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APRESENTAÇÃO: Esta é uma apostila feita unicamente por mim e distribuída gratuitamente para colaborar com os (assim como eu) estudantes de Direito nos estudos e no processo de aprovação do tão sonhado concurso público. O foco da apostila são os concursos públicos para ingresso nos cargos de juiz de direito e promotor de justiça. As apostilas utilizaram como base o curso do G7 Jurídico (Ministério Público e Magistratura) do ano de 2.020 e podem vir a sofrer atualizações para se adequar à legislação superveniente. Não houve cópia de nenhum material fornecido pelo referido curso, razão pela qual não há violação de nenhum direito autoral. As notas de rodapé muitas vezes trazem comentários feitos exclusivamente pelo autor da presente apostila como forma de chamar atenção para alguns pontos de reflexão. Caso este material tenha sido útil no tão difícil e custoso processo de preparação cobrarei como retribuição o relato sobre o seu êxito no tão sonhado concurso. A melhor forma de “me pagar” é com a sua aprovação. Qualquer sugestão buscando o aprimoramento deste material será muito bem-vinda: e sinta-se à vontade para encaminhar por e-mail. Sucesso na empreitada e bons estudos. Aguardo o convite para o churrasco da posse. Como diria o saudoso e inspirador mestre Luiz Flávio Gomes: AVANTE! Atenciosamente, DANILO MENESES. Acompanhe o meu trabalho nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br INSTAGRAM: @danilopmeneses FACEBOOK: DaniloPMeneses Email: contato@danilomeneses.com.br http://www.danilomeneses.com.br/ https://www.instagram.com/danilopmeneses/ https://www.facebook.com/DaniloPMeneses/ 3 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 3 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA IDOSA Noções essenciais: - critério cronológico -> a legislação brasileira adota o critério cronológico para definir quem é uma pessoa idosa; - artigo 1º da Lei 10.741/03 pessoa idosa idade igual ou superior a 60 anos; - importante há disposições no Estatuto do Idoso e na CRFB/88 de outras idades para o gozo de determinados direitos: - 65 anos: gratuidade do transporte coletivo público1; - a concepção de “melhor idade” ou “terceira idade” surgiu após a Segunda Guerra Mundial, trazendo a ideia de abandono do trabalho formal, da possibilidade de se desfrutar da vida de forma mais tranquila; - infelizmente a velhice é tratada – na grande maioria das vezes – com uma carga negativa; - desde a Grécia a boa condição física sempre foi muito valorizada na sociedade; - Cícero faz uma defesa filosófica da velhice, da maturidade e do conhecimento trazido com ela; - é comum associar a velhice à condição de ausência de produtividade, uma condição de fraqueza, quase um “fardo a ser carregado” pela população mais jovem; - a realidade do Brasil é que, muitas vezes, o valor da aposentadoria é baixo e também há a necessidade de retorno dos idosos ao trabalho para consegui manter as condições para o próprio sustendo -> o envelhecimento é uma grande questão social (não apenas familiar); - perfil demográfico brasileiro: a previsão do IBGE é de que em 2.039 teremos no Brasil mais pessoas idosas do que menores de 14 anos. Em 2.060 uma em cada 4 pessoas terá mais de 65 anos; Principiologia: - é importante observar que a principiologia do nosso ordenamento jurídico parte de alguns vetores: - preservação da dignidade do idoso é importante observar o idoso como um núcleo em que orbitam direitos, fazendo da proteção do idoso um fim em si mesmo; - preservação da autonomia do idoso o decurso da idade por si só é incapaz de atingir a capacidade de discernimento da pessoa; 1 Regra prevista na CRFB/88 e também no Estatuto do Idoso. O STF reconheceu a constitucionalidade do artigo 39 do Estatuto do Idoso (STF, ADI 3768/DF). 