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Terapia Gomportamental Integrativa de Casal Mara Regina S.W. Lins Quando se pensa em psicoterapia, a maioria das pessoas faz uma ligação com um tratamento individual, no qual o terapeuta e paciente trabalham juntos em prol das suas metas terapêuticas. Entretanto, quando a raiz do problema que leva o paciente a buscar ajuda é o relacionamento conjugal, muitas vezes a psicoterapia individual pode não ser o suficiente, uma vez que parte relevante do problema pode estar inacessível. Sendo assim, um dos importantes campos de trabalho é exatamente a terapia de casais, que pode ser realizada tanto como tratamento único como também como um coadjuvante dos tratamentos individuais que cada um dos parceiros pode estar realizando. As evidências de efetividade da Terapia Comportamental Integrativa de Casal trazem resultados promissores e atualmente é uma das abordagens conhecidas por funcionarem. W.V.M. A terapia comportamental tradicional de casal, proposta por Jacobson e Margolin (1979), apresentava um planejamento para mudança de comportamento dos cônjuges em torno de três principais eixos de intervenção: Io) intercâmbio de com portamentos reforçadores para aumentar as condutas desejáveis e diminuir as indesejáveis, 2o) o desenvolvimento de habilidades dc comunicação e 3o) o treinamento de solução de problemas 530 Terapia Com porta menta I Integrativa de Casal (Dimidjian, Martell, & Christensen, 2008; Jacobson &c Margolin, 1979). Porém esta abordagem apresentava limitações, principal mente para casais com problemas severos, distantes, cônjuges mais velhos ou com comportamentos polarizados (Cordova, Jacobson & Christensen, 1998). No intuito de organizar uma abordagem mais efetiva para ca sais, Christensen e Jacobson (1998) reelaboraram a teoria num pla nejamento mais amplo: a Terapia Comportamental Integrativa de Casal (Integrative Behavioral Couple Therapy - IBCT), tendo como base os aportes teóricos das Terapias Comportamentais Contextuais ou Terapias de Terceira Onda. Seu principal diferencial se refere ao conceito de aceitação da Terapia de Aceitação e Compromisso (Hayes, 2004) compreendido como o elo perdido nas demais tera pias de casal. A IBCT é um modelo que propõe a integração entre a aceitação e a mudança e é um tratamento para casais que têm uma significativa pesquisa documentada baseada em evidências mostran do sua efetividade, tanto que o Instituto Nacional de Saúde Mental do Governo dos Estados Unidos (seu maior serviço público de saú de) definiu esta terapia como um de seus tratamentos para casais (Christensen, Atkins, Berns, Wheeler, Baucon, & Simpson, 2004; Perissutti & Barraca, 2013). Um ensaio clínico randomizado realizado com 134 casais comparou o tratamento da terapia de casal comportamental tradi cional com a IBCT. Após o tratamento, foram realizadas entrevistas de seguimento de dois e de cinco anos. Os principais resultados re velaram que não houve muita diferença entre as abordagens no tér mino ou no seguimento de dois anos. No seguimento de cinco anos, observou-se resultados significativamente (mas não drasticamente) superiores na IBCT, visto que os casais apresentaram mais satisfação e melhora clínica. As conclusões se referem ao fato de que quando há aceitação, as mudanças passam a ser por contingências, de forma natural, e, consequentemente, podem ser mais duradouras (Chris tensen, Atkins, Yi, Baucom & George, 2006; Christensen, Atkins, Baucom, & Yi, 2010). S>r,arm<=>rl k , , r A Prática das Intervenções Psicoterápicas 531 Quadro 18.1 Comparativo entre Terapia Comportamental de Casal tradi cional e Terapia Integrativa de Casal - dados empíricos_______________ Terapia Comportamental Tradicional de Casal Terapia Integrativa Comportamental de Casal (IBCT) Troca de comportamentos Resultados em curto prazo 0 cônjuge e o contexto do outro Treinamento de Habillidades de Comunicação Ênfase na aceitação Treinamento de Habilidades de Solução de Problemas Há incompatibilidades genuínas: as reações emocionais de cada um são tão problematizadas quanto o próprio problema Limitações: bons resultados para casais jovens, pouco estresse, ligados emocionalmente, com flexibilidade Validar: vulnerabilidades; resultados em longo prazo Parte-se do princípio que o domínio das relações íntimas é asso ciado, muitas vezes, a experiências avaliadas como negativas e, assim, as pessoas ficam com a ideia de que estas precisam ser controladas. Por exemplo, é