Curso de Leitura em voz alta pelo professor!

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Estrutura do curso
Olá, professor!
 
Este é o curso de Leitura em Voz Alta de Textos Poéticos, Narrativos e Informativos. Neste curso vamos analisar diferentes orientações para a realização da leitura em voz alta e o papel do professor em cada uma delas.
 
Mas você pode estar se perguntando: por que estes conteúdos foram escolhidos?
Porque estão diretamente relacionados ao que os alunos poderão aprender!
 
Temos hoje no Brasil uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que traz as competências e habilidades que todo aluno precisa desenvolver ao longo da Educação Básica. Tal documento direcionou a escolha dos objetivos do nosso curso e estes serão apresentados a você a cada etapa.
 
Os módulos poéticos, narrativos e informativos estão organizados em etapas:
Começando pela etapa Introdução vamos refletir, em cada um dos módulos, sobre o propósito da leitura em voz alta. Nesta parte do curso, nosso objetivo é que você possa:
· Compreender a importância da leitura em voz alta feita pelo professor.
 
Na etapa seguinte, o Processo, vamos refletir sobre o papel do professor na mediação da leitura a partir da análise de práticas docentes e referências teóricas. Neste ponto, entre os nossos objetivos, a intenção é que você possa:
· Refletir sobre a importância da escola e do professor como mediadores na formação do leitor.
· Compreender e identificar o conceito de chave de apreciação, relacionando-o com a prática da leitura.
· Refletir sobre as ideias infantis acerca de uma leitura para uma melhor mediação do professor.
· Comparar os diferentes encaminhamentos de leitura.
 
Estes objetivos poderão influenciar na possibilidade de a criança desenvolver determinadas habilidades da BNCC, que também serão apresentadas a você a cada etapa, por exemplo:
· “(EF15LP10) Escutar, com atenção, falas de professores e colegas, formulando perguntas pertinentes ao tema e solicitando esclarecimentos sempre que necessário.”
 
De acordo com a forma que o professor encaminha e media a leitura em voz alta, as crianças podem:
· “(EF15LP02) Estabelecer expectativas em relação ao texto que vai ler [...], apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre as condições de produção e recepção desse texto [...] confirmando antecipações e inferências realizadas antes e durante a leitura de textos, checando a adequação das hipóteses realizadas.”
 
Quando os professores promovem com sistematicidade a leitura em voz alta e atrelam essa prática a boas conversas literárias, os alunos podem:
· “(EF02LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, textos literários, de gêneros variados, desenvolvendo o gosto pela leitura.”
· “(EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global.”
 
E para as crianças da Educação Infantil:
· “Levantar hipóteses sobre os gêneros textuais veiculados em portadores conhecidos, recorrendo à estratégia de observação gráfica e/ou leitura.”
 
Na etapa do Planejamento, os objetivos estão relacionados a:
· Identificar os diversos critérios de seleção de textos, considerando os propósitos que se tem e a qualidade gráfica e linguística; 
· Pensar sobre a organização do espaço e do tempo didático.
 
Muito parecido é o que se espera das crianças, uma vez que elas também precisam selecionar o que vão ler. Segundo a BNCC, espera-se que as crianças possam:
· “(EF12LP02) Buscar, selecionar e ler, com a mediação do professor, textos que circulam em meios impressos ou digitais, de acordo com as necessidades e interesses.”
 
E para as crianças da Educação Infantil:
· “Escolher e folhear livros, procurando orientar-se por temas e ilustrações, tentando identificar palavras conhecidas.”
· “Levantar hipóteses sobre os gêneros textuais veiculados em portadores conhecidos, recorrendo a estratégia de observação gráfica e/ou leitura.”
· “Selecionar livros e textos de gêneros conhecidos para a leitura de um adulto e/ou para a sua própria leitura.”
 
Terminamos o curso com a Sistematização, que consiste em fazer um fechamento sobre as principais aprendizagens que ocorreram ao longo do curso, em um movimento de autoavaliação.
 
Esperamos que goste e que aprenda muito com o curso!
A leitura em voz alta pelo professor
O Portal TRILHAS é conhecido nacionalmente pelo seu trabalho em alfabetização e, por isso, você pode estar se perguntando: como a leitura em voz alta feita pelo professor está relacionada com o processo de alfabetização?
 
