Buscar

O Ensino de Anatomia Humana em Educação Física

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

99
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
Artigo original
O ensino de anatomia humana nos cursos
de Educação Física da região metropolitana
de Porto Alegre
The teaching of human anatomy courses in physical education 
in the metropolitan area of Porto Alegre
Bruno Luis Piazza¹
Orientador: Dr. Alberto Reinaldo Reppold Filho²
RESUMO
Esta pesquisa é de caráter descritivo-exploratória e tem por objetivo estabelecer um perfil do ensino da 
anatomia humana nos cursos de Educação Física, da região metropolitana de Porto Alegre. A partir da visão 
dos professores que ministram a disciplina para a licenciatura e bacharelado. Sendo a disciplina de Anatomia 
Humana de caráter básico e imprescindível para a formação de um bom profissional na área da Educação 
Física. Surgindo os seguintes problemas: a falta de contemplação de assuntos importantes por pouco tempo 
disponível para o ensino da disciplina, repetência dos alunos e qual método é utilizado e por que. 
PALAVRAS-CHAVE
Anatomia Humana – Educação Física – Professores – Métodos.
ABSTRACT
This study aimed to establish a profile of the teaching of human anatomy courses in physical education, 
the metropolitan region of Porto Alegre. From the view of teachers that the discipline. As the discipline of 
Human Anatomy character of basic and essential for the formation of a good professional in the field of Phy-
sical Education. Arise the following problems: The lack of contemplation of important issues for a short time 
available for teaching discipline, repetition of the students and which method is used and why.
KEYWORDS
Human Anatomy – Physical Education – Teachers – Methods.
¹Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Escola de Educação Física – ESEF. Curso de Especialização em Cinesio-
logia- 8.ª edição. Abril 2009.
²Doutor em Educação pela Universidade Leeds, Inglaterra, Mestre em Educação pela UFRGS, Licenciado em Educação Física 
pela UFRGS. Atualmente é professor e vice-diretor na ESEF-UFRGS e também professor da pós-graduação Ciência do Movi-
mento Humano.
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
100
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
Introdução
O estudo da anatomia humana vem sendo feito 
há séculos, acredita-se que tenha começado pelos 
egípcios, depois vieram os mesopotâmios se dedi-
cando aos estudos em cavalos, sendo considerados 
os precursores da veterinária, passando por grandes 
estudiosos como: Galeno, Leonardo da Vinci, Miche-
langelo e Andreas Versallius. Porém, o profissional 
atual tende a formar um perfil que misture suas titu-
lações, vivências e experiências profissionais, método 
de ensino e o domínio das tecnologias modernas. 
Na concepção de Weineck (1990), há muitos anos 
os conhecimentos de anatomia humana constituem 
matéria de exame na formação do professor de Edu-
cação Física. Eles são considerados necessários a for-
mação do treinador. Também nas escolas, o seu ensi-
no faz parte da instrução teórica nas aulas de educa-
ção física, contribuindo para a melhor compreensão 
das sequências motoras executadas durante a prática 
dos esportes. De encontro com essas colocações, Ba-
ckhouse e Hutchings (1989) consideram que o apren-
dizado da estrutura anatômica pouco vale sem a visão 
essencial do que ela é, e de como funciona no indiví-
duo vivo normal. Para ser algo mais do que um sim-
ples exercício morfológico, a anatomia precisa viver, 
mover, crescer em tamanho e idade, exibir todas as 
variações evidentes na comunidade e as modificações 
devidas às atividades físicas, doenças e etc. O clínico, 
o cirurgião, o terapeuta, a enfermeira e o educador 
físico, todos precisam ver através da pele do seu se-
melhante, visualizando o que ele acoberta e as ativi-
dades que esconde. Dando ênfase a essa reflexão 
Castro (1985) explica que a anatomia é a parte da 
biologia que estuda a forma e a estrutura dos seres 
vivos, assim como para a Medicina, Odontologia, Far-
mácia, Educação Física, Obstetrícia e etc. Onde inte-
ressa apenas a anatomia entre humanos, sendo de-
nominada anatomia humana. Em certos casos, como 
no curso de Educação Física, a movimentação do apa-
relho locomotor (ossos, articulações e músculos) é 
tão importante, que existe uma disciplina específica 
chamada de Cinesiologia. Ainda sob este enfoque 
Dangelo e Fattini (1997), dizem que a disciplina de 
introdução a anatomia dos mamíferos, compreende 
aspectos da anatomia macroscópica dos sistemas or-
gânicos de mamíferos, com ênfase no homem. Serve 
também para inúmeros cursos onde uma visão geral 
da estruturação morfológica do homem, por siste-
mas, é um pré-requisito para outras disciplinas como, 
por exemplo, a fisiologia. 