4 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 4 - prevenção da violência contra o idoso é (infelizmente) comum no Brasil existir a violência de gênero (contra a mulher) e a violência (física e moral) contra o idoso (deve ser combatida); - não discriminação e vedação da exclusão social do idoso (inclusão social ativa) o idoso deve usufruir de todas as condições possíveis na sociedade de forma ativa; - envelhecimento ativo processo catalisador das oportunidades de bem estar com o objetivo de ampliar a expectativa de vida saudável, a produtividade e a qualidade de vida na velhice; - no Brasil é comum, pela história da pessoa (ex.: morador do sertão nordestino) e pelas péssimas condições de saúde expostas durante toda a vida encontrar o fenômeno do envelhecimento precoce. Proteção internacional da pessoa idosa: - Declaração Universal dos Direitos do Homem: trata da velhice da pessoa idosa; - Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos: protocolo adicional ao Pacto de São José da Costa Rica (também traz a proteção do idoso como marco); - 1º Plano de ação internacional de Viena sobre o envelhecimento: traz ações de proteção aos direitos da pessoa idosa; - 2º Plano de ação internacional de Madri sobre o envelhecimento: realizada em 2.002; - Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos: realizada em 2.015 – ainda não aprovada pelo Congresso Nacional brasileiro; - pontos específicos relevantes da Convenção: - princípio da primazia à norma mais favorável à pessoa humana = princípio hermenêutico que maximiza a proteção da pessoa idosa; - princípio da dignidade da pessoa humana = o idoso deve ser tratado como fim em si mesmo, jamais como meio para alcance de um fim (vedação ao utilitarismo); - princípio do protagonismo; - princípio da independência = garantir ao máximo a pessoa idosa que ela possa viver sem depender de ninguém; - princípio da autonomia = estabelecer as próprias regras de vida, ser o senhor das próprias escolhas; - princípio da participação e inclusão social plena e ativa; - princípio da solidariedade; - princípio do fortalecimento da proteção familiar e comunitária; 5 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 5 - importante: há um sistema global e também sistemas regionais2 de proteção da pessoa idosa no âmbito supranacional; Proteção Constitucional da Pessoa Idosa: - vedação ao preconceito em razão da idade (artigo 3º, inciso IV, CRFB/88); - proibição de discriminação de salário, exercício de função e critério de admissão em razão da idade3 (artigo 7º, inciso XXX, CRFB/88); - proteção da idade avançada pela Previdência Social4 (artigo 201, inciso I, CRFB/88); - proteção à velhice pela Assistência Social5 (artigo 203, inciso I, CRFB/88); - dever de cuidado dos filhos maiores em relação aos pais na velhice (artigo 223, CRB/88); - reconhecimento da vulnerabilidade e dever de solidariedade da família, sociedade e estado com respeito à autonomia e garantia de convivência familiar e transporte coletivo urbano gratuito para os idosos (artigo 230, §1º e 2º da CRFB/88); - posição do STF: na ADI 3.768 o Supremo decidiu que a norma do §2º do artigo 230 da CRFB/88 é de eficácia plena e imediata; ESTATUTO DO IDOSO – Lei 10.741/03 Introdução: - a Lei 10.741/03, também conhecida como Estatuto do Idoso, constitui um microssistema de proteção à pessoa idosa, trazendo disposições de direito material e também de direito processual buscando a proteção da pessoa idosa; - Estatuto do Idoso = normas de direito material+ normas de direito processual. - aplicação do Estatuto do Idoso = em caso de relações de trato sucesso o estatuto deve ser aplicado ainda que o negócio jurídico tenha sido celebrado antes da sua vigência; - STJ, REsp. 1.280.211 o Estatuto do Idoso tem aplicação imediata sobre todas as relações jurídicas de trato sucesso, ainda que firmadas anteriormente à sua vigência, por se tratar de norma cogente; - polêmica o entendimento não é aplicável aos Planos de Saúde – está pendente de julgamento no STF (RE 630.852 – repercussão geral reconhecida – Tema 381); 2 Exemplo: Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos. 3 É crime submeter pessoa idosa ao trabalho excessivo ou incompatível com sua condição pessoal – artigo 99, caput do Estatuto do Idoso. 4 Seguridade Social = saúde + previdência social + assistência social. A maior distinção entre a Previdência Social e a Assistência Social é o caráter contributivo da primeira. 5 Exemplo de norma de proteção: benefício da prestação continuada. 