Buscar

Lins, 2019. Terapia Comportamental Integrativa de Casais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Terapia Gomportamental 
Integrativa de Casal
Mara Regina S.W. Lins
Quando se pensa em psicoterapia, a maioria das pessoas faz uma ligação 
com um tratamento individual, no qual o terapeuta e paciente trabalham 
juntos em prol das suas metas terapêuticas. Entretanto, quando a raiz do 
problema que leva o paciente a buscar ajuda é o relacionamento conjugal, 
muitas vezes a psicoterapia individual pode não ser o suficiente, uma vez 
que parte relevante do problema pode estar inacessível. Sendo assim, um 
dos importantes campos de trabalho é exatamente a terapia de casais, que 
pode ser realizada tanto como tratamento único como também como um 
coadjuvante dos tratamentos individuais que cada um dos parceiros pode 
estar realizando. As evidências de efetividade da Terapia Comportamental 
Integrativa de Casal trazem resultados promissores e atualmente é uma das 
abordagens conhecidas por funcionarem.
W.V.M.
A terapia comportamental tradicional de casal, proposta por Jacobson e Margolin (1979), apresentava um planejamento para mudança de comportamento dos cônjuges em torno 
de três principais eixos de intervenção: Io) intercâmbio de com­
portamentos reforçadores para aumentar as condutas desejáveis 
e diminuir as indesejáveis, 2o) o desenvolvimento de habilidades 
dc comunicação e 3o) o treinamento de solução de problemas
530 Terapia Com porta menta I Integrativa de Casal
(Dimidjian, Martell, & Christensen, 2008; Jacobson &c Margolin, 
1979). Porém esta abordagem apresentava limitações, principal­
mente para casais com problemas severos, distantes, cônjuges mais 
velhos ou com comportamentos polarizados (Cordova, Jacobson 
& Christensen, 1998).
No intuito de organizar uma abordagem mais efetiva para ca­
sais, Christensen e Jacobson (1998) reelaboraram a teoria num pla­
nejamento mais amplo: a Terapia Comportamental Integrativa de 
Casal (Integrative Behavioral Couple Therapy - IBCT), tendo como 
base os aportes teóricos das Terapias Comportamentais Contextuais 
ou Terapias de Terceira Onda. Seu principal diferencial se refere ao 
conceito de aceitação da Terapia de Aceitação e Compromisso 
(Hayes, 2004) compreendido como o elo perdido nas demais tera­
pias de casal. A IBCT é um modelo que propõe a integração entre a 
aceitação e a mudança e é um tratamento para casais que têm uma 
significativa pesquisa documentada baseada em evidências mostran­
do sua efetividade, tanto que o Instituto Nacional de Saúde Mental 
do Governo dos Estados Unidos (seu maior serviço público de saú­
de) definiu esta terapia como um de seus tratamentos para casais 
(Christensen, Atkins, Berns, Wheeler, Baucon, & Simpson, 2004; 
Perissutti & Barraca, 2013).
Um ensaio clínico randomizado realizado com 134 casais 
comparou o tratamento da terapia de casal comportamental tradi­
cional com a IBCT. Após o tratamento, foram realizadas entrevistas 
de seguimento de dois e de cinco anos. Os principais resultados re­
velaram que não houve muita diferença entre as abordagens no tér­
mino ou no seguimento de dois anos. No seguimento de cinco anos, 
observou-se resultados significativamente (mas não drasticamente) 
superiores na IBCT, visto que os casais apresentaram mais satisfação 
e melhora clínica. As conclusões se referem ao fato de que quando 
há aceitação, as mudanças passam a ser por contingências, de forma 
natural, e, consequentemente, podem ser mais duradouras (Chris­
tensen, Atkins, Yi, Baucom & George, 2006; Christensen, Atkins, 
Baucom, & Yi, 2010).
S>r,arm<=>rl k , ,
r
A Prática das Intervenções Psicoterápicas 531
Quadro 18.1 Comparativo entre Terapia Comportamental de Casal tradi­
cional e Terapia Integrativa de Casal - dados empíricos_______________
Terapia Comportamental 
Tradicional de Casal
Terapia Integrativa 
Comportamental de Casal (IBCT)
Troca de comportamentos 
Resultados em curto prazo
0 cônjuge e o contexto do outro
Treinamento de Habillidades de Comunicação Ênfase na aceitação
Treinamento de Habilidades de 
Solução de Problemas
Há incompatibilidades genuínas: as reações 
emocionais de cada um são tão 
problematizadas quanto o próprio problema
Limitações: bons resultados para 
casais jovens, pouco estresse, ligados 
emocionalmente, com flexibilidade
Validar: vulnerabilidades; 
resultados em longo prazo
Parte-se do princípio que o domínio das relações íntimas é asso­
ciado, muitas vezes, a experiências avaliadas como negativas e, assim, as 
pessoas ficam com a ideia de que estas precisam ser controladas. Por 
exemplo, é comum pensar “Não gosto como me sinto quando ele(a) faz 
isso” ou “Estamos fracassando porque ele/ela não muda e não faz o que 
quero que faça, para que eu não me sinta desta maneira nem pense des­
ta forma...” . Com o consequência, a maioria das pessoas age para redu­
zir, eliminar, suprimir os eventos privados avaliados negativamente, e há 
a tendência de usar habilidades de enfrentamento que aprenderam na 
sua história de aprendizagem para evitar os sentimentos e pensamentos 
negativos (Dahl, Stewart, Martell & Kaplan, 2013).