comum pensar “Não gosto como me sinto quando ele(a) faz isso” ou “Estamos fracassando porque ele/ela não muda e não faz o que quero que faça, para que eu não me sinta desta maneira nem pense des ta forma...” . Com o consequência, a maioria das pessoas age para redu zir, eliminar, suprimir os eventos privados avaliados negativamente, e há a tendência de usar habilidades de enfrentamento que aprenderam na sua história de aprendizagem para evitar os sentimentos e pensamentos negativos (Dahl, Stewart, Martell & Kaplan, 2013). Diante disso, as reações frente às incompatibilidades da vida conju gal podem ser negativas: pela coerção, pelo desprezo e pela polarização. No que se refere à coerção, há um estímulo aversivo que um dos mem bros do casal dirige ao outro, até que este ceda. Em termos comporta- mentais, aquele que aplica a conduta foi reforçado positivamente (conse guiu o que queria) e o que recebe foi reforçado negativamente (evita o es tímulo aversivo cedendo aos desejos do outro). Por exemplo, o marido pode se fechar, fazer expressão de bravo, fazer barulho e se queixar até que a mulher largue o celular para olhar para ele e conversem. E ela solta o ce lular para evitar brigas. Outro exemplo, uma mulher pode ir levantando o tom de voz até que seu marido desligue a televisão e vá assumir o banho 532 Terapia Comportamental Integrativa de Casal das crianças. São interações que têm um reforçamento intermitente (Jacobson &c Christensen, 1996; Mairal, 2016). Quanto ao desprezo ou humilhação, é uma maneira de res ponsabilizar o outro pelos problemas da relação. Há diversas for mas, inadequadas, de agir. Por exemplo, dizer que o outro é o cul pado pelo problema do casal, ou tem problemas mentais e precisa de terapia, ou afirmar que o parceiro não é bom o suficiente. Já a polarização se refere aos padrões de coerção, num esforço para con trolar e mudar o outro, o que termina por intensificar as diferenças e enrijecer suas posições mais ainda (Jacobson & Christensen, 1996; Mairal, 2016). No que se refere ao conceito de aceitação é importante escla recer, primeiramente, que não aplica aos comportamentos violentos e abusivos, os quais devem ser abordados de outras maneiras, para proteger a vítima. E a IB C T possui características próprias em rela ção a outras abordagens das terapias comportamentais contextuais, por envolver duas pessoas numa relação e estar voltada às funções dos seus comportamentos. Desta forma, a aceitação é uma classe de resposta que surge na presença de situações aversivas e implica em não responder com padrões de coerção, desprezo e polarização. In clui comportamentos cuja função é incrementar o contato entre os membros, os quais podem ser capazes de manter uma conexão posi tiva mesmo com suas diferenças. A aceitação não é uma meta, mas um meio para se chegar ao equilíbrio entre o casal e sua intimidade (Cordova, Jacobson, & Christensen, 1998). Outro diferencial da IB C T é que o foco do tratamento será no receptor da conduta, sua resposta emocional e como o interpreta. A ênfase é no que o comportamento evoca e na sua função. É mudar o foco do comportamento governado por regras (comum da terapia tra dicional) para o comportamento governado por contingências. O im portante é ter contato com os reforçadores naturais do casal, de ma neira que as melhorias não são por algo artificial, mas o que serve a este casal em particular, na sua vivência única (Jacobson & Christen sen, 1998; Dimidjianet al., 2008) A Prática das Intervenções Psicoterápicas 5 3 3 AVALIAÇÃO E FORMULAÇÃO DO CASO A terapia não tem um protocolo rigoroso, mas tem uma estrutura bem definida, especialmente nas primeiras quatro sessões, momento em que é feita a avaliação e a formulação do caso ou a análise funcional. Na pri meira entrevista, com o casal junto, as conversas são em tomo do problema deles, a percepção de cada um, o nível de tensão. Explora-se, também, seus pontos fortes, o que funcionou noutras situações de conflito. Deve-se vali dar cada um numa atitude de acolhimento, emparia e aceitação. As duas sessões seguintes são individuais, para ser abordado o problema e a situação atual, a história do casal e da família na perspectiva de cada um. Deve-se avaliar o nível de tensão do casal, de quais questões divergem e as razões dis to ser um problema para eles. Cada parceiro responde a questionários de autorrelato que se referem à satisfação conjugal, ao nível de compromisso com a relação, se há ou não violência, quais suas principais áreas problemá ticas, frequência e aceitabilidade de comportamentos positivos e negativos (Cristensen, 2009; Christensen & Jacobson, 2009; Heavey, Christensen, & Malamuth, 1995).