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ANAIS VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura De 5 a 7 de junho de 2014 Vila Velha/ ES – Brasil REALIZAÇÃO: APOIO: VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL ORGANIZAÇÃO: CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER UVV/ VILA VELHA-ES/ BRASIL APRESENTAÇÃO As atividades de aventura têm merecido atenção, tanto em decorrência do crescimento da demanda por vivências diferenciadas, quanto do forte apelo emocional advindo das experiências nestas práticas. Da mesma forma, o contexto acadêmico tem se apropriado desta temática em diversos campos do conhecimento, no sentido de compreender as inúmeras variáveis subjetivas, objetivas, de caráter técnico, de formação profissional e de minimização de situações perigosas, entre diversos outras, as quais já estão presentes em alguns estudos realizados. Nessa perspectiva, o curso de Educação Física da Universidade Vila Velha (UVV), por intermédio, especificamente, de algumas disciplinas que discutem sobre o lazer de aventura, proporciona aos seus acadêmicos diversas experiências práticas reflexivas relativas a esta temática, como visitas técnicas e organização de eventos. Todas essas iniciativas são apoiadas pelo Núcleo de Recreação e Lazer (NRL) e discutidas durante os encontros do Grupo de Estudo Lazer, Ecologia e Aventura (GELEA), que há seis anos participa desse evento. Assim, o curso de Educação Física da UVV, em parceria com o Laboratório de Estudos do Lazer (LEL), realiza, entre os dias 5 e 7 de junho de 2014, a oitava edição do CBAA e segunda do CIAA, tendo como norte a temática ‘Dimensões, Avanços e Legados’. O evento constará de palestras, mesas redondas, oficinas e apresentações de trabalhos, os quais permitirão o aprofundamento das reflexões sobre o tema. Portanto, a Comissão Organizadora convida a todos os professores, pesquisadores, estudantes, profissionais e demais interessados a participarem do VII CBAA/ II CIAA. Saudações! Comissão Organizadora VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL ORGANIZAÇÃO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESPORTE E LAZER Marcello Nunes Coordenador NRL – NÚCLEO DE RECREAÇÃO E LAZER Salvador Inácio Da Silva Orientador NATA – NÚCLEO DE GESTÃO E TEORIA APLICADA AO ESPORTE Cristiane Naomi Kawaguti Orientadora APOIO UNIVERSIDADE VILA VELHA Manoel Ceciliano Salles De Almeida Reitor SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO, EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TRABALHO VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL COMISSÃO ORGANIZADORA Danilo Roberto Pereira Santiago (Coordenação geral) – UVV – Vila Velha Cristiane Naomi Kawaguti – UVV – Vila Velha Marcello Nunes – UVV – Vila Velha Murilo Eduardo dos Santos Nazário – UVV – Vila Velha Salvador Inácio da Silva – UVV – Vila Velha COMISSÃO CIENTÍFICA Profa. Dra. Cristiane Naomi Kawaguti (Presidente) – UVV/ UNESP – Rio Claro Prof. Dr. Danilo Roberto Pereira Santiago – UVV/ UNESP – Rio Claro Prof. Ms. Felipe Ferreira Barros Carneiro – UVV Livre docente Gisele Maria Schwartz – UNESP – Rio Claro Prof. Dr. Marcelo Ribeiro de Castro – UVV Prof. Ms. Murilo Eduardo dos Santos Nazário – UVV Ms. Salvador Inácio da Silva - UVV Prof. Ms. Tiago Ferreira da Silva Pedicini – UNESP – Rio Claro APOIO Adeilson Fernandes Dantes Anderson Pintinho Beatriz Crislaine Xavier Boaventura Brunno Ferreira Sarmento Breno Chiabai Lamego Carlos Eduardo Tuono Carmem Andréia Freire Lapa Dagoberto Araujo Furtado Junior Dalylla Iris Magalhães Deise Lúcia da Conceição Nunes Fabiano Siqueira Canal Filipe Senna Jorge Gildazio Menezia de Sales Jéssica Hotts Cavassoni VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL José Luiz Freire Nunes Juliana Crystina Cabral Silva Laiza Santos Estevão Lívia Louro Moraes Netto Lorena Damasceno Candido Luan Vinicius Mageski da Silva Ribeiro Luciene Alvarintho Almeida Lúcio Valdo Duarte Cardoso Mariana Leite Barcelos Mariana Silva Costa de Abreu Michele Graças Loureiro Nestor Robson Neiva Nascimento Paloma Cristina Fagundes Cunha Paloma Silva Villanueva Paula Lorena Araújo de Souza Pedro Souza Lopes Priscilla Cristina Andrade Rafhael Guaitolini Rodrigo Bernardo Rodrigues Sara Elisama De Araújo Borges Thayslayne Loubato de Oliveira Viviane Carolino Wadson Dutra Júnior SECRETARIA Salvador Inácio da Silva COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO/ SITE Gustavo Meneghel Seydel Lyrio Rayra Possatto Gaudio Barbosa PATROCÍNIO Danilo Roberto Pereira Santiago VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL COMISSÃO CULTURAL Bethania Alves Zandominegue Tiago Ferreira da Silva Pedicini AVALIAÇÃO Viviane Kawano Dias OFICINAS Murilo Eduardo dos Santos Nazário COMISSÃO DE CERIMONIAL Júlio Cezar da Silva Paul Rayra Possatto Gaudio Barbosa COMISSÃO DE TRANSPORTE Cristiane Naomi Kawaguti Danilo Roberto Pereira Santiago Murilo Eduardo dos Santos Nazário Salvador Inácio da Silva PALESTRANTES Andreia Silva Cheng Hsin Nery Chao Dirce Maria Correa da Silva Jadir José Pela Oscar Gutiérrez Huamani Soler Gonzalez Active Recreação e aventura (empresa) Conect com a natureza (empresa acadêmica) New Adventure (empresa acadêmica) VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL MINISTRANTES DE OFICINAS Alexandre Nunes Silva Bruno Viguini Christian Hilton Oliveira Rosa Daniele Lourenço da Silva Fúlvio R. Valeriano Ivana de Campos Ribeiro Leonardo Costa Reis Lucas Fraga Pereira Luciano Trombini Gualtiere Luiz Fernando Losada Tuzuki Marney Rocha de Carvalho Murilo Norberto Bandeira Raimundo André Ryan Araújo Salvador Inácio ATIVIDADE DE RELAXAMENTO Luciano Motta Rios VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL PROGRAMAÇÃO Horário Atividade Descrição QUINTA FEIRA – 05/06/2014 8h às 12h Credenciamento dos Congressistas Recepção dos congressistas e novas inscrições 14h às 18h Oficinas Stand um Padle Rapel Trilha 1 Trilha 2 Trilha Ecoludofilosófica Body Boarding SurfOrientação Pedestre Slackline Tecido 19h00 às 19h30 Abertura Oficial Apresentações culturais 19h30 às 20h30 Palestra de Abertura Jadir José Pela Aventura e Risco na Aprendizagem Transformacional 20h30 às 22h30 Atividade social livre Luau na Praia Sexta feira – 06/06/2014 7h30 às 9h Movimento discente Apresentação de vídeos sobre aventura 9h às 10h30 Mesa redonda 01 - Andréia Silva (ESFA) - Cheng Hsin Nery Chao (UFRN) Educação pela Aventura: Aspectos Acadêmicos VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL 10h30 às 12h Coffee break Apresentação de pôsteres 12h às 14h Almoço 14h às 18h Oficinas Stand um Padle Rapel Trilha 1 Trilha 2 Trilha Ecoludofilosófica Body Boarding Surf Orientação Pedestre Slackline Tecido 19h00 às 21h Cases de Sucesso - Active Recreação e Aventura (Vila Velha/ES) - Conect com a natureza (UVV) - New Adventure (UVV) Empresas destaque da região 21h às 21h30 Atividades culturais Sábado – 07/06/2014 8h às 9h Acordando o corpo - atividades corporais de baixo impacto 9h às 11h00 Mesa Redonda 2 - Dirce Maria C. da Silva (UVV) - Oscar Gutiérrez Huamani Gestão e Impactos de eventos no turismo e na aventura 11h00 às 13h00 Almoço 13h00 às 14h30 Comunicações Orais VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL 14h30 às 15h30 Palestra de encerramento - Soler González (UFES) Interação atividade de aventura/natureza/cultura 15h30 Escolha da cidade sede 2016 e cerimônia de encerramento Domingo – 08/06/2014 7h30 – 18h30 Saídas opcionais para realização de atividades na natureza na região de Vila Velha * por conta do próprio congressista - Paintball - Tirolesa - Arvorismo - Trilhas e Trilhos - Surfe - Slackline - Bodyboard - Parapente - Kitesurf VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL EMENTAS DAS OFICINAS 01 - Orientação Pedestre Ministrantes: Prof. Raimundo André e Alexandre Nunes Silva Ementa: O curso pretende proporcionar vivência das técnicas de Navegação e Orientação cartográfica baseada no Esporte de Orientação Pedestre. A oficina terá uma abordagem teórico-prática com educativos para o aprendizado das técnicas de manipulação de bússola, orientação de um mapa, medição da distância através de passos duplo, pontos cardeais e a união dos mesmos com educativos de direção e distância e uma pista de orientação na barra do Jucu fechando a oficina, esta pratica final será realizada em equipes de até 06 pessoas. 02 - Trilha Ecoludofilosófica Ministrante: Profa. Dra. Ivana de Campos Ribeiro Ementa: O objetivo da Trilha é unir as atividades cognitivas, teóricas acerca do espaço onde vamos trabalhar (conceitos ecológicos), e ativadoras da percepção do espaço e que também promovem a integração grupal, estimulando a afetividade em entre as pessoas e o local além das reflexões (filosóficas) acerca do nosso modo de vida de cada um, situação do espaço como conservação e sustentabilidade. 03 - Body Board Ministrante: Marney Rocha de Carvalho, Leonardo Costa Reis e Christian Hilton Oliveira Rosa Ementa: Proporcionar vivência das técnicas do bodyboard. A oficina terá uma abordagem teórico-prática com educativos em solo e no mar, proporcionando aos participantes a experimentação de ações específicas de tal modalidade. 04 – Stand Up Padle Ministrante: Luciano Trombini Gualtiere Ementa: Proporcionar vivência das técnicas do Stand up Padle. A oficina terá uma abordagem teórico-prática com educativos em solo e no mar, proporcionando aos participantes a experimentação de ações específicas de tal modalidade (equilíbrio, manuseio dos equipamentos, e ações básicas em deslocamento pelo mar). 05 – Surf Ministrante: Bruno Viguini Ementa: Proporcionar vivência das técnicas do surf. A oficina terá uma abordagem teórico-prática com educativos em solo e no mar, proporcionando aos participantes a experimentação de ações específicas de tal modalidade (equilíbrio, manuseio da prancha, drope, e ações básicas em deslocamento pelo mar). VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL 06 - Tecido Ministrante: Daniele Lourenço da Silva Ementa: A oficina terá uma abordagem teórico-prática, com o objetivo de apresentar e discutir as possibilidades de movimentação existentes na técnica do tecido e propor aos participantes possibilidades de criação e recriação através de improvisações e exercícios específicos utilizando o Tecido. 07- Trilhas 1 – Atletas Do Verde Ministrante: Prof. Salvador Inácio da Silva Ementa: O objetivo desta oficina é oportunizar ao trilheiro do CBAA a vivência do Projeto Atletas do Verde; um projeto de extensão do curso de Educação Física Esporte e Lazer – UVV disponibilizado aos alunos do ensino fundamental da rede municipal de Vila Velha – ES. O Projeto Atletas do Verde visa explorar durante uma trilha no Morro do Moreno, tópicos relevantes à ecologia humana e social a partir das atividades recreativas, buscando diversão e desenvolvimento pessoal; inclusive refletir sobre a relação homem natureza. 08 - Trilhas 2 - Trilha da Raiz Ministrante: Murilo Norberto Bandeira Ementa: O objetivo desta oficina é oferecer ao participante do CBAA uma vivência no Morro do Moreno a partir de uma trilha guiada por acadêmicos do curso de educação física, esporte e lazer – UVV que fazem a disciplina de estágio profissional I – recreação e lazer. 09 - Rapel Ministrante: Professor Ryan Araújo Ementa: Proporcionar a vivência básica das técnicas de Rapel. Para tanto, a oficina terá um caráter teórico-prático, estruturada de forma que os participantes possam realizar a vivência segura do Rapel, vivenciando técnicas de amarração, técnicas de decida, além dos principais procedimentos de segurança e diferenças de decidas no Rapel. 10 – Slackline Ministrante: Luiz Fernando Losada Tuzuki e Lucas Fraga Pereira Ementa: O objetivo central desta oficina é proporcionar a vivência básica das técnicas de locomoção e manobras do Slackline. Para isso a oficina será dividida em dois momentos, um teórico e outro prático, no primeiro serão compartilhados elementos históricos, possibilidades do slackline nos diferentes espaços, noções de segurança e características do material. No segundo momento, os participantes vivenciarão as ações motoras necessárias a vivência no Slackline. VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL MINI-CURRÍCULO DOS PALESTRANTES E CONVIDADOS Conferência de Abertura Prof. Dr. Jadir José Pela (Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Trabalho – ES) Possui graduação em Licenciatura Plena em Técnicas Industriais pela Universidade Federal do EspíritoSanto (1982) e mestrado em Educação Agrícola pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2005) . Atualmente é Professor de ensino básico, técnico e tecnol. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo. Mesa-Redonda 1 Profa. Ms. Andréia Silva (ESFA) Possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa (2000), mestrado em Educação Física, ná área de Lazer, pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e especialização em Atividades de lazer e aventura ao ar livre - ESFA (2008). Atualmente é professora titular e Coordenadora do Curso de Educação Física da Escola Superior São Francisco de Assis, ocupando, também, o cargo de Coordenadora de Extensão da mesma Instituição. Desenvolve Projetos e Pesquisas nas áreas de Laze/Trabalhor, Educação Física e Esportes de Aventura. Prof. Dr. Cheng Hsin Nery Chao (UFRN) Possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1997), é graduado em Ciências Biológicas à Distância pela Universidade Federal da Paraíba (2012), Mestrado Em Estudos do Lazer pela Universidade Estadual de Campinas (2001) e Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2005). Atualmente é professor Adjunto II da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área de Educação Física e Ciências Biológicas, atuando principalmente nos seguintes temas: educação ambiental, lazer, meio ambiente, políticas públicas de lazer e qualidade de vida. Mesa-Redonda 2 Profa. Dra. Dirce Maria C. da Silva (UVV) Possui doutorado em Educação Física pela Universidade Gama Filho (2012), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (1996). Atualmente é professor VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL adjunto VIII do Centro Universitário de Vila Velha. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas:gestão do esporte, historia, educação física, prática profissional e formação de professores. Prof. Ms. Oscar Gutiérrez Huamani (Universidad Nacional San Cristobal de Huamanga, UNSCH, Peru) Possui mestrado em Magister en Educación Física pela Universidad Nacional Mayor de San Marcos (2010) . Atualmente é Docente e Pesquisa da Universidad Nacional San Cristobal de Huamanga e aluno de doutorado da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Educação Física. Cases de Sucesso New Adventure (empresa acadêmica) A empresa acadêmica New Adventure tem como missão proporcionar aos nossos clientes um serviço de qualidade, com um ótimo atendimento e fornecer atividades de lazer de aventura, com a preocupação de um menor impacto ambiental e maior segurança aos nossos clientes. Nossa visão é a de trabalhar sempre em prol da satisfação do cliente, proporcionando projetos de qualidade e de beneficio, sempre com eficiência e objetividade. Área de atuação: Trilhas de aventura. Acadêmicos Integrantes: Belisa Kobayashi, Camila Assunção, Glaydson Hubiner, Marcos Vinícius Baldi, Michely Andreatta, Vitor Marqueti. Conect com a Natureza (empresa acadêmica) A empresa acadêmica Conect com a natureza tem como missão promover a prática sustentável da Atividade de Aventura, através de atividades que contribuam para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, respeitando os limites e diferenças de seus clientes, colaboradores, natureza e comunidades envolvidas, de forma responsável. Afinal, segurança não é nosso diferencial, é nossa obrigação. Nossa missão é ser uma empresa referência no mercado da Atividade de Aventura, por meio do reconhecimento pela qualidade e excelência dos serviços prestados, pela competência e motivação de nossos colaboradores, e ainda, pela gestão sustentável e responsável. Áreas de atuação: Aventura, recreação e lazer, através dos serviços de mergulho, rafting, trilha, rapel e escalada. Acadêmicos Integrantes: Dagoberto Furtado Junior, Suelen Correa Silva, Viviane Carolino Active Recreação e Aventura (empresa) A Active Recreação e Aventura é uma empresa especializada na prestação de serviços nas áreas de lazer, entretenimentos e esportes de aventura. No mercado desde 2004, a active reúne tudo o que é necessário para idealizar, organizar e promover eventos em diversas áreas, com um serviço inovador e criativo, visando a alcançar o sucesso e a VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL satisfação de seus clientes. Áreas de atuação: Aventura (Paintball, expedições, aluguel de equipamentos e passeios de aventura), recreação (hotéis, condomínios, igrejas, clubes, escolas, festas de aniversário, Day camp e boot camp), Adventure Training, Consultoria, Jogos corporativos, Colônia de Férias. Sócios proprietários: Gabriela Carvalho Junqueira, Ryan Rangel Araújo. Palestra de Encerramento Prof. Dr. Soler Gonzalez Possui graduação em Geografia - Bacharelado e Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Espírito Santo (1995), Mestre em Educação (PPGE/UFES - 2006), Doutor em Educação (PPGE/UFES - 2013), vinculado ao Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas e Estudos em Educação Ambiental (UFES/NIPEEA/CNPq) e a Rede Capixaba de Educação Ambiental (RECEA). Foi Tutor do curso de aperfeiçoamento em Educação Ambiental e do curso " Educação para a diversidade" à distância (UAB/MEC/Neaad/UFES). Atuou como Professor orientador de TCC à distância do IFES. Atuou como Professor Adjunto na Fundação São João Batista/FAACZ-Faculdades Integradas de Aracruz no Curso de Pedagogia e no Mestrado Profissional em Tecnologia Ambiental. Atuou como Professor Voluntário da disciplina Tópicos I no curso de graduação em geografia na Universidade Federal do Espírito Santo. Atuou como Professor Formador do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Ambiental-SECADI à distância (UAB/MEC/Neaad/UFES). Atuou como professor de Geografia da educação básica da Prefeitura Municipal de Vitória (1996 - fevereiro de 2014). Na atualidade é Professor Adjunto do curso de graduação em licenciatura em geografia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES/CE/DEPS). VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL TRABALHOS APRESENTADOS NO EVENTO SUMÁRIO PÔSTER ATIVIDADES DE AVENTURA EM ESCOLAS PÚBLICAS Giseli Cesar de Souza, Lorrayne Alves De Oliveira Dalgobo, Murilo Eduardo dos Santos Nazario............................................................................................................ 24 AVALIAÇÃO DOS LOCAIS UTILIZADOS PARA PRÁTICAS DE LAZER EM TRILHAS NO MUNICIPIO DE JEQUIÉ-BA Tanielia Luz dos Santos, Temistocles Damaceno Silva, Jamile Nascimento, Mallú Barreto........................................................................................................................ 25 O PAPEL DO EDUCADOR NA EDUCAÇÃO EXPERIENCIAL PELA AVENTURA EM AMBIENTES NATURAIS Mariana Vannuchi Tomazini, Gisele Maria Schwartz, José Pedro Scarpel Pacheco, Simone Meyer Sanches............................................................................................... 26 ATIVIDADES DE AVENTURA ADAPTADA: POSSIBILIDADES José Ricardo Auricchio...............................................................................................27 UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A PRÁTICA DO RAPEL NO MUNICIPIO DE JEQUIÉ-BA: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES Raiane Pires Silva, João Vitor Dourado, Moab Souza Santos, Temistocles da Silva Dia Junior, Temistocles Damasceno Silva................................................................. 28 MOUNTAIN BIKE – INVESTIGANDO AS MOTIVAÇÕES PARA ADERÊNCIA E A IDADE COMO POSSÍVEL FATOR LIMITADOR PARA A PRÁTICA José Pedro Scarpel Pacheco, Mariana Vannuchi Tomazini, Tiago Aquino da Costa e Silva, Viviane Kawano Dias, Gisele Maria Schwartz............................................. 29 SIGNIFICADOS E PERCEPÇÃO SUBJETIVA SOBRE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA CONCEPÇÃO DE PRATICANTES DE MOUNTAIN BIKE José Pedro Scarpel Pacheco, Cheng Hsin Nery Chao, Priscila Raquel Tedesco da Costa Trevisan, Leandro Jacobassi, Gisele Maria Schwartz...................................... 30 ATIVIDADES DE AVENTURA: APROXIMAÇÕES PRELIMINARES NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE MARINGÁ Elizandro Ricardo Cássaro......................................................................................... 31 VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL O ARVORISMO ENQUANTO FERRAMENTA PEDAGÓGICA DE CONSCIENTIZAÇÃO ECÓLOGICA E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Laércio Gomes Souza Luz, Fábio Hércules de Almeida, Lorena Santana Santos, Walmir Oliveira Nascimento Júnior, Temístocles Damasceno Silva............................................................................................................................ 32 INVESTIGAÇÃO SOBRE A PRÁTICA DO TREKKING EM UM MUNICIPIO DO SUDOESTE BAIANO Aline Aparecida Vieira Vitalino, Gilberto Francisco Costa Júnior, Isaac Costa Santos,Lucas dos Santos, Temistocles Damasceno Silva........................................... 33 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E TRANSVERSALIDADE: O MERGULHO E SUAS POSSÍVEIS ARTICULAÇÕES COM A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Cassio Martins, Marcelo Paraiso Alves, Thais Vinciprova Chiesse de Andrade, Kátia Mara Ribeiro, Gustavo Alves Vinand Kozloswski de Farias........................... 34 O SLACKLINE COMO CONTEUDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Alipio Rodrigues Pines Junior, Aline Diane de Zumba Rodrigues, Mérie Hellen Gomes de Araujo da Costa e Silva, Heitor Marcondes Trondoli Ferracci, Tiago Aquino da Costa e Silva............................................................................................. 35 ATIVIDADES SOBRE RODAS NA ESCOLA: VIVENCIANDO AS ATIVIDADES DE AVENTURA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Tiago Aquino da Costa e Silva, Victor César Shing, Cleber Mena Leão Junior, Mérie Hellen Gomes de Araujo da Costa e Silva, Alipio Rodrigues Pines Junior..... 36 SKATE DOWNHILL SPEED NO ESPÍRITO SANTO: DO LAZER AO ESPORTE Alex Lourenço Barbosa, Salvador Inácio da Silva..................................................... 37 PROJETO TRILHAS & TRILHOS: EDUCAÇÃO PELO LAZER DE AVENTURA Gustavo Meneghel Seydel Lyrio, Rayra Possatto Gaudio Barbosa, Lívia Quirino de Melo Medeiros, Salvador Inácio da Silva....................................... 38 IMPACTO DO SURF E SEU PRIMEIRO CONTATO EM PRINCIPIANTES Jéssica Hotts Cavassoni, Luciene Alvarintho Almeida, Salvador Inácio da Silva..... 39 SENSAÇÕES E EMOÇÕES NO MORRO DO MORENO Mariana Leite Barcelos, Salvador Inácio da Silva...................................................... 40 PROJETO ATLETAS DO VERDE: EDUCAÇÃO PELO LAZER DE VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL AVENTURA Gustavo Meneghel Seydel Lyrio , Rayra Possatto Gaudio Barbosa, Lívia Quirino de Melo Medeiros, Salvador Inácio da Silva.............................................................. 41 RAFTING: RELATOS DE INICIANTES SOBRE RISCOS Paloma Silva Villanueva, Salvador Inácio da Silva................................................... 42 TRILHAS & TRILHOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM TRILHEIRO Pedro Souza Lopes, Salvador Inácio da Silva............................................................ 43 ESPORTE E NATUREZA: NAS TRILHAS DO BEM-ESTAR CORPORAL Marilda Teixeira Mendes, Maria Márcia Viana prazeres, Francisco Eric Vale de Souza, Ioranny Raquel de Sousa, André Beltrame, Michela Abreu, Francisco Alves, Jarbas Pereira Santos, Tânia Mara Vieira Sampaio......................................... 44 ATIVIDADE DE AVENTURA E MEIO AMBIENTE Cleber Mena Leão Junior, Tatyanne Roiek Lazier, Divaldo de Stefani, Tiago Aquino da Costa e Silva, Alipio Rodrigues Pines Junior, Marcia Regina Royer....... 45 PERFIL MOTIVACIONAL DE ALUNOS INICIANTES EM ESCOLAS DE SURF DE SANTA CATARINA Vinicius Zeilmann Brasil, Antuniel Aécio Terme, Maick Vianna, Renata Marcadella.................................................................................................................. 46 TREINAMENTO EXPERENCIAL AO AR LIVRE – TEAL®: ANÁLISE DE VÍDEOS DO YOUTUBE® Ana Paula Evaristo Guizarde Teodoro, Gisele Maria Schwartz, Viviane Kawano Dias, Priscila Raquel Tedesco da Costa Trevisan, Nara Heloisa Rodrigues.............. 47 ANÁLISE DOS ESTADOS DE ÂNIMO NO BOIA CROSS NA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS Viviane Kawano Dias, Priscila Raquel Tedesco da Costa Trevisan, Ana Paula Evaristo Guizarde Teodoro, Nara Heloisa Rodrigues, Gisele Maria Schwartz.......... 48 ESPORTES DE AVENTURA E IDOSOS: ANÁLISE DE VÍDEOS DO YOUTUBE Nara Heloisa Rodrigues, Giselle Helena Tavares, Ana Paula Evaristo Guizarde Teodoro, Leandro Jacobassi, Gisele Maria Schwartz................................................. 49 A INFLUÊNCIA DO MOVIMENTO CONTRA-CULTURA NA GÊNESE DAS ATIVIDADES DE AVENTURA Paula Aparecida Borges, Raoni Perrucci Toledo Machado........................................ 50 VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL EDUCAÇÃO EXPERIENCIAL E O POTENCIAL DE EXCURSÃO DIDÁTICA NA NATUREZA, NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA Leandro Jacobassi, José Pedro Scarpel Pacheco, Mariana Vannuchi Tomazini, Nara Heloisa Rodrigues, Denis Juliano Gaspar, Gisele Maria Schwartz..................................................................................................................... 51 ATIVIDADE DE AVENTURA E PERCEPÇÃO EMOCIONAL: ANÁLISE DOS ESTADOS DE ÂNIMO DE GRADUANDOS Priscila Raquel Tedesco da Costa Trevisan, Gisele Maria Schwartz, Viviane Kawano Dias, Ana Paula Evaristo Guizarde Teodoro, José Pedro Scarpel Pacheco... 52 INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIENCIAS NA PRÁTICA DE ESPORTES DE AVENTURA Karine Oliveira Novaes, Darlan Miranda Santos, Iago Silva Mesquita, Ilma Almeida da Silva, Diego Galvão Lessi, Temistocles Damasceno Silva....................... 53 A CIDADE E O LAZER: UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA DO LE PARKOUR NO MUNICIPIO DE JEQUIÉ-BA Karine Oliveira Novaes, Elaine Rodrigues Nascimento, Ícaro Santos de Santana, Márcio Santos Costa, Temistocles Damasceno Silva................................................... 54 ATIVIDADES DE AVENTURA NA NATUREZA NO MUNICÍPIO DE JEQUIÉ/BA: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES PatríciaBarbosa Pereira, Lúcio Santos Guimarães, André José Costa Santos, Yago Santos Pereira Gomes, Temistocles Damasceno Silva................................................. 55 OS ESPORTES DE AVENTURA E O ESPAÇO URBANO: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE À PRATICA DO SKATE NO MUNICIPIO DE JEQUIÉ/BA Joalice Santos Batista, Luan Gomes Ribeiro, Temístocles Damasceno Silva.............. 56 A TEMÁTICA ATIVIDADES DE AVENTURA E IDOSOS EM ESTUDOS ACADÊMICOS Ana Claudia Ricco, Helena Maria Giudice Badari, Nara Heloisa Rodrigues, Viviane Kawano Dias, Gisele Maria Schwartz.......................................................................... 57 POSSIBILIDADES DA PRÁTICA DE ESCALADA INDOOR POR DEFICIENTES VISUAIS DE MONTES CLAROS – MG Jarbas Pereira Santos, Dimitri Wuo Pereira................................................................. 58 INSERÇÃO DO SLACKLINE ATRAVÉS DO PLANO DE AÇÃO E PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA NA REDE VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL MUNICIPAL DE ENSINO DE MARINGÁ Elizandro Ricardo Cássaro, Giuliano Gomes de Assis Pimentel.................................. 59 CAMPO ESCOLA AMARELOS: PRIMEIRO SETOR DE ESCALADA ESPORTIVA NA CIDADE DE GUARAPARI-ES Luiz Gustavo Souto Soares, Antonia Figueira Van de Koken, Leonardo Madeira Pereira........................................................................................................................... 60 INDIVÍDUOS FISICAMENTE ATIVOS DESEJAM PRATICAR ESPORTES DE AVENTURA MAS DESCONHECEM SEUS BENEFÍCIOS PARA SAÚDE Rafael Tuler Ramalho, Iula Lamounier Lucca, Leonardo Madeira Pereira.................. 61 SKATE NO SUDOESTE DA BAHIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DOS OBJETIVOS, PERFIL E CARACTERÍSTICAS ASSOCIATIVAS DOS SKATISTAS Walter Junior, Leonardo Madeira Pereira..................................................................... 62 ATIVIDADE DE AVENTURA: ALGUMAS REFLEXÕES Rayra Possatto Gaudio Barbosa, Lívia Quirino Melo Medeiros, Salvador Inácio da Silva............................................................................................................................... 63 TEORIA E PRÁTICA DO LAZER DE AVENTURA: VIVÊNCIAS E REFLEXÕES Salvador Inácio da Silva, Rayra Possatto Gaudio Barbosa........................................... 64 EMPRESA ACADEMICA NEW ADVENTURE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Camila Assunção Melo, Glaydson Hubiner Machado, Marcos Vinícius Costa Baldi, Michely Vieira Andreatta, Vitor Marqueti Arpini, Salvador Inácio da Silva............... 65 ATIVIDADE DE AVENTURA: ENTENDENDO SEUS SIGNIFICADOS Priscilla Cristina Andrade, Salvador Inácio da Silva.................................................... 66 ATIVIDADES DE AVENTURA NA ESCOLA: ANÁLISE NOS ANAIS DOS SETE CBAA Luciene Pondé Leite, Anderson Airam Santos de Jesus, Murilo Eduardo dos Santos Nazário.......................................................................................................................... 67 TURISMO DE AVENTURA NA CIDADE DE ITACARÉ – BA: PROFISSIONAIS E SUAS FORMAÇÕES Viviane Carolino, Salvador Inácio da Silva.................................................................. 68 VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL COMUNICAÇÕES ORAIS ATIVIDADES DE AVENTURA NA NATUREZA E O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE BELÉM-PA: possibilidades e desafios Ramon Luiz Cardoso de Souza, Vera Solange Pires Gomes de Sousa......................... 69 FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA CIDADE DE SOCORRO- SP EM ATIVIDADES DE AVENTURA NO ÂMBITO DO LAZER José Ricardo Auricchio................................................................................................. 76 POLÍTICAS DA AVENTURA: SOBRE PROJETOS DE LEI, DEFINIÇÕES OFICIAIS E AUDIÊNCIAS PÚBLICAS Marília Martins Bandeira.............................................................................................. 85 NORMAS DE SEGURANÇA E A PRÁTICA DE ESPORTES DE AVENTURA NO COTIDIANO ESCOLAR Cassio Martins, Marcelo Paraiso Alves, Thais Vinciprova Chiesse de Andrade, Kátia Mara Ribeiro, Gustavo Alves Vinand Kozloswski de Farias.............................. 94 PERCEPÇÃO DE COMPETÊNCIAS DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA A PARTIR DA VIVÊNCIA DE ATIVIDADES DE AVENTURA Priscila Mari dos Santos, Giandra Anceski Bataglion, Juliana de Paula Figueiredo Miraíra Noal Manfroi, Alcyane Marinho...................................................................... 103 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE AMBIENTE DE RESIDENTES FIXOS E DE NÃO RESIDENTES PRATICANTES DE MOTOCICLISMO OFF-ROAD E DO MOUNTAIN BIKE, NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO PICO DA IBITURUNA João Batista Rodrigues da Silva Filho, Maria Cecília P. Diniz.................................... 111 ATIVIDADES ANIMICAS E AVENTURA: ANÁLISE DO POTENCIAL DA TRILHA ECOLUDOFILOSÓFICA COMO ESTRATÉGIA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Ivana de Campos Ribeiro, Gisele Maria Schwartz, Carolina de Souza Rodriguez, José Pedro Scarpel Pacheco, Caroline Valvano Schimidt, Leandro Jacocassi, Fernanda Lopes Andrade.............................................................................................. 120 VÔO LIVRE E FÍSICA APLICADA: EXPERIÊNCIAS DE VIDA E FORMAÇÃO CONTINUADA DE PRATICANTES DESSE ESPORTE DE AVENTURA VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL Raffaele Guerra, Luiz Afonso V. Figueiredo............................................................... 127 OS JOGOS OLÍMPICOS E AS ATIVIDADES NA NATUREZA Raoni Perrucci Toledo Machado................................................................................... 137 O CBAA E A GEOPOLÍTICA DA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ATIVIDADES DE AVENTURA Tiago Rodrigo Alves Nunes, Giuliano Gomes de Assis Pimentel................................ 144 IMAGINÁRIO SOCIAL DE JOVENS ESCOLARES SOBRE OS ESPORTES DE AVENTURA Natan Weber Ribeiro, Francisco Andrade.................................................................... 149 PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: UMA PROPOSTA DE INSERÇÃO DE ATIVIDADES DE AVENTURA Erica Rigolin da Silva, Filipe Bossa Alves, Giuliano Gomes de Assis Pimentel, Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira......................................................................... 155 MOTOCICLISMO: ESPORTE OU LAZER? Patrícia de Araújo, Ianny Cristine de A. Pinheiro......................................................... 160 ESCALADA NOTURNA NA SERRA DO MEL: ESPORTES E ATIVIDADES DE AVENTURA EM MONTES CLAROS - MG Jarbas Pereira Santos, Romulo Eduardo Peres Nunes, José Ricardo dos Santos, Marilda Teixeira Mendes, Michela Abreu Francisco Alves, Hudson Fabricius Peres Nunes............................................................................................................................. 168 INCLUSÃO DAS ATIVIDADES DE AVENTURA DENTRO DO CONTEXTO ESCOLAR EM UMA ESCOLA DA REDE PUBLICA DE MARINGÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Jean Miranda Euflausino, Claudio Alexandre Celestino, Rafael Bispode Araújo, Giuliano Gomes de Assis Pimentel............................................................................... 176 TÉCNICOS CIENTÍFICOS ESTRATÉGIAS PARA POPULARIZAR O ENSINO DE AVENTURA FÍSICO-DESPORTIVA NA ESCOLA Rafael Bispo de Araújo, Silvana dos Santos, Giuliano Gomes de Assis Pimentel....... 181 ENTRE AS POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DO ENSINO DE ATIVIDADES DE AVENTURA: A REALIDADE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ VIII CBAA – Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura/ II CIAA – Congresso Internacional de Atividades de Aventura: “Dimensões, Avanços e Legados” VILA VELHA/ES - BRASIL 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 “DIMENSÕES, AVANÇOS E LEGADOS” DE 5 A 7 DE JUNHO DE 2014 VILA VELHA/ES – BRASIL Rafael Bispo de Araújo, Silvana dos Santos, Érica Rigolin da Silva, Giuliano Gomes de Assis Pimentel 182 24 PÔSTER ATIVIDADES DE AVENTURA EM ESCOLAS PÚBLICAS Giseli Cesar de Souza1, Lorrayne Alves1, Murilo Eduardo dos Santos Nazario2 1Graduando em Educação Física - UVV- ES, 2Professor Adjunto Educação Física – UVV – ES gisa.cesar@hotmail.com A Educação Física escolar possui como conteúdos a serem ensinados os elementos da cultura corporal de movimento, ou seja, danças, lutas, ginásticas, esportes, jogos e brincadeiras, cada um com sentidos, significados e possibilidades amplas de serem exploradas no âmbito educacional. Dentre essas possibilidades que se abrem, estão aquelas relacionadas a utilização das atividades de aventura. Entretanto ainda é predominante o ensino do conteúdo esporte, mesmo assim restrito as modalidades de futsal, handebol, basquetebol e voleibol. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi verificar, junto a professores de Educação Física escolar do município de Cariacica/ES se as atividades de aventura são conteúdos de suas aulas. Para tanto, foram entrevistados sete professores da rede pública (estadual e municipal de Cariacica- ES), sendo que quatro atuavam no Ensino Fundamental I (2° ao 5° ano), um no Ensino Fundamental I (1º ao 5°) e fundamental II (6° ao 9°) em escolas diferentes, e dois no Ensino Fundamental II (6° ao 9º) e Ensino Médio, ambos em escolas diferentes. Desse modo foi possível averiguar que três professores dizem trabalhar a atividade de aventura e quatro não trabalham. Aqueles que trabalham, justificam que esse conteúdo é importante para diversificar as experiências corporais dos alunos, com forte apelo para o desenvolvimento de habilidades motoras. Como atividades desenvolvidas, eles disseram ter ensinado: slackline, equilíbrio no muro baixo, circuito com bicicleta, corrida de patins de garrafa pet, mountain bike. Também proporcionaram vivências nos espaços: Morro do Moreno e Convento da Penha. Vale ainda destacar que um dos professores ensinou o conteúdo a partir de uma pesquisa realizada pelos alunos, finalizada com a vivência do mountain bike. No entanto, aqueles que não trabalhavam com essa temática, justificaram dizendo que não possuíam materiais e espaços específicos para tais práticas, outro disse que não possuía conhecimento suficiente e outra que os alunos eram novos demais para vivência desse conteúdo. Portanto é possível perceber que por um lado alguns professores consideram relevante o ensino do conteúdo: atividade de aventura. De outro se têm os professores que repetem os argumentos históricos dentro da Educação Física para justificar o não ensino de conteúdos diferentes dos esportivos (falta de materiais, de espaço, alunos muito novos, falta de conhecimento), mesmo que alguns deles considerem este conteúdo importante. 25 AVALIAÇÃO DOS LOCAIS UTILIZADOS PARA PRÁTICAS DE LAZER EM TRILHAS NO MUNICIPIO DE JEQUIÉ-BA. Tanielia Luz dos Santos1, Temistocles Damasceno Silva2, Jamile Nascimento1, Mallú Barreto1 1Discente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 2Docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia tanyyaluz@hotmail.com A natureza em si, proporciona ao individuo uma sensação de liberdade e uma curiosidade em desvendar os seus diversos locais de exploração, logo, percebe-se a necessidade de estreitar a relação do homem com a natureza, no intuito de preservá-la. Neste contexto, o lazer se apresenta como ferramenta primordial neste processo, levando-se em consideração o duplo aspecto educativo deste fenômeno social, ou seja, o lazer enquanto veiculo e objeto de educação. Desta forma, o presente trabalho buscou avaliar os locais utilizados para a prática de lazer em trilhas, no município de Jequié-BA. Para tal, objetivou-se investigar as condições das estruturas físicas das trilhas bem como mapear suas características fundamentais. O interesse em pesquisar o assunto surgiu por conseqüência de uma grande afinidade pelos esportes de aventura e principalmente pela necessidade de ampliar o capital intelectual nas diversas áreas da Educação Física. Logo, espera-se que este trabalho possa contribuir com a produção científica em novas linhas de pesquisa tais como as atividades de aventura na natureza. Ao mesmo tempo, deseja-se também que tal pesquisa possa servir como instrumento de reflexão para os gestores responsáveis pelo fomento das políticas de públicas de lazer do município de Jequié-BA. Neste contexto, esta investigação cientifica se configurou como um estudo exploratório de abordagem qualitativa. No que diz respeito ao referencial teórico, foi realizado uma busca em periódicos, artigos e teses com foco na temática proposta. Para a coleta de dados, utilizou-se a observação participante bem como a análise documental, além de registros fotográficos do local investigado. Enquanto resultados, diagnosticou-se que o município foi classificado de médio porte, com aproximadamente 160.000 habitantes e possui vários locais de trilhas e cachoeiras que possibilitam a pratica de atividades de aventura, porém, tais locais ainda não são exploradas adequadamente, seja pela falta de conhecimento da população ou por falta de incentivo dos gestores locais, responsáveis por garantir o direito e a execução das políticas públicas de esporte e lazer do município. Além disso, tais trilhas encontram-se na zona limítrofe entre a caatinga e a zona da mata do sudoeste baiano, o que possibilita uma diversidade panorâmica para os praticantes. Outro dado importante é que o município situa-se em uma região cercada de montanhas o que favorece uma classificação das trilhas por nível de intensidade. Todavia, constatou-se que tais locais não apresentam estrutura mínima adequada para a realização das atividades de aventura. Sendo assim, conclui-se que apesar das condições naturais do município favorecer a prática do lazer em trilhas, tal local encontra-se a mercê das ações do poder público, conseqüentemente, a comunidade acaba sendo prejudicada por esta ação, tanto do ponto de vista econômico como social. Palavras-Chave: Atividades de aventura. Lazer. Jequié-BA. 26 O PAPEL DO EDUCADOR NA EDUCAÇÃO EXPERIENCIAL PELA AVENTURA EM AMBIENTES NATURAIS Mariana Vannuchi Tomazini1, Gisele Maria Schwartz2, José Pedro Scarpel Pacheco3, Simone Meyer Sanches4 1Psicóloga do Esporte/Mestranda em Ciências da Motricidade, 2Livre Docente, 3Graduando em Educação Física,4Psicóloga do Esporte/ Doutora em Educação marianavtomazini@gmail.com Motivados pelo desejo de vivenciar riscos de forma lúdica, a busca dos indivíduos pela prática de atividades físicas de aventura na natureza para fins esportivos, recreativos, pedagógicos, terapêuticos, dentre outros, tem se intensificado. No que tange à sua utilização para fins pedagógicos, destaca-se a Educação Experiencial pela Aventura em ambientes naturais. Este método compreende uma ferramenta de desenvolvimento cognitivo, social, físico, emocional e moral, que utiliza como recursos educativos os desafios intrínsecos às atividades de aventura na natureza e as experiências seguidasde reflexão. Apesar de este método pedagógico ser objeto de diversas pesquisas nas Ciências do Esporte, o papel do Educador neste contexto ainda é pouco explorado. Esta pesquisa, de natureza qualitativa, teve por objetivo investigar o papel dos Educadores norteados pela Educação Experiencial pela aventura em ambientes naturais, na promoção da aprendizagem, do desenvolvimento e da segurança dos Educandos. Foi realizada uma pesquisa exploratória, em um curso no formato de expedição na natureza, o qual se baseava no referido método pedagógico. Foram utilizados como instrumentos duas entrevistas semi-estruturadas, uma aplicada aos Educadores e outra, aos Educandos. Dentre os participantes, 2 eram instrutores e 6 alunos, de ambos os sexos, com faixa etária entre 19 e 51 anos e nível de escolaridade superior, completo e incompleto. Os dados obtidos foram analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo e os aspectos da atuação dos Instrutores, imprescindíveis à promoção da aprendizagem e à manutenção da integridade física e psicológica dos Educandos, foram organizados em 3 categorias: 1-Aspectos técnicos; 2-Aspectos didáticos e 3-Aspectos sociais/emocionais. Na primeira categoria, destacam-se: o domínio de técnicas de resgate, primeiros socorros, análise e manejo de riscos em ambientes naturais, navegação e orientação outdoor, de esportes de aventura e etc. A segunda categoria inclui: propiciar experiências desafiadoras de modo progressivo e proporcional às capacidades dos Educandos, para não colocá-los em perigo; capacitá-los de forma gradual para atuarem no ambiente outdoor; permitir que os Educandos sejam autores do próprio processo de aprendizagem; respeitar os estágios do ciclo de aprendizagem experiencial (vivência, reflexão, generalização e aplicação da experiência); dentre outros. Já a terceira categoria inclui: mediar processos e conflitos grupais e de facilitar a construção de uma rede de apoio social positiva e cooperativa; estimular a autonomia dos Educandos na expedição e, ao mesmo tempo, atuar como porto-seguro, acolhendo-os quando necessário; possuir inteligência emocional para analisar situações e fazer escolhas com prontidão e maturidade e etc. Os resultados desta pesquisa ratificam o potencial do método pedagógico em questão na facilitação do desenvolvimento integral humano e evidenciam que, a atuação profissional, de forma crítica e responsável, é condição sine qua non para que os Educandos possam se desenvolver em segurança. Logo, é imprescindível que os Educadores sejam devidamente capacitados e possuam as habilidades técnicas, didáticas, sociais e emocionais necessárias para atuar neste contexto. Neste sentido, é essencial que a formação e a atuação dos Educadores balisados na Educação Experiencial pela aventura na natureza, bem como, suas implicações na aprendizagem, no desenvolvimento e na segurança dos Educandos, sejam focos de novas pesquisas. Palavras-Chave: Educação Experiencial. Aventura. Ambientes Naturais. Educadores. 27 ATIVIDADES DE AVENTURA ADAPTADA: POSSIBILIDADES José Ricardo Auricchio1 1Mestre em Educação Física – UNIMEP – SP prof.auricchio@hotmail.com A prática de atividades esportivas por pessoas com deficiência e a busca da melhoria da qualidade de vida nos últimos anos fez com que uma grande quantidade de pessoas com deficiência buscasse esta prática, visando em prol de seu bem-estar físico e psicológico, estimular suas potencialidades e possibilidades (CARDOSO, 2011). Neste contexto, estudos na população que possui deficiência motora são necessários e importantes para a sociedade. A prática de atividade física é um importante instrumento para reabilitação dessa população e vem sendo utilizada devido aos seus benefícios físicos e sociais. Como alternativa podemos utilizar as atividades físicas de aventura adaptadas para pessoas com deficiência, que há mais de três décadas conta a história, atletas da América do Norte, Oceania e Europa começaram a ter outra atitude em relação ao esporte e as atividades recreacionais na natureza, resignificando o conceito de acesso ao explorar lugares íngremes como Bill Irwin deficiente visual que atravessou os Appalachian Mountains nos EUA e Erik Weihenmayer que foi o primeiro deficiente visual a chegar ao topo do Everest (MAUERBERG-deCASTRO, 2013,2011; CARDOSO, 2011). Em relação aos benefícios que essas práticas podem proporcionar, o objetivo deste trabalho é realizar um levantamento parcial sobre as atividades físicas de aventura que estão sendo adaptadas para as pessoas com deficiência. Este estudo tem sua importância, pois, através do levantamento das atividades físicas adaptadas e programas de atividades físicas de aventura adaptadas para pessoas com deficiência, estudos poderão surgir com novas práticas para esta população. