Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
~ ESTUDOS PEDAGÓGICOS DINÂMICAS EDUCACIONAIS CONTEMPORÂNEAS WH!TEBOOKS WH!TEBOOKS Adriana Rocha Bruno, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Brasil Agulnaldo Robinson de Souza, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Brasil Albertina Lima Oliveira, Universidade de Coimbra. Portugal Ana Cristina Almeida, Universidade de Coimbra. Portugal Armanda Matos, Universidade de Coimbra. Portugal Carla Isabel Vilhena, Universidade do Algarve. Portugal Cristina Sánchez Gimenez, Universidad Nacional de Educación a Distância (UNED). Espanha Darwin Ianusklewtz, Centro Universitário de Araraquara (UNIARA). Brasil Elisa Puplales Rueda, Universidad del Tolima. Ibagué-Colombia Fablenne Lancella, Université de Poitiers. França Helder Manuel Henriques, Instituto Politécnico d<; Portalegre. Portugal Keyla Isabel Cafüzales, Universidad Centroccidental lisandro Alvarado. UCLA Venezuela Klaus Schlunzen Junlor, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Brasil Joaquim Armando Ferreira, Universidade de Coimbra. Portugal José Antonlo Ssnchez Melena, Universidade Pedagógica Nacional. Michoacán. México José Luls Garcia Cué, Colégio Pós Graduados T ex coco. México José Manuel Mansllla Morales, Universidad Complutense de Madrid. Espanha LynnAlves, Universidade do Estado da Bahia. Brasil Luis Carlos Mota, Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal Mariano Outlérrez Taplas, Universidad de Valladolid. Espanha Sandra Cristina Valadas, Universidade do Algarve. Portugal Sofia de Lurdes Rosas da Silva, Instituto Politécnico de Coimbra. Portugal Walter Campl, Universidad Nacional de Quilmes. Argentina Wllmer Ismael Ángel Benavldes, Universidad Nacional Abierta y a Distancia (UNAD). Colômbia Wilson Massashino Yonezawa, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Brasil Coleçãb ESTUDOS PEDAGÓGICOS BUENDED (E) ªNING --NA-- SOCIEDADE DIGirAL DINÂMICAS EDUCACIONAIS CONTEMPORÂNEAS WH!TEBOOKS 7ituto- Blended (e)Learning na Sociedade Digital ColeçãD- Estudos Pedagógicos Dinâmicas Educacionais Contemporâneas António Gomes Ferreira f/utoru Angélica Monteiro J. António Moreira José Alberto Lencastre C.apa e dulJJn Carlos Gonçalves © WHITEBOOKS Rua de S. Bento. Edificio Cidnay - L 2 4780-546 Santo Tirso - Portugal geral@whitebooks.pt www.whitebooks.pt 1mpre44iW e acabamento- Printhaus 'lJepóollo- laJal. 394512/15 Lsbn 978-989-8765-17-8 'lJata lª Edição. Santo Tirso. agosto de 2015 SEJA ORIGINAL! DIGA NÃO À CÓPIA RESPUt1 OI DfflllTm CH! AUTOR RESERVADOS TODOS OS DIREITOS. Esta edição não pode ser reproduzida nem transmitida, no todo ou em parte. sem prévia autorização escrita da editora. Índice PREFÁCIO. 7 INTRODUÇÃO . 13 CAPÍTULO I. 17 BLENDED LEARNING: DEFINIÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS. 17 1. Definição e delimitação concetual.. 23 2. Tendências atuais.. 25 CAPÍTULO II.. 29 BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO ENTRE DIFERENTES ABORDAGENS PEDAGÓGICAS. MODELOS E TECNOLOGIAS DIGITAIS. 29 1. O Blended Learning no processo de ensino- aprendizagem . 29 2. Modelos para uma didática renovada.. 39 3. Tecnologias digitais ao serviço do Blended (e)Learning... 46 4. O Blended Learning na configuração de comunidades de aprendizagem. . 51 CAPÍTULO Ill. 55 BLENDED LEARNING E AVALIAÇÃO EM SALAS DE AULA VIRTUAIS. 55 1. Avaliação em salas de aula virtuais assíncronas . 57 1.1. Práticas potenciadoras de presença social 58 1.2. Análise qualitativa do desempenho. 62 1.3. Avaliação quantitativa das interações - Social Networks Adapting Pedagogical Practice 65 CONSIDERAÇÕES FINAIS 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . 71 PREFÁCIO As relações sociais e pedagógicas contemporâneas têm sofrido grandes transformações impulsionadas pela apro- priação das tecnologias. que assumem um papel crucial no rompimento de hábitos e comportamentos até outrora considerados inabaláveis. Devido à penetrabilidade em dife- rentes áreas na esfera das aprendizagens (formal. não formal e informal). a revolução tecnológica assume um papel não negligenciável na complexidade dos ambientes de formação de hoje e de amanhã. Ignorá-la será descurar o seu potencial de transformação, modernização. de competição e interna- cionalização. O resultado é uma arquitetura de rede que não pode ser controlada a partir de nenhum centro de decisão ou negócio e é composta por milhares e milhares de nodos. A habilidade ou inabilidade das sociedades educacionais dominarem as tecnologias influi no seu destino. sem permitir que o excesso de bits massifique as diversidades culturais. mas explorando todo o seu potencial de transformação e de criação de espaços em rede, sem fronteiras. Espaços gera- dores de experiências de aprendizagem únicas resultado de novas relações sociais que afasta e vigia e na qual cada ator é simultaneamente consumidor e produtor de informação. As visões populares das tecnologias educacionais tendem a exagerar tanto na promessa como no risco. Os compu- tadores e a Internet não são remédios instantâneos para currículos mais ou menos obsoletos. nem tão pouco camu- flagens para as tradicionais instruções didáticas. Nem a educação online vai substituir os professores. nem a internet PREFÁCIO 7 vai influenciar negativamente os estudantes. A ênfase não recai na tecnologia. esta deverá ser transparente e atuar como um instrumento promotor de redes de aprendiza- gem e conhecimento. O foco deverá ser nas condições que afetam a apropriação tecnológica. importando consigo um significativo incremento de qualidade na educação. Para que o seu impacto não seja Limitado e restrito a elites. deverá ser encarado como um direito que assiste a cada estudante. A tecnologia sozinha não muda a prática escolar. Para maximizar os benefícios da inovação tecnológica importa alterar a forma como se pensa a educação. É este mix de uma sociedade presencial e virtual que nos conduz ao conceito de blended-learning (bLearning). É neste campo que alcançamos o conforto da presença física e exploramos todo o potencial das aprendizagens em rede. mediadas pelas tecnologias. Desengane-se quem procura nesta modalidade transformar as aprendizagens online em extensões das aprendizagens presenciais. Se um estudante tende a achar tediosa uma aula em que professor. durante horas. expõe as matérias que este mais facilmente aprenderia por si só visualizando vídeos e interagindo online. quem o poderá criticar? A extensão da aula tediosa para os ambientes online não acrescentará qualidade à formação oferecida. O seu dia a dia está repleto de confrontos entre a apreensão de conhecimentos pela via escolar e a aquisição de conhecimentos pela via informal. Esta é a sociedade blended. que exige mudanças no sentido de fazer das escolas um Lugar apetecível. recompensante e prazeroso para os estudantes. Para isso é necessário repensar os padrões tradicionais de ensino. oferecer infraestruturas. apoio técnico. científico e pedagógico. impulsionar a alteração dos diálogos. refletir sobre as práticas e as aprendizagens. promover uma cultura de colaboração. de partilha. de rede. É necessário adaptar os currículos. os objetivos. os materiais. as metodologias. as políticas de avaliação dos docentes e dos estudantes. a própria cultura das instituições de ensino. 8 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIE.DADE DIGITAL Este contexto exige a criação de estruturas que respon- dam às necessidades de aprendizagem ao longo da vida. com currículos semiestruturados que realcem a realidade multifacetada. multidimensional. multidisciplinar. multilinear assim como a articulação de saberes que se exige aos atuais profissionais. integrados numa sociedade em rede. Esta visão implica a flexibilização na gestão dos recursos huma- nos. promovendo centros de gestão de conhecimento com geometrias. saberes e dimensões variáveis. promovendo a atualização pedagógica e científica constantes desses recursos. Implica. igualmente.a flexibilização dos planos cur- riculares. numa oferta mais personalizada e descentralizada. Considerando a educação formal e informal. a inclusão dos MOOC (massiue open online courses) com créditos de for- mação, o trabalho interdisciplinar e os projetos interescolas e interempresas (nacionais e internacionais). Interligando contextos. criando pontes de relacionamento conducentes a um desenvolvimento da aprendizagem pela prática. investi- gação e aplicação. Implica ainda o estabelecimento de laços entre a cultura e a ciência. Em que os resultados da apren- dizagem guiam o desenho semiestruturado dos currículos. numa aceitação dos princípios de pensamento global e da complexidade. A prioridade no aprender a pensar e pesquisar sobre a própria aquisição de conhecimento. deixando que os processos cognitivos dos estudantes se desenvolvam fora das normas de receituário em que a memorização prevalece. Responsabilizando os estudantes sobre a sua própria apren- dizagem. desenvolvendo os processos de autoformação. suportados por metodologias de blended. Considerando os momentos de aprendizagem individual e enriquecendo as horas de contacto presencial tornando-as mais significativas. Reconhecendo as inteligências múltiplas e as necessárias alterações nos processos de avaliação. Desenvolvendo a sociedade aprendente. em que a educação e a formação avançada se estabelecem através de redes de saberes cujos nodos são os centros de gestão de conhecimento. PREFÁCIO 9 Não é uma utopia considerar as tecnologias como uma oportunidade de inovação, de integração. inclusão. flexibiliza- ção, abertura. personalização de percursos de aprendizagem mas esta exploração exige uma mudança de paradigma para instituições digitalmente inovadoras. capazes de transformar o ensino presencial num suporte ao ensino online. É nesta visão disruptiva que assenta a atual sociedade de aprendiza- gem em rede. As necessárias mudanças organizacionais são