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Direitos reais

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O ser humano sempre foi movido pelo motivo de obter um fim econômico o qual foi concretizado na conquista de bens. O homem primitivo começou a se apropriar de animais, cavernas, pedras para fabricar armas, surgindo assim a noção de coisa como bem apropriável e consequentemente a noção de defesa da coisa contra terceiros.
Coisa: é tudo que existe, com exclusão do homem.
Bens: são as coisas suscetíveis de apropriação e contém valor econômico por serem úteis e raras
Quanto à propriedade literária, artística e cultural? São bens incorpóreos regulados pela lei n° 9.610/98 e, segundo a doutrina majoritária, estão relacionado com o direito da personalidade e não com os direitos reais propriamente dito porque não são bens materiais/corporeos 
Direito das coisas: é o conjunto de normas que regulam as relações jurídicas referente às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem
Direitos Reais: são as relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis tendo como fundamento principal o conceito de propriedade seja ela plena ou restrita
Diferença entre direito real e direito pessoal
No direito real existe uma relação de domínio entre sujeito e coisa; já no direito pessoal há uma prestação exigível entre sujeito ativo e passivo.
Elementos essenciais do direito real: 
• Sujeito ativo
• Coisa
• Domínio (poder do sujeito sobre a coisa)
Elementos do direito pessoal 
• Sujeito ativo 
• Sujeito passivo 
• Prestação 
Teorias dos direito reais 
Direito real e pessoal são a mesma coisa?
· Teoria Unitária: Diz que direito real e pessoal integram um só sistema; são uma coisa só. 
• Teoria unitaria Personalista: Só existe direito real porque existe direito pessoal. O direito das obrigações é o centro do direito civil abrangendo todas as relações jurídicas inclusive o direito real. 
• Teoria Unitária impersonalista ou realista: Tudo advém do direito real, não havendo diferença entre direito real e direito pessoal. 
· Teoria dualista, clássica ou tradicional: Diz que o direito real é o poder imediato da pessoa sobre uma coisa, sem intermediário e com eficácia contra todos. É a teoria adotada pelo Brasil.
 Características dos Direitos Reais
• Oponibilidade erga omnes: Impõe um direito a todos 
• Legalidade ou tipicidade:
• Taxatividade ou números clausus:
• Publicidade ou visibilidade
• Inerência ou aderência 
• Direito de sequela: Aquele que possui o direto real tem o direito de perseguir esse bem com quem ele esteja, aonde quer que esteja. 
• Permanência 
Direitos reais X Direitos pessoais 
(Tabela) 
Figuras híbridas ou intermediárias:
Entre os Direito a reais e os direitos pessoais há uma variedade de institutos híbridos (que não é nem direito real totalmente e nem direito pessoal totalmente).
• Obrigações propter rem: É a obrigação em razão da coisa. Obrigação pessoal em razão de ser proprietário de um direito real. A dívida é da coisa. Se mudar de proprietário ele assumirá a dívida da coisa. Ex: condomínio, IPTU, IPVA... 
Obrigações propter rem também são chamadas de obrigações ambulatórias/ambulatoriais: acompanham a coisa nas mãos de qualquer outro titular 
• Abuso de direito de propriedade ou ato emulativo: Quer dizer que os atos que sejam animados pela intenção de prejudicar outrem e não tragam comodidade ou utilidade ao proprietário são proibidos.
• Ônus reais: São limitações ao exercício de um direito real, mais especificamente a propriedade. São pessoais por decorrer de uma obrigação e são reais por ficarem gravados na coisa e tem efeito contra todos (erga omnes). Ex: hipoteca
• Obrigações com eficácia real: É aquela que inicialmente seria uma obrigação inter partis mas que depois há a transformação dela em uma obrigação erga ominis 
Ônus reais X Obrigações propter rem 
(Tabela) 
Posse: É um poder de fato que alguém exerce sobre determinada coisa em que se observa aparência de dono, exceto quando a norma expressa que ele não é detentor.
Posse não se confunde com detenção.
 Teoria subjetiva: Realça o elemento subjetivo da posse. Diz que o poder direto e imediato que a pessoa tem de dispor fisicamente um bem com a intenção de tê-lo para si e defende-lo contra terceiros. Posse = corpus (elemento objetivo) + animus domini (elemento subjetivo/intenção de dono)
Teoria objetiva: Diz que para que exista posse é necessário apenas o elemento objetivo (corpus). Ter o poder sobre a coisa e se comportar como se dono fosse. Teoria adotada pelo Brasil.