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas bibliotecas da USP, UNICAMP, UNIMEP, banco de dados da CAPES e google acadêmico. Foram selecionados livros e artigos dos últimos cinco anos que tivessem alguma ligação com atividades físicas de aventura adaptadas. Com a falta de trabalhos acadêmicos, foram pesquisados também sites e matérias não científicas sobre tais práticas. Como resultado encontramos o surf adaptado para pessoas com deficiência física e intelectual que começou com Alcino ”Pirata”, escalada para pessoas com deficiência física, intelectual e visual onde temos o brasileiro Raphael Nishimura vice-campeão mundial de paraescalada, skate para pessoas com deficiência física e visual representado no Brasil por Og de Souza e nos EUA por Daniel Pelletier, que teve paralisia infantil e mesmo após 25 cirurgias pratica skate com auxilio de muletas, rapel para pessoas com deficiência física e visual que começou em 2009 com o pequeno Lucas de 8 anos com o auxílio do pessoal da empresa CAT na Serra da Cantareira, Carveboard adaptado nas ladeiras de São Bernardo do Campo com Marco Rossi e a equipe Carverize, hardcore sitting criado por Aaron Fotheringham nos EUA e trazido ao Brasil por Pablo Moya de Abreu onde já temos um atleta que completou a manobra backflip, Consideramos que as atividades de aventura podem ser praticadas por pessoas com deficiência com o devido acompanhamento e de acordo com seu tipo de lesão, e que essa prática poderá proporcionar benefícios em sua reabilitação física e social. https://www.google.com.br/search?q=aaron+fotheringham&client=firefox-a&hs=PyD&rls=org.mozilla:pt-BR:official&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=psA8U_GYIcnh0QH934GoBw&ved=0CDEQsAQ&biw=1366&bih=664 28 UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A PRÁTICA DO RAPEL NO MUNICIPIO DE JEQUIÉ-BA: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES Raiane Pires Silva1, João Vitor Dourado1, Moab Souza Santos1, Temistocles da Silva Dia Junior1, Temistocles Damasceno Silva2 1Discente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 2Docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia raianepires2011@hotmail.com O rapel é uma atividade vertical praticada com uso de cordas e equipamentos adequados para a descida de paredões e vãos livres bem como outras edificações. O rapel começou a ser difundido no Brasil no início do século XX, na região de Teresópolis (RJ). Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a prática do rapel na cidade de Jequié-BA. É importante frisar que o interesse acerca dessa temática por parte dos pesquisadores surgiu principalmente por acreditar que o município investigado oferece um potencial natural para à prática do rapel, levando-se em consideração as montanhas existentes no local bem como a grande quantidade de cachoeiras, o que facilitaria a pratica desta referida atividade. Além disso, tal ação justificou-se principalmente pelo fato de existirem poucos estudos e pesquisas, em relação a temática estudada. Sendo assim, este trabalho se apresentou como uma pesquisa exploratória na qual buscou-se criar maior familiaridade em relação ao fenômeno investigado.Logo, trata-se de uma pesquisa de campo que utilizou como instrumentos de coleta de dados: visita aos locais das práticas, registros fotográficos de tais locais bem como entrevistas com os participantes da referida atividade. Enquanto resultados, constatou-se que a prática do rapel se apresenta de forma embrionária e ao mesmo tempo necessita de uma organização no que diz respeito ao planejamento das ações acerca da garantia da integridade física dos participantes e melhores condições de acessibilidade a tal atividade. Neste contexto, acredita-se na possibilidade de um dialogo mais próximo entre as entidades promotoras e os praticantes desta atividade de aventura na natureza. Palavras-Chave: Atividade de Aventura na Natureza. Rapel. Jequié/BA. 29 MOUNTAIN BIKE – INVESTIGANDO AS MOTIVAÇÕES PARA ADERÊNCIA E A IDADE COMO POSSÍVEL FATOR LIMITADOR PARA A PRÁTICA José Pedro Scarpel Pacheco1,6, Mariana Vannuchi Tomazini2,6, Tiago Aquino da Costa e Silva3,6, Viviane Kawano Dias4,6 , Gisele Maria Schwartz5,6 ¹Graduando em Educação Física, ²Mestranda em Ciências da Motricidade, ³Especialista em Recreação e Lazer – FMU,4 Mestre em Ciências da Motricidade, 5 Livre Docente, 6LEL - Laboratório de Estudos do Lazer – DEF/IB/UNESP/Rio Claro josep.pacheco@hotmail.com As vivências de atividades de aventura que necessitam de ambientes naturais para o seu desenvolvimento vêm crescendo nos últimos anos e se tornando uma tendência no âmbito do lazer. Algumas dessas vivências, como o Mountain Bike, apesar de serem atividades que requerem domínio técnico e a utilização de equipamentos muitas vezes sofisticados, inclusive de segurança, vem contando com um número cada vez maior de adeptos. Sendo assim, este estudo teve como objetivo investigar os motivos de adesão, e a relação da idade como fator limitador para a prática desse esporte de aventura. O estudo, de natureza qualitativa, foi desenvolvido por meio de pesquisa exploratória. Como instrumento para a coleta de dados foi realizado um questionário aberto, contendo três questões relativas ao tempo de prática, à motivação e à influência da idade dos participantes para a prática. O instrumento foi aplicado a uma amostra intencional constituída de 12 praticantes, sendo 9 do sexo masculino e 3 do sexo feminino, com idades acima de 50 anos, praticantes dessa atividade há mais de um ano. Os dados foram coletados em contatos pessoais e pela rede social e foram analisados pela Técnica de Analise de Conteúdo. Os resultados encontrados para a questão relacionada à motivação para a prática desse esporte de aventura sugerem que 11 praticantes, independente do sexo, buscaram a atividade para praticar algum tipo de esporte aeróbico, sendo que 3 deles mencionaram o fato de ser em contato com a natureza, 2 mencionaram o gosto pela bicicleta e 3 deles além da atividade física, buscaram no esporte os riscos e desafios, traços de sua personalidade, segundo um deles. Apenas um dos praticantes atribuiu como única motivação a realização de um sonho: se preparar para trilhar o Caminho de Santiago de Compostela na Espanha. A questão relativa à possibilidade da idade ser um fator limitador dessa atividade teve como resultado: 8 participantes acreditam que a idade não limita a pratica e mencionaram que se sentem com o mesmo vigor que antes dos 50 anos, e que, a menos que se apresente algum problema de saúde, haverá apenas fatores positivos; destes, 1 mencionou a vontade de praticar até os 90 anos, 1 evidenciou que o esporte, inclusive, é recomendado para pessoas acima dessa idade, pois não apresenta impacto como em outras atividades aeróbicas e 1 ainda salientou que, com a prática, o condicionamento físico vai se fortalecendo. Os 4 participantes restantes responderam acreditar que a idade dificulta a prática e justificaram que é fundamental respeitar, entender as limitações e ter maior atenção aos detalhes de equipamentos, sobretudo de orientação espacial. Com base nos resultados do estudo, pode-se perceber que são várias as motivações para a prática desta atividade, sobretudo relacionadas à busca por atividade física, pela socialização e pelo contato com a natureza, sendo que a aventura foi pouco mencionada, e o fator idade, para a maioria, não representa fator limitador, porém, que este aspecto deve estar atrelado à necessidade de se entender e respeitar as limitações do corpo. 30 SIGNIFICADOS E PERCEPÇÃO SUBJETIVA SOBRE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA CONCEPÇÃO DE PRATICANTES DE MOUNTAIN BIKE José Pedro Scarpel Pacheco¹,6, Cheng Hsin Nery Chao²,6, Priscila Raquel Tedesco da Costa Trevisan³,6, Leandro Jacobassi4,6, Gisele Maria Schwartz5,6 ¹Graduando em Educação Física , ²Doutor em Educação, ³Mestre em Ciências da Motricidade, 4 Graduando em Educação Física, 5 Livre Docente, 6LEL - Laboratório de Estudos do Lazer – DEF/IB/UNESP/Rio Claro josep.pacheco@hotmail.com As reflexões sobre as atividades de aventura e seus significados no âmbito do lazer têm sido foco de estudos em diferentes áreas do conhecimento. Essas atividades passam a ser entendidas como praticas diferenciada dos esportes tradicionais, pois os meios utilizados para o seu desenvolvimento, as motivações, os objetivos e seus significados promovem em seus praticantes habilidades e experiências singulares, as quais são vivenciadas apenas em práticas que oferecem aventura, emoção e confronto com as próprias limitações e escolhas. Apesar de atividades de aventura como o Mountain Bike atraírem um número cada vez maior de adeptos, pouco se conhece a respeito dos fatores que atraem os praticantes a esta prática, bem como, se há a percepção sobre algum tipo de benefício advindo dessas vivências. Sendo assim, este estudo, de natureza qualitativa, buscou analisar as interfaces dos significados e dos benefícios do Moutain Bike para seus praticantes. O estudo foi desenvolvido por meio de pesquisa exploratória utilizando-se um questionário aberto, com duas questões, como instrumento para a coleta de dados. A amostra foi composta por 12 indivíduos praticantes de Mountain Bike, sendo nove do sexo masculino e três do sexo feminino, com idades acima de 50 anos e praticantes desta atividade há mais de um ano. Os dados foram coletados em encontros pessoais e pela rede social e foram analisados pela Técnica de Análise de Conteúdo. Os significados dessa atividade, para os 12 praticantes, são muito amplos e abrangentes, dentre eles podem ser destacados: o contato com a natureza, superação, liberdade, socialização, conhecer novos lugares e acima de tudo o divertimento. Apenas cinco deles citaram também a possibilidade de praticar uma atividade que, segundo dois entrevistados, é completa e segundo outro é um excelente exercício físico, com uma boa dose de adrenalina. Quanto aos benefícios do Mountain Bike foram citados pelos 12 praticantes aspectos físicos e emocionais. No que tange aos físicos, podem ser destacados a resistência, força, manutenção da frequência cardíaca, devido ao exercício ser praticado por longos períodos de tempo, aprimoramento dos reflexos, agilidade e desenvolvimento da atenção e tomada de decisões; e aos emocionais destacam-se o relaxamento mental, sensação de satisfação, autoconfiança, prazer, diminuição do estresse, que é um problema comum no mundo contemporâneo e reflexões sobre a interação do corpo e espírito, reflexões estas que segundo os praticantes os remetem a estados emocionais que podem ser ampliados na vida como um todo. Segundo os dados coletados pela pesquisa nota-se que os significados da prática e os benefícios de ordem emocional estão intrinsecamente relacionados e sem muita distinção para os entrevistados e, apesar da prática do exercício físico ser citada por apenas cinco dos doze praticantes, na questão sobre os significados da atividade Mountain Bike, os benefícios sobre a saúde e qualidade de vida são reconhecidos, sendo citados por todos. Os resultados sugerem que os praticantes nãoatribuem os benefícios apenas ao exercício físico em si, mas ao fato da perspectiva de novas sensações. Sugerem-se novos estudos, no sentido de se compreender outros aspectos subjetivos envolvidos com tais práticas. 31 ATIVIDADES DE AVENTURA: Aproximações Preliminares na Rede Municipal de Ensino de Maringá Prof. Esp. Elizandro Ricardo Cássaro UEL - Universidade Estadual de Londrina, GEL- Grupo de Estudo do Lazer da UEM - Universidade Estadual de Maringá elizandrorc@hotmail.com As atividades de aventura vêm conquistando a cada dia um grande número de adeptos, ainda pela própria divulgação dos meios de comunicação, tanto pela mídia ou pelas revistas especializadas, mas a sua prática e vivência ainda fica restrita aos pequenos grupos que estão relacionados aos jovens e adultos. Pois a pouca importância atribuída a tais práticas parece ser o principal condicionador de sua implementação, segundo Pereira e Monteiro (1995 apud SCHWARTZ; MARINHO, 2005) indicam que os percursos de iniciação esportiva nessas áreas, raramente, são feitos pela via escolar, sendo operados por meio de transmissão técnica para grupos interessados, em entidades especializadas, estruturadas, na maioria das vezes, por agentes cuja formação, muitas vezes, procede de cursos sem habilitações para tal. O presente estudo teve como objetivo diagnosticar e analisar a proposta curricular da disciplina de Educação Física da Rede Municipal de Ensino de Maringá e os projetos políticos pedagógicos das quarenta e cinco escolas que compõem a Rede Municipal de Ensino de Maringá no ano de 2010-2011, contemplando as demais propostas pedagógicas o conteúdo ou temática “atividade de aventura, esporte radical, esporte de aventura e esporte na natureza”. Tratou-se de uma pesquisa descritiva e documental. Os dados foram analisados através da estatística básica descritiva, com o uso de percentual. Os resultados compreende a necessidade de organizar, sistematizar, analisar as lacunas que ainda persistem como a relação entre o conteúdo das atividades de aventura no contexto escolar. Conclui assim a implementação de procedimentos didáticos e pedagógicos com ênfase na recreação que visa a inserir as modalidades skate, slackline, parkuor, escalada esportiva e rapel na proposta curricular da disciplina de Educação Física. Palavras-Chave: Atividades de Aventura. Educação Física Escolar. Recreação. 32 O ARVORISMO ENQUANTO FERRAMENTA PEDAGÓGICA DE CONSCIENTIZAÇÃO ECÓLOGICA E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Laércio Gomes Souza Luz¹, Fábio Hércules de Almeida¹, Lorena Santana Santos¹, Walmir Oliveira Nascimento Júnior¹, Temístocles Damasceno Silva² ¹Discente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia ²Docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia laercio_gomes@yahoo.com.br O arvorismo é uma recente atividade de aventura na natureza e consiste na travessia de um percurso suspenso entre plataformas montadas na copa das árvores. Logo, este percurso é preparado de maneira estratégica, utilizando cabos de aço e cordas, com o objetivo de aumentar o desafio e a adrenalina dos aventureiros. Tal atividade é composta por três variações: arvorismo técnico, contemplativo e acrobático. Neste contexto, surgiu a indagação sobre a possibilidade desta prática servir como instrumento pedagógico de conscientização e preservação ambiental. Nesta perspectiva, o presente estudo busca analisar o arvorismo enquanto ferramenta pedagógica de intervenção educacional. Sendo assim, tal investigação cientifica trata-se de uma pesquisa-ação, ou seja, a pesquisa será concebida e realizada em estreita associação com uma ação e com a resolução de um problema coletivo. Desta forma, as atividades serão realizadas com um grupo de crianças com faixa etária entre 10 a 14 anos de idade, de uma instituição da rede pública de ensino, do município de Jequié/BA. No que diz respeito ao planejamento das ações propostas pela pesquisa, o grupo de participantes terá autonomia na sugestão e revisão destas atividades. Em relação as ações propriamente ditas, almeja-se executar encontros para debater sobre a preservação do meio ambiente bem como a relação do ser humano com a natureza, além disso, vislumbra-se vivências acerca da prática do arvorismo. A descrição das ações será materializada a partir de relatórios e diários de campo confeccionados pelos participantes do estudo. Já o processo avaliativo sobre as intervenções realizadas acontecerá por meio de aplicação de questionários e apresentação de seminários. Por fim, espera-se que de posse dos conceitos e definições bem como das vivências práticas do arvorismo, os participantes da pesquisa possam assimilar os conteúdos e perceberem a importância da consciência e preservação ambiental. Palavras-Chave: Arvorismo. Preservação Ambiental. Consciência Ecológica. 33 INVESTIGAÇÃO SOBRE A PRÁTICA DO TREKKING EM UM MUNICIPIO DO SUDOESTE BAIANO Aline Aparecida Vieira Vitalino¹, Gilberto Francisco Costa Júnior¹, Isaac Costa Santos¹, Lucas dos Santos¹, Temistocles Damasceno Silva² ¹Discente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia ²Docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia alinevieira.aparecida@gmail.com O trekking se apresenta enquanto uma atividade de caminhada por trilhas naturais, proporcionando aos seus praticantes a oportunidade de desfrutar do contato com a natureza e contemplação de belas paisagens em locais pouco conhecidos. Neste contexto, o município de Jequié, situado ao sudoeste Baiano, tem uma rica variedade de relevos e vegetações propícios para a implementação de tal atividade. Logo, encontra-se no referido local: planícies, morros e serras bem como uma vasta bacia hidrográfica alicerçada no Rio das Contas e seus afluentes. Desta forma, despertou-se o interesse em investigar de que forma acontecem as práticas relacionadas ao trekking no municio de Jequié/BA. Sendo assim, a presente pesquisa justifica-se pela necessidade de ampliação dos estudos e pesquisas acerca da temática investigada e por possibilitar reflexões sobre os procedimentos necessários para que a prática do trekking apresente resultados significativos. Enquanto procedimento metodológico, este trabalho configurou-se como uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa. Trata-se de uma pesquisa de campo que utilizou como instrumentos de coleta de dados: visita aos locais das práticas, registros fotográficos de tais locais bem como entrevistas com os participantes da referida atividade. No que diz respeito aos resultados, constatou-se que a prática do trekking se manifesta de maneira regular no município, tendo grupos específicos que realizam esta atividade, em média uma vez por mês. Estes grupos geralmente são formados por adolescentes e jovens que buscam no trekking, saborear a sensação de liberdade e ao mesmo tempo ampliar o contato com a natureza. Todavia, a falta de estrutura profissional nestes grupos, em relação ao acompanhamento das práticas realizadas, fragiliza a ampliação de adeptos bem como põe em risco a integridade física dos praticantes. Por fim, acredita-se que a consolidação de uma parceria entre o poder público local e os grupos que praticam tal atividade, possibilitaria o bom encaminhamento das ações propostas. Palavras-chave: Trekking. Atividade de Aventura. Jequié/BA. 34 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E TRANSVERSALIDADE: O MERGULHO E SUAS POSSÍVEIS ARTICULAÇÕES COM A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Esp. Cassio Martins1, Dr. Marcelo Paraiso Alves1,2, Esp. Thais Vinciprova Chiesse de Andrade1, Kátia Mara Ribeiro1, Gustavo Alves Vinand Kozloswski de Farias1 1UniFOA, 2IFRJ – VR cassiofoa@ig.com.br O presente relato se desenvolveu no Instituto Educacional Porto Real – RJ, com as turmas do 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio. A referida experiência se aproxima do Esporte de Aventura (PEREIRA, 2010), poiseste tem se caracterizado como um conteúdo possível a ser desenvolvido no cotidiano das aulas de Educação Física (AMBRUST; PEREIRA, 2010; SANTOS; GOMES; PEREIRA, 2012). Sabendo que o Esporte de Aventura se insere no âmbito da cultura corporal de movimento (DARIDO, 2005), o presente trabalho tem como objetivo discutir a Educação Física Escolar, mais especificamente o “Mergulho Livre” (MASSETTO; BELLEZZO, 2013) como um espaço cujo potencial – transversalizante - permitiria o diálogo com outros campos do saber: Geografia, Biologia, História, e outras temáticas (sustentabilidade, meio ambiente, solidariedade, valores éticos, dentre outros) possibilitando a articulação com a Educação Ambiental. No entanto, diversos são os questionamentos sobre sua aplicabilidade, o acesso de professores aos recursos necessários, o acesso aos conhecimentos específicos para sua prática, dentre outros, o que justifica a visibilização desta prática pedagógica. Como percurso didático-metodológico a prática pedagógica ora apresentada seguiu no transcorrer de 7 aulas, dispostas no 1º bimestre de 2014, o seguinte percurso: Na 1º aula foi apresentada a proposta de trabalho - Mergulho livre - a ser realizado na lagoa azul na Ilha grande – Angra dos Reis - RJ. Cabe ressaltar que as disciplinas de História e Biologia estão envolvidas no Projeto Interdisciplinar. Posteriormente, apresentamos o histórico do mergulho e suas especificidades (MASSETTO; BELLEZZO, 2013). Na 2ª aula propomos a elaboração de grupos de pesquisa, onde a turma foi dividida em três grupos (máscara, snorkel e nadadeira). Os grupos tiveram duas semanas para a constituição e apresentação do trabalho seguindo a seguinte descrição: características do material, utilização e vídeo. A 3º aula a articulação com a Educação Ambiental e as diferentes percepções do ser humano sobre meio ambiente, conforme sugerido por Reigota (1991). Na 4ª aula ocorreram as apresentações dos trabalhos e o debate envolvendo dúvidas e curiosidades. Na 5ª aula foi realizada uma aula prática em um clube local, cujo objetivo foi a vivência dos equipamentos de mergulho. Na 6ª aula foi a visita a Ilha Grande, mais especificamente na Lagoa Azul – AR. Na 7ª realizamos a avaliação do projeto, buscando discutir coletivamente a articulação do que foi apreendido com o conteúdo das aulas de Educação Física e das outras disciplinas envolvidas. Palavras-chave: Educação Física Escolar; Esporte de Aventura; Mergulho; Cotidiano Escolar. 35 O SLACKLINE COMO CONTEUDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Alipio Rodrigues Pines Junior¹, Aline Diane de Zumba Rodrigues², Mérie Hellen Gomes de Araujo da Costa e Silva³, Heitor Marcondes Trondoli Ferracci4, Tiago Aquino da Costa e Silva3,5 ¹Especialista em Organização de Eventos Esportivos (GIEL/USP/CNPq), ²Especialista em Ginástica Rítmica Feminina e Masculina(FMU), ³Especialista em Educação Física Escolar (FMU), 4Graduado em Educação Física (UNIBAN), 5 LEL/UNESP alipio.rodrigues@gmail.com Este trabalho teve por objetivo verificar a prática do slackline na Educação Física Escolar, compreendendo-o como nova prática pedagógica. A Educação Física e seus conteúdos desportivos já não atendem, de forma geral, aos interesses e necessidades de seus participantes, portanto atuar na linha excludente do desporto e limitar-se às manifestações esportivas clássicas coloca-se como fator de limitação de atuação pedagógica e desmotivação para uma aprendizagem significativa. Para que a Educação Física seja integrante no cenário educacional, cabe ao educador renovar e inovar suas ideias de atuação. É preciso então, buscar por um novo repensar para a Educação Física Escolar. E uma dessas possibilidades significativas é proporcionar e estimular as Atividades de Aventura associadas ao papel do lúdico no contexto escolar e tornando-as uma ferramenta no auxílio à prática de situações desafiadoras. O seu desenvolvimento é dado por meio de uma didática práxis, sendo que a escola não necessariamente precisa oferecer e ter o espaço adequado e equipamento específico, pois a ação da educação não se restringe a uma prática pela prática, mas a vivência oferece inúmeros conhecimentos, tanto esportivo, cultural, social. As aulas de Educação Física devem promover propostas que visam fortalecer os conhecimentos de lazer, esporte e meio ambiente. Entre as Atividades de Aventura estão inclusas as de meio urbano abarcando assim as atividades realizadas nas cidades que possuem as características de ação em espaços urbanos e adaptados às escolas, como: skate, patins in line, parkour, slackline, e outros. Slackline é um esporte criado por alpinistas americanos, que consiste em equilibrar-se numa fita amarrada em dois pontos com pouca tensão; bem como se aceita a ideia de que o esporte surgiu da arte circense, utilizando como corda bamba. O objetivo pode ser tanto atravessar de uma ponta à outra da fita, quanto praticar manobras como saltos e cambalhotas. A falta de movimentos padronizados e a imagem de esporte radical fascinam os escolares, que, além de se divertirem ao praticar o esporte com seus colegas de classe, também melhoram suas próprias capacidades físicas. Professores podem fazer uso desta curiosidade para aprimorar habilidades físicas como coordenação e equilíbrio de seus alunos. Os procedimentos metodológicos consistem em duas partes. Primeiramente utilizou-se a abordagem dedutiva, onde parte de teorias e leis com princípios universais e previamente aceitos para a elaboração de conclusões sobre fenômenos universais ou particulares; e por fim o segundo é relativo ao tipo de pesquisa adotado, neste caso, a pesquisa indireta que é caracterizada pela utilização de informações, conhecimentos, e dados já coletados por outras pessoas e demonstrados de diversas formas. Por fim considera-se que as Atividades de Aventura são conteúdos fundamentais a serem reconhecidos pelos profissionais de Educação Física, e os conhecimentos devem ser compartilhados de forma crítica, reflexiva e criativa, agregando às atuais práticas esportivas da escola. Partindo das reflexões iniciais, propiciar as práticas pedagógicas diferenciadas por meio do slackline é sistematizar os eixos norteadores - esporte, educação e natureza, viabilizando a introdução dessas vivências na Educação Física Escolar como um estímulo ao desenvolvimento social, psíquico e físico. Palavras-chave: Atividades de Aventura. Slackline. Educação Física Escolar. 36 ATIVIDADES SOBRE RODAS NA ESCOLA: VIVENCIANDO AS ATIVIDADES DE AVENTURA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Tiago Aquino da Costa e Silva¹, Victor César Shing², Cleber Mena Leão Junior³, Mérie Hellen Gomes de Araujo da Costa e Silva2, Alipio Rodrigues Pines Junior4 ¹Especialista em Educação Física Escolar (LEL/UNESP), ²Especialista em Educação Física Escolar (FMU), ³Especialista em Educação Física Escolar (PUCPR), 4Especialista em Organização de Eventos Esportivos (GIEL/USP/CNPq) pacoca@professorpacoca.com.br O presente trabalho teve por objetivo levantar informações sobre a real possibilidade de utilização das Atividades de Aventura, em especial as atividades sobre rodas – patinete, patins e skate como conteúdo das aulas de Educação Física Escolar. Os esportes tradicionais amplamente vivenciados na grande maioria dos currículos de Educação Física Escolar podem dar conta das perspectivas e necessidades dos educandos da Educação Básica, entretanto permitir experiências de novos conhecimentos possibilitam uma nova organização curricular visando o desenvolvimento da cultura corporal. Entre as novas práticas corporais, estão as Atividades de Aventura, em especial os esportes sobre rodas. As Atividades de Aventura apresentam três âmbitos de atuação, sendo-os: turístico-recreativo, rendimento-competição e o educativo-pedagógico. No que tange a este último, estas práticas constituem um bloco de atividades capaz de proporcionar aos educandos variadas situações de relevada importância pedagógicapor conta da transmissão eficiente de valores, atitudes e normas e da aprendizagem de conceitos integrados em diferentes âmbitos do conhecimento. Tais ações atingem os alunos que praticam Educação Física Escolar de forma mais abrangente, deixando abertas as possibilidades de um conteúdo que tratará de práticas corporais que aliam o prazer e atributos da cultura corporal de movimento a outra visão, que integra o homem e sua tecnologia ao meio natural e urbano, com atividades de risco controlado e conscientização da necessidade dos desafios a serem vencidos. As Atividades de Aventura quando reinventadas podem diversificar as atividades praticadas nas aulas de Educação Física, contribuindo para o desenvolvimento do tema transversal - Meio Ambiente e pode funcionar como elemento facilitador para a concretização da interdisciplinaridade. A Educação Física é uma disciplina que trata pedagogicamente, na escola, do conhecimento da cultura corporal, tendo como objeto de estudo a expressão corporal como linguagem e os temas ou formas da cultura corporal que constituem o seu conteúdo. Os procedimentos metodológicos consistem em duas partes. Primeiramente utilizou-se a abordagem dedutiva, onde parte de teorias e leis com princípios universais e previamente aceitos para a elaboração de conclusões sobre fenômenos universais ou particulares; e por fim o segundo é relativo ao tipo de pesquisa adotado, neste caso, a pesquisa indireta que é caracterizada pela utilização de informações, conhecimentos, e dados já coletados por outras pessoas e demonstrados de diversas formas. A prática das Atividades de Aventura na Escola, em especial as sobre rodas – patinete, patins e skate, como componente curricular inovador dentro da área da Educação Física escolar, podem ampliar de forma integrada as vivências dos sujeitos escolares, e assim possibilitar experiências práticas que conduzirão à aquisição de novos conhecimentos e aprendizagens. Palavras-chave: Atividades de Aventura. Atividades sobre Rodas. Educação Física Escolar. 37 SKATE DOWNHILL SPEED NO ESPÍRITO SANTO: DO LAZER AO ESPORTE Alex Lourenço Barbosa¹, Salvador Inácio da Silva² ¹Acadêmico da Universidade Vila Velha – ES, ²Professor Ms. Universidade Vila Velha - ES salvador@uvv.br O Núcleo de Recreação e Lazer, vinculado ao curso de Educação Física da Universidade Vila Velha – UVV, disponibiliza aos seus acadêmicos o Grupo de Estudo Lazer, Ecologia e Aventura (GELEA), o qual desenvolve diversas atividades acadêmicas de ensino, extensão e pesquisa. Dentro deste contexto, este trabalho pretende descrever sobre o Skate Downhill Speed no estado do Espírito Santo na sua trajetória do lazer ao esporte. O mesmo se justifica por tratar de uma atividade de aventura diferenciada daquelas já focadas e realizadas no GELEA. Para isso foi utilizado o procedimento metodológico descritivo e exploratório. A história do skate na modalidade Downhill Speed no Espírito Santo iniciou-se em 2007. Originalmente, alguns amigos reuniram pessoas interessadas em andar de skate longboard. Junto com o grupo “Skate Longboard ES” numa rede social, criou-se também um circulo de amizades de várias partes do estado. Posteriormente, foi criado um encontro para reunir os praticantes do skate longboard e suas vertentes como, slide, dowhill speed, slalom e freeride. Totalizaram onze edições do evento, tendo como desafio constante a segurança dos participantes e a conscientização dos riscos previstos e comuns à atividade. O primeiro e único acidente aconteceu na 11ª edição acarretando na paralização do grupo na rede social e nos novos procedimentos de segurança. A partir de 2012, foram criados os campeonatos isolados como do Circuito Capixaba de Skate Downhill Speed. Foram quatro etapas, abrangendo quatro categorias: júnior; feminino; master e open. Respectivamente nas cidades da Serra, Guarapari, Viana e Guarapari novamente. De uma maneira geral, o circuito foi um sucesso e a primeira etapa repercutiu de modo positivo nas etapas seguintes adquirindo um nível crescente de atletas dentro e fora do estado. Mesmo com o foco competitivo, o circuito teve como fator relevante a amizade entre os atletas. A evolução do esporte tem se pautado em treinamentos específicos, alimentação orientada, novos equipamentos e novas tecnologias. Devido ao forte trabalho realizado no ano de 2012 e 2013, hoje o Skate Downhill Speed Capixaba é respeitado no Brasil e no mundo, sendo possível encontrar atletas patrocinados por empresas nacionais e internacionais. 38 PROJETO TRILHAS & TRILHOS: EDUCAÇÃO PELO LAZER DE AVENTURA Gustavo Lyrio¹, Rayra Possatto Barbosa¹, Lívia Quirino de Melo Medeiros², Salvador Inácio da Silva³ ¹Acadêmico, Universidade Vila Velha – ES, ²Graduada, Universidade Vila Velha, ³Professor Ms. Universidade Vila Velha salvador@uvv.br Com um ano de existência o Projeto T&T vem se destacando como uma atividade de aventura no cenário acadêmico de formação profissional do curso de educação física da Universidade Vila Velha UVV. Assim questionamos: como este projeto se circunscreve no universo acadêmico da educação física? Quais as suas contribuições na formação deste futuro profissional? Este trabalho tem como objetivo, descrever o Projeto de extensão Trilhas & Trilhos e identificar junto aos acadêmicos organizadores, a sua contribuição na formação profissional. O mesmo se justifica por auxiliar no aprofundamento dos estudos sobre o Lazer do Núcleo de Recreação e Lazer, uma vez que essa temática seja uma das âncoras de pesquisa do mesmo. O procedimento metodológico tem um caráter descritivo e exploratório. O evento Trilhas & Trilhos é um projeto de extensão planejado, organizado, realizado e avaliado pelo Núcleo de Recreação e Lazer do curso de Educação Física; ambos vinculados à Universidade Vila Velha / UVV. O T&T surgiu com a ideia de uma acadêmica durante a disciplina de Teoria e Prática do lazer II, inclusa na grade curricular do curso de graduação já citado, responsável por gerar reflexões profissionais dos conteúdos relacionados ao lazer de aventura a partir de atividades teóricas e práticas. O projeto se caracteriza por uma caminhada prolongada de quinze a trinta quilômetros em linha férrea, desativada ou semi desativada com elementos físicos típicos, como: pontes, túneis, estações e trem; assim como elementos não físicos típicos das atividades de aventura, como: vertigens, riscos, obscuridades, desafios e contemplações. Inicialmente, foi destinado exclusivamente aos acadêmicos, mas com o movimento das redes sociais, o projeto alcançou também os egressos e outros interessados. Já na sua sexta versão, em um ano de atividade, o projeto T&T passou por três localidades diferentes do Espírito Santo: Viana à Domingo Martins [26km], Vargem Alta / Cobiça [28km], Itibirui / Matilde [18km]. Hiking, trecking, bivaque, montanhismo ou simplesmente trilha, são algumas nomenclaturas utilizadas para descrever esta atividade. Entretanto, o importante nesse projeto é o ato de atravessar de um ponto ao outro perpassando por ambientes naturais ou urbanos. O movimento constante é inerente a essa atividade que tem como característica crucial, a superação do indivíduo diante as adversidades impostas no caminho ou por seu contexto. Alguns elementos abstratos compõem o cenário das trilhas e das experiências relacionadas à elas, sustentando a imaginação, a emoção e as associações dos trilheiros com a ideia da aventura. Elementos como: emoção, adrenalina, entusiasmo, medo, rusticidade, desafio, novidade, risco, conquista, sucesso, audácia e outros, fortalecem a tônica do lazer de aventura. Na fala dos acadêmicos estagiários deste projeto, verifica-se que o mesmo é uma ferramenta auxiliadora da formação profissional, e de forma positiva, acaba por despertá-los para a atuação no mercado de trabalho dentro da área do lazer de aventura na perspectiva da Educação Física, assim como, um agente fortalecedor do perfil profissional,trabalhando questões como: liderança, iniciativa, planejamento, comunicação e responsabilidade. mailto:salvador@uvv.br 39 IMPACTO DO SURF E SEU PRIMEIRO CONTATO EM PRINCIPIANTES Jéssica Hotts Cavassoni¹, Luciene Alvarintho Almeida¹, Salvador Inácio da Silva² ¹Acadêmica, Universidade Vila Velha – ES. ²Professor Ms., Universidade Vila Velha – ES. salvador@uvv.br Não se sabe exatamente em que momento se deu a origem do surf, entretanto, essa prática já vinha sendo executada pelos povos polinésios, que praticamente povoaram todas as ilhas do Oceano Pacífico e do Litoral Pacífico das Américas. Acreditava-se que a prática do mesmo libertava as energias negativas e ao mesmo tempo, ocorria um culto ao espírito do mar em sua cultura original. A disciplina de teoria e prática do lazer II, vinculada ao Núcleo de Recreação e Lazer e ao curso de Educação Física da Uiversidade Vila Velha; oportuniza aos acadêmicos várias atividades de aventura; como: trilhas, rafting, rapel, surfe, bodyboard e outras. Geralmente são os primeiros contatos do acadêmico com as práticas corporais de aventura na natureza. Nesse contexto, questiona-se: O que as atividades de aventura na natureza oportunizam aos alunos que as fazem pela primeira vez? Quais são as impressões que se destacam nas suas falas após a vivência com o surfe? Este trabalho tem como objetivo, verificar o impacto causado aos acadêmicos do curso de educação física quando optam pelo primeiro contato com o surfe como prática do lazer de aventura. Sua relevância está em oportunizar aos acadêmicos da disciplina supracitada, a relação mais próxima da teoria- prática-teoria; onde caminhamos com reflexões e debates sobre a atividade de aventura. Como procedimento metodológico, foi utilizado o descritivo-exploratório. Inicialmente ressalta-se o ensino parcial dos fundamentos teóricos e práticos, onde os principiantes tiveram uma percepção real do cenário do surfe como a areia, a prancha, a água e os primeiro movimentos. Começando pelos movimentos mais simples, evoluindo gradativamente para os movimentos com nível de dificuldade maior, o professor da escolinha de surfe desenvolveu uma aula técnica-pedagógica levando um acadêmico por vez ao mar. Todos conseguiram vivenciar o surfe, destacando o equilíbrio sobre a prancha e sobre as ondas como a principal dificuldade para os iniciantes. Concomitante a esta percepção, foram identificadas algumas palavras que se repetiam nas falas dos acadêmicos participantes como: prazer, diversão, desafio e adrenalina. Podendo acrescentar ainda, o desejo de praticar novamente a atividade, como prática do lazer de aventura, assim como, atividade esportiva. 40 SENSAÇÕES E EMOÇÕES NO MORRO DO MORENO Mariana Leite Barcelos¹, Salvador Inácio da Silva¹ ¹Acadêmica, Universidade Vila Velha – ES, ²Professor Ms. Univeridade Vila Velha - ES mariana.lbarcelos@hotmail.com As atividades de aventura no curso de educação física da Universidade Vila Velha já se tornaram frequentes no dia a dia do acadêmico matriculado nas disciplinas de recreação e lazer, principalmente na disciplina de Teoria e prática do lazer II que mais especificamente estuda esse assunto. Este trabalho tem como objetivo, identificar o que os acadêmicos desta disciplina relatam sobre as emoções e sensações durante a primeira prática de atividade no Morro do Moreno. As atividades de aventura tem o poder de evocar as emoções do indivíduo a partir da quebra da sua rotina, saindo dos espaços cristalizados e aproximando-o dos riscos imaginários. Este trabalho é relevante por permitir o estudo sobre as diferentes sensações e emoções e o papel fundamental das mesmas na construção de um evento de lazer de aventura. Para tanto, trabalhamos fotografias e filmagens durante a trilha, utilizando técnicas de observação do participante e entrevista após a realização da trilha. Com o desenvolvimento urbano, algumas transformações aconteceram; positivas e negativas. Tanto ao ser humano quanto ao planeta. No que tange as sensações e emoções, o espaço urbano vem contribuindo para a valorização da razão e a desvalorização dos sentidos. O ritmo acelerado das cidades emplaca também nas relações do cotidiano, privando o indivíduo dos sentidos. As atividades de aventura na natureza não somente desafiam o praticante a superar os limites físicos e psicológicos, mas também, estimulam os seus sentidos. Nesse contexto, a atividade de aventura na natureza é um provocador de sentidos, sensações e emoções. O incerto, o imprevisto, o obscuro, a novidade e o risco são elementos fundamentais que caracterizam esse tipo de atividade; estimulando os órgãos sensoriais. Através das entrevistas realizadas após a trilha, foram observados dois grupos de sensações: as receosas e as prazerosas. Quanto as sensações prazerosas se destacaram a liberdade, alegria, tranquilidade e felicidade; e os trilheiros relacionaram essas sensações à beleza do lugar e ao contato com a natureza, assim como à conquista e o dever comprido. Sobre as sensações receosas se destacou o medo proveniente dos riscos reais e imaginários; como: altura, animais e o obscuro. No entanto, mesmo com as sensações receosas, os trilheiros confirmaram o desejo de retornar à mesma trilha e passar novamente pelas mesmas experiências na expectativa de superação. 41 PROJETO ATLETAS DO VERDE: EDUCAÇÃO PELO LAZER DE AVENTURA Gustavo Meneghel Seydel Lyrio1, Rayra Possatto Gaudio Barbosa1, Lívia Quirino de Melo Medeiros2, Salvador Inácio da Silva3 1Acadêmico, Universidade Vila Velha - ES, 2Graduada, Universidade Vila Velha - ES, 3Professor Ms. Universidade Vila Velha – ES salvador@uvv.br Com seis anos de existência o Projeto Atletas do Verde vem se destacando como uma atividade de aventura no cenário escolar de algumas escolas públicas da Prefeitura Municipal de Vila Velha. Assim questionamos: como este projeto se circunscreve no âmbito escolar? Quais as suas contribuições na formação deste futuro profissional? O objetivo se concentra em descrever o Projeto Atletas do Verde e identificar junto aos acadêmicos organizadores, sua contribuição na formação profissional. O mesmo se justifica por auxiliar no aprofundamento dos estudos sobre o lazer no Núcleo de Recreação e Lazer. O procedimento metodológico tem um caráter descritivo e exploratório. Atletas do Verde é um projeto de extensão planejado, organizado, realizado e avaliado pelo Núcleo de Recreação e Lazer do curso de Educação Física; ambos vinculados à Universidade Vila Velha / UVV. Este Projeto já foi realizado em várias escolas públicas do município de Vila Velha – ES. O mesmo consiste em realizar uma trilha no Morro do Moreno, percorrendo 4 km de distância em duas horas de duração, incluindo atividades reflexivas de caráter recreativo e ecológico. Inicialmente o projeto é apresentado às escolas interessadas com detalhes técnicos e pedagógicos referentes ao lazer de aventura. Posteriormente o evento é agendado, as inscrições dos trilheiros são feitas, assim como preenchimento das fichas de anamnese e as estratificações de riscos. O projeto em si, trabalha com vivencias sensoriais / percepção ambiental e reflexões programadas sobre a atividade física, o meio ambiente e ecologia humana. Incluindo procedimentos de verificação de riscos e procedimentos de segurança necessários às atividades. Tudo previamente apresentados aos diretores das escolas e se possível aos pais dos trilheiros participantes do projeto. Após a realização das atividades de aventura fazemos a avaliação, verificando como os diferentes atores envolvidos neste processo perceberam as dimensões positivas e negativas do projeto ATLETAS DO VERDE. Geralmente são relatórios formais e informais, registrados em vídeos e expressos em pequenos textos individuais. O nosso propósito é utilizar o lazer de aventura como uma possibilidade de diversão e educação. Mais especificamente, explorar nas práticas corporais de aventurana natureza tópicos relevantes à ecologia humana e social a partir das atividades recreativas; buscando diversão e desenvolvimento pessoal. Assim como refletir sobre a relação homem natureza e seus respectivos impactos no ambiente durante as práticas supracitadas, estimulando o exercício do lazer mais sustentável. Na fala dos acadêmicos estagiários deste projeto, verifica-se o auxílio do mesmo na formação profissional de forma positiva, despertando-os para a atuação no mercado profissional na área do lazer de aventura dentro da perspectiva da educação física, principalmente nas questões ecológicas e sustentáveis. Podendo citar ainda, o mesmo como elemento fortalecedor do perfil profissional no que tange a liderança, iniciativa, planejamento, comunicação e responsabilidade. 42 RAFTING: RELATOS DE INICIANTES SOBRE RISCOS Paloma Silva Villanueva1, Salvador Inácio da Silva2 1Acadêmica, Universidade Vila Velha – ES, 2Professor Ms. Universidade Vila Velha – ES salvador@uvvbr O curso de Educação Física da Universidade Vila Velha – UVV tem em sua grade curricular a disciplina de teoria e prática do lazer II, dentre seus conteúdos teóricos e práticos voltados para o lazer de aventura, a vivência tem o seu destaque como agente auxiliador no processo ensino-aprendizagem. O risco tem sido um dos conteúdos mais trabalhados em sala de aula quando refletimos sobre atividades de aventura. Ora como um dos elementos motivadores desta prática, ora como elemento de preocupação. Este conteúdo se repete nas falas dos acadêmicos da disciplina supracitada. Em posse dos relatos dos acadêmicos desta disciplina sobre a vivência de rafting, procurou-se identificar os riscos percebidos pelos os mesmos. A relevância deste trabalho tange a possibilidade de maior aproximação do acadêmico à temática “risco”, conciliando a teoria à prática a partir da reflexão orientada, tanto na sala de aula, quanto no espaço de realização da atividade de aventura. Para tanto, foi utilizada uma entrevista semiestrutura sobre a percepção de risco do acadêmico que vivenciou o rafting pela primeira vez; passando pela análise dos dados e a sua respectiva interpretação. Quem procura por uma atividade de aventura, procura pelo risco, mesmo que inconscientemente. E busca também, satisfação com este risco na dose certa, nem mais e nem menos. Inicialmente, entende-se o risco como uma possibilidade do sujeito sofrer algum dano físico ou psicológico a partir do perigo. Assim, para uma boa prática do lazer de aventura, é necessário uma análise preliminar dos riscos e um bom mapeamento descritivo dos mesmos; passando do risco real para o risco controlado. Os entrevistados identificaram dois riscos relacionados a traumatismo e cortes; ambos provenientes das pedras e dos galhos que surgiram durante o percurso rafting. Vale ressaltar que era esperada a identificação do risco de afogamento, no entanto, a preocupação de maior notoriedade do gupo foi com o medo de quebrar pernas e braços. 