muitas vezes dolorosas e implicam enormes desafios institu- cionais de adaptação. de inovação, de alterações estruturais. de flexibilidade, de enquadramento e de liderança. Sem essas mudanças as tecnologias serão usadas apenas para facilitar práticas tradicionais. resultando num incremento de valor residual na qualidade da formação oferecida. O que outrora se delineava em breves traços é hoje uma realidade possível de concretizar que muitos insistem em esconder atrás de um falso conforto em estruturas tradi- cionais desgastadas pelo tempo, efémeras e sem retorno. A vontade e a força das políticas internas e externas ditarão a velocidade com que esta mudança ocorrerá. É impossível imaginar uma aprendizagem "unblended", pois a questão não é se devemos combinar mas como combinar. que exige uma reengenharia dos processos de aprendizagem e mudanças culturais, nas instituições e nos atores. Esta é a visão blended, uma visão disruptiva, que projeta a realidade de um caminho nem sempre fácil de percorrer. É neste contexto de blended-learning que esta obra encontra o seu espaço e se perfaz de um valor precioso e único, num real contributo para o necessário esforço analítico da atual realidade, que se apresenta com formas, ritmos e escalas distintas. Apresenta-s~ como um instrumento de auxílio na com- preensão da sociedade blended que nos rodeia, que se descreve e projeta com base em dados reais, em análises científicas e em teorias exploratórias. Trata-se de uma jornada intelectual que nos conduz por um itinerário de inúmeros e valiosos domínios. que nos 10 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL transporta para várias culturas. contextos e saberes. com vista ao entendimento impulsionador de transformações globais, que exigem a análise numa perspetiva global. Ao longo deste itinerário somos convidados a fazer para- gens e refletir sobre problemáticas tão desafiadoras como árduas. Entre espaços fecundos de conhecimento como os ambientes informais de aprendizagem e espaços mais áridos como a necessidade de expansão da intervenção das escolas e da preparação dos docentes. É no encontro destes espaços que tomamos o nosso lugar. permeabilizando pensamentos e interiorizando diferentes dimensões da atitude criativa de criação dos ambientes de blended-leaming. Um terreno fértil que exige diálogo entre abordagens. comunidades de aprendizagem e conceções. É neste contexto que convido o leitor a integrar esta mara- vilhosa jornada intelectual com destino a uma "pedagogia transformadora". tão necessária nesta nossa sociedade blended. PREFÁCIO Paula Peres. março 2015 Coordenadora da Unidade de e-Learning do Instituto Politécnico do Porto (e-IPP) 11 INTRODUÇÃO A presente publicação, intitulada Blended (e)Learning na Sociedade Digital é, em parte. reflexo e consequência de um projeto que teve início com a publicação do livro Blended Learning em Contexto Educatiuo: Perspetiuas Teóricas e Práticas de Inuestigação. Assumindo que a diversidade de perspetivas teóricas e experiências representadas nessa obra não deveria ser entendida como estando terminada, decidimos enriquecer o espectro de contributos para a compreensão de um conceito que. na sociedade digital do século XXI. representa muito mais do que a integração de momentos presenciais e não presenciais. Mais do que apenas esta integração de modalidades. o blended learning deve ser entendido como uma estratégia dinâmica que envolve diferentes abordagens e modelos peda- gógicos, diferentes tecnologias e espaços de aprendizagem (formais e informais). Com efeito. hoje a aprendizagem em espaços informais na web, como as redes sociais. constitui um desafio para a sociedade digital. na medida em que estes ambientes reúnem experiências de vida e aprendizagens autênticas. as quais constituem o núcleo das experiências em contexto que alimentam a rede de conhecimento (Downes. 2005). Estas redes sociais e a web 2.0, com as suas ferramentas colaborativas. têm potenciado a construção coletiva do conhecimento com base na facilidade e exponenciação das possibilidades de construção, reconstrução e partilha de · saberes. Na realidade, a aprendizagem na web social já ocorre INTRODUÇÃO 13 de modo informal, com alguns professores entusiastas que acreditam que a linha de separação entre os espaços de aprendizagem formal e informal é ténue. e tem tendência a diluir-se. Esta diluição, no entanto, não significa esvaziar o sentido e a missão da escola mas, pelo contrário, reforça a necessidade de expansão da intervenção e ação da escola orientada, agora, também, para as redes de conhecimento que se desenvolvem no espaço virtual (Moreira, Barros éJ Monteiro, 2014) Nos últimos anos, a procura de iniciativas formativas em blended learning tem vindo a acentuar-se na sequência dos diferentes projetos e planos que visam a integração das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) no sis- tema de ensino português, sobretudo a partir de 2007. com a aprovação do Plano Tecnológico da Educação (PTE), seguindo recomendações da Comissão Europeia. Respondendo ao desafio. o Ministério da Educação aliou-se à vontade de impulsionar a utilização das TIC nas escolas por intermédio da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN) e da Equipa de Missão Computadores. Redes e Internet na Escola (CRIE), disponibilizando a todas as escolas um espaço para alojamento de um sistema de gestão de aprendizagem ou Learning Management System (LMS). No entanto. numa avaliação realizada pelo próprio Ministério da Educação, constatou-se a existência de um subaproveitamento das potencialidades do LMS ao nível da interação, funcionando na maioria dos casos como um "repositório" e não como um espaço de comunicação ou partilha (PTE. 2007). Este subaproveitamento pode ser, em parte, justificado pela falta de preparação dos docentes, pelos desencontros de intenções e necessidade,s de formação entre docentes e instituições formadoras, ou outros desfasamentos,que, além de esclarecer, urge prevenir. É neste quadro que julgamos ser esta obra mais um contributo. Se, antes. se postulou que uma abordagem centrada na alfabetização informática seria o primeiro passo para aproximar o docente de novos ambientes facilitadores do seu 14 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL trabalho, hoje, com o amadurecimento e reflexão em torno da cultura digital, sabemos que o fundamental é a integração das ferramentas informáticas nos contextos educativos. Para tal. devem observar-se mais e mais expressivos resultados da utilização das TIC nos diversos níveis de ensino, em con- formidade com os investimentos em formação que têm sido feitos. Mas. tal como tudo o que julgamos defensável para promover educação, será indispensável. além da (in)formação, o envolvimento ativo, pessoal e a perspetiva de um trabalho de equipa consensual, em comunidade de práticas. A este respeito da utilização das TIC aquém do expectável. o relatório da UNESCO de 2008. ICT Competency Standards for Teachers. refere explicitamente que: "as novas tecnologias requerem novos papéis de professores, novas pedagogias e novas abordagens para a formação de professores. A inte- gração bem sucedida das TIC nas salas de aula vai depender da capacidade dos professores para estruturar os ambientes de aprendizagem em formas não tradicionais, fundir a nova tecnologia com nova pedagogia, para desenvolver salas de aula socialmente ativas. estimulando a interação coope- rativa, a aprendizagem colaborativa e o trabalho de grupo. Isso requer que um conjunto diferente de competências de gestão da sala de aula seja desenvolvido. As principais competências do futuro incluem a capacidade de desenvolver formas inovadoras de utilizar a tecnologia para melhorar o ambiente de aprendizagem. e para incentivar a alfabetização tecnológica. aprofundamento e criação do conhecimento1" Centrando-se, sobretudo, na análise de processos peda- gógicos. de novos modelos de ensino e de tecnologias digitais. esta é, pois, uma obra que aborda as diferentes dimensões que devem ser consideradas quando se concebem. dese- nham, implementam e avaliam cursos. unidades curriculares ou disciplinas em blended leaming. O capítulo I. intitulado Blended Leaming: definição e ten- dências atuais. abre este livro com a análise da evolução 1 UNESCO. 2008. p. 9. INTRODUÇÃO 15 do conceito de blended learning. desde o seu início até às concetualizações mais recentes. Discutem-se as diferen- tes conceções teóricas acerca deste conceito e conceitos associados. como eLearning. Ensino a Distância. Educação Online ou Open Learning. e apresentam-se uma variedade de soluções de blended learning passíveis de serem adaptadas a diferentes públicos-alvo. No segundo capítulo. intitulado Blended Learning e o diálogo entre diferentes abordagens pedagógicas. modelos e tecnologias digitais. expõem-se algumas das razões que justificam a adoção de uma abordagem em blended learning. apresentam-se alguns modelos e tecnologias digitais que podem contribuir para uma didática renovada e procura-se compreender estes sistemas. não apenas como promotores de autonomia. cooperação e interação social. mas também enquanto responsáveis pelo desenvolvimento de comunida- des de aprendizagem. No terceiro e último capítulo do livro. intitulado Blended Learning e aualiação em salas de aula uirtuais formais e informais. aborda-se a questão da avaliação nas salas de aula virtuais (fóruns dos LMS e outros espaços de interação na web. como as redes). a partir de diferentes abordagens teóricas. Do conjunto destes contributos resulta. pois. um menu de possibilidades que se pretende sejam ilustrativas da vantagem da deslocação de paradigma educacional. no sentido de uma pedagogia transformadora. num registo de orientação ope- racionalizada segundo diferentes perspetivas metodológicas preferidas pela docência e num regime autorregulado da gestão dos conteúdos. 