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Beatriz Marinelli 8º termo Pele: Função, Estrutura, Fisiologia e Embriologia A pele corresponde a 15% do peso corporal humano, é um órgão que reveste e delimita o organismo, protegendo-o e interagindo com o meio exterior. Sua resistência e flexibilidade determinam a sua plasticidade. Essencialmente dinâmica, a pele apresenta alterações constantes, sendo dotada de grande capacidade renovadora e de reparação, e de certo grau de impermeabilidade. É um órgão de grande importância, pois visa manter um equilíbrio com o meio exterior, no sentido da manutenção vital do meio interior. Sua mais importante e vital função é a conservação da homeostasia (termorregulação, controle hemodinâmico e produção e excreção de metabólitos). Desempenha, ainda, função sensorial, por intermédio dos elementos do sistema nervoso situado na derme, e função de defesa contra agressões físicas, químicas e biológicas, para a qual se destacam, pela sua importância, a ceratinização, o manto lipídico e o sistema imunológico. A pele e seus anexos sofrem um grande impacto como resultado da ação hormonal por possuírem receptores tanto para estrógenos quanto para andrógenos. O declínio hormonal que acompanha a idade afeta a estrutura e a função da pele e de seus fâneros. →Funções da pele • Proteção: A pele tem uma resistência relativa aos agentes mecânicos por sua capacidade moldável e elástica (fibras colágenas, elásticas e hipoderme). ▪ No sentido físico, essa proteção se realiza pela capacidade de, por meio de seu sistema melânico, neutralizar as radiações lumínicas ultravioleta (RUV) e, até mesmo, ionizantes, ao menos parcialmente. Outros tipos de proteção são: ▪ Físico-química, no sentido da manutenção do pH ácido (5,4 a 5,6) da camada córnea; a química, por meio do manto lipídico com atividade antimicrobiana; ▪ Imunológica, presente, na epiderme, pelas células de Langerhans e, na derme, à custa de macrófagos, linfócitos e mastócitos. • Percepção: os elementos nervosos que existem, sobretudo na derme, possibilitam o reconhecimento de sensações especiais, como calor, frio, dor e tato, o que conduz a um mecanismo de defesa no sentido de sobrevivência. • Hemorregulação e termorregulação: A pele, com seus extensos plexos vasculares e corações periféricos (os glomos), colabora na manutenção e na regulação do débito circulatório. A homeotermia ou termorregulação é mantida por um mecanismo comandado pelo centro termorregulador por meio das vias do sistema nervoso autônomo, levando a vasoconstrição ou vasodilatação. • Secreção: Como elementos produzidos pela pele, destacam-se a citoqueratina, a melanina, o sebo e o suor, todos com funções definidas e harmônicas. • Excreção: função excretora das glândulas écrinas é a eliminação do suor composto basicamente por água, eletrólitos e bicarbonato. Outros componentes Beatriz Marinelli 8º termo são ureia, glicose, metais pesados, medicamentos, dentre outros, à semelhança do rim. • Metabolização: também sintetiza hormônios, dentre eles a testosterona e di- hidrotestosterona, que têm um papel muito importante na alopecia androgenética, na acne e no hirsutismo. A pele tem também uma ação decisiva na síntese e na metabolização da vitamina D. →Estrutura e Fisiologia A pele é constituída, basicamente, por três camadas interdependentes: a epiderme, mais externa; a derme, intermediária; e a hipoderme, mais profunda. A transição entre a epiderme e a derme é denominada junção dermoepidérmica ou zona da membrana basal. • Epiderme: um tecido epitelial estratificado ceratinizado. É constituída por: sistema ceratinocítico, composto por células epiteliais denominadas queratinócitos, responsáveis pelo corpo da epiderme e de seus anexos (pelos, unhas e glândulas); sistema melânico, formado pelos melanócitos; células de Langerhans, com função imunológica; células de Merkel, integradas ao sistema nervoso; e células dendríticas indeterminadas, com função mal definida. • Derme: é uma camada de tecido conjuntivo composta por um sistema integrado de estruturas fibrosas, filamentosas e amorfas, na qual são acomodados vasos, nervos e anexos epidérmicos. Fibroblastos, histiócitos, células Beatriz Marinelli 8º termo dendríticas e mastócitos são suas células residentes, enquanto linfócitos, plasmócitos e outros elementos celulares do sangue são encontrados em número variável e de forma transitória. Sua interação com a epiderme é fundamental para a manutenção dos dois tecidos; ambos colaboram na formação da junção dermoepidérmica e dos anexos epidérmicos, assim como no processo de reparação da pele. A derme pode