* As questões a seguir auxiliam o casal a pensar sobre a relação, indo além da queixa um do outro. PERGUNTAS... Figura 18.1 Perguntas a serem feitas na avaliação. Estes questionários estáo traduzidos para o português e disponíveis em http://terapias- c o n te x tu a is .c o m .b r /w p -co n te n t/u p Io a d s /2 0 1 8 /0 9 /Q u e stio n % C 3 % A 1 rio s-IB C T -p a ra - avalia% C3% A 7% C 3% A 3o-do-fim cionam ento-con jugal.pdf http://terapias-contextuais.com.br/wp-content/upIoads/2018/09/Question%C3%A1rios-IBCT-para-avalia%C3%A7%C3%A3o-do-fimcionamento-conjugal.pdf http://terapias-contextuais.com.br/wp-content/upIoads/2018/09/Question%C3%A1rios-IBCT-para-avalia%C3%A7%C3%A3o-do-fimcionamento-conjugal.pdf http://terapias-contextuais.com.br/wp-content/upIoads/2018/09/Question%C3%A1rios-IBCT-para-avalia%C3%A7%C3%A3o-do-fimcionamento-conjugal.pdf 534 Terapia Com portam ental Integrativa d e Casal ANÁLISE FUNCIONAL APLICADA À TERAPIA DE CASAIS Como para a IBC T um cônjuge é o contexto do outro, é im portante realizar uma análise funcional dos comportamentos do casal: os antecedentes, o comportamento propriamente dito, suas consequências e respectivas funções. Ao realizar a avaliação do caso, é necessário discriminar o tema do conflito, a polarização e a armadilha mútua (ou as consequências da interação) na qual o ca sal fica preso. O tema é a problemática nuclear, a descrição do ca sal em torno do problema, um conjunto de estímulos que faz com que o casal comece a se posicionar rigidamente a partir da perspec tiva de cada um, desencadeando os processos de polarização. Há temas de discussões comuns entre os casais, por exemplo, proximi dade versus distância, controle versus irresponsabilidade, economia conservadora versus economia liberal. O processo de polarização são as reações diante do tema, o que cada um faz. Geralmente os parceiros se colocam em polos opostos e se queixam de que o outro está errado. São formas destru tivas de interação, por exemplo, eles podem se ofender, ameaçar, hu milhar na tentativa de fazer com que o outro mude. Porém, esta tentativa que, em princípio seria um movimento para resolver um problema, termina por destruir a união. O resultado disso é que o casal fica preso numa “armadilha mútua”, numa reatividade emocio nal que impede respostas possíveis. Neste momento, o casal se sente desgastado, apático, sem ânimo para investir na relação, com deses perança, conforme a figura na página seguinte. Na análise funcional, o tema são os antecedentes, o problema, a polarização é a resposta (diante do problema) e a arm adilha mú tua são as consequências (geralmente negativas). Exemplos de per guntas do terapeuta: 1) Em relação ao tema (problem ática nuclear)-. Gostaria de saber o que trouxe vocês aqui? Exatamente, o que seria o problema, na perspectiva de cada um de vocês? O que acon tece minutos antes da discussão? A Prática das Intervenções Psicoterápicas 535 Polarização • padrões de interação que são iniciados quando ocorre o conflito em torno do tema * São as coisas concretas que os membros do casal fazem: - é o comportamento que pode ser observado Armadilha mútua • ambos os parceiro se sentem presos, desanimados e sem esperança • Importante: este estado de esgotamento e mal-estar é a consequência dos processos de polarização • Acusações, queixas, reclamações de maus modos: o casal se sente desgastado • Ambos sofrem Figura 18.2 Avaliação do caso. 2) Em relação à polarização (form as como o casal reage): En tão, quando acontece isto, o que você faz, João? E você, Ana? Ana, quando João se afasta, o que você faz? João, quando Ana insiste em falar, o que você faz? 3) Em relação à arm adilha m útua (o resultado da p o lariza ção): Vejo que quando surge o problema João a invalida e Ana grita com ele, e ambos iniciam uma discussão acalora da... sei que é a forma que conseguem lidar para tentar resol ver o problema... Mas o quê de fato acontece? Como se sente cada um depois deste enredo? AVALIAÇÃO E FORMULAÇÃO DE CASO DEEP Para fazer a avaliação do caso, Jacobson e Christensen (1996) sugerem que se faça a Formulação D EEP (palavra que representa “profundo” em inglês), sendo que a letra D se refere às Diferenças que o casal tem em torno do tema; a primeira letra E se refere às questões