16 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL CAPÍTULO 1 BLENDED LEARNING: DEFINIÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS Blended learning (ou bLearning) emergiu como um dos conceitos pedagógicos mais populares no início deste século XXI. Nos últimos dez anos. as experiências de educação e investigação em blended learning aumentaram significati- vamente fruto dos desenvolvimentos tecnológicos (Güzer & Caner. 2014). e como resultado das diferentes iniciativas para inovar pedagogicamente integrando as TIC nos sistemas de ensino. No Ensino Superior. a abordagem em blended learning é altamente considerada pela sua flexibilidade. que permite ao professor propor soluções variadas de ensino e de apren- dizagem com uso das TIC. indo ao encontro de desenhos didáticos mais centrados no estudante (user-centred design). Uma análise de artigos sobre blended learning publicados em revistas científicas (2010-2012) realizada muito recentemente por Halverson. Graham. Spring. Drysdale e Henrie (2014). permite concluir que o Ensino Superior é o contexto onde mais experiências de blended learning são feitas. com 66% das publicações citadas focadas unicamente no desenho didático no contexto de Ensino Superior. Quase 20% focalizada em todas as configurações. 12.5% em empresas (formação orga- nizacional). e menos de 2% sobre o ensino secundário. Quase um terço (29.4%) das publicações citadas abordou questões como a natureza e papel do blended learning. benefícios e desafios da aprendizagem híbrida; tendências atuais e futuras sobre blended learning; posição ou argumentação a favor ou contra o blended learning; propósitos para blended learning; CAPiTULO 1 - BLENDED LEARNINGo DEFINIÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS 17 e o potencial transformador de blended leaming (Halverson et ai .. 2014, p. 12-13). No entanto, blended leaming parece ser um conceito mui- tas vezes na fronteira com outros, como eLeaming. ensino a distância, educação online, open leaming. Na verdade, existem terminologias diferentes para conceitos muito semelhantes, tornando-se essencial refletir e esclarecer a fim de facilitar a adoção de um conceito em particular (Lencastre 6 Coutinho. 2015, p. 1360). Educação a distância A educação a distância (distance education). refere-se aos cenários de acesso à aprendizagem para aqueles que estão fisicamente distantes, portanto. não implicando a presença física entre o professor e os estudantes (Moore 6 Kearsely, 2011) Durante as duas últimas décadas. a literatura mostra que muitos autores usam definições inconsistentes de ··educa- ção a distância" e "ensino a distância". Na maioria das vezes parece descrever o esforço para colocar o foco sobre a aprendizagem do estudante (educação a distância) em vez de ser na formação (ensino a distância). Moore e Kearsely (2011) esclarecem que muitas pessoas pensam na Internet como o início da educação a distância, mas que o verdadeiro ponto de partida ocorreu por meio de correspondência por carta entre professor e estudante (Moore 6 Kearsely, 2011. p. 4596). Estes autores categorizam a educação a distância em cinco gerações, que são: 1. correspondência (1900), 11. rádio e televisão (1920 e 1950, respetivamente). iii. universidades abertas (década de 70 do séc. XX), iv. teleconferência (década de 80-90 do séc. XX), e v. Internet/Web (2000). A ideia básica por trás da educação a distância é comum em todas estas cinco gerações. sendo essa ideia a de ensinar 18 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL e aprender ao mesmo tempo estando o estudante e o pro- fessor em lugares diferentes. A disseminação da Internet aumentou a popularidade da educação a distância e criou novas terminologias como eLeaming, educação online, Web-based leaming ou open leaming. que a seguir tentaremos ajudar a delimitar. eLearning Rosenberg (2001; 2006) afirma que o eLeaming é uma forma de ensino a distância, mas que o ensino a distância não é eLearning. Para o autor. a associação entre os dois termos é usual, maso eLearning chegou para realizar o que não era possível no ensino a distância tradicional, por exemplo: o aumento da interação professor-aluno, comunicação bilateral, comunicação síncrona e assíncrona. a inclusão de estratégias de colaboração, uso de materiais e estratégias que incentivem os estu- dantes a processar informações de forma autónoma, a recolha sistemática de dados (através dos LMS), e informações atualizadas e relevantes em tempo real. eLeaming tem diferentes significados, alguns com mais ênfase no componente tecnológica, tais como a capacidade de obter informações através da Internet ou de aprender através de recursos multimédia (Clark EJ Kwinn. 2007). Outros veem o eLeaming numa dimensão de aprendizagem mais pedagógica através da comunicação, colaboração e coope- ração num espaço virtual (Moore. Dickson-Deane EJ Galyen, 2011). Masie (2006) combina estas duas dimensões. tecnologia e pedagogia, quando diz que o eLearning é o uso da tecnologia de rede para planear, entregar. selecionar. gerir e expandir a aprendizagem. Apesar desta possível incerteza, parece claro que o eLear- ning pode fornecer uma oportunidade de aprendizagem para indivíduos distantes (Moore et ai., 2011), em que as dimensões de comunicação e interação podem ser conseguidas numa CAPÍTULO 1 - BLENDED LEARNINGo DEFINIÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS 19 extensão antes impensável pela inadequação das tecnologias então existentes. Educação online Educação online (online educationlonline learning) parece ser o termo de mais difícil definição. Alguns autores usam-no como sinónimo de eLearning. descrevendo a educação online como aprender "totalmente" online (Oblinger & Oblinger. 2005). enquanto outros autores definem a educação online como uma versão mais recente do ensino a distância. que melhora o acesso a oportunidades educacionais para os estudantes "não tradicionais e/ou sem privilégios" (Benson. 2002: Conrad. 2002). Lowenthal. Wilson e Parrish (2009). simplesmente referem-se à tecnologia ou ao contexto com o qual a tecnologia é utilizada. A maioria dos autores descrevem a educação online como experiências de aprendizagem. geral- mente em contexto de sala de aula. com acesso aos recursos disponíveis na Internet (Benson. 2002: Conrad, 2002) Outros autores discutem a acessibilidade. conectividade. flexibili- dade (Hiltz & Turoff. 2005). interatividade e capacidade de promover a colaboração (Liang & Chen. 2012). Esses autores. como muitos outros. acreditam que há uma relação entre a educação a distância e a educação online. quando a definem como o uso da Internet para a aprendizagem. para acesso a materiais. para interagir com o conteúdo. com o professor e com os outros estudantes. mas parecem um pouco inseguros nas suas próprias narrativas. Web-based learning Web-based learning (aprendizagem baseada na Web) é uma forma de aprendizagem que utiliza tecnologias ou fer- ramentas da Web no processo de ensino. promovendo a aprendizagem c9mo um processo ativo. dinâmico e centrado no estudante (Dias. 2000). Ou seja. o estudante utiliza princi- palmente o computador com Internet para interagir com o professor. com os colegas. e com o material didático. Pode ser feito presencialmente ou a distância. Assim. a principal 20 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL ideia por trás de Web-based learning é o de orientar e facilitar a aprendizagem. porque encaminha o processo de pesquisa e autonomia para a Internet: "A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos estudantes. pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece." (Moran. 2003. p. 15). Por outro lado. "A integração da Internet na sala de aula deve despertar a pesquisa. a autonomia e promover a reflexão e construção de conhecimentos" (OKada. 2008. p. 57). O exemplo típico da aprendizagem baseada na Web são as WebOuest (Dodge, 1995). A WebOuest é um formato de aula orientada em que a maior parte (ou todas) das informações de que o estudante necessita estão na Internet. Um dos aspetos que diferencia a Web-based learning de outros conceitos similares. é que promove tanto a apren- dizagem formal como informal. Formal é quando as tarefas propostas são organizadas pelo professor (com objetivos definidos). A aprendizagem informal acontece enquanto o estudante está a pesquisar na Internet e. por isso. faz a sua aprendizagem. É um processo mais individualizado (user- centred approach). dependendo muito mais da iniciativa do estudante, dos seus objetivos e vontade em aprender Open learning Open learning é um termo frequentemente confundido com a educação a distância (Fraser EJ Deane, 1997) ou com o ensino a distância (Rumble. 