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Resumo de Direitos Humanos OAB

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Licensed to Briso Souza Ferreira - Email: brisogsouza@gmail.com
Introdução
 Os Direitos Humanos são direitos inscritos e positivados em tratados 
ou previstos em costumes internacionais.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS
São caracterizados pela historicidade, universalidade, essencialidade, 
irrenunciabilidade, inalienabilidade, inexauribilidade, imprescritibilidade, 
efetividade, inviolabilidade, limitabilidade, vedação ao retrocesso, 
indivisibilidade, complementaridade, unicidade existencial e 
inter-relacionalidade. 
a) Historicidade: A historicidade significa que os direitos fundamentais 
variam de acordo com a época e com o lugar;
b) Concorrência: os direitos fundamentais podem ser exercidos de forma 
concorrente. Ou seja, é possível exercer dois ou mais direitos 
fundamentais ao mesmo tempo;
c) Indisponiblidade: o titular não pode dispor dos direitos fundamentais;
d) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser transferidos a 
terceiros;
e) Irrenunciabilidade: o titular não pode renunciar um direito fundamental. 
A pessoa pode até não exercer o direito, mas não pode renunciar;
f) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não estão sujeitos a 
nenhum tipo de prescrição, pois os mesmos são sempre exercitáveis sem 
limite temporal. Exemplo: o direito à vida;
g) Indivisibilidade: os direitos fundamentais não podem ser fracionados. A 
pessoa deve exercê-lo em sua totalidade;
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h) Interdependência: significa que os direitos fundamentais são 
interdependentes, isto é, um direito fundamental depende da existência do 
outro. Ex: a liberdade de expressão necessita do respeito à integridade física;
I) Complementaridade: os direitos fundamentais possuem o atributo da 
complementaridade, ou seja, um complementa o outro. Ex: o direito à saúde 
complementa à vida, e assim sucessivamente
m) Universalidade: os direitos humanos são apresentados como universais, ou 
seja, são destinados a todos os seres humanos em todos os lugares do mundo, 
independentemente de religião, de raça, credo, etc. No entanto, alguns autores 
mostram que em certos países os direitos humanos não são aplicados em razão 
das tradições culturais. Seria a chamada teoria do “relativismo cultural” dos 
direitos humanos.
n) Limitabilidade: os direitos fundamentais não são absolutos. Os mesmos 
podem sofrer limitações, inclusive, pelo próprio texto constitucional. Segundo 
Paulo Branco (2011: 162) afirma que tornou-se voz corrente na nossa família do 
Direito admitir que os direitos fundamentais podem ser objeto de limitações, 
não sendo, pois absolutos. Tornou-se pacífico que os direitos fundamentais 
podem sofrer limitações quando enfrentam outros valores de ordem 
constitucional, inclusive outros direitos fundamentais. Igualmente no âmbito 
internacional, as declarações de direitos humanos admitem expressamente 
limitações “ que sejam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde 
ou a moral pública ou os direitos e liberdades fundamentais de outros (Art. 18 da 
Convenção de Direitos Civis e Políticos de 1966 da ONU)”.
Exemplificando na Constituição pátria, Paulo Branco (2011: 163) 
demonstra que até o elementar direito á vida tem limitação explícita no inciso 
XLVII, a, do art. 5º, em que se contempla a pena de morte em caso de guerra 
formalmente declarada.
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DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS
a) Primeira Dimensão: são os direitos de liberdade; representados pelos 
direitos civis e políticos. São direitos com aplicabilidade imediata, que 
impõem obrigações de não fazer ao Estado. Os primeiros direitos de 
primeira dimensão a serem assegurados foram: à vida, à liberdade, à 
propriedade, à igualdade perante a lei, ao voto e a ser votado e à uma 
série de liberdade de expressão, como a de imprensa, de manifestação e 
de reunião.
 
b) Segunda Dimensão: são os direitos de igualdade , representados pelos 
direitos econômicos, sociais e culturais. Protege o indivíduo, mas sob a 
perspectiva de um grupo, como o grupo de trabalhadores. Ademais, são 
direitos com aplicabilidade mediata e progressiva. Os primeiros direitos de 
segunda dimensão a serem assegurados foram: à saúde, à moradia, à 
alimentação, à educação, à previdência, etc.
c) Terceira Dimensão: são os direitos de fraternidade e solidariedade, 
representados pelos direitos difusos e coletivos. Exemplos de direitos de 
terceira geração são: à paz, desenvolvimento, comunicação, solidariedade 
e segurança mundiais, proteção ao meio ambiente e conservação do 
patrimônio comum da humanidade.
 
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Classificação dos 
Direitos Humanos
• As liberdades são poderes de fazer, seu objeto, portanto, são ações
(fazeres) ou omissões (não fazeres). Dentro desses direitos de liberdade,
temos:
a) a liberdade de locomoção;
b) a liberdade de pensamento;
c) a liberdade de reunião;
d) a liberdade de associação;
e) a liberdade de profissão;
f) a liberdade de ação;
g) a liberdade sindical;
h) o direito de greve.
 
• II OS DIREITOS DE CRÉDITO:
São poderes de reclamar alguma coisa, seu objeto são contraprestações positivas, 
em geral prestação de serviços (ex.: o direito ao trabalho, à educação, à proteção 
da saúde).
 
