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1 Docência para o Ensino Superior Metodologia e Dinâmicas de Aprendizagem Profa. Me. Glaucia Piacentini Agreste Profa. Me. Edna Barberato Genghini AGRESTE, Glaucia Piacentini GENGHINI, Edna Barberato Metodologia e Dinâmicas de Aprendizagem (livros-texto I, II, III, IV) / Agreste, Glaucia Piacentini e Edna Barberato Genghini – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2019. 68 p.: il. 1. Educação. 2. Dinâmicas de Aprendizagem 3. Metodologias Ativas I. Agreste, Glaucia Piacentini; Genghini, Edna Barberato. II. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. Metodologia e Dinâmicas de Aprendizagem. METODOLOGIA E DINÂMICAS DE APRENDIZAGEM Professora Conteudista: GLAUCIA PIACENTINI AGRESTE, é natural de São Paulo, onde cursou o Curso Normal dedicando toda a sua vida profissional no Magistério, tanto no ensino fundamental quanto no superior. Na Universidade São Paulo graduou-se em Letras (1973) e em Pedagogia (1976). É mestre em Gerontologia Social, pela PUC de São Paulo, título obtido em 2003. Especializou-se em Tecnologias Aplicadas a Educação pela UNIBAN, em 2006 e em Psicopedagogia, em 2007. Atualmente é professora e coordenadora nos cursos presenciais de Pedagogia na UNIP, no campus Marquês. É professora da pós-graduação em Formação da Educação a Distância na UNIP Interativa. Professora colaboradora/coordenadora: EDNA BARBERATO GENGHINI, Professora Universitária desde 2002. Atualmente no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de três cursos ao nível de Pós-Graduação Lato Sensu: em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e em Formação em Educação A Distância, pela Universidade Paulista – UNIP/EaD, onde também atua como Professora Adjunta, nas modalidades SEI e SEPI. É Diretora e Psicopedagoga da Mentor Orientação Psicopedagógica Ltda. ME desde 1991. Possui graduação em Economia Doméstica – Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela Universidade Guarulhos (1985), Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós- graduação Lato Sensu em Formação em Educação a Distância pela UNIP – Universidade Paulista (2011). É autora e coautora de livros Textos para os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em Educação a Distância da UNIP – EaD. Áreas de Interesse: Neurociências – Educação Inclusiva – Psicopedagogia Clínica e Institucional – Formação e Gestão em Educação a Distância – Formação de Docentes para o Ensino Superior. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 5 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6 UNIDADE I .................................................................................................................. 7 1.1 A construção do conhecimento em sala de aula ......................................... 7 1.2 Conhecimentos e habilidades pedagógicas .............................................. 10 1.3 Afetividade no ensino superior ................................................................... 14 1.4 Criatividade e inovação na escola do século XXI ...................................... 18 1.5 Dinâmicas e aplicação de jogos .................................................................. 23 1.5.1 Aplicação de jogos ....................................................................................... 29 UNIDADE II ............................................................................................................... 33 2.1 A aprendizagem sobre a ótica do desenvolvimento de competências e habilidades ............................................................................................................... 33 2.2 Gestão de sala de aula e planejamento da ação didática ......................... 35 2.3 Paradigma da complexidade e pedagogia de projetos. ............................ 37 2.4 Metodologias ativas e aprendizagem significativa .................................... 40 UNIDADE III .............................................................................................................. 46 3.1 Andragogia .................................................................................................... 46 3.2 Variáveis que interferem na aprendizagem ................................................ 51 3.3 Possíveis dificuldades de aprendizagem no Ensino Superior ................. 54 3.4 Perspectivas construtivistas das dificuldades de aprendizagem ............ 55 UNIDADE IV .............................................................................................................. 58 4.1 Conceitos e objetivos das neurociências ................................................... 58 4.2 Estratégias de ensino baseadas nas Neurociências ................................. 59 4.3 Novas perspectivas em neuroeducação ..................................................... 61 4.4 Algumas estratégias de ensino baseadas na neurociência ...................... 62 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67 5 APRESENTAÇÃO Você vai iniciar agora os estudos da disciplina Metodologia e Dinâmicas de Aprendizagem. Esperamos contribuir para o desenvolvimento de sua aprendizagem sobre a docência desenvolvendo uma postura crítica e reflexiva sobre as mudanças em relação à concepção de ensinar. O ato de ensinar exige o envolvimento dos alunos em atividades interativas com colegas e com professores. Ensinar envolve compartilhar, debater ideias, confrontar e intercambiar conhecimentos. Sendo assim, o processo de didática demanda a criação de espaços e novos modos de orientar as atividades pedagógicas. Iremos refletir sobre o papel do professor como mediador em atividades e estratégias didáticas interativas necessárias à construção do conhecimento. Esperamos que você compartilhe nossas reflexões e que seja produtivo este estudo na construção de sua aprendizagem. 6 INTRODUÇÃO Como você já sabe, o ato de ensinar implica muitas interações com os alunos e com os professores. Ensinar significa desenvolver as potencialidades de uma pessoa e é um ato que exige muito preparo e compromisso dos professores. Para Freire (1996), o papel do professor sobrepõe-se à mera transmissão de conhecimentos. Assim, ele afirma que: Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua construção. Quando entro em salas de aula devo estar sendo um ser aberto às indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, às suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento (1996, p. 52). Sendo assim, é preciso estabelecer um rol de atividades que podem ser propostas pelos professore buscando motivar, incentivar e instigar nossos alunos na construção de seus conhecimentos. A construção do conhecimento se realiza pela mediação do professor em relação à: desenvolver ações que levem a construção do entendimento sobre o objeto de estudos, a propor atividades e estratégias didáticas planejadas e articular o conhecimento em relação a pratica social que deu origem ao estudo. Caberá ao professor ainda, acompanhar e avaliar o processo de construção e assimilação do conhecimento realizado pelo aluno. Assim, revendo-se as metodologias usadas nas propostas tradicionais, percebe-se a necessidade de novos procedimentos educacionais. Nesse sentido, iremos buscar nessa unidade analisar umanova concepção de organização das situações didáticas esperando contribuir para o desenvolvimento de uma prática reflexiva sobre seu futuro trabalho docente. Bom Estudo! 7 UNIDADE I CONCEPÇÃO DE ENSINAR: Mudanças de paradigmas Conteúdos trabalhados na unidade: Mudanças de paradigmas; na concepção de ensinar e de aprender. Nesta unidade, a intenção principal é refletir sobre as mudanças no processo de ensinar e aprender diante dos novos desafios e das novas teorias de aprendizagem. Então, vamos dar início? 1.1 A construção do conhecimento em sala de aula Podemos apontar diferentes formas de compreender o significado de ensinar, tais como: O papel do professor ao ensinar é dialogar com a realidade dos alunos e buscar caminhos alternativos para o desenvolvimento de temas que estimule o aluno a questionar a fim de chegar a um entendimento de suas vivências. Desenvolvimento das potencialidades de uma pessoa ajudando-a a construir-se como um sujeito social. De acordo com Anastaciou (2005), a compreensão do que seja ensinar é um elemento fundamental. É um ato que exige muito preparo e compromisso dos professores. Exige que o professor conheça a diferença entre aprender e apreender. Receber uma informação através de uma exposição oral nem sempre leva o aluno à aquisição de um conhecimento, ou seja, o apreender exige que o aluno se aproprie e assimile mentalmente a informação. Diante disso surge o termo ensinagem que, segundo Anastaciou (2005) significa uma situação de ensino da qual necessariamente decorra à aprendizagem, sendo a parceria entre professor e alunos a condição fundamental para aquisição do conhecimento, necessário à formação do aluno. 