6 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 6 - o Estatuto do Idoso traz disposições que visam: - a proteção integral da pessoa idosa (maior amplitude possível dos direitos da pessoa idosa); - garantia da dignidade da pessoa idosa; - obrigação de não discriminação da pessoa idosa; - defesa da autonomia da pessoa idosa; - integração social da pessoa idosa; - participação social ativa; - criminalização da violência e de outras condutas discriminatórias aos idosos; - o Estatuto do Idoso possui muitos eixos: liberdade + dignidade + alimentação + vida + saúde + educação + moradia + trabalho + assistência social + assistência previdenciária + cultura + esporte + lazer + turismo + transporte + proteção + conivência familiar + convivência comunitária + acesso à justiça + previsão de crimes e infrações administrativas contra o idoso; Lei 8.842/94 – Política Nacional do Idoso: - a citada lei é muito importante no trato do tema; - o Decreto 1.948/96 regulamentava o tema – foi posteriormente revogado pelo Decreto 9.921/19; - objetivo da lei: assegurar os direitos sociais da pessoa idosa, criando condições para promover a sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade; - critério cronológico para definição da pessoa idosa: 60 anos; - a CRFB/88 não definiu a idade para a pessoa ser considerada idosa; - há previsão na Lei de Conselhos Nacionais, Estaduais e Municipais do Idoso: são órgãos permanentes, paritários e deliberativos; - competência dos Conselhos: supervisão, fiscalização e avaliação da política nacional do idoso; - conselhos = expressão da democracia participativa = participação social na formação das políticas públicas = mecanismo de legitimação das decisões estatais; - houve a extinção (via decreto) do Conselho Nacional do Idoso – posteriormente, após críticas, foi criada uma nova normativa – via decreto – do Conselho restringindo as suas funções o modelo adotado atualmente é alvo de muita crítica; Leis importantes sobre a política de proteção aos idosos: - Lei 8.212/91 (assistência social) + Lei 8.213/91 (previdência social) + Lei 8.742/93 (LOAS) + Lei 9.029/95 (proteção na relação de emprego) + Lei 10.048/00 (prioridade no 7 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 7 atendimento) + Código Civil + Código de Processo Civil + Código Penal + Código de Processo Penal; Direitos básicos previstos no Estatuto do Idoso: - Liberdade + Respeito + Dignidade: são os fundamentos do direito de envelhecer, do direito de ter um envelhecimento digno; - tais direitos formam o tripé de sustentação dos princípios da proteção integral e da prioridade absoluta; - a criança, o adolescente e o jovem também merecem a proteção integral e a prioridade absoluta neste ponto a previsão é Constitucional, devendo haver uma harmonização de compreensão das duas previsões normativas; - STJ, REsp 1.783.731/PR não caracteriza discriminação abusiva das instituições financeiras impor restrições ao empréstimo consignado quando a soma da idade do cliente com o prazo do contrato for maior de 80 anos segundo a Corte, neste caso a discriminação possui um vínculo com a realidade se considerada a idade média a ser vivida por uma pessoa no Brasil (há um risco de inadimplência pela morte do contratante). Interessante observar que o artigo 96 do Estatuto do Idoso considera crime dificultar ou impedir o acesso do idoso a operações bancárias por motivo de idade. - segundo a Corte o critério etário foi utilizado de forma adequada, razoável e respeitoso aos princípios da igualdade e da dignidade da pessoa humana; - outro argumento utilizado foi o da preocupação com o superindividamento da pessoa idosa; - há uma grande facilitação por parte da instituição financeira no que tange à contratação do crédito consignado – é facilmente feito pelo idoso; - o julgado entendeu que o idoso tem outras possibilidades de disponibilização de crédito; - direito à alimentação: é um direito social previsto no artigo 6º e no artigo 229 da CRFB/88; - o Código Civil também traz obrigações alimentares aplicáveis à pessoa idosa; - dever alimentar: decorre do parentesco e também do dever de solidariedade familiar; - o dever alimentar na linha reta não tem limites – na linha colateral ele somente vai até o segundo grau; 8 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 8 - a obrigação alimentar é uma obrigação solidária (artigo 12 do Estatuto do Idoso) a norma busca