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Efetividade das Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil

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CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA IZABELA HENDRIX 
Graduação em Direito 
 
 
 
 
 
 
A EFETIVIDADE DAS SENTENÇAS DA CORTE INTERAMERICANA DE 
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
Patrícia Alves Fernandes 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2013
 
 
 
 
 
 
Patrícia Alves Fernandes 
 
 
 
 
 
 
 
A EFETIVIDADE DAS SENTENÇAS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS 
HUMANOS NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Programa de Graduação em Direito do Centro 
Universitário Metodista Izabela Hendrix, como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. 
 
Orientadora: Dra. Eunice Maria Nazarethe Nonato 
 
 
Belo Horizonte 
2013
 
 
 
 
 
Patrícia Alves Fernandes 
 
A EFETIVIDADE DAS SENTENÇAS DA CORTE INTERAMERICANA DE 
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Programa de Graduação em Direito do Centro 
Universitário Metodista Izabela Hendrix, como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. 
 
 
 
________________________________________________________ 
Dra. Eunice Maria Nazarethe Nonato (Orientadora) - IMIH 
 
 
____________________________________________________ 
Dr. Manuel Alfonso Diaz Muñoz - IMIH 
 
___________________________________________________ 
Profa. Lisieux Nidimar Dias Borges - IMIH 
 
 
 
Belo Horizonte, 25 de novembro de 2013
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Aos meus pais, 
Pelo encorajamento e carinho.
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Fica expresso o meu agradecimento a todos que contribuíram para a 
elaboração deste trabalho e em especial: 
À Professora Eunice Maria Nazarethe Nonato pela orientação e 
aprendizagem. 
Ao meu namorado Alan Lopes pela imensa ajuda, apoio e compreensão. 
Aos meus pais, irmãos, familiares e amigos que me encorajaram. 
Aos meus professores e colegas que participaram e incentivaram a minha 
formação acadêmica. 
E a todos que contribuíram para a construção deste trabalho.
 
 
 
 
 
RESUMO 
Este trabalho de conclusão de curso apresenta um estudo sobre a efetividade das 
sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Realizou-se, pesquisa 
bibliográfica sobre o conceito, abordagem histórica e proteção dos direitos humanos, 
sobre a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Realizou-se ainda análise de 
dois casos Lund Gomes contra o Brasil e Garibaldi contra o Brasil para a verificação 
do cumprimento das sentenças da Corte pelo Brasil. Através da análise dos casos 
concretos constatou-se que o Brasil não cumpriu integralmente as sentenças da 
Corte, portanto é necessário a implementação de mecanismos por parte dos Órgãos 
internacionais para que as sentenças da Corte sejam efetivas. 
Palavras-Chave: Corte Interamericana de Direitos Humanos. Sentenças. Efetividade. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
This work completion of course did a study on the effectiveness of the decisions of 
the Court of Human Rights. Made bibliographic research on the concept, historical 
approach and protection of human rights, on the Inter-American Court of Human 
Rights. Did also analysis of the two cases Gomes Lund against Brazil and Garibaldi 
against Brazil for the verification of compliance with the Court's decisions by Brazil. 
Through the analysis of real cases found that Brazil does not fully comply with the 
Court's decisions, so it is necessary to implement mechanisms on the part of 
international organizations to the Court's decisions shall be effective. 
Keywords: Inter-American Court of Human Rights. Decisions. Effectiveness.
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9 
2 BREVE INTRODUÇÃO DA NOÇÃO DE DIREITOS HUMANOS ...................... 10 
2.1 O conceito de direitos humanos .............................................................. 10 
2.2 O surgimento dos tratados internacionais de proteção aos direitos 
humanos .......................................................................................................... 11 
2.3 A proteção dos direitos humanos no contexto internacional e no Brasil
 ......................................................................................................................... 14 
3 ALGUNS ASPECTOS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS 
HUMANOS ....................................................................................................... 17 
3.1 O contexto de surgimento ........................................................................ 17 
3.2 A competência .......................................................................................... 18 
3.3 A organização, acesso e funções ............................................................ 19 
3.4 Condições de admissibilidade do caso ................................................... 20 
3.5 O procedimento da Corte e as ações da Comissão perante a Corte ...... 21 
4 A COERCITIVIDADE DA CORTE INTERAMERICANA NO BRASIL ............... 23 
4.1 O caso da Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) VS. Brasil ..... 23 
4.2 O caso Garibaldi VS. Brasil ...................................................................... 27 
4.3 Uma crítica à efetividade das sentenças da Corte Interamericana de 
Direitos Humanos no Brasil ........................................................................... 29 
5 CONCLUSAO ................................................................................................ 30 
 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 31 
 
9 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como tema central a efetividade 
das sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil, o objetivo é 
analisar se as sentenças estão sendo cumpridas já que o bem tutelado é a proteção 
dos direitos humanos. 
A pesquisa é relevante, pois não é um tema muito discutido no direito 
brasileiro, apesar de que os direitos humanos é um assunto que tem sido muito 
discutido no âmbito internacional. A proposta da pesquisa é que por meio da 
apresentação dos conceitos, da abordagem histórica e da proteção dos direitos 
humanos e além de informar sobre as características principais da Corte 
Interamericana de Direitos Humanos, possa fazer uma análise dos casos concretos 
Gomes Lund versus Brasil e Garibaldi versus Brasil, a fim de estabelecer se as 
sentenças da Corte são efetivas ou não no Brasil. 
Os Direitos Humanos criaram forma no século XX, principalmente após a 
Segunda Guerra Mundial, marcada por eventos que evidenciaram a urgência de se 
estabelecer mecanismos de proteção aos direitos humanos. No primeiro momento 
preocuparam em conceituar os direitos humanos, superado este problema, foi 
promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, mas sem força 
vinculativa, procurou-se criar tratados internacionais que fossem ratificados pelos 
Estados e estes faziam o compromisso de proteger os direitos humanos e muitos se 
submeteram a competência contenciosa das Cortes Internacionais. 
O Brasil ratificou a Convenção Americana e posteriormente se submeteu a 
competência contenciosa da Corte Interamericana de Direitos Humanos, assumindo 
internacionalmente o compromisso de proteger os direitos humanos, portanto tem a 
obrigação de cumprir integralmente as sentenças proferidas pela Corte mesmo que 
sejam contra ele. 
Com isso, objetiva-se a construção de um trabalho crítico para análise da 
proteção dos direitos humanos por intermédio da observação do Estado brasileiro 
das normas internacionais e do cumprimento das sentenças da Corte. 
 
 
 
10 
 
2 BREVE INTRODUÇÃO DA NOÇÃO DE DIREITOS HUMANOS 
 
Os Direitos humanosapesar de serem como o próprio nome sugere inerentes 
aos seres humanos, foram difundidos apenas no século XX com a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos em 1948. 
Para melhor compreensão do tema abordado na presente pesquisa serão 
apresentados conceitos sobre os direitos humanos, breve relato histórico sobre os 
mesmos e a proteção no âmbito internacional e brasileiro. 
 