1989). Segundo este último autor. Open learning é uma abordagem para o ensino e aprendiza- gem que coloca a ênfase no direito do estudante em tomar decisões. Open learning permite ao estudante definir o seu percurso formativo. escolher os módulos que quer estu- dar. escolher os materiais que melhor se adaptam aos seus conhecimentos e interesses. escolher o ritmo do processo de aprendizagem. Isso significa que a aprendizagem é mais flexível. Segundo Fraser e Deane (1997, p. 25). a flexibilidade pode ser fornecida no: curso ou conteúdo, CAPÍTULO 1 - BLENDED LEARNING, DEFINIÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS 21 modo de aprendizagem. modo de acesso, tipo de recursos disponibilizados para a aprendizagem. ritmo de aprendizagem, tipo de interação entre os estudantes, apoio prestado ao(s) estudante(s). e método(s) de avaliação. Assim, o conceito ideal de Open learning tem incidido sobre a preocupação com um sistema onde a participação do estudante é Livre das exigências académicas tradicionais. Os objetivos da aprendizagem e da avaliação devem servir de base para a tomada de decisão do estudante. Esta filosofia de educação tem como objetivo ajudar os estudantes a assumirem a responsabilidade pela sua própria aprendizagem. quer seja para estudo, emprego. ou pela simples satisfação pessoal. Exemplo de Open learning são os MOOC - Massiue Open Online Course. Um MOOC é um curso online que é Livremente acessível a qualquer pessoa e onde. normalmente, não são exigidos pré-requisitos. Inclui Recursos Educacionais Abertos (REA) e oportunidades de interação e colaboração entre estudantes. Isso acontece porque são cursos que dão ao estudante a Liberdade e o tempo de fazer o curso ao seu ritmo, sem sessões agendadas, quer sejam presenciais quer sejam a distância. Alguns estudantes gostam de escolher os dias em que querem ver os conteúdos, sem pressão. Neste caso. cada estudante pode iniciar um curso que apenas tem um prazo para ser terminado. Ou podem ser os módulos do curso que têm um prazo estabelecido, e tudo o que o estudante tem que fazer é ir realizando as tarefas dentro dos prazos. e o docente verificar quem completa (ou não) as atividades. Um MOOC permite uma Liberdade de acesso e de compromisso que nem sempre é possível num curso em eLearning em que o docente marca um ritmo coletivo para a turma 22 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL 1. Definição e delimitação concetual Inicialmente. o termo blended learning foi usado como a ligação entre a sala de aula presencial e o ensino a distância mediado pelo computador (Graham. 2006). Mais recente- mente. devido à crescente expansão da Internet e usabilidade dos LMS. blended learning representa uma diversidade e uma variedade de combinações. Assim. embora seja quase impossível encontrar um sistema de ensino e aprendizagem que não envolva métodos de ensino mistos. o conceito de blended learning. como o entendemos hoje. é um resultado da introdução das TIC na escola. Neste contexto. o online tem duas formas distintas de interpretação que não se excluem mutuamente: (i) um. em que a informação está distribuída e só se torna acessível através de meios tecnológicos de comunicação "a distância" complementarmente à que se realiza presencialmente; ou (ii) outra.em que a informação está dispersa e os participantes estão também distribuídos espacialmente. Embora o conceito de blended learning. his- toricamente. melhor se adequa ao segundo modelo. temos de concluir é que a sala de aula presencial se tem vindo irreme- diavelmente a transformar no modelo descrito em primeiro lugar. ou seja. um modelo de blended learning alimentado pelas TIC. Note-se que esta hipótese deve assumir que o pro- fessor não interfere em todas as tarefas que propõe durante a sessão presencial. permitindo a autonomia do estudante para determinadas atividades e que propõe outras tarefas. utilizando as TIC. para além dos tempos letivos dedicados às sessões presenciais em sala de aula. Outra forma é olhar o blended learning é a partir dos conceitos de aprendizagem síncrona e assíncrona. Os momentos síncronos ocorrem para todos os estudante ao mesmo tempo. ou seja. todos os estudantes frequentam as mesmas classes online. como se estivessem numa sala de aula física. mas na realidade estão numa sala de aula virtual (SAV). acessível através da Internet. As formas de comuni- cação síncrona podem basear-se na utilização de texto. tais como mensagens instantâneas. ou mesmo na utilização de CAPÍTULO I - BLENDED LEARNING, DEFINIÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS 23 áudio e de vídeo, no caso em que devem ser designadas por conferência áudio ou videoconferência. A aprendizagem assíncrona acontece em momentos diferentes para cada estudante, de acordo com o seu tempo e necessidade. ~xemplos de atividades assíncronas são os tutoriais, os fóruns ou até mesmo o e-mail. Quando ambas as abordagens síncronas e assíncronas são usadas temos uma abordagem de blended learning. De acordo com Allen. Seaman e Garrett (2007). um curso para ser considerado numa abordagem de blended learning deve ter entre 30% e 79% do conteúdo do curso via online. Com esta classificação, introduz a expressão Web Facilitated para os cursos presenciais que têm até 29% de conteúdo online (Figura 1) 0% 1% a 29% 30%a 79% 80+% • li Tradicional Web Facilitated Blendedl Hibrído Online Descrição típica Curso sem uso de tecnologia online - o conteúdo é disponibilizado por escrito ou oralmente. Curso que usa a Web para facilitar o que é essencialmente presencial. Usa um Sistema de Gestão de Aprendizagem ou páginas Web para disponibilizar o programa curricular e as tarefas, por exemplo. Curso que mistura o online com o contacto presencial. Uma percentagem substancial do conteúdo é disponibilizado online. tipicamente usa as discussões online e tem sessões presenciais. Um curso em que a maioria ou todo o conteúdo é disponibilizado online. Normalmente não tem sessões presenciais. Figura 1: Classificações dos cursos de acordo com Allen, Seaman e Garret (2007) Apesar de tbdas estas definições. pensamos que ter uma percentagem presencial e outra online não satisfaz plena- mente o conceito de blended learning, independentemente da percentagem dedicada a cada uma das partes. Isto porque é redutor do conceito, uma vez que não releva a natureza 24 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL das atividades de aprendizagem que ocorrem nos distintos ambientes e a forma como o curso efetivamente utiliza essas mais-valias. Esta visão simplista faz com que, em muitos cursos. a vertente online surja apenas como um complemento da formação presencial, e possivelmente sem significado. Moore (2006) argumenta que a superioridade da sala de aula presen- cial é um dogma assumido por algumas instituições que tem vindo a ser desafiado pelas novas formas de comunicação online. É possível, hoje, com o avanço quase diário das tec- nologias disponíveis (tecnologias que usam o texto, o áudio e o vídeo), e com uma experiência cada vez mais sólida de docentes dedicados. conseguir níveis de interatividade nas (SAV) superiores aos da sala de aula presencial (cf Lencastre. 2009) A "respeitabilidade" que estes momentos a distância em SAV estão a ganhar a cada dia no Ensino Superior per- mite um espaço para o blended learning. Por outro lado, os cursos em blend ainda parecem ser mais consistentes do que os puramente a distância. Toyama, Murphy e Baki (2013) reforçam esta ideia quando afirmam que "studies of blended instruction found a larger advantage relative to face-to-face instruction than did studies of purely online learning" (p. 29). aqui entendidos como totalmente a distância, sugerindo com uma possível explicação que estes ambientes de aprendiza- gem mista "tended to involve more learning time. additional instructional resources, and course elements that encourage interactions among learners" (p. 36) Colocando a ênfase na vertente online. é possível inverter o paradigma vigente, sendo a componente presencial dedi- cada para os aspetos sociais e afetivas dos estudantes que frequentam o curso, e para os momentos laboratoriais. Nesta perspetiva, a aprendizagem em blended learnig põe a tónica na interação, e ela pode ser conseguida com sucesso na SAV 2. Tendências atuais Historicamente, quando um novo tipo de tecnologia surge, os investigadores estudam formas de a usar na educação. Foi CAPÍTULO I - BLENDED LEARNING, DEFINIÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS 25 assim com os projetores de diapositivos, com as televisões, com os computadores e, mais recentemente. o mesmo aconteceu com o multimédia e com a Internet (Liang fr Chin, 2012). Em cada época. muita investigação se tem dedicado a encontrar a eficácia dessas tecnologias na educação. Atualmente, o desenvolvimento dos dispositivos móveis, como os smatphones e os tablets. despertou o interesse no chamado mobile learning (ou mLearning). Perseguindo este desenvolvimento tecnológico, é comum estes dispositivos móveis, permanentemente ligados à Internet. aparecerem na escola para promoverem uma abordagem de blended (e) Learning. Por os dispositivos móveis serem apelativos para os estudantes. permitem diferenciar modos de comunicação, de colaboração e de interação com a informação. potenciando o trabalho em rede e ao longo da vida (Trentin fr Benigno. 2013). Como com qualquer tecnologia, os dispositivos móveis podem apoiar uma diversidade e uma variedade de combi- nações de abordagens pedagógicas. de que destacamos o Flipped Classroom, Digital Portfolios. Digital Storytelling, Gamification. Realidade Aumentada. Problem-Based Learning e Coaching. Esta combinação de tecnologias móveis com abordagens pedagógicas. mais ou menos revolucionárias. permite (re) centrar no estudante o processo de aprendizagem. mesmo quando o estudante não está num local fixo específico de educação formal, associando à dimensão tecnológica a mobi- lidade da aprendizagem (Attewell fr Savill-Smith. 