• III OS DIREITOS DE SITUAÇÃO:
São poderes de exigir um status. Seu objeto é uma situação a ser preservada ou 
restabelecida. Por exemplo, o direito ao meio ambiente (sadio) e de modo geral os 
direitos da terceira geração: direito à paz,direito (ao respeito) à autodeterminação 
dos povos.
• IV OS DIREITOS-GARANTIAS:
Estes se dividem em garantias limites e direitos a garantias instrumentais:
a) os direitos a garantias-instrumentais são poderes de mobilizar a atuação do 
Estado, em especial do Judiciário, em defesa de outros direitos. Em geral são 
direitos de ação, seu objeto é uma prestação judicial. Por exemplo, o mandado de 
segurança ou o habeas corpus;
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b) direitos a garantias-limite são poderes de exigir que não se façam 
determinadas coisas. São direitos a um não fazer. Por exemplo, o direito a 
não sofrer censura, a não ser expropriado sem justa indenização.
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Comissão Interamericana
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) é uma das entidades 
do sistema interamericano de proteção e promoção dos direitos humanos nas 
Américas. Tem sua sede em Washington, D.C. O outro órgão é a Corte 
Interamericana de Direitos Humanos, com sede em São José, Costa Rica.
 
A CIDH é um órgão principal e autônomo da Organização dos Estados 
Americanos (OEA), cujo mandato surge com a Carta da OEA e com a Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos, representando todos os países membros da 
OEA. Está integrada por sete membros independentes que atuam de forma pessoal, 
os quais não representam nenhum país em particular, sendo eleitos pela 
Assembleia Geral.
 
A CIDH se reúne em Períodos Ordinários e Extraordinários de sessões várias 
vezes ao ano. Sua Secretaria Executiva cumpre as instruções da CIDH e serve de 
apoio para a preparação legal e administrativa de suas atribuições.
Em abril de 1948, a OEA aprovou a Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres do Homem, em Bogotá, Colômbia, o primeiro documento internacional de 
direitos humanos de caráter geral. A CIDH foi criada em 1959, reunindo-se pela 
primeira vez em 1960. 
 
Já em 1961 a CIDH começou a realizar visitas in loco para observar a situação 
geral dos direitos humanos em um país ou para investigar uma situação particular. 
Desde então, foram realizadas 69 visitas a 23 países membros. Em relação a suas 
observações de caráter geral sobre a situação de cada país, a CIDH publica 
relatórios especiais, havendo publicado até esta data 44 deles.
 
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Desde 1960a CIDH foi autorizada expressamente a receber e processar 
denúncias ou petições sobre casos individuais, nos quais se alegavam violações 
aos direitos humanos. Até 1997 já recebeu dezenas de milhares de petições, 
que deram origem a mais de 12.000 processos, alguns deles em andamento. (O 
método de processamento se descreve mais abaixo). Os relatórios finais 
publicados em relação a esses casos podem ser encontrados no link relatórios 
anuais da Comissão ou na busca por país.
 
6,Em 1969 se aprovou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que 
entrou em vigor em 1978 e que foi ratificada em setembro de 1997 por 25 
países: Argentina, Barbados, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, 
Dominica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Grenada, Guatemala, 
Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, 
Suriname, Trindade e Tobago, Uruguai e Venezuela. A Convenção define quais 
os direitos humanos que os Estados ratificantes se comprometem 
internacionalmente a respeitar e a dar garantias de cumprimento. No mesmo 
documento, foi criada a Corte Interamericana de Direitos Humanos, definindo 
as atribuições e procedimentos tanto para a Corte quanto para a CIDH. A CIDH 
mantém poderes adicionais anteriores à Convenção e que não decorrem 
diretamente dela, dentre eles, o de processar petições individuais relativas a 
Estados que ainda não são parte da Convenção.
 
FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES DA COMISSÃO
 A Comissão tem como função principal promover a observância e a defesa 
dos direitos humanos, e no exercício do seu mandato:
 
a) Receber, analisar e investigar petições individuais que alegam violações dos 
direitos humanos, segundo o disposto nos artigos 44 a 51 da Convenção;
 
b) Observar o cumprimento geral dos direitos humanos nos Estados membros, e 
quando o considera conveniente, publicar as informações especiais sobre a 
situação em um estado específico;
 
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c) Realizar visitas in loco aos países para aprofundar a observação geral da situação, 
e/ou para investigar uma situação particular. Geralmente, essas visitas resultam na 
preparação de um relatório respectivo, que é publicado e enviado à Assembleia 
Geral.
 
d) Estimular a consciência dos direitos humanos nos países da América. Além disso, 
realizar e publicar estudos sobre temas específicos como, por exemplo, sobre: 
medidas para assegurar maior independência do poder judiciário; atividades de 
grupos armados irregulares; a situação dos direitos humanos dos menores, das 
mulheres e dos povos indígenas. 
 
e) Realizar e participar de conferencias e reuniões com diversos tipos de 
representantes de governo, universitários, organizações não governamentais, etc... 
para difundir e analisar temas relacionados com o sistema interamericano de 
direitos humanos.
 
f) Fazer recomendações aos Estados membros da OEA acerca da adoção de 
medidas para contribuir com a promoção e garantia dos direitos humanos.
 
g) Requerer aos Estados membros que adotem “medidas cautelares” específicas 
para evitar danos graves e irreparáveis aos direitos humanos em casos urgentes. 
Pode também solicitar que a Corte Interamericana requeira “medidas provisionais” 
dos Governos em casos urgentes de grave perigo às pessoas, ainda que o caso não 
tenha sido submetido à Corte.
 
h) Remeter os casos à jurisdição da Corte Interamericana e atuar frente à Corte em 
determinados litígios.
 
