 
- Garantir o respeito e a solidariedade, a participação e a 
cooperação. 
- Formular questões amplas e relativas ao tema central, a serem 
respondidas no debate. 
- Estimular a reflexão crítica e o aprofundamento dos estudos. 
- Observar a participação individual e coletiva de seus alunos, 
quer estejam no papel de debatedores ou de plateia. 
- Avaliar, com a colaboração dos alunos, o trabalho realizado, 
verificando os objetivos de ensino e o grau de envolvimento dos 
participantes, e identificando aspectos positivos e negativos, além de 
alternativas de superação. 
37 
 
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 
Descrição 
A resolução de problemas é um procedimento de ensino 
baseado na apresentação de uma situação-problema aos alunos, que 
deve ser resolvida, individualmente ou em subgrupos, utilizando os 
conhecimentos disponíveis ou novos conhecimentos, construídos por 
meio de pesquisas. 
De forma semelhante ao ensino com pesquisa, a solução de 
problemas também é uma variação do método da descoberta, porque 
requer uma atitude reflexiva do aluno e o acompanhamento direto e 
contínuo do professor. 
Na mesma medida, assemelha-se ao ensino por projetos porque 
propõe a busca de soluções práticas para um problema concreto, que, 
agora, pode ser fictício. 
O processo de busca de solução para o problema pode ser 
individual ou coletivo e as respostas podem ser apresentadas e 
confrontadas em lista de discussão. Ao final do processo, o professor 
pode elaborar uma síntese das soluções apresentadas, indicando 
acertos e reorientando eventuais equívocos. 
 
Objetivos de Ensino 
Trabalhar utilizando solução de problemas pode propiciar aos alunos 
condições de: 
- Participar ativamente na organização e reorganização de 
conhecimentos antigos e na construção de novos. 
- Desenvolver habilidades de raciocínio lógico e reflexão crítica. 
38 
 
- Aplicar conhecimentos teóricos às situações práticas 
apresentadas na forma de situações-problema. 
- Desenvolver a responsabilidade pelo processo de 
conhecimento, estimulando a iniciativa e a busca de novas 
informações. 
- Identificar a necessidade de formular hipóteses e testá-las no 
decorrer do processo de construção de soluções. 
- Planejar etapas e ações na busca da solução do problema 
apresentado. 
- Responsabilizar-se pelo processo de construção de 
conhecimento individual e coletivo. 
A solução de problemas não é um procedimento de ensino 
rápido, nem fácil de ser realizado. Requer, no mínimo, o tempo 
necessário à reorganização do conhecimento e à busca de novas 
informações e a disposição do professor em orientar esse processo de 
descoberta. No entanto, proporciona condições para realizar objetivos 
conceituais (organização, relação e registro de informações diante de 
um problema concreto), procedimentais (busca de novas informações, 
formulação e testagem de hipóteses, elaboração de um plano de 
ação) e atitudinais (responsabilidade, cooperação, autoconfiança). 
 
Atribuições do Professor 
O professor deve considerar que o aluno vai se mostrar mais 
envolvido e desafiado pelo procedimento quanto melhor compreender 
o que se espera dele. Desse modo, deve preocupar-se em: 
- Definir a forma de realização do procedimento: individual ou em 
39 
 
subgrupos. 
fundamental até nos cursos de pós-graduação, tanto no ensino 
39 
 
- Selecionar problemas que, da perspectiva do aluno, sejam 
significativos, isto é, relacionados com sua experiência pessoal, 
desafiadores e adequados ao seu desenvolvimento intelectual. 
- Apresentar os problemas de maneira clara, relacionando-os 
aos objetivos de ensino a serem atingidos e aos conhecimentos 
construídos previamente. 
- Estimular os alunos a definir fases para o enfrentamento do 
problema, formulando hipóteses, coletando dados, testando hipóteses, 
confrontando resultados, entre outros. 
- Fornecer indicação bibliográfica, quando julgar oportuno, 
estimulando o aprofundamento teórico. 
- Acompanhar os processos desenvolvidos pelos alunos, 
estimulando-os a descobrir alternativas de solução e reorientando ou 
encorajando os alunosou grupos menos estimulados. 
- Orientar os alunos para realizar o registro de seu processo de 
busca de solução para o problema. 
- Organizar a apresentação, para a classe, das soluções 
encontradas, proporcionando condições de análise e reflexão sobre 
cada uma delas. 
- Realizar a avaliação do processo e dos produtos finais, 
identificando acertos e equívocos e formulando alternativas de 
superação. 
 
