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CAPELATO, Maria Helena. Propaganda Política e controle dos meios de Comunicação. In. PANDOLFI, Dulce. Repensando o Estado Novo. Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1999, p. 167-178. A autora Referência na historiografia brasileira, Maria Helena Rolim Capelato é historiadora, com mestrado e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e livre-docente em História da América Independente pela mesmo Universidade. A obra O livro Repensando o Estado Novo, organizado por Dulce Pandolfi, é resultado do seminário Estado Novo: 60 anos, realizado em 1997 no Rio de Janeiro. Historiadores, antropólogos, sociólogos, cientistas políticos, economistas e juristas se reuniram para analisar esse período da história do Brasil e, a partir desse encontro, surge essa obra que conta com 18 capítulos, dentre os quais “Propaganda Política e controle dos meios de comunicação”, de Maria Helena Rolim Capelato. O texto A autora inicia o capítulo trazendo a informação de que o varguismo, apesar de não poder ser definido como fascista, inspirou-se nos governos nazi-fascistas europeus, especialmente no que tange à propaganda política. A propaganda nazi-fascista era de linguagem simples, imagética e agressiva, no intuito de tocar o coração das massas. No totalitarismo, os meios de comunicação são utilizados para promover uma intensidade de emoções, promotoras de um aquecimento da sensibilidade política. No varguismo é possível notar que as técnicas de manipulação de massas e as formas de organização e planejamento dos órgãos responsáveis pela propaganda política são similares à proposta nazista. No entanto, há algumas características particulares e os resultados também foram diferentes dos alcançados pelos governos europeus. O controle do Estado sobre os meios de comunicação A propaganda política é estratégica para o exercício do poder em qualquer regime, mas naqueles de tendência totalitária ela adquire força muito maior porque o Estado, graças ao monopólio dos meios de comunicação, exerce censura rigorosa sobre o conjunto das informações e as manipula. (CAPELATO, 1999, p. 169) Os organizadores da propaganda varguista eram observadores da propaganda nazi- fascista da Alemanha e Itália, embora nem todos explicitassem sua admiração por esses regimes. A autora cita Francisco de Campos que explica que graças ao surgimento da imprensa de grande tiragem, da radiodifusão, do cinema, a tranquila opinião pública do século passado passou para o estado de delírio e alucinação coletiva, possibilitando que haja multidão sem que haja contato físico. Goebbels, responsável pela comunicação do regime nazista alemão, declarou que “não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um determinado efeito”. Inspirados nessa visão, o governo varguista objetivava conquistar o apoio necessário para legitimar o Estado Novo, oriundo de um golpe. A Constituição de 1937 instaurou a censura aos meios de comunicação, tornando a imprensa um instrumento do Estado e veículo de divulgação da ideologia estado- novista. O DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda -, criado nessa época, era o órgão responsável pela comunicação do governo e também pela repressão e censura. O discurso criado pelo DIP visava criar uma identidade entre o novo regime, o chefe de governo e o país e o povo e para isso utilizava de livros, revistas, cartazes, programas de rádio, radionovelas, telejornais e até filmes de ficção. A partir de 1940, a censura à jornais e revistas se intensificou e todas as “publicações inconvenientes” foram suprimidas. Isso tudo possibilitou que a propaganda oficial alcançasse níveis nunca antes vistos no país. A imprensa e o rádio: principais veículos de propaganda Uma diferença entre o regime varguista e o nazista foi que, aqui no Brasil a imprensa periódica foi considerada mais importante para a manipulação das massas do que o rádio, assim como no fascismo italiano, onde também predominou o uso da imprensa escrita. Mussolini disse certa vez em discurso que “ o jornalismo, mais do que uma profissão, tornou-se uma missão de grande importância porque na época contemporânea, depois da escola que instrui as novas gerações, é o jornalismo que circula entre as massas, encarregando-se de sua informação e formação.” No governo de Vargas, os periódicos não eram apenas censurados em seus conteúdos, mas também eram obrigados a difundir materiais que fossem do interesse do Estado, como discursos oficiais, notícias de atos do governo e fotos do presidente. No entanto, a cooptação dos jornalistas não se deu apenas pelo autoritarismo do Estado Novo, mas também por sua política conciliatória. Vargas atendeu a algumas reivindicações da classe, além oferecer verbas e favores. O programa “A Hora do Brasil” surgiu em 1931 e foi reformulado após a criação do DIP. A primeira radionovela exibida no Brasil, em 1941, era cubana. À época as radionovelas exibidas aqui eram cubanas ou argentinas e de conteúdo apolítico. Apenas o radioteatro era orientado pelo DIP, para produzir peças que romantizassem fatos históricos. A autora conclui que a propaganda política foi um dos pilares de sustentação do poder, mas que não era onipotente, apenas reforçando tendências já existentes na sociedade.
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