2.1 O conceito de direitos humanos 
 
Os direitos humanos por serem direitos intrínsecos aos seres humanos, 
surgiram por meio da luta por proteção da condição humana de igualdade e 
liberdade, almejando garantias contra atos ou omissão que possam denegrir ou 
ausentar estes direitos. 
Para conceituar os direitos humanos Flávia Piovesan expõe o seguinte: 
 
[...] concepção contemporânea de direitos humanos, marcada pela 
universalidade e indivisibilidade desses direitos. Universalidade porque 
clama pela extensão universal dos direitos humanos, sob a crença de que a 
condição de pessoa é o requisito único para a titularidade de direitos, 
considerando o ser humano como um ser essencialmente moral, dotado de 
unicidade existencial e dignidade. Indivisibilidade porque, ineditamente, o 
catálogo dos direitos civis e políticos é conjugado ao catálogo dos direitos 
econômicos, sociais e culturais. A Declaração de 1948 combina o discurso 
liberal e o discurso social da cidadania, conjugando o valor da liberdade ao 
valor da igualdade. (PIOVESAN, 2006, p. 37-38). 
 
Já Alexandre de Moraes os compreende como direitos humanos 
fundamentais e declara que: 
 
Surgiram como produto da fusão de várias fontes, desde tradições 
arraigadas nas diversas civilizações, até a conjugação dos pensamentos 
filosóficojurídicos, das ideias surgidas com o cristianismo e com o direito 
natural. Essas ideias encontravam um ponto fundamental em comum, a 
necessidade de limitação e controle dos abusos de poder do próprio Estado 
e de suas autoridades constituídas e a consagração dos princípios básicos 
da igualdade e da legalidade como regentes do Estado moderno e 
contemporâneo. (MORAES, 1998, p.19). 
 
11 
 
Como também Carlos Henrique Bezerra Leite utiliza dos conceitos dados 
pelos jusnaturalistas, juspositivistas, jusrealistas para concluir que os direitos 
humanos são direitos de luta: 
 
[...] podemos dizer que Direitos Humanos são direitos morais, porque tal 
fundamentação ética tem por objetivo a efetivação dos princípios da 
dignidade, da liberdade, da igualdade e da solidariedade, conciliando, 
assim, as formulações dos jusnaturalistas, juspositivistas e jusrealistas, pois, 
como dizia Bobbio, o problema não é justificá-los, e sim garanti-los. Trata-
se, portanto, de um problema não apenas jurídico, como também filosófico e 
histórico. (LEITE, 2011, p. 38-39). 
 
Nota-se que os direitos humanos visam proteger a condição humana de 
igualdade procuram assegurar a dignidade e estabelecer limites na relação entre o 
Estado e os cidadãos para uma coexistência justa e harmoniosa. 
 
2.2 O surgimento dos tratados internacionais de proteção aos direitos 
humanos 
 
Como anteriormente exposto, os direitos humanos foram conquistados 
mediante lutas pela igualdade, liberdade, portanto desde os mais remotos relatos 
veem-se traços da tentativa de proteção e de garantias aos direitos individuais como 
discorre Alexandre de Moraes: 
 
A origem dos direitos individuais do homem pode ser apontada no antigo 
Egito e Mesopotâmia, no terceiro milênio a.C, onde já eram previstos alguns 
mecanismos para proteção individual em relação ao Estado. O código de 
Hamurabi (1690 a.C) talvez seja a primeira codificação a consagrar um rol 
de direitos comuns a todos os homens, tais como a vida, a propriedade, a 
honra, a dignidade, a família, prevendo igualdade, a supremacia das leis em 
relação aos governantes. A influência filosófico-religiosa nos direitos do 
homem pôde ser sentida com a propagação das ideias de Buda, 
basicamente sobre a igualdade de todos os homens (500 a.C). 
Posteriormente, já de forma mais coordenada, porém com uma concepção 
muito diversa da atual, surgem na Grécia vários estudos sobre a 
necessidade da igualdade e liberdade do homem, destacando-se as 
previsões de participação política dos cidadãos (democracia direta de 
Péricles); crença na existência de um direito natural anterior e superior às 
leis escritas, defendida no pensamento dos sofistas e estoicos ( por 
exemplo, na obra Antigona – 441 a.C –, Sófocles defende a existência de 
normas não escritas e imutáveis, superiores aos direitos escritos pelo 
homem). Contudo, foi o Direito romano quem estabeleceu um complexo 
mecanismo de interditos visando tutelar os direitos individuais em relação 
aos arbítrios estatais. A lei das doze tábuas pode ser considerada a origem 
dos textos escritos consagradores da liberdade, da propriedade e da 
proteção aos direitos do cidadão. (MORAES, 1998, p. 25-26). 
 
12 
 
Carlos Henrique Bezerra Leite (2011) trata em seu livro “Direitos Humanos” 
da evolução histórica dos direitos humanos e afirma que as primeiras declarações 
foram: a Declaração de Direitos do Bom Povo de Virginia e a Declaração de 
Independência dos Estados Unidos da América, a primeira já apresentava referência 
ao direito à vida, à liberdade e a propriedade, a segunda determina que todos os 
homens são iguais e dotados de direitos inalienáveis, no entanto, estes direitos só 
eram conferidos aos homens que fossem brancos e ricos. 
Segundo Bezerra Leite (2011) a próxima foi a Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão de 1789 – Declaração Francesa – defendia a igualdade, 
fraternidade e liberdade, mas como a declaração estadunidense, os direitos 
declarados só estavam adstritos aos homens, brancos e ricos. 
 O mesmo autor da referida obra expõe que após a 2ª Guerra Mundial – que 
trouxe inúmeras perdas, destruições e prejuízos – criou-se a ONU (Organização das 
Nações Unidas) em 1945, com o intuito de promover a paz entre as nações, portanto 
em dezembro de 1948 foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(DUDH), essa determinou que todas as pessoas são livres e iguais e devem agir 
com fraternidade umas com as outras. Este documento foi compreendido pela 
Comissão de Direitos Humanos como sendo sem força vinculante, como uma carta 
de princípios de recomendações, pois seria necessária a constituição de Pacto 
Internacional, que após de ser ratificado pelos Estados-membros teriam força 
vinculante. No entanto, Bezerra Leite, compreende que a DUDH são normas 
consuetudinárias que vinculam todos os Estados e povos e seus artigos almejam 
reconhecer os direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, o direito ao 
desenvolvimento e os direitos globais. 
Portanto a Comissão de Direitos Humanos da ONU, propôs a criação do 
Pacto Internacional de direitos humanos civis, políticos, econômicos, sociais e 
culturais que deveria ser submetido a ratificação dos Estados-membros, afim de 
vincular os direitos expressos na Declaração Universal de Direitos Humanos, mas 
devido discordâncias políticas entre as grandes potências capitalistas e socialistas, a 
Comissão propôs a criação de dois tratados sendo: o Pacto Internacional de Direitos 
Civis e Políticos e o Pacto Internacional de direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
Apesar da divisão, na essência os direitos humanos são reconhecidos como sendo 
indivisíveis e universais. 
13 
 