i) Solicitar “Opiniões Consultivas” à Corte Interamericana sobre aspectos de 
interpretação da Convenção Americana.
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QUESTÕES COMENTADAS DOS ÚLTIMOS EXAMES
XV EXAME
Em julho de 2013, o ajudante de pedreiro “X”, após ter sido detido por policiais 
militares e conduzido da porta de sua casa em direção à delegacia, desapareceu. 
Há um amplo debate em torno do caso e, dentre outros aspectos, discute-se se 
seria esse caso uma hipótese de desaparecimento forçado. Sabendo que o Brasil 
ratificou, em 2010, a Convenção Internacional Para a Proteção de Todas as Pessoas 
Contra o Desaparecimento Forçado, assinale a afirmativa correta.
A) Entende-se por desaparecimento forçado a privação da liberdade promovida 
por particulares no exercício de uma coação irresistível, seguida da recusa em 
reconhecer a privação de liberdade ou do encobrimento do destino ou do 
paradeiro da pessoa desaparecida, colocando- a, assim, fora do âmbito de 
proteção da lei
B) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou 
qualquer outra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por 
pessoas ou grupos de pessoas agindo com a autorização, o apoio ou o 
consentimento do Estado, seguida da recusa em reconhecer a privação de 
liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa 
desaparecida, colocando-a, assim, fora do âmbito de proteção da lei. 
C) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou 
qualquer outra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por 
pessoas ou grupos de pessoas agindo com a autorização, o apoio ou o 
consentimento do Estado, colocando-a, assim, fora do âmbito de proteção da lei.
D) Entende-se por desaparecimento forçado o sequestro de um cidadão praticado 
por agentes das forças armadas do Estado, seguido da recusa em reconhecer a 
privação de liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa 
desaparecida, colocando-a, assim, fora do âmbito de proteção da lei.
 
Comentário: Art. 2º Para os efeitos desta Convenção, entende-se por 
“desaparecimento forçado” a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer outra 
forma de privação de liberdade que seja perpetrada por agentes do Estado ou por 
pessoas ou grupos de pessoas agindo com a autorização, apoio ou aquiescência do 
Estado, e a subsequente recusa em admitir a privação de liberdade ou a ocultação 
do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida, privando-a assim da proteção 
da lei. Alternativa correta: B
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Crimes Graves
FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA OS DIREITOS HUMANOS
A federalização dos crimes contra os direitos humanos veio com a 
Emenda Constitucional 45/2004, amplamente conhecida como a Reforma 
do Poder Judiciário, é também conhecida como IDC (incidente de 
deslocamento de competência), e consiste na possibilidade de 
deslocamento de competência da Justiça comum para a Justiça Federal, 
nas hipóteses em que ficar configurada grave violação de direitos 
humanos.
A finalidade da federalização dos crimes contra os direitos humanos é 
a de assegurar uma proteção efetiva aos direitos humanos e o 
cumprimento das obrigações assumidas pelo Brasil em tratados 
internacionais. O incidente, que poderá ser suscitado pelo 
Procurador-Geral da República, perante o Superior Tribunal de Justiça, em 
qualquer fase do inquérito ou do processo, é medida de caráter 
excepcional e só poderá ser admitida em casos de extrema gravidade, 
quando houver a demonstração concreta do risco de não cumprimento de 
obrigações decorrentes de tratados internacionais dos quais o Brasil seja 
parte.
Tem previsão no art. 109, V-A e 5º, CF/88 :
“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
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V- A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5º deste artigo;
5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes 
de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá 
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou 
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.”
Sobre o assunto, STJ - IDC 1/PA :
“Na espécie, as autoridades estaduais encontram-se empenhadas naapuração dos 
fatos que resultaram na morte da missionária norte-americana Dorothy Stang, com 
o objetivo de punir os responsáveis, refletindo a intenção de o Estado do Pará dar 
resposta eficiente à violação do maior e mais importante dos direitos humanos, o 
que afasta a necessidade de deslocamento da competência originária para a Justiça 
Federal, de forma subsidiária, sob pena, inclusive, de dificultar o andamento do 
processo criminal e atrasar o seu desfecho, utilizando-se o instrumento criado pela 
aludida norma em desfavor de seu fim, que é combater a impunidade dos crimes 
praticados com grave violação de direitos humanos. [...] O deslocamento de 
competência em que a existência de crime praticado com grave violação aos direitos 
humanos é pressuposto de admissibilidade do pedido deve atender ao princípio da 
proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido 
estrito), compreendido na demonstração concreta de risco de descumprimento de 
obrigações decorrentes de tratados internacionais firmados pelo Brasil, resultante 
da inércia, negligência, falta de vontade política ou de condições reais do 
Estado-membro, por suas instituições, em proceder à devida persecução penal. No 
caso, não há a cumulatividade de tais requisitos, a justificar que se acolha o 
incidente.”
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Proteção Interna e 
Internacional
Sistemas de Proteção
 
É possível estudar o conjunto de normas que visam proteger as pessoas, 
mediante a análise de sistemas de proteção que sofrem uma classificação 
doutrinária já conhecida. As normas nacionais, internas, com destaque à 
Constituição Federal de 1988, compõem o que se denomina de sistema 
interno ou nacional.
 