Referencial Teórico
Nas colocações de Caritá, Silva, Verri e Castro 
(2007), atualmente várias instituições de Ensino Su-
perior têm experimentado a criação de simulações e 
portais utilizando estes dispositivos como ferramen-
tas de ensino-aprendizagem que valorizam as indivi-
dualidades, buscando estimular idéias, opiniões e 
atitudes onde o aluno exercita sua capacidade de 
aprender a aprender e de aprender a pensar para uso 
destas capacidades, já retidas e amadurecidas, em 
outros contextos. O modelo educacional adotado, 
até então, nas universidades vem se mostrando ine-
ficaz para atender um público que tem tempo limi-
tado para o estudo presencial, porém com disponi-
bilidade para buscar a informação através de tecno-
logias computacionais. Nesse novo cenário educati-
vo as transformações tecnológicas têm propiciado o 
conhecimento atual e futuro, de forma rápida e aces-
sível, a qualquer hora, tempo e velocidade, especial-
mente, através da Internet. Assim, a internet é hoje 
o recurso tecnológico mais utilizado para o ensino à 
distância no âmbito globalizado, apresentando-se 
como um recurso adicional para professores, alunos 
e profissionais de saúde, tornando a educação mais 
interativa e viável, com as informações disponíveis a 
todo o momento para os interessados, com vários 
recursos multimídias (imagens, sons e vídeos). Ape-
sar das inovações anteriormente citadas serem de 
certa forma vantajosas, autores como Filho, Saito, 
Araújo, Fornaziero, Omoto e Borges (2003), encon-
tram desvantagem e explicam que tradicionalmente 
a anatomia humana, disciplina básica da área de 
Ciên cias da Saúde, é estudada por profissionais e 
estudantes da área de três maneiras distintas e indi-
viduais: textos, atlas e cadáveres. Através dos textos, 
as estruturas anatômicas e suas relações são descri-
tas por meio de referências, sendo difícil para o leitor, 
visualizar as complexas relações anatômicas. Os 
atlas, por sua vez, apresentam o conteúdo por meio 
de desenhos esquemáticos ou fotografias de peças 
anatômicas reais. Neste caso, o usuário fica limitado 
101
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
às ilustrações apresentadas pelo autor, que geral-
mente representam a síntese dos principais detalhes 
anatômicos enfocados pelo desenhista, não permi-
tindo o acesso à representação de todos os ângulos 
possíveis e desejáveis ao estudo da anatomia huma-
na. Já os cadáveres são a própria matéria viva e real 
do objetivo do estudo da anatomia humana. Impor-
tantes para as aulas práticas apresentam grandes 
problemas no que se refere à sua adequada conser-
vação e local de acondicionamento, além de serem 
de difícil obtenção. Normalmente, a quantidade de 
cadáveres disponíveis é numericamente insuficiente 
se for considerada a real necessidade do corpo dis-
cente das faculdades e universidades. Além dos pro-
blemas já citados, ainda existe a dificuldade de aces-
so às peças cadavéricas, pois para tal, é necessário o 
acompanhamento técnico dos responsáveis pela sua 
guarda e conservação, ficando o estudante restrito 
aos horários de disponibilidadedos técnicos. Pode 
acontecer de não existir a peça dissecada da maneira 
desejada, assim como a mesma pode estar degrada-
da devido à constante manipulação. Vale ressaltar 
que o acesso a estas peças se limita aos acadêmicos 
que têm a disciplina de anatomia humana. Fora do 
ambiente acadêmico, para aqueles que desejam se 
reciclar, por exemplo, o acesso a estes recursos é pra-
ticamente impossível, a não ser que o profissional 
tenha algum projeto vinculado a uma instituição de 
ensino que os possua. Aliando estas duas formas de 
ensino, Perreira et al (2007) verificaram o ensino da 
anatomia humana no curso de biologia da Universi-
dade de Pompeu Fabra em Barcelona, onde os alunos 
demonstraram um aumento na satisfação do apren-
dizado quando o professor utiliza táticas inovadoras 
de ensino, como a utilização da internet, slides em 
alta definição e outros materiais de multimídia, mas 
sem deixar de lado o quadro negro, os livros e as 
aulas práticas em cadáveres. Desta forma ocorreu um 
aumento da aprovação dos alunos na disciplina.
Dando continuidade aos métodos de ensino, In-
sull, Kejriwa e Blyth (2006), dizem que o ensino da 
anatomia na faculdade de medicina de Auckland na 
Nova Zelândia apontou que os alunos demonstram 
estratégias diferentes para a memorização do ensino 
da anatomia humana. Setenta por cento dos alunos 
utilizam a revisão nas cirurgias de dissecção como 
auxílio na memorização do ensino, outros 30% utili-
zam textos, livros e atlas de anatomia no aprendiza-
do. Na visão de Terrell (2006), o ensino da anatomia 
está se tornando cada vez mais desafiador devido à 
progressiva evolução das missões do ensino univer-
sitário, a população de estudantes, médicos e de cur-
rículos de graduação, conjugada numa escassez em-
piricamente testada com base em provas práticas e 
pedagógicas no ensino médico anatômico e de lite-
ratura, trouxe quase uma duplicação na taxa de re-
petência de alunos na disciplina ao longo de um pe-
ríodo de três anos. O estudo sugere que intencional-
mente com base em diferentes teorias de aprendiza-
gem, precisa-se escolher um método que será o mais 
bem sucedido. Apoiado nessa necessidade de mu-
danças futuras para a melhora do ensino anatômico, 
Mclachlan e Patten (2006) nos dizem que a anatomia 
é amplamente apreciada, estando entre os mais im-
portantes componentes da educação médica. O es-
tudo através de cadáveres dissecados é visto como a 
única característica dos cursos de medicina, no en-
tanto, podemos estar entrando numa época de mu-
danças paradigmáticas, auxiliado por novos entendi-
mentos e novas tecnologias. Num futuro próximo os 
métodos de ensino utilizarão imagens e técnicas de 
simulação para ajudar na melhora da compreensão 
anatômica. Outra colocação sobre métodos de ensi-
no vem dos autores Krych et al., (2005), explicando 
que existem três estratégias comuns utilizadas para 
ensinar a anatomia humana: palestras, descobertas 
ou inquéritos a base de aprendizagem e cooperativas 
de ensino. Uma das formas de aprendizagem coope-
rativa é o chamado ensino recíproco entre pares, ilus-
tra circunstâncias em que os alunos assumem papéis 
de aluno e professor. Ao assumir a responsabilidade 
de ensinar aos seus pares, os estudantes não só me-
lhoram a sua compreensão, mas também desenvol-
vem habilidades de comunicação, trabalho em equi-
pe, liderança, confiança e respeito, que são vitais 
para o desenvolvimento do profissionalismo no iní-
cio de suas careiras. Mostrando uma melhora de 97% 
na retenção do ensino no método recíproco entre 
pares, e 92% na melhora da capacidade de comuni-
cação, tanto na aula teórica quanto na aula prática 
e na argumentação de assuntos para com os outros 
alunos. Seguindo nesta mesma linha de raciocínio, 
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
102
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
Brueckner e Macpherson (2004), da universidade de 
Lexington, Estados Unidos, observaram em um estu-
do uma melhora na aprendizagem da anatomia hu-
mana em grupos de alunos que optaram por uma 
estratégia de estudar em pares, fazendo rodízio em 
cadáveres, em relação a outros alunos da mesma 
classe que não utilizaram o método. Concluindo que 
ao final do estudo 88% dos alunos se mostraram 
satisfeitos com o método de estudo com pares e ro-
dízio em cadáveres, sendo que 44% dos alunos tive-
ram uma melhora em suas notas. Por outro lado, 
Pandey e Zimitat (2007), ressaltam que aprender a 
disciplina de anatomia humana requer algumas es-
tratégias conforme o grupo de alunos de um deter-
minado curso e suas necessidades, destacando que 
para alunos da universidade de New South Wales, 
Sydney, Austrália, do primeiro ano do curso de me-
dicina, a melhor estratégia seria o uso da memoriza-
ção, compreensão e visualização. 