8 Figura 1: Relação professor aluno Fonte: http://noticias.universia.com.br/br/images/docentes/s/sa/sai/saiba-por-que-importante-ter- bom-relacionamento-com-professor-noticias.png. Acesso em: 28 jan. 2019 O processo de ensinar e aprender exige um clima de trabalho tal que se possa saborear o conhecimento em questão. O sabor é percebido pelos alunos quando o professor ensina determinada área que também saboreia e que socializa com seus alunos em sala de aula. Percebemos então que a nova proposta do processo de ensinar envolve habilidades novas para o futuro professor. Não mais o ensino centrado nele mesmo, mas sim um ensino cujo sujeito seja o aluno. Atualmente devemos entender o processo de ensino como um conjunto de atividades organizadas do professor e dos alunos visando alcançar determinados resultados, tendo como ponto de partida o nível de conhecimentos, experiências e desenvolvimento mental dos alunos conforme aponta (LIBÂNEO, 1990, p. 79). Nos últimos anos temos assistido uma reforma do ensino educativo, tanto organizacional quanto curricular. As propostas curriculares defendem a autonomia para os docentes e introduz novas concepções em relação ao ensinar. Essa nova concepção busca desenvolver projetos e atividades inovadoras. O professor deve rever a sua forma de entender o processo de ensinar, ou seja, a metodologia das aulas deve trazer estratégias de ensino-aprendizagem inovadoras. Para entender essa necessidade de rever as propostas metodológicas faz-se necessário revisitar os conceitos de ensino e aprendizagem. Como professor você precisará compreender o contexto social de seus alunos e as questões contemporâneas nas quais alunos e professores estão envolvidos. O professor é um profissional da aprendizagem, da gestão de condições de aprendizagem e da regulação interativa da sala de aula. Na condição de educador você deve saber da atual necessidade de renovação nos processos educativos visando um saber unificado. Surge assim a ideia de 9 trabalhar com a interdisciplinaridade que pode ser vista como um movimento de integração e troca entre as disciplinas. A interdisciplinaridade traz a unificação do saber contrapondo-se a um olhar fragmentado do ensino. Fazenda (2000) ressalta que é preciso uma cooperação entre os professores e esta cooperação só possível numa integração que suponha interação entre as áreas do saber. Observe a colocação de Rossi: O primeiro passo ruma à nova proposta é a mudança no paradigma de uma universidade e da postura dos professores. A função da universidade já não é mais integrar as novas gerações ao tipo de papéis sociais prescritos e ao acervo de conhecimentos acumulados. No novo conceito de papel social da educação, a universidade também tem a função de construir, pelas práxis, uma nova relação humana, revendo criticamente e o acervo de conhecimentos acumulados, tomando consciência da participação pessoal na definição de papéis (ROSSI, s/d). A interdisciplinaridade apresenta-se como uma interessante proposta que solicita outra forma de trabalho pedagógico, mais comunicativa e participativa. Uma das formas de se trabalhar na interdisciplinaridade na prática pedagógica é a utilização de projetos. O projeto interdisciplinar pode surgir de temas vividos na sociedade pelos alunos e educadores em seu cotidiano ou através de eixos unificadores entre as disciplinas. A perspectiva interdisciplinar deve ser globalizante, ou seja, centrada na resolução de problemas significativos. O aluno atual deve ser visto com um sujeito ativo que usa sua experiência e conhecimento para resolver problemas. O professor deverá intervir no processo de aprendizagem através de situações problematizadoras dando condições aos alunos para que avancem em seus esquemas de compreensão da realidade. 10 Figura 2: Professor problematizador. Fonte: https://www.casados7saberes.com.br/wp-content/uploads/2017/06/48f3d86441.jpg. Acesso em: 28 jan. 2019 O professor não é mais aquele que transmite informações, mas sim o que auxilia o aluno a descobrir, a construir e a apropriar-se dos conhecimentos necessários para uma ação consciente do mundo. O aluno deverá ser envolvido em uma experiência educativa na qual o processo de construção do conhecimento devera integrar-se nas práticas vividas. As dinâmicas e as práticas coletivas serão importantes para a construção de trabalhos em grupos que visem favorecer a interdisciplinaridade dos alunos. Ser professor com a intenção da interdisciplinaridade exige a superação da prática individual, sem abandoná-la, assumindo-a com todas as suas contradições, pois parte-se do individual para se buscar o coletivo. A interdisciplinaridade é, na sua essência, coletiva. Por isso, é imperativo estar aberto ao diálogo, reconhecendo limitações e aprendendo com o outro (HAASM, 2000). Você irá perceber a seguir que realizar uma prática mais cooperativa e aberta ao diálogo exigirá novos conhecimentos e habilidades pedagógicas aos futuros educadores como veremos no item a seguir. 1.2 Conhecimentos e habilidades pedagógicas 11 Vocês devem estar se perguntando qual a diferença entre competências e habilidades. As competências se constituem em um conjunto de conhecimentos, atitudes, capacidades e aptidões que habilitem alguém para vários desempenhos da vida. As habilidades ligam-se ao saber fazer, saber conviver e saber ser. As competências pressupõem operações mentais, capacidades para usar as habilidades. Vamos conhecer algumas competências e habilidades. Domínio de linguagens; Compreensão de fenômenos; Argumentações; Soluções de problemas; Elaboração de propostas; Criatividade; Respeito às identidades e às diferenças; Saber conviver em grupo; Aprender a aprender. Figura 3: Competências e habilidades. Fonte: https://colegiosalesianos.files.wordpress.com/2015/03/habilidadesdocentes.png. Acesso em: 28 jan. 2019 A competência implica uma mobilização dos conhecimentos e esquemas que possuímos para desenvolver respostas criativas para problemas novos. Desse modo torna-se necessária a contextualização daquilo que é desenvolvidoem sala de aula e as competências a serem desenvolvidas. 12 Enfim, o que é a contextualização? O trabalho com as competências requer um novo modelo pedagógico, pois as competências indicam uma ruptura com os padrões antigos de ensinar. O caráter linear, sequencial e mensurável passa a assumir uma organização em rede, processual e flexiva. A construção do conhecimento é um momento de desenvolvimento operacional de atividades realizadas pelos alunos através de ações como: Estudo de textos; Pesquisa; Debates; Seminários; Vídeos; Aulas práticas; Jogos e etc. Você deve estar se perguntando: quais seriam então as ações realizadas pelo professor? Cabe ao professor selecionar estratégias que levem os alunos ao desenvolvimento de processos de mobilização, construção e elaboração de sínteses do conhecimento. A construção do conhecimento é um momento de desenvolvimento operacional da atividade do aluno que pode ser predominantemente perceptiva, motora ou reflexiva. É importante a escolha das estratégias com diversas e significativas atividades propostas para os alunos, visando a superar sua visão inicial sobre o objeto do conhecimento. Vasconcellos (1994) cita algumas categorias que poderão orientar a definição das atividades dos alunos e, portanto, a escolha das estratégias para o momento de construção de conhecimento: Significação: visa estabelecer os vínculos do conteúdo com os interesses e a vivência dos alunos; Problematização: busca do conhecimento como um problema a ser analisado durante o estudo; Práxis: ação do sujeito sobre o objeto a ser conhecido. Corresponde às atividades que o aluno exercerá durante a aprendizagem; Criticidade: está ligada a uma visão crítica da realidade, buscando a causa e a essência do processo que está sendo analisado; Historicidade: trabalha os conhecimentos destacando-se a síntese em cada momento e que pode ser histórico e contextualizado; Totalidade: articula o conhecimento com a realidade. A partir dessas ações deverá ocorrer a sistematização que é o momento da consolidação dos conceitos. 13 Através de uma metodologia dialética o professor terá condições de escolher formas interativas de aula que possibilitem a aprendizagem através desses três momentos: Mobilização do conhecimento. Construção do conhecimento. Elaboração da síntese do conhecimento. Na mobilização do conhecimento o professor deverá desafiar, estimular, provocar, sensibilizar os alunos em relação ao objeto do conhecimento. No segundo momento o professor irá escolher estratégias que levem o aluno a superar a sua visão inicial sobre o objeto em estudo. Segundo Anastaciou (2005), o termo estratégia significa a arte de aplicar ou explorar os meios e condições favoráveis e disponíveis visando a efetivação da ensinagem. O professor deve propor ações que desafiem e possibilitem o desenvolvimento de operações mentais. Deve selecionar as melhores ferramentas facilitadoras para que os alunos se apropriem de novos conhecimentos. O aluno deve construir ideias a partir de ações mentais tais como: Observação; Comparação; Interpretação; Análise; Síntese. Ao selecionar as ações contidas em diferentes estratégias o professor propõe o exercício de processos mentais de complexidade variada e crescente. Dessa forma estará envolvendo os alunos de forma instigante. Portanto, as habilidades pedagógicas dos educadores deveram ser desenvolvidas a partir da escolha de suas estratégias e da interação que faz com seus alunos. Deve ser visto como uma espécie de orientador e coordenador das sequências didáticas. Sequências didáticas são um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais. A participação dos alunos deve ser ativa e a dinâmica da sala de aula deve estimular o interesse e envolvimento dos alunos. As contínuas e rápidas mudanças na sociedade contemporânea apontam a exigência de um novo perfil docente, como você deve ter percebido. O professor deve transpor a racionalidade técnica como um transmissor de conhecimento adotando 14 uma nova postura na busca de valorizar os saberes dos alunos com uma postura reflexiva, investigativa e crítica. Os saberes necessários ao ensinar não se restringem ao conhecimento dos conteúdos das disciplinas. A prática docente é construída a medida que ela se materializa. É fundamental que além do conhecimento específico das disciplinas o professor tenha uma proximidade com os alunos como veremos a seguir. O conhecimento do aluno é essencial para a escolha das estratégias e das dinâmicas. 