Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Roteiro de Aula de Pulpotomia Ø Polpa dental: Ø Classificação: Ø v A polpa dental, conjuntamente com a dentina, faz parte do complexo dentinopulpar e é constituída por tecido frouxo, ricamente vascularizado e inervado, com variedade celular, destacando os odontoblastos e e fibroblastos, Além disso, devido à presença de células imunocompetentes, é capaz de reagir a estímulos físicos, químicos e/ou biológico se consequentemente promover reparo com formação de uma barreira denominada ponte de dentina. Porém diante de estímulos e ou danos intensos, a polpa dentária torna-‐se incapaz de reagir ou promover reparo, podendo sofrer necrose quando ocorre a exposição do tecido pulpar em dentes decíduos. Contudo quando o diagnóstico da exposição é realizado precocemente, é possivel realizar procedimentos a fim de tentar consertar ou restabelecer a saúde pulpar, mantendo sua vitalidade. Terapia pulpar conservadora: polpa viva ou pulpite reversível ü Remoção seletiva de tecido cáriado ü Proteção Pulpar indireta: • Tratamento expectante • Proteção pulpar indireta ü Proteção Pulpar Direta: • Capeamento pulpar direto • Curetagem pulpar • Pulpotomia Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Odontologia UOP 2 2018/2 Profa. Laíza Fernandes Martins Ø Introdução • Embora a educação e a preservação no contexto da saúde bucal sejam prioritárias na odontopediatria contemporânea, as alterações de ordem pulpar que acometem os dentes decíduos em função de lesões de cárie e traumáticas ainda são muito frequentes (Piovesan et al 2010). Ø Prevalência: o Cárie dentária: 2,3 dentes (média) -‐ 5 anos de idade o Traumatismo: 14 a 36% (Brasil, Ministério da Saúde, 2011) Ø Função dos dentes decíduos: • A preservação da dentição decídua através do tratamento pulpar tem importância fundamental na manutenção da integridade e saúde dos tecidos dentais, permitindo que o dente decíduo complete seu ciclo biológico até a esfoliação fisiológica (Guedes Pinto et al 2016). • Manutenção do espaço • Fonética • Mastigação • Deglutição • Estética • Manutenção do antagonista no plano oclusal • Estímulo para crescimento dos maxilares Ø Objetivo da terapia pulpar: • Manter a integridade dos dentes decíduos e de seus tecidos de suporte. • Por meio de técnicas e medicamentos que permitam a continuidade do seu desenvolvimento normal até a época própria de exfoliação, respeitando as particularidades do ciclo vital desses dentes (AAPD 2014). Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Ø Particularidades: • Abordagem psicológica da criança • Ciclo biológico dos dentes decíduos: o Crescimento do orgão pulpar: Câmara pulpa rampla, grande número de células, células mesenquimais indiferenciadas e “blastos”, metabolismo formativo, boa resposta aos estímulos. o Maturação pulpar: Fechamento do ápice redicular, metabolismo menos intenso, resposta ainda favoráveis. o Regressão pulpar: Menor nº de células blásticas, maior nº de células clásticas e fibras colágenas, metabolismo de reabsorção. • Anatomia dos dentes decíduos o Compostos por 20 dentes o Menores que os dentes permanentes em todas as dimensões (1:3) o Menor espessura de esmalte e dentina o Câmara pulpar volumosa e cornos pulpares proeminetes o Canais radiculares: raízes divergentes; achatadas (MD); grande número de canais colaterais o Assoalho pulpar mais fino o Proximidade do germe permanente o Bilsel de rizólise Ø Diagnóstico da condição pulpar • Objetivo: reconhecer o estado de saúde, inflamação ou necrose da polpa para propor o tratamento e prognóstico adequados ao dente. • História médica abrangente • Revisão do histórico odontológico passado e presente e tratamento, incluindo sintomas atuais e queixa • Avaliação subjetiva da área: -‐ Localização, Intendiade, Duração, Estímulo, Alívio, Espontaneidade. Ø Exame clínico: ü Extra bucal: • Simetria facial: abscesso e edema ü Intra bucal: • Tecidos moles e de suporte: alteração de cor, textura, tumefação gengival, fístula, abscesso, edema ou ulceração • Tecidos duros: padrão e extensão das lesões de cárie ou fraturas, mobilidade dental, presença de pólipo pulpar ou reabsorções. Ø Exame radiográfico: • Extensão e profundidade da lesão de cárie • Condições anatômicas do dente para tratamento e restauração posterior • Integridade da lâmina dura (rarefação óssea interradicular ou periapical) • Envolvimento da furca e cripta óssea do germe permanente • Estágio e padrão de rizólise do dente decíduo • Presença e estágio de formação do dente permanente • Rebsorção radicular interna • Presença de calcificações internas Ø Teste de vitalidade pulpar: • Palpação, percussão e mobilidade (sugeridos de AAPD 2015/2016) • Testes térmicos e elétricos, validade limitada: são contraindicados Ø Pulpotomia • Consiste na remoção do tecidopulpar coronário seguida pela proteção da polpa radicular remanescente com um material protetor que preserve sua vitalidade e integridade, além de estimular a deposição de tecido mineralizado. • É considerado um tratamento definitivo e de custo reduzido, quando comparada aos procedimentos endodônticos radicais, sendo sua taxa de sucesso em torno de 96%. Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Ø Indicação: ü Saúde geral do paciente: § Crianças sem alterações sistêmicas ü Sitomatologia: § Dor provocada e que cessa com uso de analgésicos ü Aspectos clínicos: § Lesão de cárie profunda: pulpite reversível § Exposição pulpar por traumatismo (+ de 24 horas). § Possibilidade de posterior restauração § Ausência de fístula, edema ou ulcerações § Ausência de mobilidade patológica § Exposição pulpar durante a remoção do tecido cariado ü Aspectos macroscópicos: § Sangramento vermelho vivo § Testura normal da polpa § Resistente ao corte § Fácil hemostasia – até 5 minutos ü Aspectos radiográficos: § Ausência de rarefação óssea na região periapical e interradicular § Ausência de reabsorção radicular interna § Ciclo biológico compatível com o de crescimento e maturação pulpar § Reabsorção radicular de no máximo 1/3 da raiz § Integridade da lâmina dura Ø Contraindicação: ü Saúde geral do paciente: § Paciente com estado de saúde geral debilitado ü Sitomatologia: § Dor espontânea ou noturna § Dor que não cessa cim uso de analgésico ü Aspectos clínicos: • Impossibilidade de isolamento absoluto e restauração • Ciclo biológico compatível com o estágio de regressão pulpar • Presença de fístula , edema ou ulcerações • Presença de mobilidade patológica ü Aspectos macroscópicos: • Sangramento excessivo ou ausência • Cor do sangramento escuro • Tecido pulpar liquefeito ou fibroso • Tempo de hemostasia superior a 5 minutos ü Aspecto radiográfico: • Dentes com mais de 1/3 de reabsorção • Presença de reabsorção interna • Presença de lesão periapical/ entre as raízes • Perda de integridade da lâmina dura Ø Evidências científicas • Para pulpotomia o MTA foi superior ao formocresol e sulfato férrico; todos os três tratamentos são superiores ao hidróxido de cálcio. Assim o MTA parece se destacar como a melhor opção de tratamento para pulpotomia em dentes decíduos no momento (SMAÏL-‐FAUGERON et al 2018). Ø Formocresol • Composto por: -‐1 parte de Formocresol original; -‐3 partes de glicerina -‐1 parte de água destilada ü Utilizado para desinfecção de agentes usados comumente em pisos e superfícies hospitalares. ü No entanto, o formaldeído é um agente cancerígeno (da segunda categoria, de acordo com a modificação (67/548 /CEE) e agente mutagénico (da terceira categoria, de acordo modificado (67/548 / CEE). ü É tóxico se ingerido ou se houver contato cutâneo e pode causar severas queimaduras e lesões oculares. Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce ü A Academia Americana Odontopediatria advogam não usar formocresol (SMAÏL-‐FAUGERON et al 2018). ü Porém é amplamente utilizado na rede publica por ser baixo custo e sucesso entre 70 a 80 % Ø Hidróxido de cálcio • Material biocompátivel • Possui ação bactericida, pois atua na membrana celular inibindo crescimento bacteriano • Possui resultados não esperados: • Alguns estudos demonstram ter porcentagem reduzida de sucesso • Insucesso em dentes decíduos: reabsorção interna Ø Sulfato férrico • Agente hemostático • Promove coagulação rápida • Fixação superficial do tecido pulpar • Redução da inflamação crônica e da reabsorção interna • Sucesso clínico e radiográfico semelhantes ao formocresol • Alternativa ao formocresol: baixa toxicidade ü Agregado Trióxido Mineral (MTA) (Padrão Ouro) • Hidrofílico • Biocompatível • Ótima capacidade seladora • Não tem potencial mutagênico • Não altera a morfologia celular • Estimula formação de tecido celular • Estimula formação de tecido mineralizado • Alto custo • Composição: alumínio, silicato tricálcico e óxido de bismuto (radiopacidade) • Presa: 3 a 4 horas ü Preparo da mesa clínica § Kit clínico (espelho bucal, pinça clínica e sonda exploradora § Anestesia § Isolamento absoluto § Alta e baixa rotação § Brocas carbide para remoção do tecido cariado (nº2,4) § Pontas diamantadas para abertura coronária ( nº 1014, 3080, 3081, 3082, Endo Z) § Curetas grandes de hastes longas (nº1 e 2) § Cubeta contendo soro fisiológico § Seringa descartável para irrigação § Bolinhas de algodão esterelizadas § Sugador clínico e para endodontia § Material capeador § Material para base cavitária § Material restaurador ü Técnica pulpotomia: § 1º Bochecho com Digluconato de clorexidina (0,12%) § 2º Anestesia local: anestésico tópico, (Máxila -‐ infiltrativa; Mandíbula – pterigomandibular e complementar para isolar) § 3º Isolamento absoluto: (explicações prévias, necessidade de amarrar o grampo) § 4º Remoção do tecido cariado: brocas esféricas embaixa rotação § 5º Abertura coronária: remoção de teto da câmara coronária e desgaste compensatórion uso de pontas diamantadas esféricas em alta rotação § 5º Remoção da polpa coronária: escavador de haste longa § 6º Irrigação e hemostasia: soro fisiológico § 7º Aplicação do MTA: levar o MTA com porta amálgama, recobrindo toda parede pulpar (espessura de 2mm) Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce Daiane Realce • 8º Condesar levemente o material: com mecha de algodão esterilizada e úmida • 9º Base cavitária: utilizar o CIV modificado • 10º Restauração definitiva: CIV modificado ou resina Ø Controle pós operatório: • Controle clínico e radiográfico – 1x ao ano (mínimo 2 anos) • Ausência de sintomatologia dolorosa • Integridade da lâmina dura • Ausência de lesão periapical e/ou rarefação óssea na região de bifurcação • Ausência de reabsorção interna • Formação da ponte de dentina: após 30 a 40 dias • Não vizualização não significa insucesso do tratamento Daiane Realce
Compartilhar