Exceção: usucapião (teoria subjetiva)
Teoria sociológica: Considera a função social da posse.
Natureza jurídica da posse: Por não está prevista no rol do art. 1225 CC, a posse não é considerada um direito real.
· 1ª corrente: Diz que a posse seria um direito pois é um estado de fato juridicamente relevante e protegida pelo direito. 
· 2ª corrente: Diz que a posse é um fato e um direito ao mesmo tempo. A posse é um fato mas é tão relevante que reflete direitos.
· 3ª corrente: Diz que a posse seria um fato por não ter autonomia nem valor jurídico próprio.
POSSE X DETENÇÃO
Não se deve confundir posse com detenção 
Art 1.198 CC
Detentor exerce sobre o bem uma posse em nome de outrem. Uma custódia em virtude de um vínculo de subordinação ou dependência econômica.
Detentor não pode ajuizar ações possessórias, porque para estas é necessário ter a posse. 
Ele pode defender a posse de outrem por meio da autotutela.
Os atos de mera permissão ou tolerância não induzem à posse (é mera detenção) art 1208, 1ª parte.
Permissão é quando o possuidor autoriza a utilização daquele bem e tolerância é quando o bem está sendo utilizado sem autorização e, após comunicado sobre, o possuidor tolera e permite que continue sendo utilizado.
O STJ entende que a ocupação irregular de área publica não pode ser convertida em posse evitando, assim, que o detentor tenha qualquer pretensão de usucapião. O detentor poderá ajuizar ação para defender o bem público dominical contra terceiros mas Jamais poderá ajuizar ação contra o poder público.
Classificação da posse
Quanto a relação pessoa – coisa ou quanto ao desdobramento (a posse era concentrada em uma única pessoa e agora se dividiu):
É a relação entre a pessoa e a coisa sobre qual recai a posse 
· Posse direta e imediata: Representada por quem tem a coisa materialmente. Quem tem é quem está no bem (locatário). 
· Posse indireta e mediata: Quem tem é o locador. Exercida por meio de outra pessoa.
Desdobramento ou paralelismo da posse: Tanto o possuidor direto quanto o indireto podem ajuizar ação possessória um contra o outro e ambos contra terceiros. 
Quanto à presença de vícios
· Posse justa: Não apresenta vícios da violência, clandestinidade ou precariedade; Posse limpa.
· Posse injusta: apresenta um dos referentes vícios 
• Violenta: A posse foi obtida por meio de esbulho, por força física ou violência moral. (Cabe ação de reintegração de posse)
• Clandestina: A posse foi obtida por meio de turbação. Em que a tomada da coisa se dá às escondidas.
• Precária: posse obtida com abuso de confiança dos direito. Associa-se ao crime de estelionato ou de apropriação indébita.
Art 1208, segunda parte, cc 
Quer dizer que uma posse injusta pode se transformar em posse justa 
· 1ª corrente: Critério estritamente objetivo temporal. Após 1 ano e um dia da data de violência ou clandestinidade a posse injusta passa a ser posse justa.
· 2ª corrente: A cessação da posse injusta deve ser analisada individualmente, à luz do caso concreto e da função social. 
• Interversão, inversão, intervesios possessionis, convalidação da posse: Quando se modifica a natureza da posse de injusta para justa, admitindo isso apenas de forma excepcional. 
Classificação da Posse
· Boa fé subjetiva: Quando há uma relação direta entre a pessoa e o negócio Porém a pessoa desconhece o vício desse negócio bem ou pessoa.
· Boa fé objetiva: Está relacionado ao comportamento/conduta. Como a pessoa espera que o outro se comporte no negócio estabelecido com ela.
Na posse prevalece a boa-fé subjetiva
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidorignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
O possuidor de boa-fé é aquele que ignora o vício que existe sobre a posse; Ignorar no sentido de não ter consciência do vício. 
Ausência ou não de consciência trará consequências distintas. O possuidor de boa-fé terá direito a indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias e direito de retenção. Já o possuidor de má-fé tem direito a indenização e não tem direito de retenção.