1.3 Afetividade no ensino superior Você deve ter percebido que ensinar implica interações entre as pessoas, isso mostra que ensinar é também um ato afetivo por meio de elos de afetividade e de troca entre professor e alunos. A afetividade tem sido discutida por muitos educadores e tem sido encarada como um conceito fundamental para o sucesso do processo ensino e aprendizagem, tanto em crianças quanto no ensino superior. As teorias de aprendizagem tradicionais desvalorizavam a afetividade como um elemento fundamental na aprendizagem. No entanto, hoje ela deve ser tratada como uma dimensão indissociável do caráter intelectual e cognitivo do sujeito no processo de ensino aprendizagem. Para explorar melhor esses temas são apresentadas as contribuições de Henri Wallon, Jean Piaget e Lev Vygotsky. Os pensamentos desses autores defendem a afetividade como um conceito chave fundamental para o sucesso do processo ensino e aprendizagem no ensino superior. Nos aspectos afetivos e cognitivos complementam-se e estão inter- relacionados no processo do desenvolvimento humano e no ensino e aprendizagem. O vínculo afetivo é indispensável pois as emoções, interesses pessoais, desejos e necessidades formativas permeiam toda relação pedagógica. O professor deve criar um ambiente humanizado e de acordo com as características e as necessidades de seus alunos. A postura do professor é marcante na vida dos alunos, são nos momentos de interação e nos instantes compartilhado que os domínios afetivos e cognitivos agem de forma integral. Ao estudar o aluno não age só com a razão, mas também com os sentimentos e emoções. 15 Figura 4: Afetividade. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/upload/e/aluno%20professor%202.jpg. Acesso em: 28 jan. 2019 Segundo Haydt (1997), o professor tem duas funções na sua relação com os alunos: Função incentivadora e energizante, pois ele deve aproveitar a curiosidade natural do educando para despertar seu interesse e mobilizar seus esquemas cognitivos (esquemas operativos de pensamentos); Função orientadora, pois deve orientar o esforço do aluno para aprender, ajudando-o construir seu próprio conhecimento. É importante lembrar, também, de que a personalidade do professor deve ser norteada por valores e princípios de vida, pois, explícita ou implicitamente ele veicula esses valores em sala de aula, manifestando-os a seus alunos. Dessa forma, ao se relacionar com os alunos, o professor não transmite apenas conhecimentos, em forma de conceitos e ideias (aspectos cognitivos), mas também facilita a disseminação de valores e princípios de vida (aspectos afetivos), contribuindo para a formação da personalidade do educando. Ao considerar a necessidade de propiciar ao aluno a construção do conhecimento e o seu desenvolvimento como pessoa é importante entender a proposta de Paulo Freire. Para ele, o educador deve usar uma metodologia que permita o diálogo, permitindo ao aluno expor as suas ideias e ao mesmo tempo em que o educador saiba ouvir. Para se ter uma educação que promova o desenvolvimento pessoal é importante propor uma metodologia que possa conduzir os alunos no seu processo de humanização. Lembre-se que o professor também aprendecom o seu aluno, quando consegue compreender como ele perceber e sente o mundo. Em decorrência desse 16 aprendizado o professor deve rever comportamentos, desfazer preconceitos, mudar atitudes, alterar posturas. A relação pedagógica muda quando o professor concebe o aluno como um ser ativo, que formula ideia, que resolve problemas da vida prática por meio de sua atividade mental. O aluno é capaz de exercer atividades mentais através de ações tais como: Observação; Classificação; Análise; Sintetização; Avaliação; Julgamento. É assim que o aluno constrói seu próprio conhecimento. Isso exige uma relação professor-aluno biunívoca e dialógica. Para Wallon, tanto a emoção quanto inteligência estão intrinsicamente conectadas. Ao tratar da dimensão afetiva ele destaca um ponto fundamental que é a indissociabilidade do homem social e biológico. (…) a cada idade estabelece-se um tipo particular de interações entre o sujeito e seu ambiente. Os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem e os conhecimentos próprios a cada cultura formam o contexto do desenvolvimento (apud GALVÃO, 2005, p. 39). Sendo assim criar um ambiente emocional favorável em sala de aula no ensino superior é fundamental para que ocorra o processo de ensino e aprendizagem. Ocorrendo assim uma aprendizagem significativa. Na concepção de Wallon, tanto os professores quantos os alunos do ensino superior não atuam apenas cognitivamente, mas sofrem também o processo ensino e aprendizagem as interferências da afetividade. Figura 5: Henri Wallon Fonte: http://www.ppd.net.br/wp-content/uploads/2017/01/wallon.jpg. Acesso em: 28 jan. 2019 17 As relações entre afetividades e inteligência estão integradas no desenvolvimento psicológico, segundo Piaget. A dimensão afetiva é preponderante, portanto no aprendizado humano, principalmente no ensino superior. O professor do ensino superior deve criar “um clima emocional” positivo. A partir dele as trocas interpessoais serão mais significativas e facilitaram o sucesso do aluno no ensino superior. Para Cunha (2008) o professor é o guardião do seu ambiente. Sua postura, o andar, o falar, são observados pelo aluno que o vê como modelo. Ninguém é movido a fazer algo se não houver uma motivação para desenvolver uma atividade intelectual. O interesse é um exemplo de como são selecionadas as atividades intelectuais. Esta seleção é provocada pela afetividade e não pelas atividades cognitivas. Portanto faz-se necessário pensar em afeto como: Desejos; Interesses; Valores; Todo tipo de emoção. As emoções fazem-se presente no ato da busca do conhecimento, no estabelecimento de relações com os objetos e com os sujeitos. Para Piaget, portanto, o aspecto afetivo pode influenciar as estruturas cognitivas. O professor do ensino superior deve criar ambientes atenciosos e motivadores, local em que as trocas interpessoais serão mais significativas e propiciaram condições para o sucesso do aluno no ensino superior. O professor é o protagonista de um contexto entre a sala de aula que facilitará ou dificultará o aprendizado dos seus alunos. (CUNHA, 2008, p. 80.) As relações de afetividade e cognição também foram tematizadas por Vygotsky. Para ele, “a forma de pensar que junto com o sistema de conceito nos foi emposta pelo meio que nos rodeia, inclui também nossos sentimentos”. (1996, p.39) Vygotsky aponta que os aspectos cognitivos estão interligados com os aspectos afetivos. Ele aponta que as emoções se integram ao funcionamento mental geral: “os processos pelos quais eu afeto eu intelecto se desenvolve estão inteiramente enraizados em suas inter-relações e influencias mútuas”. (OLIVEIRA, 1992, p. 76.). Para Vygotsky, as emoções são uma resultante da inserção humana na sua relação com o outro social. Em sua teoria, aponta que a razão, no aluno adulto, tem o papel efetivo de controlar os impulsos emocionais com vistas à regulação do comportamento. Sendo 18 assim a razão está a serviço da vida afetiva, na medida em que é instrumento de elaboração e refinamento dos sentimentos. As interações são marcadas pela afetividade. Na transmissão do conhecimento a interação entre pessoas basta para admitirmos a presença do afeto, para o bem ou para o mal. Deve fazer parte da ação docente no ensino superior a compreensão de que “o aspecto emocional do indivíduo não tem menos importância do que os outros aspectos e é objeto de preocupação da educação nas mesmas proporções em que o são a inteligência e a vontade” (VYGOTSKY, 2000, p. 146). A afetividade deve fazer parte das práxis do educador. O momento em que ele a manifesta e promove é quando planeja suas aulas, quando se comunica com seus alunos, quando respeita o aluno, quando considera os conhecimentos que ele traz em seu cotidiano para a sala de aula. Esse carinho ao planejar transcendem as técnicas e estratégias pedagógicas. O professor deve notar o aluno do ensino superior como um ser intelectual e afetivo, que de modo simultâneo, pensa, sente e reconhece a afetividade como parte integrante do processo de construção do conhecimento. Percebemos então que os sentimentos e as emoções constituem as forças básicas da vida e estão relacionados à ação, a afetividade está presente em todos os momentos na sala no ensino superior. Reafirmamos que o professor deve perceber as motivações, as necessidades e os interesses individuais dos alunos tentando entendê-los em seu contexto. Significa ficar atento ao saber-fazer pedagógico que busque a formação de um aluno entendido como um ser intelectual e afetivo. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários da prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 1.4 Criatividade e inovação na escola do século XXI As transformações sociais, econômicas, culturais e tecnológicas do século XX têm impactado de forma significativa a vida das pessoas, as relações estabelecidas entre elas, o mundo do trabalho e, principalmente, a escola. Os métodos tradicionais de ensino centrado nos docentes e na transmissão de conteúdos através de uma postura passiva dos alunos sede seu lugar a novos caminhos e novas metodologias. Surgem então métodos que propõem o deslocamento da perspectiva do docente representando o ensino para o aluno representando a aprendizagem. São 19 chamadas de metodologias ativas que propõem que o aluno seja compreendido como sujeito histórico e, portanto, com um papel ativo na aprendizagem, posto que tem suas experiências, saberes e opiniões valorizados como ponto de partida para construção de novos conhecimentos. Nesse contesto, surge a discussão sobre a transição do paradigma conservador para a educação emancipatória. Segundo Carneiro (2013, p. 137), a criatividade é uma característica humana porque só o homem é capaz de criar projetando seu mundo interior sobre o meio. Por isso a importância de se pensar em uma escola que seja criativa, que motive o aluno, que tenha objetivos transformadores. A escola tem como objetivo preparar o aluno para a vida, contribuindo com uma educação que estimula a consciência e os valores humanos, que procura sair da monotonia do que foi previamente estabelecido. A escola como uma comunidade educativa e criativa vai ultrapassar barreiras e levar todos a ter uma nova funcionalidade e valorização do trabalho coletivo. Segundo Rajadell (2012, p. 130), o ensino de uma escola que visa ao seu desenvolvimento coletivo requer um fazer coletivo. O processo de criatividade considera a importância da busca de soluções de problemas na educação. Inovar pode significar mudança a um método de ensino, a um recurso matéria, a uma forma de avaliar ou uma atitude pedagógica. Figura 6: Criatividade e inovação. Fonte: https://www.researchgate.net/profile/Alex_Gomes2/publication/311565072/figure/fig1/AS:438136938471424 @1481471394638/Figura-1-Elementos-de-criatividade-adaptado-de-35.png.Acesso em: 28 jan. 2019 O conceito de inovação é o eixo principal para a mudança. A inovação faz parte de um processo de mudanças na educação brasileira desde seu início e perpassa a atualidade educativa. O inovar não é restrito a uma área ou uma dimensão educacional: 20 As inovações podem ser consideradas pedagógica ou institucionais, pequenas ou grandes, impostas ou por adesão, entretanto a mudança continua a ocupar lugar de destaque no debate sobre inovação educacional, apesar de inovação e mudança não serem categorias equivalentes. Tem sido praxe a mudança constituir a preocupação da área socioeducacional, e a inovação, do campo da produção, da tecnologia e da administração. (SUANNO, 2013, p. 217). Enquanto o ensino tradicional prioriza a reprodução do saber, a escola inovadora valoriza a inovação e a liberdade. Ao pensarmos então nessa escola inovadora nos referimos a um conhecimento global e não o saber fragmentado, o ser humano como um todo, um saber emancipatório. O ser humano na educação transdisciplinar vai buscar no seu cotidiano a sua própria existência no sentido de preservar a natureza e a vida na sociedade. Essa é uma visão de uma educação transformadora que busca a interligação do conhecimento de forma inovadora global e formadora, antes fragmentada. Cabe então aos professores como agentes na construção de um processo inovador criar possibilidades de uso de propostas pedagógicas que se voltem para as atividades interligadas. Busca-se, portanto, por meio dessa mudança de paradigma a interligação do conhecimento, um princípio transdisciplinar, sem preconceitos e valorizando o ser humano como um todo. Aulas criativas são estimulantes tanto para o professor quanto para ao aluno, com possibilidades de gerar aprendizagens intensas a partir de momentos produtivos e prazerosos. Os fundamentos teóricos estão pautados na perspectiva de criatividade e inovação, a partir de um processo de mudança que busca a ruptura com a fragmentação do saber e das práticas pedagógicas e passa a reconhecer o global como importante. 21 A respeito do pensamento criador, Morin (2012, p. 2008) afirma que “qualquer descoberta, a começar pela de uma coisa visível para todos, é uma conquista cognitiva que comporta invenção e criação”. Para ele, ser criativo não é pensar de forma diferente de outras pessoas. Vai além da flexibilidade de raciocínio e da influência da ideia de outros. Segundo Vygotsky (1982), a criatividade é um processo lento e gradativo e corresponde a fases diferentes de acordo com a faixa etária. Em cada fase da vida a criatividade atinge níveis que vão se tornando mais complexos gradativamente. Estimular a criatividade é um papel fundamental na educação, principalmente no ensino superior; para Zanella (2005) o comportamento criativo é resultado da inter- relação de seis fatores: Inteligência; Conhecimento; Personalidade; Motivação; Estilo intelectual; Contexto ambiental. A educação é uma das áreas principais por oferecer estímulo para o desenvolvimento e a criatividade dos alunos, no entanto alguns autores afirmam que a criatividade é pouco abordada nas aulas. Nesse sentido, segundo Nakano (2011), no Brasil a mudança de foco em relação a criatividade no ensino ocorreu somente em meados da década de 1990. A partir daí “a capacidade de criar tornou-se habilidade essencial na sociedade do conhecimento, fator chave para lidar com as mudanças rápidas e complexas que caracterizam o mundo contemporâneo” (ALENCAR, 2010, p. 2003). Tão importante quanto estimular a criatividade é desenvolvê-la de modo consciente, ou seja, deve objetivar a emancipação do sujeito para melhores oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. As autoras Alencar e Fleith (2010) afirmam que grande parte dos professores de ensino superior desconhecem os conteúdos existentes sobre criatividade. Alencar e Fleith. Criatividade na Educação Superior: fatores inibidores. Avaliação (Campinas), Sorocaba, v. 15, n. 2, jul. 2010. Oliveira e Alencar (2007) investigaram como a criatividade é tratada na formação de professores. Nessa pesquisa chegaram à conclusão que muitos professores já identificam a criatividade como fundamental na formação docente. 22 Verificaram que é possível a implantação de uma prática pedagógica pautada nos pressupostos da criatividade. Foram identificados em seus estudos alguns fatores que podem inibir a criatividade: Alunos com dificuldades de aprendizagem; Desinteresse do aluno pelo conteúdo; Poucas oportunidades para discutir ideias com os colegas; Elevado número de alunos em sala de aula; A inibição / timidez; Falta de motivação. Embora a criatividade seja importante, é pouco abordada em pesquisas que investigam o ensino superior e também raramente estão previstas nos planos de disciplinas. Você deve ter percebido que é preciso um aprofundamento sobre a aprendizagem com estímulo para a criatividade na busca pelo conhecimento na formação de um ser integral. Essa nova forma de conceber o conhecimento busca, em sua prática educativa, a superação do ensino linear, uma busca constante em meio a situação complexas de um ensino em geral fechado, que dita normas e regularidades de cima para baixa. Busca suplantar uma educação permeada no ensino conservador, onde não há o compartilhar nem o trabalho em equipe. Estudos evidenciam o potencial da criatividade na formação do conhecimento crítico e na autonomia dos sujeitos. Muitos debates contemporâneos apontam para uma reflexão sobre uma universidade inovadora, reflexiva e crítica que tenham na criatividade um fator essencial. Uma forma de estimular a criatividade é o uso do lúdico como uma estratégia facilitadora quando se entende que a construção do conhecimento deve ocorrer de forma significativa para o aluno e que este é um sujeito ativo do seu processo de aprendizagem. Podemos citar algumas estratégias lúdicas que podem ser utilizadas em sala de aula: jogos, dinâmicas de grupo, dramatizações etc. O lúdico pode ser um instrumento a ser utilizado pelo professor para facilitar o processo de ensino e aprendizagem. De uma forma prazerosa podemos permitir que o aluno repense sua existência e o seu papel no mundo, reformulando-se como sujeito crítico. A escolha de metodologias que permitam reflexões a partir do lúdico serão fundamentais. As habilidades de trabalhar em equipes, ser flexível, ser criativo, levarão os alunos a adquirir a capacidade de superar as dificuldades que enfrentarão em seu caminho profissional. 23 Para utilizarmos a ludicidade no ensino superior como uma proposta metodológica é necessário desenvolver pesquisas no sentido de compreendermos melhor a sua importância, bem como a sua correta aplicação. A seguir apresentaremos algumas propostas que podem ser valiosas para a aprendizagem no coletivo. 