2014). Isto acontece porque o mobile learning potencia ao estudante ser mais produtivo em diferentes contextos (formais e informais) enquanto consome, partilha ou interage com a informação e com os outros. Assim, a face mais visível que inicialmente estimula a mudança é sempre a tecnologia, mais do que a pedagogia. Obviamente a 'tecnologia é importante quando se trata de apoio ao ensino, mas não deve ocupar um lugar principal quando se procuram cenários didáticos apropriados. O foco não deve ser na tecnologia, mas nas teorias de aprendizagem 26 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL e na pedagogia (Lencastre u Coutinho, 2015. p. 1365) Como afirma Salmon (2010): "don't asK what the technology can do for you, rather what the pedagogy needs". Caso contrário, as soluções de aprendizagem só servem para aumentar o catálogo de más experiências relatadas na literatura. Estamos numa altura em que a presença online através da Internet pode ser tanto (ou mais). comunicativa e envolvente do que a presença física em sala de aula convencional. Como consequência a distinção entre educação formal e informal diminui a cada minuto (Liang u Chin. 2012). Esta diminuição da aprendizagem em contextos formais de educaçãoé con- gruente com a recente ênfase na autoformação do estudante e numa aprendizagem ao longo da vida. Na maioria dos casos. esta aprendizagem pode ocorrer em qualquer local e em atividades online em rede, que podem ser mais envolventes que as convencionais presenciais. A tendência atual é para a abordagem blend onde as oportunidades são fornecidas para os estudantes a cada momento, criando uma cultura de aprendizagem em rede. CAPÍTULO 1 - BLENDED LEARNING, DEFINIÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS 27 CAPÍTULO II BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO ENTRE DIFERENTES ABORDAGENS PEDAGÓGICAS, MODELOS E TECNOLOGIAS DIGITAIS A partir do conceito de blended learning abordado no capítulo anterior. podemos depreender que. para além da questão da integração dos momentos presenciais e não presenciais. devemos ter em conta. também, a conjugação de diferentes abordagens de ensino. a interação através de diversos recursos tecnológicos e a adoção dos diferentes espaços de vida nos processos de ensino e de aprendizagem É nesta perspetiva que consideramos que os recursos tecnológicos podem assumir um importante papel. por- que a inclusão das mais variadas ferramentas tecnológicas presentes no quotidiano dos estudantes - blogues. vídeos. smartphones, ... - podem contribuir para a interação em momentos presenciais e não presenciais e para o diálogo entre as diferentes abordagens pedagógicas. Assim sendo, o blended learning ou blended (e)learning, pode ser entendido como um processo de comunicação altamente complexo que promove uma série de interações que podem ser bem sucedidas. desde que sejam incorporados recursos tecno- lógicos, sem descurar as componentes social e de ensino. 1. O Blended Learning no processo de ensino-aprendizagem Neste ponto faremos um enquadramento do papel dos sistemas de blended learning no processo de aprendizagem, designadamente: a adesão, as abordagens pedagógicas. os CAPiTULO II - BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO 29 limites e as possibilidades destes ambientes para a promoção de novas e melhores aprendizagens e possíveis dinâmicas de integração dos modelos de blended learning com modelos presenciais. Adesão Quanto à adesão, Bonf< e Graham (2006) classificam os sistemas de blended learning em três categorias. que podem ser assumidas por diferentes fases: a permissão inicial para o blended learning. o reforço da utilização do blended learning e. finalmente, a transformaçâo da pedagogia a partir do blended learning. Assim, encontramos uma categoria inicial na qual o sis- tema é utilizado para aumentar o acesso e a flexibilidade do ensino através da disponibilizaçâo de experiências de aprendizagem semelhantes às anteriormente realizadas no regime presencial. Numa segunda categoria já se notam algu- mas diferenças no regime presencial devido à componente online, ou vice-versa, e numa terceira categoria a pedagogia é totalmente modificada a partir da utilização da tecnolo- gia. através da mudança de um modelo de transmissão da informação para um modelo ativo, interativo e centrado na aprendizagem do estudante. Quanto às razões que levam os docentes a recorrer ao blended learning. Herrington, Reeves e Oliver (2010) afirmam que a tecnologia online se aplica. fundamentalmente, no aumento da oportunidade de acesso e permanência no ensino e no aumento da qualidade e dos resultados de aprendiza- gem. Por sua vez, Bonf< e Graham (2006) identificaram seis razões, entre os docentes: (i) enriquecimento pedagógico. (ii) acesso aos conhecimentos. (iii) interação social. (iv) interesses pessoais, (v) relação custo/efetividade e (vi) facilidade de revisão. Os autores destacaram três principais razões: i) aperfeiçoamento pedagógico: ii) aumento do acesso e da flexibilidade: iii) relação custo/efetividade. No que diz respeito a (i) a melhorar a pedagogia, os autores referem que. hoje em dia, o ensino unidirecional e expositivo 30 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL continua a ser a prática mais corrente utilizada no Ensino Superior. ao invés de estratégias interativas que envolvam o(s) estudante(s) Por outro lado, o ensino a distância sofre com o facto de que colocar o estudante sozinho a assimilar enormes quantidades de informação (Waddoups & Howell. 2002) e a falta de contato humano com os colegas e pro- fessor (Hara & Kling. 1999). Assim. muitos docentes veem o blended learning como uma forma de aumentar a participação do estudante na construção do seu conhecimento (Garrison & Vaughan. 2008). Outra ideia para o uso do blended com o objetivo de melhorar a pedagogia é dada por Oliver. Her- rington e Reeves (2006) quando dizem que os momentos online podem trazer um nível de autenticidade à sala de aula presencial. com acesso a informação relevante e de alta qualidade que está na Internet. Outros docentes viram o blended learning como uma forma de modernização da sala de aula tradicional. usando uma "linguagem" que é bem recebido pelos estudantes porque faz a ligação com a sua vida fora da universidade. Kirkley e Kirkley (2006) referem-se ao facto de que o blended learning permite a aprendizagem colaborativa e a resolução de problemas em ambientes que misturam o presencial com o espaço virtual. Quanto ao segundo aspeto. o (ii) o fácil acesso à educação e flexibilidade é um dos principais fatores do crescimento de metodologias de blended learning. Kaur e Ahmed (2006), Lee e Im (2006). Reynolds e Greiner (2006) destacam o facto de que em muitos cursos não seria possível ter estudantes se não fosse dada a oportunidade de aprender online através dos LMS. pois muitos estudantes não podem comparecer a todas as sessões presenciais. A flexibilidade de tempo e espaço é algo muito importante nomeadamente para os estudantes-trabalhadores. que têm nas suas mãos uma parte significativa da aprendizagem. mas não querem sacrificar as relações humanas que os momentos presenciais proporcio- nam (Hara & Kling. 1999). Finalmente. o terceiro aspeto significativo para o aumento do número de cursos em blended learning é o facto de que CAPÍTULO 11 - BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO 31 são (iii) mais económicos do que os unicamente presenciais. mesmo que seja apenas porque reduzem o numero de viagens até à instituição de formação. Parece-nos claro que a opção pelo blended learning. ainda que motivada por uma destas r azões. deverá ser acompa- nhada por todo um processo de mudança estrutural que potencie todas as possibilidades que o sistema pode oferecer Abordagens pedagógicas Como tem sido sustentado. as teorias de aprendizagem influenciam o tipo de utilização e a função das TIC. mais especificamente do eLearning, nos processos de ensino e de aprendizagem Neste sentido, Ally (2004) conceptualizou as implicações do eLearning em função das principais teorias de aprendizagem e que, neste trabalho, sistemat izamos na Tabela 1. TABELA 1: TEORIAS DE APRENDIZAGEM E IMPLICAÇÕES DO ELEARNING (adaptado de ALLY, 2004, p. 3·31) TEORIA O behaviorismo acredita que a resposta a um es timulo pode ser observada quantita- tivament e. ignorando E completamente o efeito .~ dos processos que O ocorrem na mente. ~ De acordo com este ~ ponto de vista. parece 32 evidente que os com- portamentos podem ser observados e medidos como indicadores de aprendizagem. IMPLICAÇÕES DO ELEARNING L Os estudantes devem ser informados explicitamente acerca dos resultados de aprendizagem esperados para que possam verificar se os objetivos foram atingidos. 2. Os estudantes devem ser testados para determinar se atingi- ram os resultados. através de testes ou outros meios de avaliar o nivel do aluno e proporcionar feedback apropriado. 3. Os materiais de aprendizagem devem ser sequenciados do mais simples para o mais complexo. 4. Deve ser dado feedback aos estudantes para que eles possam acompanhar o próprio progresso e tomar ações corretivas. se necessá~io. BLENDED (E)LEARNING NA S OCIEDADE DIGITAL TEORIA0 Os cognitivistas veem E a aprendizagem como ·~ um processo interno :~ que envolve memória. g' pensamento. reflexão. o abstração. motivação e metacognição. o E <ll ., ·.::; 2 t; § u Os construtivistas concebem o estudante como um ser ativo. A aprendizagem não é recebida do exter ior através de outra pessoa. mas corresponde a uma interpretação individual e a um processamento do que é percebido pelos sentidos que produz conhecimento. O estudante é o centro da aprendizagem que ocorre num determi- nado contexto. IMPLICAÇÕES DO ELEARNING L Devem ser utilizadas estratégias para que os estudantes per- cebam as informações. para que elas possam ser transfer idas para a memória de curto prazo. 2. Os estudantes usam os seus sistemas sensoriais para registar a informação sob a forma de sensações. Devem ser utilizadas estratégias para otimizar as sensações (Localização dos elementos no ecrã. utilização de diversos meios visuais e sonoros. animações. etc.). 2. Devem ser usadas estratégias que permitam que os estudan- tes recuperem a informação existente e a memória de longo prazo para ajudã-los a compreender as novas informações. 3. A informação deve ser fragmentada para evitar sobrecarga durante o seu processamento na memória de curto prazo. 4. Outras estratégias que promovam a t ransformação profunda devem ser usadas para contribuir para a transferência de informação para a memór ia de longo prazo. Estratégias que exijam aos estudantes aplicar. analisar. sintetizar e avaliar. promover a aprendizagem de nível superior. o que torna a transferência para a memória de longo prazo mais eficaz. l. A aprendizagem deve ser um processo ativo. Manter os estudantes a realizar atividades significativas origina um alto nivel de processamento. o que facili ta a criação pessoal de sentidos. Solicitar que os estudantes apliquem a infor mação numa situação prática é um processo ativo que proporciona interpretação pessoal e relevância. 