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2020
MAGISTRATURA
ESTADUAL
DIREITO PENAL
Princípios do Direito Penal.
Fontes do Direito Penal.
Interpretação da Lei Penal.
(PONTO 2)
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Sumário
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ....................................................................................3
1. DOUTRINA (RESUMO)..............................................................................................5
2. JURISPRUDÊNCIA ..................................................................................................22
3. QUESTÕES DE CONCURSOS ..................................................................................24
2.1 COMENTÁRIOS................................................................................................27
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DIREITO PENAL
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
(Conforme Edital Mege)
Bárbara Saraiva
Atualizado em 21/01/2020
2 Princípios do Direito Penal.Fontes do Direito Penal.
Interpretação da Lei Penal.
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Olá!
Tratei neste item sobre fontes do direito penal e interpretação da lei penal.
Neste material, procurei colocar o necessário para que vocês compreendam o tema. 
No entanto, o assunto não se esgota aqui, pois trabalharemos tanto a parte principiológica 
quando a parte de interpretação da lei penal ao longo de todo o curso. 
Barbara Saraiva
Apresentação
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OBSERVAÇÃO:
1. DOUTRINA (RESUMO)
1.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL (CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS)
Consideramos a anterioridade e a retroa�vidade da lei benéfica decorrências do princípio da 
legalidade. Da mesma forma, reputamos a fragmentariedade, a subsidiariedade, a 
ofensividade ou lesividade, a insignificância ou bagatela e a adequação social decorrências 
do princípio maior da intervenção mínima. Há autores que relacionam todos eles como 
princípios autônomos, porém não há divergência quanto ao conteúdo.
1.1.1 LEGALIDADE
Classicamente, diz-se que nullun crimen, nulla poena sina praevia lege, conforme a 
consagrada fórmula de Feuerbach. Segundo Luiz Luisi, o princípio da legalidade cons�tui 
“patrimônio comum da legislação penal dos povos civilizados”.
Não há consenso sobre a origem do postulado da legalidade. Para alguns o princípio 
nasceu no Direito Romano. Para outros, em 1215, com a Charta Magna Libertatum, editada por 
João Sem Terra. Para Francisco de Assis Toledo, origina-se no Bill of Rights das colônias inglesas da 
América do Norte e na Déclara�on des Droits de L´Homme et du Citoyen, da Revolução Francesa. 
O primeiro diploma a posi�vá-lo foi o Código Penal francês de 1810. No Brasil, a 
Cons�tuição Imperial de 1824 o previu, assim como o Código Criminal do Império (1830).
O princípio da legalidade, que tem como fundamento o Estado de Direito, é a base de 
todo o Direito Penal. Atualmente, no Brasil, está previsto na CF, art. 5º, inciso XXXIX, e no CP, art. 1º.
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Legalidade (art. 5º, XXXIX, CF):
-Anterioridade (art. 5.º, XXXIX, CF).
-Retroa�vidade da lei penal benéfica (art. 5.º, XL, 
CF).
Personalidade ou responsabilidade pessoal (art. 
5º, XLV, CF)
Individualização da pena (art. 5º, XLVI, primeira 
parte, CF)
Humanidade (art. 5º, XLVII, CF)
CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS
Intervenção mínima:
- Fragmentariedade.
- Subsidiariedade.
- Ofensividade ou lesividade.
- Insignificância ou bagatela.
- Adequação social.
Culpabilidade
Proporcionalidade
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ATENÇÃO!
CF, art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal.
CP, art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal.
Documentos internacionais que anunciam o princípio:
1) Convênio para proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais (1950, 
art. 7º).
2) Convenção americana de direitos humanos (1969).
3) Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional (1977, ar�gos 22 e 23).
1.1.1.1 Conceito do princípio da legalidade
Segundo Claus Roxin, o princípio da legalidade é um instrumento que protege o 
cidadão do próprio Direito Penal.
Assim, trata-se de fator de contenção dos abusos do Estado. O princípio da legalidade é 
vetor basilar do garan�smo, ou seja, é real limitação do poder puni�vo do Estado em face das 
máximas garan�as do cidadão. Temos, portanto, que o fundamento polí�co deste princípio é a 
proteção do indivíduo face a atuação abusiva do Estado. 
O princípio da legalidade se dá pela conjunção dos princípios da reserva legal (não há 
crime sem lei) e da anterioridade.
Princípio da reserva legal reserva absoluta de lei. Somente a lei, em sen�do estrito, 
pode descrever crimes e cominar penas. O princípio da reserva legal coincide com o sen�do 
estrito do princípio da legalidade.
A reserva legal é cumprida, em regra, pela edição de lei ordinária, e, em casos excepcionais, 
por lei complementar. Assim, é impossível a criação de crimes e penas por decreto, por exemplo.
A medida provisória não poderá versar sobre direito penal e processual penal, conforme a 
redação do art. 62, § 1º, b, da CF.
Há pequena divergência doutrinária sobre a possibilidade de a medida provisória 
versar sobre direito penal não incriminador (STF já admi�u).
1.1.1.2 Vertentes do princípio da legalidade
a) Lege praevia (art. 5º, incisos XXXIX e XL da CF) - Não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal. A lei penal deve ser prévia à prá�ca da infração 
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penal. Trata-se do princípio da anterioridade da lei penal, que tem como consequência a 
proibição da retroa�vidade da lei penal mais severa, cuja previsão encontra-se no art. 5º, 
inciso XL, da CF, ou seja: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. OBS: A 
retroa�vidade benéfica é garan�a fundamental do cidadão. 
b) Lege scripta (reserve legal) - Somente a lei penal escrita, em sen�do formal, poderá 
criar crimes e cominar penas. Consequência: proíbe-se a criação de crimes pela via dos 
costumes. Não existe, no direito penal, o costume incriminador, embora possa o costume servir 
para a interpretação da lei penal (costume interpreta�vo).
QUESTÃO - Existe costume abolicionista no Direito Penal? Ou seja, um costume 
passível de revogar uma infração penal? 
A doutrina amplamente majoritária ensina que não existe costume abolicionista. 
Somente uma lei tem condição de revogar outra lei, conforme exarado na Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro. Esse entendimento também é adotado pela jurisprudência dos 
Tribunais Superiores, a exemplo da súmula 502 doSuperior Tribunal de Jus�ça.
Súmula 502: presentes a materialidade e a autoria, afigura-se �pica, em relação ao 
crime previsto no ar�go 184, parágrafo 2º, do Código Penal, a conduta de expor à 
venda CDs e DVDs piratas.
c) Lege Sctrita - A interpretação do �po penal, além da verificação do juízo de 
�picidade deve ser estrita, assim, consequentemente, o direito penal veda o uso da analogia 
incriminadora. 
a) Lege certa A lei penal deve ser clara, certa, precisa, proibindo-se o (taxa�vidade) - 
uso de conceitos vagos e imprecisos. Estamos diante do fundamento jurídico da reserva legal, 
qual seja, o princípio da taxa�vidade, o qual exige, na elaboração dos �pos penais, a facilidade 
na sua compreensão, não devendo deter em seu conteúdo expressões ambíguas ou 
indeterminadas. Obs: para César Roberto Bi�encourt, o art. 288-A do CP é exemplo de �po 
penal que viola a taxa�vidade da lei penal.