 Proteção Interna
 
O sistema nacional é composto por normas constitucionais, tanto 
tipificadas, expressas, ou seja, escritas na Constituição, quanto as não 
tipificadas (não escritas), que ingressam por uma cláusula de abertura ou 
geral, o § 2° do art. 5° da CF: “(...) não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais 
em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
 
Proteção Internacional
 
O Sistema Global é gerenciado pela ONU, com alcance universal. 
Composto por vários documentos internacionais, tais como:
- Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948: instituída pela 
Revolução 217-A/ III da Assembleia-Geral da ONU. Esse documento está 
fundamentado em dogmas jus naturalista e prevê direitos de primeira e 
segunda geração;
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Pacto Internacional Sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966: apenas entrou 
em vigor em 1976. Tal pacto trata de ora de obrigações negativas ao 
Estado, ora positivas;
- Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 
1966: trata de direitos de segunda geração, tendo entrado em vigor 
apenas em 1976. Este documento estabeleceu responsabilidade aos 
Estados partes, diferentemente do tratado anterior, o atual tem aplicação 
mediata ou progressiva, exigindo investimentos técnicos e financeiros por 
parte dos Estados para implantação de seus direitos;
Carta Internacional dos Direitos Humanos: é constituída pela declaração 
universal dos Direitos Humanos, pelo Pacto Internacional sobre Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais e pelo pacto Internacional sobre os Direitos 
Civis e Políticos e seus dois Protocolos facultativos.
Em se tratando dos Sistemas Regionais, o mais relevante para a prova da 
OAB é o americano ou interamericano, de responsabilidade da OEA, no 
qual se insere o Brasil como membro da organização e como signatário dos 
dois principais documentos: a Carta de Bogotá e o Pacto de San José da 
Costa Rica ou Convenção Americana de Direitos Humanos.
 
Os Sistemas de Petições Individuais consiste no mecanismo de denúncias 
particulares da OEA, envolve dois órgãos; um de natureza administrativa e 
de caráter político, sediado em Washington, e outro de natureza 
jurisdicional, uma verdadeira corte internacional prolatadora de sentenças 
internacionais. O primeiro é a Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos, o segundo é a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
 
A sentença internacional da Corte Interamericana é inapelável e definitiva, 
não necessitando de homologação pelo STJ, em razão de o Brasil ter 
acatado expressamente a competência da Corte em 1998, cuja execução 
interna se dará, caso não seja cumprida voluntariamente, perante a Justiça 
Federal.
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ALGUNS CASOS CONTRA O ESTADO BRASILEIRO
 
➢ Condenações: A primeira demanda foi o Caso Ximenes Lopes vs. Brasil, 
que gerou a primeira condenação do Estado brasileiro no sistema 
interamericano.
O Caso Damião Ximenes foi apresentado a Corte pela Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos em janeiro de 2004 e a sentença 
proferida em julho de 2006. A referida condenação brasileira trouxe à baila 
a situação das casas de tratamento psiquiátrico no país. Ademais, em 
2009, tivemos o julgamento do caso Escher e Outros vs. Brasil e Garibaldi 
vs. Brasil. O último caso julgado pela Corte Interamericana contra o Brasil 
foi o conhecido Caso da Guerrilha do Araguaia – Caso Gomes Lund e 
outros.
 