2. Os estudantes devem construir o seu próprio conhecimento. Num ambiente online. os estudantes devem experienciar a informação em primeira mão e deve evitar-se que a informação venha filtrada e mediada pelo instrutor. 3. A aprendizagem colaborativa e cooperativa devem ser enco- rajadas para facilitar a aprendizagem construtivista (Hooper ü Hannafin. 1991: Johnson ü Johnson. 1996: Palloff ü Pratt. 1999). 4. Deve ser dado o controlo do processo aos estudantes. Os estudantes têm permissão de decidir acerca dos objetivos. sendo apenas guiados pelo instrutor. 5. Deve ser dado tempo e oportunidade para os estudantes refletirem. 6. A aprendizagem deve ser significativa para os estudantes. 7. A aprendizagem deve ser interativa para promover altos níveis de aprendizagem. presença social e para auxiliar o processo de significação pessoal. O autor a que nos reportamos defende que as visões se complementam e que o desenho de um ambiente pode conter elementos de várias t eorias. Afirma "When the behaviorist. cognit ivist. and construct ivist schools of t hought are analyzed closely, many overlaps in t he ideas and princ iples becom e apparent. The design of learning materials can include princi- ples from all three" (Ally, 2004, p. 7). Por outro lado. diversos autores atribuem a teorização das tecnologias educativas às t eorias construt ivistas e sócio - interac ionistas (Newhouse. 2002. Heinze & Proct er. 2006) A est e respeito, consideramos também que as t eorias de cariz construtivista e sociointeracionista são as que mais se CA PÍTULO 11 - BLENDED LEARNING E O DI Á LOGO 33 enquadram neste quadro concetual. sendo necessário recon- textualizá-las face às novas possibilidades de aprendizagem em rede (conectivismo). Relativamente ao conectivismo. Siemens (2004. sp) argumenta que as teorias mais frequentemente usadas na criação de ambientes de ensino-aprendizagem não refletem o ambiente social vigente, profundamente influenciado pelas tecnologias. afirmando: "Behauiorismo. cognitiuismo e construtiuismo são as três grandes teorias da aprendizagem mais frequentemente usadas na criação de ambientes instrucionais. Essas teorias, contudo, foram desenuoluidas em um tempo em que a aprendizagem não sofria o impacto da tecnologia. Atraués dos últimos uinte anos, a tecnologia reorganizou o modo como uiuemos. como nos comunicamos e como aprendemos. As necessidades de aprendizagem e teorias que descreuem os princípios e processos de aprendizagem deuem refletir o ambiente social uigente ·: Segundo este mesmo autor (idem. ibidem). esta teoria configura-se como a integração de princípios explorados pelo caos. rede e teorias da complexidade e auto-organização e tem os seguintes princípios: 34 'Aprendizagem e conhecimento apoiam-se na diuersidade de opiniões. Aprendizagem é um processo de conectar nós especializados ou fontes de informação. Aprendizagem pode residir em dispositiuos não-humanos. A capacidade de saber mais é mais crítica do que aquilo que é conhecido atualmente. É necessário cultiuar e manter conexões para facilitar a aprendizagem contínua. A habilidade de uisualizar conexões entre áreas. ideias e conceitos é uma habilidade fundamental. BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL Atualização (currency - conhecimento exato e em dia} é a intenção de todas as atiuidades de aprendizagem conectiuistas. A tomada de decisão é. por si só, um processo de aprendizagem. Escolher o que aprender e o significado das informações que chegam é uer atraués das lentes de uma realidade em mudança. Apesar de hauer uma resposta certa agora, ela pode ser errada amanhã deuido a mudanças nas condições que cercam a informação e que afetam a decisão·: (Siemens, 2004. sp) Em suma. a integração da tecnologia no ensino-aprendiza- gem pode fazer-se com diferentes abordagens pedagógicas. consoante os objetivos. as características dos sujeitos. o con- texto de aprendizagem e os recursos disponíveis Há. todavia. alguns princípios-base que servem como orientadores para a configuração de situações de aprendizagem, nomeada- mente, a participação ativa dos sujeitos. a necessidade de interação em diferentes níveis, a diversificação dos meios e das fontes de consulta, o reconhecimento e o trabalho a partir das diferenças individuais. a necessidade de feedback. estímulo. desafio e motivação dos aprendentes. o suporte, a ancoragem, a colaboração e a partilha em rede. Limites e possibilidades do Blended Learning Há uma série de fatores que dificultam o recurso a ambien- tes de blended learning, ou que diminuem as possíveis mais- valias pedagógicas que lhe podem estar associadas. Neste sentido, Fonseca e Eliasquevici (2007) descrevem o que caraterizam como as forças e as fraquezas da educação online. As autoras afirmam que não há forças e fraquezas uni- versais e destacam a importância da flexibilidade dos cursos de forma a que o processo de avaliação gere simultanea- mente um processo de adaptabilidade e de melhorias con- tínuas. De acordo com estas autoras, as forças da educação CAPÍTULO II - BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO 35 online estão relacionadas com a flexibilidade de tempo e espaço. sinergia a nível de partilha de ideias, possibilidade de diálogo refletido, centralidade do estudante. interação informal devido ao grau de anonimato proporcionado pelas tecnologias. acesso a materiais, fontes de informação e especialistas geograficamente distantes e possibilidade de inovação pedagógica. Relativamente às fraquezas da educação online. as mes- mas investigadoras referem aspetos relacionados com: tecnologia (a nível do suporte, da disponibilidade, acesso e qualidade dos recursos tecnológicos): estudantes (orga- nização do tempo, falta de responsabilidade e maturidade): professor/tutor (falta de formação): administração (falta de confiança nos "novos" meios): ambiente online (excesso de estudantes e desadequação de estratégias) e currículo (desadequação face àsexigências do ambiente online). Por sua vez. Gomes (2008. p. 4) aponta a natureza das resistências à formação e classifica-as como sendo indi- viduais ou institucionais. declaradas (resistência ativa). ou omitidas (resistência passiva). A autora (idem, p. 7) afirma que, apesar de potencialmente os ambientes com forte suporte das tecnologias poderem constituir uma forma de evitar futu- ras situações de exclusão social. profissional e tecnológica, há fatores que podem gerar fenómenos de exclusão digital, tais como os relativos às condições culturais, económicas. tecnológicas e de acessibilidade. Começando pelos fatores culturais. a autora refere a necessidade de garantir condições para uma alfabetização digital. uma vez que convivemos com pessoas com diferentes graus de familiaridade com os meios informáticos. Relativa- mente às condições económicas. menciona a impossibilidade financeira de aquisição de tecnologia e de serviços. Quanto às condições tecno°lógicas. salienta a falta de uma infraes- trutura tecnológica que permita tirar partido do potencial dos ambientes digitais. quer por razões técnicas. quer por falta de rentabilidade económica dos investimentos No que se refere às questões de acessibilidade. é apontado o facto 36 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL de não serem asseguradas as condições necessárias para que os serviços e equipamentos sejam utilizados por cida- dãos com necessidades especiais diversas (visuais. auditivas. motoras. etc.). Em resumo, como principais razões para a utilização des- tes sistemas foram referidas questões de ordem financeira. questões sociais e questões pedagógico-didáticas que con- tribuem para que se possa tirar partido das "forças" da edu- cação em prol de uma pedagogia renovada. nomeadamente a nível do acesso e flexibilização do ensino. da utilização das ferramentas que aumentam a possibilidade de diálogo e de interação social e da disponibilização de recursos. Contudo, há fatores que estão relacionados com a falta de formação técnica e pedagógica do corpo docente. com a resistência à mudança por parte das escolas. com as limitações técnicas e de largura de banda, com a falta de cuidado e de integração do ambiente de eLearning que condicionam ou limitam as possíveis mais-valias que a tecnologia poderia acrescentar. Dinâmicas de integração dos modelos de blended learning com modelos presenciais A conjugação de diferentes momentos presenciais e online. síncronos e assíncronos, pode ser feita de diversas maneiras. mais ou menos convencionais. Carol Twigg (2003) propõe cinco modos de integração: o "modo emporium", no qual as aulas presenciais são substituídas por um centro de recursos online: o "modo totalmente online", em que as atividades de aprendizagem realizadas são totalmente em eLearning: o "modo buffet", no qual o ambiente de aprendiza- gem é personalizado para dar uma resposta individualizada: o "modo de complemento", em que um ambiente virtual de aprendizagem é utilizado como apoio às aulas presenciais: e o "modo de substituição". no qual algumas aulas presenciais são substituídas por tarefas online, com recurso a LMS. Há ainda uma estratégia de integração de momentos presenciais e não presenciais que inverte os momentos CAPÍTULO II - BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO 37 tradicionais de aquisição e de aplicação de conhecimento. conhecida por "flipped classroom" (Figura 2) Figura 2: "Flipped Classroom" (Fonte: University ofTexas at Austin, s/d) Conforme se pode verificar na figura 2, no modelo "Flipped Classroom" os estudantes estudam os conceitos teóricos e têm acesso à informação acerca de um tema a distância (através de vídeos, podcasts, textos, pesquisas. etc.). realizam exercícios e aplicações práticas na sala de aula e consolidam e expandem os conhec imentos num momento posterior. não presencial. As principais vantagens do "Flipped Classroom" são (Uni- versity of Texas at Austin. s/d): 38 os estudantes apreendem mais profundamente os conceitos. os estudantes são participantes mais ativos na aprendizagem, o papel do estudante muda de recetor passivo para ativo construtor do conhecimento, aumentam as oportunidades de interação entre os estudantes e entre estes e o professor. os estudantes trabalham juntos aplicando conceitos com a orientação do professor. e o professor e os estudantes recebem mais feedbaci-<. BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL Quanto às desvantagens. segundo Educause (2012). podem ser referidas: a preparação das lições exige esforço e tempo por parte do corpo docente, os elementos de dentro e fora da sala de aula devem ser cuidadosamente integrados para que os estudantes possam compreender o modelo e estar motivados para se prepararem para a aula, alguns estuantes podem sentir a falta das aulas expo- sitivas presenciais e não valorizar ou compreender inicialmente a abordagem "mãos na massa" e o trabalho colaborativo em sala de aula, os estudantes podem ter equipamentos tecnológicos que não deem resposta às exigências de streaming e deliuer dos conteúdos audiovisuais disponibilizados pelo professor. 