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP), o autor sintetiza 
os direitos tutelados por este pacto: 
 
Os principais direitos e liberdade consagrados pelo PIDCP podem ser 
sintetizados como: direito à vida, de não ser torturado, de não ser 
escravizado nem submetido à servidão, à liberdade e à segurança pessoal, 
de não ser preso arbitrariamente, a um julgamento justo, à igualdade 
perante a lei, à proteção da vida privada contra atos arbitrários e ilegais, à 
liberdade de locomoção, à nacionalidade, de casar e de formar, à liberdadede pensamento, a consciência e religião, à liberdade de expressão e 
opinião, à reunião para fins pacíficos, à liberdade de associação, incluindo a 
liberdade sindical, de votar e tomar parte no Governo. (LEITE, 2011, p. 21). 
 
Em relação ao Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais (PIDESC), este é divido em cinco partes que tratam sobre: a 
autodeterminação dos povos; o compromisso dos Estados de implementarem os 
direitos nele previstos; direitos sociais, econômicos e culturais; o mecanismo de 
supervisão por meio da apresentação de relatórios ao Conselho Econômico e Social 
das Nações Unidas; normas sobre à ratificação e vigência do Pacto. 
Bezerra Leite (2011) afirma que o Brasil não privilegia os direitos humanos 
tanto que o Pacto Internacional de Direitos civis e Políticos e o Pacto Internacional 
de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais só foram ratificados pelo Brasil em 1991, 
os profissionais da área jurídica se especializam nas áreas de Direito Civil e 
Processo Civil, isto demonstra que não está ainda na cultura dos brasileiros a 
observação e preservação dos direitos humanos. 
São citados por Bezerra Leite na mesma obra outros tratados de direitos 
humanos: Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Contra a Mulher; Convenção sobre os Direitos da Criança; Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos; Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência; Convenção da Organização Internacional do Trabalho. 
Nota-se que os direitos humanos só receberam a concepção de direito da 
pessoa humana, de forma que não discrimine nenhum ser humano, apenas em 1948 
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a partir deste momento, pelo 
menos juridicamente, todas as pessoas passaram a ser reconhecidas como 
detentoras de direitos que garantem sua dignidade, liberdade e igualdade perante as 
outras, com o passar dos anos os Tratados visaram resolver a questão da 
igualdade, nivelando as desigualdades, com tratados específicos para as minorias, 
14 
 
como exemplo a Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação Contra a Mulher. 
 
2.3 A proteção dos Direitos Humanos no contexto internacional e no Brasil 
A proteção dos direitos humanos surgiu após constatação que era 
imprescindível estabelecer limites nas ações Estatais em relação aos indivíduos e 
estabelecer critérios para solução de conflitos oriundos do desrespeito à condição 
humana, no último século muito se discutiu sobre o assunto e os Tratados 
Internacionais propunham que quem os aderisse cumprisse com suas obrigações. 
Segundo Antonio Augusto Cançado Trindade (2002, p. 19) em seu artigo “A 
Consolidação da Capacidade Processual dos Indivíduos na Evolução da Proteção 
Internacional dos Direitos Humanos: Quadro Atual e perspectivas na Passagem do 
Século”, os direitos humanos têm obtido cada vez mais consideração na esfera 
internacional nos últimos anos, isto porque os tratados e demais instrumentos 
internacionais apresentam unidade nos conceitos e propósitos de que se protegem 
direitos intrínsecos a toda pessoa humana e por intermédio dos órgãos 
internacionais de proteção aos direitos humanos muitas vítimas têm sido socorridas 
ao longo das últimas décadas. 
Cançado Trindade, argumenta que “as iniciativas no plano internacional não 
podem se dissociar da adoção e do aperfeiçoamento das medidas nacionais de 
implementação [...].” (TRINDADE, 2002, p. 22). Dessa forma demonstra a 
importância dos Estados não somente ratificar tratados de proteção, mas agir de 
forma a garantir que estes direitos sejam respeitados, o que requer medidas 
positivas e compatibilizando as leis nacionais com as leis internacionais de proteção, 
permitindo assim que as vítimas possam recorrer aos tribunais nacionais para 
proteção de seus direitos. 
Em relação à proteção dos direitos humanos no contexto brasileiro Flávia 
Piovesan faz importantes considerações em seu livro “Direitos Humanos e o Direito 
Constitucional Internacional”, afirmando que: 
 
Com efeito, ao longo do processo de democratização, o Brasil passou aderir 
a importantes instrumentos internacionais de direitos humanos, aceitando 
expressamente a legitimidade das preocupações internacionais e dispondo-
se a um diálogo com as instâncias internacionais sobre o cumprimento 
conferido pelo País às obrigações internacionalmente assumidas. No 
processo de democratização, por outro lado, acentuou-se a participação e 
15 
 
mobilização da sociedade civil e de organizações não governamentais no 
debate sobre a proteção dos direitos humanos. (PIOVESAN, 2012, p. 362). 
 
A autora expõe que com a ratificação em 1º de fevereiro de 1984 da 
Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a 
Mulher o Brasil iniciou a internalização do Direito Internacional dos Direitos 
Humanos, com isso foram posteriormente ratificados outros importantes Tratados 
Internacionais de Direitos Humanos. 
Flávia Piovesan declara que por proteger os direitos humanos internacionais o 
Brasil assegura aos seus cidadãos a titularidade de direitos internacionais, e 
demonstra obrigação em face da comunidade internacional de “manter e 
desenvolver o Estado Democrático de Direito e de proteger, mesmo em situação de 
emergência, um núcleo de direitos básicos e inderrogáveis.” (Piovesan, 2012, p. 
371). 
Outra observação importante da autora é que ao ratificar um Tratado 
Internacional de direitos humanos, o Brasil precisa de se abster das reservas e 
declarações restritivas, por ser uma recomendação da Declaração de Viena no ato 
de ratificação dos Tratados, Convenções e Protocolos, o que pode ser encontrado 
no Art. 26 da Declaração de Viena de 1993: 
 
26. A Conferência Mundial sobre Direitos Humanos vê com bons olhos o 
progresso alcançado na codificação dos instrumentos de direitos humanos, 
que constitui um processo dinâmico e evolutivo, e insta à ratificação 
universal dos tratados de direitos humanos existentes. Todos os Estados 
devem aderir esses instrumentos internacionais; e todos os Estados devem 
evitar ao máximo a formulação de reservas. (VIENA, 1993). 
 