1.1.1.3 Sen�dos do Princípio Da Legalidade
a) Sen�do amplo (CF, art. 5º, inciso II): Ninguém está obrigado a fazer ou a deixar de 
fazer algo, salvo em virtude de lei.
b) Sen�do estrito (art. 5º, inciso XXXIX): Específico para o direito penal - “nullum crimen 
sine praevia legis”. Legalidade criminal – não há crime sem lei. Legalidade penal – não há pena 
sem lei. Legalidade jurisdicional ou processual – não há processo sem lei. Legalidade 
execucional – não há execução sem lei.
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1.1.1.4 Fundamentos do princípio da legalidade
a) Polí�co, exigência de vinculação dos Poderes Execu�vo e Judiciário às leis, 
impedindo o poder puni�vo arbitrário;
b) Democrá�co, respeito ao princípio da separação dos poderes;
c) Jurídico, a lei prévia e clara gera importante efeito in�mida�vo.
1.1.1.5 Princípio da anterioridade
Conforme estabelece a Cons�tuição Federal, “não há crime sem lei anterior que o 
defina”, nem pena “sem prévia cominação legal”.
Ou seja, a lei penal incriminadora não pode retroagir para punir fatos concretos que até 
então não eram passíveis de repressão criminal. A lei penal deve ser prévia ao fato delituoso.
1.1.1.6 Irretroa�vidade ou retroa�vidade da lei penal benéfica
Significa que a lei penal não pode retroagir, salvo para beneficiar o acusado. 
Trataremos detalhadamente do tema em momento oportuno.
1.1.2 PERSONALIDADE OU RESPONSABILIDADE PESSOAL
CF, art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a 
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da 
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido;
Trata-se de princípio cons�tucional expresso (art. 5º, XLV), significando que a pena não 
pode passar da pessoa do delinquente.
Não é possível, por exemplo, aplicar pena ao filho por crime come�do pelo pai.
Um reflexo desse princípio no processo penal é o denominado princípio da 
intranscendência, segundo o qual a acusação deve ser dirigida contra o provável autor da infração.
1.1.3 INTERVENÇÃO MÍNIMA
1.1.3.1 Conceito e subprincípios
Significa que o direito penal, sendo a forma mais agressiva de interferência estatal na 
vida privada do indivíduo (aplicação de penas priva�vas de liberdade), somente deve ser 
u�lizado em face dos ataques mais graves aos bens jurídicos mais relevantes, e desde que os 
outros instrumentos de controle estatal não sejam suficientes para lidar com a situação. 
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A intervenção mínima (ou direito penal mínimo) surge com a Declaração Universal dos 
Direitos do Homem como forma de se garan�r que a intervenção estatal no plano individual 
ocorra, apenas, quando estritamente necessário.
No ordenamento jurídico brasileiro, trata-se de princípio cons�tucional implícito.
Do conceito é possível extrair os dois subprincípios da intervenção mínima:
Subsidiariedade: O Direito Penal é subsidiário, é a ul�ma ra�o. Assim, a criminalização 
de uma conduta somente será legí�ma caso seja o único meio eficaz para a proteção 
do bem jurídico. Somente deve ser u�lizado se as outras formas de controle social e 
demais ramos do direito revelarem-se insuficientes na tutela do bem jurídico (ex.: 
sanções administra�vas ou cíveis).
Fragmentariedade: O Direito Penal não deve ser u�lizado para tutelar toda e qualquer 
situação, nem para tutelar todo e qualquer bem jurídico. Somente uma pequena 
parcela da imensa gama de atos ilícitos existentes interessa a esse ramo do direito. Tal 
parcela compreende os atos que ofendem de modo mais grave os bens jurídicos 
considerados essenciais para o convívio em sociedade. Assim, o direito penal só 
intervirá quando houver relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É 
a fragmentariedade que fundamenta o princípio da insignificância como causa de 
a�picidade material da conduta.
Outros princípios decorrentes do princípio da intervenção mínima:
Insignificância ou bagatela.
Está assentado no brocardo “de minimis non curat praetor”. Em 1964, Roxin introduziu 
no direito penal o princípio da insignificância ou da bagatela.
O princípio é calcado na ideia de que certas condutas, embora �pificadas na lei, 
representam uma lesão ínfima ao bem jurídico, tornando desnecessária e indevida a aplicação 
de sanção penal. Há �picidade formal, mas não �picidade material. Assim, o princípio da 
insignificância pode ser entendido como instrumento de interpretação restri�va do �po penal. 
Também é uma decorrência do princípio da intervenção mínima, anotando-se, porém, 
que parte da doutrina relaciona a insignificância como princípio autônomo.
O Supremo Tribunal Federal (STF, HC 138134/BA, Rel. Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 
07.02.2017) formulou requisitos a serem observados na análise de cada caso a fim de se 
reconhecer a insignificância: 
- conduta minimamente ofensiva;
- ausência de periculosidade social da ação; 
- reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
- lesão jurídica inexpressiva.
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O STF e o STJ, em regra, não têm admi�do quando o acusado é reincidente, portador de 
maus antecedentes ou criminoso habitual.
STF: PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME DE FURTO. PRINCÍPIO 
DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. REITERAÇÃO DELITIVA. 1. O recorrente não 
se desincumbiu do seu dever processual de impugnar, especificamente, todos os 
fundamentos da decisão agravada, o que inviabiliza o conhecimento do recurso. 
Precedentes. 2. A jurisprudência do STF consolidou o entendimento de que a 
reiteração deli�va impossibilita a adoção do princípio da insignificância. Paciente que 
ostenta em sua folha de antecedentes várias ocorrências pelo mesmo crime de furto. 
3. Agravo regimental não conhecido. (HC 123199, Rel. Min. Roberto Barroso, 1ª T., j. 
17/02/2017).
STJ: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FURTO. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. REINCIDÊNCIA. INAPLICABILIDADE. Esta Corte entende pela 
impossibilidade de aplicação do princípio da insignificância quando o agente é 
reincidente. (AgRg no AREsp 1015210/MG, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª T., j. 04/04/2017).
Contudo, há precedentes em sen�do contrário. Veja, por exemplo, decisão de relatoria 
do Des. Vico Mañas (TJSP), discorrendo sobre o ins�tuto e o admi�ndo mesmo para réus 
reincidentes e com maus antecedentes:
TJSP: 1. Furto Princípio da Insignificância AplicabilidadeValor reduzido da “res” e escassa 
repercussão do fato. 2. Provimento, por maioria, ao apelo defensivo para absolver o réu. (...) 
A descriminalização de condutas pode ser realizada por ato legisla�vo ou interpreta�vo do 
juiz. Como em nosso sistema o juiz não dispõe de grande mobilidade e o Ministério Público, 
salvo recentes exceções, está subme�do à regra da obrigatoriedade da ação penal, pode 
parecer problemá�ca a descriminalização pela via interpreta�va. No entanto, a moderna 
dogmá�ca penal fornece diversas técnicas para que se possa alcançar tal obje�vo, sem que 
se abra mão da segurança jurídica do sistema. Exemplos são os princípios da adequação 
social e da insignificância. Para evitar qualquer situação de insegurança jurídica, provocada 
por decisões carentes de critérios sistemá�cos ou cien�ficos, é preciso deixar que as 
proposições valora�vas polí�co-criminais, como é o caso da necessidade de 
descriminalização de algumas condutas, passem a penetrar nas categorias sistemá�cas do 
Direito Penal, superando-se, assim, as discrepâncias existentes entre a experiência e certos 
postulados da dogmá�ca, compa�bilizando-se a prá�ca com a teoria. É imprescindível, 
portanto, que se confira específico significado polí�co-criminal a cada uma das categorias 
sistemá�cas da teoria do delito. Não se trata apenas de ter em conta pontos de vista 
polí�co-criminais na aplicação da lei, como costumeiramente se vê na jurisprudência 
brasileira (as conhecidas absolvições em nome da “boa polí�ca criminal”). É preciso ir mais 
longe, conciliando a polí�ca criminal com a segurança jurídica que proporciona a claridade 
do sistema, evitando-se a arbitrariedade. Para tanto, os elementos do delito, �picidade, 
an�juridicidade e culpabilidade, devem ser analisados, desde o início, sob o prisma de sua 
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ATENÇÃO!