➢ Casos arquivados: tivemos o caso Nogueira de Carvalho e Outros vs. 
Brasil, submetido a Corte em janeiro de 2005, na qual o Brasil foi 
absolvido. 
➢ Medidas provisórias: O caso da prisão Urso Branco pode ser considerado 
um marco na história do Brasil diante do sistema interamericano, haja 
vista que traz em seu bojo, as primeiras medidas provisionais adotadas 
contra o Estado brasileiro. Em 2002, a Comissão Interamericana 
apresentou à Corte uma solicitação de medidas provisórias em relação à 
República Federativa do Brasil a respeito dos internos da Casa de 
Detenção José Mário Alves, também conhecida como prisão “Urso 
Branco”, localizada em Porto Velho (RO). O principal objetivo das 
medidas era o de evitar mais mortes, e, para tanto a Corte 
Interamericana determinou ao Estado brasileiro a adoção de medidas 
para a proteção da vida e integridade física de todos os internos. 
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Sistema Global de 
Proteção Específica
CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS 
FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Essa convenção adotada pela ONU na Assembleia Geral em 21 de 
dezembro de 1965 e promulgada no Brasil em 8 de dezembro de 1969 pelo 
Dec. 65.810, atenta para a consciência de que a discriminação entre as 
pessoas por motivo de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo às 
relações amistosas e pacíficas entre as nações. 
CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS 
FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER
Adotada em 18 de Dezembro de 1979 e promulgada no Brasil em 13 de 
Setembro de 2002 pelo Dec. 4.377 tem por fundamento conscientizar 
quanto a discriminação contra a mulher diante da igualdade dos direitos e 
do respeito a dignidade humana. 
CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS 
CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES
Foi adotada pela ONU no dia 28 de Setembro de 1984 e promulgada no 
Brasil em 15 de fevereiro de 1991 pelo Dec. 40, tem por fundamento a 
obrigação que incube aos Estados de promover o respeito universal e a 
observância dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. 
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CONVENÇÃO CONTRA OS DIREITOS DA CRIANÇA
Foi adotada pela ONU em 20 de Novembro de 1989 e promulgada no Brasil 
em 21 de novembro de 1990 pelo Dec. 99.710, tem por objetivo a 
consciência de que a criança, em virtude da sua falta de maturidade física e 
mental, necessita de proteção e cuidados especiais, inclusive a devida 
proteção legal, tanto antes quanto após o seu nascimento. 
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Foi adotada pela ONU em 13 de dezembro de 2006 e promulgada noBrasil 
em 23 de Agosto de 2009 pelo Dec. 6.949, tem por fundamento a 
consciência de que a deficiência é um conceito em evolução e resulta da 
interação entre pessoas com deficiência, e que as barreiras devidas às 
atitudes e ao ambiente impedem a plena e efetiva participação dessas 
pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com os demais 
indivíduos. 
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Instituições Nacionais de 
Direito Humanos
As Instituições Nacionais de Direitos Humanos (INDH) são atores-chave que 
podem preencher os vazios na aplicação do direito internacional dos direitos 
humanos. 
Elas trabalham para garantir o Estado de Direito e lutar contra a impunidade 
no país. Também procuram a aplicação nacional dos tratados e mecanismos 
internacionais de direitos humanos. As INDH são fundamentais para promover o 
respeito dos direitos humanos em cada país. Também podem:
Impelir a elaboração de planos de ação e fomentar políticas públicas em 
direitos humanos, além de apresentar propostas legislativas e avaliar o 
cumprimento das obrigações internacionais adquiridas pelos Estados. 
- Aumentar a apropriação e abrangência nacional de projetos de cooperação 
técnica, melhorando sua sustentabilidade. 
Representam uma aliança estratégica entre o sistema nacional e internacional, 
visto que podem facilitar a interação com todos os atores do sistema de proteção 
nacional como o poder executivo, poder judiciário, o Congresso Nacional e a 
sociedade civil. 
QUEM CERTIFICA AS INDH
 O Comitê Internacional de Coordenação das Instituições Nacionais analisa se as 
INDH cumprem os Princípios de Paris e, nesse caso, as certifica. Essa certificação 
permite participar e ter voz no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas 
Na América do Sul - Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, 
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Peru e Venezuela - contam com instituições nacionais de direitos humanos 
criadas segundo os Princípios de Paris, e o Uruguai está em processo de 
implementação da sua INDH. 
CONCEITO
As Instituições Nacionais de Direitos Humanos são organismos estatais 
criados por um mandato constitucional ou legislativo para promover e proteger 
os direitos humanos. Quando estabelecidos segundo os Princípios de Paris, essas 
instituições viram atores fundamentais no sistema nacional de proteção dos 
direitos humanos e promovem importantes laços entre o Estado, a sociedade civil 
e os organismos internacionais de direitos humanos
PRINCÍPIOS DE PARIS
Adotados numa atividade internacional celebrada em Paris no ano 1991, os 
“princípios relativos ao status e operação das instituições nacionais” marcaram o 
início da cooperação e a padronização das instituições nacionais de direitos 
humanos internacionalmente. 
Aprovados pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de dezembro de 
1993, os Princípios de Paris expressam a principal fonte de padrões internacionais 
na criação e procedimentos das INDH. Pormenorizam suas atribuições e 
responsabilidades, composição, garantias de independência e métodos de 
operação.
Ao contrário de outros organismos de governo, as INDH não estão 
subordinadas aos poderes executivo, legislativo ou judiciário, e são 
independentes apesar de serem majoritariamente financiadas pelo Estado.
Licensed to Briso Souza Ferreira - Email: brisogsouza@gmail.com
Atribuições e responsabilidades:
•Ter um mandato amplo de promoção e proteção dos direitos humanos, 
assumido num texto constitucional ou legislativo. 
• Apresentar ao governo ou outra autoridade (de maneira consultiva) suas 
opiniões, recomendações, propostas e relatórios sobre qualquer assunto de 
direitos humanos. Pode abranger projetos de lei, decretos, ações, situações de 
violação aos direitos humanos, entre outros. 
• Garantir a coerência entre legislação e regulação nacional com os instrumentos 