43 TRILHAS & TRILHOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM TRILHEIRO Pedro Souza Lopes1, Salvador Inácio da Silva2 1Acadêmico, Universidade Vila Vellha – ES, 2Professor Ms. Universidade Vila Vellha - ES salvador@uvv.br No Curso de Educação Física da Universidade Vila Velha, tive a oportunidade de entrar no Núcleo de Recreação e Lazer e fazer parte do GELEA (Grupo de Estudos Lazer, Ecologia e Aventura) com estudos teóricos e práticos acerca do lazer. Após ter participado de um dos eventos do projeto de extensão entitulado Trilhas & Trilhos, realizado pelo núcleo supracitado, interessei-me por relatar as experiências obtidas como participante deste evento de aventura. Este projeto caracteriza-se em uma atividade prolongada de caminhada com o percurso mínimo de quinze e no máximo de trinta quilômetros, executada em linha férrea que contenha elementos típicos como: pontes, túneis, estações e trem. Como integrante do GELEA, foquei nas sensações e emoções como meta principal deste trabalho, estreitando os meus relatos dos estudos e das reflexões acadêmicas. O mesmo justifica-se por aproximar o acadêmico dos períodos iniciais do curso de educação física dos estudos sobre as práticas corporais de aventura na natureza. Como procedimento metodológico, o trabalho iniciou-se junto as reflexões do GELEA entendendo-se ao longo das orientações do professor e responsável pelo NRL; trabalhando com análise, reflexão e síntese dos tópicos levantados como relato pessoal. Como minha primeira experiência no lazer de aventura, pude compreender melhor alguns dos conhecimentos teóricos dos encontros do GELEA. O que mais me marcou foram as sensações e emoções contraditórias; que somente depois, analisando a minha vivência aventureira, consegui entende-las. Ao mesmo tempo em que o medo do desconhecido tomava conta, mais perceptível era a vontade de continuar aceitando cada desafio imposto pela trilha. Cada trecho e desafio ultrapassado com êxito uma sensação positiva de confiança e prazer me fortalecia. Outro contraste foi o cansaço ao término da trilha que se mesclava com a felicidade, orgulho de dever cumprido e de superação pessoal. A sensação de amizade, mesmo que temporária, foi um destaque também relevante para aquela experiência. Algumas ações solidárias entre os trilheiros deram uma sensação agradável de proteção e segurança; inclusive a equipe organizadora do evento. Contudo, posso destacar essa experiência como positiva por se tratar de uma atividade de lazer e acadêmica ao mesmo tempo. 44 ESPORTE E NATUREZA: NAS TRILHAS DO BEM-ESTAR CORPORAL Marilda Teixeira Mendes1,2,3; Maria Márcia Viana Prazeres1; Francisco Eric Vale De Souza2,4; Ioranny Raquel De Sousa2,4; André Beltrame1,2; Michela Abreu Francisco Alves5; Jarbas Pereira Santos6; Tânia Mara Vieira Sampaio7 1 Doutorando em Educação Física UCB, 2 Bolsista PROSUP/CAPES, 3 Professora na Universidade Federal de Minas Gerais, Montes Claros, MG, 4 Mestrando em Educação Física UCB, 5 Especialista em Atividade Física e Saúde, Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE, Montes Claros, MG, 6 Especialista em Esportes de Aventura, Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, São Paulo, SP, 7 Doutora em Ciências Sociais e Religião. Docente do Curso de Graduação e Pós-Graduação da Universidade Católica de Brasília. Coordenadora de projeto de pesquisa financiado pelo CNPq mteixeiramendes@yahoo.com.br O caving, enquanto atividade de aventura realizada na natureza proporciona ao ser humano experiências, por meio de um envolvimento intenso com o ambiente cavernícola, objetivando a descoberta e a contemplação. Há também a aventura, quando o praticante depara-se com os obstáculos naturais existentes e vislumbra a possibilidade de experimentação de emoções intensas e diversas. O presente estudo teve como objetivo analisar a contribuição do caving no bem-estar corporal dos integrantes do Espeleogrupo Peter Lund - EPL. A justificativa para a realização desse estudo ocorre em função da existência de poucos estudos sobre a relação caving e qualidade de vida. A metodologia utilizada foi uma combinação de pesquisa bibliográfica e de campo. Como instrumento de coleta de dados, foram realizadas a observação participante e a entrevista semiestruturada. Para a análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, que possibilitou obter indicadores, que contribuiu para a sistematização da seguinte variável motivos para a prática do caving. Esse indicador vinculou à melhoria da qualidade de vida. Os sujeitos deste estudo foram os integrantes pertencentes ao EPL, praticantes do caving, de ambos os gêneros, ocupantes de diferentes categorias profissionais, levando-se em conta a acessibilidade e a representatividade. Evidenciou-se que os motivos relatados para a prática do caving no ambiente de caverna foram: as sensações e emoções provenientes do risco, a aventura, o prazer, o belo, o novo, o desconhecido, a descoberta, a paz, a tranqüilidadee o lazer. Segundo alguns relatos, a emoção no ambiente de caverna é multifacetada, constituída de medo e de prazer. Nos depoimentos dos sujeitos desse estudo, pôde-se destacar a ocorrência de emoções, com ênfase no prazer. O prazer é também associado ao belo, ao risco, à aventura, ao medo, ao perigo, aos obstáculos, ao desconhecido, ao bem-estar corporal e à tranqüilidade, durante a prática do caving, considerado como benefício pessoal pelos praticantes do caving. O lazer no ambiente de caverna é considerado, pelos integrantes do EPL, como uma atividade prazerosa de final de semana, como uma ótima dose de combate ao estresse. Esses motivos contribuem para o bem-estar corporal dos integrantes do EPL. Palavras- Chave: Caverna. Caving. Esporte na Natureza. Bem-Estar Corporal. 45 ATIVIDADE DE AVENTURA E MEIO AMBIENTE Cleber Mena Leão Junior1, Tatyanne Roiek Lazier2, Divaldo de Stefani3, Tiago Aquino da Costa e Silva4, Alipio Rodrigues Pines Junior5, Marcia Regina Royer6 1 Especialista em Educação Física Escolar (PUCPR), 2Graduada em Educação Física (UNIGUAÇU), 3Curso Especial de Formação Pedagógica (UEM), 4Especialista em Educação Física Escolar (FMU), 5Especialista em Organização de Eventos Esportivos (PITÁGORAS), 6Professora do Programa de Mestrado em Ensino (UNESPAR) professor@cleberjunior.com.br A Política Nacional de Educação Ambiental, lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999 diz que a educação ambiental escolar deve ser desenvolvida a partir da educação básica até o ensino superior, percorrendo a educação especial, profissional e a educação de jovens e adultos. Segundo consta na lei, a educação ambiental deverá ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal e que a dimensão ambiental deve constar nos currículos de formação de professores, em todos os níveis e disciplinas. Em decorrência dessa lei, cabe à Educação Física, assim como as demais áreas de conhecimento, não apenas biólogos, trabalhar o tema meio ambiente. Ao contrário do que se pratica muitas vezes, meio ambiente não é apenas o aspecto ecológico, tratando da reciclagem e preservação de recursos naturais. Seria praticar o mais ingênuo e primário reducionismo. Meio ambiente envolve aspectos políticos, éticos, econômicos, sociais, culturais, tecnológicos e ecológicos. Dentro desta perspectiva, o objetivo deste trabalho foi relacionar as atividades de aventura na disciplina de Educação Física Escolar, pela ótica dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a fim de ser trabalhar o tema transversal: Meio Ambiente. Os subsídios do trabalho ocorreu por meio de revisão bibliográfica. Na perspectiva de Marinho e Schwartz (2005), as atividades de aventura no meio natural parecem estar encontrando eco, ainda que tímido, junto ao contexto educativo, podendo ser devido a necessidade de se abordar a Educação Ambiental nas aulas de Educação Física. Verifica-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), um apontamento de algumas temáticas a serem trabalhadas pela Educação Física, entre elas, o meio ambiente. Rodrigues e Darido (2006) relatam que olhar o meio ambiente e toda a sua complexidade a partir das aulas de Educação Física é tarefa extremamente delicada, dada à abrangência e a profundidade das temáticas. Os autores supracitados, ainda falam sobre a procura dos esportes de aventura na escola, dizendo que nota-se uma crescente tendência na busca dos esportes de aventura, o que pode carregar valores que retratam uma nova dimensão do relacionamento do homem com a natureza. Em suas considerações, Rodrigues e Darido (2006), apontam que o esporte de aventura, quando realizado junto a natureza, representa mais uma possibilidade de aproximação entre o indivíduo e o meio onde vive, devido a interação com os elementos naturais e as suas variações como sol, vento, montanha, rios. Desencadeia uma atitude de admiração, respeito e preservação. Por conseguinte, pode-se entender que a educação ambiental poderá ser desenvolvida como uma prática educativa integrada com a Educação Física pois nas atividades de aventura, o professor tem a função de mediador na construção do respeito mútuo, responsabilidade, solidariedade, confiança, conscientização, mudança de comportamento, ética, preservação dos recursos naturais, entre outros, os quais fazem parte da Educação Ambiental na defesa da qualidade de vida. Palavras-chave: Educação Física. Ensino. Meio Ambiente. 46 PERFIL MOTIVACIONAL DE ALUNOS INICIANTES EM ESCOLAS DE SURF DE SANTA CATARINA Vinicius Zeilmann Brasil1, Antuniel Aécio Terme2, Renata Marcadella3, Maick Vianna4 1Mestrando em Educação Física – UFSC/ CDS, 2Graduado em Educação Física – CEFID/ UDESC, 3Graduada em Educação Física – PUCRS, 4Doutor em Educação Física – CEFID/ UDESC vzbrasil@hotmail.com Introdução: O aumento de adeptos ao surf em diferentes contextos (lazer, competição e saúde) (MOREIRA, 2009) tem fomentado, no litoral de Santa Catarina, a possibilidade de intervenção do profissional de Educação Física em escolas especializadas no ensino desta modalidade. Neste cenário, identificar o perfil motivacional dos alunos pode auxiliar o professor de surf no planejamento e em seus procedimentos pedagógicos utilizados para promover uma experiência de prática significativa. O conhecimento da motivação é um aspecto preponderante para identificar os fatores que o levam o indivíduo a iniciar e continuar na prática esportiva (TRUCCOLO; MADURO; FEIJÓ, 2006). A Teoria da Autodeterminação (TAD) indica que a motivação apresenta regulações complexas (biológicas, cognitivas e sociais) e que as pessoas são motivadas por diferentes fatores (RYAN; DECI, 2000). Objetivo: avaliar o perfil motivacional de surfistas iniciantes que realizam aulas de surfe no litoral catarinense, tendo como base a Teoria da Autodeterminação – TAD. Método: realizou- se um estudo quantitativo, descritivo de campo (THOMAS; NELSON, 2002). A amostra foi composta 47 alunos (31 homens e 16 mulheres) com idade média de 31 anos e com tempo máximo de um ano de prática de surf, de duas escolas de surf de Santa Catarina. Os participantes responderam o Questionário de Regulação de Comportamento no Exercício Físico (BREQ-2; MARKLAND; TOBIN, 2004). A coleta de dados foi realizada individualmente na própria escola de surf após as aulas. Os dados foram analisados através do SPSS versão 13.0. Realizou-se o teste de Shapiro-Wilk, análises das médias e desvio padrão. Para testar as hipóteses utilizaram-se os testes t de Student (paramétricos) e Mann-Whitney (não paramétricos) ao nível de significância de 0,05 (p<0,05). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos – CEPSH da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC (processo Nº. 39/09). Resultados: Os resultados revelaram que os alunos apresentaram elevada autodeterminação para a prática do surf, indicando baixos níveis dos reguladores externos da motivação e níveis elevados de reguladores internos (motivação intrínseca e regulação identificada), não havendo diferença significativa entre os gêneros apesar de os alunos do sexo masculino apresentar níveis mais altos de autodeterminação. Estes valores indicam que os alunos realizaram o surf, predominantemente, por desfrute do tempo livre (férias); prazer pela atividade, sobretudo pelo contato com a natureza (mar); por seus benefícios físicos e psicológicos; e também pela valorização da atividade consciente oferecida pelo professor (segurança). Estes resultados corroboram com os achados de Muyor et al. (2009) em estudo com participantes de centros esportivos, e com os resultados da investigação realizada por Espejo et al. (2008) com praticantes de atividades físico-esportivas não competitivas. De acordo com a TAD, pessoas com um perfil autodeterminado demonstram ter mais aderência à prática esportiva com tendência a alcançar uma maior freqüência de prática (MURCIA; COLL, 2005;MURCIA GIMENO; COLL, 2007). Conclusão: Os alunos investigados apresentaram um perfil motivacional autodeterminado para prática do surf, comportamento este regulado pela natureza lúdica da atividade, interesse no ambiente de prática e ainda pelo modo formal que a prática é oferecida. mailto:vzbrasil@hotmail.com 47 TREINAMENTO EXPERENCIAL AO AR LIVRE – TEAL®: ANÁLISE DE VÍDEOS DO YOUTUBE® Ana Paula Evaristo Guizarde Teodoro1,2, Gisele Maria Schwartz2,3, Viviane Kawano Dias2,4, Priscila Raquel Tedesco da Costa Trevisan1,2, Nara Heloisa Rodrigues2,5 1Doutoranda em Ciências da Motricidade, 2Laboratório de Estudos do Lazer /UNESP Rio Claro-SP, 3Livre Docente/IB/DEF/LEL –Laboratório de Estudos do Lazer /UNESP Rio Claro-SP, 4Doutoranda em Desenvolvimento Humano e Tecnologias, 5Mestranda em Desenvolvimento Humano e Tecnologias anapaulaguizarde@yahoo.com.br Atualmente, no Brasil, as empresas que trabalham com as atividades de aventura vêm ampliando suas ações para o mercado corporativo. O Treinamento Experencial ao Ar Livre - TEAL® é uma modalidade que utiliza atividades de aventura durante sua aplicação, trabalhando aspectos voltados para a gestão de pessoas, dentre outros benefícios para o mercado corporativo. Mesmo com a utilização da internet para a divulgação do TEAL®, o que vem sendo disseminado na mídia, não segue uma padronização na exposição dos vídeos em relação aos objetivos deste tipo de treinamento, o que instigou a realização deste estudo, de natureza qualitativa, que teve por objetivo analisar o conteúdo de vídeos postados no YouTube® relacionados com o TEAL®, buscando melhor compreensão sobre o que vem sendo disseminado. A busca dos vídeos foi realizada no site do YouTube®, em um único dia, sendo utilizado o filtro “este ano” e o termo “Treinamento Experencial ao Ar Livre”. Como critério de inclusão foram considerados os vídeos relacionados com o TEAL®, ou com treinamentos corporativos. Foi realizada a análise documental videográfica e os resultados, divididos em eixos e analisados por meio da Técnica de Análise de Conteúdo Temático. A pesquisa indicou um total de 53 vídeos no YouTube® após a utilização dos filtros, mas somente 44 puderam ser visualizados. O próprio site possui essa limitação, não permitindo avançar as páginas quando se chega a um determinado ponto da busca. A análise descritiva dos dados indicou que, dos 44 vídeos, somente 17 tinham relação com TEAL®. Dos 17 vídeos, 14 relacionavam-se com propagandas de empresas que ofereciam este tipo de treinamento, divulgando trabalhos já realizados e 3 vídeos remetiam à reportagens com entrevistas de profissionais explicando conceitos do TEAL®. Os vídeos demonstraram variação quanto ao tipo de imagem que era veiculada, sendo possível visualizar: vídeos, vídeos e fotos, fotos e textos e ainda, animações por intermédio de desenhos. Dos 17 vídeos, 11 ilustravam treinamentos em ambientes ao ar livre e 6 vídeos alternavam treinamentos ao ar livre e em ambientes fechados. Os locais divulgados também foram variados, tais como: matas, trilhas, campos gramados, parques de diversões ou ecológicos, cachoeiras, lagos, praias, entre outros. A atividade mais divulgada nos vídeos foi a canoagem, seguida por travessias de rio ou mar, atividade “teia”, “calha” e gincana desportiva ao ar livre. Outros exemplos de atividades divulgadas nos vídeos foram: arvorismo, tirolesa, paintball, campo minado, rapel, esqui gigante, bóia-cross, rafting, bike, entre outras. Mesmo com um número reduzido de vídeos sobre a temática, foi possível visualizar exemplos práticos de sua realização, mas a maioria, com o foco na divulgação da empresa. Um número reduzido de vídeos demonstrou caráter educativo, ou mesmo, destacou objetivos, ou ainda, como se realizar um treinamento ao ar livre. A maioria ilustrava partes de um treinamento já realizado, contendo imagens de modalidades de aventura muito variadas. Com base nos resultados do estudo, tornam-se necessárias novas investigações, no sentido de se ampliar os conhecimentos sobre o TEAL® e favorecer novas estratégias de treinamento empresarial envolvendo as atividades de aventura. Palavras-chave: Treinamento Experencial ao Ar Livre, YouTube®, Treinamentos corporativos 48 ANÁLISE DOS ESTADOS DE ÂNIMO NO BOIA CROSS NA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS Viviane Kawano Dias1, Priscila Raquel Tedesco da Costa Trevisan2, Ana Paula Evaristo Guizarde Teodoro2, Nara Heloisa Rodrigues3, Gisele Maria Schwartz4 1Doutoranda em Desenvolvimento Humano e Tecnologias – DEF/IB/UNESP, 2Doutoranda em Ciências da Motricidade - DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, 3Mestranda em Desenvolvimento Humano e Tecnologias – DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, 4Livre Docente - DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP vivikdias@yahoo.com.br Este estudo de natureza qualitativa, teve como objetivo comparar o estado de ânimo de estudantes antes e após a vivência do boia cross. Para tanto, o estudo foi realizado em duas etapas, uma referente a uma pesquisa bibliográfica e outra a uma pesquisa exploratória, a qual utilizou como instrumento a Lista de Estados de Ânimo Reduzida e Ilustrada (LEA-RI), na qual para cada adjetivo relativo a um estado de ânimo, existem quatro opções de respostas (muito pouco, pouco, forte e muito forte) que indicam a intensidade das sensações percebidas naquele exato momento. Esta escala foi aplicada de modo bifásico, antes e após a vivência do boia cross. A amostra intencional foi constituída por 22 estudantes de um curso superior de Educação Física, sendo que destes, 11 eram do sexo feminino e 11 do sexo masculino, com idades entre os 18 e 24 anos, provenientes da cidade, de Rio Claro e participantes de uma excursão didática à cidade de Brotas/SP. Os dados foram analisados descritivamente, por meio da Técnica de Análise de Conteúdo Temático, sendo os estados de ânimo classificados em dois eixos principais: positivo e negativo. Para a análise dos estados de ânimo positivos foram considerados os adjetivos: feliz/ alegre, agradável, espiritual/sonhador, leve/suave, cheio de energia, ativo/enérgico, calmo/ tranquilo. Já para os estados de ânimo negativos: pesado/cansado/carregado, triste, agitado/nervoso, desagradável, inútil/apático, tímido, com medo. Os resultados indicaram uma diminuição nas intensidades dos estados de ânimo positivos, evidenciada nos adjetivos cheio de energia e ativo/enérgico, assim como, um aumento significativo na intensidade do estado de ânimo negativo relativo ao cansado, o que pode ser justificado pelo esforço físico exigido na atividade, a qual durou cerca de duas horas e percorreu um trecho de terreno irregular, contendo aclives e declives, de aproximadamente quatro quilômetros. Porém, em contrapartida, observou-se um aumento na intensidade dos estados de ânimo positivos, feliz e calmo/ tranquilo e, ainda, uma diminuição nos negativos, como medo e agitado, demostrando que, embora esta atividade os tenha deixado cansados, influenciou significativamente para a melhoria geral dos estados de ânimo. Nesse sentido, vale ressaltar também que alguns estados de ânimo não sofreram alteração, na maior parte dos casos, nos estados feliz e espiritual/ sonhador, os quais, no início, estavam elevados e nos estados, desagradável e inútil/ apáticos, os quais, no início, já se encontravam reduzidos, reforçando que estas atividades possibilitam a experiência de emoções marcantes e significativas no eixo dos estados de ânimo positivos. Entretanto, tornam-se necessários novos estudos envolvendo essa temática das subjetividades nas atividades de aventura e enriquecendo essa área do conhecimento. 49 ESPORTES DE AVENTURA E IDOSOS: ANÁLISE DE VÍDEOS DO YOUTUBE Nara Heloisa Rodrigues1, Giselle Helena Tavares2, Ana Paula Evaristo Guizarde Teodoro3, Leandro Jacobassi4, Gisele Maria Schwartz5 1Mestranda em Desenvolvimento Humano e Tecnologias – DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, 2Doutora em Ciências da Motricidade - DEF/IB/UNESP,Rio Claro/SP, 3Doutoranda em Ciências da Motricidade - DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, 4Graduando em Educação Física – DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, 5Livre Docente - DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP narahelo@hotmail.com O Youtube é uma mídia utilizada para difusão e valorização de informações, como por exemplo a da imagem do ser humano, incluindo também o idoso. Entretanto, ainda não está claro o modo como este processo ocorre, se é abarcado pela veiculação positiva ou negativa de informações. A desmistificação deste quadro poderia subsidiar a compreensão da imagem de idosos em diferentes contextos, como a prática de atividades de aventura. Este estudo, de natureza qualitativa, teve como objetivo selecionar e categorizar vídeos brasileiros postados no site Youtube, referentes a diferentes atividades de aventura praticadas por idosos, bem como, analisar a imagem apresentada sobre eles nestes vídeos. A coleta de dados no site do Youtube foi realizada por meio de duas buscas, utilizando-se, primeiramente, os termos de busca “idoso”, “esporte” e “aventura” e, na segunda busca, os termos “idoso”, “esporte” e “radical”. Foram levados em consideração apenas os vídeos brasileiros, com linguagem oral expressa em português. Os resultados indicaram na primeira busca um total de 2.350 vídeos e na segunda, 37.300 vídeos. Todavia, devido à inconsistência do sistema, foram mostradas somente 8 páginas, gerando um número real de 153 vídeos, dos quais, após serem submetidos aos critérios de seleção, resultaram 5 vídeos. Procedendo-se na mesma forma, na segunda busca foram gerados 401 vídeos, dos quais apenas 8 foram selecionados para análise. Os dados constantes dos 13 vídeos, inicialmente, foram categorizados de acordo com o tipo, sendo: reportagens com entrevistas (9 vídeos), vídeos de divulgação/experiência ( 3 vídeos) e 1 vídeo caseiro. Os vídeos foram separados por modalidade esportiva abordada, sendo elencados, de acordo com o número de incidências: Paraquedismo (4), cicloturismo (2), rafting (2), surfe (2), tirolesa (1), parapente (1), skate (1), sandboard adaptado (1), caminhada ecológica (1). Os dados das falas dos vídeos foram analisados por meio de Técnica de Análise de Conteúdo, estabelecendo-se um eixo referente a: “aspectos positivos e negativos da prática de atividades aventura no envelhecimento”. Os resultados preliminares indicam que, para os vídeos de reportagens, entrevistas e de divulgação/experiência foram ressaltados comportamentos positivos dos demais participantes do vídeo em relação ao esporte de aventura desenvolvido pelo idoso. Ficou também evidente a satisfação dos praticantes idosos, por meio de suas falas, condições físicas e comportamentos. Todavia, no vídeo caseiro, observou-se que a pessoa que filmava enfatizava os erros do praticante, assim com, utilizava afirmações sarcásticas e risos para com o praticante, denotando conduta com tendência preconceituosa. O paraquedismo foi o esporte de maior incidência nos vídeos, o que pode indicar um diferencial a ser utilizado por empresas, para atender ao indivíduo idoso. Diante do leque de opções disponíveis para a prática de esportes de aventura, o número reduzido de vídeos disponibilizados por esta mídia pode representar ainda certo desinteresse para com o idoso e as práticas de aventura. A análise posterior mais detalhada dos dados poderá auxiliar a minimizar a lacuna referente aos estudos envolvendo a prática de atividades de aventura pelo indivíduo idoso e ampliar as reflexões acerca de valores e imagens expressas na mídia virtual. Palavras-chave: Youtube. Idoso. Imagem. Esportes de aventura. 50 A INFLUÊNCIA DO MOVIMENTO CONTRA-CULTURA NA GÊNESE DAS ATIVIDADES DE AVENTURA Paula Aparecida Borges1, Raoni Perrucci Toledo Machado2 1DEF/UFLA, 2Prof. Dr., DEF/UFLA pauli-nha-borges@hotmail.com Por volta de 1960, surgiu nos EUA, um movimento que tinha caráter cultural e social, denominado então de contracultura. O movimento que tinha características bastante incomuns para a época, desde o seu surgimento foi ganhando força e participações de vários jovens, predominantemente brancos e de classe média, avançando entre países da Europa e na América Latina em menor proporção. Esse movimento ainda persiste, porém com menos intensidade nos dias atuais. A contracultura pode ser vista como uma posição, uma crítica sobre a cultura tradicional e dominante, a fim de mudar os paradigmas impostos pela sociedade em questão, relacionada principalmente a valores e costumes de um determinado povo em uma época específica, usando regras e valores próprios. Com isto, este trabalho busca identificar quais as influencias que este movimento gerou para o surgimento das práticas de atividades de aventura, assim como analisar seus possíveis desdobramentos. Utilizaremos para esta pesquisa a analise critica de dois filmes/documentários sobre o surf, sendo o primeiro o “Riding Giants”, que retrata a história do surf de ondas grandes e sua relação com o contexto sociocultural de sua época, e o segundo, “Step into Liquid”, que mostra as diversas formas que esta atividade pode se manifestar. Pudemos observar que o movimento contracultura ganhava força através do surf, era algo que ia contra a cultura tradicional da sociedade. Mesmo enfrentando dificuldades como o não conhecimento das ondas, das pranchas que viviam se modificando, perda de amigos, o esporte ganhava cada vez mais adeptos dispostos a enfrentarem os obstáculos. Aos poucos o surf ia fazendo uma modesta revolução, até mesmo entre família, era comum ver crianças, e até idosos, curiosos, dispostos a enfrentar o desconhecido e emocionante esporte. Observamos posteriormente a evolução e modernização do surf com o avanço da tecnologia, uma maior conscientização da população e a mídia em volta do esporte, e como que estes elementos contribuíram de maneira significativa para sucesso do surf e de grandes surfistas que iam surgindo constantemente. Devido ao crescimento de sua prática, a população se tornava cada vez mais envolvida, e contava com a participação de pessoas de diversas classes sociais, cultura, país e sexo, as mulheres também foram ganharam espaço no esporte. O surf, portanto, vem como um estilo de vida incondicional para esses praticantes, uma paixão pelo esporte, que não mede esforços para que o esporte possa ser cada vez mais conhecidos, respeitado e praticado. Os documentários apresentados mostraram, cada um dando ênfase em alguns aspectos, o surgimento do movimento de contracultura, junto com a iniciação e o aprimoramento do surf, destacando o estilo de vida adotado pelos surfistas, os preconceitos pré-estabelecidos na sociedade, e as barreiras enfrentadas por eles, nos permitindo através deles, certa compreensão do grande crescimento e enorme aderência que as práticas de aventura como um todo vem ganhando no período contemporâneo. 51 EDUCAÇÃO EXPERIENCIAL E O POTENCIAL DE EXCURSÃO DIDÁTICA NA NATUREZA, NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA Leandro Jacobassi¹, José Pedro Scarpel Pacheco¹, Mariana Vannuchi Tomazini¹, Nara Heloisa Rodrigues¹, Denis Juliano Gaspar¹, Gisele Maria Schwartz¹ ¹LEL- Laboratório de Estudos do Lazer – DEF/IB/UNESP - Campus de Rio Claro, SP leandro_jacobassi@hotmail.com As atividades de aventura abrangem as práticas desportivas desenvolvidas em momentos destinados ao lazer, diferenciando-se dos esportes tradicionais, devido às condições físicas do ambiente, aos aspectos motivacionais das atividades e aos objetivos utilizados para o seu desenvolvimento, bem como, à presença de equipamentos de segurança específicos para cada atividade/esporte. Por apresentar um forte caráter motivador, as atividades de aventura podem ter um potencial educativo muito amplo, o que torna interessante a execução de excursões pedagógicas e atividades extraclasse, sobretudo, em nível escolar ou acadêmico, para que os alunos possam vivenciar tais experiências e aprender com elas, aliandoa teoria e a prática Além disso, toda a complexidade da natureza e a conscientização ambiental, entre outros fatores, podem ser trabalhadas com os alunos, ampliando as perspectivas da educação experiencial pela aventura. Entre os profissionais que podem fazer uso destes recursos como elementos pedagógicos está o profissional de Educação Física, o qual, nem sempre consegue perceber a importância da oferta dessas atividades e seus significados como estratégia pedagógica. Sendo assim, esse estudo qualitativa objetivou investigar o significado e a importância de uma excursão didática que envolve atividades de aventura, na formação do profissional de Educação Física, na visão de futuros profissionais desta área. O estudo foi desenvolvido por meio de pesquisa exploratória, utilizando como instrumento para coleta de dados um questionário aberto, aplicado a uma amostra intencional composta por 43 alunos de graduação em Educação Física, com faixa etária de 18 a 26 anos, participantes de uma excursão didática para a cidade de Brotas - SP. Os dados foram analisados descritivamente, por meio de Análise de Conteúdo Temático. Para isso, foi realizada uma excursão didática com os alunos do segundo ano de um curso de graduação em Educação Física, para a cidade de Brotas - SP, um dos polos de atividades de aventura. No local, os alunos participaram de trilha, atividades em cachoeiras, além de praticarem o Boia-Cross. Os resultados evidenciam que os futuros profissionais efetivamente reconhecem a importância desta estratégia pedagógica. A excursão didática pode obter vários significados e prestar diversas contribuições para a formação nesta área, conforme os participantes do estudo. Entre eles destacam-se: uma nova forma de aprendizagem e de ensino na Educação Física; uma possibilidade de trabalho profissional futuro; experiências de grupo (cooperação, coletividade); a aproximação do profissional de Educação Física da proposta de atividades de aventura (seja para a parte turística ou de segurança das pessoas); a utilização do ambiente natural para a prática das atividades desportivas; percepção de possibilidade de ampliar o repertório motor e de auxiliar os níveis de consciência corporal junto à natureza, que promova a própria segurança das atividades; adequação do local para o desenvolvimento de valores como o respeito e a conscientização ambiental; além de contribuir muito positivamente para os estados emocionais da pessoa que participa, ocasionando a melhoria do bem-estar e da qualidade de vida. Conclui-se que a realização de atividades experienciais na natureza, como as excursões didáticas, representa uma estratégia importante e significativa na formação do profissional em Educação Física. 52 ATIVIDADE DE AVENTURA E PERCEPÇÃO EMOCIONAL: ANÁLISE DOS ESTADOS DE ÂNIMO DE GRADUANDOS Priscila Raquel Tedesco da Costa Trevisan¹,5, Gisele Maria Schwartz²,5, Viviane Kawano Dias1,5, Ana Paula Evaristo Guizarde Teodoro¹,5, José Pedro Scarpel Pacheco1,5 ¹Doutoranda em Ciências da Motricidade – DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, ²Livre Docente DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, ³Doutoranda em Desenvolvimento Humano e Tecnologias – DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, 4Graduando em Educação Física DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, 5LEL - Laboratório de Estudos do Lazer - DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP priscilalel28@gmail.com Uma das possibilidades existentes e amplamente encorajadas como atividade educativa promotora de estados emocionais positivos, especialmente vivenciadas no contexto do lazer, são as práticas de trilhas com visita a cachoeiras. Essas possibilidades se estendem a estudantes também como uma forma de sensibilização, aprendizado e experimentação emocional. Entretanto, não se tem claro ainda as reais alterações nos estados de ânimo nesse tipo de vivência, devido à alta complexidade dos aspectos subjetivos envolvidos. Sendo assim, este estudo de natureza qualitativa, teve como objetivo investigar o estado de ânimo de estudantes após trilha à cachoeiras. A amostra intencional foi composta por 26 estudantes de Educação Física durante uma excursão didática à cidade de Brotas/SP. A faixa etária dos participantes foi de 18 a 26 anos, sendo 14 estudantes do sexo feminino e 12 do sexo masculino. A atividade proposta teve duração de 2 horas incluindo o percurso e acesso por trilha às cachoeiras. Para a análise do estado e ânimo, os estudantes responderam ao instrumento Lista de Estados de Ânimo Reduzida e Ilustrada (LEA-RI), aplicado de modo bifásico, antes e após a atividade. Para cada adjetivo que compõe essa lista de estados de ânimo existem quatro opções de respostas (muito pouco, pouco, forte e muito forte), as quais indicam a intensidade das sensações percebidas naquele exato momento. Os dados foram analisados por meio da Técnica de Análise de Conteúdo Temático, sendo os estados de ânimo classificados em dois eixos principais: positivo e negativo. Para a análise dos estados de ânimo positivos foram considerados os adjetivos: feliz/ alegre, agradável, espiritual/sonhador, leve/suave, cheio de energia, ativo/enérgico, calmo/ tranqüilo. Já para os estados de ânimo negativos foram analisados os adjetivos: pesado/cansado/carregado, triste, espiritual, agitado/nervoso, desagradável, inútil/apático, tímido e com medo. Os resultados evidenciaram um aumento nas intensidades dos estados de ânimo positivo, na comparação pré e pós a atividade, para 25 estudantes, sendo que apenas 1 permaneceu na mesma intensidade e nenhum apresentou uma redução deste estado. As intensidades indicadas para os adjetivos feliz/alegre, ativo/enérgico e cheio de energia foram as principais responsáveis por essa influência significativa na melhoria geral desse estado de ânimo, evidenciando que essas vivências foram relevantes para uma percepção emocional positiva. Para o eixo negativo, 10 apontaram diminuição de intensidade aos adjetivos correspondentes, 4 mantiveram a intensidade inicial e 12 obtiveram um aumento deste estado. Entretanto, os adjetivos cansado e agitado (categoria negativa) foram considerados fatores relevantes no aumento do estado de ânimo negativo, o que pode estar diretamente associado ao esforço físico decorrente das dificuldades de acesso às cachoeiras. Conclui-se que tais atividades proporcionaram alterações positivas no estado de ânimo de estudantes. Entretanto, tornam-se necessários novos estudos envolvendo essa temática referente à percepção emocional nas atividades de aventura e enriquecendo essa área do conhecimento. Palavras-chave: Estudantes. Estado de ânimo. Natureza. Atividade física. 53 INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS NA PRÁTICA DE ESPORTES DE AVENTURA Karine Oliveira Novaes¹, Darlan Miranda Santos¹, Iago Silva Mesquita¹, Ilma Almeida da Silva¹, Diego Galvão Lessi¹, Temistocles Damasceno Silva² ¹Discente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, ²Docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia karineolaine@hotmail.com As pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, na maioria das vezes acabam sendo excluídas de atividades de aventura na natureza, principalmente pela falta de conhecimento dos profissionais que promovem tal ação. Nesta perspectiva, percebeu-se a necessidade de investigar o ordenamento legal destinado a inclusão das pessoas com deficiências em ações desportivas e de lazer, mais precisamente em atividades de aventura na natureza. Logo, este estudo objetivou diagnosticar as normas e procedimentos no atendimento destinado a pessoa com deficiência, durante a realização destas referidas atividades. Neste sentido, o estudo trata- se de uma pesquisa documental de caráter exploratório e de abordagem qualitativa. Para a coleta dos dados foi analisado o decreto nº 7.381/2010, que estabelece normas sobre a Política Nacional de Turismo bem como o manual de orientações básicas do ministério do turismo acerca das ações relacionadas ao ecoturismo.Alem disso, foi analisada a carta técnica de procedimentos no atendimento para a pessoa com deficiência na educação física, esporte, recreação e lazer. Enquanto resultados obtidos, constatou-se que os documentos analisados não garantem um amparo legal satisfatório para o atendimento das pessoas com deficiência durante a prática de atividades de aventura na natureza, haja vista que as prerrogativas legais são em sua maioria limitadas e superficiais. Ao mesmo tempo, percebeu-se uma falta de articulação entre os parâmetros legais que envolvem a temática abordada, diminuindo a possibilidade de um esclarecimento conceitual sobre os deveres e direitos das pessoas envolvidas no processo. Logo, concluiu-se que o ordenamento legal destinado a inclusão das pessoas com deficiência no que diz respeito às atividades de aventura na natureza encontra-se de forma embrionária, gerando assim a necessidade de um diálogo mais profundo entre os proponentes e os beneficiários de tais ações, no intuito de alcançar resultados significativos relacionados à construção de um amparo legal que atenda as demandas sociais vigentes. Palavras-chave: Ordenamento legal. Atividades de aventura. Pessoas com deficiência. mailto:karineolaine@hotmail.com 54 A CIDADE E O LAZER: UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA DO LE PARKOUR NO MUNICIPIO DE JEQUIÉ-BA. Karine Oliveira Novaes¹, Elaine Rodrigues Nascimento¹ Ícaro Santos de Santana¹ Márcio Santos Costa¹ Temistocles Damasceno Silva² ¹Discente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia ²Docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia karineolaine@hotmail.com O Le Parkour é uma prática exercida por pessoas, na qual o seu maior objetivo é superar os seus limites, utilizando apenas o seu corpo como ferramenta para ultrapassar obstáculos o mais rápido possível e com o máximo de perfeição. Todavia, o Le Parkour não é considerado um esporte, mas sim uma prática radical de risco. Logo, tal atividade não apresenta um espaço especifico para a realização de sua prática, haja vista que o mesmo pode ser praticado em praças e ruas, utilizando como obstáculos: escadas, paredes, árvores, carros, etc. Neste contexto, ao observar um grande número de adeptos desta prática no município de Jequié/BA, despertou-se o interesse em investigar de que forma tal prática acontece nesta cidade. A partir disso, a presente pesquisa teve como intuito investigar as práticas de Le Parkour no referido local, evidenciando as formas de segurança utilizadas durante a realização das atividades e ao mesmo tempo identificando os locais mais utilizados por estes indivíduos, na materialização de suas ações. Desta forma, este estudo se configurou como uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, tendo como procedimento metodológico a pesquisa de campo. Utilizou-se enquanto ferramentas de coleta de dados questionários junto aos praticantes e observação das atividades realizadas. Em relação aos resultados, percebeu-se que a maior freqüência das práticas relacionadas ao Le Parkour está direcionada a praças públicas do município investigado. Em média, estas atividades são realizadas por grupos contendo de 10 a 15 pessoas, formados por adolescentes e jovens. Vale ressaltar que os praticantes de Le Parkour são denominados de traceurs (Homens) e traceuse (mulheres). Evidenciou-se também que existe um translado entre os grupos, migrando assim, de uma praça para outra. Logo, tais grupos utilizam os obstáculos encontrados durante o percurso, como ferramentas para execução de movimentos. Outro dado importante é a pouca ou nenhuma utilização de equipamentos de segurança, levando-se em consideração que para os praticantes a utilização destes equipamentos retém a dificuldade da pratica, interferindo assim, no grande objetivo da atividade. Pode-se constatar também a liberdade que os traceurs (nome dado aos praticantes de Le Parkour) tem na execução dessa atividade, sem que haja uma regra, local ou adereços específicos para tal. Sendo assim, concluiu-se que a liberdade proporcionada pela prática do Le Parkour reflete diretamente na sua adesão por parte dos jovens, os quais em sua maioria, buscam sempre a superação dos seus próprios limites, mesmo colocando sua integridade física em risco. Palavras-chave: Le Parkour. Praticantes. Jequié/BA. 55 ATIVIDADES DE AVENTURA NA NATUREZA NO MUNICÍPIO DE JEQUIÉ/BA: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES Patrícia Barbosa Pereira¹, Lúcio Santos Guimarães¹, André José Costa Santos¹, Yago Santos Pereira Gomes¹, Temistocles Damasceno Silva² ¹Discente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, ²Docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia patricia_b.pereira@hotmail.com A natureza em si, proporciona ao individuo uma sensação de liberdade e uma curiosidade em desvendar os seus diversos locais de exploração, logo, percebe-se a necessidade de estreitar a relação do homem com a natureza, no intuito de preservá-la. Para tal, as atividades de aventura na natureza se apresentam como ferramenta primordial no processo de conscientização ambiental. Nesta perspectiva, o município de Jequié, situado ao sudoeste baiano, possui locais propícios para a prática de tais atividades, haja vista que o município situa-se em uma região cercada de montanhas e cachoeiras, o que favorece a prática desta modalidade. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo principal identificar as atividades de aventura na natureza que são praticados no município de Jequié-BA. Desta forma, acredita-se que tal identificação possibilitará uma maior compreensão acerca do fenômeno abordado, além disso, esta pesquisa poderá servir como ferramenta de planejamento das políticas públicas destinadas a tal ação. Logo, trata-se de uma pesquisa exploratória, de caráter qualitativo. Enquanto procedimento metodológico utilizou-se a observação participante, pesquisa documental e entrevistas com os participantes das atividades de aventura na natureza diagnosticadas no município. Em relação ao resultados, constatou-se que existem diversas atividades de aventura, destacando-se: as trilhas, o slackline e o rapel. Ao mesmo tempo, conclui-se que apesar das condições naturais do município favorecer a prática de tais atividades, tal local encontra-se a mercê das ações do poder público, conseqüentemente, a comunidade acaba sendo prejudicada por esta ação, tanto do ponto de vista econômico como social. Palavras-chave: Atividades de aventura. Gestão. Jequié-BA. 56 OS ESPORTES DE AVENTURA E O ESPAÇO URBANO: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE À PRATICA DO SKATE NO MUNICIPIO DE JEQUIÉ/BA Joalice Santos Batista¹, Luan Gomes Ribeiro¹, Temístocles Damasceno Silva² ¹Discente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, ²Docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia joefuesb@gmail.com O skate é considerado um esporte de aventura, o qual é praticado em sua grande maioria por adolescentes e jovens, utilizando-se de locais específicos ou espaços urbanos para a realização de tal atividade. Desta forma, despertou-se o seguinte questionamento: Como se configura à pratica do Skate na cidade de Jequié-BA? Logo, o presente trabalho buscou identificar a configuração da prática do Skate na cidade de Jequié-BA. Neste sentido, a presente pesquisa justificou-se pela necessidade de ampliar a compreensão sobre o fenômeno abordado bem como possibilitar uma reflexão sobre as possibilidades de intervenção do pode público local, acerca da temática investigada. Além disso, espera-se que este trabalho possa contribuir para o avanço no que diz respeito à produção científica da área. Enquanto procedimento metodológico, a pesquisa configurou-se como exploratória, de abordagem qualitativa. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a observação participante e entrevista com os praticantes damodalidade abordada. Em relação aos resultados, identificou-se vários espaços onde jovens se reúnem para pratica do Skate na cidade investigada. Por fim, constatou-se a necessidade dos gestores públicos locais repensarem suas ações, dando sentido e significado ao esporte de aventura, mais especificamente o skate, incentivando a comunidade local a aproveitar os espaços públicos existentes no município, levando-se em consideração as múltiplas possibilidades de se usar o espaço público para o fomento do lazer. Palavras-chave: Esporte de aventura. Skate. Jequié-BA. 57 A TEMÁTICA ATIVIDADES DE AVENTURA E IDOSOS EM ESTUDOS ACADÊMICOS Ana Claudia Ricco1,2, Helena Maria Giudice Badari1,2, Nara Heloisa Rodrigues2,3, Viviane Kawano Dias2,4, Gisele Maria Schwartz2,5 1Graduanda em Educação Física, 2LEL/DEF/IB/UNESP, Rio Claro/SP, 3Mestranda em Desenvolvimento Humano e Tecnologias, 4Doutoranda em Desenvolvimento Humano e Tecnologias, 4Livre Docente ana_claudia_ricco@hotmail.com Considerando as tendências atuais de vivências do contexto do lazer, as atividades de aventura vêm se fortalecendo cada vez neste âmbito. Por suas características envolvendo emoções diferentes daquelas do cotidiano, com risco controlado e em contato com o ambiente natural, a adesão a estas atividades por participantes em diferentes fases do desenvolvimento humano têm merecido atenção do meio acadêmico, no sentido de se compreender as nuances relativas às inúmeras interfaces intervenientes nestas atividades, capazes de atrair públicos diversificados. A antiga concepção de que estas atividades eram propícias apenas para alguns poucos habilidosos, encontra-se superada, haja vista a demanda crescente por estas vivências, inclusive pelo público idoso, foco deste estudo. Entretanto, não se têm claramente definidos, ainda, sob que ótica a academia tem se apropriado dessa temática e nem sobre os possíveis avanços nos estudos acerca desta interface idoso e atividades de aventura. Este foi o desafio catalisador deste estudo, de natureza qualitativa, cujo objetivo foi investigar as abordagens presentes nos artigos publicados acerca da interface atividades de aventura e idosos, em periódicos nacionais. O estudo foi desenvolvido por meio da união de pesquisas bibliográfica e exploratória. A pesquisa exploratória foi desenvolvida no Portal de Periódicos da CAPES – MEC e no item Banco de Teses Capes, no ano de 2014, com a opção de busca avançada, utilizando-se os termos “idosos” e “aventura”. Como critério de inclusão da pesquisa foram selecionados apenas artigos na íntegra, teses e dissertações nacionais. Os resultados indicaram um total de 103 trabalhos sobre a temática, sendo 19 artigos e 84 teses/dissertações. Desse total , apenas 11 trabalhos eram relacionados com o tema atividades de aventura, porém não relacionados com a temática do idoso. Os 92 trabalhos restantes não demonstravam qualquer relação com as temáticas pretendidas, apesar de conterem, de alguma forma, pelo menos uma das duas palavras de busca, em seus conteúdos. Com base nos resultados pode-se perceber que não há publicações referentes à interface idosos e atividades de aventura nesse Portal. Sugerem-se novos olhares para a elaboração de pesquisas contemplando ambas as temáticas, uma vez que este assunto, na literatura acadêmica pesquisada, parece ser inédito, buscando o aprofundamento de informações acerca da especificidade das atividades de aventura, bem como, a associação dos diferentes tipos de atividades de aventura que podem ser praticados por idosos. 58 POSSIBILIDADES DA PRÁTICA DE ESCALADA INDOOR POR DEFICIENTES VISUAIS DE MONTES CLAROS - MG Jarbas Pereira Santos¹, Dimitri Wuo Pereira² ¹Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, São Paulo, Brasil, ²Universidade Nove de Julho, Jundiaí, São Paulo, Brasil jarbas.edfisica@gmail.com A prática de esportes e atividades de aventura já foi limitada a poucos grupos ou indivíduos, devido a diversos aspectos inerentes e limitantes à participação, como sociais, financeiros, culturais, físicos, entre outros. O estudo foi uma pesquisa de campo de caráter descritivo do tipo direto, com o objetivo de avaliar dentro dos esportes e atividades de aventura a possibilidade da prática de escalada indoor (escalada esportiva em ambientes fechados) por indivíduos com deficiência visual do município de Montes Claros – MG. A retirada desses indivíduos da inércia que a sociedade os coloca, foi o combustível para realizar esse trabalho, uma vez que procurou-se provar que a prática de esportes e atividades de aventura pode ser adaptada, no intuito de tornar esses indivíduos mais ativos e participantes na sociedade, além de proporcioná-los a possibilidade de busca por uma melhor qualidade de vida, convívio social, e exercício do seu direito de cidadão através da prática esportiva. A amostra constituiu de indivíduos com cegueira total de ambos os gêneros. A escolha do tema se deu devido a pouca participação de indivíduos com necessidades especiais nos esportes e atividades de aventura, em especial, indivíduos com deficiência visual na prática de escalada indoor. Procurou-se provar que a prática de esportes e atividades de aventura pode tornar os indivíduos com deficiência mais ativos e participantes, proporcionando melhor qualidade de vida, convívio social, e exercício do seu direito de cidadão através da prática esportiva. Todos os equipamentos de segurança, tanto individuais como coletivos seguem padrões da ABNT e normas internacionais de segurança. O sistema utilizado foi o Top Rope, aonde a corda vem de cima, numa ponta encorda-se o escalador e, na outra, o segurança coloca a corda no dispositivo de segurança, não existindo preocupação de passar a corda em costuras ou outros equipamentos para sua segurança. Quanto às vias, optamos por trabalhar com vias de 4º grau (graduação brasileira) em específico 4A consideradas uma via fácil para quem nunca escalou. Acerca dos resultados, obtivemos sucesso junto a todos os participantes. Verificamos que mesmo percebendo a individualidade de cada um, os indivíduos da pesquisa tomaram conhecimento da atividade, buscaram se adaptar e superaram o desafio. Pretendeu-se mostrar ao meio acadêmico e a sociedade que indivíduos com necessidades especiais podem praticar atividades de aventura, assim como qualquer outro individuo, ressaltando que modificações e adaptações devem acontecer nessas modalidades, sempre com acompanhamento de uma qualificada orientação do profissional da área. Concluímos que é possível proporcionar e implantar a prática de escalada indoor para deficientes visuais do município de Montes Claros - MG, onde o trabalho alcançou os objetivos propostos. Toda via, o processo ensino- aprendizagem pode se diferenciar quanto a adaptações no espaço físico e de recursos materiais, à utilização de mecanismos de informações e modificações nas regras. Palavras-chave: Escalada indoor. Deficientes visuais. Esportes e atividades de aventura. 59 INSERÇÃO DO SLACKLINE ATRAVÉS DO PLANO DE AÇÃO E PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE MARINGÁ Prof. Esp. Elizandro Ricardo Cássaro Dr. Giuliano Gomes de Assis Pimentel GEL- Grupo de Estudo do Lazer da UEM-Universidade Estadual de Maringá elizandrorc@hotmail.com Ao abordar a disciplina de Educação Física e a escola como sendo o local apropriado de ensino-aprendizagem das atividades de aventura (PIMENTEL, 2010) é uma tarefa árdua, pois as barreiras pedagógicas deste conteúdo no contexto escolar são visíveis no meio da educação. Segundo Domingues; Rosso e Taffarel (2001) apontam a necessidade de construção de uma tendência político-pedagógica no Brasil que incentive a formação de professores Educação Física e áreas afins, na perspectiva da reflexão sobre cultura corporal e esportiva associada à preservação ambiental, pois essas autoras indicam ainda a necessidade de abertura dos currículos escolares de criançase jovens a projetos e experiências sociais com o meio ambiente. Segundo Palma et al. (2010, p.15) “Nesse sentido, a Educação Física na escola tem-se deparado com a necessidade de uma readequação de seu papel, devido às mudanças profundas e extensa na forma do homem produzir e organizar a sua prática social”. Mais adiante Oliveira (2009, p.26) salienta que “A atuação nos conselhos pedagógicos, grupos de estudos e ações administrativas da escola, hoje, é obrigatória ao docente que quer ver suas propostas implementadas e com possibilidades de serem efetivadas.”, ou seja, uma grande ferramenta para o professor de Educação Física, que compreende que suas propostas pedagógicas sejam incluídas na construção do projeto político pedagógico da escola. Compreendemos que as mudanças na área da educação são lentas, pois são muitas as resistências e barreiras enfrentadas pelos que se atrevem às mudanças, e essas forças contrárias são preponderantes na esfera escolar. Os professores, educadores que estão na escola sabem muito bem, que as inúmeras recusas em suas especificidades e que estas normalmente, se enfatizam em ordem pessoal, por falta de conhecimento científico, ou pela própria ignorância que está relacionada à falta de experiência. Assim, com nova abertura e as condições de liberdade curricular encontradas nas propostas pedagógicas atribuída nas escolas através da LDBEN n° 9.394/96, proporcionam inúmeras condições via escolar a optarem por trabalhos, projetos, e estudos que possam se diferenciar dos significados encontrados em suas propostas pedagógicas atuais. Para isso, a escola e a disciplina que integra o processo educacional em sua matriz curricular escolar, necessita se justificar conceitualmente nas linhas pedagógicas traçadas pelas escolas e seus conselhos, pois o processo histórico das áreas e profissionais influenciam sobremaneira nesta reestruturação e construção dessas propostas pedagógicas. Assim, o professor de Educação Física tem uma única via de ação, de fundamentar substancialmente sua proposta de intervenção e inovar suas ações didático- pedagógicas. Palavra-Chave: Slackline. Plano de Ação. Projeto Político Pedagógico. 60 CAMPO ESCOLA AMARELOS: PRIMEIRO SETOR DE ESCALADA ESPORTIVA NA CIDADE DE GUARAPARI-ES Luiz Gustavo Souto Soares¹ , Antonia Figueira Van de Koken¹, Leonardo Madeira Pereira² ¹Mestrado em Entomologia – UFV ²Doutor em Ciências da Motricidade - CESMAC leomadeiramg@gmail.com O Estado do Espírito Santo (ES) é conhecido no Brasil por apresentar grande quantidade de vias tradicionais de escalada devido a sua favorável geomorfologia. Além da escalada tradicional, a escalada esportiva também vem crescendo de forma exponencial na última década. A escalada esportiva no ES iniciou-se na década de 90 e hoje já existem mais de 240 vias catalogadas. Apesar de um número considerável de vias, até o ano de 2013 não existia nenhuma via esportiva na cidade de Guarapari, um dos principais pontos turísticos do Estado. Com o intuito de desenvolver um local na cidade de Guarapari, foram feitas algumas expedições nas zonas rurais que apresentavam rochas com potenciais para abertura de vias fáceis e difíceis. Foi encontrado um local no bairro Amarelos, zona rural, que fica aproximadamente à 19 quilômetros do centro da cidade. O primeiro acesso as vias foi feito por trás da rocha, onde a inclinação é gradual e é possível alcançar próximo ao cume. Uma vez próximo ao cume, foi possível montar um rapel para descer e fixar as proteções, o que facilitou a abertura da primeira via. O setor de Amarelos fica dentro de uma propriedade particular. Possui 12 vias com graduações de que varia do 4º a 7º. O objetivo do trabalho foi divulgar a escalada esportiva na cidade de Guarapari através de aberturas de vias de diferentes graduações concentradas em um mesmo local. Dessa forma foi criado um blog informando a existência do local, contendo o histórico de abertura das vias e apresentando todas as informações das vias existentes e como seria o acesso ao local pela comunidade de escaladores do ES. O endereço eletrônico desse blog foi enviado para escaladores, academias e associações de forma intencional. As informações foram colhidas nos dois primeiros finais de semana após a divulgação do blog. Por meio de perguntas às pessoas que estavam conhecendo o local, questionou-se sobre qual via escalaram primeiro e se a graduação estava coerente com as informações divulgadas. Pode-se constatar que as três vias que tiveram maior ascensão nesses dias foram as de 4º e 5º - “Maguila” (4ºsup), “Orelha de Elfo” (4º) e “MacGyver” (5sup). Além disso, os escaladores tiveram resultados satisfatórios nestas vias, conseguindo alcançar o final das mesmas e concordaram com a graduação apresentada no blog. O local ainda possui potencial para abertura de aproximadamente mais 20 vias, e a finalidade é de se obter mais vias de graduações baixas, para incentivar novos adeptos ao esporte, visto que vias fáceis concentradas no mesmo local incentivam ainda mais a prática da escalada. Para maior divulgação do local e da escalada os frequentadores sugeriram que seja elaborado um grupo no Facebook. Pode-se observar que a visitação ao local aumentou após a divulgação das informações no blog, incentivando assim à prática do esporte em Guarapari. Além do incentivo à escalada, a abertura de novos locais de prática também pode impulsionar o turismo local e a prática de educação ambiental, por meio do contato direto com a natureza. Palavras-Chave: Lazer. Montanhismo. Escalada. Turismo. 61 INDIVÍDUOS FISICAMENTE ATIVOS DESEJAM PRATICAR ESPORTES DE AVENTURA MAS DESCONHECEM SEUS BENEFÍCIOS PARA SAÚDE Rafael Tuler Ramalho¹, Iula Lamounier Lucca², Leonardo Madeira Pereira ³ ¹Bacharel em Educação Física – UnilesteMG; ²Mestre em Ciências do Esporte – UFMG ³Doutor em Ciências da Motricidade – CESMAC terragigantes@hotmail.com Atualmente a adoção de hábitos saudáveis para combater os agravos do estilo de vida urbano tornou-se necessária. Neste contexto tem ocorrido um aumento na procura por esportes na natureza, que apresentam um caráter de risco e aventura. Apesar do risco ser inerente aos esportes de aventura (EA), as diversas modalidades também apresentam benefícios aos praticantes. A escalada esportiva (EE) é normalmente realizada em rochas com média de 30 m de altura onde predomina o grau de dificuldade das ascensões, envolvendo também o boulder onde as ascensões têm aproximadamente 4 m, com maior exigência de técnica e tática. A escalada esportiva indoor (EEI) possui características semelhantes à EE e ao boulder, porém é realizada em ambientes fechados e controlados, assim pode ser realizado diferentes movimentos em rotas de diferentes níveis de dificuldade e ainda contribuir para melhoria física e emocional, seja do atleta, ou do praticante recreacional. Desta forma, este estudo teve como objetivo investigar o conhecimento e interesse de pessoas que frequentam uma academia por EA em geral e de forma mais específica pela EEI. 90 voluntários, idade 29,25 ± 9,7 anos; sexo masculino 60 % (n=54) e feminino 40 % (n=36). Frequentadores de três academias da região do Vale do Aço/MG assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e responderam a um questionário contendo as seguintes questões: Você já praticou algum EA? Conhece alguém que pratique EA? Você conhece EE? Você já praticou EE? Você conhece EEI? Você conhece os benefícios da EEI para saúde e treinamento? Você tem interesse em praticar EA? Você tem interesse em praticar EE? Você gostaria de praticar EEI? Você está disposto a pagar pela prática de EEI? Pode se considerar que os participantes nunca praticaram EA 71 %; não conheciam quem praticasse 51 %; conheciam EE 87 %, embora 85 % nunca tivessem praticado EE. Apenas conheciam EEI 53 % e somente 30 % conheciam algum benefício da EEI para saúde e/ou treinamento do praticante. Além disso, a maioria 69 % afirmouquerer praticar EA, mas um percentual menor demonstrou interesse pelas modalidades de escalada, sendo que 53 % desejavam praticar EE e 59 % desejavam praticar EEI, contudo somente 47 % dos participantes do estudo estavam dispostos a pagar pelo treinamento de EEI. Indivíduos fisicamente ativos demonstram interesse em praticar EE, especialmente na modalidade indoor e um interesse ainda maior por EA, contudo o conhecimento sobre os benefícios da EEI para saúde e treinamento ainda é baixo, o que torna importante maior divulgação e esclarecimento à sociedade em geral sobre os mesmos. Neste trabalho pode se considerar que os efeitos do treinamento de escalada para saúde são físicos e psíquicos. Os efeitos físicos podem ser representados por melhora na força, flexibilidade e equilíbrio por exemplo. Os efeitos psíquicos podem estar relacionado com a motivação, controle da ansiedade, do estresse, e resiliência que a prática da escalada promove. A prática do treinamento de escalada nas academias representa um novo campo de atuação do profissional de Educação Física no mercado de trabalho. Palavras-Chave: Lazer. Montanhismo. Escalada. 62 SKATE NO SUDOESTE DA BAHIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DOS OBJETIVOS, PERFIL E CARACTERÍSTICAS ASSOCIATIVAS DOS SKATISTAS Walter Junior¹, Leonardo Madeira Pereira² ¹Graduando em Educação Física – FTC, ²Doutor em Ciências da Motricidade – CESMAC leomadeiramg@gmail.com O esporte skate pode ser identificado como um componente da cultura corporal do movimento inserido no contexto da Educação Física contemporânea. O numero de skatistas cresce consideravelmente por todo o Brasil, inclusive no nordeste, e isto motiva o desenvolvimento de novas pesquisas com este população. A Bahia possui poucas associações e pistas publicas disponíveis para prática do skate quando comparado com outros estados da região sudeste e sul. Este trabalhou busca elucidar os objetivos dos praticantes, o perfil geral dos skatistas e suas características para se organizarem enquanto associação. A pesquisa exploratória utilizou um formulário eletrônico contendo perguntas de múltipla escolha e questão dissertativa. A amostra foi estabelecida por conveniência sendo os participantes aqueles que estavam inseridos no grupo de skate criado no Facebook com o propósito de divulgar campeonatos e novos lugares para se andar de skate na Bahia. Todos interessados foram convidados a participar voluntariamente e a qualquer momento poderiam solicitar a retirada do seu nome da pesquisa sem nenhum ônus. Os resultados são apresentados em frequencia absoluta e refletem a participação de 22 skatistas com média de idade 17,7 ± 4,7 anos, de várias cidades do interior da Bahia (Vitória da Conquista 14; Poções 3; Porto Seguro 2; Trancoso 1; e Murucri 1); praticante do esporte há mais de 3 anos. A maioria (18) acredita que começou a andar de skate por influência dos amigos e da família. A minoria (4) acredita que a mídia possa ter influenciado na decisão de andar ou não andar de skate. A maioria prefere praticar o skate por diversão 16, sendo que a minoria prefere praticar por esporte 2, saúde 2 e como profissão 1. A maioria dos skatistas andam com o pé direito na frente 16 e a minoria anda com o pé esquerdo na frente 6. A maioria consegue executar manobras de base trocada 18 e a minoria não consegue 4. Todos acreditam que a organização de uma associação de skatistas pode ser o caminho para implantação de políticas publicas e a construção de novos espaços. A respeito das características associativas dos skatistas, a falta de interesse liderança 7, a falta de interesse 5, falta de compromisso 5 e a falta de tempo 5 dos skatistas pode comprometer a criação de uma associação esportiva atuante que reinvidique políticas e melhorias para o esporte. Pode-se considerar com essa pesquisa que os skatistas baianos andam de skate por diversão. A maioria anda com o pé direito na frente, sabe mandar manobras de base trocada, começaram a andar de skate por influencia dos amigos. Todos acreditam que uma associação de skatista pode ajudar a melhor o cenário do esporte no estado, entretanto alguns problemas podem comprometer o nível de atuação dessa associação. Recomenda-se o desenvolvimento de novos estudos no estado na Bahia e a criação de mais associações e políticas de expansão do esporte skate no estado. Palavras-Chave: Lazer. Esportes radicais. Skate. 63 ATIVIDADE DE AVENTURA: ALGUMAS REFLEXÕES Rayra Possatto Guadio Barbosa1, Lívia Quirino Melo Medeiros2, Salvador Inácio da Silva3 1Graduanda, Universidade Vila Velha – ES, 2Graduada, Universidade Vila Velha – ES, 3Professor Ms. Universidade Vila Velha salvador@uvv.br É notável o crescimento das atividades de aventura no cenário brasileiro, seja no âmbito do lazer, esportivo ou turístico. Embora a demanda mercadológica esteja cada vez mais crescente, a profissionalização desta área não tem acompanhando tal intento. Nesse contexto, surgem as disciplinas voltadas à aventura em alguns cursos de graduações, como Turismo e Educação Física. O curso de Educação Física da Universidade Vila Velha – UVV; via a disciplina de Teoria e Prática do Lazer II, oportuniza aos acadêmicos, diferentes vivências de lazer de aventura. O aquatrekking é uma das atividades organizadas e realizadas pelo professor responsável da disciplina citada anteriormente. Descrevendo-a, a mesma acontece num córrego com obstáculos naturais disponibilizados ao longo de uma caminhada. Como desafio, o trilheiro encontra no decorrer da trilha, pedras, troncos de árvores, galhos, diferentes volumes de água e pequenos animais. A direção da atividade pode ser a favor ou contra a correnteza do córrego. Para compor o cenário, buscamos durante o percurso as quedas d’água, formando pequenas cascatas ou até mesmo cachoeiras, inclusive os remansos, espaços mais extensos dos córregos de baixa profundidade, com volume de água grande e lento. Nas margens dos rios e dos córregos, procuram-se árvores altas e trilhas de fuga; espaços de recuos destinados aos resgates para caso de acidentes ou incidentes. No geral é um espaço propício a uma atividade de aventura, um cenário bucólico, contemplativo e diferenciado do cotidiano, representante das incertezas e das imprevisibilidades. Mapeado anteriormente à realização da atividade propriamente dita, a trilha é estudada e analisada pelo GELEA (Grupo de Estudo Lazer, Ecologia e Aventura), que é responsável por verificar a sua viabilidade para a boa prática de aventura com riscos controlados e de baixo impacto à natureza. Atualmente são duas trilhas mapeadas. Uma no município de Guarapari, num lugarejo chamado de Pernambuco, próximo a Buenos Aires, há 60 km da instituição universitária. E a outra no município de Alfredo Chaves, no lugarejo chamado de Carolina, próximo a Matilde, à 140 km da instituição universitária. Ambas com 4 km de trilha e uma média de três horas de atividade. Para maior segurança, os grupos são formados por dez trilheiros, um guia e três apoios; totalizando quatorze pessoas. Durante o percurso são realizadas atividades de percepção ambiental, buscando trabalhar no trilheiro um olhar mais atento ao espaço novo, despertando neste indivíduo, os sentidos necessários para a sua relação com ele, com a natureza e com os outros participantes. Incluímos também nesse contexto, momentos de hidratação, alimentação, contemplação e reflexão sobre diversos temas. Geralmente são temas; como: impacto ambiental, o homem e a natureza, o êxodo urbano, o escapismo, os riscos, as emoções contraditórias e formação profissional. O objetivo deste texto foi apresentar a atividade de aventura AQUATREKKING e como a mesma é organizada a luz da disciplina de Teoria e Prática do lazer II quando pensamos em auxiliar na formação acadêmica do profissional de educação física visando a preparação para as novas demandas do mercado. Para isso utilizamos os procedimentos descritivos e exploratórios;dialogando com alunos e professores. 64 TEORIA E PRÁTICA DO LAZER DE AVENTURA: VIVÊNCIAS E REFLEXÕES Professor Salvador Inácio da Silva1, Acadêmica Rayra Possato Gaudio Barbosa2 1Professor Ms. Universidade Vila Velha, 2Graduanda, Universidade Vila Velha – ES O curso de Educação Física da Universidade Vila Velha – UVV tem em sua grade curricular a disciplina de teoria e prática do lazer II, dentre seus conteúdos teóricos e práticos voltados para o lazer de aventura, a vivência tem o seu destaque auxiliador no processo ensino- aprendizagem. Entre as atividades vivenciadas pelos acadêmicos desta disciplina, temos: trilha, rafting, rapel, escalada, canoagem, parapente, surfe e bodyboard. Como atividade principal, a trilha vem se destacando como opção de lazer de aventura mais democrática aos alunos. Inicialmente, trilha é a atividade de aventura de menor custo do mercado e de maior acessibilidade. Com criatividade, planejamento e segurança o organizador pode chegar a propor uma boa atividade para aqueles que buscam o lazer de aventura. Da parte teórica, são artigos relacionados aos principais conteúdos que cortam a temática do lazer de aventura. Entre os conteúdos expostos temos: conceitos, classificações, riscos, segurança, percepção ambiental, impacto ambiental, sensações e emoções. Leitura dirigida, exercícios, seminários, vídeos, debates e reflexões fazem parte do procedimento metodológico desta disciplina. No primeiro momento trabalha-se a ideia conceitual da atividade de aventura, passando pelo menos por três âmbitos diferentes que se completam: esporte de aventura, turismo de aventura e o lazer de aventura. No segundo momento apresentam-se os artigos e iniciam-se a leitura dirigida e interpretativa; com exercícios de perguntas e respostas. No terceiro momento elabora-se um projeto e coloca-se em prática. Surgem então as trilhas aproveitando o espaço próximo da universidade; como: ruas, praias e morros. O Morro do Moreno, localizado a seis quilômetros da instituição permite a vivência das trilhas, passando pelos níveis iniciais e intermediários. São mais de oito trilhas com graus de exigência física e psicológica diferentes. Apresenta-se neste momento não somente o espaço, mas o retorno aos conteúdos trabalhados nos artigos. Seleciona-se a trilha a partir dos conteúdos já trabalhados em sala de aula. O Morro do Moreno passa-se chamar sala ambiente para estudos e vivências de atividades de aventura. No quarto momento, trabalha-se com os conteúdos que ficaram registrados entre a teoria e a prática. Agora com ênfase na proposta criadora e artística passa-se a trabalhar na construção de vídeos; tipo: clip e documentário. Que junto com os seminários, os alunos apresentam as suas ideias debatendo e refletindo sobre questões que reaparecem na sala de aula. Neste momento que percebe-se a apropriação dos conteúdos pelos alunos; então a relação teoria e prática se afinam. O objetivo deste texto foi apresentar a disciplina de teoria e prática do lazer II, seus mecanismos didáticos e seus resultados. Para isso utilizou-se os procedimentos descritivo e exploratório; dialogando com alunos e professor. 65 EMPRESA ACADÊMICA NEW ADVENTURE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Camila Assunção Melo1, Glaydson Hubiner Machado1, Marcos Vinícius Costa Baldi1, Michely Vieira Andreatta1, Vitor Marqueti Arpini1, Salvador Inácio da Silva2 1Graduando, Universidade Vila Velha – ES, 2Prof. Mestre, Universidade Vila Velha mascosbaudio@hotmail.com Na disciplina de estágio profissional I do curso de educação física, esporte e lazer da Universidade Vila Velha - UVV foi organizada a empresa acadêmica New Adventure com seis integrantes. Buscou incialmente planejar e estruturar um evento na área do lazer de aventura. Para que o mesmo ocorresse de forma segura e eficaz, desta mesma maneira foi divido as tarefas em partes onde cada integrante da empresa ficou responsável por um dos setores: administrativo e técnico. O planejamento ocorreu primeiramente em decidir a função dos integrantes, organizar a documentação, como assinatura dos responsáveis, mapeamento de segurança e risco do local do evento. A empresa acadêmica teve uma preocupação em estar próximo da escola, criando um vinculo de relacionamento pessoal, conhecendo assim o corpo docente, os alunos com o qual iria participar do evento. A aproximação com a escola foi de extrema importância para o sucesso do evento, pois facilitou pela confiança transmitida a escola que nos deu todo o apoio e por já ter tido um contato os alunos. A New Adventure realizou uma trilha no Morro do Moreno, em Vila Velha com alunos dos 5º e 9º da UMEF Marina Barcelos. Foi uma trilha começando na base do morro, seguindo para trilha 33 dando sequencia onde os alunos realizaram uma pequena escalada para chegar até a testa da macaca, onde ficaram contemplando a terceira ponte e o convento da penha que são cartões postais de Vila Velha. Relato do aluno um, na segunda atividade, declarou: “eu gostei da atividade e senti adrenalina e medo na parte da mini escalada tanto na subida quanto na decida, mas o medo não me impediu de realizar a atividade.” Relato do aluno dois, na segunda atividade declarou: “a primeira vez que venho aqui, achei legal eu também gosto de ver os animais, senti medo em algumas partes da trilha principalmente em locais de mata mais fechada, não fiquei com medo de altura, achei a vista lá em cima muito linda.” Relato da professora de educação física da escola: “eu nunca tive a oportunidade de conhecer o morro do moreno achei muito importante eles terem essa vivência ter todo esse conhecimento da natureza, agradeço o trabalho de vocês porque realmente é muito difícil só os professores trazendo, e obrigada.” Concluímos que a atividade foi de suma importância tanto para escola UMEF Marina Barcelos e quanto para a empresa acadêmica, e essa vivencia prática consolidaram o que aprendemos em sala de aula, colocando a teoria em prática. 66 ATIVIDADE DE AVENTURA: ENTENDENDO SEUS SIGNIFICADOS Priscilla Cristina Andrade1, Salvador Inácio da Silva2 1Graduanda, Universidade Vila Velha – ES, 2Professor Ms. Universidade Vila Velha salvador@uvv.br No âmbito da aventura, diversas formas de apropriação dos significados vêm permeando as diferentes possibilidades de olhar e entender este fenômeno pós-moderno. Assim questionamos: Como os acadêmicos do curso de educação física – UVV entendem a atividade de aventura? O objetivo deste trabalho é identificar o significado do termo atividade de aventura dos graduandos do curso educação física – UVV. O mesmo foi desenvolvido a partir de um questionário simplificado entregue aos acadêmicos dos diversos períodos do curso já citados. As atividades de aventura vêm se estruturando cada vez mais, seja no âmbito do lazer, do turismo ou mesmo da educação. O numero de adeptos dessas atividades crescem significativamente e já é possível perceber não somente nas revistas especializadas da área, mas frequentemente nas mídias populares; além de cursos, palestras e congressos afins no espaço acadêmico e técnico. No curso de educação física, esporte e lazer os alunos dos períodos iniciais mostraram que entendem o termo de atividade de aventura como um conjunto de exercícios ou atividades esportivas com alto grau de exigência física associados com o espaço natural. Quanto aos alunos dos períodos intermediários, esses mostraram que entendem o termo atividade de aventura como uma possibilidade do sujeito vivenciar a relação homem-natureza, seja como uma atividade de lazer, esportiva ou mesmo de turismo. E os alunos dos períodos finais mostraram que entendem o termo de atividade de aventura como um momento de lazer quando o sujeito procura se distrair de forma mais radical. Observando os três modelos de entendimentos sobre atividade de aventura, identificamos o seguinte: os períodos iniciais entendem atividade de aventura de acordo com o senso-comum; osperíodos intermediários com a influência das disciplinas de lazer entendem atividade de aventura num olhar mais acadêmico, mesmo que limitado ainda; e, os períodos finais entendem o termo atividade de aventura como momento de lazer. Consideramos a necessidade de um aprofundamento maior nos estudos para verificar como os alunos dos períodos finais se apropriam desses conteúdos; inclusive os egressos. 67 ATIVIDADES DE AVENTURA NA ESCOLA: ANÁLISE NOS ANAIS DOS SETE CBAA Luciene Pondé Leite1, Anderson Airam1, Murilo Eduardo dos Santos Nazário2 1Graduanda em Educação Física UVV, 2Professor Adjunto Educação Física UVV andersonairam@hotmail.com No âmbito escolar a Educação Física tem passado por diferentes discussões sobre o que se ensina e o que pode ser ensinado pelos professores para o desenvolvimento integral da criança a partir da vivência com a cultura corporal de movimento. Desse modo quando se pensa o esporte de aventura como um conteúdo a ser ensinado durante as aulas de Educação Física em escolas, percebe-se um vasto campo de possibilidades. Sendo assim, foi realizada uma pesquisa verificando a frequência de trabalhos apresentados ao longo dos setes Congressos Brasileiros de Atividades de Aventura, com objetivo de verificar o que foi tratado dessa temática no contexto escolar, e quem eram os autores mais frequentes dentro do congresso. A pesquisa foi realizada a partir de análises, qualitativa e quantitativa, dos anais do CBAA, ou seja, verificou-se do primeiro ao sétimo, onde se buscava titulo a titulo as temáticas relacionadas a atividade de aventura e o meio escolar. No segundo momento, foi realizada a leitura dos resumos para verificar o que era tratado sobre a temática da aventura nas aulas de Educação Física. Averiguou-se que ao longo dos setes CBAAs foram apresentados cinquenta e sete resumos que abordavam a temática da aventura no meio escolar, porém em sua maioria discutiam a atividade de aventura de modo geral e não uma prática em específico. Do mesmo modo, também verificou-se que há uma prevalência entre os autores que pesquisam a atividade de aventura nas aulas de Educação Física, ao longo dos sete CBAAs. Outro dado significativo está no fato de que poucos trabalhos foram desenvolvidos em escolas. Sendo assim, conclui-se que são discretas os estudos desenvolvidos e apresentados no CBAA que referem-se a atividade de aventura na escola quando comparadas a outros propostas de investigação cientifica relacionadas a prática da atividade de aventura. Contudo, esses trabalhos demostram que é possível trabalhar as atividades de aventura no espaço escolar. mailto:andersonairam@hotmail.com 68 TURISMO DE AVENTURA NA CIDADE DE ITACARÉ – BA: PROFISSIONAIS E SUAS FORMAÇÕES Viviane Carolino1, Salvador Inácio da Silva 1Graduanda, Universidade Vila Velha – ES, 2Professor Ms. Universidade Vila Velha carolinoviviane@hotmail.com Cursos de graduação como Turismo e Educação Física têm implantado em suas grades curriculares conteúdos referentes às atividades de aventura. Esta temática vem galgando um espaço de maior visibilidade em eventos científicos das áreas, como o Congresso Brasileiro de Atividade de Aventura (CBAA). Inclusive em periódicos especializados pode-se perceber o crescente numero de publicações abordando o tema. Num passeio turístico na cidade de Itararé / Bahia; algumas questões me chamaram a atenção. Acadêmica do curso de educação física – UVV e integrante do grupo de estudo lazer, ecologia e aventura; vinculado ao Núcleo de Recreação e Lazer me interessei por saber: Quais os profissionais que atuam na área de atividade de aventura na cidade de Itacaré / Bahia? E qual a formação que os mesmos têm para tal intervenção? A nossa ideia com este trabalho é identificar os profissionais que atuam nas empresas prestadoras de serviço na área do lazer e aventura em Itararé BA, assim como verificar a formação dos mesmos. Este trabalho tem como relevância a reflexão sobre o mercado de trabalho como possibilidade de atuação de acadêmicos aspirantes a este cenário profissional. Como proposta metodológica; utilizaremos o método descritivo e exploratório. Itacaré fica localizada a 60 km de Ilhéus/ Bahia, abriga uma variedade de belezas naturais; praias maravilhosas, cachoeiras cercadas pela Mata Atlântica, rios, manguezais e as melhores ondas da região. Empresas de turismo de aventura e várias opções de atividades culturais do gênero vêm crescendo em lugares como este citado. A região de Itararé possui três agências operadoras e sete agências receptivas. Os dados coletados mostram que o trekking, o rafting, o arvorismo e os passeios de off road são atividades mais oferecidas pelas agências, enquanto o rafting e o arvorismo são aquelas mais procuradas pelos clientes. Em relação à capacitação dos proprietários, bem como dos guias e monitores que auxiliam nas atividades, apenas as agências operadoras se preocupam. Mas, em geral a periodicidade de participação em cursos e palestras é baixa. Alguns gestores têm formação em biologia, administração de empresas, engenharia ambiental e direito. Quanto aos funcionários, nenhum deles possui formação superior. Mesmo com crescimento significativo do número de empresas de turismo e pela procura das atividades de aventura não há a presença de nenhum profissional da área de educação física e nem tão pouco da área de turismo. Não somente esses dois profissionais, mas uma equipe multiprofissional deve prestar um serviço de qualidade. Amparados na orientação de profissionais qualificados e habilitados para trabalhar com atividade de aventura poderíamos ter uma maior longevidade com essas intervenções e proporcionar maior a segurança a sociedade. Mas, para isso é necessário entender a seriedade deste tipo de serviço. Seja ele como turismo ou como esporte. A atividade de aventura é uma prática de riscos. 69 COMUNICAÇÕES ORAIS ATIVIDADES DE AVENTURA NA NATUREZA E O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE BELÉM-PA: possibilidades e desafios Ramon Luiz Cardoso de Souza1, Vera Solange Pires Gomes de Sousa2 1Professor Rede Municipal Marituba Pará/ UEPA, 2Professora do CEDF/UEPA ramoncardoso_17@hotmail.com Resumo A procura por Atividades de Aventura na Natureza vem crescendo cada vez, e vem sendo embaladas pelos discursos capitalistas que se apropriaram das mesmas para torná-las lazer mercado e as descaracterizando enquanto práticas historicamente construída e culturalmente desenvolvidas. Dentro da Educação Física escolar essas atividades permitem várias possibilidades na reflexão pedagógica, apresentando como aliados a ludicidade e a motivação. Este estudo tem por objetivo identificar e analisar as possibilidades, assim como os desafios das Atividades de Aventura na Natureza no ensino da Educação Física em Escolas Públicas de Belém- PA. Constitui-se como uma pesquisa de campo, que utilizou entrevistas semi- estruturadas com cinco professores de Educação Física da rede pública de ensino da cidade e uma observação para um relato de experiência, dados analisados qualitativamente. Podemos perceber neste estudo que os desafios são muitos em relação a essas atividades na Educação Física escolar principalmente nas escolas públicas, como a formação de professores que não vem dando subsídios para essas novas possibilidades de ensino, assim como também a falta de espaços e equipamentos adequados. Diante de muitos desafios impostos em uma sociedade capitalista, o professor pode ser a maior das possibilidades. Palavras- chave: Educação Física. Cultura Corporal. Atividades de Aventura na Natureza. Escola Pública. INTRODUÇÃO Vivemos um momento de grandes implicações na vida urbana. O estilo criado por uma sociedade tipicamente capitalista acaba por emergir agravantes nas relações do homem com o seu ambiente, os grandes centros urbanos exigem um estilo de vida pautados em elementos como o estresse que é justificado pelos grandesfluxos de trânsito, da violência, da poluição e da falta de espaços públicos de lazer e maior contato com o natural. Tais elementos impregnados na vida urbana vêm justificando a prática de atividades de lazer que tenham como cenário a natureza, nesse sentido presenciamos ao longo da história, principalmente com o sistema capitalista, uma sistematização de que aqui chamaremos de Atividades de Aventura na Natureza. São atividades que possuem uma “incerteza calculada” e muitas vezes apresentam riscos e perigos previstos dentro do possível, que podem ser praticadas em terra, água e ar (ARMBRUST; PEREIRA, 2010) A procura por essas atividades vem crescendo cada vez mais, e vem sendo embaladas pelos discursos capitalistas que se apropriaram das mesmas para torná-las lazer mercado e as descaracterizando enquanto práticas historicamente construída e culturalmente desenvolvidas. Na perspectiva do capitalismo, essas atividades não vêm sendo acessadas pela população em geral. Nesse sentido, levando em consideração os aspectos históricos, sociais e 70 econômicos de nossa sociedade, este estudo objetivou identificar e analisar as possibilidades, assim como os desafios das Atividades de Aventura na Natureza no ensino da Educação Física em Escolas Públicas de Belém, a fim de possibilitar aulas inovadoras e criativas no ensino da E.F. Tais atividades podem estar presentes no ensino da Educação Física escolar na perspectiva do ensino para e pelo lazer, se constituindo enquanto atividades educativas, permitindo aos alunos a compreensão e a tomada de consciência na escolha do seu lazer no seu tempo livre. No entanto, muitos fatores se apresentam como limitantes, e que até corroboram para a negação dessas atividades no contexto escolar, principalmente na Escola Pública, e que nesse estudo também serão discutidos na possibilidade de reflexão pedagógica no ensino da Educação Física escolar. Diante da problemática, perguntou-se: Quais as possibilidades e os desafios da prática de Atividades de Aventura na Natureza no ensino da Educação Física na realidade das Escolas Públicas de Belém do Pará? 1. METODOLOGIA DA PESQUISA O presente estudo se caracterizou pela análise das possibilidades e dos desafios da prática de Atividades de Aventura na Natureza no ensino da Educação Física nas Escolas Públicas de Belém do Pará. A referida pesquisa quanto aos seus objetivos se define como explicativa, pois “além de registrar e analisar os fenômenos estudados, busca identificar suas causas, [...] seja através da interpretação possibilitada pelos métodos qualitativos.” (SEVERINO, 2009, p.123). Este estudo se configura em uma pesquisa de campo enquanto sua natureza em relação às fontes de dados, que se deu através de entrevistas e observação. Segundo Severino (2007, p.122) na Pesquisa de campo, “o objeto/ fonte é abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta dos dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados, sem intervenções e manuseio por parte do pesquisador”. Em nossa pesquisa de campo foram entrevistados cinco professores de Educação Física da rede de ensino público de Belém, formados entre 1999 e 2012 e uma observação durante uma visita de alunos de escola pública ao Parque Estadual do Utinga, instrumentos necessários para se compreender as relações que são mantidas enquanto possibilidades e desafios da prática de Atividades de Aventura na Natureza nas Escolas Públicas de Belém. A observação é uma técnica de coletas de dados para se conseguir informações, onde lançamos mão dos sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade, não se tratando apenas em ver e ouvir, mas também em analisar fatos ou fenômenos que se pretende estudar (MARCONI; LAKATOS, 2003). Optamos pela observação participante, onde podemos definir como sendo a que o observador fica em relação direta com os informantes do seu estudo, se possível participando do contexto social de tais (MARCONI; LAKATOS, 2003). Em nosso caso, em relação direta com público que visitou o Parque Estadual do Utinga para a prática de Atividades de Aventura na Natureza ofertada pelo próprio Parque. 2 .Atividades de Aventura na Natureza e o ensino da Educação Física escolar: O trato da pedagogia Crítico -superadora na reflexão da cultura corporal. A reflexão da cultura corporal está pautada em “uma pedagogia emergente que busca responder a determinados interesses de classe” (CASTELLANI FILHO, 2009, p.27) que foi denominada de Pedagogia Crítico- superadora, que sistematizou o conhecimento em que trata a Educação Física, denominado de Cultura corporal. Essa perspectiva, busca desenvolver uma reflexão sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, 71 contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas (CASTELLANI FILHO et al, 2009, p.39). As Atividades de Aventura e Lazer na Natureza têm sua criação histórica estabelecido nas relações com o meio ambiente e que veio se desenvolvendo culturalmente através das relações sociais em determinadas épocas. Dentro da perspectiva da cultura corporal esse caráter de historicidade é fundamental, por ser um bem criado historicamente e desenvolvido culturalmente, são também passíveis de serem reinventadas. No trato da cultura corporal, tais atividades são apropriadas pelo homem dispondo de várias intencionalidades como o lúdico, a emoção e etc. no sentido das representações, ideias e conceitos produzidos nas relações sociais (CASTELLANI FILHO, 2009). Para o autor supracitado, o ensino da Educação Física tem sentido lúdico que deve buscar a criatividade humana, no sentido de adotarem uma postura produtiva e criadora de cultura no mundo do trabalho e do lazer. Em tal perspectiva, o ensino da Educação Física também se torna motivador na medida em que se ensina para e pelo lazer, onde “educar pelo lazer significa aproveitar o potencial das atividades para trabalhar, valores, condutas e comportamentos” (MELO; ALVES JÚNIOR, 2003 apud DIAS, 2004, p. 04), possibilitando assim uma oportunidade para aventura, que é inerente à condição humana, fazendo parte da história do surgimento do ser humano e de seu desenvolvimento. Desde o primitivo em deslocamentos humanos até a contemporaneidade com o surgimento da indústria do entretenimento. 