função polí�co-criminal. À �picidade, assim, deve ser conferido o significado polí�co criminal 
de expressão do princípio cons�tucional da legalidade. Por esse mo�vo, não se deve admi�r a 
interpretação extensiva dos �pos penais com o intuito de garan�r uma proteção sem lacunas 
dos bens jurídicos. Diante da natureza fragmentária e subsidiária do Direito Penal, decorrentes 
do próprio princípio da legalidade, o correto é justamente o oposto, ou seja, a interpretação 
restri�va dos �pos penais. Como critérios auxiliares dessa interpretação restri�va é que 
devem ser entendidos os princípios da adequação social, idealizado por Hans Welzel, e da 
insignificância, devido a Claus Roxin, ambos integrantes da moderna concepção de �picidade 
material. De fato, o comportamento humano, para ser �pico, não só deve ajustar-se 
formalmente a um �po legal de delito, mas também ser materialmente lesivo a bens jurídicos 
e socialmente reprovável. O Direito Penal só deve ir até onde seja necessário para a proteção 
do bem jurídico, não se ocupando com bagatelas. A adoção do princípio da insignificância, por 
conseguinte, é o caminho sistema�camente correto e com base cons�tucional para a 
descriminalização de condutas que, embora formalmente �picas, não a�njam de forma 
relevante os bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal. O princípio atua, portanto, como 
instrumento de interpretação restri�va do �po penal, com o significado sistemá�co e polí�co 
criminal de expressão da regra cons�tucional da legalidade, que nada mais faz do que revelar a 
natureza subsidiária e fragmentária do Direito Penal, como sustentado em nossa obra “O 
Princípio da Insignificância como Excludente da Tipicidade no Direito Penal” (Saraiva, 1994). 
Feitas tais considerações, verifica-se a possibilidade de, sem qualquer ofensa ao sistema, 
afirmar-se a a�picidade material, por sua insignificância, de condutas como a versada nestes 
autos, que, não obstante formalmente �picas, não merecem, em razão do desvalor do 
resultado, a atenção do Direito Penal. Por fim, oportuno frisar que, afastada a própria 
�picidade da conduta, pouco importam eventuais má antecedência e reincidência. Na 
medida em que não houve delito, não há que se analisar circunstâncias relacionadas ao 
cálculo de penas (art. 61 do CP). Afinal, a má antecedência, a recidiva ou qualquer fator não 
referente à �picidade não terão o condão de transmutar comportamento a�pico em �pico. 
Tal qual outras dirimentes, o princípio da bagatela descaracteriza a infração penal. Assim, 
almejar a condenação por delito insignificante apenas em razão da recidiva é o mesmo que 
opinar pela inculpação de agente que comprovadamente atuou em legí�ma defesa apenas 
por ser reincidente (Apelação nº 0003614-89.2012.8.26.0358, Rel. Vico Mañas, 12ª Câmara 
de Direito Criminal, j. 29/03/2017).
Para fins de esclarecimento, é de se destacar que a reincidência não impede, por si só, que o juiz 
da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto.
Apesar disso, na prá�ca, observa-se que, na maioria dos julgados, o STF e o STJ negam a 
aplicação do princípio da insignificância caso o réu seja reincidente ou já responda a outros 
inquéritos ou ações penais. De igual modo, nega o bene�cio em situações de furto qualificado
(STF, Plenário, HC 123108/MG, HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgados em 3/8/2015 - Info 793).
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OBSERVAÇÃO:
A jurisprudência do STJ tem afastado a aplicação do princípio da insignificância aos casos em 
que o agente é contumaz na prá�ca deli�va, por evidenciar maior grau de reprovabilidade do 
comportamento, salvo quando ínfimo o valor do bem subtraído (STJ, 6ª Turma, AgRg no REsp 
1509985/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/04/2018).
Traremos decisões relevantes envolvendo o princípio da insignificância quando examinarmos os 
�pos penais respec�vos. No entanto, atenção para as súmulas nº 599 e 589 do STJ.
Súmula 589. É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais 
pra�cados contra a mulher no âmbito das relações domés�cas. STJ. 3ª Seção. DJe 18/09/2017
Súmula 599. O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração 
pública. STJ. 3ª Seção. Dje 27/11/2017
O que é bagatela imprópria?
Na bagatela própria, o fato já nasce irrelevante para o direito penal, gerando 
a�picidade material do fato (ex.: sujeito furta uma folha de papel).
Na bagatela imprópria, o fato nasce relevante para o Direito Penal, que é �pico, ilícito e 
culpável (existe desvalor da conduta e do resultado). Porém, no momento da sentença, o 
julgador entende que a aplicação da pena é desnecessária (falta do interesse de punir). 
Lesividade ou ofensividade.
A lesividade, considerada por alguns como princípio autônomo, significa que apenas 
condutas que causam efe�va lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico podem ser objeto de 
repressão penal.
Não há crime sem ofensa (nullum crimen sine iniuria). Se a conduta, no caso concreto, 
não violar o bem jurídico, nem sequer ameaçá-lo, não existe crime.
É uma decorrência da intervenção mínima, mais especificamente do subprincípio da 
fragmentariedade, delimitando a incidência do Direito Penal tanto em âmbito administra�vo 
como no âmbito jurisdicional.
Obs: o princípio acima não se confunde com o princípio da alteridade, que consiste na 
proibição da punição por mal causado a si próprio. O direito penal não pune a autolesão.
Adequação social.
Significa que uma conduta, sendo aceita e aprovada pela sociedade, não pode ser 
considerada materialmente �pica. Cons�tui uma decorrência da intervençãomínima (mas, 
assim como a ofensividade e insignificância, há autores que classificam a adequação social 
como princípio autônomo).
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Exemplo:
Casa de pros�tuição - CP, art. 229 - Ilicitude afastada pela realidade social e evolução 
dos costumes - Conceito moral ultrapassado e já sem sustentáculo na atualidade - Sua 
consequente a�picidade. - Embora ainda figure no Código Penal vigente, - este dos 
idos de 1940 -, a conduta a que se refere o seu art. 229 (casa de pros�tuição) deixou de 
ser vista à conta de delituosa. E deixou de sê-lo, porque se trata de um conceito moral 
reconhecidamente ultrapassado e que já não tem mais como sustentar-se nos dias 
atuais. A sociedade hodierna culminou por ditar uma realidade que acabou por afastar 
a ilicitude daquela conduta - a do art. 229 -, tornando-a, em consequência, a�pica, em 
nome da evolução dos costumes (TJMG. Apelação Criminal 1.0024.04.375455-5/001. 
2ª Câmara Criminal. Rel. Des. Hyparco Immesi. j. em 26.06.2008)
O STJ entende que tal postulado não afasta a �picidade da conduta de expor à venda 
CDs e DVDs piratas, sendo, nesse sen�do, a Súmula 502 da aludida Corte: Presentes a 
materialidade e a autoria, afigura-se �pica, em relação ao crime previsto no ar�go 184, 
parágrafo 2º, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.