1.5 Dinâmicas e aplicação de jogos Vamos apontar técnicas e atividades de acordo com as competências e habilidades a serem desenvolvidas com conteúdos contextualizados. Apontamos algumas estratégias que ajudaram você em sua prática pedagógica. Essas atividades foram propostas por Anastaciou (2005, p. 79). Estratégia 1 – aula expositiva dialogada Descrição da atividade: O professor apresenta um conteúdo, cujo conhecimento prévio do aluno deve ser considerado como ponto de partida. Leva os alunos a discutirem o objeto de estudo a partir do reconhecimento e do confronto com a realidade. Deve favorecer a análise crítica, resultando na produção de novos conhecimentos. Esse tipo de aula propõe a superação da passividade e imobilidade intelectual dos alunos. Dinâmica da atividade: O professor contextualiza o tema, faz a apresentação dos objetivos do estudo e sua relação com o curso. Faz a exposição do tema, solicita exemplos aos alunos e busca ouvi-los, com o intuito de identificara sua realidade e seus conhecimentos prévios. Essa atividade promove o diálogo e o questionamento para solução de dúvidas e deve finalizar com uma síntese integradora elaborada pelos alunos. Avaliação: Pode ser de diferentes formas, de forma escrita ou oral, através de sínteses e portfólio ou ainda através de análises de perguntas e respostas. Estratégia 2 – estudo de texto Descrição da atividade: É a exploração de ideias de um autor a partir de um estudo crítico de um texto. Dinâmica da atividade: O professor contextualiza o texto e o autor. Depois faz um estudo do tema, do vocabulário, das ideias centrais apresentadas pelo autor. Os alunos fazem a problematização e análise do tema em confronto com seus conhecimentos prévios, no final é feita uma síntese a partir da contribuição pessoal dos alunos. Avaliação: Produção escrita ou oral, tendo em vista as habilidades de compreensão, análise, síntese, e interpretação dos conteúdos fundamentais e as conclusões a que o aluno chegou. 24 Estratégia 3 – tempestade cerebral Dinâmica da atividade: O professor estimula a geração de ideias sobre um determinado tema. Ao serem perguntados, os alunos devem expressar em palavras as ideias sugeridas. O professor registra e seleciona as ideias apresentadas. Essa estratégia desperta nos alunos uma rápida vinculação com o objeto de estudo, podendo ser utilizada para coletar sugestões para a resolução de um problema. Avaliação: Observação das habilidades dos conteúdos na apresentação de ideias quanto a sua capacidade criativa, logicidade, aplicabilidade e seu desempenho na descoberta de soluções apropriadas ao problema apresentado. Estratégia 4 – Phillips 66 Descrição da atividade: É uma atividade grupal em que são feitas uma análise e uma discussão sobre temas contexto dos alunos. Dinâmica da atividade: Os alunos devem estar agrupados em grupos de 6 membros que durante 6 minutos discutirão um assunto na busca de uma solução provisória. Como um suporte para a discussão pode-se ter um texto auxiliar. Os grupos apresentam o resultado através da fala de um aluno representante. É uma estratégia que pode ser utilizada com classes numerosas, pois os alunos são agrupados em número de 6 e durante 6 minutos trabalham no fechamento do tema. Avaliação: A avaliação será feita em relação aos objetivos pretendidos destacando-se o envolvimento dos membros, a participação, a pertinência das questões e o processo de autoavaliação dos participantes. Estratégia 5 – seminário Descrição da atividade: É o espaço em que as ideias devem germinar ou ser semeadas. O grupo vai discutir problemas do cotidiano. Dinâmica da atividade: No primeiro momento, o professor apresenta o tema, justifica sua importância e desafia os alunos a realizarem pesquisas sobre o tema. No segundo momento, o professor busca estabelecer o diálogo entre os participantes para discussão de propostas de soluções apresentadas. O professor deverá fazer comentários sobre cada trabalho e sua exposição. No final, os alunos fazem um trabalho escrito que pode ser individual ou em grupo. Avaliação: Os critérios de avaliação devem estar adequados aos objetivos analisando-se a clareza e a coerência na apresentação além do domínio do conteúdo apresentado. Estratégia 6 – estudo de caso Descrição da atividade: É uma análise minuciosa e objetiva de uma situação real que necessita ser investigada e é desafiadora para os envolvidos. Dinâmica da atividade: O professor expõe o caso a ser estudado através de um texto que pode ser para um grupo ou para diversos grupos. A seguir, os alunos 25 analisam o caso, expõem seu ponto de vista e apresentam os aspectos sobre os quais o problema pode ser enfocado. O grupo debate as soluções selecionando as melhores conclusões apresentadas por todos. O professor além de selecionar o material do estudo tem o papel de orientar os grupos no decorrer do trabalho. Professor deverá indicar as categorias mais importantes a serem analisadas naquele caso. Essa estratégia oportuniza a elaboração de um forte potencial de argumentação entre os alunos e principalmente nos momentos da construção da síntese das soluções apresentadas. Avaliação: O registro da avaliação pode ser realizado por meio de ficha com critérios, tais como, à aplicação dos conhecimentos, à riqueza na argumentação e à capacidade de síntese. Estratégia 7 – painel Descrição da atividade: É uma discussão informal de um grupo indicado pelo professor para apresentar um problema que já foi analisado pela turma. Dinâmica da atividade: O professor coordena a atividade e seleciona de 5 a 8 pessoas para falarem sobre um determinado assunto, o professor anuncia o tema e o tempo destinado a cada participante em uma escala de 2 a 10 minutos. No final, o professor faz as inter-relações da discussão e convida os demais alunos da turma a formularem questões para os alunos que fazem parte do painel. Essa estratégia pode ser aproveitada tanto na mobilização de um novo conhecimento como para um momento de síntese. Avaliação: Avaliação será feita a partir da observação dos alunos, principalmente em relação à atenção e concentração e a consistência das perguntas elaboradas. Estratégia 8 – fórum Descrição da atividade: Consiste em uma reunião, no qual todos os membros do grupo têm a oportunidade de participar do debate de um tema determinado. Pode ser utilizado após a apresentação teatral, palestra, projeção de um filme para discutir um livro que tenha sido lido pelo grupo, um problema ou fato histórico, um artigo de jornal ou uma excursão. Dinâmica da atividade: Professor explica os objetivos do fórum. Delimita um tempo para que os participantes se manifestem. O professor organiza, dirige o grupo e seleciona as contribuições dadas para síntese final. Cada membro do grupo se identifica ao falar para dar a sua contribuição, fazendo considerações e levantando questionamentos. Ao final, um membro do grupo de síntese elabora um resumo. 26 Avaliação: Avaliação, estabelecida previamente, levará em conta a participação dos debatedores e em relação à síntese das ideias apresentadas. Estratégia 9 – oficina (workshop) Descrição da atividade: É uma reunião de um pequeno número de pessoas a fim de estudar e trabalhar para o conhecimento ou aprofundamento de um tema. Possibilita o aprender a fazer, a fazer algo, mediante a aplicação de conceitos e conhecimentos previamente adquiridos. Dinâmica da atividade: O professor organiza o grupo, providencia o ambiente e o material necessário. A organização prévia é fundamental para o sucesso da oficina. O grupo não deve ultrapassar a quantidade de 20 componentes. Podem ser realizadas atividades práticas, estudo de textos, análise de resolução de problemas, redações e etc. Avaliação: Será feita através da participação e da autoavaliação no final do processo. Estratégia 10 – lista de discussão por meios informatizados Descrição da atividade: Possibilidade de um grupo de pessoas realizarem debates a distância, sobre um tema que já conheçam ou que tenham realizado um estudo prévio. Dinâmica da atividade: Professor organiza um grupo, para discutir um tema e estabelece um tempo limite para o desenvolvimento do trabalho. Através dos meios de tecnologia e informação os alunos farão pesquisas para que seja feito um debate fundamentado com intervenções do professor. Avaliação: A avaliação é feita pelo grupo. Também o professor deverá acompanhar as participações e a qualidade das inclusões dos alunos. Estratégia 11 – ensino com pesquisa Descrição da atividade: É a utilização dos princípios do ensino associados aos das pesquisas. O professor desafia e incentiva os alunos a uma situação construtiva e significativa sobre um tema específico. Dinâmica da atividade: Professor desafia o aluno como investigador e constrói junto com os alunos um projetoque deve definir o problema de pesquisa, a análise dos dados, a interpretação das suposições, a síntese e a apresentação dos resultados e as recomendações. Avaliação: O acompanhamento do processo deve ser contínuo. Os critérios de valorização devem ser estabelecidos antecipadamente e podem ser reformulados durante o processo. 