3. Os Desafios 3.1. A formação para a “aventura” Dos cinco professores entrevistados, três são formados pela Universidade do estado do Pará, diante de tal situação e da relevância histórica da instituição na formação de dezenas de professores por ano no Estado, e principalmente, em Belém (sendo também a mais antiga na formação em Educação Física no Estado), a tomaremos como referência para discutirmos de forma contextualizada a formação de professores de Educação Física inseridos no contexto escolar. Santos (2006) em seu estudo sobre a concepção de Esporte dos professores das disciplinas esportivas da UEPA veio discutindo e identificando a problemática da formação inicial de professores de Educação Física, onde, apesar das novas concepções do esporte já estarem sendo bastante discutidas e difundidas em meios acadêmicos, a resistência e até mesmo a falta de subsídios para compreensão ainda se mostra muito evidente. Diante de tal cenário, a compreensão de conteúdos e das reais necessidades relacionadas às contradições da lógica capitalista, vem sendo comprometidas no entendimento do sentido e do significado da Educação Física, historicamente e ainda hoje deturpada em um entendimento ligado somente a conteúdos isolados, que ainda assim não vem atendendo a essas necessidades. Assim, não tão somente para o esporte, quanto para o jogo, a ginásticae outros, há uma constância na necessidade de serem reinventados. As instituições formais devem contribuir na concepção dotada de criticidade, na produção do conhecimento que transgrida a lógica capitalista (MÉSZÁROS, p. 44 apud SANTOS, 2006, p. 55). Discutimos o estudo de Santos (2006) que trata especificamente da UEPA, mas acreditamos que a realidade de outras instituições se assemelhem também. Quando perguntado aos professores entrevistados sobre os conteúdos trabalhados em suas aulas em escolas públicas, evidenciamos o que justamente vêm- se discutindo, fica 72 evidente a prioridade dada aos conteúdos esportivos e até mesmo a falta de conhecimento dos conteúdos específicos da Educação Física tematizados na cultura corporal. “Os conhecimentos são vários na nossa área, e tanto vai da parte de socialização, parte de conhecimento é... educacional, parte de integração, recreação e principalmente com a parte da área desportiva. Futsal, vôlei, basquete e outros”. [Professor A] “Eu trabalho vários conteúdos, como vôlei, futebol, handebol e... basquetebol, às vezes passo uma recreação pra eles”. [Professor C] A temática da aventura está sendo desenvolvida e grande difundida na atualidade, se apresentando como o “boom” do momento, e que por isso deve ser submetida cada vez mais a estudos no sentido da sistematização e na produção de conhecimento crítico- reflexivo, e assim podendo ser incluídas nos cursos de Licenciatura em Educação Física. Na formação de todos os professores entrevistados, tais atividades não estão inseridas no trato do conhecimento de uma forma mais sistemática, como em uma disciplina específica, apresentando- se somente em aulas de outras, como as envolvidas em esportes, ginástica e lazer, mesmo assim de uma forma isolada, muitas vezes sem sentido e significado. “Nunca trabalhei essas atividades com meus alunos, até porque não temos o conhecimento... Nossa formação deixa a desejar nesse sentido... às vezes que íamos com alguns professores pra fazer atividades de lazer em áreas assim... naturais, mas era só pra vivenciar mesmo, não aprendíamos muita coisa...”. [Professor D] A formação inicial vem sendo como uma das justificativas para a não inclusão das Atividades de Aventura na Natureza nas aulas de Educação Física em escolas públicas. E realmente, consideramos que a formação seja umas das maiores implicações para tal contexto, haja vista que é ela o principal eixo norteador de nossa intervenção pedagógica. 3.2 Os recursos materiais e humanos Para todos os professores, o maior desafio em lançar mão dessas atividades em suas aulas está na falta de equipamentos e de espaços adequados para tal. A realidade das Escolas Públicas vem sofrendo um processo histórico de sucateamento, e que também vêm justificando a falta de possibilidades dos professores, que se vêm desafiados pela falta de materiais, equipamentos e de espaços adequados para a sua intervenção. Como pode ser notado nas falas abaixo: “É difícil porque as escolas públicas o espaço é muito reduzido, né? E pra gente fazer uma atividade desta, de levar os alunos ao campo pra trabalhar, agente esbarra numas dificuldades muito grandes de transporte e de livre acesso; até mesmo pode se dizer, né ? Dentro da escola é difícil trabalhar, porque a maioria das escolas não tem espaço pra se trabalhar isso, mas na área de Educação Física isso é uma atividade nova que o campo ta tendo, né ?... bastante explorado que eu acho viável, mas na escola é muito complicado”. [Professor B] “Na nossa escola a gente tem um espaço que poderia ser trabalhado, não muito grande, mas as dificuldades maiores são... agente adquirir equipamentos porque pra isso agente vai precisar de muitos recursos área... é uma área de aventura, agente precisa ter todo um esquema, todo um aparato pra gente trabalhar isso...” [Professor E] 73 Um dos professores relata que não possui nenhum tipo de apoio dos setores envolvidos na escola como gestores e pais de alunos, que acaba sendo também uma das problemáticas envolvidas no contexto. O presente professor pertence a uma escola localizada em uma área de extrema carência, podendo por isso sofrer ainda mais no confronto com os seus desafios. “Não temos esse apoio... sabe? É muito difícil... queremos fazer algo diferente, mas sem que tenhamos um apoio das pessoas envolvidas na escola e até mesmo pelo próprio governo... Os pais também não contribuem muito... são muito dispersos”. [Professor D] 2. As possibilidades Em vários estudos relacionados às Atividades de Aventura na Natureza, o valor educativo e as possibilidades de reflexões pedagógicas estão sendo tratadas e vem ampliando o acervo de atividades que contribua com Educação Física em relação a uma real educação. Uma das grandes possibilidades dessas atividades é o seu grande caráter multidisciplinar, onde se pode está fazendo parcerias internas com outras disciplinas na contribuição para a Educação, ainda também podendo está exercendo nessas parcerias internas um maior incentivo para o apoio de gestores e pais. Outra possibilidade se justifica na motivação que essas atividades têm, é interessante para os alunos está aprendendo dentro de uma perspectiva que utilize o lazer e o lúdico como veículo na produção do conhecimento. “Se a gente pudesse trabalhar seria muito gratificante para gente e para os alunos, porque seria uma modalidade totalmente diferente. Uma coisa que eles não vivenciam e que poderia até abrir novos horizontes para eles”. [Professor A] Sabemos que para a prática de Atividades de Aventura na Natureza precisamos lançar mão de várias técnicas e equipamentos para tal, o que para a escola pública se torna um grande limitante. O interessante em tal contexto é ter parcerias no desenvolvimento das atividades com pessoas que estão capacitadas e parcerias no desenvolvimento das atividades com pessoas que estão capacitadas e preparadas para o mesmo e já possuam alguns equipamentos, uma conversa no sentido do planejamento acaba criando várias possibilidades no próprio espaço da escola, onde muitas das vezes apresentam áreas que ficam ociosas que poderiam perfeitamente estar sendo utilizadas para essas atividades. A conversa possibilita uma junção de idéias, e essas ocorrem no sentido das adaptações ao contexto da escola, criando assim possibilidades para a prática. Além das possibilidades do próprio espaço das escolas, são importantíssimas as parcerias realizadas na comunidade externa. Em Belém há vários espaços públicos que podem estar sendo utilizados, eles apresentam algumas estruturas físicas e fornecem recursos materiais e humanos; como é o caso do Parque Estadual do Utinga (que será exposto posteriormente). Esse espaços as vezes apresentam grandes burocracias para a sua utilização, mas que com persistências se tornam possibilidades. 4. O desbravar das aventuras em trilhas de possibilidades: um relato de experiência A visita foi realizada com vinte e seis alunos no Parque Estadual do Utinga no dia vinte e seis de junho de 2012. O Parque se constitui como umas das principais áreas verdes da cidade que viabiliza o contato com a natureza de milhões de habitantes da cidade e Região Metropolitana. O Parque em nosso estudo se mostrou como umas das possibilidades (pois é o 74 Parque em mais evidencia no contexto e que oferece gratuitamente recursos materiais, humanos e naturais) para a prática de Atividades de Aventura na Natureza, mas podendo Belém, também apresentar outras possibilidades, haja vista que várias outras áreas verdes e naturais podem estar sendo utilizadas para o desenvolvimento de atividades dessa natureza. No processo Educacional, é extremamente importante a participação da comunidade, principalmente, quando nos vemos limitados aos recursos sucateados de nossas Escolas Públicas, como evidencia Esteban (2007) e Forgiarini e Silva (2007) aos nos remeter a história da escolarizaçãodas classes populares, uma história de fracassos. Para muitas realidades escolares e se tivermos a compreensão que educação só se dá nos limites do muro da escola e se influenciados pelo consumismo, as Atividades de Aventura na Natureza realmente se tornam quase inviáveis. A comunidade local pode assumir um papel decisivo para a prática da aventura, principalmente em realidade com expressiva carência sócio econômica (...) pois a intenção está em permitir aos alunos vivenciar tais atividades num trabalho pedagógico formativo e inovador (p. 252). A escolha por uma escola que está inserida num contexto de extrema precariedade das condições humanas, na região do aterro do Aurá, está relacionada ao contexto do nosso estudo: o contexto da luta de classes, que no nosso estudo vem entrelaçando os conflitos existentes no ensino da Educação Física na Escola Pública (historicamente precarizada) e a prática de Atividades de Aventura na Natureza (considerada elitista pelos moldes capitalistas) na Educação de classe populares. Durante todo o processo da visita, desde o descolamento de ida e volta, e até mesmo todo o processo anterior de dar viabilidade a visita em termos de autorização e transporte (um dos nossos maiores desafios), ficou evidenciado a dificuldade com que professores podem lidar no seu cotidiano quando querem permitir aos seus alunos um conhecimento pouco explorado em aulas inovadoras e que contribuam com a reflexão dos mesmos. Já no Parque as crianças puderam vivenciar uma trilha com vários tipos de ambientes (com rappel em uma rocha, atravessia de ambientes aquáticos, trilha em capoeiras e capoeirões5 e em mata fechada, com observação de fauna e flora). Foi perceptível a alegria dos alunos, pois segundo percebido, a realidade em que vivem o cotidiano, não os permite terem um contato tão forte com o natural, para alguns só o fato de verem a BR-316, foi suficiente para arrancar rostos de admiração e êxtase, as atividades tiveram um grande caráter lúdico e motivador (CASTELLANI FILHO, 2009) por estarem praticando algo que jamais poderia imaginar em praticar. CONSIDERAÇÕES FINAIS A relevância deste trabalho se concretiza a partir do momento que se instiga a pensar a Educação Física dentro de outras possibilidades diante de muitos desafios na intenção de inovar e motivar nossos alunos. Que outros estudos a partir deste sejam feitos e contribuam para a Educação Física nas escolas públicas, no sentido da inovação e da criatividade e possam discuti-los tendo claras as contradições sociais impostas no sistema capitalista. Que possam discutir, por exemplo, as Atividades de Aventura na Natureza como possibilidades de Educação no campo, haja vista que esta pode está tomando para si uma perspectiva urbanocentrista diante de maiores possibilidades em seus ambientes naturais. Fica evidente neste estudo que a prática de Atividades de Aventura na Natureza nas aulas de Educação Física nas escolas públicas no contexto de Belém se defronta com vários desafios, onde esses seguem a própria lógica do capital, criando até mesmo uma situação de conformismo. A formação inicial nas instituições formais de ensino de nível superior pode ser o principal fator que vem limitando tal prática, pois é nela em que constituímos ou 75 deveríamos constituir uma concepção de homem, mundo e sociedade. E essa concepção é que nos motiva a criar possibilidades diante de muitos desafios. A formação em Educação Física no Estado, mais especificamente em Belém, não oferecem subsídios que permita a compreensão relacionada aos conhecimentos específicos dessas atividades. Tais atividades põem o ser humano em contato com a sua essência natural, permitindo uma dotação de consciência crítica da realidade de contradições em que se vive através do trato também crítico e reflexivo das emoções, sentimentos e sensações. Tem-se em tais atividades a ludicidade como grande aliada contribuindo no aspecto motivacional dos nossos alunos a partir do momento em que se permite educar para e pelo o lazer. REFERÊNCIAS ARMBRUST, Igor; PEREIRA, Dimitri Wuo. Pedagogia da aventura: os esportes radicais, de aventura e de ação na escola. 1 ed. Jundiaí, SP: Fontoura, 2010. BAHIA, Mirleide Chaar; SAMPAIO, Tânia Mara Vieira. Lazer – meio ambiente: em busca das atitudes vivenciadas nos esportes de aventura. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 28, n. 3, p. 173-189, maio 2007. 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Rio Claro, 2007. 76 FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA CIDADE DE SOCORRO- SP EM ATIVIDADES DE AVENTURA NO ÂMBITO DO LAZER José Ricardo Auricchio Mestre em Educação Física – UNIMEP – SP prof.auricchio@hotmail.com RESUMO As atividades de aventura são consideradas uma das vertentes do lazer, presentes muitas vezes nos conteúdos turísticos e físico-esportivos que levam o praticante a sensações de vertigem, adrenalina e perda momentânea de autocontrole. Sensações essas que desde a década de 1980 estão levando cada vez mais pessoas a praticar tais atividades em seu tempo disponível. Dentre os profissionais que atuam com as atividades de aventura estão professores de educação física, turismólogos, animadores socioculturais, recreadores entre outros. Porém, nos intriga a questão: Qual a formação técnica em termos de conteúdo específico e no âmbito dos estudos do lazer têm os profissionais que atuam com atividades de aventura para trabalhar na área? O objetivo deste trabalho foi caracterizar os instrutores de atividades de aventura da cidade de Socorro, de acordo com sua formação profissional. Como procedimento metodológico foram utilizadas a pesquisa bibliográfica com consulta as bibliotecas da USP, UNICAMP e UNIMEP e no banco de teses da CAPES, nos últimos cinco anos, sobre as palavras-chave “atividades de aventura”, “lazer” e “formação profissional” e também a pesquisa de campo com aplicação de questionário semiestruturado com questões abertas e fechadas aos profissionais que lidam diretamente com o público. Os profissionais que trabalham com atividades de aventura na cidade de Socorro têm em sua maioria formação universitária nos mais variados cursos, o que nos mostra que a formação universitária é desejável, porém não é imprescindível para se trabalhar na área, sendo o curso de educação física o mais citado entre os participantes.Introdução Com o crescimento das práticas de aventura, sejam como esportes ou turismo, é crescente o número de pessoas que estão sendo contratadas para trabalhar com tais atividades com um contato direto com o público em empresas, hotéis e acampamentos. Alguns desses profissionais estão se especializando em cursos de formação específica ou buscando uma formação desejável, porém não imprescindível (Pina, 2005), em cursos superiores de Turismo ou Educação Física, nas quais foram inseridas diversas disciplinas relacionadas as práticas de aventura nos últimos anos. Como alternativa aos que possuem cursos de graduação em outras áreas, há cursos de extensão e especialização em esportes e atividades de aventura. Sabe-se que as atividades de aventura são uma vertente da área de lazer e isso faz com que esses profissionais deixem de ser meros acompanhantes e passem a intervir de forma construtiva e responsável nestas atividades (FREIRE, 2006). Terezani (2010) relata que, em razão da proliferação das atividades de aventura, torna- se fundamental compreendermos os conteúdos referentes ao lazer, as principais características 77 do ambiente lúdico, e ainda estabelecermos a relação entre os animadores socioculturais 1e as práticas corporais que promovem a radicalidade. O tema geral deste trabalho é instigante e inovador no campo dos estudos do lazer, sobretudo hoje, quando há um mercado voltado para as atividades de aventura, tornando cada vez mais necessária uma formação que se proponha a lidar com as características deste setor. Portanto este estudo é importante para sabermos sobre a formação técnica específica dos profissionais, se estão ou não de acordo com as normas apresentadas e qual a necessidade dos instrutores e monitores de atividades de aventura em termos dessa formação e no âmbito do lazer. Seu principal objetivo foi caracterizar os instrutores de atividades de aventura da cidade de Socorro, de acordo com sua formação profissional, tanto na formação técnica quanto na relacionada aos estudos do lazer, mais especificamente o lazer na natureza ou outdoor recreation como citado por Parker (1978). Desenvolvimento Começamos este capítulo com uma breve conceituação dos termos que foram desenvolvidos como lazer, atividade de aventura e formação profissional. Em seu sentido original, a palavra grega schole era “parar” ou “cessar” e, portanto, ter paz e silêncio. Posteriormente, passou a significar tempo disponível ou, especialmente, “tempo para si”. O lazer é uma condição ou estado – o estado de estar livre da necessidade de trabalho (PARKER, 1978, p. 26). Parker cita ainda as funções do lazer propostas por Meyershon, sendo que a terceira função encaixa-se perfeitamente nas atividades de aventura: “Entretanto, os valores dominantes em nossa sociedade nos encorajam a buscar êxitos em todas as esferas da vida e a ser competentes no que fazemos – lazer como realização própria” (PARKER, 1978, p. 48). Podemos citar também os aspectos educativos do lazer, considerado “veículo e objeto de educação” (MARCELLINO, 1997, p. 36), em virtude das semelhanças entre as atividades que envolvem o lazer e as atividades de aventura. Dessa forma, segundo Correa (2008), o ser humano, além de se divertir com atividades no âmbito do lazer no meio natural, pode, também, adquirir conhecimentos sobre a natureza e seus componentes (por exemplo, fauna e flora), tendo uma visão crítica e criativa do que está vivenciando. Entretanto, quanto à atuação, os animadores socioculturais, trabalhadores das mais diversas áreas do lazer, devem apresentar uma dupla qualificação, exercendo sua competência, bem como sua consciência social, em pelo menos um setor cultural. Isto se torna relevante, uma vez que a maioria das pessoas tende a direcionar suas atividades de lazer a um campo restrito de interesse, geralmente por não vivenciar ou não conhecer outros interesses culturais (MARCELLINO, 1983). Alguns autores, como Betrán (2003), Ferreira (1989), Uvinha (2001, 2005a, 2011) e Marinho (2005) discutem os conceitos de esportes radicais, esportes extremos, atividades físicas de aventura na natureza, esportes californianos, esportes ecológicos, esportes de ação, práticas corporais de aventura, esportes selvagens, entre outros. Utilizamos neste título os termos “atividades de aventura” e “esportes radicais” por se tratarem de sinônimos, sendo separados por uma razão mercadológica.. Apesar da nomenclatura, os termos são, muitas vezes, sinônimos, e serão utilizados no texto sem priorizarmos um ou outro. Algumas entidades do turismo, como a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) e o Ministério do Turismo (MTUR), junto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), publicaram normas técnicas para 1 Termo sugerido por Dumazedier ,para o corpo de profissionais que trabalham na intervenção sobre o lazer. (2001, p. 50). 78 algumas atividades, como montanhismo, mergulho, caminhada, espeleoturismo, entre outras, com foco no que o monitor (condutor) deve seguir em sua formação. Estas normas estão em vigor desde 2005 e as empresas vêm, desde então, se adequando para cumpri-las. Como o próprio nome já diz, são normas técnicas de conteúdos específicos para cada modalidade, não levando em consideração outros conteúdos presentes nas atividades de aventura, como o lazer, a educação ambiental etc. Buscando um consenso entre os autores aqui estudados, utilizaremos o termo “atividades de aventura”, e não “esportes radicais”, por se tratarem de atividades físicas que buscam o inesperado, sob uma visão própria do lazer, e não como subconteúdo do lazer esportivo (MARCELLINO, 2002, p. 18) ou outro. Reforçando nossa posição, utilizaremos o termo designado pelos congressos da área: Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura e Congresso Internacional de Atividades de Aventura. Em um entendimento mais aprofundado, Buckley e Uvinha trazem-nos definições da palavra “aventura” utilizada por dicionários de diferentes países como: “experiência inesperada ou emocionante”, “iniciativa ousada”, “atividade perigosa”, “uma experiência emocionante”, “um ato de resultado incerto, uma iniciativa arriscada”, “o encontro com riscos”, “uma realização ousada na qual há riscos e que conta com eventos imprevistos”. Todas estas definições, portanto, incluem elementos de emoção, incerteza e perigo (BUCKLEY; UVINHA, 2011, p. 7). Nas atividades de aventura e no lazer a formação profissional é de extrema importância e não se trata apenas de estudos isolados, pois essa formação deve ser multidisciplinar (Isayama, 2010), e deve priorizar a formação inicial que é a base de todo o processo (Werneck, 2000). Trataremos, então, da formação profissional utilizando estudos sobre as competências necessárias no âmbito do lazer, área em que, desde a década de 1990 e meados de 2000, Marcellino (2000) vem questionando a formação do profissional que nela atua. Este capítulo não visa responder a tais questionamentos, que são ainda atuais, mas sua discussão principal basear-se-á neles. Para Marcellino, quando falamos da formação dos profissionais do lazer, podemos distinguir seis categorias possíveis: cursos livres de curta duração, formação de nível superior específica, inserção de habilitações em cursos de nível superior, pós-graduação stricto sensu diversificado com linhas de pesquisa específicas, pós-graduação lato sensu e MBA (2007, p.15). Em relação às atividades de aventura, incluiríamos nas categorias propostas por Marcellino os cursos técnicos específicos de cada modalidade, assim como surgem os cursos técnicos em lazer, como o mesmo autor cita ao falar sobre a formação para a área do lazer: Os processos de formação de profissionais para atuação na área do lazer vêm ganhando cada vez mais espaço no Brasil, em decorrência da demanda verificada no mercado,em franca expansão. Além da inclusão de disciplinas específicas em cursos de graduação, como educação física, turismo, hotelaria entre outros, já começam a surgir os primeiros cursos específicos de graduação e um número razoável de cursos técnicos. (2003, p. 9). Nessa formação profissional no lazer deve haver um vínculo entre a universidade e os demais espaços sociais que compõem nossa realidade e cultura, de modo que o acesso à reflexão teórico-prática e aos saberes científicos, tecnológicos e/ou jurídicos construídos pela humanidade possa atingir seu propósito, que é desenvolver nossa capacidade de orientação em relação a diferentes objetivos e a problemas interdisciplinares, complexos e variados (WERNECK, 1998). 79 O profissional do lazer, denominado animador sociocultural – termo proposto por Dumazedier, como visto anteriormente –, tem diferentes formações, e isso é extremamente necessário, pela própria abrangência da área cultural. São professores de educação física, arte- educadores, profissionais de turismo, de hotelaria etc., que dominam o conteúdo cultural; têm vontade de dividir esse domínio com outras pessoas, devendo, para isso, possuir uma sólida cultura geral que lhes dê a possibilidade de perceber a intersecção/ligação de seu conteúdo de domínio com os demais; exercer cotidianamente a reflexão e a valoração próprias da ação do educador, o que os diferenciará dos “mercadores” da grande maioria da indústria cultural, e ter o compromisso político com a mudança da situação em que nos encontramos, atuando com base nessa perspectiva (MARCELLINO, 2003). Moesch (2003) nos coloca que deve existir um profissional capaz de orientar as vivências sociais e ambientais em áreas públicas que se tornam turísticas quando organizadas para o acesso de visitantes. Porém, esse profissional não deve ter apenas a competência técnica e específica, e, sim, ser um sujeito construtor de sensibilidade, de criatividade, de desvelamento, de integração entre o humano, o cultural e o ambiental. Relacionando as atividades de aventura à esses fatores, Uvinha afirma que: A educação em ambientes outdoor tem sido mundialmente defendida como ferramenta pedagógica alternativa, com significativas contribuições ao aprendizado do aluno, na busca de uma sociedade transformadora e engajada com as atuais lutas de preservação e conservação ecológicas (UVINHA, 2009, p. 62). Para que isso ocorra, no entanto, faz-se necessária uma capacitação, pois poderá, de certa forma, vir dos alunos graduados, sendo que para Marinho (2004) o profissional que trabalhará com as atividades na natureza deve saber as possibilidades que estas atividades oferecem como parte integrante dos conteúdos do ensino na graduação. Por exemplo, seria interessante entender e explicar, por meio da fisiologia do exercício, quais variáveis fisiológicas interferem em uma caminhada em uma trilha ou em uma corrida de orientação; quais músculos são mais exigidos nas remadas do rafting ou da canoagem por intermédio da eletromiografia, nos estudos relacionados à biomecânica do movimento; como as relações sociais se estabelecem entre escaladores, partindo do embasamento dos estudos do lazer e da recreação e da Sociologia. Seguindo esta lógica, apresentada aos professores de educação física que trabalham os conteúdos da cultura corporal, sugeridos por Neira e Uvinha (2009), é necessário haver uma formação mais específica em tais atividades para que se possa melhor analisar a proposta de um passeio fora da escola e saber, ao menos, o funcionamento de um sistema de gestão de segurança, como explica Auricchio (2012), para o gerenciamento de risco adequado e maior segurança dos praticantes. Auricchio (2009) e Uvinha (2009) tratam da formação do professor de educação física para trabalhar com esportes radicais, já que tais atividades envolvem risco de acidentes e, muitas vezes, necessitam de equipamentos especiais que devem ser manuseados por profissionais com treinamento. Com base nisso, formulamos uma questão-problema para nosso estudo, pela qual buscamos saber qual a formação técnica em termos de conteúdo específico e no âmbito dos estudos do lazer têm os profissionais que atuam com atividades de aventura para trabalhar na área? 80 Metodologia Como procedimento metodológico, utilizamos o método exploratório, com pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo (Severino, 2010). Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob o protocolo nº 93/11. A pesquisa bibliográfica foi efetuada junto aos sistemas de bibliotecas da Unimep, USP, Unicamp e no banco de teses da Capes nos últimos cinco anos, livros, artigos científicos em bases de dados e pesquisas on-line em anais de congressos nacionais e internacionais de Educação Física, atividade de aventura, turismo e lazer e pelas palavras-chave “atividades de aventura”, “lazer” e “formação profissional”. Como instrumento de pesquisa foi aplicado questionário semiestruturado com questões abertas e fechadas aos profissionais que trabalham com atividades de aventura e lidam diretamente com o público nos locais propostos. Os questionários foram aplicados na cidade de Socorro (SP), onde pensamos encontrar a maior parte dos profissionais ligados às atividades de aventura. Socorro é uma cidade turística, referência em atividades de aventuras terrestres e no atendimento a pessoas com deficiência, oferecendo atividades como o cascading, rafting, trilhas, arvorismo, tirolesa, entre outras, e foi escolhida por ser considerado um pólo nacional de atividades de aventura. Os participantes da pesquisa foram os profissionais instrutores ou monitores que estavam atuando diretamente com o público nas atividades de aventura. Todos os participantes estavam cientes do caráter científico desta pesquisa, que não havia obrigatoriedade de participação e que ela não oferecia qualquer tipo de riscos. A amostra foi composta por 27 profissionais que responderam o questionário em seu local de trabalho. Análise dos resultados De acordo com os resultados estabelecidos entre os 27 questionários, 18 profissionais representam a modalidade do rafting e 11 de técnicas verticais. O tempo de atuação varia muito, porém, treze instrutores têm mais de cinco anos de experiência e nove tem entre um e cinco anos de experiência. Em relação a formação universitária metade das respostas foram favoráveis e a outra metade não considerava importante. Dos 13 que consideravam importante, seis condiram o curso de educação física como formação ideal. Todas as respostas foram favoráveis a importância do curso técnico de formação específica, e em relação às atividades que esse curso deveria conter, 16 respostas disseram ser primeiros socorros/resgate, seguido por rafting com cinco e técnicas verticais também com cinco, sendo as principais atividades da cidade, porém, chamou-nos a atenção atividades como paintball, línguas e fisiologia entre as respostas. Em relação às questões sobre quem poderia ministrar tais cursos, aparecem 17 respostas indicando profissionais da área com experiência e apenas três indicando profissionais da área acadêmica. Outro resultado que nos chamou a atenção foi que em 23 das respostas, eles se consideram profissionais do lazer e 25 consideram as atividades de aventura como conteúdo do lazer. Entre as respostas encontramos 13 que concluíram o ensino médio, nove que concluíram o ensino superior e três com pós-graduação latu senso. Para trabalhar na área, 21 fizeram cursos específicos nas modalidades e dez fizeram também cursos de primeiros socorros e resgate. Todas as respostas foram afirmativas sobre se o profissional de atividade de aventura deva ter conhecimentos específicos além dos técnicos, sendo 17 respostas para os conhecimentos sobre o corpo humano, lazer, educação ambiental e natureza. 81 Considerações Finais Foram consenso, entre os sujeitos da pesquisa, que profissionais experientessão as pessoas mais capacitadas para ministrar cursos de formação específica para as atividades de aventura. Conforme constatado, este profissional muitas vezes não possui uma formação básica relacionada aos conteúdos por eles mesmos citados, como primeiros socorros e resgate, procedimentos de segurança, didática, psicologia, comunicação, lazer, meio ambiente, corpo humano e, até mesmo, educação ambiental. Ele tem consciência de que lhe falta conhecimento, mas entende que não precisa vir da faculdade, mas de outros cursos e os mais confiáveis são os fornecidos pelas associações, federações e confederações. O professor de educação física aparece em muitas das respostas como pessoa capacitada a ministrar cursos de formação específica na área das atividades de aventura; é pessoa de confiança para esses profissionais. Mas, segundo nossa pesquisa bibliográfica, esse profissional não tem uma capacitação adequada para isso durante seu curso de licenciatura ou bacharelado e, somente com uma especialização na área, como uma pós-graduação em esportes de prancha ou uma pós-graduação em esportes e atividades de aventura, este profissional estará apto a realizar essa intervenção de forma satisfatória no que diz respeito a conteúdos técnicos específicos. Ainda assim, estará longe de obter o conhecimento de um profissional com dez ou vinte anos de experiência na área. Por outro lado, concluímos, a partir de nossa pesquisa de campo, que o profissional experiente deve, sim, participar da formação, mas não ser o único responsável, pois quase a maioria dos sujeitos sabe que trabalha com lazer, mas não sabe realmente como trabalhar esse lazer e quais os conteúdos que devem trabalhar com seus clientes durante toda a atividade para que estes não apenas vivenciem a execução de uma atividade, mas adquiram uma aprendizagem. Pina (1995) diz que o profissional do lazer não deve, necessariamente, ser formado em algum curso superior; essa formação é desejável, mas não imprescindível. Ainda no campo da formação profissional do lazer, Marcellino (2010) afirma que esse conteúdo deve ser multidisciplinar e também ministrado por profissionais de diferentes áreas do conhecimento. Ainda de acordo com nossas pesquisas, podemos considerar que a formação dos profissionais de atividades de aventura não regulamentadas por federações ou confederações não é satisfatória quanto ao conteúdo técnico específico e à formação no âmbito do lazer; tanto os profissionais de atividades regulamentadas como os das não regulamentadas não têm conhecimento suficiente para atuar como animadores socioculturais, ou seja, como profissionais do lazer. Em relação a esse quadro, consideramos que os cursos específicos devem ser elaborados por uma equipe multidisciplinar de profissionais, contendo o conhecimento teórico e prático que prepare, de forma ampla, o futuro profissional que vai atuar em atividades de aventura. Devem-se levar em conta as normas técnicas para o turismo de aventura e também a experiência nas atividades já regulamentadas. Nesse grupo, é imprescindível a participação de representantes das associações locais que, em sua maioria, são pessoas mais experientes e que podem contribuir, e muito, para a vivência na modalidade. Tais cursos devem ser financiados por programas públicos de capacitação profissional ou pelas próprias associações e federações, o que facilitaria o acesso dos envolvidos com um baixo custo de participação. As pessoas que trabalham com atividades de aventura muitas vezes não conseguem dividir trabalho e lazer em seu cotidiano, já que trabalham para o lazer de outras pessoas. Esta afirmação, segundo nossa pesquisa, corrobora o que diz Parker (1978) ao afirmar que nas sociedades primitivas não havia períodos de lazer definidos; algumas atividades econômicas, como a caça ou a ida ao mercado, tinham características recreativas, assim como o canto ou a narração de histórias. Desconhecia-se um tempo específico para a recreação e o divertimento. 82 Em relação ao quadro apresentado, consideramos ser muito importante uma formação acadêmica para os profissionais de atividades de aventura, embora ela não seja valorizada pelos próprios profissionais investigados. A formação em Educação Física foi a mais indicada em virtude dos conteúdos abordados em sua grade, pois estes podem ser muito aproveitados na atuação na área. Porém, essa formação ainda deve ser complementada por cursos específicos nas modalidades em que se vai atuar e também em modalidades afins para que então se consiga trabalhar de forma a inter-relacionar as atividades e conhecimentos, o que trará um benefício maior para quem atua e para quem prática. Não pretendemos exaurir o assunto, nem mesmo apresentar soluções para todas as inquietações levantadas. Porém, buscamos apresentar algumas reflexões, respostas e investigações acerca do proposto e segundo nossas possibilidades. Sabemos que se faz necessária a continuidade deste estudo em outros projetos para ampliar o enfoque aqui apresentado. REFERÊNCIAS ABETA. Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, 2005. Disponível em: <www.abeta.tur.br>. Acesso em: 06 dez. 2012. AURICCHIO, J. R. A escalada na educação física escolar: orientação adequada para a prática segura. Revista Digital EFDeportes, Buenos Aires, a. 14, n. 139, dez. 2009. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd139/escalada-na-educacao-fisica-escolar.htm>. Acesso em: 25 abr. 2012. AURICCHIO, J. R. Técnicas verticais: conceituação, utilizações e segurança. In: SCHWARTZ, G. M. et al. Tecnologias e atividades de aventura. São Paulo: Lexia, 2012. p. 90. BETRÁN, J. O. Rumo a um novo conceito de ócio ativo e turismo na Espanha: as atividades físicas de aventura na natureza. In: MARINHO, A.; BRUHNS, H. T. (Orgs.). Turismo, lazer e natureza. São Paulo: Manole, 2003. p. 157- 202. BRASIL Ministério do Turismo. 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Os dados foram coletados por meio de uma análise de documentos com base em diferentes publicações oficiais do governo, bem como notícias e comentários sobre essas políticas em sites e blogs especializados. Os resultados demonstram que atividades ao ar livre tornaram-se institucionalizadas no Brasil, como um conjunto, na década de 2000 com a criação da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura ( ABETA ), em parceria com o Ministério do Turismo (2004), e da Comissão de Desportos de Aventura (CEA), do Ministério do Esporte (2006). Ambas reivindicam o direito de regular o campo. Enquanto ABETA já desenvolveu um programa nacional, chamado Aventura Segura, desde 2006, a CEA (representando as diversas associações desportivas) resiste a aceitar e seguir os parâmetros definidos pela ABETA. Baseada em direito esportivo, a CEA argumenta que as ações da ABETA são inconstitucionais. No entanto, desde 2007, a Comissão cessou as suas atividades limitando-se a oferecer definições oficiais para esses esportes. E a única lei sobre o assunto em tramitação na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados foi rejeitada e arquivada. Esta análise conclui, então, que a aventura é campo híbrido, não pode ser exclusivamente esporte ou turismo. Sua regulamentação precisa ser pensada em colaboração. Quando reivindicam apenas para si este direito, os dirigentes negam a vida prática e impossibilitam iniciativas fecundas de uma e outra área. Palavras-chave: aventura, política, regulamentação Introdução Ao contrário das convencionais, esportes alternativos e/ou atividades de aventura, concebidas como práticas de liberdade por seus adeptos, foram caracterizadas pela literatura por uma relativa falta de normas e recusa a seguir códigos de regulação. Paradoxalmente, sua popularização e a ocorrência de acidentes trouxeram a necessidade de estabelecer alguns limites, o que faz das políticas nacionais para essas atividades uma demanda civil e uma agenda de pesquisa (Tomlinson et al 2005). Em pesquisa anterior, de mestrado, foi identificado um conflito entre organizações esportivas e de turismo pelo direito à regulamentação deste campo no Brasil, visto que atuação profissional e exploração comercial são disputados por guias de turismo, esportistas e professores de educação física. Nas últimas décadas embates simbólicos e técnicos se acirraram e culminaram com a criação de instituições como, em 2004, a Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA) em parceria com o Ministério do Turismo e, em 2006, a Comissão de Esportes de Aventura (CEA), do Ministério do Esporte. A última, criada por demanda dos agentes sociais de vinculação institucional com o esporte, por uma resposta ao Programa Aventura Segura e normas ABNT que 86 eram criadas pela ABETA e interpretados como arbitrários, se propôs a elaborar um programa de segurança à partir da reflexão conjunta de confederações, federações e associações sobre as normas já existentes para sua padronização, enquanto uma ação jurídica pretendia impedir a implementação do programa da ABETA. Deste ponto de vista, o programa era inconstitucional visto que pretendia regular práticas esportivas via instituições turísticas e feriria o princípio da autonomia esportiva previsto na constituição. Entretanto, após comunicação oficial da ABETA sobre seu entendimento em relação à diferença de turistas e esportistas e a alteração dos textos de seu programa que se propunha a versar não mais sobre esportes de aventura, mas agora apenas sobre turismo de aventura, a CEA cessa suas atividades. O objetivo da presente pesquisa foi analisar os processos que levaram ao conflito e seus desdobramentos. Este artigo é parte de pesquisa de doutorado financiada pela Fundação de Pesquisa de São Paulo (FAPESP) sobre as políticas públicas brasileiras para a aventura de lazer. Metodologia Os dados aqui apresentados foram construídos via análise documental com base no princípio da crítica ao documento de Cellard (2012): descrição do contexto em que o documento foi produzido, identificação de quem são seus autores e como se articulam no campo, bem como, para quem ele foi produzido e quais são seus conceitos-chave. O corpus da pesquisa foi composto por fontes primárias, ou seja, documentos correspondentes a constituição federal, projetos de lei e publicações em diário oficial; e fontes secundárias como matérias, notícias e colunas escritas por agentes envolvidos na disputa pelo campo, assim como são divulgadas em websites e blogs. Desta forma, foram mapeados para a análise as publicações relativas a tais práticas presentes em arquivos digitais abertos e disponíveis online: do Ministério do Esporte, da Câmara dos Deputados (mais especificamente a sessão da Comissão de Turismo e Desporto), do Conselho Nacional de Educação Física, do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, além do blog de Cláudio Consolo (presidente da Associação Brasileira de Parapente e advogado especialista em direito esportivo que moveu ação contraa ABETA e lá discorria abertamente sobre suas ações) e portais especializados em notícias como Webventure, 360 graus e Altamontanha.com, que versaram sobre o tema. Além disso foi definido como recorte temporal desta pesquisa o período entre 2003 à 2013. O primeiro ano é marcado pela separação dos Ministérios do Turismo e do Esporte e por ações que culminaram com a criação da ABETA, agente institucional central no conflito com as entidades esportivas de aventura, no ano seguinte. O ano final marca a rejeição do último projeto de lei relacionado a este tema e suas emendas em trâmite na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados e também marca seu último ano de existência já que é dissolvida em Comissão de Turismo e Comissão de Desporto em Fevereiro de 2014. Desenvolvimento: Resultados e Discussão Emblemática publicação, intitulada Esportes de Aventura contra o Ministério do Turismo, de autoria de Cláudio Consolo, para o site especializado 360 graus em 18 de Maio de 2005, demonstra a explanação introdutória deste trabalho: 87 O Ministério do Turismo está patrocinando um processo de certificação no turismo de aventura, que além de ser incoerente, viola a autonomia das entidades nacionais de administração dos esportes de aventura. Incoerente por que imaginar que empresas, longe do universo dos clubes de prática e do meio esportivo de aventura, poderão atestar se um esportista está apto para conduzir terceiros, utilizando técnicas e equipamentos destes esportes, é desconhecer a realidade. Somente técnicos do governo, dentro de seus gabinetes e distantes da realidade do meio esportivo de aventura, poderiam imaginar que, por exemplo, seria possível certificar se um pará-quedista está apto para realizar um salto duplo longe dos clubes de pará-quedismo e da Confederação Brasileira de Pará-quedismo. O mesmo diga-se em relação ao Parapente e a ABP, Montanhismo e a CBME e assim por diante, esporte por esporte de aventura. Ao invés do Ministério do Turismo procurar se aliar às entidades nacionais de administração dos esportes de aventura e aparelhá-las para fazerem aquilo que pela lógica e pela legislação esportiva pertencem a esferas das suas atribuições, optou por criar um sistema de administração paralelo que viola sua autonomia administrativa. Autonomia esta que foi elevada a categoria de direito constitucionalmente protegido através dos dispositivos do artigo 217 da nossa Lei Maior, que foram disciplinado (sic) pela Lei 9615/98. O turismo de aventura é composto por dois componentes bem distintos: a) Componente turístico, b) Componente esportivo. O que o Ministério do Turismo está tentando fazer é desnaturar o componente esportivo do turismo de aventura ao afirmar que tudo o que diz a seu respeito estaria sob sua égide. A Revista EF, do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), em seu número 18 de 2005, visto a polêmica, publica matéria intitulada “Esporte de Aventura é diferente de turismo de aventura” e ilustra exemplarmente os vários pontos de vista de agentes sociais envolvidos na luta pela aventura: O aparecimento e o crescimento das práticas esportivas de lazer sério e de competição com aventura e risco, junto à natureza, ampliam a tensão entre esporte espetáculo, realizado em ambientes cristalizados, e as práticas outdoor, bem como entre ambiente e desenvolvimento, fazendo surgir na relação ecologia/esporte/turismo uma demanda de diferentes grupos sociais: dos praticantes, de políticos, de movimentos preservacionistas, de empresários, organizadores de passeios/excursões de aventura, de Profissionais de Educação Física e outros. Neste contexto, o interesse do Ministério do Turismo no desenvolvimento das vertentes comerciais dos chamados esportes de aventura seria muito bem recebido, caso houvesse o entendimento de que a atividade turística deve, para sua própria longevidade e para a segurança da sociedade, estar atrelada à orientação de profissionais qualificados e habilitados para a realização das atividades esportivas que constituem seu objeto. A Revista E.F. apresenta diversos posicionamentos a respeito da matéria e abre espaço para a categoria discutir e se posicionar a respeito. Um dos entrevistados, Cláudio Consolo, novamente aparece como agente central e articulador neste campo de disputa pela regulação das práticas de aventura no Brasil. Suas colocações públicas acerca do tema são freqüentes e aparecerão ao longo de todo o texto como eixo central, embora sempre matizadas por opiniões divergentes que compõem o fenômeno e dimensionam sua complexidade. 