uma maior efetividade da realização da obrigação alimentar; - na ausência ou impossibilidade da família o dever de fornecimento de alimentação é do estado (responsabilidade de maneira supletiva) regra prevista no artigo 14 do Estatuto do Idoso e executada nas formas da Assistência Social; - possibilidade de transação alimentar: a obrigação alimentar pode ser transacionada perante o Ministério Público ou perante o Defensor Público (acordo de alimentos) a normativa está prevista no artigo 13 do Estatuto do Idoso; - direito à vida e à saúde: o artigo 9º do Estatuto diz que a garantia da vida e da saúde é um dever do estado, exigindo uma destinação privilegiada de recursos públicos para o cuidado da saúde da pessoa idosa; - o idoso deve ter prioridade de acesso à rede de serviço de saúde (artigo 3º, §1º, incisos I, III e VII do Estatuto do Idoso); - o acesso à saúde se dá pelo SUS (Sistema Único de Saúde); - há uma super prioridade/prioridade especial para o idoso igual ou maior de 80 anos (artigo 15 do Estatuto do Idoso6); - a responsabilidade pela saúde é solidária entre a União, Estados e Municípios STF, RE 855178 – Tema 793; - a pessoa idosa tem o direito de estar acompanhada (direito a acompanhante) – independente da gravidade da situação e em tempo integral; - única exceção: recomendação médica (ex.: Covid-19) - - serviços de saúde (públicos e privados) são obrigados a comunicar à autoridade sanitária e a outras autoridades qualquer suspeita de violência contra o idoso; - direito à educação: sem educação é impossível usufruir e reivindicar os demais direitos; - o artigo 20 do Estatuto do Idoso prevê que a educação é direito de todos e dever do estado e da família – devendo inclusive estar disponível a quem não teve acesso na idade adequada; - o poder público deve apoiar a criação de universidade abertas da terceira idade é uma excelente formade garantir o acesso à universidade para as pessoas idosas; - os meios de comunicação também devem informar a todos sobre o processo de envelhecimento para colaborar com a eliminação do preconceito (artigo 24 do Estatuto do Idoso)7; 6 O artigo também estabelece várias diretrizes para a saúde. 9 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. 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Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 9 - direito à moradia: é um direito social previsto constitucionalmente; - o poder público deve criar condições para que as pessoas menos providas de recursos financeiros possam ter possibilidade de se estabelecer e morar bem – de maneira digna; - a pessoa idosa (princípio da autonomia) pode escolher se quer permanecer no seio da família ou se quer ficar desacompanhada – pode ainda decidir ser internada em uma instituição pública ou privada responsável pelo cuidado dos idosos; - idoso sem condições de se manter ou ser mantido pela família pode pleitear do poder público o direito de ser acolhido em local público destinado a tal (ou até mesmo em local particular as expensas do estado); - viver em ILPI (Instituição de Longa Permanência para o Idoso) é exceção em regra o idoso deve viver com a família8 ou sozinho (caso opte e tenha capacidade para tal); - em caso de encaminhamento para uma I.L.P.I., sendo esta definida como filantrópica por lei, pode a instituição cobrar até 70% do que o idoso recebe de benefício para ajudar no custeio da estadia do idoso; - requisitos de retenção: instituição filantrópica; - limite da retenção: até 70% do benefício do idoso; - há modalidades de prestação de serviços não asilares – o idoso continua em sua moradia (ou de sua família) tais mecanismos de atendimento devem ser priorizados em relação ao atendimento em uma instituição de longa permanência. Citam-se exemplos: - centros de convivência; - centros de cuidados diurnos; - casa-lar; - oficina abrigada; - atendimento domiciliar; - artigo 98 do Estatuto do Idoso abandonar pessoa idosa em instituição de longa permanência para o idoso é crime; - prioridade da aquisição de imóvel em programas habitacionais tais programas devem privilegiar o idoso, dando-lhe condições especiais e preferências na aquisição de imóveis; - direito ao trabalho: é garantido o direito ao trabalho na Constituição da República Federativa do Brasil e também no Estatuto do Idoso – não pode haver discriminação em função da idade; 7 Dever de esclarecer o processo de envelhecimento do ponto de vista positivo = destruindo o estigma de que a pessoa idosa é uma pessoa incapaz, sem autonomia, um peso para sociedade. 