Para uma melhor compreensão sobre os tipos de 
anatomia, vejamos os conceitos de Souza (1982) so-
bre os três tipos em que são baseados os estudos de 
anatomia nas universidades, sendo eles: a anatomia 
sistêmica, sistemática ou descritiva estuda os siste-
mas do corpo humano, cada sistema é um conjunto 
de órgãos que contribuem para uma função especí-
fica. Os sistemas do corpo são: sistema esquelético, 
que compreende os ossos e cartilagens, as uniões en-
tre os ossos e as articulações. Sistema muscular, con-
junto dos músculos esqueléticos que movimentam os 
ossos e articulações. Sistema nervoso, composto pelo 
encéfalo, medula espinhal, nervos, gânglios e os ór-
gãos dos sentidos. Sistema circulatório compreende 
o sistema cardiovascular, coração e vasos sanguíneos. 
Sistema linfático, órgãos produtores e transportado-
res da linfa e fluidos do corpo. Sistema respiratório, 
constituído pelas vias aéreas e pelos pulmões. Siste-
ma digestivo, composto pelo tubo digestivo e glân-
dulas anexas. Sistema urinário, constituído pelos rins 
e vias urinárias. Sistema genital, representado pelos 
órgãos genitais masculinos e femininos. Sistema en-
dócrino que compreende as glândulas sem ducto, 
órgãos produtores dos hormônios. Sistema tegumen-
tar, representado pela pele e tela subcutânea ou hi-
poderme. Anatomia topográfica ou regional: estuda 
as particularidades anatômicas e as relações entre os 
diferentes órgãos em cada região do corpo. Anato-
mia radiológica: é o estudo anatômico dos vários ór-
gãos do corpo através dos raios x.
Estes sistemas de ensino da disciplina de anato-
mia humana variam conforme o estilo do professor 
e a necessidade das diferentes áreas da saúde que 
seus alunos estejam cursando. Segundo Mitchell, 
Mccrorie e Sedgwilk (2004), do hospital-escola em 
Medicina de Londres no Reino Unido, um estudo fei-
to para avaliar se era possível ensinar um mesmo tipo 
de anatomia humana, para uma equipe multiprofis-
sional de alunos, onde participavam alunos dos cur-
sos de: Biomedicina, Medicina, Enfermagem e Fisio-
terapia. Onde ficou concluído que é possível utilizar 
este método, porém ocorreu em alguns momentos 
da pesquisa, uma variância na satisfação do apren-
dizado, pela necessidade específica que cada curso 
precisa contemplar.
Retomando as considerações sobre o método sis-
têmico, Heyling (2002) coloca que o ensino da ana-
tomia humana nos países do Reino Unido e da Irlan-
da, apresentam diferenças no sistema de ensino, sen-
do que a grande maioria das universidades, utilizam 
o método da anatomia sistêmica ou por sistemas, 
variando a ordem dos sistemas de acordo com cada 
pais, trazendo para os alunos, aulas práticas de dis-
secção, demonstradas pelo professor e horas de prá-
tica de literatura sobre o assunto. Baseado neste mes-
mo assunto, Gardner e Osburn (1974) explicam que 
se pode estudar o corpo humano aprendendo-se um 
sistema por vez, independentemente das partes do 
corpo que cada qual possa integrar. O foco de aten-
ção é então o sistema em causa, embora suas partes 
possamse relacionar com as de outros. Esta forma de 
estudo é dita anatomia sistêmica ou sistemática. Ou-
tro acesso à anatomia humana deriva da inspeção 
externa do corpo. Os sistemas não se veem então, 
mas o corpo se apresenta formado por partes carac-
terísticas, como cabeça, pescoço, tronco e membros. 