internacionais de direitos humanos subscritos pelo Estado e promover a 
ratificação dos restantes. 
• Cooperar na elaboração dos relatórios que devem ser entregues pelos Estados 
aos organismos das Nações Unidas e colaborar com o sistema universal, regional e 
nacional. 
• Ajudar na formulação e entrega de programas de ensino e pesquisa em direitos 
humanos. 
• Divulgar os direitos humanos e o trabalho contra a discriminação, além de 
incrementar a informação pública por meio da imprensa e campanhas de 
sensibilização.
Composição e garantias de independência: 
• Seus membros devem ser escolhidos de modo a garantir uma representação 
pluralista. Para tanto, é recomendável contar com a participação de organizações 
da sociedade civil, especialistas, congressistas, entre outros. 
• Deve possuir infraestrutura e financiamento adequados para suas atividades, 
garantindo sua autonomia na relação com o governo. 
• Seus membros devem ser nomeados em um ato oficial, de modo a se tornar 
pública a duração do seu mandato. 
Métodos de operação:
• Possuir a liberdade de considerar qualquer assunto, não importa qual a sua 
fonte, escutar todas as pessoas e obter qualquer documento necessário para 
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analisar situações importantes. 
• Divulgar na opinião pública ou na imprensa seus pareceres e recomendações. 
• Organizar encontros regulares com todos os membros e estabelecer equipes 
de trabalho ou unidades locais ou regionais para colaborar em suas funções. 
• Consultar atores relevantes na proteção e promoção dos direitos humanos e 
estabelecer relações com ONGs de - dicadas à promoção e proteção dos direitos 
humanos. 
Outras faculdades: 
• As INDH podem receber e examinar reclamações ou petições individuais e 
devem procurar uma resolução conciliada ou por decisões vinculantes; 
• Sem prejuízo da confidencialidade, devem informar as pessoas sobre seus 
direitos e os recursos que podem ser interpostos. 
• Podem transmitir os pedidos para a autoridade competente ou fazer 
recomendações diretas para garantir o cumprimento dos direitos.
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Mecanismos Preventivos 
Nacionais
O Protocolo Facultativo da Convenção contra a Tortura das Nações Unidas 
estabelece um sistema de visitas periódicas a lugares de detenção, a ser realizado 
por órgãos independentes, com o objetivo de prevenir a tortura e outras formas de 
maus-tratos. O enfoque inovador do Protocolo Facultativo se sustenta em dois 
pilares: um novo órgão internacional (o Subcomitê para a Prevenção da Tortura das 
Nações Unidas), e a obrigação para cada Estado-Parte de estabelecer ou designar 
de forma complementar seu próprio mecanismo preventivo nacional (MPN). No 
direito internacional consuetudinário já existe a exigência para todos os 
Estados-Partes de prevenir a tortura.
A Convenção contra a Tortura das Nações Unidas também inclui 
expressamente a obrigação geral para todos os Estados-Partes de tomar medidas 
efetivas para prevenir a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
A Convenção contra a Tortura, ademais, prevê medidas como a criminalização e 
persecução
do delito de tortura, e a proibição de usar como prova qualquer informação obtida 
através de tortura, as quais os Estados-Partes devem incorporar à sua legislação 
nacional para prevenir e castigar a tortura.
O Comitê contra a Tortura, criado em virtude da Convenção, avalia periodicamente 
os progressos de cada Estado-Parte na matéria. Tal é feito baseando-se 
principalmente nos relatórios escritos que as autoridades governamentais e as 
organizações não governamentais (ONG) submetem à sede do Comitê em Genebra. 
Com base nestes relatórios, iniciam-se em Genebra discussões frente a frente entre 
o Comitê e as autoridades mencionadas, e separadamente com as ONG nacionais. 
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Alguns Estados-Partes autorizam igualmente queo Comitê leve em 
consideração queixas de particulares, as quais são respondidas por este órgão 
através de decisões por escrito.
As visitas do Comitê ao território de um Estado-Parte, com o consentimento 
expresso outorgado previamente pelo Estado em questão, são escassas. 
Durante os 20 anos de vigência da Convenção, o Comitê realizou investigações 
oficiais in situ nos termos do artigo 20 deste instrumento em somente 5 dos 141 
Estados-Partes.
Apesar da série de medidas estabelecidas de forma específica na 
Convenção contra a Tortura e do trabalho exercido pelo Comitê contra a 
Tortura, o flagelo da tortura e outros maus-tratos persiste. Por esta razão, 
elaborou-se o Protocolo Facultativo de forma a fornecer aos Estados uma 
ferramenta prática adicional que ajudará os Estados a cumprirem com as 
obrigações que lhes são impostas pelo direito internacional consuetudinário e 
pela própria Convenção. Para tal, o Protocolo Facultativo introduz um sistema 
de visitas periódicas a locais de detenção a ser realizado por especialistas 
independentes nacionais e internacionais.
O Relator Especial das Nações Unidas para a tortura, explicou os 
fundamentos do Protocolo Facultativo nos seguintes termos:
“Os fundamentos [do Protocolo] se baseiam na experiência adquirida de que a 
tortura e os maus-tratos normalmente se produzem em locais de detenção 
isolados onde aqueles que praticam a tortura acreditam estar fora do alcance de 
uma supervisão ou prestação de contas eficaz. Dado que a tortura é uma prática 
terminantemente proibida por todos os sistemas
jurídicos e códigos éticos de conduta do mundo, somente pode funcionar como 
parte de um sistema no qual os colegas e superiores do carrasco tolerem, ou ao 
menos, remitam estas práticas e onde as câmaras de tortura estejam protegidas 
eficazmente do exterior. As vítimas
de tortura ou são assassinadas ou são intimidadas de tal forma que não se 
atrevem a revelar o que sofreram. E, se apesar disso, denunciam ter sido vítimas 
de tortura, têm que enfrentar enormes dificuldades para demonstrar o ocorrido 
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durante seu isolamento e, como suspeitos criminosos, foragidos ou terroristas, sua 
credibilidade é menosprezada com frequência pelas autoridades. Em consequência, 
a única maneira de romper este círculo vicioso é submeter os lugares de privação 
de liberdade ao escrutínio público e tornar mais transparente e responsável frente 
à supervisão externa todo o sistema em que operam os agentes de polícia,
de segurança e de inteligência.”
O primeiro pilar do Protocolo Facultativo é o programa de visitas realizado 
pelo Subcomitê para Prevenção da Tortura as Nações Unidas (Subcomitê 