ser dividida em três partes distintas: ▪ Superficial ou papilar: com grande celularidade e onde predominam finos feixes fibrilares de colágeno dispostos mais verticalmente ▪ Profunda ou reticular: constituída por feixes mais grossos de colágeno, ondulados e dispostos horizontalmente ▪ Adventicial: disposta em torno dos anexos e vasos e constituída de feixes finos de colágeno, como na derme papila. • Hipoderme: a camada mais profunda da pele, constituída de lóbulos de adipócitos delimitados por septos de colágeno com vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Os adipócitos, ou células adiposas, que se originam da célula mesenquimal, são arredondados e grandes, contendo em seu citoplasma uma grande quantidade de lipídios. Os lipídios são fundamentalmente triglicerídios; também fazem parte dessa gordura um pigmento – o lipocrômio –, colesterol, vitaminas e água. O panículo adiposo, além de ser um depósito de calorias, protege o organismo de traumas e de variações de temperatura (é um isolante térmico), modela o corpo e permite a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes. →Embriologia A pele origina-se dos folhetos ectodérmico e mesodérmico. Do ectoderma derivam as estruturas epiteliais (epiderme, glândulas, pelos e unhas) e neurais (melanócitos e nervos), enquanto do mesoderma derivam a derme e a hipoderme. Para maior precisão, os melanócitos derivam da crista neural, que é ectodérmica, fato de interesse para a patologia. No embrião de 5 a 6 semanas, a epiderme está representada apenas por uma única camada de células justapostas. Mais tarde, a multiplicação dessas células leva à formação de duas camadas, a basal e a periderme; esta última é constituída por apenas uma fileira de células que, embora detenham várias características dos queratinócitos, nunca se ceratinizam e apresentam microvilosidades em sua superfície, aparentemente para aumentar a superfície de troca com o líquido amniótico; ao fim de 6 meses, a periderme se desprende da epiderme propriamente dita. A proliferação celular leva ao aumento do número das fileiras de células de Malpighi, e, em torno do 6o mês, instala- se o processo de ceratinização. Independentemente dessa evolução ceratinocítica, a partir da camada basal originam-se, em determinados pontos, respondendo a estímulos de células mesenquimais, brotos ou germes epiteliais primários, isto é, amontoados de células que começam a invadir o mesênquima; esses brotos dão origem aos folículos pilosos (3o e 4o meses), às glândulas sebáceas e apócrinas (4o mês) e às glândulas écrinas Beatriz Marinelli 8º termo (3o mês). As unhas e os dentes surgem no 3o mês. Os melanócitos, que se originam de melanoblastos (não formam melanina) provenientes da crista neural, alcançam a epiderme entre o 1o e 2o meses, assim como as células de Langerhans. Os mastócitos surgem entre o 3o e 4o meses. A derme e a hipoderme diferenciam-se a partir do mesoderma, sendo inicialmente representadas por um tecido afibrilar e amorfo, a substância fundamental, nesse momento constituído quase exclusivamente por ácido hialurônico e por células mesenquimais primitivas de morfologia dendrítica. No 3o mês de vida, surgem as primeiras fibras argentafins; são as fibras reticulares oucolágeno II, que podem proliferar no adulto em determinadas condições patológicas em função da hiperatividade dos fibroblastos (sarcoidose, dermatofibromas, sarcomas, linfomas etc.); com o correr do tempo, a argirofilia tende a desaparecer e surgem os feixes de fibras colágenas. Ao mesmo tempo, as células mesenquimais assumem o aspecto fusiforme dos fibroblastos, que presidem todas as alterações histoquímicas. Só mais tarde, em torno da 22a semana, aparecem as fibras que se impregnam pela orceína – as elásticas. No 5o mês, começa a formar-se a hipoderme, em decorrência do acúmulo cada vez maior de lipídios no interior de células, que passam, então, a ter uma morfologia arredondada, com o núcleo rebatido para a periferia – são os adipócitos. Os vasos surgem no mesênquima em torno do 3o mês de vida, e, inicialmente, são do tipo capilar; mais tarde diferenciam-se em artérias e veias. As estruturas nervosas começam a aparecer em torno da 5a semana e têm diversas origens: as células de Schwann originam-se da crista neural, enquanto os axônios provêm da medula e dos gânglios posteriores. Aos 4 meses, já estão esboçados os nervos, que, inicialmente, são amielínicos; só mais tarde surge a mielina. Bibliografia: David, A. R. Dermatologia, 7ª edição. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2017. 9788527732475.
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