8 A convivência familiar é um direito da pessoa idosa. 10 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 10 - artigo 26 do Estatuto do Idoso: veda a discriminação labora em função da idade, mas admite a possibilidade de discriminação justificada9 – quando a natureza do cargo a justificar; - segundo o artigo 27 do Estatuto do Idoso a idade é regra de desempate em concurso público; - artigo 100 do Estatuto do Idoso: prevê o crime de discriminação de pessoa idosa no acesso ao trabalho (no geral); - direito à assistência social: a assistência social é prestada sem o regime retributivo – o assistido não deve prestar nenhuma contraprestação financeira para usufruir de tais benefícios; - a assistência social traz como objetivo a proteção à velhice; - Benefício da Prestação Continuada: integra o SUAS (proteção social básica) e é regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 8.742/93) o benefício (BPC) é uma importante forma de concretização prática do direito ao mínimo existencial aos idosos; - a assistência social tem a miserabilidade como justificativa10; - STF, ADI 1.232 o STF reconheceu a inconstitucionalidade11 da previsão do artigo 20, §3º da LOAS no que tange à necessidade de “renda per capita igual ou inferir a ¼ do salário mínimo”; - na Reclamação 4.374/2013 o STF declarou a inconstitucionalidade da limitação de renda imposta pelo §3º do artigo 20 da LOAS (renda per capita de ¼ do salário mínimo); - fundamentação: princípio da proibição da proteção deficiente + processo de inconstitucionalização da norma em função das mudanças sociais e normativas + omissão inconstitucional parcial do poder público (dever de complementar corretamente a CRFB/88); - após o julgamento o “fator renda” é apenas um dos critérios a serem utilizados na análise do benefício; - o §11º do artigo 20 da LOAS (acrescido pela Lei 13.146/15) passou a autorizar outros critérios de avaliação da miserabilidade além da renda12; - direito ao esporte, à cultura e ao lazer: há o diferencial (artigo 23 do Estatuto do Idoso) de concessão de desconto de 50% do valor do ingresso ao idoso em algumas 9 Discriminação positiva busca a proteção da pessoa idosa. 10 A condição de vulnerabilidade da pessoa idosa. 11 Agradecimentos ao colega Dr. Luiz Eduardo (delegado de polícia do Distrito Federal) pela correção – na versão inicial da apostila constava o termo “constitucionalidade” de forma equivocada. 12 Se a renda for inferior a ¼ do salário mínimo a presunção de miserabilidade é absoluta. Caso a renda seja superior, a miserabilidade é apenas relativamente presumida – devendo ser provada por outros critérios que justifiquem a concessão do benefício. 11 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 11 atividades: eventos esportivos + artísticos + culturais + expositivos + de lazer + com acesso preferencial; - transporte público coletivo: o transporte gratuito busca concretizar uma condição mínima de mobilidade ao idoso e facilitar sua participação social; - gratuidade do transporte coletivo urbano gratuito: garantido ao maior de 65 anos pela CRFB (artigo 230, §2º); - artigo 39, §3º do Estatuto do Idoso: caso a legislação local opte, tal idade pode ser reduzida para 60 anos de idade; - segundo o STF a iniciativa legislativa neste caso é do Poder Executivo ou da Câmara Municipal (STF, Re 702.848/SP). - artigo 39 do Estatuto do Idoso: estendeu a gratuidade para o transporte coletivo semiurbano (transporte urbano + transporte rural), mas deixou de fora os modelos especiais e seletivos prestados paralelamente aos serviços regulares; - segundo o STF essa previsão não ofende a isonomia e é constitucional (STF, ADI 3.768/DF). - transporte coletivo interestadual rodoviário, ferroviário e aquático: o artigo 40 do Estatuto do Idoso e o Decreto 5.934/06 (revogado pelo Decreto 9.921/19) trazem a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para o idoso com renda igual ou inferior a dois salários mínimos e 50% de desconto – no mínimo – do valor das passagens ao idoso que excederem aquele limite e também tenha renda baixa; - regra: dois primeiros idosos de baixa renda (100% desconto) + próximos idosos de baixa renda (mínimo 50% de desconto) = é sempre necessário ter renda igual ou inferior a dois salários mínimos. - STJ, REsp. 1.543.465/RS13: segundo a Corte tais vagas gratuitas por veículo para idosos não se limita ao valor das passagens, abrangendo eventuais custos relacionados diretamente com o transporte, em que se incluem as tarifas de pedágios e de utilização de terminais14; STJ gratuidade ampla passagem + tarifa de pedágio + tarifa de utilização de terminais; - transporte aéreo: não é aplicada a normativa que dá benefícios para a pessoa idosa; - transporte intermunicipal: depende de lei estadual regulamentando o tema; 13 Julgado em 04/12/2019. 14 A previsão em sentido do contrário do Decreto foi reconhecida como ilegal por “excesso de regulamentação”. Vale ressaltar que o Decreto 9.921/19 repetiu (inacreditavelmente) a disposição considerada ilegal presente no Decreto 5.934/06 – há no caso previsão de ilegalidade do novo decreto. 12 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 12 - inobservância da regra de gratuidade: pode caracterizar o crime previsto no artigo 96 do Estatuto do Idoso; Pessoas idosas em situação de vulnerabilidade: - medidas protetivas em favor da pessoa idosa: - base legal: artigos 229 e 230 da CRFB/88 + artigos 2º, 3º e 10º do Estatuto do Idoso + disposições esparsas na Lei 8.842/94 (Política Nacional do Idoso); - possibilidade de incidência15 (artigo 43 do Estatuto do Idoso): - ação ou omissão do estado ou sociedade; - falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; - em razão de sua condição pessoal; - presunção de vulnerabilidade: não é possível presumir a vulnerabilidade em abstrato – apenas em função da idade – devendo ela ser sempre analisada no caso concreto; - rol de medidas protetivas16 (artigo 45 do Estatuto do Idoso): - inciso I -> encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade; - inciso II -> orientação, apoio e acompanhamento temporários; - inciso III -> requisição para tratamento de saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; - inciso IV -> inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação; - inciso V -> abrigo (acolhimento) em entidade; - inciso VI -> abrigo (acolhimento) temporário; - podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente; - podem ser substituídas a qualquer tempo – sempre que necessário; - acolhimento institucional = sempre exceção primazia no atendimento no âmbito da família; - poder geral de cautela do magistrado pode ser aplicada qualquer outra medida que o magistrado entender pertinente e hábil a realizar a defesa do direito do idoso rol legal exemplificativo17; 15 Situações que autorizam a incidência de medidas protetivas de urgência em favor do idoso. 16 Rol exemplificativo. 17 Exemplo: prisão preventiva para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. 13 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 13 Entidades de atendimento: - importante: tanto o atendimento em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPI) quanto o atendimento não asilar agora serão tratados pelo Decreto 9.921/19; - inscrição dos programas: as entidades de atendimento (todas) devem ter seus programas inscritos na Vigilância Sanitária e no Conselho Municipal do Idoso – na falta de Conselho Municipal do Idoso a inscrição deve ser dar no Conselho Estadual do Idoso ou Conselho Nacional do Idoso; entidades de atendimento inscrição dos programas Vigilância Sanitário + Conselhos; - fiscalização: as entidades sofrem fiscalização do Ministério Público, da Vigilância Sanitária e também pelos Conselhos; - penalidades: estão previstas no artigo 55 do Estatuto do Idoso – há previsão de sanções graves (ex.: bloqueio de verbas públicas destinadas; afastamento do dirigente); Ministério Público: - atuação: o Ministério Público tem uma atuação muito ativa tanto na apuração quanto na responsabilização por infração ao Estatuto do Idoso; - forma de atuação: o órgão pode atuar tanto como parte tanto como fiscal da ordem jurídica; vários julgados do STJ: o Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o