1.1.4 INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
CF, art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as 
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alterna�va;
e) suspensão ou interdição de direitos.
É um princípio cons�tucional expresso (art. 5º, inciso XLVI, 1ª parte). 
Significa que a pena deve ser individualizada para cada caso, evitando-se padronizações.
A individualização se dá em três planos:
O legislador comina a pena mínima e a pena máxima abstratamente cabíveis.
Ex.: “Pena – reclusão, de 1 a 4 anos”.
O juiz do processo de conhecimento aplica a pena no caso concreto, 
tomando por base a sanção mínima e a máxima estabelecidas na lei. 
Obs.: A individualização judicial compreende não só a fixação da quan�dade 
de pena, também a fixação de regime inicial, possibilidade de subs�tuição 
por restri�va de direitos ou concessão de sursis etc.
Legisla�vo
Judiciário
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OBSERVAÇÃO:
Há relevantes decisões do STF envolvendo individualização da pena nos crimes hediondos e 
tráfico de drogas. Trataremos disso tudo oportunamente.
1.1.5 CULPABILIDADE
É princípio cons�tucional implícito. A culpabilidade é princípio genérico que possui três 
vertentes:
a) proibição de responsabilização penal sem dolo ou culpa;
b) vedação de aplicação da pena sem culpabilidade, isto é, desprovida de 
imputabilidade, possibilidade de conhecimento da ilicitude do ato e exigibilidade de 
outra conduta;
c) a gravidade da pena deve ser proporcional à gravidade do fato come�do.
Portanto, são incompa�veis com o princípio da culpabilidade: versari in re illicita 
(imputação do ato criminoso ao agente só por ter agido de maneira voluntária, ainda que sem 
dolo ou culpa); a fundamentação ou agravamento da pena pelo simples resultado; a 
desconsideração da importância das modalidades de erro jurídico-penal.
1.1.6 HUMANIDADE
CF, art. 5º, XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade �sica e moral.
Trata-se de princípio cons�tucional expresso (art. 5º, XLVII e XLXIX). 
Determina o respeito à integridade �sica e moral dos acusados e sentenciados, 
vedando quaisquer �pos de penas desumanas ou cruéis.
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No momento da execução da pena, o juiz fará as adaptações ao caso 
concreto, já que o Estado deve zelar por cada condenado de forma individual, 
mediante tratamento penitenciário ou sistema alterna�vo no qual se afigure 
possível a finalidade da pena - retribuição, prevenção e ressocialização. (ex.: 
progressão de regime, regressão de regime, indulto, remição etc.)
Executório 
ou Administra�vo
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OBSERVAÇÃO:
Vale citar:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL. RE 841526 / RS - RIO GRANDE DO SUL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): 
Min. LUIZ FUX Julgamento: 30/03/2016. Órgão Julgador: Tribunal Pleno - “É dever do 
Estado e direito subje�vo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, 
garan�ndo-se os direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua 
incolumidade �sica e moral (ar�go 5º, inciso XLIX, da Cons�tuição Federal”).
1.1.7 PROPORCIONALIDADE
No âmbito do Direito Penal, significa que a severidade das penas deve ser proporcional 
à gravidade dos delitos pra�cados. 
A proporcionalidade deve ser observada tanto pelo legislador, ao cominar 
abstratamente a pena de cada infração penal, quanto pelo julgador, que deve aplicar a pena de 
modo a torná-la equilibrada em relação ao fato pra�cado. Como se percebe, o princípio guarda 
relação com o da individualização da pena.
Com base na proporcionalidade, reconhecendo a incons�tucionalidade do preceito 
secundário do art. 273, § 1º-B, V, do CP: 
STJ: “É incons�tucional o preceito secundário do art. 273, § 1º-B, V, do CP, de reclusão, 
de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa, devendo-se considerar, no cálculo da 
reprimenda, a pena prevista no caput do art. 33 da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), 
com possibilidade de incidência da causa de diminuição de pena do respec�vo § 4º. De 
fato, é viável a fiscalização judicial da cons�tucionalidade de preceito legisla�vo que 
implique intervenção estatal por meio do Direito Penal, examinando se o legislador 
considerou suficientemente os fatos e prognoses e se u�lizou de sua margem de ação 
de forma adequada para a proteção suficiente dos bens jurídicos fundamentais. (...) A 
ideia é a de que a intervenção estatal por meio do Direito Penal, como ul�ma ra�o, 
deve ser sempre guiada pelo princípio da proporcionalidade [...]” (STJ, AI no HC 
239.363-PR, Rel. Min. Sebas�ão Reis Júnior, julgado em 26/2/2015, DJe 10/4/2015).
O princípio da proporcionalidade é bastante estudado em Direito Cons�tucional, 
apresentando um sen�do mais amplo, aplicável a todos os ramos do Direito. Nesse enfoque, 
a proporcionalidade apresenta 3 subprincípios: 
a) adequação; 
b) necessidade; 
c) proporcionalidade em sen�do estrito. 
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Proibição da proteção deficiente
Tradicionalmente, o princípio da proporcionalidade relaciona-se à proibição de 
excesso do poder estatal, evitando a hipertrofia da punição.
Modernamente, tem-se extraído do princípio também o sen�do de proibição da 
proteção deficiente, significando que o Estado tem o dever de tutelar direitos fundamentais 
frente a ataques de terceiros (impera�vo de tutela).
Na jurisprudência:
STF: HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. 
(A)TIPICIDADE DA CONDUTA.CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS PENAIS. 
MANDATOS CONSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAÇÃO E MODELO EXIGENTE DE 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS EM MATÉRIA PENAL. CRIMES DE 
PERIGO ABSTRATO EM FACE DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. LEGITIMIDADE 
DA CRIMINALIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA DESMUNICIADA. ORDEM DENEGADA. 1. 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS PENAIS. (...) Pode-se dizer que os 
direitos fundamentais expressam não apenas uma proibição do excesso (...), como 
também podem ser traduzidos como proibições de proteção insuficiente ou impera�vos 
de tutela (...). Os mandatos cons�tucionais de criminalização, portanto, impõem ao 
legislador, para o seu devido cumprimento, o dever de observância do princípio da 
proporcionalidade como proibição de excesso e como proibição de proteção insuficiente 
(STF, HC 104410, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª T., Dje 27/03/2012 – destacou-se).
1.2 FONTES DO DIREITO PENAL
De onde emana o Direito Penal? 
1.2.1. FONTES MATERIAIS (SUBSTANCIAIS OU DE PRODUÇÃO)
Fontes responsáveis pela criação do Direito Penal. Quem produz o Direito Penal?
A competência para legislar sobre direito penal é Priva�va da União (art. 22, I, CF). 
Exceção: os Estados, se autorizados por Lei Complementar editada pela União, 
poderão legislar sobre questões específicas (art. 22, p.u. CF).
1.2.2. FONTES FORMAIS (COGNITIVAS OU DE CONHECIMENTO)
De que maneira o Direito Penal exterioriza suas normas? São formas de 
exteriorização do Direito Penal. 
1.2.2.1. Imediata ou direta
a) Lei 
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Direito penal incriminador somente pode se exteriorizar por meio de lei em sen�do 
estrito, norma emanada do Congresso.
- Lei Complementar à Cons�tuição – a maioria da doutrina admite (Ex.: LC 105/2001, 
art. 10).
- Lei delegada – não cria lei penal (é delegação do Presidente da República, e o 
Presidente da República não edita lei penal).
- Medida provisória não pode criar crime. O art. 62 da CF proíbe.