Outro aspecto importante acerca da proteção dos direitos humanos é feita por 
André Del Negri (2009) em seu livro “Teoria da Constituição e do Direito 
Constitucional” é sobre os tratados internacionais sobre direitos humanos – referidos 
pelo autor por direitos fundamentais – pois na Emenda Constitucional nº 45/2004 
trata somente sobre a constitucionalização dos tratados internacionais que seriam 
ratificados pelo Brasil a partir da Emenda, mas não faz referência sobre os tratados 
que foram ratificados anteriormente, sendo que estes foram recepcionados no 
ordenamento jurídico brasileiro como Leis Federais, para rediscutir este status será 
necessário utilizar-se de uma PEC, conforme art. 60, inciso, I, II e III, CR/88, para 
passar por procedimento legislativo das emendas constitucionais, queria “com 
16 
 
debate e votação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, 
com um quorum de três quintos dos votos dos respectivos membros” (DEL NEGRI, 
2009, p. 121). 
Del Negri (2009) assevera que é importante os antigos tratados serem 
normas constitucionais por ser mais coerente com a legitimidade do Direito, visto 
que “até facilitaria a reivindicação dos conteúdos (liquidez e certeza) correlacionados 
no tratado pela via do mandado de segurança” (DEL NEGRI, 2009, p. 122), mas o 
impasse entre permitir que o Supremo Tribunal Federal possa de forma 
interpretativa dar status de norma constitucional, pois isso seria contrário do que 
está previsto na Constituição Federal a respeito da produção de leis. 
A proteção dos direitos humanos é obrigação dos Estados que em 
conformidade com os órgãos internacionais de proteção devem estabelecer meios 
de garantir que estes direitos não sejam desrespeitados no âmbito nacional.17 
 
3 ALGUNS ASPECTOS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS 
HUMANOS 
 
Para a compreensão da Corte Interamericana de Direitos Humanos será 
utilizado o texto de Carlos Alberto Dunshee de Abranches intitulado “The Inter-
American Court Of Human Rights”, que faz uma abordagem abrangente em relação 
a Corte, o que colabora para o entendimento da história, da organização, da função 
dos procedimentos da Corte. 
 
3.1 O contexto de surgimento 
 
Carlos Alberto Dunshee de Abranches em seu artigo “The Inter-American 
Court Of Human Rights” relata que em 1950 com o consentimento da Convenção 
Europeia de Direitos Humanos foi criada em Roma a primeira Corte de Direitos 
Humanos, na mesma convenção foram estabelecidos dois órgãos: a Comissão e a 
Corte, esta Corte exerceu muita influência na Corte Interamericana de Direitos 
Humanos. 
Abranches (1980-1981) afirma que em Bogotá na Nona Conferência 
Internacional dos Estados Americanos, em 30 de março de 1948, foram aprovados 
três instrumentos fundamentais para a proteção dos direitos humanos no Sistema 
Interamericano: A Carta da Organização dos Estados Americanos; A Declaração 
Americana dos Direitos e Deveres do Homem e a Resolução XXXI, pedindo a 
elaboração de um projeto de estatuto para a criação de uma corte Interamericana 
para garantir os direitos do homem, esta Resolução foi originada pela proposta feita 
pelo Governo brasileiro em Bogotá, mas em 26 de setembro de 1949, o Comitê 
Jurisdicional Interamericano concluiu em relação a Resolução XXXI que era muito 
prematuro a elaboração de um projeto de estatuto para a Corte. 
É relatado por Abranches (2013) que na Décima Conferência Interamericana, 
realizada em Caracas em 1954, confiou a Organização dos Estados Americanos 
(OEA) a continuidade nos estudos jurisdicionais para a proteção dos direitos 
humanos. Cinco anos depois, na Quinta Reunião de Consulta dos Ministros das 
Relações Exteriores considerou a recomendação feita pelo comitê Interamericano e 
aprovou a Resolução VIII, na qual confiava ao Conselho de Juristas Interamericanos 
a preparação do projeto para a Convenção de Direitos e Humanos e o esboço para 
18 
 
outro adequado órgão de proteção aos direitos humanos, na parte II da Resolução 
criou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos que deveria ser organizada 
pela OEA. Em 1959, em Santiago o Conselho Interamericano de Juristas elaborou o 
Projeto da Convenção de Direitos Humanos, adaptando o Estatuto da Corte 
Internacional de Justiça e as provisões da convenção Européia da Corte de 
Strasbourg ao projeto, o qual definia os direitos civis e políticos, os direitos 
econômicos, sociais e culturais, como também a estrutura, organização e jurisdição 
da Corte. 
Abranches (2013) afirma que em 1966, o Conselho Permanente da OEA 
direcionou a Comissão Interamericana para estudar os projetos do Conselho 
Interamericano de Juristas e os Projetos do Chile e Uruguai, para assim preparar um 
projeto revisado, e isto foi realizado durante a Sessão ocorrida entre abril de 1966 e 
julho de 1968, todos os membros da Comissão fizeram parte do trabalho e o 
resultado foi o projeto revisado e intitulado “A Convenção Interamericana de 
Proteção dos Direitos Humanos”, nos artigos 42 a 52 se referem a Corte. 
O relato de Abranches (2013) é que na sessão realizado no dia 2 de outubro 
de 1968, o Conselho da OEA adotou o projeto revisado como documento que 
funcionaria, desta forma a Conferencia Especializada poderia decidir sobre a 
aprovação e assinatura da Convenção de Direitos Humanos. A Conferência 
Interamericana Especializada de Direitos Humanos, em assembleia em São José da 
Costa Rica, aprovou a Convenção Americana de Direitos Humanos em 22 de 
novembro de 1969 e a Convenção entrou em vigor em 18 de julho de 1978, depois 
que décimo primeiro instrumento de ratificação foi depositado. 
 
3.2 A competência 
 
Abranches (1980-1981) definiu que a Corte tem dois tipos competência que 
possuem âmbito, natureza legal e efeitos diferentes. A competência contenciosa 
permite que a Corte decida sobre casos específicos relacionados com a 
interpretação e aplicação das provisões dadas pela Convenção, e exercendo esta 
competência o seu julgamento deve ser cumprido pelos Estados que aceitaram a 
jurisdição, pela Comissão e pelos outros membros da organização. A competência 
contenciosa é opcional para os Estados que não aceitaram a jurisdição da Corte, 
portanto, havendo caso concreto que envolva este Estado, ele tem que declarar 
19 
 
formalmente que aceita, do contrário a Corte alegará sua incompetência para julgar 
o caso. 
A outra competência é a consultiva que é tão importante quanto a 
competência contenciosa, o seu âmbito é diferente, pois a contenciosa é limitada a 
casos relacionados à interpretação e aplicação da Convenção, já a consultiva 
abrange a interpretação das ameaças a respeito da proteção dos direitos humanos 
nos Estados Americanos e incompatibilidade de qualquer norma interna dos Estados 
membros da Organização com a Convenção. 
Em relação à natureza jurídica, a diferença é que a competência contenciosa 
exige instrumento formal de aceitação e suas decisões envolvem problemas com a 
soberania do Estado, no entanto, a competência consultiva resulta na opinião que 
pode ser pedida sem limitar a soberania do Estado. Quanto aos efeitos a opinião da 
Corte não é coercitiva em relação ao Estado que pediu a consulta, mas a decisão 
proferida na jurisdição contenciosa gera sanções para o Estado que não a cumprir, o 
Estado é responsável por cumprir a nível nacional as decisões da Corte ordenando 
uma indenização compensatória, de acordo com os procedimentos em vigor no país 
para execução interna de julgamentos contra o Estado. 
 