27 Estratégia 12 – grupo de verbalização e de observação (GVGO) Descrição da atividade: É uma estratégia aplicada com sucesso ao longo do processo de construção do conhecimento e requer leituras, estudos preliminares sobre o tema. Assim o professor planeja com os alunos leituras prévias sobre o estudo. Dinâmica da atividade: Alunos divididos em dois grupos, um para verbalização e outro para observação. Organizar a turma em dois círculos. O círculo interno fará a verbalização sobre o tema enquanto o grupo no círculo maior fará o registro das discussões. No fechamento o grupo chamado GO fará a leitura das observações enquanto que o GV ficará na escuta. O professor terá o papel fundamental que será incluir suas observações a partir dos resultados apresentados pelos dois grupos. Avaliação: O professor fará sua avaliação a partir da participação dos grupos durante a exposição e observara o domínio da problemática apresentada. Essa é uma estratégia que não pode ser utilizada quando o número de alunos é elevado, porque a sala será subdividida em dois grupos. Na construção do conhecimento essa dinâmica dá resultados se utilizada para o momento de síntese dos conteúdos tratados. Estratégia 13 – dramatização Descrição da atividade: É uma representação teatral a partir de um tema. Pode ser trabalhada a partir de leituras sobre o foco do problema. Dinâmica da atividade: Professor escolhe o assunto e os papeis e os distribui entre os alunos fazendo as orientações necessária. Um grupo de alunos observa a cena e registra suas observações, no final o professor faz o fechamento da atividade apontando os pontos principais sobre o tema em estudo. Avaliação: O professor irá avaliar a participação do grupo observador e também da criatividade dos alunos que participaram das cenas. É uma estratégia que possibilita vivenciar conteúdos trabalhados e dinamizar uma reflexão crítica sobre o tema. Outra forma de dramatização é a montagem de um júri. Estratégia 14 – júri simulado 28 Descrição da atividade: É a simulação de um júri em que, a partir de um problema, são apresentados argumentos de defesa e acusação. É uma técnica que analisa um assunto ou um fato que é escolhido como se fosse um réu. Essa estratégia envolve todos os momentos de construção do conhecimento, da mobilização à síntese pela possibilidade de envolver um número elevado de alunos. Dinâmica da atividade: Partir de um problema concreto e objetivo estudado e conhecido pelos participantes. Um dos alunos será o juiz e outro o escrivão. Os demais alunos serão divididos entre promotoria, defesa, conselho de sentença e o plenário. O professor dará um tempo para um planejamento da promotoria e da defesa. O conselho de segurança após ouvir os argumentos de ambas as partes apresenta sua decisão final. No fechamento, o professor apontará os aspectos mais relevantes do trabalho apresentado. Avaliação: A avaliação pode ser feita de forma coletiva avaliando-se tanto a aprendizagem quanto a própria dinâmica. Estratégia 15 – simpósio Descrição da atividade: É a apresentação de palestras e preleções breves sobre um assunto ou sobre diversos aspectos de um assunto. Dinâmica da atividade: O professor seleciona os temas que planeja o simpósio com os alunos. Em pequenos grupos, os participantes estudam, organizam o conteúdo e fazem uma apresentação breve para a classe. Cabe ao professor indicar as bibliografias para cada grupo. Durante as exposições os alunos apresentaram o resultado de seus estudos e suas pesquisas bibliográficas. Um dos alunos pode coordenar a mesa com resumo das ideias apresentadas. Avaliação: O professor irá levar em conta os conhecimentos relacionados ao tema e a lógica dos argumentos explicitados. Esta estratégia amplia e possibilita a aquisição de conhecimentos através de múltiplos olhares, o que enriquece o tema gerador. 29 Figura 7: Dinâmicas de grupo Fonte: https://www.educacaoetransformacao.com.br/wp-content/uploads/2018/01/barbante.jpg. Acesso em: 28 jan. 2019 1.5.1 Aplicação de jogos Você conhece algum tipo de jogo? Dentre as estratégias o aluno pode ser desafiado pelo jogo em atividades que envolvam os alunos e o professor na construção de conhecimentos através de uma atividade mais lúdica. Os jogos auxiliam na descentralização que consiste em desenvolver a capacidade de ver algo a partir de um ponto de vista e a coordenação de ações para chegar a uma conclusão. A atividade de jogar tem real importância no desenvolvimento de habilidades de raciocínio, de organização, de concentração e etc. Vamos apresentar alguns exemplos de jogos, talvez você já conheça e já tenha participado de algum deles. 30 Os jogos e os materiais didáticos são excelentes recursos, pois, permitem a reflexão e a construção de significados para o aluno. É importante não cair no exagero de transformar tudo em jogo, pois o objetivo do professor é ensinar o aluno a jogar, mas a mantê-lo mentalmente ativo e motivado para construir seu conhecimento. São três os tipos de jogos a serem apresentados, mas você deve conhecer outros que podem ser adaptados para atividades lúdicas em sala de aula buscando a construção do conhecimento ou mesmo para reforço de ideias trabalhadas. Jogo 1 – jogo de estratégia A meta principal desse tipo de jogo é propiciar o desenvolvimento do raciocínio lógico. O jogador faz suas opções de acordo com os limites impostos pelas regras do jogo. Na busca da estratégia, fica visível a necessidade da formulação de hipóteses, da argumentação e da experimentação até a descoberta de um caminho vitorioso. Qual o papel do professor nesse jogo? O professor tem papel fundamental, devendo promover a socialização das descobertas atuando como orientador e não como transmissor de conhecimento. O professor pode questionar os alunos através das seguintes perguntas: De que maneira você chegou a essa hipótese? A estratégia descoberta é única ou existem outras? Os jogos são excelentes recursos, pois permitem a reflexão e a construção de significados para o aluno. O professor deve ter em mente que o objetivo não é ensinar o aluno a jogar, mas sim mantê-lo motivado a construir seu conhecimento. O jogo não deve ser apenas mecânico e sem significado para os alunos; ao contrário, deve ser interessante e desafiador. Jogo 2 – jogo de treinamento Esses jogos são ideais para auxiliar a memorização ou a fixação de conceitos, formulas e técnicas ligadas à alguns tópicos do conteúdo. Servem para reforçar determinados tópicos em que os alunos apresentem deficiência. 31 A atividade de jogar tem papel importante no desenvolvimento de habilidades de raciocínio, organização, de atenção e concentração. Jogo 3 – jogo coletivo O jogo deve ser para dois ou mais jogadores. A melhor opção é jogar com grupos de 4 alunos formando equipes. O jogo deve ter regras preestabelecidas que não podem ser modificadas no decorrer de uma rodada. O jogo deve permitir que cada equipe possa fazer a jogada conforme as regras. A sorte deve ter um papel secundário. O uso de mídias, tecnologias e recursos áudio visuais são importantes e devem estar adequados às intenções didáticas. Tanto livro didático quanto outros materiais didáticos podem ser elementos importantes na organização do processo de ensino e aprendizagem. Nesta Unidade, caro aluno, você teve a oportunidade de refletir sobre a necessidade de mudanças no processo ensino-aprendizagem nos cursos superiores.Novas metodologias fazem-se necessárias diante das profundas mudanças e avanços na ciência e na tecnologia, que por sua vez, ocasionaram transformações nas dimensões da sociedade e na educação. Analisou também a importância da afetividade e da relação professor-aluno, uma vez que o ensino superior deve formar não apenas profissionais, mas também cidadãos competentes e com condições de desenvolverem-se enquanto pessoas plenas. Verificou que é importante que se atente para as novas questões sociais e emocionais do homem do século XXI em seu processo de formação. Agora, as metodologias educacionais passam a ter uma concepção de ensino- aprendizagem na qual a ênfase maior está no processo de construção do conhecimento pelo aluno e não mais no professor transmissor. Você percebeu que as atividades educativas devem ser mais criativas e dinâmicas. A utilização do lúdico pode ser uma estratégia auxiliar no ensino superior. 32 Recebeu sugestões de atividades que podem contribuir na construção do conhecimento dos alunos para que sejam autônomos, trabalhem em grupo e possuam equilíbrio emocional. Agora, faça uma reflexão sobre a importância da afetividade na relação professor e aluno na construção do conhecimento sobre a ótica da aprendizagem construtivista. Elabore um pequeno texto sobre esse tema. Justifique a partir do conceito de aprendizagem que foi trabalhado nessa unidade. Bom trabalho! ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 33 UNIDADE II PLANEJAMENTO E GESTÃO DA SALA DE AULA: O desafio dos direitos e aprendizagem em contexto de diversidade Conteúdos trabalhados na unidade: planejamento e gestão em sala de aula; desafio dos direitos e aprendizagem em contexto de diversidade. Nesta unidade, a intenção principal é conceituar competências e habilidades a serem desenvolvidas pelos professores, também estaremos refletindo sobre a pedagogia dos projetos interdisciplinares na construção do conhecimento. Apresentaremos também as metodologias ativas. Então, vamos dar início? 2.1 A aprendizagem sobre a ótica do desenvolvimento de competências e habilidades Como professor você precisará compreender os contextos sociais de seus alunos e as questões contemporâneas que tanto você como os alunos estão envolvidos, pois o professor é um profissional que participa da constituição da subjetividade de seus alunos como pessoas e cidadãos. Para formar profissionalmente o professor você deve pensar nas competências a serem desenvolvidas. Segundo Perrenoud, a competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos para solucionar uma série de situações, sendo assim passaremos a analisar quais seriam as principais competências para ensinar. Veja, então, as palavras de Perrenoud (2001, p. 12) sobre o que um professor profissional deve ser capaz de fazer: 1. Analisar situações complexas, tomando como referência diversas formas de leitura. 