Diante disso, as reações frente às incompatibilidades da vida conju­
gal podem ser negativas: pela coerção, pelo desprezo e pela polarização. 
No que se refere à coerção, há um estímulo aversivo que um dos mem­
bros do casal dirige ao outro, até que este ceda. Em termos comporta- 
mentais, aquele que aplica a conduta foi reforçado positivamente (conse­
guiu o que queria) e o que recebe foi reforçado negativamente (evita o es­
tímulo aversivo cedendo aos desejos do outro). Por exemplo, o marido 
pode se fechar, fazer expressão de bravo, fazer barulho e se queixar até que 
a mulher largue o celular para olhar para ele e conversem. E ela solta o ce­
lular para evitar brigas. Outro exemplo, uma mulher pode ir levantando 
o tom de voz até que seu marido desligue a televisão e vá assumir o banho
532 Terapia Comportamental Integrativa de Casal
das crianças. São interações que têm um reforçamento intermitente 
(Jacobson &c Christensen, 1996; Mairal, 2016).
Quanto ao desprezo ou humilhação, é uma maneira de res­
ponsabilizar o outro pelos problemas da relação. Há diversas for­
mas, inadequadas, de agir. Por exemplo, dizer que o outro é o cul­
pado pelo problema do casal, ou tem problemas mentais e precisa 
de terapia, ou afirmar que o parceiro não é bom o suficiente. Já a 
polarização se refere aos padrões de coerção, num esforço para con­
trolar e mudar o outro, o que termina por intensificar as diferenças 
e enrijecer suas posições mais ainda (Jacobson & Christensen, 1996; 
Mairal, 2016).
No que se refere ao conceito de aceitação é importante escla­
recer, primeiramente, que não aplica aos comportamentos violentos 
e abusivos, os quais devem ser abordados de outras maneiras, para 
proteger a vítima. E a IB C T possui características próprias em rela­
ção a outras abordagens das terapias comportamentais contextuais, 
por envolver duas pessoas numa relação e estar voltada às funções 
dos seus comportamentos. Desta forma, a aceitação é uma classe de 
resposta que surge na presença de situações aversivas e implica em 
não responder com padrões de coerção, desprezo e polarização. In­
clui comportamentos cuja função é incrementar o contato entre os 
membros, os quais podem ser capazes de manter uma conexão posi­
tiva mesmo com suas diferenças. A aceitação não é uma meta, mas 
um meio para se chegar ao equilíbrio entre o casal e sua intimidade 
(Cordova, Jacobson, & Christensen, 1998).
Outro diferencial da IB C T é que o foco do tratamento será no 
receptor da conduta, sua resposta emocional e como o interpreta. A 
ênfase é no que o comportamento evoca e na sua função. É mudar o 
foco do comportamento governado por regras (comum da terapia tra­
dicional) para o comportamento governado por contingências. O im­
portante é ter contato com os reforçadores naturais do casal, de ma­
neira que as melhorias não são por algo artificial, mas o que serve a 
este casal em particular, na sua vivência única (Jacobson & Christen­
sen, 1998; Dimidjianet al., 2008)
A Prática das Intervenções Psicoterápicas 5 3 3
AVALIAÇÃO E FORMULAÇÃO DO CASO
A terapia não tem um protocolo rigoroso, mas tem uma estrutura 
bem definida, especialmente nas primeiras quatro sessões, momento em 
que é feita a avaliação e a formulação do caso ou a análise funcional. Na pri­
meira entrevista, com o casal junto, as conversas são em tomo do problema 
deles, a percepção de cada um, o nível de tensão. Explora-se, também, seus 
pontos fortes, o que funcionou noutras situações de conflito. Deve-se vali­
dar cada um numa atitude de acolhimento, emparia e aceitação. As duas 
sessões seguintes são individuais, para ser abordado o problema e a situação 
atual, a história do casal e da família na perspectiva de cada um. Deve-se 
avaliar o nível de tensão do casal, de quais questões divergem e as razões dis­
to ser um problema para eles. Cada parceiro responde a questionários de 
autorrelato que se referem à satisfação conjugal, ao nível de compromisso 
com a relação, se há ou não violência, quais suas principais áreas problemá­
ticas, frequência e aceitabilidade de comportamentos positivos e negativos 
(Cristensen, 2009; Christensen & Jacobson, 2009; Heavey, Christensen, & 
Malamuth, 1995).* As questões a seguir auxiliam o casal a pensar sobre a 
relação, indo além da queixa um do outro.
PERGUNTAS...
Figura 18.1 Perguntas a serem feitas na avaliação.