88 Infelizmente o esporte no Brasil é sempre o último da fila, quando se trata de políticas públicas. Não é por menos que distorções e mais distorções são encontradas em todos os seus segmentos. Assim, antes de tratar do problema específico do segmento esportivo de aventura, tenho que falar sobre o total abandono a que estão sujeitos os esportes não-olímpicos no Brasil, por falta de mecanismos legais que os viabilizem. Os esportes não-olímpicos respondem por quase 70% da atividade esportiva praticada no país e todos sabem da dificuldade em administrá-los e a fragilidade das suas instituições. Quantas e quantas federações, clubes de prática e entidades nacionais de administração deste enorme segmento esportivo dependem exclusivamente da dedicação de apaixonados, que na maioria das vezes acabam por colocar os seus familiares para trabalhar e dinheiro do próprio bolso para manter vivas suas instituições esportivas! Os esportes de aventura estão inseridos nos não-olímpicos e administrá-los nestas condições é um fardo bem mais pesado do que os outros, por causa das suas especialidades e do fator de risco que é inerente ao segmento [...] O Ministério de Turismo considera que a atividade é turística, entendendo, assim, possuir poder para regulamentá-la a sua maneira [...] Vale explicar que [...] normas no âmbito da ABNT são obrigatórias em nosso país, porque, pelo artigo 39, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, se houver Norma Técnica produzida pela ABNT, esta é obrigatória, sendo proibido colocar no mercado de consumo produtos ou serviços que não a respeitem [...] A inserção de elementos estranhos na administração dos esportes de aventura é um erro crasso, que terá conseqüências desastrosas, além de ser manifestamente ilegal. É preciso que o esporte brasileiro se una contra este tipo de situação. Vera Lucia de Menezes Costa, autora da primeira e premiada tese de doutorado sobre modalidade de aventura no país e, que viria a se tornar dois anos mais tarde, representante do CONFEF junto à Comissão de Esporte de Aventura, à época Docente do Programa de Pós- Graduação em Educação Física da Universidade Gama Filho. Apresenta um contraponto, na entrevista que concede à mesma matéria, como ilustra o excerto a seguir: Não vejo disputa. O Ministério do Turismo está promovendo uma certificação do Turismo de Aventura no Brasil [...] buscando qualidade na oferta dessas atividades e esbarrou com a área afim - o esporte de aventura. Mas é importante frisar que o fez com legitimidade e transparência junto ao Ministério do Esporte e aos pequenos empresários que atuavam nessa área. Como os atores que transitam no esporte de aventura formaram-se na prática da atividade, a experiência é que lhes confere credibilidade. O fato é que não temos órgãos reguladores esportivos no Brasil para tal setor. Apenas algumas confederações esportivas o fazem, em especial aquelas vinculadas a esportes aéreos e aquáticos, que têm algumas parcerias internacionais. Nas demais, que se vinculam a esportes terrestres, instala-se o caos, ficando todos os usuários sujeitos às más condições de atendimento e a predações à vida e ao meio ambiente. Trata-se de um território vazio, onde quem se instalar primeiro leva a melhor e, por tradição e competência, será reconhecido pelos pares e pelos consumidores [...] Nossa área, a EducaçãoFísica, no entanto, não dimensionou o crescimento do esporte de aventura e de risco calculado no Brasil e no mundo. Priorizou a atividade física urbana e em estabelecimentos, como academias, escolas e outros. Não vejo disputa com o turismo. Nosso condutor esportivo, em sua maioria, não se profissionalizou ainda. O praticante não é, muitas vezes, profissional de Educação Física, mas profissional ou universitário de geologia, biologia, engenharia e de outras áreas, ou não tem formação acadêmica alguma, praticando a atividade como lazer, acompanhando outros que têm interesses 89 comuns aos seus. Sua atividade é lúdica, no sentido estético, exploradora de outros territórios. Com a pressão por segurança e qualidade da certificação do turismo, os condutores da área esportiva também precisarão se reordenar. A técnica da condução na área (trekking, escalada, canoagem, rafting, arvorismo, cavalgada, e outros) é esportiva. É responsabilidade do Estado oferecer aos cidadãos condições para a execução de uma atividade segura e de qualidade em parques públicos. Esses condutores se auto-formam ou recebem um curso de mínima duração de algumas confederações esportivas ou de associações internacionais certificadoras. Ou seja, não temos formação oficial a oferecer para essa especificidade. Pensar que o curso de graduação em Educação Física é suficiente é ingenuidade. Pensar que se dará pelas vias acadêmicas comuns tradicionais de especialização e pós-graduação é afastar- se da realidade e da cultura juvenil que promove as ações nesses esportes. Para controle dos riscos a que a atividade é submetida, faz-se necessário ter pessoal qualificado para conduzir as atividades, reunir informações sobre o tema (dados de pesquisa), certificar os equipamentos e as condições de resgates em casos de acidentes e estabelecer uma política de esportes de aventura e risco calculado. A grande vantagem da iniciativa da certificação do turismo de aventura foi trazer à tona a necessidade da especificação das competências de atuação do condutor esportivo de aventura e, à luz, a necessidade de se debater, publicamente, o tipo de formação adequada e necessária para esse condutor e apressar-lhe a condição de profissionalizar- se. Neste ínterim, algumas leis que tramitavam em níveis locais já geravam discussões como a comentada no site especializado Webventure. Seu autor, André Ilha, montanhista, coordenador do Grupo de Ação Ecológica (GAE) e ex-presidente do Instituto Estadual de Florestas do Rio de Janeiro, em matéria intitulada “Leis de mais, aventura de menos”, de 05 de Março de 2007, traz um contraponto importante à centralidade do risco como característica destas práticas, defendida no excerto acima, ilustrando exemplarmente as divergências discursivas neste campo, que não podem carecer de consideração teórico-metodológica: A ser observado estritamente o texto de lei recentemente aprovada em Minas Gerais, por exemplo, quem for jogar uma pelada no Parque das Mangabeiras estará sujeito à aprovação prévia do Corpo de Bombeiros e de um "órgão competente", a assinar um termo de responsabilidade e, ainda, deverá estar acompanhado de "monitores habilitados", uma vez que, de acordo com este diploma legal, esportes de aventura são todas as "modalidades esportivas de recreação que ofereçam riscos controlados à integridade física de seus praticantes e exijam o uso de técnicas e equipamentos especiais", definição que se aplica perfeitamente ao futebol (muito mais pessoas se lesionam jogando bola do que escalando montanhas, e bola e chuteiras nada mais são do que equipamentos especiais para este esporte). Pela versão original de projeto que tramita na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, seria exigido dos escaladores o uso de luvas, algo como obrigar mergulhadores a usar pés-de-pato de chumbo... Por fim, mesmo no tocante à prática comercial, alguns destes atos trazem embutidas uma burocratização excessiva e a ostensiva cartorialização da atividade. O exemplo mais desanimador nesse sentido nos foi dado pela Lei 2353/06 da cidade de Niterói, que determina que só se usem equipamentos certificados por entidade ligada à Empresa de Lazer e Turismo do Município e que só possam atuar no ramo profissionais oriundos de cursos previamente aprovados por ela, além de estabelecer uma inacreditável reserva de mercado para "profissionais já em atividade no Município"! Alguém ganhará com 90 isso, mas este alguém não será, decerto, os esportes de aventura e nem mesmo o turismo de aventura, pois o programa do curso estipulado para os seus "profissionais" está muito aquém do currículo exigido há décadas pelos clubes amadores para os seus próprios guias. É natural que atividades novas gerem novas demandas e desafios para o legislador, e os dispositivos acima elencados devem ser entendidos como os inevitáveis tropeços iniciais em uma longa caminhada que apenas se inicia e que deveria estar voltada apenas para as práticas comerciais. Pois, no tocante à prática amadora, fazemos nossas as sensatas palavras do deputado Otávio Germano, relator do Projeto de Lei Federal nº 5609/05, no voto que levou ao seu arquivamento definitivo: "Não cabe ao Estado interferir nessas relações. Se alguém se permite correr determinados riscos inerentes a uma atividade a que voluntariamente se submete, que o faça livremente, no uso da liberdade que lhe é constitucionalmente assegurada. E mais, diante de um Poder Público que já não consegue atender, razoavelmente, a outras imposições mais graves e tipicamente públicas, não se justifica sobrecarregá-lo ainda mais com responsabilidades outras e menores no campo regulatório e fiscalizatório". Entretanto, a circulação na mídia de vídeo da morte de uma menina em acidente de bungee jump, filmado por seu próprio pai, motivou o senador Efraim Moraes a propor o PLS 403/05, como releitura do 5609/05. Reações dos agentes envolvidos culminaram em audiência pública. Noticiada no site do senado, em 02 de Junho de 2008, com o título “Projeto que regulamenta prática de esportes radicais e de aventura será debatido em audiência pública”, a matéria apresenta o risco novamente como motivação central para a legislação sobre aventura: Mortes e constantes acidentes, muitos deles graves e que vêm mutilando atletas que praticam os chamados esportes radicais ou de aventura - como bungee jump e rapel - poderão levar o Senado a aprovar uma lei fixando regras para essas diferentes modalidades esportivas. Entre as normas em discussão, está a que condiciona a prática dos esportes radicais à qualificação técnica de instrutores e demais profissionais responsáveis pela preparação dos locais e operação de equipamentos, por meio de certificado obtido em curso específico. O assunto será tema de audiência pública no Senado nesta quarta-feira (4). O primeiro passo já foi dado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), que aprovou parecer a projeto de autoria do senador Efraim Morais (DEM-PB) que estabelece regras para os esportes radicais. O projeto (PLS 403/05) chega a exigir o selo de controle de qualidade dos equipamentos usados em esportes radicais, a ser emitido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (Inmetro). Os estabelecimentos responsáveis pela comercialização de equipamentos usados nos esportes radicais e de insumos utilizados na montagem desses equipamentos, de acordo com o projeto, serão obrigados a exigir, do adquirente, o Certificado de Comprador, emitido pelo Poder Público em favor do profissional autônomo ou entidade habilitada a prover a oferta de esportes radicais ou de aventura. Quem vender equipamentos a pessoas não qualificadas para a prática dos esportes estará sujeito a multa e pena de detenção de seis meses a dois anos. A preocupação dos senadores é tamanha que eles resolveram fazer uma audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) para instruir a tramitação do projeto, queserá votado em decisão terminativa nesse colegiado. Marcada para esta quarta-feira (4), a partir das 10h, a reunião procura ampliar a discussão da matéria. Entre os convidados, está Flávio Padaratz - o Teco - bicampeão mundial de surfe e proprietário da licença WCT no Brasil. Também deverão http://www.senado.gov.br/atividade/comissoes/comissao.asp?origem=SF&com=40 http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=76080 http://www.senado.gov.br/atividade/comissoes/comissao.asp?origem=SF&com=47 91 participar da audiência pública o presidente da Confederação Brasileira de Surf, Antônio de Barros; o diretor do Departamento de Qualificação, Certificação e de Produção Associada ao Turismo, do Ministério do Turismo, Diogo Demarco; o presidente da Confederação Brasileira de Pára- Quedismo, Jorge Derviche Filho; o diretor do Departamento de Esporte de Base e de Alto Rendimento, do Ministério do Esporte, André Arantes; e o presidente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada, Silvério Nery Filho. Em 04 de Junho de 2008, o site Altamontanha.com replica notícia dada por Cláudio Bernardo no website da Agência do Senado, intitulada “Especialistas defendem mais debate sobre projeto de lei” acrescentando à chamada a expressão “Projeto Sem Noção”: A discussão sobre o projeto de lei do Senado que estabelece regras para a prática de esportes radicais ou de aventura deve ser ampliada para que pontos da proposta sejam mais bem esclarecidos. Essa foi a manifestação de especialistas em esportes radicais que participaram, nesta quarta-feira (4), de um debate sobre a matéria na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). O relator, senador Raimundo Colombo (DEM-SC), prometeu promover novas discussões, mas afirmou que os esportes radicais e de aventura necessitam ser regulamentados. Para o senador, é preciso dar mais segurança aos praticantes, além de garantir equipamentos e insumos de qualidade. O presidente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), Silvério José Nery Filho, disse que os equipamentos usados no país para a prática de esportes radicais ou de aventura são de boa qualidade e estão de acordo com os padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Ele informou que, de acordo com estatísticas, dentro do setor de montanhismo e escalada, em cada seis anos é registrada apenas uma fatalidade. Já o presidente da Confederação Brasileira de Pára- Quedismo (CBPQ), Jorge Derviche Filho, informou que o esporte já possui regulamentação, enquanto Flávio Padaratz - o Teco - bicampeão mundial de surfe, advertiu que o projeto, como está elaborado, poderia gerar "conseqüências drásticas" para o esporte. Ele observou que o surfe é considerado também um esporte livre, que se confunde com um lazer. No Brasil, conforme informou, há cerca de 3,5 milhões de praticantes dessa modalidade, sendo muito difícil, conforme reconheceu, o credenciamento de instrutores para ministrar aulas de surfe, conforme determina o projeto. O representante do Ministério do Turismo Diogo Demarco reconheceu que o setor deve ser normatizado, desde que em comum acordo com federações, associações e entidades ligadas aos esportes radicais e de aventura. Assim, esta primeira redação do PLS 403/05 sofreu modificações pelo relator Raimundo Colombo, aconselhado por Claudio Consolo, que endereçavam as demandas das entidades esportivas e foi aprovada pelo senado passando à tramitação na Câmara dos Deputados como PL7288/10. Nesta versão sofreu propostas enviadas pela ABETA, via ofício, que foram apresentadas como emendas pelo deputado Marcelo Teixeira. Neste ínterim, em 30 de junho de 2010, uma nova audiência pública no Congresso, desta vez na Câmara dos Deputados, foi convocada e colocou em embate os interesses dos agentes do esporte e do turismo. O Programa Aventura Segura continuou sendo implementado e um hiato se formou no campo esportivo. Embora ainda prevista no quadro do Ministério do Esporte, a Comissão de Esportes de Aventura não registra atividades desde 2007, tendo limitado-se à elaborar e publicar as definições oficiais para esportes de aventura e esportes radicais. As atividades planejadas para elaboração da regulamentação sobre segurança parecem ter sido abandonadas. A hipótese 92 deste trabalho é que a Comissão não encontrou as condições estruturais e financeiras para continuar seu trabalho devido à política do Ministério. Assim como nos dão a pensar os documentos trazidos por este artigo, a situação dos esportes de aventura faz parte de um quadro maior. A legislação esportiva brasileira é conceitualmente incongruente e privilegia esportes de alto rendimento, especialmente o futebol profissional masculino (Castellani, 2008). Em 2003, com a criação da Conferência Nacional de Esportes, um espaço bienal de participação pública na elaboração de políticas para o setor, vislumbrou-se uma saída. Mas as decisões tomadas em 2004 e 2006 em favor dos esportes de lazer, não garantiram sua implementação. Após a conferência de 2008 não ser convocada, a prioridade imposta pelo governo em 2010, veio a ser sediar os mega-eventos Copa do Mundo FIFA de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, bem como a inclusão do Brasil no ranking entre os 10 maiores medalhistas olímpicos (Mascarenhas, 2012). Em 2012, a Conferência também não aconteceu, e o Ministério do Esporte continua a negligenciar questões do lazer, como as práticas de aventura. Enfim, apesar dos esforços de Cláudio Consolo, no dia seis de agosto de dois mil e treze o deputado André Figueiredo (PDT-CE) emitiu a rejeição das emendas e também do PL 7288. Sua justificativa é apresentada a seguir, assim como divulgada pelo site da Câmara dos Deputados: Este projeto tem por objetivo regulamentar a prática de esportes radicais e de aventura. A matéria é relevante haja vista a segurança se constituir em um dos princípios basilares do direito individual ao desporto, conforme definido no art. 3º da Lei nº 9.615, de 1998, que dispõe sobre as normas gerais de desporto no País. Cabe considerar, que, sem dúvida, é direito de todo praticante de esporte a sua integridade física, mental ou sensorial nas atividades esportivas, sejam elas quais forem. Assim, qualquer ato que coloque isto em risco na prática de esporte de aventura é ilegal, sujeito às sanções civis, consumeristas e criminais conforme as leis vigentes no país. É posto também que, com o advento da Lei Geral de Turismo, é irrefutável a edificação de que as atividades turísticas estão inseridas como prestação de serviço. Consequentemente, as diretrizes estabelecidas no Código de Defesa do Consumidor, juntamente com a legislação penal vigente, já impõem a responsabilidade necessária e suficiente aos empreendedores de turismo de aventura, cabendo cautela na inovação legislativa neste âmbito. Além disso, o teor do PL nº 7.288, de 2010, incluídas as emendas nºs 01 e 02, enfrenta óbice incontornável, na medida em que afronta a autonomia das entidades desportivas quanto à sua organização e funcionamento. Apesar de muitos desportistas profissionais, e suas respectivas federações, terem condições de qualificar as prestadoras de turismo de aventura, tanto na prática quanto no que se refere às normas de segurança de sua modalidade, não há como obrigá-los, já que isto está assegurado no art. 217 da Constituição Federal e no art. 16 da Lei nº 9.615, de 1998. Apesar do interesse de determinadas entidades do esporte de aventura, temos em nosso ordenamento jurídico que a lei não deve lhes impor competências, pois não são órgãos estatais, mas entes privados organizados sob o princípio da autonomia de vontade. Se essas entidades desejam participar do processo de formação dos profissionais que exploram o turismo de aventura, devem fazê-lo por meio de parcerias, aprovadas em seus estatutos, ou seja, por meio do exercício da sua autonomia, sem a coerção do Estado. Quanto à emenda nº 3, ela não resolve ainconstitucionalidade e impropriedade do desrespeito ao princípio da autonomia das entidades desportivas. Diante do exposto, voto pela rejeição do Projeto de Lei n.º 7.288, de 2010, do Senado Federal, e das emendas apresentadas. 93 A questão o que é esporte e turismo nas práticas de aventura é muito delicada e esbarra em uma discussão antiga e ainda presente no campo da Educação Física: a definição de esporte. No que compete à sua esfera política, segundo Proni (2013) foi com a adoção da Unesco da Carta Internacional de Educação Física e Esporte, em 1978, enfatizando a importância do Esporte para o desenvolvimento integral do ser humano, que a prática esportiva foi alçada à condição de direito fundamental de todos e implicou reconhecer que é incumbência do governo proporcionar a participação esportiva. No Brasil, isto passa a ser previsto pela Constituição Federal de 1988. Entretanto, principalmente no discurso das entidades esportivas bastante difundido no senso comum, o esporte como direito social passa a dogma e tudo justifica. Não seria diferente na interface dos esportes com o turismo de aventura. É preciso reconhecer, contudo, a fragilidade de tal argumento. Conclusão A elaboração “esporte direito social versus turismo atividade perversa de mercado” presente nos excertos apresentados parece esquecer que tem como reivindicação o direito da exploração comercial da aventura e como preocupação a gestão destas atividades eclipsando a questão da segurança. Ou seja, é preciso superar esta redução dicotômica, que poderia ser interpretada como ingênua, não fosse tão antiga. Nem todo esporte visa o desenvolvimento humano e nem todo o turismo é exclusivamente exploração econômica. A aventura enquanto campo híbrido não pode ser exclusivamente esporte ou turismo e nem um, nem outro são essencialmente bons ou mais dignos de direitos. Suas práticas e regulamentação precisam ser pensadas em colaboração. Quando reivindicam apenas para si a regulamentação destas práticas, os dirigentes negam a vida prática e impossibilitam iniciativas fecundas de uma e outra área. REFERÊNCIAS CASTELANNI, L. (2008) O Estado Brasileiro e os Direitos Sociais: O Esporte. In: Húngaro, M.et al.Estado, Política e Emancipação Humana: Lazer, Educação, Esporte e Saúde como Direitos Sociais. Santo André: Alpharrabio, p.129-144. CELLARD, A. A análise documental. In: Poupart, J. et al (2012). A pesquisa qualitativa: enfoques epistemologicos e metodológicos. Editora Vozes, Petrópolis. MASCARENHAS, F. (2012) Megaeventos esportivos e Educação Física: alerta de tsunami. Movimento, Porto Alegre, v. 18, n. 01,p. 39-67. PRONI, Marcelo. Política de Esporte. In: Di Giovanni e Nogueira (orgs.) Dicionário de Políticas Públicas. FUNDAP: São Paulo, 2013. TOMLINSON, A, Ravenscroft, N, Wheaton, B and Gilchrist, P. (2005) Lifestyle Sports and National Sport Policy: An Agenda for Research. Sport England, London. http://eprints.brighton.ac.uk/2074/ http://eprints.brighton.ac.uk/2074/ 94 NORMAS DE SEGURANÇA E A PRÁTICA DE ESPORTES DE AVENTURA NO COTIDIANO ESCOLAR Cassio Martins1, Marcelo Paraiso Alves2, Thais Vinciprova Chiesse de Andrade1, Kátia Mara3, Gustavo Alves Vinand Kozloswski de Farias3 1Especialista, UniFOA; 2Professor Dr. UniFOA\IFRJ – VR; 3UniFOA cassiofoa@ig.com.br RESUMO O aumento significativo no número de profissionais de Educação Física que utilizam o esporte de aventura como recurso didático pedagógico nas escolas, provoca o surgimento de debates e reflexões sobre os riscos e os desafios para os seus praticantes. Simultaneamente, a referida discussão permite pensar no estabelecimento da relação entre a Educação Física Escolar, o Esporte de Aventura e as normas de segurança. Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo discutir a relação entre a Educação Física Escolar, o esporte de aventura, mais especificamente o Montanhismo, e os cuidados com as normas de segurança. Adotou-se como metodologia a revisão bibliográfica descritiva realizada nos periódicos Movimento, Motriz, Revista Brasileira de Ciência e Movimento e Conexões e por fim, os Anais do Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura. A escolha de tais periódicos decorre da inserção destas revistas no campo da Educação Física. Como critério de inclusão instituiu-se artigos originais, publicados no período de janeiro de 2010 a julho de 2014. Os termos utilizados para busca foram Educação Física Escolar, Esporte de Aventura e normas de segurança. Foram selecionados 15 artigos que atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos: 2 artigos na Revista Movimento e 2 na Revista Motriz. Dentre os artigos selecionados nenhum deles apresentava a escalada como foco de estudo. Palavras chave: Educação Física Escolar, Esporte de Aventura, Normas de Segurança. 1 INTRODUÇÃO O esporte, nas últimas décadas, tornou-se o conteúdo hegemônico das aulas de Educação Física, porém apenas algumas modalidades esportivas são eleitas pelos professores (BETTI, 1999). Poli et al (2012) e Richter (2013) reiteram tal panorama mencionando que geralmente as aulas se concentram em esportes com bola (voleibol, basquetebol, futebol e handebol). Os autores ainda mencionam que há a necessidade de propor uma nova atividade nas aulas de Educação Física escolar, e uma opção são os Esportes Radicais. Dias (2004) também ressalta a necessidade de repensar o tratamento pedagógico oferecido tradicionalmente a determinados conteúdos curriculares, no entanto o autor considera que não é tarefa fácil para nenhuma disciplina escolar, tampouco para a educação física escolar. Com relação a este aspecto Gomes, Santos e Pereira (2012) comentam algumas dificuldades com relação a aceitação de atividades de risco na escola pelos pais, professores e diretores, sendo este um fator apontado como limitador para a inserção desta prática como conteúdo da Educação Física na escola. 95 Assim, o presente trabalho tem como objetivo discutir a relação entre a Educação Física Escolar, o Esporte de Aventura, mais especificamente o Montanhismo1, e os cuidados com as normas de segurança. Neste sentido cabe elucidar que neste ensaio consideramos, a partir da concepção do Ministério do Esporte, mais especificamente a Comissão de Esporte de Aventura, como esporte de aventura a prática corporal relacionada ao meio ambiente e desenvolvida sob condições de risco calculado (BRASIL, 2007). Com relação ao conceito de segurança vamos trabalhar com a ideia - ABNT. NBR, 15331 (2006, p. 2) -, de que a segurança é a “isenção de riscos inaceitáveis de danos”. Considerando tais noções cabe perguntar: Como proceder durante as práticas corporais de montanhismo nas ações pedagógicas com escolares? Como os docentes deverão seguir a normatização de segurança ou padrões de conduta para uma prática esportiva segura? Partindo do referido pressuposto, consideramos ser recomendável o conhecimento de tais padrões de segurança, por parte de professores de Educação Física, por percebermos que os referidos profissionais podem estar relacionados a pratica do Esporte de Aventura. Assim sendo, esse trabalho se justifica pelo aumento significativo no número de profissionais de Educação Física que se utilizam a referida prática esportiva como recurso didático pedagógico nas escolas ou como práticas em estabelecimentos que atuam no campo do Lazer (SCHWARTZ (2005); LUREANO (2012); LUIZ RUFINO (2012); SANTOS; GOMES; PEREIRA (2012); SILVA; RAMOS; PEREIRA (2012). Para Schwartz (2005) tais práticas inovaram o campo do lazer e ao migrar para o contexto escolar e acadêmico, promoveram múltiplos movimentos exigindo debates acerca dessa prática corporal. Neste sentido o escopo metodológico do estudo desenvolveu-se por intermédio da revisão bibliográfica, “por ela fornecer aos profissionais de qualquer área, informação sobre o desenvolvimento corrente da ciência e sua literatura” (FIGUEIREDO, 2004, p. 23).Os artigos analisados emergem dos seguintes periódicos: Movimento, Motriz, Revista Brasileira de Ciência e Movimento e Anais do Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura. A escolha de tais periódicos decorre da inserção destes no campo da Educação Física e Esporte de Aventura. Como critério de inclusão instituiu-se artigos originais, publicados no período de janeiro de 2008 a março de 2014. Os termos utilizados para busca foram Educação Física, Esporte de Aventura e normas de segurança. Foram selecionados 15 artigos que atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos: dois artigos na Revista Movimento e dois na Revista Motriz, um artigo na Revista Conexão e 2 artigos na Revista Brasileira de Ciência e Movimento e 9 artigos nos Anais do VII Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura. Dentre os artigos selecionados nenhum deles apresentava a escalada como foco de estudo: os dois artigos da Revista Motriz apresentaram o voo livre e o mergulho, respectivamente, como centralidade, e a Revista Movimento apresentou um artigo discutindo o surfe e o segundo o voo livre, o que justifica a produção do presente trabalho. 1 Montanhismo: Atividade de caminhada ou escalada praticada em ambiente de montanha. São considerados dois tipos de condutores: condutores de montanhismo e condutores de escalada. Condutor de montanhismo é aquele com competências para conduzir grupos em vias com dificuldade de até 3º grau. Condutor de escalada é aquele com competências para conduzir grupos em vias com dificuldade a partir do 3º grau. (ABNT - Turismo de aventura – Condutores de montanhismo e de escalada – Competência de pessoal Projeto 54:003.05-001). 96 2 ESPORTE DE AVENTURA, RISCO CALCULADO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Para Bruhns (1997 apud TAHARA et al, 2006), devido ao ethos civilizatório da sociedade industrial e de consumo, há na atualidade, evidências que reforçam a importância da reflexão sobre a interação humana com o meio ambiente, apontando o compromisso com mudanças de atitudes e valores, os quais possam interferir positivamente nessa relação. Conforme evidencia Silva (1997, p.119): Do ponto de vista da área da Educação Física, algumas questões têm se mostrado de forma mais contundente, o lazer no contato com o meio natural, através dos denominados esportes radicais ou esportes de aventura. Para este autor as discussões sobre a natureza, no âmbito de tal área, têm se dado com maior ênfase relacionada ao lazer, às ações humanas e à (re) descoberta do meio natural. Para Marinho (2005) é crescente o surgimento de atividades de aventura, práticas corporais, manifestadas principalmente no tempo destinado ao tempo livre. A autora também relata que com o significativo interesse e o rápido crescimento em diferentes instâncias (econômica, social, esportiva, religiosa, dentre outros), as atividades de aventura no meio natural parecem estar encontrando eco junto ao contexto educacional, conforme relatado em diversos trabalhos (PEREIRA, CARVALHO, RICHTER, 2008; ARMBRUST, SILVA, 2010). Segundo Costa (1999), o esporte de aventura é cercado pela ludicidade e prazer, devido ao cenário e ao bem estar provocado pelo contato com a natureza. Outro aspecto apontado pela autora é a atitude dos sujeitos durante a prática desta modalidade esportiva, uma vez que esta é tomada a partir da noção de risco calculado. A autora relata que o risco calculado explode no fascínio pela vertigem, que favorece um tipo de embriaguês e um domínio de seus efeitos. Então podemos dizer que o risco calculado é a possibilidade de ocorrer à situação perigosa, a probabilidade de ocorrência e das consequências de um determinado evento. O esporte de aventura é pautado por emoções, portanto, é estabelecida por uma relação com o risco, no entanto, de forma fictícia. Esse aspecto quando emerge no cotidiano escolar modifica o cenário das práticas corporais, pois rompe com os elementos performáticos que obrigam que os ditames da aptidão física estejam na centralidade das ações (RICHTER, 2013). Santos (2013) com relação ao Esporte de Aventura, também menciona que os riscos, a incerteza, o contato com a natureza e os equipamentos podem contribuir com a Educação Física Escolar pelo prazer que tal prática corporal proporciona aos alunos. Além de permitir ao praticante “confrontar-se consigo e assim superar limites, vencer desafio, ultrapassar barreiras, não possuindo limitação de tempo, espaço, idade e sexo” (p. 70). Assim, o planejamento e a utilização de equipamentos certificados são muito importantes para estabelecer uma pratica esportiva segura. Dessa forma, com o intuito de manter a segurança dos praticantes, o professor de Educação Física deve estar atento aos padrões de segurança na prática de esportes de aventura, mais especificamente durante as atividades de escalada. 3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Com relação a presente pesquisa bibliográfica realizada, encontramos seis artigos que apresentam o esporte de aventura e os riscos como centralidade das discussões. Entretanto, 97 quatro artigos mencionam o surfe, o voo livre e o mergulho como conteúdos específicos, retirando os referidos trabalhos do contexto deste estudo, pois apresentam uma temática diferente de nossa proposta de análise. Com relação aos outros dois trabalhos encontrados - Pereira, Carvalho e Rechter (2008) intitulado “Programa de escalada em rocha como educação física para alunos do ensino médio” e o Armbrust e Silva (2010) com o trabalho denominado de “Esportes Radicais como conteúdo da Educação Física Escolar” -, não encontramos referências às normas de segurança, pois a centralidade dos artigos estava pautada em outras questões, conforme disposto a seguir: O trabalho desenvolvido por Pereira, Carvalho e Rechter (2008) pretende demonstrar os benefícios da aprendizagem da escalada no ensino médio bem como os motivos e expectativas dos alunos nessa prática. E, o trabalho de Armbrust e Silva (2010), apresenta como objetivo a reflexão sobre as aproximações e distanciamentos dos Esportes Radicais com as propostas pedagógicas das escolas e, para tal reflexão, utiliza como base o pensamento complexo fundamentado em Edgar Morin. Ao pesquisar os artigos na Revista Brasileira de Ciências do Esporte, encontramos dois artigos privilegiando os termos utilizados na busca (Educação Física Escolar, Esporte de Aventura e Normas de Segurança). Pimentel (2013) e Dias (2010). Pimentel (2013) relata que concorrem diferentes propostas de delimitação do objeto: Atividades Físicas de Aventura na Natureza (BETRAN, 2003), Práticas corporais de aventura (INÁCIO et al, 2005), Esportes radicais (UVINHA, 2001), Esportes na natureza (DIAS, 2007), esportes de ação (BRANDÃO, 2010), dentre outras perspectivas. Diante da diversidade de terminologias e a ausência de um acordo, o autor opta em analisar o conceito Esportes na natureza utilizando como referência Dias (2007), pois Pimentel (2013) considera a necessidade do estabelecimento de juízo crítico sobre essa categoria, refutando ou corroborando sua contribuição para o entendimento dessas práticas corporais que, em tese, “recorrem a novas tecnologias, se diferenciam ética e esteticamente dos esportes convencionais e evocam sensações e relações diferenciadas com o meio” (p. 689). Nos Anais do VII Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura encontramos nove artigos que mencionam a relação entre a referida prática esportiva e a Educação Física Escolar. Para Luiz Rufino (2012) as Atividades Físicas de Aventura pertencentes à cultura corporal de movimento, é necessário e importante que esta seja introduzida na escola, proporcionando assim a vivência de uma nova manifestação corporal aos alunos, o aprendizado de valores relacionados ao meio ambiente em geral, que estão atrelados a essa prática, além de aumentar os conteúdos da Educação Física. De acordo comMarinho (2005) é crescente o interesse de diferentes adeptos, jovens, crianças, e adultos, de diversos níveis sociais e de diferentes ocupações. Ainda de acordo com a autora, são poucos os estudos na área, se tornando assim um foco crescente de interesse também nas universidades, pois se torna necessário o aprendizado das Atividades Físicas de Aventura para que a atuação profissional seja significativa. Santos, Gomes e Pereira (2012), por intermédio dos anais do CBAA, buscaram refletir sobre a relação entre a educação física escolar e a proposta do PCN. Ao término do trabalho os autores consideram que muitas propostas que aparecem nos anais do CBAA, apontam um grande interesse pelo assunto entre os professores de Educação Física escolar. O artigo de Silva, Ramos e Pereira (2012), apresenta a possibilidade de aplicar uma aula de escalada na escola. Para os autores deve-se utilizar práticas simples e seguras para que o docente que não tenha a vivência em esportes de aventura possa quebrar o paradigma de que a escalada não é uma prática segura para se aplicar dentro das aulas de Educação Física. Mota et al (2012) discutem uma proposta de caderno didático para Educação Física e Esporte de Aventura, a partir de uma disciplina desenvolvida – “Extra Muros” - no Curso de 98 Educação Física da UFF – Niterói (RJ). Os autores reiteram estas práticas como uma possibilidade de motivar as aulas de Educação Física. Pereira e Bezerra (2012) o esporte de aventura permite trabalhar vários contextos apresentados pelo PCN (Meio Ambiente). Alves, Agapto, Oliveira e Cravalho (2012) discutem a inclusão do montanhismo como conteúdo da Educação Física Escolar. Os autores tomaram por base a experiência em sala de aula realizada durante o período de Janeiro à Julho de 2011, com os alunos do Curso Técnico Integrado em Eletrotécnica do Instituto Federal do Ceará, campus Juazeiro do Norte. Dentre os conhecimentos do montanhismo, foram abordados durante as aulas os conteúdos de Trekking (Caminhada em Trilhas Ecológicas), Escalada, Rapel e Corrida de Aventura. Por fim, o artigo de Lureano (2012), o único trabalho que estabelece a relação da experiência com a segurança, relata a ação desenvolvida com estudantes de Educação Física da UFAM de Parintins a partir da vivência da trilha por meio de bike. Posteriormente a experiência os alunos relataram a relação com os seguinte temas: solidariedade, orientação, sustentabilidade, segurança, dentre outros aspectos. Dessa forma, percebemos uma lacuna na discussão realizada entorno dos riscos e das normas para o esporte de aventura no âmbito escolar. Nesse sentido, cabe salientar que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a International Mountaineering and Federation (UIAA) são os órgãos que estabelecem os procedimentos e normas para tal atividade, conforme discutiremos no item a seguir, por ser está a questão central deste trabalho. 4 NORMAS DE SEGURANÇA E MONTANHISMO Antes de adentrarmos na discussão relacionada às normas de segurança para o esporte de aventura, acreditamos ser necessário esclarecer que vamos buscar como referência a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e equipamentos certificados pela International Mountaineering and Federation UIAA. A ABNT foi fundada no ano de 1940, sendo este um órgão normatizador da técnica no país. É uma instituição privada, sem fins lucrativos, reconhecida como um Foro Nacional de Normalização (Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992). Partindo desse pressuposto, cabe mencionar que para uma modalidade esportiva que requer um risco calculado, há a necessidade de normas específicas para tal prática, quanto a uma organização de análise de planejamento, implantação, verificação e ação. Qualquer profissional que deseje ter o reconhecimento da sua capacidade para atuar em uma das ocupações ou competências para as quais a ABNT desenvolve a certificação, pode solicitar a avaliação para a certificação da qualidade profissional. Da mesma forma, qualquer organização que queira certificar os seus profissionais pode solicitá-la junto a ABNT. Vale ressaltar que a certificação de um determinado profissional não é condicionada à realização de curso ou treinamento de qualquer natureza, pois um dos principais objetivos da certificação é reconhecer a competência das pessoas independente de como ela foi adquirida, tendo como referência as normas técnicas do setor. A certificação tem validade de 5 (anos) para todas as ocupações e de 3 (três) anos para todas as competências, o uso do Certificado ABNT pelo profissional deve ater-se ao seu objetivo, que é evidenciar que o profissional certificado tem a capacidade de gerar os resultados esperados para determinada ocupação ou competência de acordo com as normas técnicas. 99 Com relação a UIAA cabe esclarecer que é um órgão que surgiu a partir de um encontro de associações de alpinismo realizado em 1932, em Chamonix na França. Hoje essa entidade tem sua sede em Genebra na Suíça. A UIAA é a responsável pela certificação de qualidade e segurança dos equipamentos para esporte radical1, tendo cerca de 20 categorias diferentes de equipamentos de segurança, incluindo capacetes, cintos, boldriés, freios, chapeletas e mosquetões dentre outros. Para que possamos utilizar o esporte de aventura como um conteúdo de intervenção na Educação Física, devemos nos atentar para uma prática segura. Nesse sentido, é importante enfatizar que, mesmo que o professor de Educação Física não seja certificado, é possível que o docente desenvolva tais ações, desde que se disponha a utilizar a NBR 15331 (2005) - Normas para o desenvolvimento do Turismo no Brasil - para nortear o trabalho. O documento estabelece um sistema de gestão da segurança, podendo ser um parâmetro institucional ou para pessoas físicas que busquem prestar serviços em atividades relacionadas ao Esporte Radical. Caminhar em direção ao estabelecido pelas normas brasileiras requer a constituição do uso do ciclo em etapas estabelecido pela PDCA (Plan – Do – Check – Act): Plan (Planejar): essa etapa busca o estabelecimento dos objetivos e processos necessários para fornecer os resultados relacionados a uma política de segurança. Na tentativa de gerenciamento de riscos, a norma brasileira define quatro fases que auxiliam tal procedimento: a identificação de perigos e riscos, a análise de riscos, a avaliação de riscos e o tratamento dos riscos. Posteriormente, ao passar para a segunda etapa (Do) que significa implementar, torna- se necessária a implementação dos processos identificados na etapa que antecede (planejamento). A etapa seguinte é a da verificação (Check), é uma ação que visa monitorar e medir o resultado dos processos em relação à política de segurança na ação de planejamento. É como uma ação corretiva que verifica os objetivos, as metas e se reporta aos resultados para constatação do controle. Por fim, torna-se necessário atingir a última etapa, agir (Act). É preciso uma análise crítica do responsável pela atividade (ou direção e organização institucional) para tomar as decisões de melhorar processualmente, em fluxo contínuo, a eficiência do sistema de gestão. É relevante salientar que os equipamentos devem seguir a certificação da UIAA. Partindo dos pressupostos estabelecidos pela ABNT e pela UIAA, mais especificamente a política de segurança, vamos nos deter, neste momento, na apresentação dos instrumentos utilizados na escalada buscando explicar o uso e os devidos cuidados: mosquetão, corda, ancoragem, capacete, baudrier e freio. O primeiro instrumento a ser apresentado é o mosquetão. Com relação ao material de fabricação pode ser de aço ou alumínio e basicamente é dividido em três grupos: gatilho, rosca e automático. O gatilho é usado para manobras rápidas onde na maioria das vezes utiliza-se uma só das mãos, como por exemplo, costuras e ancoragens. Já os outros dois são utilizados em situações ondeo mosquetão possa abrir: o nó UIAA é um exemplo da obrigação do uso da rosca e do automático para melhorar a segurança. Outro material importante na escalada é a corda. É relevante salientar que a corda utilizada em escalada não é uma corda comum, mas uma categoria denominada de corda dinâmica. Esse tipo de material possui a capacidade de funcionar como conjunto amortecedor de ação progressiva. 1 Para Pereira (2010) o Esporte Radical se subdivide em esporte de ação e o esporte de aventura. 100 A capacidade de amortecimento permite que durante uma possível queda, o impacto, por intermédio da desaceleração, tenha a diminuição de um choque contra qualquer material sólido. Assim, a cordada consiste em dois participantes, o guia (ou primeiro da cordada) e o participante (ou segundo da cordada). De modo geral, o guia assume maiores riscos por escalar acima de ancoragens, somente em passagens horizontais os dois correm o mesmo grau de risco. O capacete é outro material indispensável ao praticante de esporte de aventura. É importante salientar que as fivelas dos capacetes devem estar sempre fechadas para que fique sempre seguro na cabeça. Ancoragem significa prender-se a um ponto na intenção de aumentar a segurança do escalador. O segurador deve estar sempre ancorado para segurar o impacto de uma eventual queda do guia, procure prever a direção do tranco e coloque fixações adicionais para evitar ser derrubado. Baudrier, também conhecido como cadeirinha. É usado para prender o escalador na corda ou ancoragem, as fivelas do baudrier devem estar sempre fechadas, atenção especial com baudrier de duas, ou mais, fivelas. As fitas das pernas deverão respeitar o mesmo procedimento, não devendo ficar frouxa e nem muito abaixo da linha de cintura. O freio deve ser escolhido corretamente de acordo com a escalada prevista. Recomenda-se para uma escalada top-rope - técnica de escalada que se prende acima do usuário - que a outra ponta da corda (que não está presa ao escalador) esteja presa ao gri- gri, devido ao seu bloqueio ser automático acionado apenas pela pressão contraria da corda. No entanto, se o mesmo for realizado com mosquetão usar sempre o de rosca e verificar se o mesmo está travado e colocado corretamente no baudrier. Considerando a especificidade da escalada, é preciso permanecer atento ao seguinte detalhe: o início da escalada é marcado pela alegria e ansiedade pela chegada a base da pedra ou montanha, entretanto, depois de tudo planejado, é preciso lembrar que as emoções não podem atrapalhar a segurança da atividade proposta. Orientar a todos que permaneçam concentrados em suas atividades, principalmente no momento do uso dos equipamentos de segurança. É comum o iniciante se distrair com algo diferente durante o processo negligenciando assim as normas de segurança, por exemplo: depois de iniciar a colocação de o boudrier terminá-la, evitando maiores problemas. Verificar se as fivelas estão completamente fechadas e travadas. Acreditamos que tais recomendações, auxiliem o profissional em sua prática profissional. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Partindo do entendimento de que há um aumento significativo da prática do esporte de aventura na área da Educação Física, a sistematização da segurança pelos profissionais envolvidos garantirá a permanência e a legitimidade da referida área em atividades deste segmento. Todavia é importante destacar, que este estudo buscou contribuir com o debate acerca da importância do uso das normas de segurança em atividades de escalada (esporte de aventura). Cabe ainda considerar que o professor de Educação Física necessita adquirir o conhecimento técnico específico, além dos saberes pedagógicos, quando realizar a utilização da modalidade mencionada como conteúdo de suas ações. 5 REFERÊNCIAS http://pt.wikipedia.org/wiki/Escalada 101 ARMBRUST, I. ; SILVA, S. A. P. S. . Esportes Radicais como conteúdo da Educação Física Escolar. In: Simposio Multidisciplinar: Universidade e responsabilidade social, 2010, São Paulo. XVI Simposio Multidisciplinar da USJT: Universidade e responsabilidade social. São Paulo : USJT, 2010. v. 16. AZEVEDO S. L. G.; COCCHIARALE N. F. B. R.; COSTA V. L. M. A influência do risco- aventura no processo de coesão das diferentes comunidades do voo livre, Porto Alegre, v. 16, n. 03, p. 259-278, julho/setembro de 2010. ABDALAD L.S.; COSTA V.L.M.; MOURÃO L.; FERREIRA N.T.; SANTOS R. F. Mulheres e esporte de risco: um mergulho no universo das apneístas. 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Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGEF/UFSC), 2Integrante do Laboratório de Pesquisa em Lazer e Atividade Física (LAPLAF) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), 3Bolsista de Mestrado – CNPq, 4Mestre em Ciências da Motricidade. Professora Auxiliar do CEFID/UDESC. Integrante do Laboratório de Estudos do Lazer (LEL/UNESP/CNPq), 5Doutora em EducaçãoFísica. Professora Adjunta do CEFID/UDESC. Professora Permanente do PPGEF/UFSC. Líder do LAPLAF/UDESC/CNPq. priscilamarisantos@hotmail.com RESUMO As atividades de aventura constituem um campo de intervenção profissional que ainda pode ser considerado desprovido de um perfil do indivíduo que atua com estas atividades, uma vez que, na maioria das vezes, sua formação e competência se apresentam de forma difusa. No contexto atual brasileiro, não existem cursos universitários consolidados de formação inicial específicos para capacitar profissionais para atuar no âmbito da aventura, contudo, nas discussões sobre o tema, frequentemente se recorre à Educação Física em virtude da sua vinculação histórica com o esporte em diferentes contextos e ambientes. Nesta perspectiva, o objetivo deste trabalho é verificar a percepção de competências de formandos do curso de Bacharelado em Educação Física de uma Universidade pública de Santa Catarina, após o desenvolvimento de uma disciplina centrada na abordagem dos Esportes de Aventura e na Natureza, em dois semestres distintos do ano de 2013. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagens quantitativa e qualitativa dos dados. Ao final da disciplina, os alunos foram convidados a responder um questionário contendo perguntas abertas e fechadas, sendo que 33 aceitaram participar. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e da análise de conteúdo. Os resultados indicam que os alunos perceberam as seguintes competências no desenvolver da disciplina: capacidade de se relacionar, liderança, flexibilidade, criatividade, iniciativa, postura pró-ativa, criatividade, persistência, entre outras, sendo que as competências percebidas pelos alunos do primeiro e segundo semestres são semelhantes. Estes resultados evidenciam que as atividades de aventura na natureza se mostram como possibilidade de desenvolver competências diversificadas. INTRODUÇÃO As atividades de aventura constituem um campo de intervenção profissional que ainda pode ser considerado desprovido de um perfil do indivíduo que atua com estas atividades, uma vez que, na maioria das vezes, sua formação e competência se apresentam de forma difusa. No contexto atual brasileiro, não existem cursos universitários consolidados de formação inicial específicos para capacitar profissionais para atuar no âmbito da aventura, entretanto, nas discussões sobre o tema, frequentemente se recorre à Educação Física em virtude da sua vinculação histórica com o esporte em diferentes contextos e ambientes (PAIXÃO; COSTA, 2008). Marinho (2001) acredita que os conhecimentos advindos de uma única área não parecem ser suficientes para instrumentalizar e potencializar o futuro profissional engajado 104 nas atividades de aventura e na natureza. A autora considera que a Educação Física, o Turismo, a Biologia, a Psicologia, a Geografia e a Educação, por exemplo, são emblemáticas nesta perspectiva e têm muito a contribuir. No caso da Educação Física, Bernardes e Marinho (2013) salientam que, apesar das recentes mudanças curriculares em busca de adequações às demandas sociais e profissionais relativas a estas atividades, ainda são poucos os cursos de formação inicial que oferecem disciplinas dedicadas exclusivamente à aventura, sendo a falta de profissionais qualificados cientificamente, um dos prováveis reflexos da situação. Diante deste cenário, aponta-se a necessidade de investigações voltadas à formação profissional de indivíduos que poderão atuar com atividades de aventura e na natureza, incluindo a identificação das competências que estão percebendo. É possível concordar com Batista (2008) que os aspectos envolvidos na formação profissional são precedidos do entendimento de competência, especialmente quando se considera o cenário atual de discussão sobre os modelos de formação inicial em Educação Física, os quais poderiam oferecer subsídios para a atuação no contexto da aventura. Apesar de a literatura sugerir diferentes significados para este termo, especialmente por sua utilização em diferentes áreas do conhecimento, parece haver consenso entre alguns estudiosos em compreender a competência a partir de uma dimensão relacional, complexa e imprevisível, caracterizada pela influência mútua entre a ação e a situação, estando relacionada ao sucesso em determinada atividade profissional (BATISTA; GRAÇA; MATOS, 2007; BATISTA, 2008). Partindo do pressuposto de que as atividades de aventura e na natureza podem ser consideradas uma alternativa eficaz de desenvolvimento de competências, pois contêm o risco controlado como motivador das habilidades necessárias para estimular o desenvolvimento pessoal e profissional, tendo, assim, importante valor formativo (MARINHO, 2004; OLIVEIRA, 2013), o objetivo deste trabalho é verificar a percepção de competências de formandos do curso de Bacharelado em Educação Física de uma Universidade pública de Santa Catarina, após o desenvolvimento de uma disciplina centrada na abordagem dos Esportes de Aventura e na Natureza. Esta disciplina, de caráter obrigatório, é oferecida na última fase do curso em questão, apresentando carga horária de 36 horas/aula. A metodologia prevê aulas teóricas e práticas, portanto, conforme o semestre, vivências diferenciadas de atividades de aventura nos ambientes natural e artificial são oportunizadas aos alunos. Em 2013, durante o primeiro semestre, os estudantes experimentaram o rafting, o stand up paddle (SUP), o surfe, o skate e o parkour, enquanto, no segundo semestre, os alunos vivenciaram o slackline, o SUP e o surfe. A partir deste contexto, foi desenvolvida esta investigação. É pertinente esclarecer que, neste texto, poderão ser observados dois termos para designar o fenômeno aventura: ora esporte, quando se referir à disciplina originária deste estudo, cujo nome e ementa foram previamente determinados pelo projeto político pedagógico do curso de origem; ora atividades, opção que, no entender dos autores deste trabalho, parece melhor retratar as modalidades vivenciadas pelos investigados, uma vez que seus objetivos, características e dinâmicas transcendem aqueles vivenciados em outros esportes. METODOLOGIA O presente estudo foi desenvolvido por meio de uma investigação de caráter descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa dos dados. Participaram da pesquisa 33 estudantes da última fase do curso de Bacharelado em Educação Física de uma Universidade pública de Santa Catarina, sendo 20 formandos do primeiro semestre do ano de 2013 e 13 do segundo semestre deste mesmo ano. A média de idade dos participantes é de 24,51±3,17 anos, 105 sendo 23 do sexo masculino e 10 do sexo feminino. No primeiro semestre, havia 16 homens e quatro mulheres, enquanto, no segundo semestre, sete homens e seis mulheres. Em cada um destes semestres, no último dia de aula da disciplina, os alunos foram convidados a responder um questionário com 10 perguntas abertas e fechadas sobre suas percepções acerca da disciplina (pertinência e alcance dos objetivos; adequação da metodologia; atendimento de expectativas), autoavaliação da participação na mesma, contribuições da disciplina para a formação profissional e percepção de competências a partir das vivências práticas e das aulas teóricas. Neste estudo, serão abordados os resultados da questão referente às competências. Faz-se necessário destacar que, ao integrar um projeto de pesquisa mais amplo, este questionário passou por um processo de validação de conteúdo e avaliação da clareza de linguagem, mediante avaliação de cinco professores doutores, especialistas na área temática deste estudo, conforme orientações descritas por Santos e Gheller (2012), cientes dos limites implícitos nesta técnica, mas com rigor científico necessário para tal. Os estudantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), concordando em participar voluntariamente da pesquisa. O estudo foi submetidoe aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos (CEPSH) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), sob número de parecer 460.441. As informações quantitativas coletadas foram organizadas no software Microsoft Excel versão 2007 e analisadas por meio da estatística descritiva, utilizando-se medidas como frequência, percentual, média e desvio padrão. Os dados qualitativos, por sua vez, foram organizados com a utilização do software NVivo versão 9.2 e analisados por meio da técnica de análise de conteúdo, seguindo as orientações de Bardin (2010). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os estudantes foram questionados sobre a percepção das seguintes competências profissionais durante as aulas teóricas e práticas da disciplina: a) capacidade de relacionamento (estabeleceu e geriu relacionamentos entre pessoas e trabalhou com a equipe na busca de resultados coletivos?); b) liderança (estimulou, orientou e conduziu pessoas para atingir os objetivos estipulados?); c) flexibilidade (soube lidar com as mudanças rápidas no ambiente e nas atividades?); d) criatividade (inventou, percebeu, idealizou e propôs soluções e ações que conduzissem à inovação?); e) persistência (teve perseverança na busca de metas e objetivos independentemente dos obstáculos?); f) iniciativa e postura pró-ativa (foi capaz de, sem orientação ou estruturação prévia, propor soluções ou empreender ações no momento, com condutas adequadas?). Os alunos ainda puderam apontar outras competências observadas neste contexto e discutir sobre elas. A Tabela 1 apresenta os resultados encontrados sobre a percepção de competências dos 20 estudantes que cursaram a disciplina no primeiro semestre de 2013. 106 Tabela 1 - Percepção de competências de estudantes do primeiro semestre de 2013 nas atividades da disciplina. COMPETÊNCIAS ATIVIDADES DA DISCIPLINA Rafting Stand up paddle (SUP) Surfe Skate Parkour Aulas teóricas Palestras Capacidade de se relacionar 17 13 11 11 10 11 9 Liderança 14 11 5 6 8 4 3 Flexibilidade 14 15 11 9 13 6 6 Criatividade 7 13 6 4 8 7 8 Persistência 14 13 10 12 11 9 3 Iniciativa e postura pró-ativa 6 12 5 8 8 7 4 Outras competências 1 1 1 1 2 3 1 Fonte: Autoria própria (2014). É possível observar que a competência capacidade de se relacionar foi percebida por mais alunos, especialmente durante as vivências do rafting e do SUP. Este resultado pode indicar que o envolvimento com a prática, especialmente no caso do rafting, que necessita do trabalho em grupo, possibilitou a identificação de uma competência que engloba habilidades, estratégias e processos complexos, elemento fundamental para a saúde mental, seja dos profissionais de Educação Física ou de qualquer outra pessoa (OLIVEIRA-MONTEIRO et al., 2012). Neste sentido, ao discutir esta competência, os alunos consideraram a capacidade de se relacionar como sendo imprescindível para o desenvolvimento das atividades práticas da disciplina, principalmente no que se refere ao bom desempenho coletivo. Além disso, um aluno apontou a importância desta competência para o crescimento profissional. A competência liderança foi percebida, predominantemente, na vivência do rafting e do SUP. Nas respostas abertas, os alunos a associaram à necessidade de lidar com as mudanças de forma rápida e a estimular e orientar os colegas a atingirem seus objetivos. Ao focalizar o rafting, Carnicelli Filho (2005) afirma que esta modalidade exige a capacidade de cooperação e de trabalho em equipe, corroborando as percepções dos alunos. A flexibilidade, por sua vez, frequentemente observada nas vivências do rafting, SUP e parkour, recebeu significados importantes, pois alguns alunos apontaram esta competência como necessária para contornar os obstáculos e lidar com situações inesperadas devido ao ambiente imprevisível das atividades de aventura e na natureza, requerendo muita atenção. Neste caso, o exercício da competência flexibilidade os ajudou a superar tais obstáculos e/ou desafios e possibilitou que alcançassem a satisfação advinda das experiências positivas por meio da vivência destas atividades. Um aluno considerou a flexibilidade uma competência importante para o engajamento em novas propostas e para enfrentar desafios. Estes alunos, ainda, estabeleceram maior relação da competência criatividade com a vivência do SUP. Relataram a importância desta competência para planejar e executar atividades que envolvessem todo o grupo no momento da prática. Um aluno observou dificuldades para manifestar esta competência devido à falta de experiência com atividades de aventura. Conforme Marinho (2008), as atividades de aventura podem tanto estimular e despertar a criatividade nas pessoas, quanto atuar como inibidoras da espontaneidade. A autora sugere que a forma de condução pode interferir neste comportamento. Em outra perspectiva, a persistência esteve relacionada a todas as vivências e, até mesmo, nas aulas teóricas. Foi relacionada pelos alunos à insistência para conseguir 107 ultrapassar dificuldades, desenvolver as atividades e atingir os objetivos das aulas. Marinho (2008) ressalta que a ausência das dificuldades inerentes às atividades de aventura pode ser um fator desmotivante, pois os desafios eminentes precisam ser superados. As competências iniciativa e postura pró-ativa, por sua vez, foram identificadas, principalmente, na vivência do SUP, sendo associada à compreensão dos aspectos técnicos (educativos) para a elaboração de estratégias e para a execução de tarefas de modo a atingir o bom desempenho e sucesso. Os alunos ainda perceberam a manifestação de outras competências em todas as aulas, a saber: capacidade de enfrentar desafios; adaptação; atenção; conhecimento; superação do medo; superação de obstáculos; união; interesse; e apropriação do conhecimento. Isto evidencia, conforme Munster (2004), que as atividades de aventura na natureza podem abranger diferentes perspectivas, sejam elas educacionais, de lazer ou, até mesmo, de rendimento. Embora, algumas das vivências oportunizadas aos estudantes do primeiro e do segundo semestre de 2013 tenham sido distintas, alguns resultados acerca da percepção de competências dos alunos do segundo semestre são similares aos dos primeiros. A Tabela 2 apresenta a percepção de competências dos estudantes do segundo semestre. Tabela 2 - Percepção de competências de estudantes do segundo semestre de 2013 nas atividades da disciplina. COMPETÊNCIAS ATIVIDADES DA DISCIPLINA Slackline Stand up paddle (SUP) Surfe Aulas teóricas Capacidade de relacionamento 11 9 10 7 Liderança 6 8 4 2 Flexibilidade 6 8 9 8 Criatividade 3 6 2 2 Persistência 11 10 11 4 Iniciativa e postura pró-ativa 6 6 4 1 Outras (Coragem) 1 0 1 0 Outras (Responsabilidade) 1 1 1 1 Fonte: Autoria própria (2014). Nota-se que, neste caso, o SUP também constituiu uma das vivências em que houve mais estudantes percebendo o exercício de competências profissionais. Além disto, as competências que mais se destacaram também foram a capacidade de se relacionar, a persistência e a flexibilidade, percebidas, neste semestre, principalmente durante a vivência do slackline, seguidas pelo surfe e, na sequência, pelo SUP. Estes alunos associaram a primeira competência às atividades eminentemente práticas, as quais, segundo eles, facilitam a cooperação e o auxílio mútuo; enquanto a persistência foi atribuída à necessidade de aprendizado sobre as atividades de aventura e às exigências físicas impostas pela vivência das mesmas. Assim como os alunos do primeiro semestre, os do segundo, ao perceberem a competência flexibilidade, principalmente nas vivências do surfe e do SUP, e nas aulas teóricas, a relacionaram às mudanças climáticas e ambientais que exigiram a capacidade de adaptação. A manifestação da liderança, da criatividade e da iniciativa e postura pró-ativa foi observada com menorfrequência pelos estudantes do segundo semestre, sendo atribuída, principalmente, ao conhecimento e à experiência prévia com determinada atividade. Essa diferença na percepção das competências em cada semestre, pelos estudantes, pode estar 108 relacionada à motivação dos mesmos, às características de união da turma ou, ainda, pelas características pessoais de cada indivíduo. Diferentemente dos alunos do primeiro semestre, os quais descreveram outros aspectos relacionados à disciplina, considerados por eles como competências, dentre os 13 alunos do segundo semestre, apenas dois alunos perceberam outras manifestações entendidas como competências, tais como a coragem e a responsabilidade. Embora menos enfatizada pelos estudantes investigados, a coragem representa uma importante característica a ser trabalhada nas atividades de aventura, pois, como evidencia Carnicelli Filho (2007), o prazer e o medo estão presentes durante toda a atividade e representam o enredo emocional da aventura, envolvendo tanto aspectos sociais, quanto psicológicos. CONCLUSÃO O cenário ora apresentado, referente às competências observadas pelos formandos em Educação Física, por meio das atividades vivenciadas na disciplina de Esportes de Aventura e na Natureza, mostra-se como uma preparação dos alunos para a atuação profissional, bem como, para a própria formação pessoal. Isto se justifica uma vez que experiências deste teor despertam várias ações e situações, conforme pôde ser observado no relato dos alunos investigados, indo ao encontro do que é preconizado nos estudos sobre as competências (BATISTA; GRAÇA; MATOS, 2007). Destaca-se que o rafting e o SUP foram as atividades nas quais os alunos conseguiram verificar e estabelecer maior relação com as competências profissionais. Este resultado talvez possa estar relacionado ao fato de que o rafting se configura como uma modalidade coletiva e requer maior grau de engajamento do praticamente, envolvendo, assim, maior número de competências. O SUP, por sua vez, é uma atividade mais recente, na qual a maioria dos alunos ainda não tinha vivenciado, além da instabilidade presente na modalidade, necessitando da contribuição dos colegas, seja por meio do auxílio em si ou mesmo por meio de estímulos para continuar realizando e aprendendo, conforme exposto em alguns relatos. Em relação às competências mais enfatizadas pelos formandos, em ambos os semestres, destacaram-se a capacidade de relacionamento, a flexibilidade e a persistência. Estes dados podem estar relacionados às próprias características das atividades de aventura, tais como o risco controlado, a necessidade de rápidas tomadas de decisão, a incerteza do ambiente natural, a necessidade de equilíbrio dinâmico para evitar quedas, a intensidade das emoções e sensações vivenciadas, dentre outras (BETRÁN, 2003; MARINHO, 2004). Ainda, de acordo com Bruhns (2003), estas próprias características intrínsecas das atividades de aventura podem colaborar para uma reflexão e construção de valores pessoais e sociais, fato este que pode apresentar relação direta com a percepção de competências. Diante destas perspectivas, conclui-se que a disciplina foi capaz de possibilitar a percepção de várias competências por meio das atividades de aventura. Embora tenham sido focalizadas determinadas vivências e o estudo tenha sido originado a partir de uma disciplina específica, as contribuições desse processo ensino-aprendizagem poderão contribuir para outras áreas de atuação em que o aluno for atuar. Neste sentido, tornam-se importantes novas investigações, inclusive por meio de outras disciplinas do currículo acadêmico, a fim de explorar a avaliação de competências e as implicações para a formação profissional em Educação Física. 109 REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Ed. rev. e atual. Lisboa: Edições70, 2010. BATISTA, Paula Maria Fazendeiro. Discurso sobre a competência: contributo para a (re)construção de um conceito de competência aplicável ao profissional do desporto. 2008. 591f. Dissertação (Doutorado em Ciências do Desporto) - Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Porto, 2008. BATISTA, Paula Maria Fazendeiro; GRAÇA, Amândio Braga dos Santos; MATOS, Zélia. Competencia: entre significado y concepto. Contextos Educativos - Revista de Educación, La Rioja, v. 10, p. 7-28, 2007. BERNARDES, Luciano Andrade; MARINHO, Alcyane. Esportes de aventura: da prática à especialização. In: PEREIRA, Dimitri Wuo (Org.). Atividades de aventura: em busca do conhecimento. Jundiaí: Fontoura, 2013. p. 19-27. BETRÁN, Javier Oliveira. Rumo a um novo conceito de ócio ativo e turismo na Espanha: as atividades físicas de aventura na natureza. In: MARINHO, A.; BRUHNS, H. T. (Org.) Turismo, lazer e natureza. Barueri: Manole, 2003. p. 157-202. BRUHNS, Heloisa Turini. 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As práticas do Motociclismo Off- Road/Enduro e do Mountain Bike podem estar contribuindo para a descaracterização do ambiente natural na referida região, considerando que territorializamo ambiente natural usufruindo dos recursos naturais existentes. Os residentes compõem um território já estabelecido, produzindo e reproduzindo territorialidades carregadas de sentimento de pertencimento ao lugar. Objetivo: Identificar as representações sociais do ambiente de residentes e de não residentes, estes praticantes do Motociclismo Off-Road e do Mountain Bike no Pico da Ibituruna. Metodologia: Optamos pelo referencial teórico das representações sociais, com enfoque qualiquantitativo, identificado como Discurso do Sujeito Coletivo – DSC. Foram entrevistados grupos distintos: praticantes de Motociclismo Off-Road, Mountain Bike e Residentes Fixos. Resultados: Foi constatado que os sujeitos entrevistados não têm clareza em relação às principais diferenças entre os conceitos de natureza, ambiente, meio ambiente, recursos naturais e recursos ambientais. As relações que os sujeitos entrevistados estabelecem com o meio ambiente no Pico da Ibituruna sinalizam ser o ambiente um mero pano de fundo para a concretização de suas práticas corporais. Foi possível observar uma postura frente ao ambiente que sugere traços de distanciamento entre homem e natureza. Conclusão: Consideramos que através do DSC foi possível desvelar intencionalidades que permeiam tais práticas corporais na natureza em relação à apropriação e uso dos recursos naturais disponíveis na região de abrangência deste estudo. Palavra-Chave: Representação social. Práticas corporais. Ambiente. INTRODUÇÃO O Pico da Ibituruna3 está localizado na região Leste do Estado de Minas Gerais, na cidade de Governador Valadares, com altitude máxima de 1.123 metros do nível do mar e 990 metros do nível do Rio Doce - manancial aquífero que corta a cidade. A região do Pico da Ibituruna é considerada Área de Proteção Ambiental (APA) desde 1992. Como atrativos para o público que almeja a prática dos esportes na natureza observa- se a existência de potencial para a prática do Mountain Bike4 e do Motociclismo Off-Road5, 1 Docente em regime de dedicação integral no curso de Educação Física da Universidade Vale do Rio Doce - rodfilho@hotmail.com. 2 Professora adjunta da Universidade Vale do Rio Doce e pesquisadora pelo Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Gestão Integrada do Território - pdinizfreitas@gmail.com. 3 Ibituruna em tupi-guarani significa Serra Negra ou Pedra Negra. Foi tombado como patrimônio paisagístico pela Constituição Estadual (1989, art.84), e desde 2003, o chamado “Complexo Monumentos do Ibituruna”, que compreende, além do Pico, a Santa e a Capela/pedestal, é tombado pelo município de Governador Valadares (Dossiê de Tombamento enviado para pontuação no ICMS – Patrimônio Cultural - IEPHA/MG, Exercício 2008). 4 Mountain Bike: prática corporal com bicicleta utilizando-se de trilhas e caminhos em ambiente natural; 5 Motociclismo Off-Road: modalidade de esporte onde se utiliza uma motocicleta para percorrer trilhas e caminhos vencendo os obstáculos naturais; 112 além do Trekking1, do Hiking2 e da Escalada em Rocha. Para a prática da Escalada em Rocha já existem Vias Grampeadas3, sendo as mais procuradas localizadas na Comunidade do Brejaúba, onde há um Campo Escola de Escalada, implantado pelo curso de Educação Física da Universidade Vale do Rio Doce em 2003. Para essas modalidades não há no município de Governador Valadares uma Política Pública de Esporte e Lazer estabelecida. JUSTIFICATIVA As questões relacionadas à apropriação e dominação do território instigaram-nos à busca sobre os sentidos que tem o ambiente para aqueles que o utilizam. Isto foi relevante por permitir identificar as intencionalidades com que se apropriam do ambiente natural para satisfazer suas necessidades esportivas, de lazer e laborais, para então entendermos se estas relações estabelecidas com o ambiente são topofílicas4, expressando um sentido de afetividade em relação ao mesmo. OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICO Para tal empreitada nosso objetivo geral foi identificar as representações sociais sobre ambiente de residentes fixos e de não residentes, estes praticantes de Motociclismo Off-Road e Mountain Bike na APA do Pico da Ibituruna. Para cumprir com este objetivo, propusemos os seguintes específicos: (1) Identificar as áreas de propriedade particular e com moradores fixos na APA do Pico da Ibituruna; (2) Identificar e mapear as áreas utilizadas pelos praticantes do Motociclismo Off-Road e do Mountain Bike; (3) Conhecer e comparar as representações sociais sobre ambiente que permeiam os residentes fixos e os não residentes praticantes do Motociclismo Off-Road e do Mountain Bike na APA do Pico da Ibituruna. Nossa hipótese foi a de que essas múltiplas territorialidades observadas na área de inserção deste estudo, além de incorporarem uma dimensão estritamente política em seu bojo, dizem respeito também, como afirma Haesbaert (2005, p. 3), [...] às relações econômicas e culturais, pois está “intimamente ligada ao modo como as pessoas utilizam a terra, como elas próprias se organizam no espaço e como elas dão significado ao lugar”. Neste sentido buscamos dialogar com autores (RAFFESTIN, 1993; HAESBAERT, 2005; SAQUET, 2007; SANTOS, 1987; SACK, 1986) que discutem em profundidade o tema Território, este conceituado por Raffestin (1999) como sendo o espaço no qual há a manifestação das relações humanas, seja ela para qual fim se deseja, estando presente nessas relações aquelas envolvendo o poder. Raffestin (1993) trata com clareza essa questão da diferenciação entre espaço e território, ressaltando que a presença humana no espaço é o fator preponderante. Afirma que território é [...] um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia e informação, e que, por consequência, revela relações marcadas pelo poder (RAFFESTIN, 1993, p. 144). Portanto, território não é espaço, apesar de se apoiar nele para que se concretize como tal. Mas, não é o espaço e sim uma produção a partir do espaço, ou seja, território é construção envolvendo questões relacionadas ao tempo e ao espaço. Faz-se necessário, portanto, enfatizar uma categoria essencial para a compreensão do território, que é o poder exercido por pessoas ou grupos sem o qual não se define o território. 1 Trekking: caminhada com duração de mais de um dia. 2 Hiking: caminhada com duração de um dia, não havendo pernoite como no trekking. 3Vias Grampeadas: caminhos em vertical nas rochas que servem como proteção fixa para a segurança dos escaladores para a prática da Escalada em Rocha. 4 Topofílicas: de Topofilia, termo cunhado por Tuan (1980) que expressa um sentido de afetividade em relação ao ambiente. 113 Poder e território, apesar da autonomia de cada um, vão ser enfocados conjuntamente para a consolidação do conceito de território. Assim, o poder é relacional, pois está intrínseco em todas as relações sociais. Saquet (2007, p. 7) nos coloca que [...] território é conteúdo, meio e processo das relações sociais (onde se fixam as identidades) e das relações de exterioridade (homem- natureza), paisagem na qual se desenvolve o tempo histórico e o tempo das simultaneidades. Em relação ao poder e as relações envolvidas na construção deste, vamos encontrar em Haesbaert (2005, p. 2) a afirmativa de que, [...] território, assim, em qualquer acepção, tem a ver com poder, mas não apenas ao tradicional “poder político”. Ele diz respeito tanto ao poder no sentido mais concreto, de dominação, quanto ao poder no sentido mais simbólico, de apropriação. Vale ressaltar sobre o sentido de apropriação e de dominação aqui utilizados, sendo este à luz de Lefebvre (1986. apud. HAESBAERT, 2005, p. 2 - 4), que diz [...] o primeiro sendo um processo muito mais simbólico, carregado das marcas do “vivido”, do valor de uso, o segundo mais concreto, funcional e vinculado ao valor de troca. De acordo Haesbaert(2005, p. 5), o uso do Território acentua conflitos, estes decorrentes das trocas ocorridas em seu interior. Neste sentido, podemos arguir, para o caso dos esportes praticados em ambientes naturais, como se dão as trocas ocorridas no território? Há disputa de poder no processo de territorialização? No processo de utilização do ambiente natural para concretização das práticas esportivas envolvendo o Motociclismo Off-Road e o Mountain Bike, quais relações são estabelecidas entre os praticantes e o meio ambiente? E mais, em relação à territorialização das trilhas no Pico da Ibituruna para as referidas práticas esportivas, o que é preponderante em relação ao meio ambiente: dominação ou apropriação em relação ao lugar? Nessa linha de raciocínio, Gomes (2010), vem contribuir com as discussões sobre a apropriação e dominação dos ambientes naturais pelas práticas corporais em ambientes naturais, discorrendo de maneira a chamar às responsabilidades entusiastas, turismólogos, profissionais de Educação Física e demais personagens envoltos no contexto dessas práticas, afirmando que: [...] A procura pelos paraísos naturais, provocada, principalmente, pelo turismo de massa, altamente depredatório, incrementado muitas vezes por atividades físicas e esportivas de aventura na natureza, causaram danos incalculáveis. Grande parte dos esportistas, turistas e grupos em busca de lazer passaram a ser alvo das críticas dos gestores das Unidades de Conservação – UC (áreas naturais protegidas), em função do impacto causado ao meio ambiente através de suas práticas. Com isso, todos os professores de Educação Física, turismólogos, agentes de viagem, esportistas e turistas passaram a ser mal vistos, inclusive aqueles possuidores de práticas sustentáveis. Frente a isso, vemos a necessidade de repensar o modelo de turismo, a oferta de produtos, os espaços e o código de conduta das pessoas que fazem uso das UC’s (GOMES, 2010, p. 248). Tendo como pano de fundo a história do homem, no início a configuração territorial se resume ao conjunto das “coisas” naturais, ou seja, tudo aquilo que antecede à chegada do ser humano. À medida que a história da humanidade vai sendo produzida, temporal e espacialmente, por consequência, a configuração territorial também é produzida através das obras dos homens - hospitais, supermercados, edifícios, pontes, portos, aeroportos, parques, cidades, etc. – ao que Santos (1987) denomina “verdadeiras próteses”. Segundo o referido autor, a configuração territorial tem uma relação direta com a produção histórica do território e esta, por sua vez, tem suas relações ao distanciamento do homem da natureza natural. Neste sentido, Santos (1987), afirma que: 114 [...] A configuração territorial criada é cada vez mais o resultado de uma produção histórica, que por sua vez tende a uma negação do homem da natureza natural que é substituída pela natureza humanizada, produzida, e esta produção reflete as intenções do homem no espaço – no passado, no presente e no futuro (SANTOS, 1987, p. 62). Neste estudo, com base na citação acima, quando problematizamos acerca das referidas práticas esportivas no ambiente natural do Pico da Ibituruna, o objetivo é investigar sobre como se dá a relação homem/ambiente natural durante a realização dessas práticas corporais, buscando identificar as intencionalidades para posteriormente, após análises, conhecer como se processam as territorializações dos espaços que envolvem as trilhas e caminhos utilizados pelos praticantes do Motociclismo Enduro/Off-Road e do Mountain Bike, e qual sentido tem o ambiente para estes. Marion e Wimpey (2007), em publicação da International Mountain Bike Association (2007, p. 3-4), que trata dos impactos do Mountain Bike sobre o meio ambiente, afirmam ser esta uma prática nova e que, portanto, ainda não existem estudos científicos que estabeleçam uma relação direta entre Mountain Bike e degradação do ambiente. Ainda em relação às práticas envolvendo o ciclismo no ambiente natural, vamos encontrar em Pickering e colaboradores (2009) um estudo onde fizeram uma comparação entre as práticas do Hiking, Mountain Bike e Horse Riding com o objetivo de identificar os impactos provocados por estes no solo e na vegetação das trilhas e caminhos por onde passam, a seguinte conclusão: Impactos biofísicos decorrentes das práticas das caminhadas são mais pesquisados do que aqueles provocados pela prática da cavalgada com cavalo e o mountain bike. Há impactos em comum a todas as três atividades, embora as diferenças na severidade do impacto, com passeios a cavalo apresente maiores impactos por usuário do que caminhadas. Para mountain bike, é difícil avaliar os impactos relativos como há pouca pesquisa nessa direção, principalmente através de métodos experimentais quantitativos e estilos de pilotagem mais realistas. Há impactos da atividade específica que podem prejudicar o meio ambiente, mas é necessária mais investigação. Esperamos que este comentário ajude os gestores, pesquisadores, usuários e organizações de conservação, destacando o que é conhecido, mesmo considerando os resultados atuais das pesquisas nesse sentido, vale ressaltar que ainda há muito mais que precisamos descobrir. (PICKERING et al. 2009, p.7, Tradução nossa). No caso específico da modalidade Mountain Bike, de acordo com os referidos autores do estudo citado acima, percebe-se ser difícil avaliar essa relação entre a prática da modalidade e os impactos ambientais provocados pela mesma, isso decorrente de questões envolvendo o estilo de pilotagem de cada um dos ciclistas, o que pode vir a ser um fator de aumento da complexidade para estudos futuros, uma vez que cada um dos praticantes utiliza as trilhas e caminhos a seu modo, neste caso para suprir suas necessidades físicas e de lazer. Em relação ao motociclismo Enduro/Off-Road, Stokowski e LaPointe (2000) também afirmam ser esta uma prática relativamente nova, crescente nas três últimas décadas (séc. XX). Porém, estudos já identificaram que esta prática esportiva apresenta severas alterações ambientais nas trilhas acompanhadas por significativa erosão e compactação do solo reduzindo a qualidade das trilhas e que, portanto, [...] requerem medidas de gestão avançadas para desenvolver e manter seguro a qualidade das trilhas (STOKOWSKI e LAPOINTE, 2000, p. 20). 115 No entanto, o crescimento dessas práticas trás a tona uma nova discussão: os esportes de aventura na natureza trazem como consequências a preservação ou a degradação do meio ambiente? De acordo com Marinho (2001) essas atividades produzem: (...) uma definição bastante reduzida da natureza. Esta, por sua vez, passa a ser encarada como um mero local de atividades, cujo propósito é limitado a servir as necessidades dos praticantes que procura satisfação e prazer. A natureza, levada, então, a um segundo plano é redefinida como um ambiente coincidentemente útil e agradável, atrativo e conveniente para as atividades esportivas. O conhecimento e a proteção ambiental, nesse contexto, parecem ser irrelevantes. (MARINHO, 2001, p. 144). As territorializações nos ambientes naturais através das práticas corporais envolvendo os esportes na natureza, conforme afirmam Teixeira e Marinho (2010), necessitam vir à baila através de discussões que atinjam além do senso comum do consumo. METODOLOGIA Como referencial teórico utilizou-se a Teoria das Representações Sociais, buscando dialogar com autores como Moscovici (1976, 1996, 1998, 2003), Jodelet (1984, 2002), Horochovski (2004), Duarte (2009) e Sá (1998). Segundo Moscovici (2003), as representações sociais são fenômenos complexos, sempre ativos dentro da vida social, dada a dinamicidade de suas dimensões, formas, processos e funcionamento. Seguindo por essa linha de raciocínio, compreende-se que as representações sociais são, por um lado, sistemas que registram nossa relação com o mundo e com os outros, orientando e organizandoas condutas e as comunicações sociais. E por outro, interferem nos processos, diversificando a difusão bem como a assimilação dos conhecimentos produzidos, possibilitando o desenvolvimento individual e coletivo, a definição das identidades pessoais e sociais, a expressão dos grupos e as transformações sociais. Para o enfoque qualiquantitativo foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo – DSC, desenvolvida e proposta por Lefevre (2010), fundamentada na Teoria da Representação Social e seus pressupostos sociológicos, através da qual se chega a um discurso síntese elaborado com partes de discursos semelhantes, em torno de um tema central, reunidos em um só discurso. A opção pelo DSC se deu por tratar-se de uma técnica onde a tabulação e organização de dados qualitativos possibilitam resolver um dos grandes impasses da pesquisa qualitativa, uma vez que permite agregar depoimentos sem reduzi-los a quantidades, para tanto seguindo procedimentos sistemáticos e padronizados. O estudo levou em consideração a Resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) através do parecer 381.166. RESULTADOS E DISCUSSÕES Por meio de quatro perguntas distintas: 1: Tem sido muito discutida questões relativas ao Meio Ambiente. Para você, o que é Meio Ambiente? 2: Quais questões você julga mais importantes para discussão sobre esse tema? 3: Que relações você estabelece com o Meio Ambiente no Pico da Ibituruna em suas práticas? 4: Como você vê a maneira com a qual as pessoas, que frequentam o Pico da Ibituruna, se relacionam com ele?) buscou-se identificar o 116 DSC que compõe cada uma delas, chegando assim ao desvelamento das territorialidades protagonizadas nas trilhas e caminhos existentes no Pico da Ibituruna, utilizadas para tal fim. Foi constatado que os sujeitos entrevistados não têm clareza em relação às principais diferenças entre os conceitos de natureza, ambiente, meio ambiente, recursos naturais e recursos ambientais. Estes se demonstram confusos, por exemplo, quanto à diferenciação entre natureza e ambiente. Para se ter uma ideia mais clara em relação a esta “confusão” de conceitos, durante a realização do estudo piloto constatou-se ser de bom tom utilizar a terminologia meio ambiente ao invés de ambiente, uma vez que os sujeitos entrevistados, em todas as categorias, questionavam se a pergunta fazia referência a meio ambiente ou a ambiente, e neste caso, de qual ambiente nós gostaríamos que ele tratasse. No que tange às questões mais importantes em relação ao tema meio ambiente (lê-se ambiente), os sujeitos da pesquisa demonstraram preocupação com a questão da preservação, dentre outras tais como o desmatamento na região e a questão da água. Em relação a estas é marcante a presença da característica de “transferência de responsabilidade”, ou seja, o sujeito entrevistado sempre coloca o problema da falta de preservação, do desmatamento e da água, como sendo algo que decorre da falta de cuidado do outro. Além disso, ele próprio não identifica sua parcela de responsabilidade e contribuição sobre os problemas listados, tão pouco as consequências decorrentes de suas ações no ambiente que frequenta. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para fazer frente a carência em relação aos saberes sobre questões ambientais acreditamos ser necessário o desenvolvimento de um processo contínuo de educação para o uso racional e consciente dos recursos naturais existentes, e que este seja capaz de distinguir com clareza e firmeza quais deles estão disponíveis para o uso e destinação às práticas corporais em ambientes naturais. Para tanto, acreditamos ser emergente a execução de um Plano de Manejo na área de inserção da APA do Pico da Ibituruna, constituída desde 1983 sob o efeito do Decreto 22662, de 14/01/1983. Interessante ressaltar que, tecnicamente, para se criar uma APA o Plano de Manejo a antecede. Sobre as relações que ele (os sujeitos entrevistados) estabelece com o meio ambiente no Pico da Ibituruna em suas práticas fica claro para nós que o ambiente em questão não passa de mero pano de fundo para a concretização de suas práticas corporais. O caráter funcional é marcado por relações de puro e simples consumo dos recursos naturais, mesmo no âmbito dos residentes fixos que se demonstram preocupados com a preservação no sentido de “até quando poderão continuar usufruindo de tudo aquilo que a natureza colocou à disposição do homem para ele sobreviver na terra”. Em relação aos praticantes de Motociclismo Off-Road/Enduro e Mountain Bike, podemos afirmar que o ambiente natural no Pico da Ibituruna é para eles mais um palco destinado aos espetáculos que protagonizam com suas motos, bicicletas. O ambiente em si não é enxergado como tal pelos sujeitos envolvidos, trata-se de mais um recurso disponível aos desejos e necessidades do homem. As preocupações dos praticantes, bem como dos Residentes Fixos, estão primeiramente voltadas ao consumo direto daquilo que, segundo eles, está disponível na natureza, o que vem corroborar com nossa hipótese de que estes frequentadores e consumidores do ambiente natural na região do Pico da Ibituruna não estabelecem, em primeira instância, relações afetivas com a natureza e seus recursos existentes. Parece-nos que “usar” é a ordem hegemônica no espaço. 117 Quanto inqueridos na entrevista sobre como o outro, que também frequenta o Pico da Ibituruna, é visto por ele, identificamos que estes são percebidos como mal educados, que contribuem para a destruição daquilo que ainda resta de natural na região deste estudo. Neste sentido, demonstram preocupação com a educação ambiental do outro, porém não se coloca como sujeito ativo nesse processo passando uma imagem de que são conhecedores de como lidar e cuidar do meio ambiente, e afirmam fazê-lo nas relações que estabelecem com o espaço. Fica claro que os sujeitos envolvidos neste estudo não estabelecem relações de topofilia em relação aos recursos naturais existentes no Pico da Ibituruna; As relações existentes entre os sujeitos dessa pesquisa, principalmente aqueles praticantes dos referidos esportes na natureza, e o meio ambiente no Pico da Ibituruna possuem traços marcantes de um consumismo exacerbado dos recursos naturais; A apropriação, bem como dominação dos ambientes naturais existentes no Pico da Ibituruna tem ocorrido de maneira desordenada, sem controle. Portanto, entendemos ser pertinente para o momento sugerirmos a necessidade emergente de se desenvolver um Plano de Manejo, Regulação para o Uso e Processo de Educação Permanente dos frequentadores do Pico da Ibituruna, afim de que os recursos naturais ainda existentes não cheguem a sua exaustão. REFERÊNCIAS DUARTE, S. J. H. Opções Teórico-Metodológicas em Pesquisas Qualitativas: Representações Sociais e Discurso do Sujeito Coletivo. 