- Medida provisória a favor do réu – admissível. A CF somente proíbe contra o réu (STF, 
RE 254718).
1.2.2.2. Mediata ou secundária
a) Costumes
São normas de comportamento que as pessoas adotam como se fossem obrigatórias. 
Não podem criar crime nem penas. Excepcionalmente, podem influir no direito penal. Ex.: 
princípio da adequação social; conceito de repouso noturno no crime de furto, que varia de uma 
localidade para outra etc.
Mas atenção, alguns autores optam por classificar os costumes como Fontes Informais 
do Direito Penal.
b) Princípios Gerais do Direito
São os valores, premissas e orientações fundamentais que inspiram a elaboração, a 
interpretação e a preservação do ordenamento jurídico. Não raras vezes os princípios são 
u�lizados em decisões absolutórias. Ex: principio da insignificância. 
c) Atos Administra�vos
Os atos administra�vos são considerados como fontes mediatas do Direito Penal 
quando servem de complemento da norma penal em branco.
Não obstante a divergência doutrinária, é válido ressaltar que alguns autores 
entendem que também são fontes mediatas do Direito Penal: a doutrina, a jurisprudência e os 
tratados internacionais de direitos humanos.
i) Doutrina
Por explicar, interpretar ou aplicar as fontes imediatas, a doutrina pode ser considerada 
fonte do Direito Penal.
ii) Jurisprudência
A jurisprudência é fonte reveladora do direito penal, podendo, inclusive, ter caráter 
vinculante.
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iii) Tratados e convenções internacionais de direitos humanos.
Entende-se que tratados e convenções não podem criar crimes e penas para o direito 
interno, apenas no âmbito do direito internacional. No entanto, tais tratados podem ser 
u�lizados quando a questão versar sobre direito penal não-incriminador.
1.2.3. Cons�tuição Federal
Atuando como limite e fundamento do Direito Penal, a Cons�tuição não contém crimes e 
penas, mas traz princípios penais e processuais penais, rol de penas permi�das e proibidas etc.
Fala-se atualmente também em mandatos cons�tucionais de criminalização 
(expressos ou implícitos), determinando ao legislador a proteção suficiente/eficiente em 
determinados temas. Tal se dá, por exemplo, com o crime de racismo (art. 5º, XLII), crimes 
hediondos e equiparados (art. 5º, XLIII), ação de grupos armados contra a ordem cons�tucional 
e o Estado Democrá�co (art. 5º, XLIV) e crimes ambientais (art. 225, 3º).
1.3 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
1.3.1 ANALOGIA (ARGUMENTO ANALÓGICO OU APLICAÇÃO ANALÓGICA)
A analogia não é forma de interpretação da lei penal. Trata-se de processo de 
integração da norma, cuja finalidade é suprir lacunas. Consiste em aplicar a um fato não 
disciplinado por norma alguma norma disciplinadora de fato semelhante.
É possível analogia em Direito Penal?
Analogia contra o réu (analogia in mallam partem) à vedada, já que tal hipótese feriria 
o princípio da legalidade. 
Analogia a favor do réu (analogia in bonam partem) à admissível, se a omissão legisla�va 
for involuntária. O silêncio eloquente não permite o uso da analogia, ainda que favorável ao réu. 
1.3.2 Interpretação extensiva
Processo de extração do significado da norma, ampliando o seu alcance para 
possibilitar sua aplicação lógica.
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Há controvérsia sobre a possibilidade de interpretação extensiva contra o réu. Há duas 
correntes:
1) Possível, pois não é um processo de criação de normas, sendo tão somente de 
interpretação. Ex.: Pune-se a bigamia (casar duas vezes). Por interpretação extensiva, 
deve-se punir a poligamia (casar múl�plas vezes) / O art. 172 pune a emissão de 
duplicata em desacordo com a venda realizada. Por interpretação extensiva, deve-se 
punir a emissão de duplicata quando não exis�r a venda.
2) Não é possível, pois a lei penal incriminadora deve ser interpretada restri�vamente. 
Nesse sen�do:
STJ: “O princípio da estreita legalidade impede a interpretação extensiva para ampliar 
o objeto descrito na lei penal. Na medida em que as multas não se inserem no conceito 
de tributo é defeso considerar que sua cobrança, ainda que eventualmente indevida – 
quer pelo meio empregado quer pela sua não incidência - tenha o condão de 
configurar o delito de excesso de exação, sob pena de violação do princípio da 
legalidade, consagrado no art. 5º, XXXIX, da Cons�tuição Federal e art. 1º do Código 
Penal” (STJ, HC 476.315, Rel. Min. Celso Limongi, 6ª T., j. 17/12/2009).
1.3.3 Interpretação analógica (intra legem)
Processo de extração do significado da norma, u�lizando-se os elementos fornecidos 
pela própria norma interpretada. É admissível, pois prevista na própria lei. O legislador u�liza 
uma cláusula genérica seguida de uma fórmula casuís�ca. Assim, aquela (a cláusula genérica) 
deve ser compreendida em harmonia com os casos equivalentes (a fórmula casuís�ca). 
Exemplos:
CP, art. 121, § 2º: Se o homicídio é come�do:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro mo�vo torpe; (...)
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso 
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Vale a pena registrar a seguinte diferença:
- Interpretação Analógica: interpreta aplicando o próprio conteúdo da norma.
- Analogia: integra a norma suprindo lacunas.
1.3.4 Norma penal em branco (norma cega ou aberta)
São normas penais cujoconteúdo do preceito primário não é determinado, porém 
determinável, exigindo-se complementação por outra norma (integradora ou complementar).
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Divide-se em:
a) Norma penal em branco imprópria ou em sen�do amplo ou homogênea;
b) Norma penal em branco própria, heterogênea ou em sen�do estrito.
1.3.4.1 Norma penal em branco imprópria ou em sen�do amplo ou homogênea
A fonte de produção do �po penal em branco e do complemento é homogênea, ou 
seja, ambos derivam do Congresso Nacional e se exteriorizam por meio de lei. 
A norma penal em branco homogênea se subdivide em: 
a) Homovitelina – O complemento dado pelo legislador está no mesmo corpo 
norma�vo do �po principal. 
Ex.: os crimes funcionais e o conceito de funcionário público estão no Código Penal 
(art. 327).
b) Heterovitelina – O complemento norma�vo dado pelo legislador está em outro 
diploma legal, dis�nto daquele que contém o �po principal.
Ex.: art. 178 – emi�r conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com 
disposição de lei. / Art. 184 – violação de direitos autorais.
1.3.4.2 Norma penal em branco própria, heterogênea ou em sen�do estrito
A fonte de produção do complemento do �po penal em branco (que deriva da União e se 
exterioriza por meio de lei) é diversa da do �po criminal. Na norma penal em branco heterogênea o 
complemento encontra-se em atos infralegais, como por exemplo, portarias e decretos do Poder 
Execu�vo.
Ex.: relação de drogas, no crime de tráfico, consta em portaria editada pelo Ministério 
da Saúde. 
A lei penal em branco HETEROGÊNEA é cons�tucional ou há violação ao principio 
cons�tucional da legalidade?
A discussão ocorre porque o complemento da NPB heterogênea encontra previsão em 
ato infralegal.
É amplamente majoritário o entendimento de que não é incons�tucional. Para que se 
atenda ao principio da legalidade basta que o TIPO PENAL esteja previsto em lei em sen�do 
formal. A norma é indeterminada, mas determinável. 