Estes questionários estáo traduzidos para o português e disponíveis em http://terapias- 
c o n te x tu a is .c o m .b r /w p -co n te n t/u p Io a d s /2 0 1 8 /0 9 /Q u e stio n % C 3 % A 1 rio s-IB C T -p a ra - 
avalia% C3% A 7% C 3% A 3o-do-fim cionam ento-con jugal.pdf
http://terapias-contextuais.com.br/wp-content/upIoads/2018/09/Question%C3%A1rios-IBCT-para-avalia%C3%A7%C3%A3o-do-fimcionamento-conjugal.pdf
http://terapias-contextuais.com.br/wp-content/upIoads/2018/09/Question%C3%A1rios-IBCT-para-avalia%C3%A7%C3%A3o-do-fimcionamento-conjugal.pdf
http://terapias-contextuais.com.br/wp-content/upIoads/2018/09/Question%C3%A1rios-IBCT-para-avalia%C3%A7%C3%A3o-do-fimcionamento-conjugal.pdf
534 Terapia Com portam ental Integrativa d e Casal
ANÁLISE FUNCIONAL APLICADA À TERAPIA DE CASAIS
Como para a IBC T um cônjuge é o contexto do outro, é im­
portante realizar uma análise funcional dos comportamentos do 
casal: os antecedentes, o comportamento propriamente dito, suas 
consequências e respectivas funções. Ao realizar a avaliação do 
caso, é necessário discriminar o tema do conflito, a polarização e a 
armadilha mútua (ou as consequências da interação) na qual o ca­
sal fica preso. O tema é a problemática nuclear, a descrição do ca­
sal em torno do problema, um conjunto de estímulos que faz com 
que o casal comece a se posicionar rigidamente a partir da perspec­
tiva de cada um, desencadeando os processos de polarização. Há 
temas de discussões comuns entre os casais, por exemplo, proximi­
dade versus distância, controle versus irresponsabilidade, economia 
conservadora versus economia liberal.
O processo de polarização são as reações diante do tema, o 
que cada um faz. Geralmente os parceiros se colocam em polos 
opostos e se queixam de que o outro está errado. São formas destru­
tivas de interação, por exemplo, eles podem se ofender, ameaçar, hu­
milhar na tentativa de fazer com que o outro mude. Porém, esta 
tentativa que, em princípio seria um movimento para resolver um 
problema, termina por destruir a união. O resultado disso é que o 
casal fica preso numa “armadilha mútua”, numa reatividade emocio­
nal que impede respostas possíveis. Neste momento, o casal se sente 
desgastado, apático, sem ânimo para investir na relação, com deses­
perança, conforme a figura na página seguinte.
Na análise funcional, o tema são os antecedentes, o problema, 
a polarização é a resposta (diante do problema) e a arm adilha mú­
tua são as consequências (geralmente negativas). Exemplos de per­
guntas do terapeuta:
1) Em relação ao tema (problem ática nuclear)-. Gostaria de 
saber o que trouxe vocês aqui? Exatamente, o que seria o 
problema, na perspectiva de cada um de vocês? O que acon­
tece minutos antes da discussão?
A Prática das Intervenções Psicoterápicas 535
Polarização
• padrões de interação 
que são iniciados 
quando ocorre o 
conflito em torno 
do tema
* São as coisas concretas 
que os membros do 
casal fazem:
- é o comportamento 
que pode ser 
observado
Armadilha mútua
• ambos os parceiro se 
sentem presos, 
desanimados
e sem esperança
• Importante: este estado
de esgotamento e mal-estar 
é a consequência dos 
processos de polarização
• Acusações, queixas, 
reclamações de maus 
modos: o casal se sente 
desgastado
• Ambos sofrem
Figura 18.2 Avaliação do caso.
2) Em relação à polarização (form as como o casal reage): En­
tão, quando acontece isto, o que você faz, João? E você, Ana? 
Ana, quando João se afasta, o que você faz? João, quando Ana 
insiste em falar, o que você faz?
3) Em relação à arm adilha m útua (o resultado da p o lariza­
ção): Vejo que quando surge o problema João a invalida e 
Ana grita com ele, e ambos iniciam uma discussão acalora­
da... sei que é a forma que conseguem lidar para tentar resol­
ver o problema... Mas o quê de fato acontece? Como se sente 
cada um depois deste enredo?
AVALIAÇÃO E FORMULAÇÃO DE CASO DEEP
Para fazer a avaliação do caso, Jacobson e Christensen (1996) 
sugerem que se faça a Formulação D EEP (palavra que representa 
“profundo” em inglês), sendo que a letra D se refere às Diferenças que 
o casal tem em torno do tema; a primeira letra E se refere às questões 
Emocionais que estão vivenciando e vulnerabilidades preexistentes, 
tais como problemas que são marcas da família de origem ou de uma
536 Terapia Comportamental Integrativa de Casal
relação conjugal anterior; a segunda letra E aborda os fatores Externos 
que possam estar interferindo (desemprego, nascimento de um filho, 
famílias de origem, etc.) e a letra P se refere ao Padrão de interação ou 
de comunicação que utilizam para tentar solucionar os problemas, 
conforme representado na figura a seguir.
Figura 18.3 A va liação e fo rm u lação de caso (D EEP).
Para avaliar o padrão de interação do casal, é importante dife­
renciar o “problema primário”, comum da vida de casal, resultante de 
diferenças e incompatibilidades, que geram reações emocionais, prin­
cipalmente quando há vulnerabilidades de cada um, sendo pontos 
sensíveis conforme suas histórias de aprendizagem, do “problema se­
cundário”, isto é, a reatividade, o resultado dos padrões problemáticos 
de interação. Estes são classificados pelos autores, de forma metafóri­
ca, como “cura tóxica”, ou seja, a maneira utilizada para resolver um 
problema, a tentativa de curar pode ser pior que o próprio problema.
Scanned by CamScanner
A Prática das Intervenções Psicoterápicas 537
A seguir, exemplo de uma Formulação DEEP.