Cada uma dessas regiões pode ser estudada como um 
todo, por vez, observando-se as partes de qualquer 
sistema que aí se encontrem. Atenta-se à relação de 
um componente para com outro e sua profundidade 
ou extensão, esta é a anatomia regional. Tal explica-
ção é descrita de forma mais sucinta por Basmasian 
(1993) dizendo que geralmente o corpo humano é 
103
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
dissecado por regiões, sendo assim um estudo de ca-
ráter regional. Por outro lado, a anatomia sistêmica 
ou sistemática divide o corpo em sistemas. Seguindo 
nestes conceitos, para complementar, Yokochi e Ro-
hen (1997) explicam que na anatomia regional expõe-
se partes de distintos sistemas, como ossos, múscu-
los, vasos sanguíneos, nervos, vísceras, dentro de 
cada região, como cabeça e tórax. Na anatomia sis-
têmica, cada sistema orgânico é estudado no seu to-
do, componente por componente, cada qual com sua 
vascularização e inervação. O tipo sistêmico de estu-
do é geralmente o usado nos cursos introdutórios e 
quando se correlacionam forma e função, o normal 
com o patológico, etc. O estudo regional é preferido 
para a aplicação clínica e cirúrgica.
Em continuidade com as explicações sobre os tipos 
de sistemas, nos apoiamos em Alves (1962) que con-
sidera a anatomia topográfica é um complemento 
indispensável no estudo da anatomia sistêmica ou sis-
temática. Ela nos ensina a apreciar, numa síntese, os 
diversos elementos anatômicos que tomam parte nu-
ma determinada região do corpo, suas relações entre 
si, como também de vizinhança, e seus diversos planos 
estruturais, possibilitando assim conhecimentos indis-
pensáveis para uma semiótica eficiente e uma segu-
rança na execução de um ato operatório. Sobre este 
mesmo enfoque, de acordo com Gosling et al., (1992) 
a anatomia topográfica é apropriado para os estudan-
tes em geral, sendo valiosa para os estudantes de pós-
graduação em profissões relacionadas à medicina nas 
quais a anatomia faz parte do currículo.
No que diz respeito ao ensino prático, Mclachlan, 
Bligh, Bradley e Searle (2004), da Universidade de Ply-
mouth no Reino unido, dizem que seria possível ensi-
nar a anatomia humana sem a utilização de cadáveres. 
Tendo benefícios como: um bom uso dos princípios 
educativos, baixos custos, redução total de riscos bio-
lógicos e sendo muito mais prático. Podendo ensinar 
a anatomia humana a estudantes de medicina, utili-
zando o método da anatomia clínica. Utilizando ma-
teriais como software multimídia 3D, slides, figuras e 
modelos anatômicos. Mas os autores da pesquisa sa-
lientam que questões relacionadas com a autopsia 
sobre formações patológicas, o treinamento e pós-
graduação em anatomia cirúrgica não são abordados 
no presente documento. Relatando que para um en-
sino mais básico da anatomia humana seria possível 
alcançar um bom aprendizado sem a utilização de 
aulas práticas em cadáveres humanos. 
Porém, sob este aspecto, Winkelmann (2007), da 
Universidade de Berlim na Alemanha, expõem que 
está ocorrendo uma diminuição nas aulas práticas de 
dissecação anatômica, em virtude da criação de no-
vas escolas de medicina sem dissecção. Muitos arti-
gos foram escritos em defesa deste método sem a 
utilização de cadáveres. A discussão sobre a disseca-
ção e a falta de dados objetivos tem sido repetida-
mente observada. O autor se posiciona contra este 
método de ensino. A dissecação em humanos é feitas 
por profissionais em anatomia, onde se é retirado 
somente a pele e a gordura utilizando os cadáveres 
para o ensino no método sistêmico. Tendo o objetivo 
de apoiar a aprendizagem na anatomia humana por 
experiência visual e tátil. Este método tem enfoque 
na aprendizagem do domínio cognitivo. Para o autor 
este método ainda ensina os alunos a lidar com a 
morte e aumenta suas habilidades sociais. Concluin-
do que o aprendizado na anatomia humana é um 
processo complexo e demorado, sendo imprescindí-
vel o estudo em cadáveres. Seguindo neste mesmo 
tema, na perspectiva de Cabral e Barbosa (2005) de-
fendem na presente pesquisa que os alunos do curso 
de odontologia, da universidade de Pernambuco, 
Brasil, utilizaram a sala de informática para facilitar 
o ensino da anatomia humana, trabalhando com o 
software Netter’s Anatomy Atlas. Concluindo que 
este método facilitou o aprendizado dos alunos e 
ajudou no entendimento da disciplina, porém este 
software não pode substituir as aulas práticas em 
cadáveres, o software vem de maneira a complemen-
tar os estudos da anatomia humana.
 
Metodologia
A pesquisa é do tipo descritivo-exploratória. Para 
Vianna (2001), a pesquisa exploratória desenvolve-se 
para obter a compreensão sobre uma situação, pro-
blema, fato ou um determinado caso, partindo de 
estudos realizados por vários autores ou vivenciados 
por diferentes pessoas. É uma leitura sobre tudo que 
foi escrito ou relatado a respeito do assunto para 
entendê-lo. Possibilita uma explicação maior e um 
aprofundamento de estudos sobre um determinado 
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
104
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
assunto ou área, com vistas ao seu entendimento 
mais qualificado ou à descoberta de novas relações. 
Gauthier et al., (1998, p. 12) “O método de pes-
quisa descritivo é um delineamento da realidade uma 
vez que esse descreve, registra, analisa e interpreta 
a natureza atual ou processos dos fenômenos”. Leo-
pardi (2001, p. 139) “ São estudos caracterizados 
pela necessidade de se explorar uma situação não 
conhecida, da qual se tem necessidade de maiores 
informações”. Segundo Gil (1999, p. 44) essa moda-
lidade de pesquisa tem como um “objetivo primor-
dial a descrição das características de determinada 
população ou fenômeno ou estabelecimento de re-
lações entre variáveis”.
Leopardi (2001, p. 136) coloca que “ Este tipo de 
pesquisa é utilizado quando não se pode usar instru-
mento de medida preciso deseja-se dados subjetivos, 
ou se faz estudos de um caso particular de avaliação 
de programas ou propostas de programas, ou ainda 
quando não se possui informações sobre o assunto”. 
