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Por Gleice Gandra Siga no Instagram: @simplificadamedicina As plaquetas são fragmentos de células presentes no sangue, originárias da fragmentação citoplasmática dos megacariócitos. Após serem liberadas da medula óssea, elas são sequestradas no baço por 24 a 48 horas. O baço contém cerca de 30% das plaquetas circulantes, cujo período de vida é de aproximadamente 7 dias, sendo removidas da circulação sanguínea pelos macrófagos. O valor normal das plaquetas, em condições normais, varia de 150.000 a 450.000/mm3 no sangue periférico. Sua função está associada à chamada hemostasia primária da coagulação do sangue. Trombocitopenia é definida como a contagem de plaquetas abaixo de 150.000/μL, cifra que é válida desde o recém-nascido até o indivíduo idoso. Deve ser pesquisada a exposição a drogas na forma de medicamentos ou de drogas de abuso, e ainda o contato acidental ou profissional com agentes tóxicos. As manifestações hemorrágicas habitualmente relacionadas à trombocitopenia são as petéquias, equimoses e sangramento de mucosas. O exame físico pode revelar, além das sufusões hemorrágicas, sinais de doenças associadas como esplenomegalia, adenomegalia, lesões cutâneas ou articulares, presentes em síndromes linfoproliferativas e doenças autoimunes. Além da coleta inadequada da amostra, a falsa trombocitopenia pode decorrer da presença de grumos ou de macrocitose plaquetária que não são reconhecidos pelo contador automático. A chamada pseudotrombocitopenia é causada pela aglutinação das plaquetas in vitro, induzida pelo anticoagulante EDTA de forma inespecífica, por proteínas plasmáticas, habitualmente imunoglobulinas da classe IgG. Pode-se repetir a contagem de plaquetas no sangue colhido em citrato de sódio como anticoagulante, para se obter a contagem real de plaquetas do paciente. São apresentadas algumas causas de trombocitopenia, que pode ser decorrente da falta de produção de plaquetas pela medula óssea substituída por leucemia, linfoma ou infiltração por neoplasia de outra linhagem, ou ainda por células de depósito como na doença. de Gaucher. A medula óssea pode ainda ter sido agredida por agentes tóxicos, quimioterápicos, por radioterapia ou por aplasia medular de origem imunológica. Também pode ocorrer eritropoese ineficaz na anemia megaloblástica que causa, além de anemia macrocítica intensa, leucopenia e trombocitopenia. As plaquetas têm vida média de 7 a 10 dias e o aumento de sua destruição periférica pode ocorrer por mecanismos imunológicos ou não imunológicos. As causas autoimunes da trombocitopenia incluem a púrpura trombocitopênica imunológica, o lúpus eritematoso sistêmico, doenças linfoproliferativas ou infecções virais, como o HIV e o vírus da hepatite C. Aloanticorpos também podem causar a trombocitopenia neonatal e a púrpura pós-transfusional. Muitas drogas podem causar trombocitopenia por destruição periférica das plaquetas por meio de diferentes mecanismos A trombocitopenia é relativamente frequente em crianças no período neonatal e pode ser determinada por septicemia bacteriana, coagulação intravascular disseminada, enterocolite necrotizante, trombose de grandes vasos, aspiração de líquido amniótico ou mecônio, insuficiência respiratória etc. A trombocitopenia do recém-nascido em bom estado geral faz pensar em mecanismo imunológico: mediada por autoanticorpos maternos, como na púrpura trombocitopênica imunológica, ou por aloanticorpos maternos, no caso de mães sensibilizadas a antígenos plaquetários. Esta última condição deve ser identificada precocemente, pois traz risco de hemorragia grave. Infecções virais congênitas também podem causar trombocitopenia nessa fase da vida. Muito mais raramente a trombocitopenia será causada por falta de produção decorrente de doenças congênitas da medula óssea como hipoplasia megacariocítica, síndrome da trombocitopenia e ausência de rádio, aplasia, leucemia, osteopetrose ou anemia de Fanconi. É importante lembrar que a pseudotrombocitopenia (PTCP) é um fenômeno laboratorial de falsa baixa contagem plaquetária (falsa plaquetopenia), ocasionado pela aglutinação in vitro das plaquetas na presença de auto-anticorpos plaquetários e anticoagulantes, sendo mais comum o EDTA. As trombocitopenias são decorrentes da diminuição de produção pela medula óssea, do aumento de destruição e de outras causas, como seqüestro esplênico. O aumento do número de megacariócitos indica destruição ou consumo, e a sua diminuição indica menor produção. Geralmente, contagens plaquetárias superiores a 50.000/ mm não são acompanhadas de sangramentos, que são apenas esperados com contagens inferiores a 20.000/mm. constatado pela presença de macroplaquetas no esfregaço, ou pela medida do volume plaquetário feita por alguns contadores automáticos, está em geral relacionado ao aumento do “turnover” plaquetário, isto é, ao aumento da produção de plaquetas pela medula óssea em resposta à sua destruição periférica aumentada, como é o caso na púrpura trombocitopênica imunológica e na coagulação intravascular disseminada. O achado de esquizócitos sugere a púrpura trombocitopênica trombótica ou síndrome