• Diferenças
-João sempre teve boas habilidades sociais, extrovertido, tendo 
facilidade para conversar com as pessoas, prefere ficar rodeado 
de amigos. Ana é mais reservada, tímida e gosta de ficar em 
casa com o marido. Discutem no momento de escolher as ati­
vidades de lazer, pois um quer estar com mais pessoas e o ou­
tro não, um quer dançar e o outro não. Diante das dificulda­
des, João prefere ficar calado, enquanto Ana não sossega até 
falar tudo o que deseja. Quanto mais ele se afasta, mais ela se 
aproxima com perguntas que ficam sem respostas.
-Modelos de relacionamentos que tiveram das famílias de 
origem:
- Na família de João o pai era muito rígido, cobrava muito 
do filho, exigindo que tinha de ser o melhor; a mãe, por 
sua vez, participava de muitas atividades comunitárias, fi­
cando muito tempo envolvida e se esquivava do marido a 
cada vez que ele iniciava uma briga.
- Na família de Ana, os pais se separaram quando ela tinha três 
anos. Seu pai se envolveu com outra mulher, com a qual teve 
outra família, vendo pouco os filhos do primeiro casamento. 
Ana se sentia muito sozinha, visto que a mãese trancava no 
seu quarto e o irmão mais velho saía com os amigos.
• Reações em ocionais e vulnerabilidades
- Diante do problema, ambos sentem muita raiva como emo­
ção dura (a que é observada e aparece primeiro, é a emoção 
secundária que esconde a genuína emoção que está por 
trás), mas a emoção branda (a emoção oculta, primária) é 
tristeza para Ana, por continuar se sentindo só, e ansiedade 
para João, por continuar se sentindo exigido.
-U m fator de vulnerabilidade para Ana é que no seu pri­
meiro casamento houve infidelidade, fato que fez com que 
ela desconfiasse de todos os homens, tendo medo de ser 
abandonada.
Scanned by CamScanner
538 Terapia Comportamental Integrativa de Casal
• Circunstâncias externas e estressores:
-A s diferenças entre o casal se intensificaram desde o mo­
mento em que nasceu o primeiro filho. Ana se queixa muito 
de que João não ajuda a cuidar do filho e João diz que não 
consegue fazer nada certo com o filho, pois ela critica tudo 
e por isso ele desiste de fazer as coisas.
• Padrões problem áticos de interação
- Diante destes antecedentes, as condutas do casal são invali­
dação e discussões acaloradas. Ana revisa o celular de João e 
diz que ele “não presta pra nada, nem para ser pai”. João diz 
que Ana é “louca”, ameaça sair de casa e diz que vai se sepa­
rar. Diante desta coerção, Ana fica quieta, num longo perío­
do de silêncio.
Após a avaliação do caso, no quarto encontro é realizada uma 
sessão de feedback, numa forma compreensível para o casal, tratando 
de discutir com eles, compartilhando opiniões, explicando o trata­
mento e estabelecendo os objetivos. O fato de lhes mostrar o resulta­
do de suas interações é uma maneira de mostrar ao casal o que já sa­
biam de alguma maneira. Com base nas seguintes questões e informa­
ções colhidas dos questionários de autorrelato, o terapeuta elabora 
uma sessão de feedback:
• Qual o nível de tensão e mal-estar do casal?
- No caso de João e Ana o nível de tensão é muito alto.
• Qual o grau de compromisso?
- Nos questionários ambos se dizem comprometidos com a 
relação e farão tudo o que puderem para melhorá-la. Outro 
aspecto que pode reforçar o grau de compromisso com a re­
lação é a busca pela terapia de casal.
• Quais questões que estão enfrentando que os distanciam?
- Lidar com as mudanças exigidas com a vinda do primeiro 
filho e com os momentos de individualidades de cada um.
Scanned by CamScanner
A Prática das Intervenções Psicoterápicas 5 3 9
• Por que este afastamento é um problema?
o Porque toca nas sensibilidades de cada um e a consequente 
reatividade emocional se intensifica.
• Quais pontos fortes que fazem com que fiquem juntos? O 
que funcionou outras vezes? É importante ressaltar os pontos 
fortes do casal, inclusive para lhes dar esperança.
o Ana se sentiu atraída pela extroversão de João e esta caracte­
rística faz com que ele seja divertido, trazendo bom humor 
e leveza pra relação. Ana é muito comprometida com a fa­
mília, trazendo segurança para João.
• O que a IB C T pode fazer por eles? E proposto que na tera­
pia cada um deverá dar 100% de si, inclusive o terapeuta, 
para evitar situações do tipo “só fazer algo depois que o ou­
tro fizer” . E indicado o treinamento em atenção plena, ou 
seja, mindfulness, para que ambos desenvolvam percepções 
de si, dos seus processos internos, e façam escolhas mais 
conscientes antes de tomar alguma atitude. A partir disso, 
cada um poderá observar o que pode ser mudado e o que 
deverá ser aceito, como, por exemplo, as emoções do outro, 
suas vulnerabilidades, sua personalidade. Inclui o trabalho 
de habilidades de comunicação e de resolução de problemas 
da terapia tradicional.
E recomendado que o casal leia Diferenças Reconciliáveis: Re­
construindo seu relacionamento ao redescobrir o -parceiro que você ama, 
sem se perder (Christensen, Doss, & Jacobson, 2018). Segundo os 
autores o principal m otivador da escrita deste livro foi tornar a 
IBCT disponível para um número maior de pessoas. A proposta é a 
popularização da ciência, a oportunidade de os casais conhecerem e 
se ajudarem por meio dos princípios da IBCT. O livro evoluiu para 
um programa online nos Estados Unidos: Our Relationship, subsi­
diado pelo governo federal, que tem sido testado e com resultados 
positivos em sua efetividade.