Este método proporciona uma valorização quanto à 
interação de quem será o pesquisador com o seu in-
formante, conquistando a confiança. Do ponto de 
vista estatístico os dados obtidos por este método não 
são adequados para análise. A análise qualitativa exi-
ge um tempo maior de observação para a obtenção 
dos resultados, não necessitando de pressupostos an-
tes da coleta, permitindo desta forma que o problema 
seja reformulado ao longo da pesquisa. Conforme Le-
opardi (2001, p. 135), pesquisa qualitativa é “ Quando 
o interesse não está focalizado em contar o número 
de vezes em que uma variável aparece, mas sim que 
qualidade elas apresentam”. Através desta categoria 
de pesquisa, ocorre a tentativa de entender problemas 
das pessoas que os vivenciam, por meio de um con-
texto social onde os fatos acontecem.
Os Locais da pesquisa escolhidos para este projeto 
foram seis instituições de ensino que dispõem do cur-
so de Educação Física (Licenciatura e Bacharelado), na 
região metropolitana de Porto Alegre, no Estado do 
Rio Grande do Sul. A escolha dessas instituições se deu 
pela localização e obtenção de laboratório de anato-
mia humana pelas instituições de ensino. 
Para compor os sujeitos da pesquisa foram esco-
lhidos um professor da disciplina de anatomia huma-
na de cada instituição de ensino. Salientando que 
este professor tivesseno mínimo um ano de experi-
ência na docência da disciplina. Foi utilizado o crité-
rio de amostra por saturação, conforme Fontanella 
(2008), amostragem por saturação é uma ferramen-
ta conceitual frequentemente empregada nos rela-
tórios de investigações qualitativas em diferentes 
áreas no campo da saúde, entre outras. É usada pa-
ra estabelecer ou fechar o tamanho final de uma 
amostra em estudo, interrompendo a captação de 
novos componentes. 
A pesquisa com seres humanos é definida pela 
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – 
Ministério da Saúde. Portanto, neste estudo os sujei-
tos foram esclarecidos quanto aos objetivos, o pro-
cedimento para coleta dos dados e da finalidade dos 
resultados que além do trabalho monográfico, po-
derão ser elementos para a elaboração de artigos 
para publicação.
Os procedimentos técnicos envolveram os dados 
coletados através de uma entrevista semiestrutura-
da, obtenção da grade curricular do curso e a emen-
ta da disciplina. Este suporte de dados foram usados 
para uma análise. Esta análise constou de duas par-
tes, a primeira parte, uma entrevista gravada com os 
seis professores das instituições de ensino de no má-
ximo trinta minutos de duração, contendo perguntas 
pré-estabelecidas sobre assuntos relacionados à for-
mação deste professor, métodos de ensino, opinião 
pessoal sobre o assunto e o ensino aos alunos do 
curso de Educação Física. Perguntas estas importan-
tes para a elaboração de um perfil destes professo-
res. A segunda parte foi obtida da grade curricular 
do curso de Educação Física e do plano da disciplina 
de Anatomia Humana, cedidos pelas instituições de 
ensino. Com a análise destes documentos buscamos 
na grade curricular informações sobre em que se-
mestre se encontrava a disciplina de Anatomia Hu-
mana. Já no que diz respeito ao plano da disciplina, 
observamos os objetivos, os conteúdos, a metodolo-
gia e as referências básicas. Desta forma foram agru-
pados todos os planos coletados, separados em ca-
tegorias e realizada uma análise mais detalhada. 
Resultados
Quanto à formação dos profissionais entrevista-
dos temos: Médicos, Biólogos e Educadores Físicos, 
105
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
sendo estes a metade das amostras coletadas. Dentre 
todos estes professores, temos quatro profissionais 
com especialização, mestrado e doutorado em áreas 
afins com a Anatomia Humana, os outros dois pro-
fissionais têm mestrado e doutorado em outras áre-
as que não tem nenhuma ligação com a Anatomia 
Humana. Quanto à experiência profissional, temos 
professores com: 21, 18, 17, 7, 6 e 4 anos que lecio-
nam a disciplina de Anatomia Humana.
A média de constituição das turmas da disciplina 
de Anatomia Humana dos cursos de Educação Física 
da cidade de Porto Alegre é de 30 alunos, porém 
professores admitiram já ter dado aula para turmas 
com 50 a 100 alunos. Quatro professores relatam 
também que suas turmas são mistas, tendo alunos 
de diferentes cursos da área da saúde. Enquanto que 
dois professores, relatam trabalhar em suas turmas 
somente com alunos do curso de Educação Física. 
O tempo disponível para as aulas de Anatomia 
Humana geralmente são de três horas, sendo que em 
duas universidades o tempo de duração das aulas são 
de duas horas. Quanto aos semestres, quatro univer-
sidades dispõem de dois semestres para o ensino da 
disciplina de Anatomia Humana, enquanto que as 
outras duas universidades só dispõem de um semes-
tre para o mesmo. Alguns professores admitiram que 
duas horas de aula e apenas um semestre para mi-
nistrar a disciplina de Anatomia Humana é pouco 
tempo, tendo que abandonar ou desprivilegiar al-
guns conteúdos. No que diz respeito ao horário livre 
para estudo no laboratório de Anatomia Humana, a 
maioria das universidades dispõem deste tempo, so-
mente uma universidade atualmente não oferece es-
te recurso alegando ter excesso de turmas. Todas as 
disciplinas de anatomia humana das universidades 
que compõem este trabalho utilizam aulas teóricas 
e práticas com seus alunos. 