internacional ou Subcomitê daqui para frente).
Este novo órgão do Protocolo Facultativo segue os passos do Comitê Europeu 
para a Prevenção da Tortura e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha que 
durante muitos anos cumpriram uma função similar. O Subcomitê não requer a 
autorização de um Estado-Parte para qualquer visita a seu território; com a 
ratificação do Protocolo Facultativo o Estado dá seu consentimento para visitas de 
forma generalizada. Uma vez dentro do território, o Subcomitê internacional tem a 
faculdade de, entre outras coisas, ter acesso a qualquer lugar de detenção, a 
circular livremente e a conduzir entrevistas reservadas com os detentos.
O segundo pilar do Protocolo Facultativo consiste no mecanismo preventivo 
nacional (MPN), que deverá ser designado por cada Estado-Parte para desenvolver 
um trabalho similar com garantias análogas em escala local. O Protocolo 
Facultativo estabelece requisitos fundamentais para seu funcionamento, ao 
mesmo tempo que outorga certa flexibilidade a cada Estado para construir seu 
MPN em conformidade com seu contexto nacional próprio. O
Protocolo Facultativo combina, então, a supervisão periódica de especialistas do 
mundo inteiro, com visitas assíduas a um número maior de unidades que serão 
realizadas por mecanismos nacionais de prevenção. Os MPN também estão 
expressamente encarregados de submeter propostas de legislação e comentar as 
normas vigentes ou em fase de elaboração.
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QUESTÕES COMENTADAS XXIV EXAME DE ORDEM
Questão: Há cerca de três meses, foi verificado que os presos da Penitenciária 
Quebrantar estavam sofrendo diversas formas de maus tratos, incluindo violência 
física. Você foi contratado(a) por familiares dos presos, que lhe disseram ter 
elementos suficientes para acreditar que qualquer medida judicial no Brasil seria 
ineficaz no prazo desejado. Por isso, eles o(a) consultaram sobre a possibilidade de 
submeter o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Considerando as regras de funcionamento dessa Comissão, você deve informá-los 
de que a CIDH pode receber a denúncia: 
a) caso sejam feitas petições individualizadas, uma vez que os casos de violação de 
direitos previstos no Pacto de São José da Costa Rica devem ser julgados 
diretamente pela Corte Interamericana de Justiça.
b) caso sejam feitas petições individualizadas relatando a violação sofrida por cada 
uma das vítimas e as relacionando aos direitos previstos na Convenção Americana; 
assim, a CIDH poderá adotar as medidas que julgar necessárias para a cessação da 
violação. 
c) caso entenda haver situação de gravidade e urgência. Assim, a CIDH poderá 
instaurar de ofício um procedimento no qual solicita que o Estado brasileiro adote 
medidas cautelares de natureza coletiva para evitar danos irreparáveis aos presos. 
d) caso entenda haver situação de gravidade e urgência. Assim, a CIDH deve 
encaminhar diretamente o caso à Corte Interamericana de Justiça, que poderá 
ordenar a medida provisória que julgar necessária à cessação da violação. 
Gabarito: Alternativa C
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Comentários: Esta é uma pergunta bem interessante e exige do candidato 
conhecimento sobre a tramitação das queixas/petições individuais na Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos e do regulamento da Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos, especialmente dos arts. 23 e seguintes. Em 
primeiro lugar, observe que o art. 44 da Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos prevê que "qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidade 
não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da 
Organização pode apresentar petições que contenham denúncias ou queixas de 
violação desta Convenção por um Estado-parte". Não é necessário que as petições 
sejam individualizadas (uma petição para cada preso), mas é preciso que os 
requisitos do art. 46 da Convenção sejam atendidos (e que as exceções previstas 
no art. 46.2 sejam demonstradas, se for o caso). Uma vez recebida a petição, 
segue-se o rito previsto nos arts. 49 a 51 da Convenção e, se não se alcançar uma 
solução, a Comissão poderá remeter o caso à Corte Interamericana de Direitos 
Humanos, caso o Estado acusado de violação de direitos humanos tenha 
reconhecido a competência contenciosa da Corte, nos termos do art. 62 da 
Convenção - note que apenas Estados e a própria Comissão podem apresentar 
casos à Corte e que, nos termos do art. 61.2, para que a Corte possa conhecer de 
algum caso, é necessário que os procedimentos perante a Comissão 
Interamericana tenham sido esgotados sem sucesso. Observe que, por ser um 
órgão de caráter quase-judicial, a Comissão não tem poderes para impor medidas 
aos Estados; ela pode fazer recomendações, propor soluções, solicitar que o 
Estado adote determinada medida e tentar chegar a uma solução amistosa (veja 
os arts. 48 a 50 da Convenção e os arts. 23 e seguintes do Regulamento), mas 
apenas a Corte pode impor decisões, pois apenas as suas sentenças são de 
cumprimento obrigatório pelos Estados que aceitaram se submeter à sua 
competência contenciosa. Por fim, observe que o art. 48 da Convenção prevê que, 
em casosgraves e urgentes, a Comissão pode fazer uma investigação in loco, 
visitando o território em que se alega que as violações foram cometidas, logo após 
a apresentação da petição (desde que todos os requisitos sejam atendidos) e 
desde que o Estado a ser visitado concorde com este procedimento. É possível, 
também, com base no art. 63 - e em se tratando de uma situação de extrema 
gravidade e urgência - que a Corte Interamericana, a pedido da Comissão 
Interamericana, adote as 
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medidas provisórias que considerar pertinentes, a fim de evitar danos irreparáveis 
às pessoas. Esta medida pode ser adotada mesmo antes de o caso ser submetido à 
análise da Corte, mas, nesse caso, a Corte age a pedido da Comissão (e não por 
iniciativa própria - esta ação de ofício só seria possível após a remessa do caso à 
Corte). Analisando as alternativas apresentadas, temos que a letra A e B estão 
erradas porque não é necessário que as petições sejam individualizadas, a Corte 
não julga os casos diretamente (é preciso, em primeiro lugar, esgotar o 
procedimento quase-judicial perante a Comissão) e a Comissão não tem poderes 
para obrigar os Estados a adotar as medidas que ela entende serem necessárias 
para fazer cessar a violação. A alternativa D está errada porque, 
independentemente da gravidade e urgência do caso, a Corte não irá conhecê-lo 