Art. 1201 CC 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Enunciado 303 da IV jornada de direito civil diz que não necessariamente um justo título vai vir representado através de um documento em papel. Pode vir também através de justo motivo, que é a compreensão na perspectiva da função social da posse, ou seja, o possuidor estar cumprindo a função social daquela posse.
Má fé: Quando a pessoa sabe do vício mas mesmo assim quer ter aquela posse 
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Obs1: Ainda que de má-fé, o possuidor não perde direito de ajuizar ação possessória competente para proteger-se de ataque de terceiros. Porém cconta o verdadeiro possuidor do bem não pode ajuizar ação. 
Obs2: É possível que posse de boa-fé se transforma em posse de má-fé. Quando alguém passa a possuir um bem ignorando o vício e posteriormente fica sabendo desse vício, se o possuidor resistir e não quiser devolver o bem, ele se tornará um possuidor de má fé.
Obs3: Não é imprescindível a citação judicial ou notificação formal para que fique caracterizado a má fé do possuidor.
Não há coincidência necessária entre posse justa e posse de boa fé
• Posse justa ou posse injusta – Estão relacionadas a vícios de violência, clandestinidade e precariedade e geram efeitos quanto às ações possessórias e a usucapião.
• Posse de boa-fé ou posse de má fé – Estão relacionadas a ter ou não ter o conhecimento dos vícios de violência, clandestinidade e precariedade e geram efeitos quanto aos frutos, às benfeitorias e responsabilidade dos envolvidos.
É possível ter: Posse injusta e posse de boa fé; Posse justa e posse de má fé; Posse injusta e posse de boa fé; Posse injusta e posse de má fé.
A posse pode ser:
· Com título (também chamada de posse civil ou jurídica): 
· Sem título: Posse que existe por si só; decorre exclusivamente da posse. Relação entre pessoa e posse sem um intermediário transferindo essa posse.
Quanto ao tempo:
· Posse nova: Conta com MENOS de 1 ano e 1 dia
· Posse velha: Conta com PELO MENOS 1 ano e 1 dia
Posse nova e posse velha SÃO DIFERENTES DE ação de força nova e ação de força velha
Quanto aos efeitos 
· Posse ad interdicta: É a regra geral. Aquela posse que pode ser defendida pelas ações possessórias.
· Posse ad usocapionem: É a exceção. Nem toda posse poderá ser convertida em proproedade; nem toda posse é possível de usucapião.
Efeitos materiais da posse 
Percepções dos frutos e suas consequências
Os frutos são bens que saem do principal e dele se destacam sem diminuir sua quantidade.
Frutos quanto à origem 
· Frutos naturais: são os frutos que se renovam periodicamente sem interferência humana
· Frutos industriais: são os que dependem de uma intervenção humana para serem gerados
· Frutos civis: são os que tem origem numa relação jurídica ou Econômica, chamados também de rendimentos
Quanto ao estado em que eventualmente se encontram
· Frutos pendentes: são os frutos ligados à coisa principal mas ainda não foram colhidos
· Frutos percebidos: Já foram separados do bem principal
· Frutos estantes: Já foram colhidos do bem principal e estão armazenados para venda ou consumo 
· Frutos percepiendos: Frutos que deveriam ter sido colhidos mas ainda não foram
· Frutos consumidos: Foram extraídos e consumidos; não existem mais 
O direito aos frutos, em sede possessória, está associado à posse de boa-fé ou de má-fé, privilegiando-se o possuidor de boa-fé.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Mesmo sendo de má fé, ele poderá ser ressarcido pelas despesas que teve para gerar frutos do bem principal
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Os frutos civis são cumulativos, dia após dia ate chegar ao valor total.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
O possuidor de má fé terá direito de receber as despesas que teve 
Obs: Quanto à responsabilidade aplica-se o princípio da restituição integral, que inclui danos materiais e extrapatrimoniais.
Responsabilidade quanto aos produtos 
· Produtos: São utilidades que a coisa principal produz, cuja percepção ou extração diminui a sua substancia.
O Código Civil é omisso quanto à responsabilidade dos produtos 
• O proprietário do solo (principal) é, salvo preceito jurídico especial de terceiro, senhor dos produtos gerados pela coisa. 
· Pablo stolzi: baseado em Clóvis Bevilácqua ele diz que os produtos devem ser equiparados aos ffrutos. Sendo assim, o possuidor de boa fé tem direito a perceber os frutos enquanto a boa fé durar.