1.3.4.3. Norma penal em branco inver�da ou ao revés 
Há inversão quanto ao local no qual se exige a complementação norma�va. O �po 
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penal traz sa�sfatoriamente a descrição do preceito primário, no entanto, o seu preceito 
secundário (cominação da pena) é lacunoso ou incompleto. Ex.: lei de genocídio (Lei 2.889/56, 
art. 1º) que remete às penas do Código Penal.
1.3.4.4. Norma penal em branco de fundo cons�tucional 
Ocorre quando o complemento do preceito primário é uma norma cons�tucional. 
Ex: Art. 246 do Código Penal – “Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária 
de filho em idade escolar”. O conceito de instrução primária pode ser encontrado no art. 208, I 
da Cons�tuição Federal – “educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não 
�veram acesso na idade própria”.
1.3.4.5. Norma penal em branco ao quadrado 
Verifica-se quando o complemento da lei penal em branco necessita também de 
complemento.
Ex: Art. 38 da Lei 9.605/98: “Destruir ou danificar floresta considerada de preservação 
permanente, mesmo que em formação, ou u�lizá-la com infringência das normas de proteção”. 
O conceito de “floresta de preservação permanente” é conferido pelo art. 6º da Lei 12.651/12: 
“Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por 
ato do Chefe do Poder Execu�vo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação 
des�nadas a uma ou mais das seguintes finalidades”. Assim, podemos iden�ficar que o 
complemento (conceito de floresta de preservação permanente) também precisa de outro 
complemento (ato do Chefe do Poder Execu�vo).
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2. JURISPRUDÊNCIA
SÚMULAS
Súmula 606 do STJ - Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão 
clandes�na de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato �pico previsto no art. 
183 da Lei n. 9.472/1997.
JULGADOS
Agravo regimental em habeas corpus. Penal. Furto qualificado (CP, art. 155, § 4º, inciso IV). 
Pretendido reconhecimento do princípio da insignificância. Possibilidade excepcional, à luz 
das circunstâncias do caso concreto. Agravo provido. 
1. À luz dos elementos dos autos, o caso é de incidência excepcional do princípio da 
insignificância, na linha de precedentes da Corte. 
2. As circunstâncias e o contexto que se apresentam permitem concluir pela ausência de lesão 
significa�va que jus�fique a intervenção do direito penal, mormente se considerarmos a 
inexpressividade dos bens subtraídos (avaliados em R$ 116,50) e o fato de o ora agravante não 
ser, tecnicamente, reincidente específico, já que a única ação penal à qual responde não 
transitou em julgado. 
3. Há de se ponderar, ainda, a condição de hipossuficiência do agente, além do fato de que a sua 
conduta foi pra�cada sem violência �sica ou moral a quem quer que seja, sendo certo, ademais, 
que os bens furtados foram res�tuídos à ví�ma, afastando-se, portanto, o prejuízo efe�vo. 
4. Agravo regimental ao qual se dá provimento. (STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. 
Dias Toffoli, julgado em 14/08/2018 – Info 911)
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONTRABANDO DE CIGARROS. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Jus�ça firmou o entendimento de que a introdução clandes�na de 
cigarros, em território nacional, em desconformidade com as normas de regência, configura o 
delito de contrabando, ao qual não se aplica o princípio da insignificância, por tutelar 
interesses que transbordam a mera elisão fiscal.
2. Agravo regimental improvido. (STJ. 6ª Turma. AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.717.048 - RS, 
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/09/2018)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONTRABANDO 
DE MEDICAMENTOS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. AGRAVO 
DESPROVIDO.
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1. Esta Corte Especial tem o entendimento consolidado no sen�do de ser inaplicável o princípio 
da insignificância ao crime de contrabando. Precedentes.
2. Agravo regimental desprovido. (STJ. 5ª Turma. AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.744.739 - RS, 
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/10/2018)
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1. (TJMG /2018/CONSULPLAN) Sobre o princípio 
da legalidade, assinale a alterna�va 
INCORRETA. 
a) É considerado por setor da doutrina como 
restrição deontológica de segundo grau, que 
não admite exceções.
b) Tem como des�natários tanto o Juiz quanto o 
legislador e, no processo judicial, incide não 
apenas na fase de conhecimento, como 
também na fase de execução das penas.
c) Tem como consectários a proibição de analogia 
em Direito Penal, de irretroa�vidade da lei 
penal gravosa, de u�lização dos costumes para 
fundamentar ou agravar a penae de criação de 
leis penais indeterminadas ou imprecisas.
d) Tem âmbito de aplicação mais abrangente do 
que indica o teor literal da fórmula em la�m 
“Nulla poena sine lege; nulla poena sine 
crimine; nullum crimen sine poena legali”, pois 
abrange crimes e contravenções penais, além 
de penas e medidas de segurança.
2. (TJRS / FAURGS / 2016)
I - Em nome do princípio da retroa�vidade da lei 
penal mais benéfica, a aboli�o criminis e a lex 
mi�or alcançam todos os fatos deli�vos 
anteriores à sua entrada em vigor, inclusive 
aqueles previstos em legislação penal 
temporária ou excepcional.
II - A lei penal brasileira é aplicável aos crimes 
come�dos a bordo de embarcações e 
aeronaves estrangeiras de propriedade 
privada que estejam localizadas no mar 
territorial ou sobrevoando o espaço aéreo 
brasileiro, sendo também consideradas como 
e x t e n s ã o d o t e r r i t ó r i o n a c i o n a l a s 
embarcações e aeronaves brasi leiras, 
mercantes ou de propriedade privada, 
localizadas em mar territorial ou no espaço 
aéreo de outro país, desde que estejam a 
serviço do governo brasileiro.
III - Segundo dispõe o princípio da consunção, 
quando a concre�zação da prá�ca de um crime 
depende direta e necessariamente da prá�ca de 
uma conduta deli�va antecedente, o juiz, no 
momento da sentença, deve afastar o 
reconhecimento do concurso de infrações, 
aplicando ao réu apenas a pena do crime mais 
grave.
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas III. 
d) Apenas I e II. 
e) Apenas II e III. 
3. (MPE/BA/2015) Analise as seguintes 
asser�vas acerca da norma penal: 
I – Visando à busca de uma solução para situação 
relacionada ao conflito aparente de normas, o 
intérprete pode se valer do princípio da 
consunção e do princípio da subsidiariedade. 
II – A aboli�o criminis faz cessar a execução da 
pena, os efeitos secundários da sentença 
condenatória e os efeitos civis da prá�ca 
delituosa. 
III – A lei penal pode ser revogada durante o 
período de sua vaca�o legis.
IV – A incriminação do agente em virtude de 
prá�ca de delito de acumulação cons�tui 
violação ao princípio da legalidade. 
V – A obrigatoriedade da individualização da 
pena, considerando a gravidade do fato e as 
condições do seu autor, é desdobramento do 
princípio da pessoalidade das penas.
3. QUESTÕES DE CONCURSOS
OBSERVAÇÕES: Ler os comentários somente após a tenta�va de resolução das questões sem consulta.
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Estão CORRETAS as asser�vas:
a) I, II e III
b) I, II e V.
c) I, III e IV.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.