diretamente - como já mencionado, é necessário que o procedimento perante a 
Comissão seja esgotado primeiro; além disso, a Corte pode tomar medidas 
provisórias, a pedido da Comissão, mesmo antes de o caso em tela ter sido 
submetido à sua análise. Resta, portanto, a alternativa C. Ainda que não esteja 
expressamente previsto na Convenção que, em caso de gravidade e urgência, "a 
Comissão pode instaurar de ofício um procedimento no qual solicita que o Estado 
brasileiro adote medidas cautelares de natureza coletiva para evitar danos 
irreparáveis aos presos", esta possibilidade está prevista no art. 23 do 
Regulamento, que diz que a Comissão pode, por iniciativa própria ou a pedido da 
parte, solicitar que um Estado adote medidas cautelares", relacionadas às 
situações de gravidade e urgência que apresentem risco de dano irreparável às 
pessoas; estas medidas podem proteger pessoas ou grupos de pessoas, sempre 
que os beneficiários puderem ser identificados (veja o art. 25.3 do Regulamento). 
Ou seja, esta é a resposta da questão.
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Questão: Você, como advogada(o) que atua na defesa dos Direitos Humanos, foi 
chamada(o) para atuar em um caso em que há uma disputa pela terra entre 
produtores rurais e uma comunidade quilombola. Você sabe que, de acordo com o 
Decreto nº 4.887/03 do Governo Federal, “consideram-se remanescentes das 
comunidades dos quilombos, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de 
autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais 
específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência 
à opressão histórica sofrida”. 
Em relação a essas pessoas remanescentes de quilombos, é correto dizer que a 
Constituição Federal de 1988 
a) assegura o direito às suas tradições, mas não garante a propriedade da terra 
ocupada por elas. 
b) prevê o direito à consulta aos quilombolas sempre que houver proposta oficial 
de exploração de riquezas minerais de suas terras. 
c) afirma o direito à posse da terra quando ocupada de boa-fé por esses grupos. 
d) reconhece a propriedade definitiva das terras que estejam ocupando, cabendo 
ao Estado a emissão dos títulos respectivos.
Gabarito: Alternativa D
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QUESTÕES COMENTADAS XXV EXAME DE ORDEM
Questão: Você foi procurado, como advogado(a), por representantes de um 
Centro de Defesa dos Direitos Humanos, que lhe informaram que o governador do 
estado, juntamente com o ministro da justiça do país, estava articulando a 
expulsão coletiva de um grupo de haitianos, que vivem legalmente na sua cidade.
Na iminência de tal situação e sabendo que o Brasil é signatário da Convenção 
Americana sobre os Direitos Humanos, assinale a opção que indica, em 
conformidade com essa convenção, o argumento jurídico a ser usado. 
a) Um decreto do governador combinado a uma portaria do ministro da justiça 
constitui fundamento jurídico suficiente para a expulsão coletiva, segundo a 
Convenção acima citada. Portanto, a única solução é política, ou seja, fazer 
manifestações para demover as autoridades desse propósito.
b) A Convenção Americana sobre os Direitos Humanos é omissa quanto a esse 
ponto. Portanto, a única alternativa é buscar apoio em outros tratados 
internacionais, como a Convenção das Nações Unidas, relativa ao Estatuto dos 
Refugiados, também conhecida como Convenção de Genebra, de 1951. 
c) A expulsão coletiva de estrangeiros é permitida, segundo a Convenção 
Americana sobre os Direitos Humanos, apenas no caso daqueles que tenham tido 
condenação penal com trânsito em julgado, o que não foi o caso dos haitianos 
visados pelos propósitos do governador e do ministro, uma vez que eles vivem 
legalmente na cidade. 
d) A pessoa que se ache legalmente no território de um Estado tem direito de 
circular nele e de nele residir em conformidade com as disposições legais. Além 
disso, é proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
Gabarito: Alternativa D 
Comentários: O direito de circulação e residência é protegido pela Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos em seu art. 22.
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Questão: O governo federal autorizou uma mineradora a prospectar a exploração 
dos recursos existentes nas terras indígenas. Numerosas instituições da sociedade 
civil contratam você para, na condição de advogado, atuar em defesa da 
comunidade indígena.
Tendo em vista tal fato, além do que determina a Convenção 169 da OIT Sobre 
Povos Indígenas e Tribais, assinale a afirmativa correta. 
a) O governo deverá estabelecer ou manter procedimentos com vistas a consultar 
os povos indígenas interessados, a fim de determinar se os interesses desses 
povos seriam prejudicados e em que medida, antes de empreender ou autorizar 
qualquer programa de prospecção ou exploração dos recursos existentes em suas 
terras. 
b) A prospecção e a exploração dos recursos naturais em terras indígenas podem 
ocorrer independentemente da autorização e da participação dos povos indígenas 
nesse processo, desde que haja uma indenização por eventuais danos causados 
em decorrência dessa exploração. 
c) A prospecção e a exploração das riquezas naturais em terras indígenas podem 
ocorrer mesmo sem a participação ou o consentimento dos povos indígenas 
afetados. No entanto, esses povos têm direito a receber a metade do valor obtido 
como lucro líquido resultante dessa exploração.
d) Se a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo existentes na terra 
indígena pertencerem ao Estado, o governo não está juridicamente obrigado a 
consultar os povos interessados. Nesse caso, restaria apenas a mobilização política 
como estratégia de convencimento.
Gabarito: Alternativa A
Comentários: Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT 
sobre Povos Indígenas e Tribais. “Artigo 15”. Em caso de pertencer ao Estado a 
propriedade dos minérios ou dos recursos existentes nas terras, os governos 
deverão estabelecer ou manter procedimentos com vistas a consultar os povos 
interessados, a fim de se determinar se os interesses desses povos seriam 
prejudicados, e em que medida, antes de se empreender ou autorizar qualquer 
programa de prospecção ou exploração dos recursos existentes nas suas terras. os 
povos interessados deverão receber indenização equitativa por qualquer dano que 
possam sofrer como resultado dessas atividades.
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LENZA, Pedro. OAB Esquematizado 1ª Fase. Vol. Único. São Paulo:Editora 
Saraiva. 2018.
Referências Bibliográficas
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