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00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 2020 MAGISTRATURA ESTADUAL DIREITO PENAL Princípios do Direito Penal. Fontes do Direito Penal. Interpretação da Lei Penal. (PONTO 2) www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. Sumário @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ....................................................................................3 1. DOUTRINA (RESUMO)..............................................................................................5 2. JURISPRUDÊNCIA ..................................................................................................22 3. QUESTÕES DE CONCURSOS ..................................................................................24 2.1 COMENTÁRIOS................................................................................................27 www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 3 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br DIREITO PENAL CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (Conforme Edital Mege) Bárbara Saraiva Atualizado em 21/01/2020 2 Princípios do Direito Penal.Fontes do Direito Penal. Interpretação da Lei Penal. www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 4 Olá! Tratei neste item sobre fontes do direito penal e interpretação da lei penal. Neste material, procurei colocar o necessário para que vocês compreendam o tema. No entanto, o assunto não se esgota aqui, pois trabalharemos tanto a parte principiológica quando a parte de interpretação da lei penal ao longo de todo o curso. Barbara Saraiva Apresentação @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 5 OBSERVAÇÃO: 1. DOUTRINA (RESUMO) 1.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL (CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS) Consideramos a anterioridade e a retroa�vidade da lei benéfica decorrências do princípio da legalidade. Da mesma forma, reputamos a fragmentariedade, a subsidiariedade, a ofensividade ou lesividade, a insignificância ou bagatela e a adequação social decorrências do princípio maior da intervenção mínima. Há autores que relacionam todos eles como princípios autônomos, porém não há divergência quanto ao conteúdo. 1.1.1 LEGALIDADE Classicamente, diz-se que nullun crimen, nulla poena sina praevia lege, conforme a consagrada fórmula de Feuerbach. Segundo Luiz Luisi, o princípio da legalidade cons�tui “patrimônio comum da legislação penal dos povos civilizados”. Não há consenso sobre a origem do postulado da legalidade. Para alguns o princípio nasceu no Direito Romano. Para outros, em 1215, com a Charta Magna Libertatum, editada por João Sem Terra. Para Francisco de Assis Toledo, origina-se no Bill of Rights das colônias inglesas da América do Norte e na Déclara�on des Droits de L´Homme et du Citoyen, da Revolução Francesa. O primeiro diploma a posi�vá-lo foi o Código Penal francês de 1810. No Brasil, a Cons�tuição Imperial de 1824 o previu, assim como o Código Criminal do Império (1830). O princípio da legalidade, que tem como fundamento o Estado de Direito, é a base de todo o Direito Penal. Atualmente, no Brasil, está previsto na CF, art. 5º, inciso XXXIX, e no CP, art. 1º. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br Legalidade (art. 5º, XXXIX, CF): -Anterioridade (art. 5.º, XXXIX, CF). -Retroa�vidade da lei penal benéfica (art. 5.º, XL, CF). Personalidade ou responsabilidade pessoal (art. 5º, XLV, CF) Individualização da pena (art. 5º, XLVI, primeira parte, CF) Humanidade (art. 5º, XLVII, CF) CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS Intervenção mínima: - Fragmentariedade. - Subsidiariedade. - Ofensividade ou lesividade. - Insignificância ou bagatela. - Adequação social. Culpabilidade Proporcionalidade www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 6 ATENÇÃO! CF, art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. CP, art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Documentos internacionais que anunciam o princípio: 1) Convênio para proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais (1950, art. 7º). 2) Convenção americana de direitos humanos (1969). 3) Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional (1977, ar�gos 22 e 23). 