Emocionais que estão vivenciando e vulnerabilidades preexistentes, tais como problemas que são marcas da família de origem ou de uma 536 Terapia Comportamental Integrativa de Casal relação conjugal anterior; a segunda letra E aborda os fatores Externos que possam estar interferindo (desemprego, nascimento de um filho, famílias de origem, etc.) e a letra P se refere ao Padrão de interação ou de comunicação que utilizam para tentar solucionar os problemas, conforme representado na figura a seguir. Figura 18.3 A va liação e fo rm u lação de caso (D EEP). Para avaliar o padrão de interação do casal, é importante dife renciar o “problema primário”, comum da vida de casal, resultante de diferenças e incompatibilidades, que geram reações emocionais, prin cipalmente quando há vulnerabilidades de cada um, sendo pontos sensíveis conforme suas histórias de aprendizagem, do “problema se cundário”, isto é, a reatividade, o resultado dos padrões problemáticos de interação. Estes são classificados pelos autores, de forma metafóri ca, como “cura tóxica”, ou seja, a maneira utilizada para resolver um problema, a tentativa de curar pode ser pior que o próprio problema. Scanned by CamScanner A Prática das Intervenções Psicoterápicas 537 A seguir, exemplo de uma Formulação DEEP. • Diferenças -João sempre teve boas habilidades sociais, extrovertido, tendo facilidade para conversar com as pessoas, prefere ficar rodeado de amigos. Ana é mais reservada, tímida e gosta de ficar em casa com o marido. Discutem no momento de escolher as ati vidades de lazer, pois um quer estar com mais pessoas e o ou tro não, um quer dançar e o outro não. Diante das dificulda des, João prefere ficar calado, enquanto Ana não sossega até falar tudo o que deseja. Quanto mais ele se afasta, mais ela se aproxima com perguntas que ficam sem respostas. -Modelos de relacionamentos que tiveram das famílias de origem: - Na família de João o pai era muito rígido, cobrava muito do filho, exigindo que tinha de ser o melhor; a mãe, por sua vez, participava de muitas atividades comunitárias, fi cando muito tempo envolvida e se esquivava do marido a cada vez que ele iniciava uma briga. - Na família de Ana, os pais se separaram quando ela tinha três anos. Seu pai se envolveu com outra mulher, com a qual teve outra família, vendo pouco os filhos do primeiro casamento. Ana se sentia muito sozinha, visto que a mãese trancava no seu quarto e o irmão mais velho saía com os amigos. • Reações em ocionais e vulnerabilidades - Diante do problema, ambos sentem muita raiva como emo ção dura (a que é observada e aparece primeiro, é a emoção secundária que esconde a genuína emoção que está por trás), mas a emoção branda (a emoção oculta, primária) é tristeza para Ana, por continuar se sentindo só, e ansiedade para João, por continuar se sentindo exigido. -U m fator de vulnerabilidade para Ana é que no seu pri meiro casamento houve infidelidade, fato que fez com que ela desconfiasse de todos os homens, tendo medo de ser abandonada. Scanned by CamScanner 538 Terapia Comportamental Integrativa de Casal • Circunstâncias externas e estressores: -A s diferenças entre o casal se intensificaram desde o mo mento em que nasceu o primeiro filho. Ana se queixa muito de que João não ajuda a cuidar do filho e João diz que não consegue fazer nada certo com o filho, pois ela critica tudo e por isso ele desiste de fazer as coisas. • Padrões problem áticos de interação - Diante destes antecedentes, as condutas do casal são invali dação e discussões acaloradas. Ana revisa o celular de João e diz que ele “não presta pra nada, nem para ser pai”. João diz que Ana é “louca”, ameaça sair de casa e diz que vai se sepa rar. Diante desta coerção, Ana fica quieta, num longo perío do de silêncio. Após a avaliação do caso, no quarto encontro é realizada uma sessão de feedback, numa forma compreensível para o casal, tratando de discutir com eles, compartilhando opiniões, explicando o trata mento e estabelecendo os objetivos. O fato de lhes mostrar o resulta do de suas interações é uma maneira de mostrar ao casal o que já sa biam de alguma maneira. Com base nas seguintes questões e informa ções colhidas dos questionários de autorrelato, o terapeuta elabora uma sessão de feedback: • Qual o nível de tensão e mal-estar do casal? - No caso de João e Ana o nível de tensão é muito alto. • Qual o grau de compromisso? - Nos questionários ambos se dizem comprometidos com a relação e farão tudo o que puderem