3.3 A organização, acesso e funções 
 
Segundo o texto de Abranches (2013) a Corte consiste em sete juízes que 
são de nacionalidade dos Estados membros da OEA e são eleitos conforme suas 
capacidades individuais, não podendo ser eleito mais de um juiz por nacionalidade. 
Os juízes são eleitos por votação secreta e pela maioria absoluta dos votos dos 
Estados Parte da Convenção, na Assembleia Geral da OEA, de uma lista de 
candidatos propostos por estes Estados. 
A posição do juiz da Corte é incompatível com qualquer outra atividade que 
possa afetar sua independência e imparcialidade. Os juízes da Corte têm o mandato 
de seis anos e podem ter apenas uma reeleição. Se ocorrer que o juiz que vai 
conhecer do caso seja da nacionalidade de um dos Estados Parte o outro Estado 
pode oferecer um juiz “ad hoc”. O quórum de deliberações da Corte é de cinco 
juízes. 
A Convenção de Direitos Humanos estabeleceu a organização da Corte, mas 
não determinou o local para a sede da Corte, portanto na Oitava Assembleia Geral 
20 
 
ocorrida em Washington, o governo da Costa Rica ofereceu seu território para ser a 
sede da Corte o que foi aceito pela Assembleia Geral em 1º de julho de 1978. 
No sistema de proteção aos direitos humanos foram constituídos três órgãos 
que não são hierarquicamente subordinados: a Comissão, a Corte e a Assembleia 
Geral. O acesso a Comissão com o direito de apresentar petição ou comunicação de 
violação a Convenção pelo Estado Parte é garantido a: qualquer pessoa ou grupo de 
pessoas; qualquer entidade não governamental legalmente reconhecida; e qualquer 
Estado Parte de acordo com as condições estabelecidas pelo artigo 45; e apenas os 
Estados Partes e a Comissão têm o direito de submeter um caso a Corte. 
A Convenção delegou a Corte outras funções, como: elaborar seu estatuto e 
submetê-lo à Assembleia Geral para a aprovação, para adotar suas próprias regras 
de procedimento; submeter à Assembleia Geral um relatório anual dos seus 
trabalhos realizados no ano anterior; elaborar seu próprio orçamento e enviá-lo para 
a Assembleia Geral. 
 
3.4 Condições de admissibilidade do caso 
 
Para que um caso seja submetido a Corteé necessário que alguns requisitos 
sejam cumpridos, estes são encontrados nos artigos 48 a 50 da Convenção. É 
mister a observação de quatro etapas para a apresentação da petição ou 
comunicação a Comissão, que são: 1) reconhecimento da admissibilidade da queixa 
ou denúncia de acordo com os requisitos estabelecidos pelos artigos 46 e 47; 2) um 
procedimento que prevê o pedido de informações ao governo do Estado indicado 
como responsável, a investigação dos fatos que levaram à verificação deles, e 
declarações orais ou escritas das partes interessadas; 3) tentativas de se ter 
soluções amigáveis e; 4) um relatório dos fatos. 
Outras exigências para que a petição ou comunicação seja admitida pela 
Comissão é de que os recursos tenham sido interpostos e esgotados na jurisdição 
interna; a petição ou comunicação deve ser apresentada dentro de um período de 
seis meses; e o assunto da petição ou comunicação não pode estar pendente em 
outro procedimento internacional ou ser substancialmente o mesmo já examinado 
pela Comissão ou por qualquer outra organização internacional. 
21 
 
Estes requisitos pertencentes à Comissão são igualmente condições para 
admissibilidade de um caso para Corte, já que o artigo 61 da Convenção prevê que 
para a Corte julgar qualquer caso, este, primeiro deve ser revisto pela Comissão. 
 
3.5 O procedimento da Corte e as ações da Comissão perante a Corte 
 
Abranches (2013) relata que o Pacto de São José estabeleceu algumas 
regras de procedimento para a Corte, no entanto, deixou que outras fossem 
definidas pelo Estatuto, que deveria ser aprovado pela Assembleia Geral. 
A Conferência Especializada de 1969 considerou que os seguintes pontos 
eram essenciais para o Estatuto: um quórum de cinco juízes para deliberações da 
Corte; a obrigação de fundamentar a sentença; a prerrogativa do juiz para ter seu 
voto dissidente ou individual anexado ao julgamento; a final e irrecorrível natureza 
da sentença, com a Corte como o intérprete de seu significado e alcance em caso 
de dúvida; a obrigação dos Estados Parte de cumprir a sentença; a execução da 
sentença que estipula indenização compensatória, a qual deve ser executada no 
país em questão, de acordo com procedimento interno vigente para a execução de 
sentença contra o Estado; a notificação da sentença da Corte para as partes e sua 
transmissão aos Estados Partes da Convenção. Estas provisões devem ser 
complementadas pelo Estatuto, mas elas só poderão ser alteradas com um 
protocolo adicional ou outra convenção. 
Não foram estabelecidos critérios para definição de quais assuntos seriam 
mais relevantes para o Estatuto e as Regras Procedimentais, no entanto, a 
Convenção Americana designou três pontos que devem ser considerados pelo 
Estatuto da Corte: atividades que podem afetar a independência ou imparcialidade 
dos juízes serão incompatíveis com a posição de juiz da Corte; a forma e as 
condições sob as quais os juízes perceberão honorários e despesas de viagem, 
tendo em conta a importância e independência de suas funções; e os fundamentos 
com os quais os juízes podem ser sancionados e a determinação das sanções a 
serem aplicadas por decisão da Assembleia Geral da OEA. O Estatuto e o 
Regimento Interno da Corte Internacional de Justiça e o Regimento Interno da Corte 
Europeia também serviram como precedentes para o Regimento Interno da Corte 
Interamericana de Direitos Humanos. 
22 
 