1.1.1.1 Conceito do princípio da legalidade Segundo Claus Roxin, o princípio da legalidade é um instrumento que protege o cidadão do próprio Direito Penal. Assim, trata-se de fator de contenção dos abusos do Estado. O princípio da legalidade é vetor basilar do garan�smo, ou seja, é real limitação do poder puni�vo do Estado em face das máximas garan�as do cidadão. Temos, portanto, que o fundamento polí�co deste princípio é a proteção do indivíduo face a atuação abusiva do Estado. O princípio da legalidade se dá pela conjunção dos princípios da reserva legal (não há crime sem lei) e da anterioridade. Princípio da reserva legal reserva absoluta de lei. Somente a lei, em sen�do estrito, pode descrever crimes e cominar penas. O princípio da reserva legal coincide com o sen�do estrito do princípio da legalidade. A reserva legal é cumprida, em regra, pela edição de lei ordinária, e, em casos excepcionais, por lei complementar. Assim, é impossível a criação de crimes e penas por decreto, por exemplo. A medida provisória não poderá versar sobre direito penal e processual penal, conforme a redação do art. 62, § 1º, b, da CF. Há pequena divergência doutrinária sobre a possibilidade de a medida provisória versar sobre direito penal não incriminador (STF já admi�u). 1.1.1.2 Vertentes do princípio da legalidade a) Lege praevia (art. 5º, incisos XXXIX e XL da CF) - Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. A lei penal deve ser prévia à prá�ca da infração @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 7 penal. Trata-se do princípio da anterioridade da lei penal, que tem como consequência a proibição da retroa�vidade da lei penal mais severa, cuja previsão encontra-se no art. 5º, inciso XL, da CF, ou seja: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. OBS: A retroa�vidade benéfica é garan�a fundamental do cidadão. b) Lege scripta (reserve legal) - Somente a lei penal escrita, em sen�do formal, poderá criar crimes e cominar penas. Consequência: proíbe-se a criação de crimes pela via dos costumes. Não existe, no direito penal, o costume incriminador, embora possa o costume servir para a interpretação da lei penal (costume interpreta�vo). QUESTÃO - Existe costume abolicionista no Direito Penal? Ou seja, um costume passível de revogar uma infração penal? A doutrina amplamente majoritária ensina que não existe costume abolicionista. Somente uma lei tem condição de revogar outra lei, conforme exarado na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Esse entendimento também é adotado pela jurisprudência dos Tribunais Superiores, a exemplo da súmula 502 doSuperior Tribunal de Jus�ça. Súmula 502: presentes a materialidade e a autoria, afigura-se �pica, em relação ao crime previsto no ar�go 184, parágrafo 2º, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. c) Lege Sctrita - A interpretação do �po penal, além da verificação do juízo de �picidade deve ser estrita, assim, consequentemente, o direito penal veda o uso da analogia incriminadora. a) Lege certa A lei penal deve ser clara, certa, precisa, proibindo-se o (taxa�vidade) - uso de conceitos vagos e imprecisos. Estamos diante do fundamento jurídico da reserva legal, qual seja, o princípio da taxa�vidade, o qual exige, na elaboração dos �pos penais, a facilidade na sua compreensão, não devendo deter em seu conteúdo expressões ambíguas ou indeterminadas. Obs: para César Roberto Bi�encourt, o art. 288-A do CP é exemplo de �po penal que viola a taxa�vidade da lei penal. 1.1.1.3 Sen�dos do Princípio Da Legalidade a) Sen�do amplo (CF, art. 5º, inciso II): Ninguém está obrigado a fazer ou a deixar de fazer algo, salvo em virtude de lei. b) Sen�do estrito (art. 5º, inciso XXXIX): Específico para o direito penal - “nullum crimen sine praevia legis”. Legalidade criminal – não há crime sem lei. Legalidade penal – não há pena sem lei. Legalidade jurisdicional ou processual – não há processo sem lei. Legalidade execucional – não há execução sem lei. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 8 1.1.1.4 Fundamentos do princípio da legalidade a) Polí�co, exigência de vinculação dos Poderes Execu�vo e Judiciário às leis, impedindo o poder puni�vo arbitrário; b) Democrá�co, respeito ao princípio da separação dos poderes; c) Jurídico, a lei prévia e clara gera importante efeito in�mida�vo. 1.1.1.5 Princípio da anterioridade Conforme estabelece a Cons�tuição Federal, “não há crime sem lei anterior que o defina”, nem pena “sem prévia cominação legal”. Ou seja, a lei penal incriminadora não pode retroagir para punir fatos concretos que até então não eram passíveis de repressão criminal. A lei penal deve ser prévia ao fato delituoso. 1.1.1.6 Irretroa�vidade ou retroa�vidade da lei penal benéfica Significa que a lei penal não pode retroagir, salvo para beneficiar o acusado. Trataremos detalhadamente do tema em momento oportuno. 1.1.2 PERSONALIDADE OU RESPONSABILIDADE PESSOAL CF, art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; Trata-se de princípio cons�tucional expresso (art. 5º, XLV), significando que a pena não pode passar da pessoa do delinquente. Não é possível, por exemplo, aplicar pena ao filho por crime come�do pelo pai. Um reflexo desse princípio no processo penal é o denominado princípio da intranscendência, segundo o qual a acusação deve ser dirigida contra o provável autor da infração. 1.1.3 INTERVENÇÃO MÍNIMA 1.1.3.1 Conceito e subprincípios Significa que o direito penal, sendo a forma mais agressiva de interferência estatal na vida privada do indivíduo (aplicação de penas priva�vas de liberdade), somente deve ser u�lizado em face dos ataques mais graves aos bens jurídicos mais relevantes, e desde que os outros instrumentos de controle estatal não sejam suficientes para lidar com a situação. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 9 A intervenção mínima (ou direito penal mínimo) surge com a Declaração Universal dos Direitos do Homem como forma de se garan�r que a intervenção estatal no plano individual ocorra, apenas, quando estritamente necessário. No ordenamento jurídico brasileiro, trata-se de princípio cons�tucional implícito. Do conceito é possível extrair os dois subprincípios da intervenção mínima: Subsidiariedade: O Direito Penal é subsidiário, é a ul�ma ra�o. Assim, a criminalização de uma conduta somente será legí�ma caso seja o único meio eficaz para a proteção do bem jurídico. Somente deve ser u�lizado se as outras formas de controle social e demais ramos do direito revelarem-se insuficientes na tutela do bem jurídico (ex.: sanções administra�vas ou cíveis). Fragmentariedade: O Direito Penal não deve ser u�lizado para tutelar toda e qualquer situação, nem para tutelar todo e qualquer bem jurídico. Somente uma pequena parcela da imensa gama de atos ilícitos existentes interessa a esse ramo do direito. Tal parcela compreende os atos que ofendem de modo mais grave os bens jurídicos considerados essenciais para o convívio em sociedade. Assim, o direito penal só intervirá quando houver relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É a fragmentariedade que fundamenta o princípio da insignificância como causa de a�picidade material da conduta. Outros princípios decorrentes do princípio da intervenção mínima: Insignificância ou bagatela. Está assentado no brocardo “de minimis non curat praetor”. Em 1964, Roxin introduziu no direito penal o princípio da insignificância ou da bagatela. O princípio é calcado na ideia de que certas condutas, embora �pificadas na lei, representam uma lesão ínfima ao bem jurídico, tornando desnecessária e indevida a aplicação de sanção penal. Há �picidade formal, mas não �picidade material. Assim, o princípio da insignificância pode ser entendido como instrumento de interpretação restri�va do �po penal. Também é uma decorrência do princípio da intervenção mínima, anotando-se, porém, que parte da doutrina relaciona a insignificância como princípio autônomo. O Supremo Tribunal Federal (STF, HC 138134/BA, Rel. Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 07.02.2017) formulou requisitos a serem observados na análise de cada caso a fim de se reconhecer a insignificância: - conduta minimamente ofensiva; - ausência de periculosidade social da ação; - reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; - lesão jurídica inexpressiva. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 10 O STF e o STJ, em regra, não têm admi�do quando o acusado é reincidente, portador de maus antecedentes ou criminoso habitual. STF: PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME DE FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. REITERAÇÃO DELITIVA. 1. O recorrente não se desincumbiu do seu dever processual de impugnar, especificamente, todos os fundamentos da decisão agravada, o que inviabiliza o conhecimento do recurso. Precedentes. 2. A jurisprudência do STF consolidou o entendimento de que a reiteração deli�va impossibilita a adoção do princípio da insignificância. Paciente que ostenta em sua folha de antecedentes várias ocorrências pelo mesmo crime de furto. 3. Agravo regimental não conhecido. (HC 123199, Rel. Min. Roberto Barroso, 1ª T., j. 17/02/2017). STJ: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. REINCIDÊNCIA. INAPLICABILIDADE. Esta Corte entende pela impossibilidade de aplicação do princípio da insignificância quando o agente é reincidente. (AgRg no AREsp 1015210/MG, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª T., j. 04/04/2017). Contudo, há precedentes em sen�do contrário. Veja, por exemplo, decisão de relatoria do Des. Vico Mañas (TJSP), discorrendo sobre o ins�tuto e o admi�ndo mesmo para réus reincidentes e com maus antecedentes: TJSP: 1. Furto Princípio da Insignificância AplicabilidadeValor reduzido da “res” e escassa repercussão do fato. 2. Provimento, por maioria, ao apelo defensivo para absolver o réu. (...) A descriminalização de condutas pode ser realizada por ato legisla�vo ou interpreta�vo do juiz. Como em nosso sistema o juiz não dispõe de grande mobilidade e o Ministério Público, salvo recentes exceções, está subme�do à regra da obrigatoriedade da ação penal, pode parecer problemá�ca a descriminalização pela via interpreta�va. No entanto, a moderna dogmá�ca penal fornece diversas técnicas para que se possa alcançar tal obje�vo, sem que se abra mão da segurança jurídica do sistema. Exemplos são os princípios da adequação social e da insignificância. Para evitar qualquer situação de insegurança jurídica, provocada por decisões carentes de critérios sistemá�cos ou cien�ficos, é preciso deixar que as proposições valora�vas polí�co-criminais, como é o caso da necessidade de descriminalização de algumas condutas, passem a penetrar nas categorias sistemá�cas do Direito Penal, superando-se, assim, as discrepâncias existentes entre a experiência e certos postulados da dogmá�ca, compa�bilizando-se a prá�ca com a teoria. É imprescindível, portanto, que se confira específico significado polí�co-criminal a cada uma das categorias sistemá�cas da teoria do delito. Não se trata apenas de ter em conta pontos de vista polí�co-criminais na aplicação da lei, como costumeiramente se vê na jurisprudência brasileira (as conhecidas absolvições em nome da “boa polí�ca criminal”). É preciso ir mais longe, conciliando a polí�ca criminal com a segurança jurídica que proporciona a claridade do sistema, evitando-se a arbitrariedade. Para tanto, os elementos do delito, �picidade, an�juridicidade e culpabilidade, devem ser analisados, desde o início, sob o prisma de sua @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 11 ATENÇÃO! função polí�co-criminal. À �picidade, assim, deve ser conferido o significado polí�co criminal de expressão do princípio cons�tucional da legalidade. Por esse mo�vo, não se deve admi�r a interpretação extensiva dos �pos penais com o intuito de garan�r uma proteção sem lacunas dos bens jurídicos. Diante da natureza fragmentária e subsidiária do Direito Penal, decorrentes do próprio princípio da legalidade, o correto é justamente o oposto, ou seja, a interpretação restri�va dos �pos penais. Como critérios auxiliares dessa interpretação restri�va é que devem ser entendidos os princípios da adequação social, idealizado por Hans Welzel, e da insignificância, devido a Claus Roxin, ambos integrantes da moderna concepção de �picidade material. De fato, o comportamento humano, para ser �pico, não só deve ajustar-se formalmente a um �po legal de delito, mas também ser materialmente lesivo a bens jurídicos e socialmente reprovável. O Direito Penal só deve ir até onde seja necessário para a proteção do bem jurídico, não se ocupando com bagatelas. A adoção do princípio da