para melhorá-la. Outro aspecto que pode reforçar o grau de compromisso com a re lação é a busca pela terapia de casal. • Quais questões que estão enfrentando que os distanciam? - Lidar com as mudanças exigidas com a vinda do primeiro filho e com os momentos de individualidades de cada um. Scanned by CamScanner A Prática das Intervenções Psicoterápicas 5 3 9 • Por que este afastamento é um problema? o Porque toca nas sensibilidades de cada um e a consequente reatividade emocional se intensifica. • Quais pontos fortes que fazem com que fiquem juntos? O que funcionou outras vezes? É importante ressaltar os pontos fortes do casal, inclusive para lhes dar esperança. o Ana se sentiu atraída pela extroversão de João e esta caracte rística faz com que ele seja divertido, trazendo bom humor e leveza pra relação. Ana é muito comprometida com a fa mília, trazendo segurança para João. • O que a IB C T pode fazer por eles? E proposto que na tera pia cada um deverá dar 100% de si, inclusive o terapeuta, para evitar situações do tipo “só fazer algo depois que o ou tro fizer” . E indicado o treinamento em atenção plena, ou seja, mindfulness, para que ambos desenvolvam percepções de si, dos seus processos internos, e façam escolhas mais conscientes antes de tomar alguma atitude. A partir disso, cada um poderá observar o que pode ser mudado e o que deverá ser aceito, como, por exemplo, as emoções do outro, suas vulnerabilidades, sua personalidade. Inclui o trabalho de habilidades de comunicação e de resolução de problemas da terapia tradicional. E recomendado que o casal leia Diferenças Reconciliáveis: Re construindo seu relacionamento ao redescobrir o -parceiro que você ama, sem se perder (Christensen, Doss, & Jacobson, 2018). Segundo os autores o principal m otivador da escrita deste livro foi tornar a IBCT disponível para um número maior de pessoas. A proposta é a popularização da ciência, a oportunidade de os casais conhecerem e se ajudarem por meio dos princípios da IBCT. O livro evoluiu para um programa online nos Estados Unidos: Our Relationship, subsi diado pelo governo federal, que tem sido testado e com resultados positivos em sua efetividade. 540 Terapia Comportamental Integrativa de Casal TRATAMENTO A partir da contratação da terapia, as sessões são conduzidas com alguns pontos específicos. Parte-se do princípio de que os problemas po dem ser veículos para se chegar à intimidade. Como organização da agen da da sessão, pode ser aplicado o questionário semanal, o Weekly Ques tionnaire (Christensen, 2010, o qual é utilizado durante o tratamento para avaliar os acontecimentos positivos e negativos mais significativos entre as sessões e inclui uma breve avaliação da satisfação conjugal. A IB C T propõe como técnicas utilizadas em todo processo te rapêutico as inovadoras estratégias de aceitação, de tolerância, de au- tocuidado (orientadas para coisas que não se pode mudar) e as estraté gias de mudança, já conhecidas da terapia tradicional, que são o trei namento de habilidades de comunicação e de solução de problemas (orientadas para as coisas que podem ser mudadas). As estratégias de aceitação são utilizadas para que o casal se sinta mais unido diante do problema, sem ameaçar seu bem-estar. São elas: União Empática e Distanciamento Unificado. Neste processo, utiliza- se também as estratégias de tolerância. Sugere-se as estratégias de acei tação quando o casal não está muito desgastado, há boa vontade para trabalhar suas questões e ainda tem “alguns cartuchos para gastar”. Já as estratégias de tolerância são aplicadas quando o casal está com pou ca boa vontade, muitas dificuldades, com “último cartucho para gas tar” e/ou quando o assunto a ser trabalhado é grave. O trabalho com a aceitação propõe ao casal se afastar da ideia de que as diferenças m útuas são insuportáveis e a abandonar a luta para tentar m udar o outro. E dar abertura à própria experiência e à do outro, sentir o que sente e o que o outro sente. Para abarcar as dife renças, pode-se sugerir uma prática de m indfulness para casal, por exemplo, colocar ambos sentados um diante do outro. Solicita-se que, num primeiro m omento observem a própria respiração, seu ritmo, seu compasso e quais pensamentos e sentimentos que podem surgir. Depois solicita-se ao casal que observem a respiração do cônjuge, seu ritmo e compasso e quais pensamentos e/ou emoções surgem. E como Scanned by CainSra„„ A Prática das Intervenções Psicoterápicas 541 os parceiros