540 Terapia Comportamental Integrativa de Casal
TRATAMENTO
A partir da contratação da terapia, as sessões são conduzidas com 
alguns pontos específicos. Parte-se do princípio de que os problemas po­
dem ser veículos para se chegar à intimidade. Como organização da agen­
da da sessão, pode ser aplicado o questionário semanal, o Weekly Ques­
tionnaire (Christensen, 2010, o qual é utilizado durante o tratamento 
para avaliar os acontecimentos positivos e negativos mais significativos 
entre as sessões e inclui uma breve avaliação da satisfação conjugal.
A IB C T propõe como técnicas utilizadas em todo processo te­
rapêutico as inovadoras estratégias de aceitação, de tolerância, de au- 
tocuidado (orientadas para coisas que não se pode mudar) e as estraté­
gias de mudança, já conhecidas da terapia tradicional, que são o trei­
namento de habilidades de comunicação e de solução de problemas 
(orientadas para as coisas que podem ser mudadas).
As estratégias de aceitação são utilizadas para que o casal se sinta 
mais unido diante do problema, sem ameaçar seu bem-estar. São elas: 
União Empática e Distanciamento Unificado. Neste processo, utiliza- 
se também as estratégias de tolerância. Sugere-se as estratégias de acei­
tação quando o casal não está muito desgastado, há boa vontade para 
trabalhar suas questões e ainda tem “alguns cartuchos para gastar”. Já 
as estratégias de tolerância são aplicadas quando o casal está com pou­
ca boa vontade, muitas dificuldades, com “último cartucho para gas­
tar” e/ou quando o assunto a ser trabalhado é grave.
O trabalho com a aceitação propõe ao casal se afastar da ideia 
de que as diferenças m útuas são insuportáveis e a abandonar a luta 
para tentar m udar o outro. E dar abertura à própria experiência e à do 
outro, sentir o que sente e o que o outro sente. Para abarcar as dife­
renças, pode-se sugerir uma prática de m indfulness para casal, por 
exemplo, colocar ambos sentados um diante do outro. Solicita-se que, 
num primeiro m omento observem a própria respiração, seu ritmo, 
seu compasso e quais pensamentos e sentimentos que podem surgir. 
Depois solicita-se ao casal que observem a respiração do cônjuge, seu 
ritmo e compasso e quais pensamentos e/ou emoções surgem. E como
Scanned by CainSra„„
A Prática das Intervenções Psicoterápicas 541
os parceiros tentar emparelhar suas respirações, forçando ficar igual, e 
ficam ansiosos com isso. Geralmente o feedback desta prática é que a 
respiração, seu ritmo e compassos são diferentes e parecidos com a 
personalidade de cada um (mais rápidos, ansiosos ou lentos e para­
dos). E que não há problemas em ter ritmos e compassos de respira­
ção diferentes. São só formas distintas de respirar. Este fato é trans­
posto para as diferenças que estão vivenciando, ou seja, está tudo bem, 
são só formas distintas de pensar, sentir e agir.
Estratégias de aceitação 
Unido empática
Propõe expressar dor ou angústia de uma forma que não inclua 
acusação, conforme a fórmula apresentada na figura:
r~u
Dor +
Acusação =
Dor -
Acusação =
Conflito Aceitação
Figura 18.4 Fórmula "União empática".
Essa técnica costuma auxiliar o casal a se observar e também a 
discriminar suas emoções. Estas são classificadas como “emoções du­
ras” versus “emoções brandas” . As emoções duras implicam em acusa­
ções, brigas sobre quem tem a razão, cobranças, coerção e, consequen­
temente, afastamento. As emoções brandas muitas vezes são ocultas 
para si mesmo e para o(a) parceiro(a). Ao conseguir se expressar sem 
acusar, a possibilidade de uma escuta efetiva é maior. Outra forma de
542 Terapia Comportam ental Integrativa de Casal
utilizar a União em pática é observara relação entre o comportamento 
da pessoa com sua história de aprendizagem, abrindo para a compre­
ensão de que somente som os o que som os por causa das experiências 
da vida. Sendo assim, pode-se m udar um a concepção em relação ao 
parceiro, por exemplo, ao invés de taxá-lo com o egoísta, pode-se com­
preender que a pessoa aprendeu este comportamento. E a história (da 
família de origem ou relações anteriores) que mobiliza emoções que 
ressurgem no presente, com padrões m uito fortes que não permitem 
que a pessoa perceba ou consiga diferenciar do que acontece hoje.
O que não gostamos no nosso parceiro (a) pode ser o que não 
gostamos em nós mesmos, na nossa história... A forma de gerar acei­
tação é colocar o comportamento da pessoa em contato com sua his­
tória pessoal, contextualizar o comportamento que se considera pro­
blemático dentro da formulação do problema. Assim, o comporta­
mento negativo é visto como parte de suas diferenças e não como uma 
má característica do outro.
Foi solicitado ao João que discriminasse o que mais lhe incomo­
dava em Ana. Após se observar, ele disse que seria sua crítica e invali­
dação constantes, que ela era chata e eternamente insatisfeita. Foi soli­
citado que observasse o que sentia nestes momentos. João disse que se 
sentia inseguro e que jamais daria conta de ser o homem que ela dese­
java. Foi solicitado que João observasse ao longo de sua história de 
vida em quais momentos sentiu algo parecido. João lembrou da rela­
ção com seu pai, muito exigente, que não se sentia amado pelo o que 
era, mas por uma expectativa do pai, acreditando que jamais seria o 
filho que seu pai desejava ter.