insignificância, por conseguinte, é o caminho sistema�camente correto e com base cons�tucional para a descriminalização de condutas que, embora formalmente �picas, não a�njam de forma relevante os bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal. O princípio atua, portanto, como instrumento de interpretação restri�va do �po penal, com o significado sistemá�co e polí�co criminal de expressão da regra cons�tucional da legalidade, que nada mais faz do que revelar a natureza subsidiária e fragmentária do Direito Penal, como sustentado em nossa obra “O Princípio da Insignificância como Excludente da Tipicidade no Direito Penal” (Saraiva, 1994). Feitas tais considerações, verifica-se a possibilidade de, sem qualquer ofensa ao sistema, afirmar-se a a�picidade material, por sua insignificância, de condutas como a versada nestes autos, que, não obstante formalmente �picas, não merecem, em razão do desvalor do resultado, a atenção do Direito Penal. Por fim, oportuno frisar que, afastada a própria �picidade da conduta, pouco importam eventuais má antecedência e reincidência. Na medida em que não houve delito, não há que se analisar circunstâncias relacionadas ao cálculo de penas (art. 61 do CP). Afinal, a má antecedência, a recidiva ou qualquer fator não referente à �picidade não terão o condão de transmutar comportamento a�pico em �pico. Tal qual outras dirimentes, o princípio da bagatela descaracteriza a infração penal. Assim, almejar a condenação por delito insignificante apenas em razão da recidiva é o mesmo que opinar pela inculpação de agente que comprovadamente atuou em legí�ma defesa apenas por ser reincidente (Apelação nº 0003614-89.2012.8.26.0358, Rel. Vico Mañas, 12ª Câmara de Direito Criminal, j. 29/03/2017). Para fins de esclarecimento, é de se destacar que a reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. Apesar disso, na prá�ca, observa-se que, na maioria dos julgados, o STF e o STJ negam a aplicação do princípio da insignificância caso o réu seja reincidente ou já responda a outros inquéritos ou ações penais. De igual modo, nega o bene�cio em situações de furto qualificado (STF, Plenário, HC 123108/MG, HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 - Info 793). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 12 OBSERVAÇÃO: A jurisprudência do STJ tem afastado a aplicação do princípio da insignificância aos casos em que o agente é contumaz na prá�ca deli�va, por evidenciar maior grau de reprovabilidade do comportamento, salvo quando ínfimo o valor do bem subtraído (STJ, 6ª Turma, AgRg no REsp 1509985/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/04/2018). Traremos decisões relevantes envolvendo o princípio da insignificância quando examinarmos os �pos penais respec�vos. No entanto, atenção para as súmulas nº 599 e 589 do STJ. Súmula 589. É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais pra�cados contra a mulher no âmbito das relações domés�cas. STJ. 3ª Seção. DJe 18/09/2017 Súmula 599. O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. STJ. 3ª Seção. Dje 27/11/2017 O que é bagatela imprópria? Na bagatela própria, o fato já nasce irrelevante para o direito penal, gerando a�picidade material do fato (ex.: sujeito furta uma folha de papel). Na bagatela imprópria, o fato nasce relevante para o Direito Penal, que é �pico, ilícito e culpável (existe desvalor da conduta e do resultado). Porém, no momento da sentença, o julgador entende que a aplicação da pena é desnecessária (falta do interesse de punir). Lesividade ou ofensividade. A lesividade, considerada por alguns como princípio autônomo, significa que apenas condutas que causam efe�va lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico podem ser objeto de repressão penal. Não há crime sem ofensa (nullum crimen sine iniuria). Se a conduta, no caso concreto, não violar o bem jurídico, nem sequer ameaçá-lo, não existe crime. É uma decorrência da intervenção mínima, mais especificamente do subprincípio da fragmentariedade, delimitando a incidência do Direito Penal tanto em âmbito administra�vo como no âmbito jurisdicional. Obs: o princípio acima não se confunde com o princípio da alteridade, que consiste na proibição da punição por mal causado a si próprio. O direito penal não pune a autolesão. Adequação social. Significa que uma conduta, sendo aceita e aprovada pela sociedade, não pode ser considerada materialmente �pica. Cons�tui uma decorrência da intervençãomínima (mas, assim como a ofensividade e insignificância, há autores que classificam a adequação social como princípio autônomo). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 13 Exemplo: Casa de pros�tuição - CP, art. 229 - Ilicitude afastada pela realidade social e evolução dos costumes - Conceito moral ultrapassado e já sem sustentáculo na atualidade - Sua consequente a�picidade. - Embora ainda figure no Código Penal vigente, - este dos idos de 1940 -, a conduta a que se refere o seu art. 229 (casa de pros�tuição) deixou de ser vista à conta de delituosa. E deixou de sê-lo, porque se trata de um conceito moral reconhecidamente ultrapassado e que já não tem mais como sustentar-se nos dias atuais. A sociedade hodierna culminou por ditar uma realidade que acabou por afastar a ilicitude daquela conduta - a do art. 229 -, tornando-a, em consequência, a�pica, em nome da evolução dos costumes (TJMG. Apelação Criminal 1.0024.04.375455-5/001. 2ª Câmara Criminal. Rel. Des. Hyparco Immesi. j. em 26.06.2008) O STJ entende que tal postulado não afasta a �picidade da conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas, sendo, nesse sen�do, a Súmula 502 da aludida Corte: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se �pica, em relação ao crime previsto no ar�go 184, parágrafo 2º, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. 1.1.4 INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA CF, art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alterna�va; e) suspensão ou interdição de direitos. É um princípio cons�tucional expresso (art. 5º, inciso XLVI, 1ª parte). Significa que a pena deve ser individualizada para cada caso, evitando-se padronizações. A individualização se dá em três planos: O legislador comina a pena mínima e a pena máxima abstratamente cabíveis. Ex.: “Pena – reclusão, de 1 a 4 anos”. O juiz do processo de conhecimento aplica a pena no caso concreto, tomando por base a sanção mínima e a máxima estabelecidas na lei. Obs.: A individualização judicial compreende não só a fixação da quan�dade de pena, também a fixação de regime inicial, possibilidade de subs�tuição por restri�va de direitos ou concessão de sursis etc. Legisla�vo Judiciário @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 14 OBSERVAÇÃO: Há relevantes decisões do STF envolvendo individualização da pena nos crimes hediondos e tráfico de drogas. Trataremos disso tudo oportunamente. 1.1.5 CULPABILIDADE É princípio cons�tucional implícito. A culpabilidade é princípio genérico que possui três vertentes: a) proibição de responsabilização penal sem dolo ou culpa; b) vedação de aplicação da pena sem culpabilidade, isto é, desprovida de imputabilidade, possibilidade de conhecimento da ilicitude do ato e exigibilidade de outra conduta; c) a gravidade da pena deve ser proporcional à gravidade do fato come�do. Portanto, são incompa�veis com o princípio da culpabilidade: versari in re illicita (imputação do ato criminoso ao agente só por ter agido de maneira voluntária, ainda que sem dolo ou culpa); a fundamentação ou agravamento da pena pelo simples resultado; a desconsideração da importância das modalidades de erro jurídico-penal. 1.1.6 HUMANIDADE CF, art. 5º, XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade �sica e moral. Trata-se de princípio cons�tucional expresso (art. 5º, XLVII e XLXIX). Determina o respeito à integridade �sica e moral dos acusados e sentenciados, vedando quaisquer �pos de penas desumanas ou cruéis. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br No momento da execução da pena, o juiz fará as adaptações ao caso concreto, já que o Estado deve zelar por cada condenado de forma individual, mediante tratamento penitenciário ou sistema alterna�vo no qual se afigure possível a finalidade da pena - retribuição, prevenção e ressocialização. (ex.: progressão de regime, regressão de regime, indulto, remição etc.) Executório ou Administra�vo www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 15 OBSERVAÇÃO: Vale citar: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. RE 841526 / RS - RIO GRANDE DO SUL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. LUIZ FUX Julgamento: 30/03/2016. Órgão Julgador: Tribunal Pleno - “É dever do Estado e direito subje�vo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garan�ndo-se os direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade �sica e moral (ar�go 5º, inciso XLIX, da Cons�tuição Federal”). 