TRABALHO EM GRUPOS 
Descrição: 
O procedimento de ensino conhecido por trabalho em grupos é muito 
fundamental até nos cursos de pós-graduação, tanto no ensino 
40 
 
utilizado, desde a Educação infantil e séries iniciais do ensino 
trabalhos em grupos. 
40 
 
presencial como virtual. E isso porque, de certa maneira, essa 
modalidade de trabalho em Educação recupera a forma habitual de 
trabalho na vida, no cotidiano, no ambiente doméstico e na atuação 
profissional, e constitui excelente oportunidade de troca e cooperação 
entre indivíduos com idades, objetivos e interesses semelhantes. 
No entanto, independentemente da modalidade utilizada, vale 
considerar os objetivos de ensino que orientam a atividade educativa. 
Há formas de trabalho em grupo que podem ser desenvolvidas em 
curtos intervalos de tempo, como os pequenos grupos que realizam 
uma mesma tarefa (por exemplo: apresentação, formular perguntas ou 
responder a uma mesma pergunta) ou pequenos grupos com tarefas 
diferentes (por exemplo: responder a perguntas diferentes, sintetizar 
parágrafos diferentes de um mesmo texto); grupos de cochicho, que 
resolvem uma questão em pouco tempo, trocando ideias entre outras. 
Essas atividades podem ser complementadas pela discussão 
geral ou pelo debate, pela realização de painéis ou grupos de 
observação e grupos de verbalização (GO-GV), no grupo-classe. 
Novamente trabalho em grupo, porém com a participação de todos os 
alunos. Nessa fase, a coordenação do professor ou de um aluno 
indicado para a tarefa será necessária, no sentido de garantir a 
oportunidade de contribuição para todos. 
Outras formas de trabalho em grupo, como o ensino com 
pesquisa, ensino por projetos, estudo do meio, requerem um tempo 
maior para sua execução; no entanto, permitem alcançar maior 
número de objetivos de ensino e desenvolver variadas habilidades dos 
41 
 
Objetivos de Ensino 
Trabalhar em grupos, no processo de construção de conhecimentos, 
pode propiciar a alunos e professores a oportunidade de: 
- Procurar solução ou resolver questões em conjunto com outros 
alunos. 
- Discutir e debater, trocar ideias e opiniões, contribuindo para a 
realização da tarefa, de maneira integrada. 
- Praticar a cooperação entre alunos, com facilidades e 
dificuldades semelhantes ou equivalentes. 
- Tornar mais direta e rápida a comunicação entre iguais, 
proporcionando um ambiente de estudo e trabalho descontraído e 
criativo. 
- Desenvolver a habilidade de trabalhar com os colegas, 
aprendendo e ensinando e, ao mesmo tempo, participando. 
- Respeitar e observar o respeito a cada componente do grupo, 
em suas contribuições. 
- Valorizar o trabalho em equipe no ambiente escolar e no 
espaço profissional. 
O trabalho em grupos, pela proximidade e participação ativa dos 
alunos, independentemente da dinâmica e da combinação de 
procedimentos adotada, proporciona situações de aprendizagem nas 
quais podem ser atingidos objetivos conceituais (investigação, 
produção de novos conhecimentos), procedimentais (comunicação 
oral e escrita, discussão) e atitudinais (respeito, cooperação, 
solidariedade). 
pedagógica visa a formar homens autônomos, cooperativos, cidadãos, 
42 
 