· Flávio tartuce: citando Orlando Gomes, ele sustenta que os produtos não podem ser equiparados aos frutos uma vez que o produto quando é retirado da coisa principal gera uma perda substancial
A indenização e a retenção das benfeitorias 
· Benfeitorias: são bens acessórios introduzidos à um bem móvel ou imóvel visando sua conservação ou a melhora de sua utilidade
Classificação das benfeitorias 
Benfeitoria necessaria: Essenciais ao bem principal, com intensão de conservar ou impedir que ele se deteriore. 
Benfeitoria úteis: Aumentam ou facilitam o uso da coisa. Ex: garagem 
Benfeitorias voluptuosas: São de mero deleito. Ex: piscina
As classificações das benfeitorias podem sofrer alterações. Não são classificações absolutas.
Benfeitorias não é igual a acessão
Embora as duas sejam acréscimos ao bem principal, a benfeitoria é um acréscimo decorrente da ação humana e a acessão é uma benfeitoria decorrente de ação natural.
Não se pode confundir também benfeitorias com pertenças e pertenças com partes integrantes
· Partes integrantes são bens que, quando separados da coisa principal, tornam-se incompletos.
· Pertenças são bens que tem individualidade. Mesmo separados da coisa principal, continuam existindo porem são subordinados à coisa principal.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Ao possuidor de boa fé serão ressarcidas as benfeitorias necessárias e úteis, bem como o levantamento das voluptuarias, assistindo também o direito de retenção, no contrato de comodato.
No contrato de locação, ao possuidor de boa fé serão ressarcidas e com direito a retenção, as benfeitorias necessárias. Às benfeitorias úteis é facultado o ressarcimento e não há direito de retenção. Quanto às benfeitorias voluptuarias, não há direito de levantamento nem retenção.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. 
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
Responsabilidades
• O CC também adota as regras de boa-fé e máfé 
Art. 1.217. O possuidor de boa-fénão responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
A responsabilidade do possuidor de boa fé depende da comprovação da culpa em sentido amplo, ou que engloba o dolo e a culpa em sentido estrito (negligência, imprudência e imperícia). Logo, a responsabilidade é subjetiva.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante
O possuidor de má fé responde de forma subjetiva, independe de culpa, mesmo que seja de caso fortuito ou força maior, SALVO se ele provar que a coisa teria se deteriorado do mesmo jeito se estivesse na posse do verdadeiro dono. Nesse caso ele fica livre de responsabilidade.
As benfeitorias compensam-se com os danos, e so obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
• Direito a usucapião: É um dos principais efeitos decorrentes da posse, se for uma posse usocapível. 
Usucapião é uma forma de aquisição da propriedade, ou seja, se adquire a posse por ter possuído a propriedade por um longo lapso temporal.
Efeitos processuais da posse
Ações possessórias: Nessas ações discute-se a posse e não a propriedade.
Para discutir propriedade utiliza-se a ação reinvindicatoria.
• Espécies de ação possessórias 
· Reintegração de posse: Quando há esbulho (tira a posse mediante violência)
· Ação de manutenção de posse: Quando há turbação (retira o bem às escondidas, se n violência)
· Interdito proibitório: Em caso de ameaça
 
• Fungibilidade das ações possessórias: Quando se entra com uma ação mas era pra ter entrado com outra e o juiz aceita a ação incorreta mas concederá a tutela jurisdicional da ação correta. Ele faz uma conversão.
Processo de conhecimeto: 
· Rito comum 
· Rito especial: É um procedimento mais rápido. Só vai até a contestação, após a contestação segue em rito comum.
Procedimento 
· Ação de força nova (rito especial, cabe liminar possessória; basta provar que tem posse e que foi esbulhado ou turbado em menos de 1ano e 1 dia.)
Ação de força velha (rito comum, cabe uma tutela provisória de urgência ou evidência, porém continua sendo uma ação possessórias)
Interdito proibitório se dá em rito especial.
Competência 
· Bens móveis (art 46 cpc) a ação deve ser proposta no foro do domicílio do réu. Trata-se de uma competência territorial, porém essa competência é relativa, sendo assim, o juiz não pode de ofício reconhecer que é incompetente caso a ação não seja proposta no domicílio do réu. Ou seja, o réu é que tem que dizer que aquela ação foi ajuizada na comarca errada. Sendo assim o juiz que era incompetente passa a ser competente.