4 . ( F C C / M P E - P E / 2 0 1 4 ) C o n s o a n t e 
entendimento sumulado do Superior 
Tribunal de Jus�ça,
a) é cabível a aplicação retroa�va, desde que 
integral, das disposições da vigente lei de 
drogas, se mais favoráveis ao réu, vedada a 
combinação de leis.
b) são irretroa�vas as disposições da vigente lei 
de drogas, ainda que mais favoráveis ao réu, 
pois inadmissível a combinação de leis.
c) são retroa�vas as disposições da vigente lei de 
drogas, se mais favoráveis ao réu, permi�da a 
combinação de leis.
d) é cabível a aplicação retroa�va, ainda que 
parcial, das disposições da vigente lei de 
drogas, se mais favoráveis ao réu, vedada a 
combinação de leis.
e) são retroa�vas as disposições da vigente lei de 
drogas, mesmo que desfavoráveis aos réus, 
vedada a combinação de leis.
5. (CESPE/TJBA/2019) De acordo com a doutrina 
predominante no Brasil rela�vamente aos 
princípios aplicáveis ao direito penal, assinale 
a opção correta.
a) O princípio da subsidiariedade determina que 
o direito penal somente tutele uma pequena 
fração dos bens jurídicos protegidos, 
operando nas hipóteses em que se verificar 
lesão ou ameaça de lesão mais intensa aos 
bens de maior relevância.
b) O princípio da ofensividade, segundo o qual 
não há crime sem lesão efe�va ou concreta ao 
bem jurídico tutelado, não permite que o 
ordenamento jurídico preveja crimes de 
perigo abstrato.
c) O princípio da adequação social serve de 
parâmetro ao legislador, que deve buscar 
afastar a �pificação criminal de condutas 
consideradas socialmente adequadas.
d) O princípio da taxa�vidade, ou do mandado de 
certeza, preconiza que a lei penal seja concreta 
e determinada em seu conteúdo, sendo 
vedados os �pos penais abertos.
e) O princípio da bagatela imprópria implica a 
a�picidade material de condutas causadoras 
de danos ou de perigos ínfimos.
6. (CESPE/TJPR/2019) Nas disposições penais da 
Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os 
�pos penais previstos nessa legislação 
�vessem vigência até o dia 31 de dezembro de 
2014. Considerando-se essas informações, é 
correto afirmar que a referida legislação é um 
exemplo de lei penal:
a) excepcional.
b) temporária.
c) corre�va.
d) intermediária.
7. (FCC/TJBA/2019) Segundo entendimento 
sumulado do Superior Tribunal de Jus�ça, 
INAPLICÁVEL o princípio da insignificância:
a) aos crimes ambientais e aos crimes 
patrimoniais sem violência ou grave 
ameaça à pessoa, se reincidente o 
acusado.
b) aos crimes pra�cados contra a criança e o 
adolescente e aos crimes contra a ordem 
tributária.
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c) às contravenções penais pra�cadas contra 
a mulher no âmbito das re lações 
domés�cas e aos cr imes contra a 
Administração pública.
d) aos crimes de licitações e às infrações de 
menor potencial ofensivo, já que regidas 
por lei especial.
e) aos crimes de violação de direito autoral e 
aos crimes previstos no estatuto do 
desarmamento.
8. (VUNESP/TJRO/2019) A respeito dos 
princípios penais, é correto afirmar que:
a) são princípios norteadores da aplicação e 
execução da pena o da legalidade, o da 
intranscendênc ia da pena e o da 
intervenção mínima do direito penal.
b) o princípio da humanidade das penas veda 
que o réu permaneça algemado durante 
audiência de instrução e julgamento, bem 
como que o condenado cumpra pena em 
estabelecimento prisional em localidade 
distante da família.
c) são princípios cons�tucionais explícitos o 
da proporcionalidade, o da reserva legal e 
o da insignificância.
d) o princípio da adequação social implica 
revogação da norma penal que es�ver em 
desacordo à ordem social estabelecida.
e) são princípios limitadores ao poder puni�vo 
do Estado o da insignificância, o da 
fragmentariedade e o da proporcionalidade.
9. (VUNESP/TJRJ/2019) O princípio da 
insignificância, que defende a não 
intervenção do Direito Penal para coibir 
ações �picas que causem ínfima lesão ao 
bem jurídico tutelado é afastado pela 
jurisprudência do Superior Tribunal de 
Jus�ça, por sua Súmula nº 599, em 
relação aos crimes:
a) contra a criança e o adolescente.
b) pra�cados contra as mulheres ou em 
condição de violência de gênero. 
c) de menor potencial ofensivo.
d) contra a Administração Pública.
e) contra o meio ambiente.
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3.1 COMENTÁRIOS
1. C
A asser�va é incorreta. É possível a aplicação de 
analogia para beneficiar o réu.
A. CORRETA
A deontologia jurídica é a ciência que cuida dos 
deveres e dos direitos dos operadores do direito. 
O primeiro grau refere-se às regras pelas quais os 
operadores do direito devem observar quando 
do exercício de sua profissão (ex. LOMANpara os 
magistrados; Código de é�ca para os advogados, 
etc.). O segundo grau refere-se aos princípios a 
serem observados no exercício de sua profissão, 
aqueles que transcendem a mera disposição legal 
(ex. função social, moral, é�ca, ideologia, cultura, 
valores, boa-fé obje�va, etc.). Regras deôn�cas 
são regras de conduta que disciplinam o 
comportamento é�co dos sujeitos da ação; são 
regras diretas de ação, que estabelecem deveres, 
sob pena de sanções. O �po penal deve ser 
delineado de forma que os des�natários da lei 
penal entendam o conteúdo proibi�vo da norma 
penal e a sua precisa regulação. 
B. Correta
A reserva legal implica a máxima determinação e 
taxa�vidade dos �pos penais, impondo-se ao 
Poder Legisla�vo, na elaboração das leis, que 
redija �po penais com a máxima precisão de seus 
elementos, bem como ao Judiciário que as 
interprete restri�vamente, de modo a preservar 
a efe�vidade do princípio. A Legalidade deve 
conduzir toda a conduta de aplicação e execução 
das penas.
D. Correta
É pacífico o entendimento que onde se lê “crime”, 
deve-se interpretar “infração penal”, portanto, 
abrangendo também as contravenções penais. 
Além disso, onde se lê “pena” deve interpretar 
“sanção penal”, incluindo as medidas de segurança.
2. B
Nos termos do art. 5º do CP, "aplica-se a lei 
brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados 
e regras de direito internacional, ao crime 
come�do no território nacional. § 1º - Para os 
efeitos penais, consideram-se como extensão do 
território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro onde quer que se encontrem, 
bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respec�vamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 
2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes 
pra�cados a bordo de aeronaves ou embarcações 
estrangeiras de propriedade privada, achando-se 
aquelas em pouso no território nacional ou em 
voo no espaço aéreo correspondente, e estas em 
porto ou mar territorial do Brasil".
3. C
I. Consunção e subsidiariedade são critérios para 
solução de conflito aparente de normas.
II. A aboli�o criminis apaga os efeitos penais da 
condenação (elimina dever de cumprimento 
de pena, não gera reincidência etc.). Porém, os 
efeitos civis permanecem.
III. Correta. Possível a revogação de lei em vaca�o.
IV. Delitos de acumulação são aqueles come�dos 
mediante condutas que, individualmente 
consideradas, são inofensivas ao bem jurídico 
protegido. Porém, sua reiteração lesiona o 
bem jurídico. Ex.: várias pessoas jogam 
pequena quan�dade de lixo em rio. 
V. Sã o p r in c íp io s re la c io n a d o s , m a s a 
individualização não decorre do princípio da 
pessoalidade.
4. A
“É cabível a aplicação retroa�va da Lei n. 
11.343/2006, desde que o resultado da 
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incidência das suas disposições, na íntegra, seja 
mais favorável ao réu do que o advindo da 
aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a 
combinação de leis”.