hemolítico-urêmica, cujo diagnóstico será firmado em conjunto com outros achados clínicos e laboratoriais. Na ausência de esquizócitos, a hemólise pode ser secundária à presença de autoanticorpos, característica da síndrome de Evans, ou ser de natureza não imune, como na hemoglobinúria paroxística noturna. Alterações da série vermelha e de leucócitos auxiliam no diagnóstico de aplasia de medula, leucemia, infiltração da medula óssea por linfoma e de síndrome mielodisplásica. Nesses casos, a análise da medula óssea é fundamental para que se estabeleça o diagnóstico. Alguns critérios devem ser satisfeitos para que se possa atribuir a trombocitopenia a uma determinada droga: 1) a trombocitopenia deve ter ocorrido após o início do tratamento com a droga em questão; 2) não deve haver outra causa plausível para a ocorrência da trombocitopenia, relacionada à doença de base do paciente; 3) a contagem de plaquetas deve retornar ao normal, ou pelo menos deve se elevar aos níveis basais, com a suspensão da droga; 4) o diagnóstico deve ser confirmado in vitro, na presença da droga. Os mecanismos potencialmente envolvidos são: 1) a droga liga-se a um anticorpo no plasma, e o receptor para fragmento Fc da imunoglobulina, presente na membrana plaquetária, captura esse imunocomplexo; 2) o anticorpo liga-se diretamente à droga que está adsorvida à superfície da plaqueta, que acaba por concentrar a droga em si mesma; 3) a droga adsorvida à plaqueta pode sofrer alteração de conformação, tornando-se imunogênica, levando à produção de anticorpo que se liga à plaqueta; 4) a ligação da droga à plaqueta pode mudar a conformação de constituintes normais da plaqueta, suscitando a produção de anticorpo contra a plaqueta; 5) o anticorpo pode reconhecer novos epítopos, tanto na plaqueta quanto na droga adsorvida a ela. Principais drogas que podem causar trombocitopenia: Diuréticos tiazíticos (inibição da trombopoese ou mediação por anticorpo); Heparina (ocorre de 7 a 10 dias de tratamento com heparina por via intravenosa em dose alta e acompanha-se de trombose venosa e mais raramente de trombose arterial.A reação é mediada imunologicamente: heparina + fator4 plaquetário desencadei a formação de IgG, o imunocomplexo liga-se a superfície das plaquetas. Essa reação causará lesão endotelial, gerando a trombose. Suspeita: trombocitopenia entre o 5 e o 8 dia de tratamento com heparina não fracionada. Quenidina: A trompocitopenia ocorre em 2 semanas e acompanha manifestações hemorrágicas dentro de 8 semanas. Gera a aglutinação de plaquetas e ativação do complemento. Púrpura pós-transfusional: Púrpura alo-imune, que ocorrem em pacientes com aloanticorpos contra o antígeno plaquetário comum. Essa resposta ocorre quando a pessoa não tem esse antígeno causando a resposta, seja por transfusão ou gravidez. Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) Trata-se de síndrome complexa em quea fisiopatologia tem origem na alteração do endotélio. A atividade deficiente da protease clivadora da molécula de Von Willebrand, metaloprotease ADAMTS13, culmina com a presença de moléculas de Von Willebrand anormalmente grandes (MVWAG). Estas moléculas, na microcirculação, causam agregação plaquetária, levando à obstrução vascular e à isquemia tecidual. Há redução de substâncias bloqueadoras da agregação plaquetária (prostaciclina) no leito vascular, ocasionando microtrombose e anemia hemolítica microangiopática Púrpura trombocitopênica Imunológica: Diminuição da contagem plaquetária, com produção aumentada na medula óssea. Diagnóstico Diferencial: púrpuras secundárias à droga, septicemia, coagulação vascular disseminada (CIVD), Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), e doenças associadas, como o Lúpus, outras doenças do colágeno, Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), linfomas, tuberculose, sarcoidose e, principalmente, a AIDS. Apresenta-se na forma aguda (auto- limitada, geralemente pós-viral ou pós-vacina, geralmente observada em crianças) e em forma crônica recorrente, neste caso os sintomas podem aparecer em um pós-operatório imediato ou após qualquer processo clínico grave. As formas agudas predominam em crianças com menos de 5 anos, e desaparecem em poucos meses, não necessitando, na maioria das vezes, de interferência terapêutica. As formas crônicas (95% dos casos em adultos) melhoram temporariamente com imunossupressão, mas a maioria permanece indefinidamente em níveis baixos de plaquetas, apesar das intervenções terapêuticas, e em vida normal, com mínima incidência de hemorragias importantes. O tratamento, quando indicado, deve ser iniciado com corticoide. Agonistas da trombopoietina,anticorpo monoclonal - anti CD-20, esplenectomia, imunossupressores (vincristina, vinblastina, ciclofosfamida e azatioprina), danazol, colchicina e imunoglobulina endovenosa em altas doses são outras opções terapêuticas utilizadas. Nos casos relacionados com lúpus eritematoso disseminado, leucemia linfocítica crônica (LLC), linfomas etc., o tratamento deve ser dirigido à doença de base, além das medidas preconizadas para PTI, como mencionado anteriormente.
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