tentar emparelhar suas respirações, forçando ficar igual, e ficam ansiosos com isso. Geralmente o feedback desta prática é que a respiração, seu ritmo e compassos são diferentes e parecidos com a personalidade de cada um (mais rápidos, ansiosos ou lentos e para dos). E que não há problemas em ter ritmos e compassos de respira ção diferentes. São só formas distintas de respirar. Este fato é trans posto para as diferenças que estão vivenciando, ou seja, está tudo bem, são só formas distintas de pensar, sentir e agir. Estratégias de aceitação Unido empática Propõe expressar dor ou angústia de uma forma que não inclua acusação, conforme a fórmula apresentada na figura: r~u Dor + Acusação = Dor - Acusação = Conflito Aceitação Figura 18.4 Fórmula "União empática". Essa técnica costuma auxiliar o casal a se observar e também a discriminar suas emoções. Estas são classificadas como “emoções du ras” versus “emoções brandas” . As emoções duras implicam em acusa ções, brigas sobre quem tem a razão, cobranças, coerção e, consequen temente, afastamento. As emoções brandas muitas vezes são ocultas para si mesmo e para o(a) parceiro(a). Ao conseguir se expressar sem acusar, a possibilidade de uma escuta efetiva é maior. Outra forma de 542 Terapia Comportam ental Integrativa de Casal utilizar a União em pática é observara relação entre o comportamento da pessoa com sua história de aprendizagem, abrindo para a compre ensão de que somente som os o que som os por causa das experiências da vida. Sendo assim, pode-se m udar um a concepção em relação ao parceiro, por exemplo, ao invés de taxá-lo com o egoísta, pode-se com preender que a pessoa aprendeu este comportamento. E a história (da família de origem ou relações anteriores) que mobiliza emoções que ressurgem no presente, com padrões m uito fortes que não permitem que a pessoa perceba ou consiga diferenciar do que acontece hoje. O que não gostamos no nosso parceiro (a) pode ser o que não gostamos em nós mesmos, na nossa história... A forma de gerar acei tação é colocar o comportamento da pessoa em contato com sua his tória pessoal, contextualizar o comportamento que se considera pro blemático dentro da formulação do problema. Assim, o comporta mento negativo é visto como parte de suas diferenças e não como uma má característica do outro. Foi solicitado ao João que discriminasse o que mais lhe incomo dava em Ana. Após se observar, ele disse que seria sua crítica e invali dação constantes, que ela era chata e eternamente insatisfeita. Foi soli citado que observasse o que sentia nestes momentos. João disse que se sentia inseguro e que jamais daria conta de ser o homem que ela dese java. Foi solicitado que João observasse ao longo de sua história de vida em quais momentos sentiu algo parecido. João lembrou da rela ção com seu pai, muito exigente, que não se sentia amado pelo o que era, mas por uma expectativa do pai, acreditando que jamais seria o filho que seu pai desejava ter. O mesmo foi solicitado à Ana, a qual disse que sentia medo de ser abandonada por João e, ao fazer conexão com sua história, lem brou tanto do abandono do pai quanto da mãe, a qual ficou deprimi da após a separação conjugal, do afastamento do irmão, que ficava fora de casa, e, por fim, do ex-marido que a traiu. As expressões de compreensão diante das dificuldades favorecem o aumento de empa- tia e da expressão das emoções brandas, estimulando maior intimida de entre o casal. Scanned bv po~,o A Prática d as Intervenções P sicoterápicas 545 Distanciamento unificado O Distanciamento unificado orienta o casal a se distanciar de seus conflitos, por meio de uma análise intelectual do problema, favo recendo o diálogo imparcial e descritivo. É unificado porque ambos têm de estar juntos para enfrentar o problema da relação. Propõe uma tomada de perspectiva da situação para que seja melhor observada e faz com que o casal veja o problema como algo que pode ser analisa do, dedicando-lhe tempo e falando dele sem se deixar envolver emo cionalmente ou entrar em discussão. Exemplo de uma sessão Terapeuta (T.): A na e João, um de vocês pode escolher um objeto daqui da sala? Ana escolhe a caixa de lenços e o terapeuta pede para descrevê-la. Ana (A.): Descrever? Bem, é colorida, fria , tem lenços de papel dentro, eu uso muito aqu i nas sessões, também serve p ara a gripe ou p ara lim par bumbum de bebê... é isso. Terapeuta pega a caixa e entrega para João, solicitando que ele a des creva. João (J.): É um