A resposta vem das pesquisas psicogenéticas, nas quais Emilia Ferreiro e Ana Teberosky têm se debruçado por mais de 30 anos, lutando para que a concepção de alfabetização não seja reduzida à apropriação do sistema de escrita. Com a publicação de Psicogênese da Língua Escrita (Artmed, 1999), passou-se a entender a necessidade de formar crianças leitoras e escritoras competentes, para que elas usem a leitura e a escrita em diferentes circunstâncias, de modo que sejam inseridas, de fato, na cultura letrada para, assim, atuarem com autonomia nas mais diversas situações do cotidiano.
 
Entendemos cultura escrita como “todas as práticas que se foram estabelecendo historicamente em torno do texto: a leitura em voz alta, a leitura silenciosa e a conversa sobre o texto ou sobre a escrita. Portanto, um conceito amplo, que não se reduz a identificar a relação entre o som e a grafia, mas que engloba os usos sociais que fazemos de materiais escritos. Ler conjunta e cotidianamente é um exemplo de participação na cultura escrita.” (Portal TRILHAS, Caderno de apresentação, p. 6).
 
A relação entre a alfabetização e a leitura literária reside aí, pois para o aluno se formar como leitor é necessário que a escola ofereça diversas oportunidades de contato com os livros. Nesse contexto, sabemos que ouvir histórias lidas pelo professor representa um ganho significativo para a aprendizagem leitora. As narrativas, além disso, favorecem o contato com uma forma de discurso presente em nossa cultura em diferentes portadores: livros, filmes, TV. “O trabalho com esse tipo de texto permite aprender a compreensão da mensagem, do conteúdo do texto e da forma como ele está escrito. Conforme a maneira proposta, pode permitir conhecer aos poucos a língua em que se escreve e seus usos. Além disso, ao propiciar um contato constante com diferentes textos, pode-se também criar condições para uma leitura própria que aproxime as crianças do mundo letrado.” (Portal TRILHAS, Caderno de Estudos – Trilhas para ler e escrever textos, p. 10).
 
No caso dos textos poéticos, em que os poetas costumam criar um jogo entre as palavras e assim brincar com a sonoridade, as crianças têm a oportunidade de participar de um processo de construção tanto da linguagem oral quanto escrita. Os textos poéticos são uma fonte privilegiada, uma vez que, ao escutar, ler, recitar e escrever textos como poemas, canções, parlendas e outros, as crianças podem aprender muito sobre a linguagem e também sobre o sistema de escrita.
 
Além das leituras dos narrativos e poéticos, você também encontrará, no Portal TRILHAS, o trabalho com os textos informativos. As crianças ficam fascinadas quando descobrem como as coisas funcionam. A linguagem é uma impressionante construção que transmite ideias e emoções: o ritmo, a gramática e o vocabulário contribuem para a decifração dessa arquitetura da linguagem. "Um bom livro informativo sempre estimula as crianças a buscar significado de determinadas palavras, a apoiar-se nas imagens para compreender os parágrafos mais complexos, a sentir que são sujeitos ativos no ato de ler.” (Garralon, 2015, p.18). Nesse sentido, a leitura de bons textos informativos favorece o conhecimento sobre o mundo, contribui para aguçar a criatividade, provocar o desejo de pesquisas e, consequentemente, para a formação de leitores autônomos.   
 
Como podemos perceber, são muitas as vantagens de se trabalhar com a leitura de textos narrativos, poéticos e informativos desde a mais tenra idade. Observa-se que a interação com uma variedade de textos de qualidade, permite ao aluno distintas possibilidades de reflexão e, por isso, podemosafirmar que ouvir o professor lendo ou recitando histórias contribui fortemente para a formação do leitor competente e crítico. Temos aqui uma justificativa importante para o trabalho sistemático e efetivo de leitura em voz alta feita pelo professor: o de oferecer oportunidades aos alunos de terem contato com textos diversos e distintos. Esse contato, atrelado aos espaços de trocas e conversas com os colegas de turma, pode enriquecer ainda mais a prática de leitura e, consequentemente, da alfabetização.