· Bens imóveis (art 47 cpc): Envolvendo bens imóveis, o lugar para propor a ação é o lugar onde a coisa se encontra. Essa competência territorial é absoluta, por tanto se houver erro na contestação quanto o lugar da propositura da ação, o juíz reconhece de ofício que é incompetente e remete a ação para o juízo competente.
As duas competências devem ser alegadas na preliminar de contestação 
Litisconsórcio
· Ativo: Quando há 2 ou mais autores
· Passivo: Quando há 2 ou mais réus
• Litisconsórcio necessário: É aquele que é obrigatório a citação de todos os réus para que a sentença tenha eficácia.
Quando a lei assim determinar ou pela natureza jurídica da relação processual.
• Litisconsórcio facultativo: Ação pode ser ajuizada contra um, contra outro ou contra ambos. A sentença terá efeitos mesmo assim.
• Litisconsórcio unitário: A decisão será igual para todos os réus.
• Litisconsórcio simples: A decisão será diferente entre os réus.
Como regra, nas ações possessórias, o litisconsórcio é FACULTATIVO.
Porém se cônjuges invadiram um imóvel os dois tem que ser citados obrigatoriamente. Ou se os dois tiveram imóvel invadido, os dois devem ajuizar a ação possessória.
Na ação de USUCAPIÃO de imóvel obrigatoriamente os vizinhos colados lado a lado com o réu, devem ser obrigatóriamente citado. Porém a decisão pode ser diferente entre eles.
= litisconsórcio necessário simples
Procedimento 
Ação possessoria inicia-se por meio de petição inicial, tem requisitos a serem cumpridos (valor da causa, causa de pedir etc). Se a ação for ajuizada em até 1 ano e 1 dia da turbação ou esbulho, está tramitará em rito especial
É possível cumular outros pedidos na ação possessória, sendo eles: perdas e danos + fixação de multa em caso de descumprimento.
REGISTRO OU DISTRIBUIÇÃO DA AÇÃO 
· Registro é quando se tem apenas um juízo competente para processar e julgar a ação 
· Distribuição: Quando há mais de um juízo competente em determinada comarca para processar e julgar a ação 
Após isso a ação vai p conhecimento do juiz para ele dar o despacho 
Há 5 tipos de despachos:
· Quando há necessidade de completar ou emendar a petição inicial. (ART 321) O prazo é de 15 dias. 
Caso passe o prazo e não tenha acontecido a correção ou complementação da petição, dá-se a sentença sem resolução de mérito.
Caso haja correção ou complementação o juiz, de forma equivocada, ache que não foi de acordo com o que ele pediu. Cabe apelação e o juiz pode se retratar no prazo de 5 dias. 
· Despacho com base no art 10, quando pedido contraria precedente vinculante. Mesmo o juiz deva conhecer uma matéria de ofício, antes de decidir ele deve intimar a parte. 
Ex: Caso de invasão de bem público dominical: Ação ajuizada por detentor para proteger o bem de invasão de terceiro. É uma ação contrária a uma súmula do STJ. Prazo de 15 dias para o autor se manifestar. Se mesmo assim o juiz indeferir:
Cabe apelação e o juiz poderá se retratar em 5 dias.
· Despacho pedindo audiencia de justificação prévia: Quando não é caso de emenda, não contraria nada de precedente vinculante mas o juiz ficou com dúvida sobre algum coisa ds petição, quer esclarecer melhor algum fato.
Chegando o dia da audiência e o réu não comparece, não acarreta revelia. A ausência poderá acarretar multa.
Se o réu levar testemunhas, o juiz não tem obrigação de ouvi-las. 
Realizada a audiência e esclarecidos os fatos o juiz deverá proferir uma decisão interlocutória, durante a audiência ou posteriormente, negando ou concedendo a liminar possessória.
Contestação: prazo para contestação será contado da data da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar. 15 dias.
· Despacho p/ citação: O réu deverá ser citado para integrar relação processual. A partir disso já nasce o prazo para contestação (15dias)
Da decisão interlocutória cabe agravo de instrumento
A contestação vai ter por fundamento o artigo 556 cpc ..
É lícito ao réu, na contestação, o direito de ser mantido ou reintegrado à posse.