Atribuições do Professor 
A primeira e mais importante atribuição do professor ao propor e 
realizar trabalhos em grupo é orientar os alunos, com clareza, a 
respeito da atividade que devem realizar. Desse modo, será 
necessário: 
- Definir os objetivos de ensino a serem atingidos. 
- Selecionar a modalidade de trabalho em grupo a ser utilizada e 
conhecê-la detalhadamente. 
- Comunicar detalhadamente a tarefa a ser realizada pelo grupo: 
objetivos a serem alcançados, forma de trabalho, produto esperado e 
tempo de duração da atividade. 
- Observar a participação, as atitudes e as habilidades de cada 
integrante dos grupos. O professor pode realizar pequenas anotações 
sobre essas contribuições, a fim de compor seus registros de 
avaliação contínua. 
- Programar atividade de apresentação, seguida ou não de 
debate, das conclusões formuladas em cada grupo. 
 
 
UNIDADE III 
 
AS TÉCNICAS DE FREINET COMO DIFERENTES 
PROCEDIMENTOS DE ENSINO 
 
Freinet não separa a escola da vida, rejeitando a ideia de que a 
educação possa se desenvolver fora do contexto social. “Se não 
encontrarmos respostas adequadas à educação continuaremos a 
pedagógica visa a formar homens autônomos, cooperativos, cidadãos, 
42 
 
forjar a lmas e s c ra v a s nos a lunos ” (Freinet - 1996). Sua p rá t i ca 
43 
 
capazes de participar da construção de uma sociedade digna e justa. 
 
 
Uma proposta pedagógica 
 
A Pedagogia Freinet surgiu das vivências e experiências do 
autor. Popular, destinava-se às crianças de operários e camponeses. 
Mas pode ser desenvolvida em qualquer nível socioeconômico, 
mesmo porque surgiu para atender às necessidades vitais de qualquer 
aluno. Cooperativa, propicia a troca, ajuda mútua e a solidariedade 
através de sua ação e das técnicas de ensino. Não há disciplina 
imposta. 
Professor e alunos elaboram, aplicam e fiscalizam suas próprias 
leis, o que gera a aprendizagem da liberdade e da responsabilidade. 
Liberdade dentro de um aprendizado histórico-social, sem lugar para a 
indisciplina, porque os alunos, concentrados, realizam as atividades 
que querem relacionadas à sua vida. 
A concorrência e a competição não têm espaço nessa prática. A 
preocupação é com a vida de cada um e da classe como um todo. Nas 
reuniões cooperativas, professor e alunos aprendem a se organizar, a 
se respeitar e ajudar os que estão com dificuldades. 
Uma proposta pedagógica para os nossos tempos 
 
As propostas de Freinet, consideradas arrojadas para a sua 
época, não foram bem aceitas por muitos educadores e acadêmicos, o 
que continua ocorrendo até hoje. Segundo Paulo Freire (1991), é uma 
proposta avançada demais para o nosso século. Entretanto, a “escola 
pedagógicas para trazer à sala de aula o interesse, a alegria, a 
44 
 
tem de se modernizar” (Freinet, 1977, p. 13), atualizar-se no mundo, 
não apenas adaptando os seus programas e horários. 
A escola precisa se modernizar porque é inseparável da vida e 
deve acompanhá-la em todos os seus aspectos, realizações e 
transformações. 
Para Freinet, as técnicas de ensino devem complementar o dia- 
a-dia escolar, porque o aluno tem de se sentir motivado, interessado 
em aprender, em ir à escola. A sua proposta é de uma pedagogia que 
procura se adaptar à realidade social e cultural do morador de favela, 
de cortiço, casa ou mansão. 
A instituição escolar que Freinet criticou no começo do século 
XX continua, em muitos casos, neste início do século XXI, a cometer 
os mesmos erros. A proposta freinetiana preconiza que a prática 
escolar e o processo de ensino-aprendizagem sempre se atualizem, 
estejam ligados aos acontecimentos sociais, ao progresso tecnológico, 
e os vivenciem na escola. Para que o aluno se entusiasme a aprender 
é necessário estímulo, motivação. 
Os métodos tradicionais de ensino não consideram a sociedade 
e suas mudanças, levam à obediência passiva, através de uma 
instrução dogmática. Não preparam o cidadão para viver numa 
sociedade democrática. Os conteúdos são meramente acadêmicos, 
desconectados do cotidiano dos alunos. 
Técnicas que revolucionaram o ensino 
 