objeto retangular que tem um orijicio dentro e no seu in terior tem lenços de papel. Isso. T : A descrição que vocês deram fo i exatamente igual? J.: Exatam ente não. T : A descrição que vocês deram fo i errada ? A.: Não, um pouco diferente, mas não teve uma certa ou errada. T : E se transformássemos esta caixa de lenços num problem a, a descrição ou percepção seria exatam ente igual? Ambos: Não. T : Então, se o fa to de ter percepções diferentes sobre as coisas, conforme sua personalidade, história de aprendizagem , não éproblem a, onde está o problem a? }.: E que a gente discute m uito... T : Quando discutem m uito, onde está o problem a? A.: No meio da gente! T.: Se o problema fosse um terceiro com vontade própria, o que ele estaria conseguindo? A.: A gente fica com raiva e se agride... ].: A gente se afasta. T : E onde vocês querem que esteja o problema? A.: Bem longe... T.: Mas onde vocês o colocam? Podem vê-lo? Como ele é? 0 que ele quer? Querem que ele fique aqui no meio de vocês e os afastando? J.: Lógico que não, mas não sabemos o que fazer... T .: E o que aconteceria se vocês vencessem o problema? A.: Talvez a gente aprendesse a lidar com ele, pois não aguento mais nos sas brigas... Eu quero viver melhor com João, a gente tem um filho lindo, não quero perder nossa fam ília... O Distanciamento unificado propõe ver o problema de uma maneira metafórica, como algo que quer o oposto do casal, que quer separá-los. É para estimulá-los para se unir e abordar juntos qualquer assunto, por mais difícil que seja. Em resumo, trata-se de torná-los uma equipe que luta contra as adversidades, pois a vida é repleta de problemas e o casal deve ter habilidades para lidar com eles. 1 544 Terapia Comportamental Integrativa de Casal Estratégias de tolerância Seria um nível diferente de aceitação. Se a pessoa não consegue a aceitação, ao menos pode tolerar o comportamento do outro, o quanto for possível (ressalta-se que situações de violência e maltrato, por exemplo, não podem ser toleradas). Em alguns casos, as técnicas de tolerância podem facilitar o caminho para a aceitação, partindo da tolerância forçada num contínuo à aceitação. Os principais objetivos são deixar o comportamento do outro menos doloroso, aumentar a habilidade para lidar com ele, reduzir a intensidade dos conflitos e di minuir o tempo de recuperação de uma briga. Pode-se destacar os aspectos positivos de algo que é visto como negativo, por exemplo o comportamento invasivo da Ana pode tam- Scanned by Cam Scarner A Prática das Intervenções Psicoterápicas 5 4 5 bém ser uma forma de cuidado desta relação, para que as coisas deem certo. Pode-se praticar condutas negativas na sessão, como uma forma de dessensibilização, reduzindo a carga emocional que um comporta mento gera. Por exemplo, solicitar que dramatizem na sessão a última briga que tiveram e observar o que sentem, abrindo espaço para emo ções e pensamentos e oportunizando escolhas de novos comporta mentos. Pode-se, ainda, prescrever uma tarefa de fingir as conhecidas discussões em casa, sem que o parceiro saiba, para observar não só as reações do parceiro como as suas também, além de dar um tom de bom humor nestas brigas, visto que ficará “divertido” provocá-las. Em relação aos princípios do autocuidado, estes se baseiam na ideia de que o cônjuge não pode satisfazer todas as necessidades ou mes mo qualquer necessidade particular todo o tempo. É um ponto impor tante de ser trabalhado visto que temos, culturalmente, a expectativa de que as relações amorosas são a “salvação de todos os males” de uma pes soa. Deve-se explorar possibilidades de autocuidado para cada um e au xiliá-los a colocar em prática, já que é algo que não depende do outro. Estratégias de m udança As estratégias de mudança são o treinamento de habilidades de comunicação e de resolução de problemas e não diferem daquelas em pregadas na terapia de casal tradicional. Tais estratégias são utilizadas para aumentar ou diminuir a frequência ou a intensidade de certos comportamentos e melhorar a comunicação e articulação por meio de tomada de decisão. Quando os casais estão com interações muito co ercitivas, usa-se, primeiramente, as estratégias de comunicação e de resolução de problemas, as quais refletem no aumento da aceitação. Treinamento de habilidades de comunicação As terapias contextuais propõem muita observação dos próprios processos internos. Uma das técnicas mais utilizadas é auxiliar a pessoa a se dar conta de que