2. Modelos para uma didática renovada A conceção dos docentes acerca da forma como o estudante aprende é um dos fatores fundamentais para a organização das estratégias de ensino que facilitem o pro- cesso de aprendizagem. Com o objetivo de fornecer pistas e elementos de reflexão acerca da relação teoria-prática em ambientes digitais, alguns autores têm desenhado modelos de eLearning. Duarte Sangrà (1999) classificam os modelos de eLearning em: modelos mais centrados no professor, isto é, em que o papel mais importante é o do professor enquanto transmissor de informações através das tecnologias e que corresponde a uma transição das técnicas do regime presencial sem a necessária adaptação ao novo meio, modelos mais centrados na tecnologia, em que o pro- fessor é o fornecedor de conteúdos e o estudante é o utilizador, cabendo à tecnologia o papel de transmissora da informação. e CAPiTULO II - BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO 39 modelos mais centrados no estudante. que se baseiam. na autonomia e na atividade discente e têm como prin- cípio as teorias construtivistas. Entre os modelos existentes destacamos, pela sua atuali- dade. adaptabilidade e pertinência. o modelo de Community of Inquiry (Garrison & Anderson, 2003). o modelo de Brown (2001). o modelo de interação em ambientes virtuais de Faerber (2002). o modelo de e-moderador (Salmon. 2004) e o modelo de colaboração em ambientes virtuais de Henri e Basque (2003). Relativamente ao modelo de Community of Inquiry. Gar- rison e Anderson (2003) identificam, num ambiente online. três "presenças" que interagem para a promoção de apren- dizagens. Estas presenças. resumidamente, representam a componente (i) cognitiva. (ii) social e (iii) de ensino. i. A presença cognitiva corresponde à capacidade de os estudantes construírem significados a partir de uma reflexão sustentada do discurso crítico. É, basicamente. uma condição para o desenvolvimento do pensamento e da aprendizagem complexa e deriva, em grande parte. do conceito de pensamento reflexivo de Dewey1. ii. A presença social corresponde à capacidade dos mem- bros de uma comunidade de se projetarem socialmente e emocionalmente através do meio de comunicação em uso. iii. A presença de ensino corresponde à direção, ao design. à facilitação da presença cognitiva e da presença social no sentido da realização dos resultados de aprendiza- gem significativos e que valham a pena. Como principais 1 Segundo Dewey (1959). o pensamento reflexivo envolve um estado de dúvida que provoca o P.ensamento e um ato de pesquisa. de busca de conhecimento que esclareça a dúvida. estando todos estes fatores relacionados com as relações e com a prática Segundo ele. "os fatores humanos e sociais são. assim. os que passam. e podem ser passados. mais prontamente, de experiência a experiência. Fornecemo material mais adequado ao desenvolvimento das capacidades generalizadas do pensamento'' (Dewey. 1959: 75) 40 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL indicadores da presença de ensino, os autores apon- tam o "design and organization: setting curriculum and method: facilitating discourse: sharing personal meaning: direct instruction: focusing discussion" (idem: 30). rela- cionando estes indicadores da presença de ensino com as demais "presenças" em ambiente digital (Quadro 1). QUADRO 1: RELAÇÃO ENTRE A PRESENÇA SOCIAL E COGNITIVA E A PRESENÇA DE ENSINO (baseado em GARRISON & ANDERSON, 2003). Design e orgarnzaçao Facilitação do discurso o z (f) z w o <( Ü' z w (f) w O'. Q_ Instrução direta presença cognitiva presença social presença cognitiva presença social presença cognitiva presença social organizar e limitar o curriculum. selecionar actividades estabelecer os tempos conceber ferramentas de avaliação estabelecer um ambiente de confiança. acolhimento. pertença. controlo. realização. partilha e diã.logo focar e moderar as discussões colocar questões estimulantes questionar. promover a reflexão motivar os estudantes a participar oferecer diferentes ideias e perspectivas para análise e discussão responder diretamente às questões e fazer comentârios mais desenvolvidos reconhecer a incerteza onde exista fazer conexões entre as ideias construir estruturas sumariar as discussões e conduzir as aprendizagens providenciar um encerramento e prenunciar um estudo mais aprofundado moldar a discussão. mas não a dominar dar com feedback respeito ser construtivo com os comentârios de correção estar aberto a negociação e justificações lidar rapidamente e de forma privada com o conflito A partir da leitura do Quadro 1 observa-se que os autores a que nos estamos a reportar atribuem especial importância à presença de ensino, estando esta relacionada com as demais presenças. "( .. )A presença de ensino é o que o professor faz para criar uma comunidade de inuestigação que inclui a presença tanto cognitiua como social. Portanto. não incidem especificamente sobre os elementos sociais e CAPÍTULO II - BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO 41 cognitiuos em si. mas nos papéis de um professor ou nas funções reais que um professor deue executar para criar e manter um ambiente dinâmico de aprendizagem. Estas funções são integratiuas, no sentido de que a presença de ensino reúne o cognitiuo e social de forma proposital e sinérgico" (Garrison & Anderson. 2003. p. 66). Apenas a conjugação destas "presenças" possibilitará a sensação de pertença a uma comunidade construtivista de investigação num ambiente colaborativo (community of inquiry). num âmbito mais formal do que as comunidades de aprendizagem. A este respeito, Garrison2 afirma que a expressão "com- munity of inquiry" se diferencia da expressão "comunidade de aprendizagem" na medida em que a comunidade de aprendizagem pode desenvolver-se em contexto formal ou informal e a community of inquiry está suportada pela aprendizagem construtivista e colaborativa e restringe-se ao respetivo enquadramento teórico, aplicando-se apenas ao meio académico. Por sua vez. o modelo proposto por Brown (2001) apre- senta três etapas - (i) consciencialização. (ii) consolidação e (iii) camaradagem-; que concorrem no sentido de um envol- vimento crescente do estudante na comunidade de aprendi- zagem e, à medida que o estudante ganha protagonismo na dinamização das interações na comunidade. o professor vai assumindo, progressivamente. o papel de mediador dessas interações e do próprio processo de construção partilhada do conhecimento. Do ponto de vista pedagógico, as estratégias a adotar devem garantir esse envolvimento por parte do estudante. corporizando-se em atividades que o estimulem a interagir e promovam a autonomização necessária para passar para as etapas seguintes de construção da comuni- dade e da coconstrução autónoma das suas aprendizagens. 2 Através de correspondência direta, através de e-mail trocado com os autores. 42 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL O terceiro modelo. proposto por Faerber (2002). designado como modelo de interação em ambientes virtuais. assenta no princípio de que o estabelecimento de relações sociais numa comunidade educativa é um fator determinante para o sucesso educativo. Neste modelo o cenário de aprendi- zagem criado pretende levar ao conhecimento através da colaboração. numa lógica socioconstrutivista. em que a aprendizagem se realiza através de atividades em grupo ou em interação entre os pares. Este modelo foi construído com base num tetraedro em que ao triângulo pedagógico tradicional - composto por professor. estudante e conteúdo - foi acrescentado o ele- mento grupo e um novo contexto de mediação em ambiente virtual. Com a criação do novo elemento grupo emergem três dimensões determinantes no desenvolvimento das interações entre os elementos da comunidade: (i) participar. (ii) facilitar e (iii) partilhar. Nesta dinâmica. participar corresponde às inter -relações que se estabelecem entre o estudante e os seus pares, facilitar prende-se com as inter-relações cria- das entre o professor e o grupo e partilhar remete para o conceito de aprendizagem colaborativa. O modelo do e-moderador relaciona os diferentes níveis de interatividade em ambiente online com o processo de construçâo da aprendizagem . tal com o é evidenciado na Figura 3. O E·Mode1•lln; Or•cnn1ea11uppori ;::K1Z111y"i"'llr>l•n1 ...... - ....... 11'1 ,,....... 5 Development ( ......... \ "''"""'""" ,,,,,,--- Cll.llfidtd<;~ .