O mesmo foi solicitado à Ana, a qual disse que sentia medo de 
ser abandonada por João e, ao fazer conexão com sua história, lem­
brou tanto do abandono do pai quanto da mãe, a qual ficou deprimi­
da após a separação conjugal, do afastamento do irmão, que ficava 
fora de casa, e, por fim, do ex-marido que a traiu. As expressões de 
compreensão diante das dificuldades favorecem o aumento de empa- 
tia e da expressão das emoções brandas, estimulando maior intimida­
de entre o casal.
Scanned bv po~,o
A Prática d as Intervenções P sicoterápicas 545
Distanciamento unificado
O Distanciamento unificado orienta o casal a se distanciar de 
seus conflitos, por meio de uma análise intelectual do problema, favo­
recendo o diálogo imparcial e descritivo. É unificado porque ambos 
têm de estar juntos para enfrentar o problema da relação. Propõe uma 
tomada de perspectiva da situação para que seja melhor observada e 
faz com que o casal veja o problema como algo que pode ser analisa­
do, dedicando-lhe tempo e falando dele sem se deixar envolver emo­
cionalmente ou entrar em discussão.
Exemplo de uma sessão
Terapeuta (T.): A na e João, um de vocês pode escolher um objeto daqui 
da sala?
Ana escolhe a caixa de lenços e o terapeuta pede para descrevê-la.
Ana (A.): Descrever? Bem, é colorida, fria , tem lenços de papel dentro, eu 
uso muito aqu i nas sessões, também serve p ara a gripe ou p ara lim par 
bumbum de bebê... é isso.
Terapeuta pega a caixa e entrega para João, solicitando que ele a des­
creva.
João (J.): É um objeto retangular que tem um orijicio dentro e no seu in­
terior tem lenços de papel. Isso.
T : A descrição que vocês deram fo i exatamente igual?
J.: Exatam ente não.
T : A descrição que vocês deram fo i errada ?
A.: Não, um pouco diferente, mas não teve uma certa ou errada.
T : E se transformássemos esta caixa de lenços num problem a, a descrição 
ou percepção seria exatam ente igual?
Ambos: Não.
T : Então, se o fa to de ter percepções diferentes sobre as coisas, conforme 
sua personalidade, história de aprendizagem , não éproblem a, onde está o 
problem a?
}.: E que a gente discute m uito...
T : Quando discutem m uito, onde está o problem a?
A.: No meio da gente!
T.: Se o problema fosse um terceiro com vontade própria, o que ele estaria 
conseguindo?
A.: A gente fica com raiva e se agride...
].: A gente se afasta.
T : E onde vocês querem que esteja o problema?
A.: Bem longe...
T.: Mas onde vocês o colocam? Podem vê-lo? Como ele é? 0 que ele quer? 
Querem que ele fique aqui no meio de vocês e os afastando?
J.: Lógico que não, mas não sabemos o que fazer...
T .: E o que aconteceria se vocês vencessem o problema?
A.: Talvez a gente aprendesse a lidar com ele, pois não aguento mais nos­
sas brigas... Eu quero viver melhor com João, a gente tem um filho lindo, 
não quero perder nossa fam ília...
O Distanciamento unificado propõe ver o problema de uma 
maneira metafórica, como algo que quer o oposto do casal, que quer 
separá-los. É para estimulá-los para se unir e abordar juntos qualquer 
assunto, por mais difícil que seja. Em resumo, trata-se de torná-los 
uma equipe que luta contra as adversidades, pois a vida é repleta de 
problemas e o casal deve ter habilidades para lidar com eles.
1
544 Terapia Comportamental Integrativa de Casal
Estratégias de tolerância
Seria um nível diferente de aceitação. Se a pessoa não consegue 
a aceitação, ao menos pode tolerar o comportamento do outro, o 
quanto for possível (ressalta-se que situações de violência e maltrato, 
por exemplo, não podem ser toleradas). Em alguns casos, as técnicas 
de tolerância podem facilitar o caminho para a aceitação, partindo da 
tolerância forçada num contínuo à aceitação. Os principais objetivos 
são deixar o comportamento do outro menos doloroso, aumentar a 
habilidade para lidar com ele, reduzir a intensidade dos conflitos e di­
minuir o tempo de recuperação de uma briga.
Pode-se destacar os aspectos positivos de algo que é visto como 
negativo, por exemplo o comportamento invasivo da Ana pode tam-
Scanned by Cam Scarner
A Prática das Intervenções Psicoterápicas 5 4 5
bém ser uma forma de cuidado desta relação, para que as coisas deem 
certo. Pode-se praticar condutas negativas na sessão, como uma forma 
de dessensibilização, reduzindo a carga emocional que um comporta­
mento gera. Por exemplo, solicitar que dramatizem na sessão a última 
briga que tiveram e observar o que sentem, abrindo espaço para emo­
ções e pensamentos e oportunizando escolhas de novos comporta­
mentos. Pode-se, ainda, prescrever uma tarefa de fingir as conhecidas 
discussões em casa, sem que o parceiro saiba, para observar não só as 
reações do parceiro como as suas também, além de dar um tom de 
bom humor nestas brigas, visto que ficará “divertido” provocá-las.