enquanto o outro fala geralmente não se está escu- 546 Terapia Com porta mental Integrativa de Casal tando o que é dito, mas numa escuta interna dos próprios pensamentos, como forma de contra-atacar o que foi dito. Assim, numa dramatiza ção, o terapeuta pode representar a “mente”, osdiversos pensamentos de cada membro do casal e não os deixar escutar o que o outro diz. Em relação à pessoa que expressa, há técnicas incorporadas da terapia tradicional, como, por exemplo, auxiliar o casal a falar na lin guagem do “Eu”, ou seja, dizer como se sente ou pensa diante de de terminada situação, sem atacar ou culpabilizar o outro. Por exemplo: Ana dizia: “Quando João se afasta, ele é um egoísta que não quer resolver as coisas” ; e ela pode dizer: “Quando João se afasta, eu sinto raiva porque penso que ele não quer resolver e tenho medo de ser abandonada de novo” . João dizia: “Quando Ana não gosta de algo, me agride feito uma louca, invadindo meu espaço e me criticando”; e ele pode dizer: “Quan do Ana não gosta de algo, fala de um jeito que eu me sento invalidado e me volta o velho pensamento de que eu não serei bom nunca...” Em relação à pessoa que escuta, são essenciais habilidades de uma escuta ativa, como, por exemplo, resumir ou parafrasear o que escutou para verificar com o parceiro se foi realmente isto que ele disse. Há diversas técnicas de comunicação, mas o essencial é ter consciência de que a verdadeira escuta necessita de empatia e compaixão, pois exi ge que se abra mão dos próprios pensamentos que rebatem o que está sendo dito, para só depois, noutro momento, poder colocar o que se deseja. A escuta ativa é, acima de tudo, um ato de amor. Treinamento de solução de problemas O treinamento de resolução de problemas também foi incorpo rado da terapia tradicional. Uma das principais habilidades é a defini ção do problema, pois é comum o casal ficar fusionado diante das emoções desencadeadas e não conseguir discriminar da melhor forma o que realmente os está atrapalhando. Além disso, por ser um proble ma do casal, a definição deve ser bilateral. A partir de uma boa definição do problema, pode-se explorar uma “chuva de ideias” de possíveis alternativas, verificar os prós e Scanned by Can,Q„ A Prática das Intervenções Psicoterápicas 547 contras de cada uma, escolher de comum acordo uma delas para co locar em prática, experimentar e observar os resultados. Um dos principais aspectos do treinamento de resolução de problemas é que cada parceiro assuma e reconheça a responsabilidade do próprio pa pel no conflito, só assim as mudanças serão possíveis, pois evitará que um se movimente somente depois da mudança do outro. Aqui as terapias contextuais enfocam nas ações de compromisso que cada cônjuge deseja fazer: “o que fez, faz ou faria o homem/mulher que quero ser nesta relação” . CONSIDERAÇÕES FINAIS Um dos aspectos bastante reforçados na IBCT é o trabalho pessoal do terapeuta, o qual deve desenvolver algumas habilidades, além do conhecimento teórico sobre as relações conjugais: ter des treza verbal, falar numa linguagem acessível para o casal, ter habi lidade analítica, ou seja, realizar análise funcional continuadamen- te, flexibilidade para adequação ao contexto que se apresenta; acei tação e compaixão pelas pessoas que buscam sua ajuda, habilidades de Mindfulness. O principal objetivo desta abordagem é que o casal tenha um relacionamento baseado em aceitação e adaptativo à realidade psicoló gica de cada cônjuge. Se o casal passa a conversar sobre seus proble mas e diferenças sem que isto se torne outro problema e se há mais união para enfrentar as dificuldades, estarão no caminho certo, pois as “boas” relações não têm a ver com a felicidade, têm a ver com a vita lidade, têm a ver com a manifestação da vida ao máximo. Isto implica em que ambos vão sentir ansiedade, dor, tristeza e medo. Isto implica em que ambos vão sentir alegria, amor, segurança e prazer. E...sim, em alguns momentos, vão sentir felicidade. Scanned by Cam Scanner 548 Terapia Comportamental Integrativa de Casal REFERÊNCIAS Cordova, J. V , Jacobson, N . S., & Christen sen, A. (1998). Acceptance versus change interventions in behavioral couple therapy: impact on couples in-session communi cation. Journal o f M arital and Family The rapy, 24(4), 437-455. doi: https://doi.org/10. 1111/ j .1752-0606.1998.tb01099.x Christensen, A. (2009). Couple Ques tionnaire. Unpublished questionnaire. 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