Nas ações possessórias, na contestação, é lícito formular pedidos. Podendo, assim, o autor pleitear também perdas e danos. Por tanto as ações possessórias são considerada ações de natureza dúplice.
Quanto o autor pode formular pedidos na petição inicial quanto o teu pode formular pedidos na contestação.
Se o réu tiver sido revel, e as provas produzidas (acervo probatorio) pelo autor provem que o autor n é o verdadeiro dono da posse pleiteada, o juiz pode julgar o pedido improcedente. Julgada improcedente para o autor, vai ser procedente para o réu e vice versa.
Para o prof Daniel Amorim, se o réu for revel, o juiz não pode o conceder o pedido improcedente ao autor. (Corrente minoritária)
Na pendência da ação possessórias, é proibido tanto ao autor quanto ao réu ajuizar ação reivindicatória contra o outro. Porque ação reivindicatória trata de propriedade e é necessário decidir logo a posse. Exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Ou seja, na ação onde exista um autor e um réu AMBOS podem ajuizar uma ação reivindicatória contra terceiro porque o terceiro não está discutindo posse na relação do autor e réu.
557 cpc 
É lícito ao réu alegar usucapião em sede de contestação. Porém não poderá ser concedido o direito a ele naquela ação pois não houve litisconsórcio necessário.
Apresentada a contestação, passa para a fase de instrução (produção deprovas), concluída a fase de instrução o juiz deverá proferir a sentença improcedente ou procedente.
Quanto o juiz julga a ação procedente, ele reconhece o direito do autor. Feito isso, ele pode determinar uma tutela específica ao réu (obrigação de fazer ou não fazer ou de entregar a coisa). Nessa mesma sentença o juiz pode condenar ao réu a obrigação de pagar. Em seguida vem o cumprimento de sentença, para garantir que seja cumprido o que o juiz mandou. O juiz pode, de ofício, requerer o cumprimento da sentença da tutela específica porém o requerimento sobre a obrigação de pagar tem que ser feita pelo exequente, o juiz não pode de ofício.
Art 554 
Diante de uma ação possessórias que tenha um grande número de pessoas no polo passivo da ação, os réus que se encontram na propriedade deverão ser citados e quem não estiver na área será citado por edital, a citação por edital deve se tornar pública, em rádios, anúncios de jornais e etc. Haverá intimação do MP e, se houver hipossuficiente, haverá intimação da defensoria pública também.
Art 559
Para o cumprimento da liminar possessória, o juiz poderá determinar que o autor preste uma caução, todavia, se o autor for hipossuficiente o juiz poderá dispensar essa caução.
· Ação de nunciação de obra nova: visa impedir a continuação de obras no terreno vizinho que prejudicassem o possuidor ou proprietário, ou que estivesse em desacordo com os regulamentos civis e administrativos.
Legitimidade de ajuizar essa ação é do possuidor ou proprietário e tramita em rito comum.
· Embargos de terceiro: Serve para a defesa da posse ou propriedade por quem foi turbado ou esbulhado por atos de apreensão judicial. Essa ação o tramita em rito especial previsto nos art 674 E 681 cpc.
· Ação de imissão de posse: Nessa ação não se discute posse e sim propriedade. É uma ação que procura trazer a posse (pela primeira vez) de um bem que é meu mas que eu ainda não tenho a posse. Segue o procedimento comum.
LEGITIMA DEFESA DA POSSE E DESFOÇO IMEDIATO
São formas de autodefesa, autotutela ou defesa direta.
Em regra a autotutela/autodefesa são proibidas.
Art 1210 parágrafo primeiro 
Sendo assim, o possuidor pode se defender imediatamente contra o esbulho ou turbação, desde que não extrapole o necessário para obter o bem de volta. Se extrapolar, abusar do direito de defesa, poderá responder por abuso do direito de defesa, na esfera cível (indenização), ou por exercicio arbitrario das proprias razões, na esfera criminal, a depender do caso.
· Legítima defesa da posse é quando o atentado à posse não foi definitivo. Está na iminência de acontecer.
· Desforço imediato é quando o atentado já foi consumado.
A defesa de ser imediata, ou seja, incotinenti. A imediatabilidade do fato se dá após o conhecimento dele.
Condomínio: Quando duas ou mais pessoas tem a propriedade simultânea de um mesmo bem.