No aspecto de equipamentos, Espaço disponível 
e Pessoal de Apoio, há equipamentos em comum 
utilizados por todos os professores nas suas aulas 
teóricas como: quadro, livros, retroprojetor e da-
tashow. Dos seis professores, três relatam que além 
dos equipamentos em comum, utilizam também 
modelos em acrílico, filmes, seminários e vídeos do 
site “you tube”. Um dos professores relatou que to-
dos os equipamentos das suas aulas teóricas são par-
ticulares, somente o data show é patrimônio da uni-
versidade. Nas aulas práticas, também existe a utili-
zação em comum por todos os professores de cadá-
veres, ossos e peças anatômicas. Três professores 
utilizam peças em acrílico e modelos de borracha, 
além das peças em comum. Todas as universidades 
que fazem parte desta pesquisa dispõem de labora-
tório de anatomia humana. E todos estes laborató-
rios dispõem de monitores, porém a quantidade de 
monitores variam entre 7, 6, 4, 2 e 1. 
Na parte dos conteúdos, cruzando informações 
das ementas das disciplinas com as informações das 
entrevistas, podemos dizer que todos os seis profes-
sores priorizam o ensino do aparelho locomotor (os-
sos, músculos e articulações) para os alunos do curso 
de Educação Física, sendo realizada uma leve apre-
sentação dos outros sistemas conforme o tempo res-
tante da disciplina. Entretanto, um professor relata 
que em suas aulas, ensina o aparelho locomotor, o 
sistema nervoso e o cardiorrespiratório como priori-
dade absoluta. Outro professor defende que os alu-
nos deveriam saber todo o conteúdo da disciplina, 
mas como falta tempo disponível na disciplina ofere-
ce menor ênfase ao sistema renal e digestório. Já na 
parte dos métodos, as aulas da maioria dos professo-
res têm o caráter exploratório descritivo, somente um 
professor alegou ser de caráter expositivo dialogado 
e exploratório. Nos métodos de ensino existe uma 
divisão, metade dos professores utiliza o método sis-
têmico e topográfico para ensinar e a outra metade 
utiliza somente o método sistêmico. Os professores 
que utilizam os dois métodos, o sistêmico e o topo-
gráfico, defendem com unanimidade que este méto-
do é o melhor pela experiência própria como profes-
sores da disciplina e alegam que este método surtiu 
um efeito melhor de aprendizagem em seus alunos. 
Já os outros professores defendem a utilização so-
mente do método sistêmico alegando que assim não 
se fragmenta o ensino e tem o objetivo de interligar 
a disciplina de anatomia humana com as próximas 
disciplinas. Alegam ainda que no modo sistêmico uti-
lizam melhor os objetivos específicos conforme a área 
de atuação de cada turma e também defendem que 
o método topográfico seria melhor utilizado pelos 
alunos da Medicina, principalmente os da área da 
cirurgia. No referencial teórico, todos os professores 
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
106
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
sem exceção indicam para seus alunos os livros: Atlas 
de Anatomia Humana de Frank H. Netter; Princípios 
de Anatomia e Fisiologia de Gerard J. Tortora e Sandra 
R. Grabowski e Atlas de Anatomia Humana de J. So-
botta. Alguns professores indicam além destes outros 
como: Gray Anatomy de Henry Gray; Anatomia orien-
tada para clínica de Keith L. Moore e Arthur F. Dalley; 
Anatomia Humana sistêmica e segmentar de José C. 
Dângelo e Carlos A. Fattini e o Anatomia Humana de 
J. W. Rohen, C. Yokochi e E. Lutjen-Drecell. Um dos 
professores indica também sites de anatomia huma-
na como: Anatomia Humana on-line, Sociedade Bra-
sileira de Anatomia e a Revista Brasileira de Medicina 
do Esporte. Outro professor relata que na instituição 
de ensino onde leciona, a disciplina possui umsite 
próprio de Anatomia Humana onde o aluno tem aces-
so a um banco de dados de todos os conteúdos e 
provas já efetuadas, podendo ainda realizar um teste 
on-line sobre qualquer assunto recebendo uma nota 
ao final do teste.
Todos os professores quando questionados sobre 
a importância da disciplina de anatomia humana para 
os cursos de Educação Física, responderam sim de 
forma unânime, dois professores ainda salientaram 
que gostariam que a disciplina tivesse mais tempo e 
que seus alunos levassem os conteúdos com maior 
seriedade. Na parte dos sistemas de avaliação três pro-
fessores realizam provas teóricas e praticas logo após 
cada conteúdo dado. Dois professores realizam além 
das provas teóricas e práticas, apresentação de semi-
nários e trabalhos em grupo efetuado e se preciso 
exercícios de reforço. E um dos professores realiza so-
mente provas teóricas alegando que os cadáveres es-
tão em péssimo estado, entretanto uma parte da ava-
liação é a presença dos alunos nas aulas práticas.
 
Discussão
Mediante as situações apresentadas nesta pesqui-
sa, podemos questionar sobre qual seria o perfil do 
profissional ideal para trabalhar como professor da 
disciplina de Anatomia Humana? Em relação a este 
ponto, Cerqueira (2008), diz que a busca da qualifi-
cação do corpo docente não está restrita simplesmen-
te a titulação do docente, ela precisa se constituir 
num processo contínuo, na medida em que mundo 
moderno exige das instituições de ensino superior. 
Foi-se o tempo em que a formação docente limitava-
se ao conhecimento da matéria ou conteúdo a ser 
lecionado e sua habilidade e competência não era 
avaliada pelo seu preparo técnico-pedagógico. Na 
busca da qualificação do ensino de excelência, o pla-
nejamento, o conteúdo, a seleção das disciplinas e 
atividades complementares diversas precisam estar 
em conformidade com a formação do docente. A ti-
tulação, em si só, não garante a qualidade, já que 
muitas instituições na busca de cumprir as exigências 
da Lei de diretrizes e bases da educação nacional, 1/3 
do corpo docente composto por mestres e/ou douto-
res, exigem de seus docentes mestres e doutores uma 
atuação além de sua competência e habilidade.