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São Paulo: Difel, 1980. http://dx.doi.org/10.5016/1980-6574.2010v16n3p536 120 ATIVIDADES ANIMICAS E AVENTURA: ANÁLISE DO POTENCIAL DA TRILHA ECOLUDOFILOSÓFICA COMO ESTRATÉGIA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Ivana de Campos Ribeiro1,2,3, Gisele Maria Schwartz2,4, Carolina de Souza Rodriguez2,3,5, José Pedro Scarpel Pacheco2,6, Caroline Valvano Schimidt2,6, Leandro Jacocassi2,6, Fernanda Lopes Andrade2,6 1Doutora em Ciências, 2LEL - Laboratório de Estudos do Lazer, Depto. de Educação Física, UNESP - Rio Claro, 3IBEV – Instituto Brasileiro de Educação para a Vida, 4Livre Docente, 5Especialista em Educação Ambiental, 6Graduando ivana.ibev@gmail.com RESUMO Este estudo, de natureza qualitativa, teve por objetivo analisar o potencial das atividades anímicas (AA) desenvolvidas durante a vivência referente às Trilhas Ecoludofilosóficas como estratégia para a educação ambiental. Esta atividade envolve aspectos interdisciplinares, desenvolvidos com base em trilhas interpretativas, inserção de atividades lúdicas e de aventura aliadas a reflexões de caráter filosófico. Todos esses recursos são considerados atividades anímicas, por proporcionarem experiências físicas, emocionais e psicológicas de grande impacto emocional, contribuindo para alteração de estados de ânimo e de atitudes. As atividades foram oferecidas para grupos de visitantes, em UC, Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (Rio Claro, SP), em uma RPPN urbana (Rio Claro, SP) e um uma reserva particular urbana (Rio Claro, SP). A amostra intencional respondia a um questionário misto, aplicado após as atividades. Os resultados indicam que as atividades anímicas, de ordem afetiva, despertaram grande teor de satisfação aos participantes. Sugerem-se novos estudos aliando as atividades de ordem racional ou cognitivas, em forma de palestras e cursos, com as anímicas, no sentido de ser promover estratégias significativas voltadas à Educação Ambiental. Palavras chave: Atividade de aventura Atividades anímicas, Educação ambiental. INTRODUÇÃO A Educação Ambiental, área de pesquisa liderada inicialmente por biólogos, vem, nas últimas duas décadas, agregando as mais diversas áreas da ciência, evidenciando seu caráter inter e transdisciplinar (GUIMARÃES, 2004; MENDONÇA; ZIZMAN, 2003). Entre elas, a Educação Física, vem colaborando, entre outras, com as teorias e pesquisas envolvendo o corpo, o lúdico, o lazer e a aventura e a relação humana com a natureza, a exemplo de Bruhns (2000), Marinho (2005), Chao e Silva (2011), Figueiredo e Schwartz (2013) e Ribeiro (2005, 2011). As atividades em contato com a natureza têm sido largamente utilizadas como instrumento de Educação Ambiental, numa área de interface com a chamada Educação ao ar livre (SAUVÉ, 2005). Dentro desta linha de atividades de aventura, podem-se destacar as trilhas interpretativas, por meio das quais, embora sejam favorecidas as experiências sensoriais (visão, aromas, texturas e sons), seu foco é a associação do que é sentido com argumentações de ordem conceitual acerca de morfologias, fisiologias, nomes científicos, enquadramento e dinâmicas sistêmicas (endemia, papel naquele ecossistema, usos medicinais, sistema hídrico, fragilidades e riscos, etc.). No contexto do lazer, as trilhas são organizadas de forma a serem consideradas como atividades de aventura, uma vez que reiteram aspectos relevantes do contato com o ambiente natural, sendo desenvolvidas com risco controlado e 121 favorecendo emoções diferentes do cotidiano (DE PAULO FIGUEIREDO; SCHWARTZ, 2013). Considera-se que as atividades de aventura envolvem aspectos que podem caracterizá- las para além de uma atividade ligada ao turismo, ao lazer ou à educação, por guardar em si aspectos biopsicossociais indispensáveis à compreensão da própria palavra aventura (do latim adventūrus ou, que advirá). Neste sentido, pode-se considerar que tais atividades geram expectativas, uma vez que, considerando-se as atividades na natureza, o elemento surpreso sempre está presente, seja pela possibilidade de envolvimento com locais desconhecidos, pelas mudanças naturais nestes ambientes que se transformam em função da estação (seca e chuvas), pela irradiação solar, ou pela própria dinâmica do sistema, que está sempre a se modificar. Todos estes aspectos biofísicos sempre remetem a algo diferente, tanto para quem já conhece a área, como para aqueles que experimentam as atividades em determinado espaço pela primeira vez, trazendo, em ambos os casos, a sensação de desafio. Esse desafio, no sentido psicológico,pode proporcionar prazer, uma vez que estaria atrelado à sensação de liberdade proporcionada pela possibilidade de superação pessoal, a qual teria, em sua base, a superação de medos (MACKENZIE et al, 2013), os quais variam de acordo com o perfil de cada participante em relação a cada atividade. Ao associar as atividades de aventura à Educação Ambiental ao ar livre e às atividades anímicas pode-se colabor sobremaneira para a promoção da formação de valores proambientais, especialmente relacionados à proteção do meio ambiente. Esta afirmação tem como bojo que o bem-estar promovido durante estas atividades, especialmente proporcionados pelas atividades anímicas, também estimulam a percepção e sensação da importância de estados de harmonia, representando uma perspectiva excelente para a reflexão sobre valores na relação ser humano-natureza (MARINHO; SCHWARTZ, 2005). A importância das atividades anímicas A promoção de vivências baseadas nos estímulos das AA, como aquelas que alteram o humor e facilitam o aprendizado (RIBEIRO, 2004) e das atividades expressivas, como aquelas que favorecem a expressão das emoções (MOREIRA; SCHWARTZ, 2009; WANZER; FRYMIER; IRWIN, 2010), pode representar um caminho para o contato mais íntimo com o próprio corpo, podendo abrir novas possibilidades de reflexão sobre atitudes e valores. De forma subjetiva, o sistema límbico, sede das experiências afetivas, pode associar sensações agradáveis ao conteúdo cognitivo, assim como também, ao contrário, poderá gerar uma associação negativa, não apenas com a experiência ao ar livre, mas estendendo-se às demais experiências ligadas à natureza (WILSON, 1994). Além disso, a oferta dessas atividades colabora para que o ser humano direcione o olhar para si mesmo, para seus sentimentos e sensações. Neste sentido, a natureza se transforma em parceira para exercícios de sensibilização. As atividades anímicas auxiliam na superação pessoal, promovendo a elevação da autoestima, uma vez que colabora na superação do medo, no alívio dos níveis de stress e na disposição para o enfrentamento das adversidades cotidianas, entre outros aspectos (PEREIRA, 2013). Já no aspecto social, favorece novas possibilidades de relações interpessoais e, consequente, aumenta os laços de amizade, uma vez que é comum que estas experiências sejam compartilhadas. Para que o sucesso destas atividades seja efetivo, Ribeiro (2004, p. 34) sugere que este tema seja abordado com base nas seguintes observações: [...] consolidar uma maior exploração dos órgãos dos sentidos, através de contato com elementos naturais ou com a própria natureza de forma que as 122 mensagens sejam experienciadas pelo corpo todo; Ter o corpo como ponto de partida, desenvolvendo analogias com outros ecossistemas, inclusive o urbano e seus aspectos socioambientais, reconhecendo suas interdependências e influências mútuas; Favorecer a percepção de que tudo que acontece no universo acontece em nosso corpo e vice-versa; Explorar igualmente conteúdos cognitivos e afetivos de informação; Utilizar uma vasta gama de instrumentos didáticos como as atividades anímicas para atingir os itens anteriores, utilizados como instrumentos que informam sobre a dinâmica dos ecossistemas e seus problemas, além de promoverem ações regeneradoras do equilíbrio interior, social e dos ambientes naturais e construídos. Ocorre que, quando se propõem atividades interdisciplinares, como a Trilha Ecoludofilosófica, pode-se envolver vários aspectos relacionados à Educação Ambiental, integrando experiências cognitivas (racionais) às experiências afetivas (sensoriais). Estas últimas podem ser imensamente favorecidas, quando motivadas pelas atividades anímicas (AA). De acordo com Ribeiro (2004; 2011), estas atividades, em função de proporcionarem experiências emocionais positivas e, nesta metodologia representadas por danças de povos indígenas, exercícios lúdicos e de exploração dos sentidos e dinâmicas cooperativas, têm a capacidade de promover associações que colaboram para que aspectos afetivos sejam associados à experiência, estreitando, assim, os laços com a natureza. Esses laços afetivos são importantes para que, segundo Ribeiro (2011), esse processo gere desdobramentos, como o respeito e a conservação de áreas naturais, ou elementos naturais (animais domésticos, plantas, jardins, etc.). Entretanto, especificamente com públicos frequentadores de Parque Estadual e de áreas privadas, ainda não se têm dados referentes à aceitação desta estratégia para o desenvolvimento da conduta pro-ambiental. Isto motivou o interesse desse estudo, em buscar compreender o impacto dessas atividades para esta finalidade. Objetivo Investigar o potencial sensibilizador da Trilha Ecoludofilosófica, especialmente com relação às atividades anímicas, com diferentes públicos, considerando os aspectos de aventura a ela relacionados, como elemento motivador na perspectiva da educação ambiental. Método O enfoque desta pesquisa é de natureza quali-quantitativa, tendo sido desenvolvida por meio de pesquisas bibliográfica e exploratória. May (2004) defende a importância dos dois enfoques, assim como Minayo (1995, p.22), a qual afirma que “[...] o conjunto de dados quantitativos e qualitativos [...] não se opõem. Ao contrário, se complementam, pois a realidade abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia.”. Para o desenvolvimento da pesquisa exploratória, utilizou-se como instrumento para a coleta de dados questionários aplicados após cada intervenção, os quais contavam com perguntas abertas e fechadas. A intervenção consistiu em trilhas na natureza e, ao longo ddessas trilhas, foram desenvolvidos cinco atendimentos a distintos grupos representando a amostra intencional participante do estudo, os quais eram formados por familiares, jovens, adolescentes, crianças e universitários, com faixa etária de 9 a 64 anos. A tempo de duração das atividades variou entre uma hora e trinta minutos a três horas, com percurso entre três e cinco quilômetros. As trilhas foram desenvolvidas em três percursos distintos dentro da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, a Trilha da Lagoa da Embaúba e a Trilha da 123 Saúde e outro percurso adaptado para uma pequena mancha de Cerrado, uma reserva na área urbana, todas na cidade de Rio Claro/SP. Vale lembrar que o objetivo desta trilha foi o contato físico e sensorial, a partir de exercícios e atividades lúdicas, além da inserção de momentos para explanação conceitual sobre as áreas (ecologia dos sistemas em questão) e debate filosófico. Após a vivência, aplicação do instrumento e de posse das respostas dos questionários, os dados foram analisados descritivamente e apresentados em porcentagens, para melhor visualização dos resultados. A metodologia Trilha Ecoludofilosófica foi criada a partir de uma vivência desenvolvida por Rita Mendonça, no Parque Estadual da Serra do Mar (Cubatão, São Paulo), intitulada Trilha Ecofilosófica. O acréscimo de atividades lúdicas a essa aventura na natureza, caso das trilhas, trouxe um caráter dinâmico, potencializando resultados positivos até mesmo em locais pequenos e urbanos, sem perder a expressão de aventura, típica das áreas rurais. A trilha Ecoludofilosófica, como o próprio nome diz, une os conceitos da Ecologia (trilha interpretativa), as atividades lúdicas e anímicas (como jogos de sensibilização e brincadeiras) e os aspectos filosóficos quando em determinado ponto, os grupos eram convidados a refletir sobre questões diversas, de acordo com o perfil do grupo, como o ciclo de vida na natureza (BUSCAGLIA, 1882), a especulação imobiliária e os valores humanos, a sustentabilidade e a relação humana com a natureza. Assim, após exploração dos locais, são avaliadas as áreas ideais, com maior potencial para cada atividade, mapeando-se a área e onde cada atividade é associada a determinado “ponto”. A cada ponto, o grupo é convidadoa ouvir as explicações ou participar de atividades anímicas. As trilhas tinham em média 3.000 metros e duração média de duas horas, sendo basicamente divididas nas seguintes atividades: Ponto 1: Apresentação da proposta - trilha ecoludofilosófica; Ponto 2: Dança grupal (tribal) com a apresentação do grupo; Ponto 3: Trecho de Caminhada livre até o Ponto 05; Ponto 4: Caminhada em grupo e parada para observação das espécies até o Ponto5; Ponto 5: Parada 1 - explicações sobre cada uma das espécies; atividade lúdica para aguçar a percepção visual e provocar a retenção das belezas do Cerrado, utilizando para tal a proposta de atividade apresentada por Joseph Cornell - "Câmara fotográfica“ (CORNELL, 1997, p.121); Ponto 6: Observação das espécies deste ponto, com explicações acerca da morfologia, fisiologia, endemia e outras curiosidades sobre as espécies que ocorriam naquele trecho da mata; Ponto 7: Observação das espécies deste ponto, com explicações acerca da morfologia, fisiologia, endemia e outras curiosidades sobre as espécies que ocorriam naquele trecho da mata; Ponto 8: Caminhada em dupla, procurando curiosidades acerca da morfologia do Cerrado, levando os questionamentos ao profissional de Biologia responsável; Ponto 9: De volta à “sala de aula ao ar livre”, fez-se um debate “filosófico” acerca da relação entre a expansão urbana, seus aspectos econômicos, consumo, valores humanos e sobrevivência dos fragmentos florestais e UC na cidade de Rio Claro, situados na Área de Preservação Ambiental (APA) de Corumbataí. Ponto 10: Atividade de despedida: nova dança grupal (indígena); Ponto 11: Aplicação de questionário na “sala ao ar livre”. Resultados e Discussão No que se refere aos resultados da pesquisa exploratória, a avaliação comparativa sobre satisfação acerca das atividades na Trilha Ecoludofilosófica denotou um índice 20% 124 maior para as atividades anímicas em relação às atividades teóricas, embora o contato com a natureza seja, por sua vez, 20% mais alto que as próprias atividades anímicas. De acordo com Santos (2010), a inserção do conteúdo lúdico pode proporcionar maior afetividade em relação ao espaço onde a atividade ocorre. Esses resultados reforçam a importância de se conhecer os elementos de perto, como a vegetação e os animais, além de observar e descobrir características do tema estudado (MENDONÇA; ZIZMAN, 2013). Quando questionados sobre qual atividade prática os participantes mais gostaram, de acordo com os dados, pode-se perceber uma grande valorização das danças indígenas, também chamadas de danças grupais, mencionadas por 50% dos sujeitos. Como citado anteriormente por Ribeiro (2005), essas danças proporcionam integração dos envolvidos, harmonia e alegria que contagiam os participantes. Essas características tornam esta atividade muito prazerosa, podendo contribuir para melhor interesse e envolvimento pelas mesmas (CATIB et al., 2008). Outra atividade que recebeu destaque foi a “Câmara fotográfica”, também citada por 50% das respostas dos participantes. Essa brincadeira faz parte das propostas de Cornell (1997). Mais uma vez evidencia-se boa aceitação das atividades lúdicas no trabalho de sensibilização ambiental, aguçamento e intensificação das percepções. As trilhas de olhos fechados e a trilha percorrida em silêncio, foram bem aceitas pelos sujeitos, com 50% e 30% das respostas, respectivamente. Esse conjunto de atividades que, segundo Silva e Figueiredo (2011) se apresenta como Trilhas interpretativo-perceptivas, ressaltam que elas podem levar o indivíduo a se relacionar mais com ele próprio, com o meio ao seu redor e com o outro, além de explorar os demais sentidos. Os autores ainda afirmam que, além desses objetivos, essas trilhas podem despertar a reflexão e levar o sujeito a se perceber como um possível ator diante os problemas ambientais, possibilitando uma experiência capaz de construir novos valores aos participantes aos seus participantes. Conclusão A avaliação das AA inseridas no âmbito das atividades de aventura e associadas ao contexto educativo se mostram eficazes, na visão da população alvo do estudo, não apenas como facilitadores do aprendizado, como também por serem importantes para a conscientização e internalização de valores pró-ambientais. Esses valores são facilitados também pelas reflexões (aspectos filosóficos) acerca do modo de vida humano, em alguns casos, na confrontação entre os atuais sistemas de produção e a sustentabilidade, a relação ser humano-natureza (indígena/urbano) ou, como na “história de uma folha”, sobre os ciclos da vida. As atividades anímicas acima de tudo, neste contexto da aventura, lembrando Carnicelli, Schwartz e Tahara (2010), podem colaborar para a superação do medo, afirmando seu caráter psicológico e ratificando sua contribuição para melhorar a autoestima e as relações sociais, decisivos para ampliar as perspectivas de desenvolvimento do comportamento pró- ambiental. 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O método utilizado foi baseado no registro autobiográfico e discussão de casos selecionados da experiência do próprio autor, procurando relacionar os conhecimentos físicos, tendo em vista a melhoria da abordagem técnica e científica dessa atividade de aventura. Foram identificados seis casos, ricos em detalhes técnicos e que apresentaram situação de maior risco e adversidades ao piloto, destacando no presente artigo apenas um deles. Observou-se que as situações foram de riscos decorrentes da falta de aplicação de conhecimento físico: velocidade relativa, trocas entre energia potencial e energia cinética, e vice versa, centro de gravidade e de massa, e ponto de referência. Destacaram-se os pousos maus concluídos, resultado do entendimento errôneo da amplitude da velocidade relativa observável, próxima ou distante do referencial. Neste aspecto, ao relatar a própria prática, relacionando os conceitos físicos envolvidos, observou-se assimilação de corretas técnicas de pilotagem, como se veio a demonstrar nos subsequentementes experimentos-pouso. Desse modo o licenciado em física, descobriu nuances sutis de conceitos físicos envolvidos na dinâmica do voo livre, conceitos cruciais para diagnosticar os porquês, que deflagraram os acontecimentos adversos, fornecendo elementos de aprendizagem e sugestões para a formação continuada de pilotos. 1. INTRODUÇÃO Sendo praticante de vôo livre, modalidade asa delta há 24 anos, no decorrer desse período eu pude sobrevoar diversos lugares, ver paisagens incríveis, experimentar boas emoções, fazer uma “infinidade” de amigos, ver e apreender no geral “panoramicamente” a majestosa e maravilhosa magia da vida na sua biodiversidade. Durante os voos realizados situações prazerosas foram constantes. Entretanto houve exceções; nem sempre foram “ventos favoráveis”; pois aconteceram alguns acidentes e incidentes na prática desse esporte. A visão de toda essa riqueza e deslumbre, foi contraposto por ocasiões em que imperou o fator risco. Procurando realçar os bons momentos e minimizar os problemas, buscou-se motivação para se aprofundar no conhecimento da correta prática desse esporte. Paralelo à motivação e devoção ao esporte e o interesse pelo conhecimento físico, aproximei-me do curso de Licenciatura em Física. Ao final desse processo, deparei com o momento em que tínhamos que concluir nossa formação acadêmica e elaborar um tema investigativo, surgiu assim a possibilidade de juntar essas duas paixões, Vôo livre e Física. Perguntas surgiram: como unir essas duas motivações, o “eu-estudante” de física e o “eu-praticante” desse esporte radical. Quais eram as causas desses acidentes e situações adversas? Será que foram frutos de um desconhecimento de conceitos físicos? 128 Ao mesmo tempo, estava encantado e seduzido pela temática da formação continuada e o contato com as narrativas autobiográficas. (JOSSO, 2004; FREITAS; GALVÃO, 2007). Surgindo assim, um caminho teórico-metodológico a ser seguindo. O recurso à narrativa autobiográfica inscreve-se na ideia de que, ao narrarmos episódios com significados, os analisaremos de uma forma contextualizada, tentando que essa análise ponha em evidência emoções, experiências ou pequenos fatos marcantes, dos quais antes não nos tínhamos apercebido. (FREITAS; GALVÃO, 2007). A prática de modalidades de atividades de aventura na natureza é um assunto que vem sendo bastante estudado, principalmente nos campos da educação física e motricidade humana. (PEREIRA, ARMBRUST e PRADO, 2008). No caso do voo livre vemos os estudos de Pimentel (2006, 2008), Dias e Alves Jr. (2007) e Paixão et al. (2010), sendo que estes últimos autores destacam a questão dos riscos nesse tipo de atividade. Do ponto de vista de livro-texto sobre a prática de voo livre destaca-se a produção “Voando com consciência, Voando com Ciência” de Stoeterau (2000). (...) as vivências diárias numa dada modalidade podem levar à banalização desses elementos por parte do praticante, transformando-se em elementos sensoriais ordinários. Essa situação poderá implicar negativamente na prática das modalidades de esporte de aventura como, por exemplo, a manutenção da integridade física e emocional do praticante. (PAIXÃO et al., 2010). No decorrer das leituras, alguns assuntos detiveram minha atenção. O vôo livre é sem dúvida um esporte que causa aos seus apaixonados praticantes uma sensação “mágica”, por outro lado, é uma atividade de alto risco. No entanto, a excitação e a adrenalina acabam propiciando a superação da sensação de risco. Como atividade de aventura na natureza, o vôo livre está relacionado a incertezas, interface com o meio selvagem, tendência de risco e desafio, liberdade proporcionada pela aventura e preparação rigorosa da segurança antes e no momento de suas ações práxicas. (RAMOS, 2003, citado por PIMENTEL, 2008, p. 14). Essa colocação reforçou mais a urgência de buscar o fator segurança. Percebeu-se que no contexto do estudo do voo livre, a procura por uma forma mais descritiva da própria experiência de vida permitiu ao piloto/pesquisador uma sensação de estar inserido e vivenciando como uma espécie de simulador de voo. Isso me estimulou a assimilar e aprofundar o conceito teórico por meio da analise de minha própria experiência pessoal, como também compreender e teorizar a respeito da “formação experiencial”, um dos conceitos- chaves das “Experiências de Vida e Formação” segundo descritas em Josso (2004). O processo de registro dos relatos autobiográficos seguiu pelos caminhos propostos por Josso (2004), tendo em vista a perspectiva do “caminhar para si”. Munidos desse aparato teórico nasceu a presente pesquisa, que procurou responder as perguntas: por que e como evitar a ocorrência de uma cadeia de eventos desfavoráveis para a prática correta e segura do esporte de vôo livre. Dessa maneira, selecionaram-se seis casos de voo, abrangendo decolagem, percurso e pouso, mais ricos em detalhes técnicos e que envolvessem conceitos físicos relacionados com a dinâmica de voo. No decorrer da pesquisa, após o exercício de relembrar os casos, o “caminhar para si”,sentiu-se necessidade de encontrar respostas para os pousos mal 129 concluídos, confirmando conceitos e corrigindo erros. Para isso foram realizados três experimentos, que intitulamos “experimentos-pouso”. 2. OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi de identificar e analisar casos específicos de situações da prática de vôo livre utilizando o método de relatos autobiográficos e verificando os conhecimentos físicos envolvidos, de modo a corrigir erros e melhorar a segurança na atividade. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Levantamento bibliográfico e por meio eletrônico Os dados de pesquisas anteriormente publicadas foram obtidos em bibliotecas e por meio eletrônico a partir do uso de palavras-chave, tais como: voo, voo livre, asa delta, aerofólio, narrativas autobiográficas, atividades de aventura na natureza. Entre as fontes de dados consultados estão as publicações da Associação Brasileira de Vôo Livre, juntamente com os dados obtidos através da Federação Paulista de Vôo Livre (FPDV) e nos buscadores tradicionais como Google Acadêmico, Scielo, entre outros. 3.2 Relatos autobiográficos e narrativas visuais Tendo como base o estudo realizado por Josso (2004), que destaca a importância do relato autobiográfico como forma de registro das experiências de vida e formação, a presente pesquisa de caráter qualitativo foi desenvolvida a partir da retrospectiva da própria prática de vôo livre; na qual se procurou registrar de forma autobiográfica e reflexiva os diversos momentos dessa atividade de aventura, identificando sob o olhar da Física, com suas leis e conceitos toda a dinâmica envolvida. Adotou-se uma fórmula cronológica para apresentação de seis casos selecionados entre 277 vôos realizados no período entre 1990 e 2013. A análise desses casos permitiu introduzir pouco a pouco, as reflexões e observações de cada caso, tendo em vista os momentos que foram mais marcantes e mais significativos de situações de risco, nos quais os conhecimentos físicos envolvido eram fundamentais. As etapas da pesquisa seguiram os seguintes passos: busca de dados no diário de vôo, processo de relembrar, processo de transcrição e descrição da situação, busca de fotografias e imagens relacionadas, análise da situação resgatada, análise do conhecimento físico envolvido, processo de elaboração das recomendações aos praticantes. As imagens foram escolhidas e utilizadas de forma a compor narrativas visuais que complementavam o texto descritivo. Utilizou-se como referencial para esse tipo de estratégia o trabalho desenvolvido Figueiredo (2010), versando sobre cavernas. Os casos foram registrados de maneira a expressar quatro momentos distintos: 1º. descrição do caso selecionado; 2º. situação envolvida; 3º. conhecimento físico relacionado; 4º. recomendações aos praticantes. 3.3 Experimento-pouso Sob a luz da reflexão física que nasceu da análise dos seis casos, o entendimento teórico do porquê dos pousos mal concluídos, realizou-se o experimento-pouso durante o andamento da presente pesquisa. 130 Foram realizados 3 vôos experimentais, nos seguintes locais: a) São Vicente-SP (02/02/2013), b) Andradas-MG (30/05/2013), c) São Vicente-SP (12/06/2013). Esses experimentos-pousos forneceram luz para conclusões imprescindíveis sobre a relação entre voo livre e conhecimento físico, auxiliando a união da teoria com a prática. 4. CASOS SELECIONADOS Buscando relembrar toda a dinâmica envolvida em cada caso de vôo selecionado, tomou-se como partida a releitura do diário de vôo elaborado após cada prática, o qual se tornou uma forma de trazer a tona lembranças guardadas sobre o cenário, as emoções e detalhes do vôo específico. Entre os seis casos estudados (Quadro 1), para o presente artigo foi escolhido o caso 1, por ter sido o primeiro dos casos envolvendo situações adversas. Quadro 1- Casos escolhidos para estudo Caso 1: de encontro ao paredão (São Vicente, SP) Caso-2: atravessando uma térmica (Caraguatatuba, SP) Caso-3: excesso de comando (Andradas-MG) Caso 4: interditando o aeroporto (Atibaia - SP) Caso 5: pouso mal feito nos levou ao churrasco (Andradas - MG) Caso 6: raciocinando com a asa trocada (Atibaia, SP) 4.1 Caso 1: de encontro ao paredão (São Vicente, SP) 4.1.1 Descrição do caso Nesse caso o voo tinha como objetivo realizar o que se chama de “vôo prego”, vôo direto ao pouso, ou seja, sem permanência, pois na época tinha somente cinco voos-solo (pós formatura); a ocasião não demonstrava situação de risco eminente, pois o pouso seria próximo. Após a decolagem, afastou-se rapidamente do morro, no entanto a asa perdeu altura também rapidamente, mais do que esperado, ficando muito abaixo da linha de decolagem e aquém da performance do equipamento. A asa seguia rumo ao pouso (diametralmente sentido oposto ao paredão da decolagem); entretanto, em frações de segundo o sentido inverteu, era exatamente o contrário. Em nosso referencial o morro se aproximava perigosamente. O equipamento era um modelo antigo, que não permitia grande margem de erro. Por inexperiência a velocidade de voo era próxima de estol, ou seja, próxima de parar de voar. Durante essa situação fui surpreendido por um gradiente de velocidade do vento na horizontal, mudando repentinamente o sentido, de modo a levar a asa de encontro ao paredão. 4.1.2 Situação envolvida Apesar do ponto de pouso próximo, a situação foi agravada pela perda acentuada de altitude e pela manobra de correção causada pelo retorno indevido da asa em direção ao morro. Entre a decolagem e a aterrissagem existia um obstáculo que era o enfileiramento de prédios da orla marítima. Se deparando com a fileira de prédios a frente a solução rápida escolhida devido à baixa altitude foi passar entre dois desses prédios, algo arriscado, mas era a única solução plausível no momento, pousando na areia da praia junto ao pouso oficial. 131 Apos o vôo ser concluído, pude pensar com calma. Quando o equipamento ia de encontro à parede rochosa, entrei em pânico, não conseguindo raciocinar direito. Essa situação ocorreu devido à falta de experiência. Mesmo assim, fui capaz de responder por reflexo condicionado e executar o comando de manobra, embora no ato não tivesse a mínima consciência do que fiz. No caso em questão poderia ter resultado em um acidente de grandes proporções, tendo em vista que se ocorresse o choque com a pedra, pararia de voar e em seguida cairia em queda livre. Uma vez em queda imediatamente acionaria o paraquedas reserva. Consequentemente poderiam acontecer duas situações: se o paraquedas fosse acionado e não tivesse altura para abrir ou, se o paraquedas abrisse, mas se resvalasse na rocha, poderia ocorrer o embaraçando suas cordas; levando afinal a uma queda de 160 m de altura. A queda dessa altura poderia resultar em um acidente gravíssimo ou até mesmo fatal. Para a minha sorte e espanto dos que assistiam o acontecido, nenhuma das situações descritas tornou-se realidade. A passagem perigosa entre dois prédios não pode ser evitada, mas foi realizada a contento, adicionando ainda mais adrenalina ao processo. 4.1.3 Conhecimento físico Na figura 1 observa-se o Aerofólio (A) utilizado. Sendo de projeto antigo, possuía em seu conjunto um Cross bar Fixo (CbF), barra transversal na figura em cor amarela, conectado diretamente à quilha (cor marrom), tornando-a rígida em termos de ação e reação (Terceira Lei de Newton). Diferente dos projetos atuais em que os Cross bar (Cb) são semiflutuantes para Aerofólio de média performance e flutuantes para os de alta performance, dando uma maior flexibilidade ao conjunto. Sendo assim estas últimas absorvem parte das forças desiguais que vêm de encontro ao Bordo de Ataque (Ba-lado direito) e Ba-lado esquerdo. Essas forças são resultado do gradiente de velocidade horizontal (GvH) que provoca acelerações diferentes ponto a ponto nos Bordos de Ataque (Ba).Figura 1- Como funciona a Asa Delta (Aerofólio A). (Fonte: Escola de Vôo Livre em Asa Delta-SOBREVOAR, 2009). A Asa é considerada em vôo como o conjunto de: A, piloto, equipamento de suporte e de medição; estando esta sem aceleração (sem pressão de barra) portanto sem força atuando no sentido e direção do movimento e também do pouso, ficou sujeita a uma resultante de 132 forças em sentido contrário ao movimento devido GvH; consequência dos obstáculo da orla marítima (prédios, postes, árvores etc.). Para entender o GvH criado no Caso 1; Abaixo da decolagem devido aos obstáculo a frente do deslocamento de ar; Podemos imaginar na figura abaixo, o observador olhando de cima do plano da figura; A região escura seria a projeção no plano de um obstáculo exemplo um prédio, a imagem esbranquiçada representando o fluxo de ar (vento), com suas linhas representando as diferentes velocidade e suas direções, o sentido desse deslocamento da esquerda para a direita na figura 2. Figura 2- Exemplo de situação de Gradiente de Velocidade Horizontal (GvH) (Fonte:www.google.com.br/search?q=gradiente+de+velocidade+de+escoamento&rlz=1C2KMZB_enBR574BR 574&biw=). 4.1.4- Recomendações aos praticantes de vôo livre modalidade Asa Delta. Importantíssimo saber as características do equipamento de vôo em especial a asa, pois só com uso de equipamento adequado ao seu nível de pilotagem poderá executar excelentes vôos com segurança; e ainda mais quando estiver voando em regiões desconhecidas ou mesmo em regiões conhecidas, mas que supostamente devido a topografia podem apresentar situações adversas; é imprescindível voar sempre com certa aceleração (pressão de barra); ou seja com velocidade de maior planeio (Ld) ou um pouco aquém. 4.2 Experimento pouso: caso referencial Josso (2004) destaca que os processos de formação, de conhecimento e aprendizagem são importantes; considerado por ela como parte do processo consciencial; os quais são explorados na “Experiência de vida e Formação”, reforçando o proceder de relembrar. Nesse relembrar, analisa-se de uma forma contextualizada, tentando que essa análise ponha em evidência emoções, experiências ou pequenos fatos marcantes, que não havíamos percebido anteriormente. (FREITAS; GALVÃO, 2007). Foi então que sentimos nesse conjunto uma forma de entender e solucionar o que por anos me afligia, ou seja, os pousos mal concluídos. Consequentemente no tempo de elaboração deste trabalho pesquisa, várias vezes relembramos etapas, momentos, refazendo mentalmente uma visão geral do ritual dos pousos. Numa dessas ocasiões ocorreu a conclusão do que nos levava a realizar a aterrissagem mal elaborada e mal finalizada. Quando o pouso estava sendo finalizado e o vento (fluxo do ar) já próximo ao chão vinha a nosso encontro com grande velocidade no Referencial Terra (Rt), mesmo sendo a velocidade da asa no Referencial massa de ar Rf alta (pouco maior da velocidade LD); a resultante da soma vetorial das velocidades da Asa em relação ao ar (direção e sentido do movimento) e a velocidade do vento se deslocando na mesma direção e sentido contrário ao da Asa esse (deslocamento) tomado no Rt, essa resultante era pequena na nossa visão consequentemente mantínhamos inalterado os comandos implementados na reta final do 133 pouso, assim procedendo mantinha-se a velocidade da Asa em relação Rf ideal, finalizando sem crash (situação de choque ou colisão). Porém quando a intensidade da velocidade do vento que vinha ao nosso encontro, já próximo do chão no Rt era pequena ou quase nula, a resultante da soma vetorial das velocidades ao nosso ver parecia muito grande, desacelerávamos modificando os controles de barra acertados no início da reta final, assim procedendo, a Asa parava de voar em relação à massa de ar se projetando ao solo, nessa situação o crash acontecia novamente. Com base nesse entendimento (Conceito Referencial), o auxílio do gráfico de velocidades (Figura 3), mais aquisição de um velocímetro digital (fornece a velocidade em tempo real no Rf). Fomos a campo testar esse nova forma de ver o ritual pouso. Realizamos três vôos experimentos enfocando os pousos; efetuados em São Vicente-SP e Andradas (MG). Para nossa alegria e satisfação os três pousos foram concluído com exatidão. Figura 3- Relação entre velocidade vertical e velocidade horizontal. (Fonte: SOBREVOAR,2009) Podemos ver na Figura 3 que a Asa Delta quando já estava próxima ao solo a velocidade em relação a massa de ar era de Ld (máxima razão de planeio) ou seja vmax planeio, a componente horizontal era maior e essa se dissipava no atrito entre o ar e o equipamento ate a asa parar; mas quando também junto ao chão o equipamento era desacelerado para vmin, nessa situação a predominância era a da componente de velocidade vertical, a Asa chocava-se com o solo (crash) sem antes dissipar a velocidade horizontal e parar simplesmente. 4.3 Discussão dos resultados O método de “Experiência de Vida e Formação” é uma ferramenta à mais e relevante para implementar a formação continuada, do praticante de voo livre e profissional da área correlata, propiciando um profícuo “caminhar para si”, tal como no sentido destacado por Josso (2004). Nos seis casos analisados aconteceram fatores adversos, constituindo-se em uma cadeia de eventos desfavoráveis, por desconhecimento de conceitos físicos, relacionados com a dinâmica do vôo. Os pousos mal concluídos na prática do esporte anteriores ao experimento-pouso foram o resultado de: mal entendimento de linha de visão do Referencial, ter a consciência de que a velocidade de vôo do equipamento é em relação ao referencial fluido (Rf) e não ao referencial solo (Rs); pois quando o equipamento voava junto ao Chão (Rs) pela proximidade, o piloto acreditava que se deslocava com grande velocidade, velocidade aquém da velocidade ideal de vôo; embora o equipamento estivesse na velocidade ideal em relação ao Rf, sendo desacelerado o equipamento parava de voar e “Creshava” (Ia de encontro ao solo). 134 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se que por anos, as perguntas que foram surgindo após cada voo, relembradas no decorrer dos relatos autobiográficos, embora não estivessem em níveis conscientes, exigiam respostas; tanto do praticante no decurso de 23 anos de prática do voo livre, como do físico no decurso dos últimos cinco anos de estudo. Foi refletido e apreendido que no exercício de relembrar e analisar esses relatos teve- se a oportunidade de vivenciar cada vôo novamente, com a sensação de estar inserido em um simulador de realidade de vôo. Um fator importante que colaborou para uma maior acuidade dos fatos foi que durante este exercício não me encontrava sob a ação da adrenalina, diferentemente de quando estava presente nos voos. Pude assim, enxergar com mais clareza, principalmente com uma visão crítica de auto-observação os fatores norteadores que deflagram os acontecimentos observados em cada caso. Esse novo olhar e entendimento foram resultados da cooperação entre a teoria e a prática, “uma ação práxica” conforme dito por Pimentel (2008). Sob essa visão observou-se, exercitou-se e concluiu-se por intermédio da prática assessorada por reflexões conceituais em todos os detalhes que lhe concerne, foi enriquecida e aprimorada para se constituir em correta e segura prática desse esporte. O físico reviveu conceitos, descobriu nuances sutis de conceitos físicos na dinâmica física aplicada a prática do esporte; também teve contato e assimilou conceitos novos, resultado de pesquisa subsequente na busca de compreender e diagnosticar os porquês de cada caso, resultado da dinâmica de história de vida e formação. Entendemos e aprendemos através da analise de experiência própria. A sermos capaz de resolver problemas através do método da formação continuada, uma das ideias principais da história de vida e formação, elaborada por Josso (2004). Nos relatosautobiográficos, registramos os episódios com significado, analisando cada caso de uma forma contextualizada, fortalecido pelas narrativas visuais. A construção é desenvolvimento dessa proposta investigativa se mostrou apropriada para o presente estudo, constituindo-se em uma narrativa, na medida em que as coletas de dados foram escritas em forma de autobiografias, resgatando os casos singulares de nossa trajetória como praticante de voo livre e suas interfaces na atividade como físico. Abrindo, assim, espaços para novas reflexões, contribuindo para novos vôos. REFERÊNCIAS DIAS, Cleber Gonçalves; ALVES JÚNIOR, Edmundo de Drummond. O voo livre no Rio de Janeiro: uma visão panorâmica. EFDeportes revista digital. Buenos Aires, Argentina: año 11, n. 105, feb. 2007. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd105/o-voo-livre-no-rio- de-janeiro-uma-visao-panoramica.htm. Acesso em 10 maio 2013. ESCOLA DE VOO LIVRE EM ASA DELTA (SOBREVOAR). 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São Paulo: Traço Publicações, 2000. 136 137 OS JOGOS OLÍMPICOS E AS ATIVIDADES NA NATUREZA Raoni Perrucci Toledo Machado Prof. Dr, DEF/UFLA raoni@def.ufla.br RESUMO Para uma modalidade esportiva fazer parte do programa Olímpico, muitas discussões são feitas, acordos políticos são travados, enfim, a visibilidade que se ganha acaba elevando o numero de praticantes, atrai patrocinadores, e dá um grau de reconhecimento a modalidade que não teria de outra forma. Estamos vendo nos últimos 15 anos uma crescente aparição das praticas na natureza nos Jogos Olímpicos, porém, o quadro parece ser inverso, onde o Comitê Olímpico Internacional busca nas praticas na natureza um aliado, possivelmente para sua própria sobrevivência. Este trabalho buscou elementos para fundamentar esta situação, buscando na história do movimento Olímpico, assim como em seus princípios, como que foi formando a “armadilha” em que se colocou, e a forma como está usando as práticas na natureza como sua atual sustentação. Resultados claros ainda não existem, pois este processo está em andamento. Portanto, realizaremos aqui uma análise do quadro, e apontamentos para futuras pesquisas. Introdução “Nada é compreensível ou explicado sem história”, já dizia o Barão Pierre de Coubertin, idealizador dos Jogos Olímpicos da era moderna (COI, 2000, p. 36). Também pudera, foi a influencia das antigas histórias helênicas quem fizeram com que o Barão se empenhasse na recriação deste evento. Entre os anos de 1875 e 1881, uma equipe de arqueólogos alemães realizaram uma escavação completa no santuário de Olímpia, cujas primeiras tentativas haviam sido iniciadas um século antes, e devolveram ao mundo ruínas que passaram quase dois mil anos enterradas entre 5 e 6 metros abaixo do solo. Esse momento coincidiu com uma fase em que Coubertin, pedagogo de formação, fazia estudos sobre a relação das praticas de atividades físicas e dos jogos na educação dentro das escolas, influenciado principalmente pelo trabalho de Thomas Arnold na escola de Rugby. Em sua obra Transatlantic Universities, que escreveu ao visitar os Estados Unidos, observou jovens realizando diversos exercícios de força, e um grande numero de trabalhadores indo realizar praticas atléticas em seus horários livres, e segundo ele (COI, 2000), “isso prova que mesmo o mais extenuante trabalho braçal não substitui o esporte. Aqueles que veem nada mais a não ser movimento físico no esporte podem perceber que um lado interior dele lhes está escapando” (pag. 94). Na mesma época, conheceu o Padre Domenicano Henri Didon, que na abertura de um evento esportivo escolar em Arcueil, disse aos seus estudantes que seu principal lema deveria ser Citius, Altius Fortius, ou seja, mais rápido, mais alto e mais forte. Coubertin, que estava presente nesta ocasião, desde então usou isso como lema do Olimpismo. Resumidamente, este foi o contexto em que o Olimpismo surgiu e os Jogos Olímpicos foram recriados. Para o barão, a filosofia de vida dos antigos helenos era perfeitamente adequada para ser adaptada a vida moderna. 138 Já no final do século XIX, Pierre de Coubertin pode observar que o esporte, apesar de incipiente, estava se organizando para que os atletas pudessem quebrar um recorde, ou que pudessem oferecer o melhor espetáculo possível. Ciente de que este processo de especialização também ocorreu na Grécia antiga, sendo inclusive alvo de critica por pensadores daquela época, o barão durante seu movimento para a recriação dos Jogos, antes mesmo da realização de sua primeira edição, insistiu em seu caráter amador, promoveu debates e instituiu normas para assegurar que isso fosse seguido. Associado a isso, seguindo a linha da educação grega, onde os melhores atletas procuravam realizar a prática com mais dificuldade, a fim de aumentar seu mérito pela vitória, ele dizia que vencer não era o único objetivo, e por muitas vezes sequer era um objetivo, mas sim mostrar seu valor. Ele acreditava que a desonra não estava em ser batido, mas sim em não lutar. Fazer renascer os Jogos não era o único objetivo de Coubertin, mas também de criar um sistema institucionalizado que envolveria atitudes morais dos indivíduos e por consequência, de toda a humanidade, esse era o inicio dos ideais do Olimpismo (COI, 2000). Contudo, o que levou quase um milênio para acontecer na antiguidade não levou nem um século para ocorrer na atualidade. O fenômeno esportivo moderno foi trilhando o caminho que seu idealizador temia. Com o desenvolvimento dos meios de comunicação e da grandeza do espetáculo, o resultado das disputas e seu apelo popular foram chamando a atenção de governantes e patrocinadores para exporem seus “produtos”. A consequente supervalorização da vitória levou os atletas a se especializarem, a se profissionalizarem, e a buscarem métodos, lícitos e ilícitos, cada vez mais desenvolvidos para se chegar ao triunfo, deixando de lado os ideais de seu criador. O esporte foi caindo nessa armadilha criada pela contemporaneidade, ele precisa se tornar um espetáculo interessante de ser assistido, cuja audiência atrairá os patrocinadores que sustentarão sua própria existência