Freinet não propõe um método de ensino, mas técnicas 
45 
 
cooperação. A livre expressão, a pesquisa e o tratamento 
experimental, exigindo a cooperação dos participantes,podem facilitar 
o trabalho escolar. Toda a nossa pedagogia se baseia em 
instrumentos e técnicas. A aplicação desses instrumentos alteram a 
atmosfera da aula e também o próprio comportamento do professor e 
tornam possível este espírito de libertação e de formação que é a 
própria razão de ser das nossas inovações. (Freinet, 1977,) 
Os alunos aprendem o que os envolve, que permeia seus 
objetivos de estudo. Escrevem uma correspondência, por exemplo, 
para quem vai ler e responder; e mais, estudam o local em que vive o 
destinatário, o porquê do selo usado e o respectivo preço, 
desenvolvendo várias habilidades e competências. As técnicas de 
Freinet levam o aluno a perceber o que está ao seu redor. Vejamos a 
seguir as técnicas Freinet. 
AULAS – PASSEIO 
 
Hoje, com o computador, a Internet, é possível viajar e conhecer 
lugares do mundo todo. Entretanto, as emoções de ver, ouvir, sentir, 
tocar pessoalmente são necessárias à formação do ser humano, 
incomparáveis e indescritíveis. 
TEXTO LIVRE 
 
O aluno escreve livremente, quando tem vontade, quando algum 
tema o inspira. Quando retornavam das aulas-passeio, os alunos 
escreviam com Freinet o que haviam visto e observado, sentindo que 
isso fazia parte de suas vivências, expressando seu interior. 
46 
Os motivos e instrumentos sociais estimulam o aluno a 
escrever. Pelos textos livres, o aluno expressa seu interior. Freinet 
critica manuais escolares que limitam a criatividade. Para que uma 
criança se eduque, não precisa engolir todas as matérias que lhe são 
apresentadas de uma forma mais ou menos atraente: precisa agir por 
si mesma; precisa criar. 
LIVRO DA VIDA 
 
Um grande caderno, sempre exposto num canto da classe, para 
anotar os acontecimentos do dia-a-dia, os momentos mais vivos e 
interessantes, é escrito, ilustrado com desenhos, folhas impressas 
pelos alunos e pelo próprio Freinet. O aluno tem total liberdade de 
escrever o que sentir, o que quiser. 
Correspondência interescolar 
 
Em 1926, Freinet inicia a correspondência com a classe de seu 
amigo Daniel, de Saint-Philibert-de-Trégunc (Finisterra). 
Os alunos começam a se corresponder com colegas de outras 
escolas, enviam seus textos impressos, fotografias, presentes, 
postais, frutas, etc. Todos ficam envolvidos e ansiosos por receber a 
resposta. Essa técnica contagia cada vez mais as pessoas. Em 1996, 
na UNESCO, em Paris, realizou-se o Encontro de Crianças que 
praticam a Correspondência Interescolar Internacional. 
Mais de 100 crianças de vários países encontram os colegas 
com os quais se corresponderam pelo menos por um ano e não 
conheciam pessoalmente. Alunos do Senegal conversavam com os da 
França, do Brasil, da Colômbia, da Romênia, entre outros. Num 
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ambiente de harmonia, interação, socialização, interesse e 
envolvimento, vivenciaram uma verdadeira educação para a paz. 
Hoje, essa correspondência pode ser feita via Internet. 
JORNAL ESCOLAR 
 