Em relação aos princípios do autocuidado, estes se baseiam na 
ideia de que o cônjuge não pode satisfazer todas as necessidades ou mes­
mo qualquer necessidade particular todo o tempo. É um ponto impor­
tante de ser trabalhado visto que temos, culturalmente, a expectativa de 
que as relações amorosas são a “salvação de todos os males” de uma pes­
soa. Deve-se explorar possibilidades de autocuidado para cada um e au­
xiliá-los a colocar em prática, já que é algo que não depende do outro.
Estratégias de m udança
As estratégias de mudança são o treinamento de habilidades de 
comunicação e de resolução de problemas e não diferem daquelas em­
pregadas na terapia de casal tradicional. Tais estratégias são utilizadas 
para aumentar ou diminuir a frequência ou a intensidade de certos 
comportamentos e melhorar a comunicação e articulação por meio de 
tomada de decisão. Quando os casais estão com interações muito co­
ercitivas, usa-se, primeiramente, as estratégias de comunicação e de 
resolução de problemas, as quais refletem no aumento da aceitação.
Treinamento de habilidades de comunicação
As terapias contextuais propõem muita observação dos próprios 
processos internos. Uma das técnicas mais utilizadas é auxiliar a pessoa 
a se dar conta de que enquanto o outro fala geralmente não se está escu-
546 Terapia Com porta mental Integrativa de Casal
tando o que é dito, mas numa escuta interna dos próprios pensamentos, 
como forma de contra-atacar o que foi dito. Assim, numa dramatiza­
ção, o terapeuta pode representar a “mente”, osdiversos pensamentos 
de cada membro do casal e não os deixar escutar o que o outro diz.
Em relação à pessoa que expressa, há técnicas incorporadas da 
terapia tradicional, como, por exemplo, auxiliar o casal a falar na lin­
guagem do “Eu”, ou seja, dizer como se sente ou pensa diante de de­
terminada situação, sem atacar ou culpabilizar o outro. Por exemplo:
Ana dizia: “Quando João se afasta, ele é um egoísta que não 
quer resolver as coisas” ; e ela pode dizer: “Quando João se afasta, eu 
sinto raiva porque penso que ele não quer resolver e tenho medo de 
ser abandonada de novo” .
João dizia: “Quando Ana não gosta de algo, me agride feito uma 
louca, invadindo meu espaço e me criticando”; e ele pode dizer: “Quan­
do Ana não gosta de algo, fala de um jeito que eu me sento invalidado e 
me volta o velho pensamento de que eu não serei bom nunca...”
Em relação à pessoa que escuta, são essenciais habilidades de 
uma escuta ativa, como, por exemplo, resumir ou parafrasear o que 
escutou para verificar com o parceiro se foi realmente isto que ele disse. 
Há diversas técnicas de comunicação, mas o essencial é ter consciência 
de que a verdadeira escuta necessita de empatia e compaixão, pois exi­
ge que se abra mão dos próprios pensamentos que rebatem o que está 
sendo dito, para só depois, noutro momento, poder colocar o que se 
deseja. A escuta ativa é, acima de tudo, um ato de amor.
Treinamento de solução de problemas
O treinamento de resolução de problemas também foi incorpo­
rado da terapia tradicional. Uma das principais habilidades é a defini­
ção do problema, pois é comum o casal ficar fusionado diante das 
emoções desencadeadas e não conseguir discriminar da melhor forma 
o que realmente os está atrapalhando. Além disso, por ser um proble­
ma do casal, a definição deve ser bilateral.
A partir de uma boa definição do problema, pode-se explorar 
uma “chuva de ideias” de possíveis alternativas, verificar os prós e
Scanned by Can,Q„
A Prática das Intervenções Psicoterápicas 547
contras de cada uma, escolher de comum acordo uma delas para co­
locar em prática, experimentar e observar os resultados. Um dos 
principais aspectos do treinamento de resolução de problemas é que 
cada parceiro assuma e reconheça a responsabilidade do próprio pa­
pel no conflito, só assim as mudanças serão possíveis, pois evitará 
que um se movimente somente depois da mudança do outro. Aqui 
as terapias contextuais enfocam nas ações de compromisso que cada 
cônjuge deseja fazer: “o que fez, faz ou faria o homem/mulher que 
quero ser nesta relação” .
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um dos aspectos bastante reforçados na IBCT é o trabalho 
pessoal do terapeuta, o qual deve desenvolver algumas habilidades, 
além do conhecimento teórico sobre as relações conjugais: ter des­
treza verbal, falar numa linguagem acessível para o casal, ter habi­
lidade analítica, ou seja, realizar análise funcional continuadamen- 
te, flexibilidade para adequação ao contexto que se apresenta; acei­
tação e compaixão pelas pessoas que buscam sua ajuda, habilidades 
de Mindfulness.
O principal objetivo desta abordagem é que o casal tenha um 
relacionamento baseado em aceitação e adaptativo à realidade psicoló­
gica de cada cônjuge. Se o casal passa a conversar sobre seus proble­
mas e diferenças sem que isto se torne outro problema e se há mais 
união para enfrentar as dificuldades, estarão no caminho certo, pois as 
“boas” relações não têm a ver com a felicidade, têm a ver com a vita­
lidade, têm a ver com a manifestação da vida ao máximo. Isto implica 
em que ambos vão sentir ansiedade, dor, tristeza e medo. Isto implica 
em que ambos vão sentir alegria, amor, segurança e prazer. E...sim, 
em alguns momentos, vão sentir felicidade.