objetivo de assegurar os interesses individuais indisponíveis18, difusos ou coletivos em relação aos idosos, mesmo quando a ação vise à tutela de pessoa individualmente considerada; - uma das funções institucionais do Ministério Público é a tutela dos direitos/interesses do idoso; - há um enorme rol de atribuições do Ministério Público no Estatuto do Idoso; - não é qualquer demanda judicial em que atue o idoso que atrai a atuação do Ministério Público – a presunção de incapacidade da pessoa idosa não é aceita no nosso ordenamento jurídico; - a intervenção do Ministério Público está condicionada à demonstração de uma situação real de risco do idoso; - o Ministério Público tem papel importantíssimo na fiscalização das entidades de atendimento previstas no Estatuto do Idoso; Tutela judicial: 18 Defendo que o modelo de tutela de direitos individuais indisponíveis afasta o microssistema de tutela coletiva – principalmente no que tange à aplicação da sistemática das custas processuais. 14 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindo nas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 14 - omissão do Estatuto do Idoso: o Estatuto do Idoso não tratou de forma minuciosa a tutela dos direitos nele previstos; - por força do artigo 93 do Estatuto do Idoso deve ser aplicada a Lei de Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) deve ser aplicada toda a sistemática trazida pelo microssistema de tutela coletiva; - todo o instrumental previsto no sistema brasileiro é aplicável na tutela da pessoa idosa; - astreintes: multa fixada pela hipótese de descumprimento de obrigação de fazer determinada judicialmente; - as astreintes são destinadas ao Fundo do Idoso que existir no Município – ou para o Fundo de Assistência Social no município que não tiver regulamentado o Fundo do Idoso; - STJ, Resp. 1.801.884 a prioridade na tramitação processual19, nos termos do artigo 71 do Estatuto do Idoso e 1.048 do Código de Processo Civil deve ser requerida pelo próprio idoso, parte legítima para postular o benefício mediante prova de idade – e não pela parte contrária; - particularidade do inquérito civil: o Estatuto do Idoso estabelece prazo distinto para a resposta à requisição de informações e perícias – prazo de 10 dias corridos (artigo 92); - a Lei de Ação Civil Pública fala em 10 (dez) dias úteis; - Estatuto do Idoso = 10 dias corridos - - LACP = 10 dias úteis - - legitimados ativos: o rol de legitimados está previsto no artigo 81 do Estatuto do Idoso; - devem ser acrescentados ao rol: - sindicatos; - Defensoria Pública; - entidades e órgãos da administração pública (defesa dos idosos); STJ, Edcl no REsp. 1.712.163 reconheceu a possibilidade de atuação da Defensoria Pública como custos vulnerabilis20; Crimes definidos no Estatuto do Idoso: - natureza dolosa: todos os delitos previstos no Estatuto são dolosos – não se admite a modalidade culposa; - artigo 94 do Estatuto: prevê a aplicação da Lei dos Juizados Especiais Criminais para os crimes com pena de até 4 (quatro) anos; 19 A prioridade deve se dar sempre em benefício da pessoa idosa. 20 Fiscal da pessoa em situação de vulnerabilidade – tem um alcance maior do que a atuação da Defensoria Pública como amicus curiae. 15 Elaborado e distribuído gratuitamente por Danilo Meneses. Gostou? Contribua nos seguindonas redes sociais: www.danilomeneses.com.br – Instagram: @danilopmeneses – Facebook: danilopmeneses Página 15 - STF, ADI 3.096 deu interpretação conforme ao dispositivo para afirmar que apenas o procedimento sumaríssimo da Lei dos Juizados Especiais Criminais deve ser aplicado nos casos em que as penas suplantarem o padrão de 2 (dois) anos, permitindo uma punição mais célere, mas vedando a aplicação de institutos despenalizadores (ex.: transação penal) de forma extensiva a lei buscou proteger a pessoa idosa; - acordo de não persecução penal: atendidas as exigências do artigo 28-A do Código de Processo Penal o promotor de justiça pode oferecer o acordo de não persecução penal mesmo no caso da vítima do crime ser pessoa idosa – a princípio não há nenhuma vedação, privilegiando inclusive a reparação do dano e restituição da coisa à vítima;
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