Outra questão importante seria em relação à 
constituição das turmas onde segundo Mitchell, Mc-
crorie e Sedgwilk (2004), do hospital-escola em Me-
dicina de Londres no Reino Unido, um estudo feito 
para avaliar se era possível ensinar um mesmo tipo 
de anatomia humana, para uma equipe multiprofis-
sional de alunos, onde participavam alunos dos cur-
sos de: Biomedicina, Medicina, Enfermagem e Fisio-
terapia. Onde ficou concluído que é possível utilizar 
este método, porém ocorreu em alguns momentos 
da pesquisa, uma variância na satisfação do apren-
dizado, pela necessidade específica que cada curso 
precisa contemplar.
Em relação ao melhor método para se ensinar a 
Anatomia Humana, de acordo com os argumentos 
de Souza (1982); Heyling (2002) e Gardner et al., 
(1974), seria o sistêmico pela dissecção dos corpos 
serem desta forma e teria uma melhor seqüência de 
ensino. Já para Alves (1962) e Gosling et al., (1992), 
o método topográfico é fundamental para o ensino 
dos profissionais da saúde. Pandey et al., (2007); 
Brueckner et al., (2004); Krych et al., (2005); Insull et 
al., (2006); Perreira et al., (2007) e Caritá et al., 
(2007), defendem em seus estudos que os métodos 
de ensino ficaram ultrapassados e ineficazes ao lon-
go do tempo contribuindo para um bom índice de 
repetência na disciplina, havendo uma melhora no 
aprendizado dos alunos quando submetidos a dinâ-
micas de grupo, palestras e aulas diferenciadas utili-
zando internet, slides de alta definição e outros ma-
teriais de multimídia por parte dos professores inde-
pendentemente do método. 
107
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
Um último questionamento sobre as aulas práti-
cas, seria o uso indispensável de cadáveres nas aulas 
de Anatomia Humana nas universidades. Neste sen-
tido Mclachlan, Bligh, Bradley e Searle (2004), da 
universidade de Plymouth no Reino unido, dizem que 
seria possível ensinar a anatomia humana sem a uti-
lização de cadáveres. Tendo benefícios como: um 
bom uso dos princípios educativos, baixos custos, 
redução total de riscos biológicos e sendo muito mais 
prático. Podendo ensinar a anatomia humana a es-
tudantes de medicina, utilizando o método da ana-
tomia clínica. Utilizando materiais como software 
multimídia 3D, slides, figuras e modelos anatômicos. 
Mas já para Winkelmann (2007), da universidade de 
Berlim na Alemanha, a dissecação em humanos é 
feitas por profissionais em anatomia, onde se é reti-
rado somente à pele e a gordura utilizando os cadá-
veres para o ensino no método sistêmico. Tendo o 
objetivo de apoiar a aprendizagem na anatomia hu-
mana por experiência visual e tátil. Este método tem 
enfoque na aprendizagem do domínio cognitivo. Pa-
ra o autor este método ainda ensina os alunos a lidar 
com a morte e aumenta suas habilidades sociais. 
Concluindo que o aprendizado na anatomia humana 
é um processo complexo e demorado, sendo impres-
cindível o estudo em cadáveres. 
Considerações finais
Podemos concluir com a presente pesquisa que 
o ensino da disciplina de Anatomia Humana nos cur-
sos de Educação Física da região metropolitana de 
Porto Alegre, na sua maioria, é composta por profis-
sionais bem qualificados, entretanto fica evidente 
que esta disciplina precisa de mais horas-aula, tendo 
o professor que abandonar ou desprivilegiar deter-
minados conteúdos importantes por falta de tempo. 
A repetência dos alunos é um fator que ainda existe, 
mas os professores alegam que na grande maioria 
dos casos é por falta de seriedade dos próprios alu-
nos. Nos métodos de ensino da disciplina, não temos 
uma definição, por exatamente a metade dos entre-
vistados defendem o método sistêmico- topográfico 
enquanto a outra o sistêmico, cada qual convicto na 
defesa da utilização do método escolhido.
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
108
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
Referências
ALVES, E. Anatomia Topográfica. 2. Ed. Rio de Janeiro: Athe-
neu, 1962.
BACKHOUSE, K .M; HUTCHINGS, R .T. Atlas colorido de 
anatomia de superfície clinica e aplicada. São Paulo: Mano-
le, 1989
BASMAJIAN, J. V. Anatomia de Grant. 10. ed.São Paulo: 
Manole, 1993.
BRUECKNER, Jennifer; MacPHERSON, Brian R. Benefits from 
peer teaching in the dental gross anatomy laboratory. Den-
tal Education, maio 2004, V. 8. Disponível em: <http://
www.mededuc.com>. Acesso em: 25 jun. 2008.
CABRAL, Etenildo Dantas e BARBOSA, Joanna Martins No-
vais. La Opinión de los Alumnos Sobre la Utilización de Sa-
las de Informática para la Enseñanza de la Anatomía. Int. J. 
Morphol. [online]. 2005, vol.23. Disponível em: <http://
www.scielo.cl/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0717-95022005000300013-
&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0717-9502.
CARITÁ, C.C; SILVA, S.S; VERRI, E. D; CASTRO, M. E. N. R. 
Anatomia Humana aplicada a Enfermagem: adequação de 
conteúdo para disciplina semi-presencial. UNAERP 2007. 
Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2007/
tc/55200731400 PM.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2008.