Em relação das ações da Comissão diante da Corte o Pacto de São José cita 
três situações nas quais a Comissão pode agir: quando a Comissão tomar a 
iniciativa de submeter um caso a Corte como previsto no artigo 51 da Convenção; 
quando um Estado, aceitando a jurisdição da Corte, submete um caso e quando 
agindo como um órgão da OEA, a Comissão decide consultar a Corte sobre a 
interpretação da Convenção ou sobre outras ameaças relacionadas à proteção dos 
direitos humanos nos Estados Americanos. Uma quarta possibilidade seria a de que 
a Corte através do seu próprio estatuto pode ouvir a Comissão como parte do 
procedimento em matérias da sua competência consultiva. 
Os estatutos da Comissão e da Corte devem estabelecer os seguintes pontos 
para a submissão de um caso a Corte: os critérios a ser seguidos pela Comissão na 
decisão de submeter o caso a Corte; a representação da Comissão perante a Corte; 
a legitimidade processual da Comissão quando por iniciativa própria registra um 
caso perante a Corte; e as relações entre a Comissão e o requerente, ou a própria 
vítima ou uma entidade não governamental, no decurso do processo perante a 
Corte. 
Quando o processo de denúncia for concluído pela Comissão e não se chegar 
a uma decisão, a Comissão elabora um relatório com os fatos e suas conclusões. O 
relatório deve ser encaminhado aos Estados interessados. No prazo de três meses a 
contar do dia da transmissão do relatório, a Comissão pode submeter o caso à 
Corte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
4 A COERCITIVIDADE DA CORTE INTERAMERICANA NO BRASIL 
 
Nos capítulos anteriores deste trabalho mostrou-se o conceito de direitos 
humanos, a evolução dos tratados internacionais de direitos humanos, a proteção 
dos direitos humanos no Brasil e internacionalmente, e foi feita uma abordagem 
sobre a Corte Interamericana de Direitos Humanos, com a finalidade de se discutir a 
efetividade das Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil. 
Neste capítulo serão expostos dois casos concretos para a análise da efetividade 
das sentenças. 
 
4.1 O caso da Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) VS. Brasil 
 
Para a compreensão do caso da Guerrilha do Araguaia, será abordado um 
breve contexto histórico da ditadura militar brasileira no período de 1964 – 1985, que 
foi a responsável por dezenas de mortes e desaparecidos políticos. 
O livro “Direito à Memória e à Verdade” faz uma abordagem histórica sobre a 
ditadura militar que relata que no período pós-guerra, os países aliados aos Estados 
Unidos, principalmente na América Latina, desenvolveram doutrinas, treinamento e 
identidade ideológica semelhante para combater o comunismo com a Doutrina norte-
americana de Segurança Nacional. 
Com respaldo na Doutrina de Segurança Nacional algumas leis foram 
decretadas, tais como: Decreto Lei 317/67 e Decreto Lei 510/69, para reprimir os 
movimentos e lideranças contrárias ao regime militar, o conteúdo destas leis era 
abusivo, a fim de resguardar a suposta Segurança Nacional. 
A Ditadura Militar teve como líder e primeiro presidente o marechal Castelo 
Branco que com o primeiro Ato Institucional de 09/04/1964, foi o marco repressivo 
da ditadura que resultou na “cassação de mandatos, suspensão dos direitos 
políticos, demissão do serviço público, expurgo de militares, aposentadoria 
compulsória, intervenção em sindicatos e prisão de milhares de brasileiros” (Brasil, 
2007, p. 22). 
Durante todo o regime militar vários movimentos civis surgiram para protestar 
e lutar contra o regime dominante o que acarretou em respostas mais repressivas e 
violentas por parte do governo, que respaldado por suas leis que desconsideravam a 
dignidade da pessoa humana, prendia, torturava, matava e em manifestações civis e 
24 
 
partidárias atirava contra os manifestantes provocando a morte de civis como o 
ocorrido em 21 de junho de 1968, no Rio de Janeiro, durante a passeata estudantil 
que reivindicava mais verbas para os estudos, resultou na morte de quatro pessoas, 
e a imprensa, embora com restrições quanto a sua liberdade, intitulou ocorrido como 
“Sexta-feira Sangrenta”. 
Neste período marcado por repressões violentas e por total desrespeito pelos 
direitos humanos, as famílias dos presos, desaparecidos e mortos políticos 
buscavam compreender sobre a morte, ou saber onde se encontravam os 
desaparecidos ou seus restos mortais, mas a busca era por vezes infrutífera, 
principalmente porque os laudos médicos, quandoencontrados, não apresentavam 
a verdadeira causa da morte. 
Após pressão por parte de familiares das vítimas dos crimes políticos e das 
próprias vítimas sobreviventes dos crimes, e de militantes dos direitos humanos foi 
decretada a Lei de Anistia de nº 6.683 em 1979, que prevê o perdão para os crimes 
políticos ocorridos durante o regime militar, respaldou a falta de punição dos agentes 
dos Estados que cometeram crimes contra os opositores do regime militar. 
Mas somente com o novo governo democrático na década de 1990 é que os 
familiares e vítimas conseguiram algum avanço com a publicação da Lei de nº 9.140 
de 1995, que dentre outros assuntos prevê a responsabilidade do Brasil pelos 
crimes políticos ocorridos entre os anos 1964 a 1985, organizando a Comissão 
Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos, no primeiro foi apresentada uma 
lista responsabilizando o Brasil pela morte 136 vítimas desaparecidas do regime 
militar que deveriam ser reconhecidas como mortas. 
No entanto, apesar de responsabilizar o Brasil a indenizações a vítimas e 
realmente anistiar os crimes políticos a Lei não responsabilizava o país em relação 
às violações dos direitos humanos de forma explícita e abrangente. 
Desta forma em 26 de março de 2009 a Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos submeteu à Corte Interamericana de Direitos Humanos demanda contra o 
Brasil, com respaldo nos artigos 51 e 61 da Convenção Americana, proveniente da 
petição apresentada em pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e 
pela Human Rights Watch/Americas em nome das pessoas desaparecidas na 
Guerrilha do Araguaia e por seus familiares em 07 de agosto de 1995. 
A Comissão após expedir o Relatório de Admissibilidade nº 33/01 em 06 de 
março de 2001 e aprovar o Relatório de Mérito nº 91/08, conforme o art.50 da 
25 
 