Scanned by Cam Scanner
548 Terapia Comportamental Integrativa de Casal
REFERÊNCIAS
Cordova, J. V , Jacobson, N . S., & Christen­
sen, A. (1998). Acceptance versus change 
interventions in behavioral couple therapy: 
impact on couples in-session communi­
cation. Journal o f M arital and Family The­
rapy, 24(4), 437-455. doi: https://doi.org/10. 
1111/ j .1752-0606.1998.tb01099.x
Christensen, A. (2009). Couple Ques­
tionnaire. Unpublished questionnaire. Los 
Angeles: University o f California, Los An­
geles. Retrieved from: http://ibct.psych. 
ucla.edu/assets/couple-questionnaire.pdf
Christensen, A. (2010). Weekly Question­
naire. Los Angeles: University o f Califor­
nia, Los Angeles. Retrieved from: http:// 
ibct.psych.ucla.edu/assets/weekly-ques- 
tionnaire.pdf
Christensen, A. & Jacobson, N. S. (2009). 
Frequency and Acceptability o f Partner Be­
havior. Los Angeles: University o f Califor­
nia, Los Angeles. Retrieved from: http:// 
ibct.psych.ucla.edu/assets/frequency-and- 
acceptability-of-partner-behavior.pdf
Christensen, A. Atkins, D . Berns, S. 
Wheeler, J. Baucom, D. & Simpson, L. 
(2004). Traditional Versus Integrative Be­
havioral Couple Therapy for Significantly 
and Chronically Distressed Married Cou­
ples. Journ al o f Consulting and C linical 
Psychology, 72(2), 176-191. Doi.org/
10.1037/0022-006X .72.2.176
Christensen, A., Atkins, D . G , Yi, J., 
Baucom, D. H ., & George, W. H. (2006). 
Couple and Individual Adjustment for 2 
Years Following a Randomized: Clinical 
Trial Com paring Traditional Versus Inte­
grative Behavioral Couple Therapy. Jou r­
n al o f Consulting an d C lin ical Psychology, 
74(6 ), 1180-1191. doi: 10.1037/0022- 
006X .74.6.1180
Christensen, A., Atkins, D. G , Baucom, 
B., & Yi, J. (2010). Marital status and sa­
tisfaction five years following a randomi­
zed clinical trial comparing traditional 
versus integrative behavioral couple the­
rapy. Jou rn al o f Consulting and Clinical 
Psychology, 78(2), 225. doi 10.1037/ 
a0018132
Christensen, A., Doss, B. D., & Jacobson, 
N. S. (2018). Diferenças Reconciliáveis: re­
construindo seu relacionamento ao redescobrir 
o parceiro que você ama, sem se perda (2a 
ed.). (M. R. S. W. Lins & M. Rozman, Tra­
ck.). Novo Hamburgo, RS: Sinopsys.
Dahl, J ., Stewart, I., Martell, C. & Ka­
plan, J. (2013). A C T & R F T in Relation­
ships. Oakland: New Harbinger Publica­
tions.
Doss, B. D ., Thum, Y. M., Sevier, M., 
Atkins, D . C , & Christensen, A. (2005). 
Improving Relationships: Mechanisms 
o f Change in Couple Therapy. Journal 
o f Consulting and Clinical Psychology, 
73(4 ), 624-633. doi: 10.1037/0022-006- 
X .73.4.624
Hayes, S. C . (2004). Acceptance and 
commitment therapy, relational frame 
theory, and the third wave of behavioral 
and cognitive therapies. Behavior thera­
py, 3 5 (4 ), 639-665. doi: https://doi.org/ 
10.1016/ S0005-7894(04)80013-3
Heavey, C. L , Christensen, A , & Malamuth, 
N. M. (1995). The longitudinal impact of 
demand and withdrawal during marital con- 
flirt. Journal o f Consulting and Clinical Psy­
chology, 63(5), 797-801. doi http://dx.doi. 
org/10.1037/0022-006X.63.5.797.
Jacobson, N . S., & Margolin, G. (1979). 
M arital therapy. Strategies based on social
Scanned bv Ca,
https://doi.org/10
http://ibct.psych
https://doi.org/
http://dx.doi
A Prática das Intervenções Psicoterápicas 549
learning and behavior exchange princi­
ples. New York: Brunner/Mazel.
Jacobson, N . S., & Christensen, A. 
(1996). Acceptence an d Change in Couple 
Therapy: A Therapist's guide to Transform ing 
Relationships. New York: N orton.
Mairal, J. B. (2015). Integrative Behavio­
ral Couple Therapy (IB C T ) as a third-wa­
ve therapy. Psicothema, 2 7 (1 ), 13-18. doi: 
10.7334/psicothema2014.101
Mairal, J. B. (2016). Terapia Integral de 
Pareja: Una Intervención para superar las 
diferencias irréconciliables. Madrid: Edito­
rial Sinteses.
Perissuti, G , & Barraca, J. (2013). Integrative 
Behavioral Couple Therapy vs. Traditional 
Behavioral Couple Therapy: A theoretical re­
view of the differential effectiveness. Clínica y 
Salud, 24 (1), 11-18. doi: https://doi.oig/ 
10.5093/cl2013a2 Site: https://www.ourrela- 
tionship.com
Scanned by Cam Scanner
https://doi.oig/
https://www.ourrela-tionship.comhttps://www.ourrela-tionship.com

Outros materiais