CASTRO, S. V. Anatomia Fundamental. 3. Ed. São Paulo: Mc 
Graw-hill LTDA, 1985.
CERQUEIRA, Everaldo. Perfil do docente universitário. Dis-
ponível em: <http://www.recantodasletras.oul.com.br/
artigos/11864772> Acesso em: 3 abr. 2009.
DANGELO, J. G; FATTINI, C. A. Anatomia Humana Básica. 
São Paulo: Atheneu, 1998.
FONTANELLA, Bruno José Barcellos; RICAS, Janete; TURATO, 
Egberto Ribeiro. Saturation sampling in qualitative health 
research: theoretical contributions. Cad. Saúde Pública , 
Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, 2008 . Disponível em: <http://
w w w . s c i e l o s p . o r g / s c i e l o . p hp ? s c r i p t = s c i _
arttext&pid=S0102-311X2008000100003&lng=en&nrm 
=iso>. Acesso em: 09 Sep 2008. doi: 10.1590/S0102-
311X2008000100003.
GARDNER, W. D; OSBURN, W. A. Anatomia humana: estru-
tura do corpo. São Paulo: Atheneu, 1974.
GAUTHIER, Jacques Henri Maurice et al. Pesquisa em enfer-
magem: novas metodologias aplicadas. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 1998.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa. São 
Paulo: Atlas, 1999. 
GOSLING, J. A; HARRIS, P. F; HUMPHERSON, J. R; WHIT-
MORE, I; WILLAN, P. L. T; BENTLEY, A. L; HARGREAVES, J. L. 
Anatomia Humana: Atlas colorido e livro texto. 2.ed. São 
Paulo: Manole, 1992.
HEYLINGS, D. F. A. Anatomy 1999 – 2000: the curriculum, 
Who teaches it and how? Medical Education, 2002, V. 36. 
Disponível em: <http://www.mededuc.com>. Acesso em: 
25 jun. 2008.
INSULL, P. J; KEJRIWAL, R; BLYTH, P. Surgical inclination and 
anatomy teaching at the university of Auckland. Royal aus-
tralasian college of surgeons, 2006, V. 76. Disponível em: 
<http://www.mededuc.com> . Acesso em: 25 jun. 2008. 
KRYCH, Aaron J. et al. Reciprocal peer teaching: students 
teaching students in the gross anatomy laboratory. Medical 
Education, 2005, V. 18. Disponível em: <http://www.pub-
med.com>. Acesso em: 25 jun. 2008.
LEOPARDI, Maria Tereza. Metodologia da pesquisa na Saú-
de. In:______. Fundamentos gerais da produção científica. 
Santa Maria: Pallotti, 2001, p. 135-136, 138-139.
McLACHLAN, John C.; BLIGH, John; BLADLEY, Paul; SEARLE, 
Judy. Teaching anatomy without cadavers. Medical Educa-
t ion, abri l 2004, V. 38. Disponível em: <http:/ /
www.3intersciense.wiley.com>. Acesso em: 25 jun. 2008.
McLACHLAN, John C.; PATTEN, Debra. Anatomy teaching: 
ghosts of the past, present and future. Medical Education, 
mar. 2006, V. 40. Disponível em: <http://www.mededuc.
com>. Acesso em: 25 jun. 2008.
MITCHELL, B.S; McCRORIE, P.; SEDGWICK, P. Student atti-
tudes towards anatomy teaching and learning in multipro-
fessional contex. Medical Education, jul. 2004, V. 38. Dis-
ponivel em: <http://www.mededuc.com>. Acesso em: 25 
jun. 2008.
PANDEY, Pritti; ZIMITAT, Craig. Medical students learning of 
anatomy: memorisation, understanding and visualisation. 
Medical Education, 2007, V. 41. Disponível em: <http://
www.mededuc.com>. Acesso em: 25 jun. 2008.
PERREIRA, José. A. et al. Effectiveness of using blended lear-
ning strategies for teaching and learning human anatomy. 
Medical Education, 2007, V. 41. Disponível em: <http://
www.mededuc.com>. Acesso em: 25 jun. 2008.
SOUZA, R. R. Anatomia para estudantes de Educação Física. 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.
TERREL, Mark. Anatomy of learning: instructional design 
principles for the anatomical sciences. Anatomical Record, 
109
Ciência em Movimento | Ano XIII | Nº 26 | 2011/2 
O ensino de anatomia humana nos cursos de Educação Física...
2006. Disponível em: <http://www.pubmed.com>. Acesso 
em: 25 jun. 2008.
VIANNA, Ilca Oliveira de A. Metodologia do trabalho cien-
tífico: um enfoque didático da produção científica. São Pau-
lo: EPU, 2001.
WEINECK, J. Anatomia aplicada ao esporte. São Paulo: Ma-
nole, 1990.
WINKELMANN, Andreas. Anatomical dissection as a tea-
ching method in medical school: a review the evidence. 
Medical Education, jan. 2007, V. 41. Disponível em:<http://
www.mededuc.com>. Acesso em: 25 jun. 2008.
YOKOCHI, C ; ROHEN, J .W; WEINREB, E .L. Anatomia foto-
gráfica do corpo humano. 3. Ed. São Paulo: Manole, 
1997. 
YOSHIDA, M.; OMOTO, M. H. H; SAITO, D. S; BORGUES, R; 
ARAÚJO, J. C ; FORNAZIERO, C. C ; ALVES, F. D. M . Loco-
moShow - Una Herramienta de apoyo a la enseñanza de 
anatomia humana. In: EDUTEC 2003, 2003, Caracas, 2003. 
Disponível em: <http://www.sagha.com.br/locomoshow/
artigo03.asp - 45k>. Acesso em: 23 jun. 2008.

Outros materiais