Convenção, o que determinava recomendações ao Brasil que foi notificado no dia 21 
de novembro de 2008 para apresentar em dois meses relatório demonstrando as 
ações realizadas para implementação das recomendações da Comissão e mesmo 
com prorrogações o Estado brasileiro não apresentou um relatório satisfatório das 
implementações, assim a Comissão decidiu submeter o caso a jurisdição da Corte 
Interamericana de Direitos Humanos. 
Foi alegado pela Comissão que o Brasil: deveria ser responsabilizado pela 
prisão, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas, ações do Exército 
brasileiro entre os anos 1972 e 1975 para combater a Guerrilha do Araguaia. As 
vítimas compunham o Partido Comunista do Brasil e outras eram camponeses da 
região; e em relação a Lei de Anistia de nº 6.683/79 e a execução extrajudicial de 
Maria Lúcia Petit da Silva, o Brasil deve ser responsabilizado por não investigar 
punir os crimes de desaparecimento e nem fornecer as familiares informações sobre 
a Guerrilha do Araguaia, pela falta de acesso a justiça, a verdade e a informação 
aos familiares das vítimas e a impunidade em relação a morte de Maria Lúcia Petit 
da Silva. 
Desta forma a Comissão requereu a Corte que declare o Brasil responsável 
por desrespeitar os direitos previstos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 7º, 8º, 13 e 25, 
respectivamente: dever de adotar disposições de direito interno, direito ao 
reconhecimento da pessoa jurídica, direito à vida, direito à integridade pessoal, 
direito à liberdade pessoal, garantias judiciais, liberdade de pensamento e expressão 
e proteção judicial, requereu à Corte que ordene ao Brasil a realizar medidas de 
reparação. 
Apesar de usar diversos argumentos em sua defesa, o Estado brasileiro na 
sentença de 24 de novembro de 2010 da Corte foi responsabilizado por desrespeitar 
os direitos decretados nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 7º, 8º, 13 e 25 da Convenção e 
dispôs que: a sentença já era uma forma de reparação; que o Estado deve conduzir 
investigação penal dos fatos alegados a fim de puni-los; o Estado deve se esforçar 
da melhor forma possível para descobrir onde se encontram as vítimas 
desaparecidas, identificar e entregar os restos mortais aos familiares, quando 
constatado o óbito; o Estado deve disponibilizar ou pagar o montante estabelecido 
para tratamento médico e psicológico ou psiquiátricos a vítimas que requererem; o 
Estado deve promover as publicações ordenadas da sentença; o Estado deve 
26 
 
reconhecer em ato público a responsabilidade internacional do caso da Guerrilha do 
Araguaia. 
Em relação aos direitos humanos o Estado deve prosseguir com ações 
desenvolvidas e criar um programa ou curso permanente e obrigatório para todos os 
níveis hierárquicos das Forças Armadas. O Estado deve implementar as medidas 
necessárias para tipificar o crime de desaparecimento forçado de pessoas de acordo 
com os parâmetros interamericanos e até que cumpra deve-se adotar por meio do 
direito interno todas as ações que garantem o efetivo julgamento e possível punição 
em relação aos fatos constitutivos do desaparecimentos forçados; o Estado deve 
garantir o acesso a informações sobre os direitos humanos desrespeitados durante 
o regime militar e continuar implementando as iniciativas de busca, sistematização e 
publicação de toda informação da Guerrilha do Araguaia. 
O Estado deve pagar indenização por dano material, imaterial e restituição de 
custas e gastos que foi fixada anteriormente na decisão. O Estado deve convocar os 
familiares de “Batista”, “Gabriel”, “Joaquinzão”, José de Oliveira, Josias Gonçalves 
de Souza, Juarez Rodrigues Coelho, Sabino Alves da Silva e “Sandoval” em um 
jornal de grande circulação, para que no prazo de 24 meses a partir da notificação 
da sentença, apresentarem provas suficientes para que o Estado possa identificá-los 
e considerá-los vítimas. 
O Estado deve permitir que no prazo de seis meses da publicação da 
sentença, os familiares de Francisco Manoel Chaves, Pedro Matias de Oliveira, Hélio 
Luiz Navarro de Magalhães e Pedro Alexandrino de Oliveira Filho, possam solicitar 
pedidos de indenizações em conformidade com o estabelecido na Lei nº 9.140/95 do 
direito interno; os familiares das vítimas ou seus representantes legais devem 
apresentar em seis meses da notificação da sentença documentos que comprovem 
a data do falecimento das pessoas mencionadas nos parágrafos 181, 213, 244, da 
decisão seja posterior a 10 de dezembro de 1998; o Estado deverá apresentar à 
Corte dentro do prazo de um ano um informe o cumprimento da sentença, a Corte 
supervisará o cumprimento da sentença, sendo que o presente caso só será 
considerado concluído quando o Estado cumprir integralmente a sentença. 
Após quase três anos ainda não foi publicada a supervisão de sentença do 
caso Guerrilha do Araguaia, embora no dia 14 de dezembro de 2011 o Brasil tenha 
apresentado a Corte o relatório de cumprimento de sentença, manifestando que o 
considera satisfatório, no entanto em relação a sanção penal para os que violaram 
27 
 
os direitos humanos se restringem a demissão e cassação dos agentes dos Estado, 
além do ressarcimento dos valores de indenização pagos às vítimas e familiares das 
vítimas. 
 
4.2 O caso Garibaldi VS. Brasil 
 
No dia 24 de dezembro de 2007 a Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos submeteu à Corte Interamericana de Direitos Humanos demanda contra o 
Brasil, com respaldo nos artigos 51 e 61 da Convenção Americana, proveniente da 
petição apresentada pelas organizações Justiça Global, Rede Nacional de 
Advogados e Advogados Populares (RENAP) e o Movimento dos Trabalhadores 
Rurais Sem Terra (MST) em nome de Sétimo Garibaldi e por seus familiares em 06 
de maio de 2003. 
A Comissão após expedir o Relatório de Admissibilidade nº 13/07 em 27 de 
março de 2007 e aprovar o Relatório de Mérito nº 13/07, conforme o art. 50 da 
Convenção, o que determinava recomendações ao Brasil que foi notificado no dia 24 
de maio de 2007 para apresentar em dois meses relatório demonstrando as ações 
realizadas para implementação dasrecomendações da Comissão. Transcorrido o 
prazo sem que o Estado brasileiro fornecesse qualquer informação a Comissão 
decidiu submeter o caso a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
A Comissão alegou que o Brasil deve ser responsabilizado por ter 
descumprido sua obrigação de investigar e punir o homicídio de Sétimo Garibaldi, 
que aconteceu em uma fazenda ocupada por trabalhadores sem terra no Município 
Querência do Norte, Estado do Paraná, durante uma operação extrajudicial de 
despejo das famílias de trabalhadores sem terra. 
A Comissão requereu que a Corte declarasse o Brasil responsável por 
desrespeitar os direitos do artigo 8º que é referente a garantias judiciais e artigo 25 
sobre a proteção judicial da Convenção Americana, requereu que o Brasil adotasse 
medida de reparação em face de também em relação ao desrespeito do que está 
previsto nos artigos 1.1 e 2º da Convenção Americana que versam sobre a 
obrigação de se respeitar os direitos humanos e adequação das normas de direito 
internos com as normas dos tratados internacionais que foram ratificadas pelo país, 
como também o descumprimento da cláusula federal no artigo 28 da Convenção 
28 
 