( 4 Knowledge constructlon õ Figura 3: E-moderating model (Salmon 2004, p. 28) CAPITULO li · BLENDED LEARNING E O DIALOGO 43 De acordo com o modelo proposto por Salmon (2004), nos ambientes de blended learning, apesar de ser preciso algum suporte tecnológico. é fundamental a tarefa do docente no sentido de promover o acesso. gerar motivação. facilitar a interação social e participar na troca de informações. de forma a mediar o processo de construção de conhecimentos que será o responsável pelo desenvolvimento integral do estudante. Por sua vez. o modelo de Henri e Basque (2003). desig- nado como modelo de colaboração em ambientes virtuais, é estruturado em três componentes essenciais: empenha- mento, comunicação e coordenação. O empenhamento assenta na necessária predisposição afetiva e psicológica dos membros da comunidade para colaborar entre si. Esta disposição será alcançada através do sentimento de pertença e da participação ativa de todos os membros do grupo, para realizar as atividades e os objetivos comuns. A comunicação relaciona-se com o processo de partilha de informação entre os membros da comunidade e consiste na partilha de ideias entre os elementos da comunidade, para produzir novas ideias e construir conhecimento. E a coordenação relaciona-se com a gestão dos recursos e com a gestão dos elementos da comunidade. Por fim, o modelo TPACK baseia-se na ideia de Conheci- mento Pedagógico de Conteúdo (Peda909ical Content Know- ledge - PCK) de Shulman (1987). Segundo Shulman (1987). o PCK é uma forma de conhecimento prático que é usado por professores para orientar as suas ações em sala de aula, altamente contextualizadas. Esta forma de conhecimento prático implica a interligação entre os conhecimentos sobre os conteúdos a ensinar e os conhecimentos pedagógicos (como ensinar). De acordo com Rowan et ai. (2001), esta forma de conhecimento prático conjuga: conhecimento sobre como estruturar e representar o conteúdo académico para o ensino direto aos estudantes; conhecimento acerca das conceções habituais e dificuldades que os estudantes encontram ao aprender determinado conteúdo; e conhecimento sobre as 44 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL estratégias de ensino específicas que podem ser usadas para atender às necessidadesde aprendizagem dos estudantes em determinadas circunstâncias. A partir desta noçâo de interdependência de diferentes tipos de conhecimento evidenciada pelo PCI{ o TPACK foi desenvolvido tendo em atençâo a complexa interseçâo de três "formas primárias de conhecimento": científico, peda- gógico e tecnológico (f<oehler & Mishra, 2009). Conhecimento Científico (CK) - corresponde ao conhe- cimento dos professores acerca do conteúdo a ser ensinado ou aprendido. Conhecimento Pedagógico (PK) - inclui os conheci- mentos que os professores têm acerca dos processos. práticas e métodos de ensino e aprendizagem A apli- caçâo prática deste conhecimento permite: um maior entendimento sobre como os estudantes aprendem: o desenvolvimento de competências de gestão da sala de aula: o planeamento das aulas e a avaliação dos estudantes. Conhecimento Tecnológico (Tf<) - engloba o conheci- mento acerca do trabalho com tecnologia. ferramentas e recursos. Face ao exposto. o modelo TPACK pode ser integrado na formação de professores, na medida em que identifica a natureza do conhecimento exigido para a integração da tecnologia no ensino. sem negligenciar a natureza complexa, multifacetada e situada de conhecimento dos professores (f<oehler u Mishra. 2009). O modelo TPACK enfatiza, ainda, novas formas de conhe- cimento que resultam da interligação entre os três conheci- mentos (f<oehler u Mishra. 2009): Conhecimento Pedagógico do Conteúdo (PCK). Conhecimento Técnico do Conteúdo (TCK). Conhecimento Técnico-Pedagógico do Conteúdo (TPK) Apenas a interseção destes três conhecimentos per- mite uma verdadeira integração das TIC na formação de CAPÍTULO II - BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO 45 professores (Conhecimento Tecnológico Pedagógico de Conteúdo - TPACK). O conhecimento de diferentes modelos oferece uma maior possibilidade de reflexão. maior compreensão do pro- cesso de ensino-aprendizagem e uma maior oportunidade de diversificação das práticas, mas estamos conscientes de que estes modelos não devem ser seguidos cegamente sem Levar em consideração os objetivos pedagógicos e as características próprias de cada meio. Os modelos podem, antes. ser conjugados e integrados nos sistemas de blended learning. 3. Tecnologias digitais ao serviço do Blended (e)Learning As atividades educativas que ocorrem em diferentes contextos e diferentes ambientes necessitam, devido à inten- cionalidade subjacente à prática educativa, de um espaço comum de partilha, de um "ponto de encontro" onde possam ocorrer as diversas interações entre sujeitos. conteúdos e estratégias de ensino-aprendizagem. Não tendo a intenção, nem a possibilidade, de prever e de esgotar todas as possibilidades tecnológicas ao serviço da educação, ambientes digitais como os LMS e as redes sociais afirmam-se. hoje. como ferramentas que podem ser combinadas no processo pedagógico num formato que apelidamos de blended (e)learning. Um LMS engloba simultaneamente funcionalidades de gestão de utilizadores e de gestão dos processos comuni- cacionais e de aprendizagem. Um estudo da Universidade da Califórnia (s/d) para a escolha de um LMS, apresentou os indicadores que devem ser considerados na avaliação destas funcionalidades a nível de ensino e aprendizagem, das quais destacamos: 46 i) Comunicação/Colaboração - Calendário -Anúncios - E-mail para a turma BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL - Discussões - Chat - Quadro branco - Grupos ii) Conteúdos - Diversos tipos de ficheiros suportados - Facilidade de integração de media (A/V) - Facilidade de ligação a um website - Criação de uma página - Upload do arquivo (um ficheiro/zipado) - Estrutura do Gestor de Arquivos/pastas - A partilha de ficheiros entre as seções de disciplinas - Módulos de Aprendizagem design/flexibilidade - Gestão de Conteúdo - Glossário iii) Avaliação - Questionários. Pesquisas - Base de dados de questões - Controle da disponibilidade dos testes - Importação/exportação - As discussões em torno de notas - Avaliações do grupo - Apresentações - Envio de trabalhos iv) Recursos de gestão de turmas - Listas - Relatórios de acompanhamento - Gestão do Grupo - Disponibilização seletiva de notas - Módulo de Aprendizagem/estrutura/flexibilidade - Importação/exportação/migração de disciplinas - A flexibilidade do projeto/estrutura v) Características das classificações - Importação/exportação para Excel CAPiTULO II - BLENDED LEARNING E O DIÁLOGO 47 - Flexibilidade de pontos de vista - Fluxo de trabalho - Personalização Graph e List (2005) realizaram um estudo compara- tivo entre algumas plataformas. O estudo incidiu sobre as seguintes categorias: ferramentas de comunicação. objetos de aprendizagem. gestão de informação de utilizadores. usabilidade. adaptação, aspetos técnicos. administração e gestão de disciplinas. Como resultado deste estudo. de acordo com os autores (idem), o Moodle afirma-se como a melhor plataforma no que diz respeito aos critérios de adaptabilidade, personalização, extensibilidade e adaptação. Este LMS disponibiliza uma ferramenta adaptativa chamada "lição", por meio da qual os estudantes podem ser encami- nhados automaticamente através de páginas. dependendo da resposta a uma pergunta depois de cada página. Além disso. a extensibilidade é suportada muito bem por um APL por orientações detalhadas e por modelos de programação. Relativamente à adaptabilidade e aspetos de personalização, estão incluídos no Moodle. uma vez que estão disponíveis modelos e podem ser selecionados pelo administrador. O recurso a um LMS é, por vezes. pouco aceite por alguns professores e por alguns estudantes. A razão deste desin- teresse. segundo os resultados da pesquisa sobre o estado atual e futuro dos LMS (Expertus Inc. and Training, 2012), poderá estar relacionado com os seguintes fatores: 1: Satisfação com os LMS: a maioria dos profissionais da educação deram aos seus LMS um A ou B. com quase metade (45%) a classificá-los com um C. D ou F. 2: Usabilidade: o principal desafio para profissionais de educação e estudantes é a má usabilidade. 25% dos pro- fissionais da educação referem que os estudantes têm um problema com a usabilidade dos LMS. 48 BLENDED (E)LEARNING NA SOCIEDADE DIGITAL 3: Relatórios e integração: os profissionais continuam a relatar dificuldades com relatórios e com a integração de serviços. 4: Planos de aprendizagem personalizados: são possíveis apenas nos LMS mais avançados. mas são considerados essenciais nos LMS futuros. Isso destaca a sua importância e indica que o mercado está a tornar-se mais user-friendly. 5: As maiores diferenças entre o que os profissionais da educação querem e o que têm nos seus LMS dizem respeito à integração universal e à integração com a aprendizagem formal. informal e não-formal. Combinado com a constata- ção de que a falta de integração continua a ser um desafio superior. isso representa uma área onde há uma oportunidade significativa para o mercado a melhorar. Relativamente às redes sociais têm surgido muitos traba- lhos cujos autores defendem que o FacebooK pode potenciar a comunicação e a partilha de informação e conhecimento, e pode permitir o desenvolvimento de capacidades e estra- tégias de ensino/aprendizagem mais dinâmicas e interativas, abertas e criativas (Moreira, Januário u Monteiro, 2014). Ainda que esta rede não tenha sido desenvolvida, ini- cialmente, para fins educativos. há docentes que partilham informações acerca dos cursos e conteúdos multimédia através de grupos fechados que possibilitam, igualmente o debate e a reflexão conjunta num ambiente de aprendiza- gem estimulante e muito familiar aos estudantes. Quando os docentes não o fazem. os próprios estudantes criam grupos e gerem-nos no sentido de unir esforços para uma aprendizagem conjunta e partilhada. Os principais recursos que esta rede oferece. para além da criação de grupos. são a partilha de ficheiros (texto.
Compartilhar