2. Optar de maneira rápida e refletiva por estratégias adaptadas aos objetivos. 3. Escolher na ampla gama de conhecimentos, técnicas e instrumentos, os meios mais adequados, estruturando-as adequadamente. 4. Adaptar rapidamente seus projetos em função da experiência 5. Analisar de maneira critica suas ações e seus resultados. 6. Aprender por meio de avaliação continua, ao longo de toda a sua carreira. 34 Figura 7: Philipe Perrenoud Fonte: https://www.scoop.it/topic/educacao-3-0-uma-jornada/p/4016924510/2014/03/03/philippe- perrenoud-e-as-novas-competencias-do-ensino. Acesso em: 28 jan. 2019 Podemos então observar que não basta o domínio de conhecimentos profissionais diversos, mas também por esquemas de percepção, análise, planejamento e avalição, para mobilizar seus conhecimentos em uma dada situação (PERRENOUD, 2001). Veja então o que você como professor deverá ser capaz de fazer segundo as ideias que Perrenoud apresentou em 2000, na obra denominada Dez novas competências para ensinar. Organizar e dirigir situações de aprendizagem. Administrar a progressão da aprendizagem. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho. Trabalhar em equipe. Participar da administração escolar. Informar e envolver os pais. Utilizar novas tecnologias. Enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão. Administrar a própria formação. Os referenciais para a formação de professores defendem que o professor precisa garantir que seus alunos realizem as aprendizagens que efetivem o desenvolvimento de suas capacidades. 35 Na sua opinião, quais competências devem ser desenvolvidas na formação do educador? Atualmente discute-se a necessidade de uma formação profissional para o professor, baseada na análise da prática e da reflexão. Uma formação baseada em situações vividas no trabalho do cotidiano docente, ou seja, uma formação que valoriza a prática. Essa formação baseada na prática e na reflexão é vista como pertencendo a um curriculum que valorize tanto a racionalidade técnica como a racionalidade prática. O ensino e a prática reflexiva articulam-se em três momentos: Conhecer na ação – Saber fazer: há um conhecimento em qualquer ação inteligente. Reflexão na ação – Pensamos o que fazemos ao mesmo tempo que atuamos: “diálogo” com o problema para tentar resolvê-lo. Reflexão sobre a ação – Análise que a pessoa realiza a posteriori: possibilita enriquecimento da prática docente. 2.2 Gestão de sala de aula e planejamento da ação didática Para você o que é planejar? O que é realizar um bom planejamento? O ato de planejar é um trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados. O ato de planejar pode ser, também, o processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações visando à concepção de determinados objetivos. Segundo Libâneo (1994), o planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado a avaliação. Ao planejar a educação é preciso pensar de maneira reflexiva sobrecomo realizar e organizar o trabalho pedagógico. Quando você propõe realizar um planejamento, você deve exercer uma atividade intencional e científica. Na prática pedagógica atual o processo de planejamento tem sido objeto de inúmeros questionamentos em relação a sua validade como instrumento de melhoria qualitativa do trabalho do professor. 36 O planejamento não é uma tarefa neutra, mas ideologicamente comprometida com os fins pretendidos, por aquele grupo ou instituição. A concepção de planejamento com processo reflete uma função pedagógica que desenvolve a sistematização e a apropriação de procedimentos teóricos e metodológicos. Ao planejar o professor deve estar atento a alguns pontos: Os objetivos educacionais devem estar vinculados a realidade social e cultural dos alunos Os conteúdos a serem trabalhados de forma a pensar na formação dos alunos Os recursos disponíveis. A metodologia que valorize o aluno como centro da atividade. A avaliação do rendimento escolar em função das atividades propostas. O planejamento deve propor ações pedagógicas que possibilitem ao professor uma relação afetiva com os alunos e um trabalho integrado ao concreto dos educandos, ou seja, a suas vivências. Podemos dividir o planejamento em fases: 1) Diagnóstico da realidade dos alunos com base no universo sociocultural, interesses, conhecimentos já adquiridos. 2) Organização do trabalho didático: definição de objetivos, sistematização do conteúdo e seleção dos procedimentos de ensino. Os objetivos precisam ser estabelecidos anteriormente aos conteúdos, pois o processo de ensino e aprendizagem não deve se restringir à simples transmissão de conteúdo, mas sim devem estar direcionados às necessidades dos alunos. 3) Escolha dos procedimentos a serem concretizados: O professor irá articular uma metodologia de ensino que valorize atividades estimuladoras e dinâmicas além de incentivar a criatividade dos alunos. 4) Nesta fase a avaliação terá o caráter de acompanhamento e verificação da qualidade da elaboração dos conhecimentos apreendidos pelos alunos. Resumindo, o professor deve promover, ao realizar o planejamento, um estudo de natureza contínua, dinâmica e global, pois todas essas fases estão interligadas. 37 O planejamento participativo conduz a um trabalho problematizador e participante, pois faz com que o professor encaminhe o aluno para a reelaboração dos conteúdos escolares do saber sistematizado, visando à produção de novos conhecimentos. 2.3 Paradigma da complexidade e pedagogia de projetos. A origem da palavra projeto deriva do latim Projectus, que significa algo lançado para frente; é sair de onde se encontra em busca de novas soluções. O ato de projetar requer abertura para o desconhecido, para o não determinado e flexibilidade, para reformular as metas à medida que as ações projetadas evidenciam novos problemas. O trabalho com projetos, constitui uma das posturas metodológicas de ensino mais dinâmica e eficiente, sobretudo pela sua força motivadora e aprendizagem em situações reais. O trabalho com projetos é importante na construção significativa e compartilhada do conhecimento. Contribui para uma educação transformadora diante das necessidades sociais da atualidade. Trabalhar por meio de projetos auxilia na formação integral dos alunos já que cria diversas oportunidades de aprendizagem tanto conceituais quanto atitudinais e procedimentais. Diante das transformações na sociedade moderna a escola precisa rever a sua educação principalmente em relação ao currículo fragmentado e distanciado das transformações sociais e da vida dos alunos. É necessário que a escola muda seu paradigma, refaça suas práticas e se distancie da postura autoritária que sempre exerceu. A pedagogia de projetos hoje apresenta uma postura pedagógica mais atrativa para os alunos e possibilita que saiam capazes de atuarem na sociedade de maneira participativa, crítica, reflexiva e autônoma. 38 Figura 8: Pedagogia de Projetos Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Cst3AYZqEsk. Acesso em: 28 jan. 2019 O trabalho por projetos contribui de forma significativa para a educação nesse mundo atual, pois envolve um processo de construção, participação, cooperação, noções de valor humano, solidariedade, respeito mútuo, tolerância e formação da cidadania, tão necessários à sociedade emergente. Vantagens do trabalho com projetos: O resgate do educando para o processo de ensino-aprendizagem (conhecimento) através de um processo significativo; A recuperação da autoestima positiva do educando; Que o educando se reconheça como sujeito histórico; O desenvolvimento da capacidade de buscar e interpretar informações; A condução, pelo aluno, do seu próprio processo de aprendizagem; O desenvolvimento de atitudes favoráveis a uma vida cooperativa; A realização do ensino baseado na compreensão e na interdisciplinaridade. A proposta de trabalho por projetos deve estar fundamentada numa concepção do aluno como sujeito de direitos, ser social e histórico, bem como participante ativo no processo de construção do conhecimento e deve integrar aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais. A pedagogia de projetos não é um método, pois a ideia de método é de trabalhar com objetivos e conteúdos pré-fixados, pré-determinados, apresentando uma sequência regular, prevista e segura, refere-se à aplicação de fórmulas ou de uma série de regras. 