5. C
(A) INCORRETA. 
De acordo com o princípio da subsidiariedade, a 
atuação do Direito Penal é cabível unicamente 
quando os outros ramos do Direito e os demais 
meios estatais de controle social �verem se 
revelado impotentes para o controle da ordem 
pública. Em outras palavras, o Direito Penal 
funciona como um executor de reserva, entrando 
em cena somente quando outros meios estatais 
de proteção mais brandos, e, portanto, menos 
invasivos da liberdade individual não forem 
suficientes para a proteção do bem jurídico 
tutelado. 
(B) INCORRETA. 
De acordo com o princípio da ofensividade ou 
lesividade, não há infração penal quando a 
conduta não �ver oferecido ao menos perigo de 
lesão ao bem jurídico. Este princípio atende a 
manifesta exigência de delimitação do Direito 
Penal, tanto em nível legisla�vo como no âmbito 
jurisdicional. 
(C) CORRETA. 
De acordo com esse princípio, não pode ser 
considerado criminoso o comportamento 
humano que, embora �pificado em lei, não 
afrontar o sen�mento social de Jus�ça. 
(D) INCORRETA. 
“Lege certa”, taxa�vidade ou mandato de certeza 
O princípio da legalidade jamais cumprirá seu 
papel se a lei, ainda que anterior à conduta, puder 
ser editada de tal modo genérico ou vago, que 
não se possa delimitar, com segurança e 
concretude, quais comportamentos a ela se 
s u b s u m e m . P o r e s s e m o � v o , s ã o 
incons�tucionais os �pos penais vagos. Deve a lei 
penal ser concreta e determinada em seu 
conteúdo, sob pena de gerar incertezas quanto à 
sua aplicação e, consequentemente, provocar 
indesejável insegurança jurídica. (André Estefam 
e Victor Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal 
esquema�zado: parte geral)
(E) INCORRETA. 
De acordo com esse princípio, sem previsão legal 
no Brasil, inexiste legi�midade na imposição da 
pena nas hipóteses em que, nada obstante a 
infração penal esteja indiscu�velmente 
caracterizada, a aplicação da reprimenda 
desponte como desnecessária e inoportuna. 
Apresenta desvalor da conduta e desvalor do 
resultado. O fato é �pico e ilícito, o agente é 
dotado de culpabilidade e o Estado possui o 
direito de punir (punibilidade). É de se observar 
que a bagatela imprópria tem como pressuposto 
inafastável a não incidência do princípio da 
insignificância (própria). Com efeito, se o fato não 
era merecedor da tutela penal, em decorrência 
da sua a�picidade, descabe enveredar pela 
discussão acerca da necessidade ou não de pena.
6. B
A Lei Geral da Copa insere-se perfeitamente no 
conceito de lei temporária, que, segundo a 
doutrina, possui cláusula de autorrevogação, 
com data específica e determinada para o 
término da vigência da lei. Difere da lei 
excepcional, que prevê para o término de 
vigência um evento futuro, porém, sem data 
definida, como o término de uma Guerra, por 
exemplo.
7. C
A questão merece atenção, na medida em que a 
alterna�va correta é aquela que possui todos os 
exemplos compa�veis com a exigência do 
enunciado. Assim sendo, temos:
(A) Incorreta. 
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Segundo o STJ, é APLICÁVEL o princípio da 
insignificância aos crimes ambientais (AgRg no 
AREsp 654.321/SC), aos crimes patrimoniais sem 
violência ou grave ameaça à pessoa (AgRg no 
AREsp 19042/DF), se reincidente o acusado (REsp 
1509985/RJ).
(B) Incorreta. 
Segundo o STJ, é INAPLICÁVEL o princípio da 
insignificância aos crimes pra�cados contra a 
criança e o adolescente e APLICÁVEL aos crimes 
contra a ordem tributária (REsp 1.709.029/MG).
(C) Correta. 
Segundo o STJ, é INAPLICÁVEL o princípio da 
insignificância às contravenções penais 
pra�cadas contra a mulher no âmbito das 
relações domés�cas (Súmula 589-STJ) e aos 
crimes contra a Administração pública (Súmula 
599-STJ)
(D) Incorreta. 
Segundo o STJ, é INAPLICÁVEL o princípio da 
insignificância aos crimes de licitações (Súmula 
599-STJ) e APLICÁVEL às infrações de menor 
potencial ofensivo, já que regidas por lei especial 
(Não há relação entre a aplicação do princípio da 
insignificância e regência das infrações por leis 
especiais).
(E) Incorreta. 
Segundo o STJ, é INAPLICÁVEL o princípio da 
insignificância aos crimes de violação de direito 
autoral (AgRg no REsp 1380149/RS ) e APLICÁVEL, 
a o s c r i m e s p r e v i s t o s n o e s t a t u t o d o 
desarmamento (Há exceção, pois é inaplicável 
aos crimes de posse e deporte de arma de fogo - 
HC 338153/RS).
8.E
(A) INCORRETA. 
Apenas o princípio da intranscendência está mais 
proximamente ligado à aplicação e à execução da 
pena, na medida em que significa que a pena não 
pode passar da pessoa do delinquente. O 
princípio da legalidade, por sua vez, é limitação 
do poder puni�vo do Estado em face das 
máximas garan�as do cidadão. Por fim, o 
princípio da intervenção mínima apresenta-se 
para garan�r que a intervenção estatal no plano 
individual ocorra, apenas, quando estritamente 
necessário. 
(B) INCORRETA. 
Para o princípio da humanidade das penas, a 
pena deve respeitar os direitos fundamentais do 
condenado enquanto ser humano. Não pode, 
assim, violar a sua integridade �sica ou moral (CF, 
art. 5.º, XLIX). Da mesma forma, o Estado não 
pode dispensar nenhum �po de tratamento 
cruel, desumano ou degradante ao preso. Com 
esse propósito, o art. 5.º, XLVII, da Cons�tuição 
Federal proíbe as penas de morte, de trabalhos 
forçados, de banimento e cruéis, bem como a 
prisão perpétua. Assim sendo, há proximidade do 
mencionado princípio com a vedação do 
cumprimento de pena em estabelecimento 
prisional em localidade distante da família. Por 
outro lado, a vedação de que o réu permaneça 
algemado durante audiência de instrução e 
julgamento, está mais estreitamente ligada ao 
princípio da presunção de inocência. 
(C) INCORRETA. 
É explícito o princípio da legalidade da reserva 
legal (art. 5º, XXXIX, CF). Entretanto, são 
implícitos o princípio da proporcionalidade e o da 
insignificância.
(D) INCORRETA. 
Para o princípio da adequação social, não pode 
ser considerado criminoso o comportamento 
humano que, embora �pificado em lei, não 
afrontar o sen�mento social de Jus�ça. Todavia, a 
adequação social não implica revogação da 
norma penal.
(E) CORRETA. 
Os pr incípios da fragmentar iedade, da 
subsidiariedade e da insignificância (que causa 
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a�picidade material da conduta), decorrentes da 
intervenção mínima, limitam o poder puni�vo 
estatal afirmando ser legí�ma a intervenção 
penal apenas quando a criminalização de um fato 
se cons�tui meio indispensável para a proteção 
de determinado bem ou interesse, não podendo 
ser tutelado por outros ramos do ordenamento 
jurídico.
9. D
De acordo com o enunciado de nº 599 da súmula 
do STJ: “O princípio da insignificância é inaplicável 
aos crimes contra a Administração Pública”.
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