COMPOSSE: Quando duas ou mais pessoas tem a posse simultânea de um mesmo bem.
Que pode decorrer de ato inter vivos (doação conjuntiva a dois donatários) ou mortis causa (herança). Art 1199 cc/02
A posse é absoluta (gera efeito erga omnes), mas não é exclusiva (quer dizer que a posse pode ser exercida por mais de uma pessoa simultaneamente).
Maria Helena Diniz diz que há dois requisitos para que haja composse:
• Pluralidade de sujeitos 
• Coisa indivisa ou em estado de indivisao
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
· PRO INDIVISO OU INDIVISÍVEL: Quando não há como determinar no plano prático e corpóreo a parte de cada possuidor. Qualquer um dos compossuidores poderá usar os remédios possessórios. (Litisconsórcio facultativo)
· PRO DIVISO OU DIVISIVEL: Quando cada compossuidor sabe qual sua parte.
Há precedentes no sentido de que cada possuidor só podera defender a posse correspondente à sua fração ideal. (litisconsórcio necessário)
FORMAS DE AQUISIÇÃO, TRANSMISSÃO E PERDA DA POSSE 
· AQUISIÇÃO (Art. 1.204): A aquisição da posse é concretizada desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poder inerente à propriedade (GRUD).
Modos de aquisição da posse
· Originário: Há uma relação direta entre pessoa e coisa nem que não houve intermediação com possuidor anterior. Coisa sem dono ou abandonada. Nesse caso a posse vem despida de qualquer vício.
· Derivado: Quando há relação jurídica com o antigo possuidor para realizar a transferência da posse. Nesse caso a posse é transmitida com as mesmas características da anterior.
MODO DE AQUISIÇÃO DERIVADA DA POSSE
· REAL: Entrega efetiva ou material da coisa
 
· TRADIÇÃO SIMBÓLICA: Não há entrega real da coisa mas há um ato representativo da transferência da coisa.
· TRADIÇÃO FICTA: É a que se dá por presunção. 
• traditio brevi manu: possuidor possuía a coisa em nome alheio epassa a possuir em nome próprio. Ex: inquilino que compra a casa alugada.
• Constituto possessório ou cláusula constituti: É o inverso. Aquele que possuia em nome proprio passa a possuir em nome de outrem.
QUEM PODE ADQUIRIR A POSSE
ART. 1205 
II- para que a pessoa venha a adquirir a posse efetivamente, terá que ratificar o ato do terceiro que agiu sem poderes. Realmente confirmar que queria aquela posse. Feito isso, terá efeitos retroativos . 
TRANSMISSAO DA POSSE 
Art. 1206 (aquisição derivada da posse). Quando há uma sucessão há uma transferência do tempo de posse do possuidor anterior.
• Representa o princípio da continuidade do caráter da posse ou acessão da posse: 
PODE OCORRER POR:
· SUCESSÃO UNIVERSAL: O sucessor universal continua o direito da posse do antecessor. A sucessão de posses é imperativa. Por imposição legal, transmite-se automaticamente. Não importa se é sucessão inter vivos ou mortis causa.
· SUCESSÃO SINGULAR: É facultado unir a posso do possuidor atual com a posse do seu antecessor. Não é impositiva, não ocorre automaticamente. Não importa se a sucessão de bens é inter vivos ou causa mortis.
• Obs1: Por ser uma faculdade o possuidor atual só a usada se a convier.
• Obs2: Mesmo o possuidor optando por nova contagem, não estará livre dos vícios da posse anterior.
POSSE DOS ACESSÓRIOS
ART 1209 
PRINCIPIO DA GRAVITAÇÃO JURIDICA = O ACESSORIO SEGUE A MESMA SORTE DO BEM PRINCIPAL
PERDA DA POSSE:
ART 1223
Perde -se a posse partir do momento que se perde o atributo que constitui a pposse
Exemplos de perda de posse 
• abandono da coisa
• Pela tradição ( real, ficta ou simbólica)
• Pelo perecimento do bem > destruição do bem 
Art 1224 
A perda da posse não acontece no dia doo esbulho a sim quando se tem notícia e não faz nada para recuperar a posse ou quando foi repelido tentando recupera-la
Obs: O esbulho por si só não é caso de perda da posse, é preciso estar associado à desídia do possuidor.

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