39 Fernando Hernández (1998) define os projetos não como uma metodologia, mas como uma concepção de ensino, uma maneira diferente de suscitar a compreensão dos alunos sobre os conhecimentos que circulam fora da escola e de ajudá-los a construir a sua própria identidade. Ele enfatiza que é necessário repensar a função da escola, propor as mudanças, a concepção de ensino e a aprendizagem. A denominação método de projetos, projeto como método didático foi instituída pela primeira vez pelo norte americano William Kilpatrick (1871 - 1965), baseado nas ideias de John Dewey (1859 - 1052). “A educação é um processo de vida e não uma preparação para a vida futura e a escola deve representar a vida presente – tão real e vital para o aluno como o que ele vive em casa, no bairro ou no pátio” (DEWEY, 1897). O compromisso educacional do professor é justamente saber O QUE, COMO, QUANDO e POR QUE desenvolver determinadas ações pedagógicas. Para isso é fundamental ter clareza da sua intencionalidade pedagógica. Na pedagogia de projetos a relação ensino/aprendizagem é voltada para a construção do conhecimento de maneira dinâmica, contextualizada, compartilhada, que envolva efetivamente a participação dos educandos e educadores num processo mútuo de troca de experiências. Nessa postura, a aprendizagem se torna prazerosa, pois ocorre a partir dos interesses dos envolvidos no processo, da realidade em que estes estão inseridos, o que ocasiona motivação, satisfação em aprender. Bases da Pedagogia por Projetos. A instituição de ensino deve ser centrada no aluno, e não no professor, preparando para viver em sociedade; Valorização do trabalho e da atividade em grupo; O saber que não vem da experiência não é realmente saber; Assim como as crianças não pensam como os adultos e constroem o próprio aprendizado, também os alunos adultos do Ensino Superior também não pensam como seus docentes e precisam construir seu próprio aprendizado; A escola, em quaisquer níveis, é uma instituição que se organiza através de saberes historicamente acumulados e construídos; Aprende-se a aprender todos os dias e a todo o momento. 40 No trabalho com projetos o professor nunca estará sozinho, pois o projeto de trabalho é coletivo e se fundamenta em pesquisa. Tudo que se ensina através de um projeto começa de um problema inicial. 2.4 Metodologias ativas e aprendizagemsignificativa Metodologia ativa é uma concepção educativa que estimula processos construtivos de ação-reflexão-ação (FREIRE, 2006), em que o estudante tem uma postura ativa em relação ao aprendizado numa situação prática de experiências, por meio de problemas que lhe sejam desafiantes e lhe permitam pesquisar e descobrir soluções, aplicáveis à realidade. Esses princípios são norteados por vários métodos ativos de aprendizagem. Estas novas metodologias ativas tornam possível a participação ativa do aluno em seu processo de aprendizagem, buscando conhecimentos, articulando teoria-prática, correlacionando os seus conhecimentos e realizando reflexões críticas sobre os problemas reais que envolvem sua formação profissional, integrados às exigências do mundo do trabalho e contribuindo para o desenvolvimento da sociedade, da tecnologia e da ciência. Segundo Amaral apud Silva (2013, p. 28), nas metodologias ativas “o foco passa a ser o diálogo com os alunos, a sondagem de conhecimentos prévios e as percepções sobre o tema em questão com incidência na problematização, contextualização e aplicação prática dos conhecimentos”. Na verdade, é uma parceria entre professor e alunos na busca do conhecimento. É uma relação de troca de experiências continuamente no ambiente da sala de aula. O aluno assume o papel de ator principal e o professor de mediador e estimulador do processo ensino-aprendizagem, resultante de uma interação entre professor e aluno que engloba ações de ensinar e aprender (AMARAL apud SILVA, 2013). A ideia é estimular a autonomia intelectual dos alunos por meio de atividades planejadas pelo professor para promover o uso de diversas habilidades de pensamento como interpretar, analisar, sintetizar, classificar, relacionar, comparar: “é acima de tudo, promover o trabalho partilhado com seus pares” (AMARAL apud SILVA, 2013 p. 29). Cabe ao professor, portanto, organizar-se para obter o máximo de benefícios das Metodologias Ativas para a formação de seus alunos. Para que isso ocorra é necessário que promova a autonomia de seus alunos em sala de aula nutrindo-os de recursos motivacionais internos (interesses pessoais); oferecendo explicações racionais para o estudo de determinado conteúdo ou para a realização de determinada atividade; usando linguagem informacional não controladora; sendo paciente com o ritmo de aprendizagem dos seus alunos reconhecendo e aceitando as expressões de sentimentos negativos de seus alunos. São esses comportamentos de professores que seriam os requeridos daqueles que buscam conduzir a formação de futuros profissionais nas mais diversas áreas e que pode ser estimulada por meio das Metodologias Ativas. 41 Há diversos modelos de metodologias ativas disponíveis no mercado cujo sucesso de cada uma depende da atuação do professor em sala de aula. Dentre os diversos modelos de metodologias podem-se citar: Método Peer instruction (instrução pelos pares) É uma atividade que tem leitura prévia e na interação entre os pares os momentos mais importantes. Na leitura prévia, os alunos percebem a necessidade de se responsabilizar pelo próprio processo de aprendizagem, já que o material fornecido de antemão e primordial para o efetivo aproveitamento da discussão em sala de aula. O método ainda usa o apoio da tecnologia para potencializar o aprendizado com agilidade. Com ajuda de clickers, dispositivos eletrônicos que registram e contabilizam as respostas dos alunos, o professor tem acesso ao desempenho da turma quase em tempo real. “A tecnologia é importante, mas secundária” (BUENO apud SILVA, 2014 p. 29). A metodologia peer instruction foi criada pelo professor de Harvard Eric Mazur e estimula que os estudantes conversem entre si para chegar a uma resposta e, assim, garante mais engajamento nas aulas. Método Project based learning (aprendizagem baseada em projetos) O método propõe competições e desafios para que os alunos desenvolvam competências de liderança, trabalho em equipe e solução de problemas. Nesse sistema, o ensino também está focado no aluno e a aprendizagem ocorre durante a investigação, discussão dos conceitos em grupo, representação de ideias e da organização em busca de uma solução. De acordo com Sanches apud Silva (2013), não se pode oferecer um ensino analógico para uma geração digital que estão nas salas de aula. A aprendizagem baseada em projetos significa um aprendizado baseado em vivência prática das disciplinas ministradas em salas de aula. É preciso abandonar o conceito de que giz, lousa e saliva transmitem conhecimentos. O aluno precisa ver funcionando tudo aquilo que é mostrado pelo professor. Esse método é um estímulo à pesquisa. Método de estudo de caso É o método que alia teoria e prática por meio de estudos de casos, apresentação de problemas reais e aproximação de alunos com empresários e executivos, além de fazer uso de jogos na aplicação de aprendizado. De acordo com Abreu e Masetto (1985, p. 69), “o caso pode ser real, fictício ou adaptado a realidade”. Os alunos empregam conceitos já estudados para a análise e conclusões em relação ao caso. Pode ser utilizado antes de um estudo teórico de um tema, com a finalidade de estimular os alunos para o estudo. O estudo de caso é recomendado para possibilitar os alunos em um contato com situações que podem ser encontradas na profissão e habituá-los a analisá-las em seus diferentes ângulos antes de tomar uma decisão. O processo de incidentes é uma variação do estudo de caso, sua caracterização é extraída da descrição de Gil (1990): o professor apresenta à classe uma ocorrência ou incidente de forma resumida, sem oferecer maiores detalhes. A seguir, coloca-se à disposição dos alunos para oferecer maiores detalhes. 42 Finda a sessão de perguntas, a classe é subdividida em pequenos grupos e os alunos passam a estudar a situação, em busca de explicações ou soluções. Os grupos expõem as conclusões para a classe, estas são colocadas no quadro de giz e por último são debatidas pela classe toda. Segundo Gil (1990), esta técnica serve para alertar os alunos sobre a necessidade de maior número de informações quando se quer analisar fatos não presenciados. Por outro lado, requer mais preparo do professor, assim como de materiais relacionados. Após a utilização do processo do incidente, algumas vezes pelo professor, pensa-se que os alunos podem ser orientados/convidados a preparar situações para desenvolvê-lo em sala com seus colegas sob a supervisão do professor. Desse modo, a criatividade e a responsabilidade são estimuladas e valorizadas, podendo resultar no desenvolvimento de graus de envolvimento, de iniciativa e autoconfiança, ingredientes importantes para a autonomia. Método da problematização Os alunos são chamados a observar a realidade a fim de elaborar um problema. Em seguida, passam a levantar ideias e suposições para resolvê-lo. O problema não é formulado, mas emerge da realidade estudada a partir da observação. Por meio de perguntas, os alunos levantam hipóteses de solução ou explicação para o problema identificado. O professor em seguida, fornece as teorias necessárias para o estudo do problema e os estudantes pesquisam para confrontar as hipóteses com as teorias. A ideia é trazer para a aula questões práticas para serem analisadas à luz da teoria e dar significado ao conhecimento. Ao exigir o envolvimento do aluno com a realidade, a metodologia da problematização permite que o aluno desenvolva o espírito crítico e questionador: o estudante está sempre em ação como observador, formulador de questões, fazendo e refazendo percepções. Método Ceibal Com o objetivo claro de reduzir a desigualdade digital da população, o Uruguai foi o primeiro país da América Latina a entregar computadores portáteis para cada um dos 300 mil alunos de ensino fundamental e médio das 2,3 mil escolas públicas de seu território. Batizado de Plano Ceibal, a iniciativa
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