Americana em prejuízo da viúva de Sétimo Garibaldi, a senhora Iracema Cioato 
Garibaldi e seus seis filhos. 
A Corte declarou que o Estado brasileiro desrespeitou os direitos às garantias 
e à proteção judicial previstas nos artigos 8.1 e 25.1 com relação ao artigo 1.1 da 
Convenção Americana em prejuízo de Iracema Garibaldi e seus filhos, também 
declarou que o Estado não desrespeitou a cláusula federal prevista no artigo 28 em 
relação com os artigos 1.1 e 2º da Convenção Americana em prejuízo de Iracema 
Garibaldi e seus seis filhos. 
Dispôs a Corte que: a sentença constitui uma maneira de reparação; que o 
Estado no prazo de seis meses da notificação da sentença deve publicar no Diário 
Oficial, em jornal de grande circulação nacional e em jornal de ampla circulação no 
Estado do Paraná a sentença e no prazo de dois meses da notificação da sentença 
deve publicar em página de web oficial o conteúdo completo da decisão por no 
mínimo um ano. O Estado deve elaborar de forma eficaz o Inquérito e processo para 
apurar e punir os autores da morte de Garibaldi e deve investigar e punir as faltas 
funcionais dos servidores públicos responsáveis pela elaboração do Inquérito. 
O Estado deve pagar a Iracema Garibaldi e a seus seis filhos o montante 
fixado na decisão a título de indenização dos danos materiais, imateriais no prazo de 
um ano a partir da notificação da sentença; o Estado deve pagar o valor fixado na 
decisão para restituição de custas e gastos no prazo de um ano a partir da 
notificação da sentença; a Corte supervisionará o cumprimento integral da sentença 
em conformidade com a Convenção Americana e o Estado deve apresentar relatório 
de cumprimento da sentença dentro do prazo de um ano da notificação da sentença. 
O Brasil apresentou o relatório de cumprimento de sentença em 08 de agosto 
de 2011 e 04 de janeiro de 2012, portanto a Corte na Resolução de 20 de fevereiro 
de 2012 sobre a supervisão de cumprimento de sentença declarou que o Brasil 
cumpriu integralmente as obrigações de pagar indenizações por danos materiais e 
imateriais e restituiu as custas e gastos aos familiares de Sétimo Garibaldi; declarou 
que ainda está pendente o dever do Estado de conduzir de forma eficaz o inquérito e 
processo para identificar, julgar e punir os autores do homicídio de Garibaldi dentro 
de um prazo razoável, portanto o Estado deveria apresentar um relatório do 
cumprimento da sentença que ainda encontra pendente. 
 
29 
 
4.3 Uma crítica à efetividade das sentenças da Corte Interamericana de 
Direitos Humanos no Brasil 
 
Nos casos Gomes Lund e outros versus Brasil e Garibaldi contra Brasil, 
estudados neste capítulo, pode-se notar que a sentença foi objetiva em condenar ao 
Brasil a indenizar as vítimas, investigar os crimes e punir os autores, no entanto, o 
Brasil cumpriu de forma parcial, indenizando as vítimas, mas não realizou 
investigação e punição dos autores. 
Norberto Bobbio fez uma importante declaração a respeito dos direitos 
humanos, em seu livro “A Era dos Direitos”: 
 
Deve-se recordar que o mais forte argumento adotado pelos reacionários de 
todos os países contra os direitos do homem, particularmente contra os 
direitos sociais, não é a sua falta de fundamento, mas a sua 
inexequibilidade. Quando se trata de enunciá-los, o acordo é obtido com 
relativa facilidade, independentemente do maior ou menor poder de 
convicção de seu fundamento absoluto; quando se trata de passar à ação, 
ainda que o fundamento seja inquestionável, começam as reservas e as 
oposições. O problema fundamental em relação aos direitos do homem, 
hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de protegê-los. Trata-se de um 
problema não filosófico, mas político. (BOBBIO, 2004, p. 15-16). 
 
Valério Mazzuoli em seu livro “Direito Internacional Público” critica a execução 
das sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos em razão de que no 
artigo 68, § 1º da Convenção Americana prevê que o Estado deve cumprir 
integralmente a sentença da Corte e no artigo 65 da Convenção dispõe que se o 
Estado não cumprir integralmente a sentença a Corte tem que relatar isso para a 
Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos, mas “a Assembleia 
Geral da OEA, infelizmente, nada tem feito na prática a fim de exigir dos Estados 
condenados pela Corte o cumprimento das sentenças de reparação ou 
ressarcimento.” (MAZZUOLI, 2011, p. 899). 
Apesar de ter ratificado a Convenção Americana e aceitado a competência 
contenciosa da Corte, o Brasil não está protegendo os direitos humanos como se 
comprometeu, uma vez que não está cumprindo de forma integral as sentenças da 
Corte, desta forma observa-se que as sentenças da Corte não têm sido efetivas no 
Brasil. 
 
 
 
30 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Este trabalho teve como objetivo o estudo da efetividade das sentenças da 
Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil, portanto elaborou-se uma 
pesquisa sobre o conceito dos direitos humanos, sua evolução histórica e proteção 
internacional e brasileira, apresentou um estudo sobre a Corte Interamericana de 
Direitos Humanos abordando sua criação e principais características, por fim fez-se 
a análise de dois casos concretos nos quais o Brasil foi sentenciado pela Corte e 
uma crítica sobre a efetividade das sentenças proferidas pela Corte. 
Diante da análise dos casos concretos, constatou-se que as sentenças da 
Corte Interamericana de Direitos Humanos não são cumpridas de forma integral no 
Brasil, o que demonstra que tais sentenças não são efetivas, haja vista que uma 
sentença é efetiva quando produz todos os seus efeitos e se impõe tanto ao 
aplicador do Direito quanto ao seu destinatário, obtendo resultado prático 
satisfatório. 
Observou-se que apesar dos direitos humanos serem bem conceituados e 
regulados por tratados internacionais, muitos já ratificados pelo Brasil, o maior 
desafio é de protegê-los de forma efetiva, a fim de garantir segurança jurídica das 
normas internacionais. 
A inércia da Assembleia Geral da OEA de fazer com que seja de forma 
prática cumprida integralmente as sentenças reforça a proteção limitada dos direitos 
humanos, portanto, deve ser adotadas medidas para que haja a devida 
coercitividade em relação às sentenças. 
Com isso, conclui-se que a proteção dos direitos humanos é responsabilidade 
tanto das organizações internacionais quanto dos Estados e é de responsabilidade 
da Corte aplicar o direito internacional de forma a garantir a proteção dos direitos 
humanos e penalizar os que os desrespeitaram, ao mesmo tempo é obrigação dos 
Estados cumprir integralmente a sentença, firmando o compromisso ratificado tanto 
na Convenção Americana quanto nos demais tratados internacionais referentes aosdireitos humanos. 
 
 
 
 
31 
 
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