A informação é muito mais rica nos livros e nas revistas, mas o 
que encontramos no jornal escolar, é a alma das crianças, as suas 
reações perante o mundo, as suas hesitações, seus temores e seus 
triunfos. (Sampaio, 1989, p. 205) 
FICHÁRIO ESCOLAR COOPERATIVO 
 
Para Freinet, os livros escolares são complexos, fazem a criança 
perder muito tempo. Assim sendo, ele cria fichas de estudos simples, 
funcionais e práticas de manusear e compreender, com assuntos que 
interessam aos alunos. 
COOPERATIVA ESCOLAR 
 
Reuniões realizadas semanalmente, que tem um aluno como 
coordenador e outro como relator. Discutem-se problemas do dia a 
dia: briga com colegas, atividades realizadas na semana, propostas, 
acidentes, medos, anseios, alegria. 
O professor interfere, quando necessário. Ocorrem em todas as 
salas de aula, da Ed. Infantil às séries mais adiantadas. Por exemplo, 
um aluno conta que se machucou numa briga no recreio e todos 
ouvem, respeitam e opinam. 
É importante discutir regras básicas de convivência entre os 
alunos. 
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PLANOS DE TRABALHO 
 
Nos primeiros dias de aula, o professor conversa com os alunos 
e explica que há um currículo oficial que precisa ser cumprido. Sugere 
que dividam seus planos de trabalho entre os meses letivos e 
escolham estratégias: palestras, slides, filmes, teatro etc., a fim de 
tornar os conteúdos mais atraentes. 
Esta proposta pedagógica acolhe o conhecimento dos alunos, 
respeita o ritmo de trabalho e as diferenças de cada um; é humanista 
e democrática, aberta à vida. Os instrumentos didáticos propiciam 
situações de comunicação, a pesquisa da informação, a criatividade, a 
tomada de decisões, o trabalho em grupo, a divisão de 
responsabilidades, a idealização e a realização de projetos. 
Mas é a forma de agir do professor que revela sua concepção de 
ensino e aprendizagem: se é um líder autocrático, exige como 
demonstração do aprendido a cópia sem retoques, a reprodução fiel do 
modelo, e não permite questionamentos. 
Em contrapartida, o líder democrático e atuante proporcionará 
condições para que o aprendiz construa seu repertório de experiências, 
de explicitação de vivências e de trocas que o enriquecerão. Ao atuar 
dessa maneira, torna possível e visível o caráter de construção de que 
se reveste o processo de aprendizagem: se no momento inicial surge o 
fazer igual, num movimento seguinte o líder estimula o aprendiz a 
prosseguir em suas produções, em sua linguagem, em sua 
comunicação, e a deixar no aprendido as marcas do que é seu, 
distanciando-se da cópia, reinterpretando significados. 
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O processo criador pode ser ainda mais refinado se o líder 
favorecer ao aprendiz a vivência de novas formas de interpretação do 
conteúdo, relacionando-o às suas experiências e projetando sua 
criação para outras linguagens, espaços e tempos. 
Em cada movimento, o líder é instigado a considerar o tênue 
limiar entre a dependência que empobrece, aprisiona, e a força que 
gera o desenvolvimento e a autonomia. Cabe a ele propor a travessia 
do ignorado ao novo, da dependência à libertação, disponibilizando o 
que sabe e aprendendo o que desconhece. 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
1. VASCONSELOS, C. dos S. Construção do Conhecimento em sala 
de aula. São Paulo: Libertad, 2002. 
2. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: 
Artmed, 1998. 
3. MINUCUCCI, Agostinho. Dinâmica de grupo; manual de técnicas. 
3ª ed. São Paulo: Atlas, 1977. 
4. SANTOS, M. L. A construção de um projeto educativo à luz dos 
princípios da pedagogia Freinet. PUC/SP, 1996. 
5. TAPIA, J. A & Fita, E. C., A motivação em sala de aula. São Paulo, 
Edições Loyola, 1999. 
6. PINTO, J.M.S. O tempo e a aprendizagem: subsídios para uma 
nova organização do tempo escolar. Porto Alegre: Ed. Asa, 2001.

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