1.1.7 PROPORCIONALIDADE No âmbito do Direito Penal, significa que a severidade das penas deve ser proporcional à gravidade dos delitos pra�cados. A proporcionalidade deve ser observada tanto pelo legislador, ao cominar abstratamente a pena de cada infração penal, quanto pelo julgador, que deve aplicar a pena de modo a torná-la equilibrada em relação ao fato pra�cado. Como se percebe, o princípio guarda relação com o da individualização da pena. Com base na proporcionalidade, reconhecendo a incons�tucionalidade do preceito secundário do art. 273, § 1º-B, V, do CP: STJ: “É incons�tucional o preceito secundário do art. 273, § 1º-B, V, do CP, de reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa, devendo-se considerar, no cálculo da reprimenda, a pena prevista no caput do art. 33 da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), com possibilidade de incidência da causa de diminuição de pena do respec�vo § 4º. De fato, é viável a fiscalização judicial da cons�tucionalidade de preceito legisla�vo que implique intervenção estatal por meio do Direito Penal, examinando se o legislador considerou suficientemente os fatos e prognoses e se u�lizou de sua margem de ação de forma adequada para a proteção suficiente dos bens jurídicos fundamentais. (...) A ideia é a de que a intervenção estatal por meio do Direito Penal, como ul�ma ra�o, deve ser sempre guiada pelo princípio da proporcionalidade [...]” (STJ, AI no HC 239.363-PR, Rel. Min. Sebas�ão Reis Júnior, julgado em 26/2/2015, DJe 10/4/2015). O princípio da proporcionalidade é bastante estudado em Direito Cons�tucional, apresentando um sen�do mais amplo, aplicável a todos os ramos do Direito. Nesse enfoque, a proporcionalidade apresenta 3 subprincípios: a) adequação; b) necessidade; c) proporcionalidade em sen�do estrito. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 16 Proibição da proteção deficiente Tradicionalmente, o princípio da proporcionalidade relaciona-se à proibição de excesso do poder estatal, evitando a hipertrofia da punição. Modernamente, tem-se extraído do princípio também o sen�do de proibição da proteção deficiente, significando que o Estado tem o dever de tutelar direitos fundamentais frente a ataques de terceiros (impera�vo de tutela). Na jurisprudência: STF: HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. (A)TIPICIDADE DA CONDUTA.CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS PENAIS. MANDATOS CONSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAÇÃO E MODELO EXIGENTE DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS EM MATÉRIA PENAL. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO EM FACE DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. LEGITIMIDADE DA CRIMINALIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA DESMUNICIADA. ORDEM DENEGADA. 1. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS PENAIS. (...) Pode-se dizer que os direitos fundamentais expressam não apenas uma proibição do excesso (...), como também podem ser traduzidos como proibições de proteção insuficiente ou impera�vos de tutela (...). Os mandatos cons�tucionais de criminalização, portanto, impõem ao legislador, para o seu devido cumprimento, o dever de observância do princípio da proporcionalidade como proibição de excesso e como proibição de proteção insuficiente (STF, HC 104410, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª T., Dje 27/03/2012 – destacou-se). 1.2 FONTES DO DIREITO PENAL De onde emana o Direito Penal? 1.2.1. FONTES MATERIAIS (SUBSTANCIAIS OU DE PRODUÇÃO) Fontes responsáveis pela criação do Direito Penal. Quem produz o Direito Penal? A competência para legislar sobre direito penal é Priva�va da União (art. 22, I, CF). Exceção: os Estados, se autorizados por Lei Complementar editada pela União, poderão legislar sobre questões específicas (art. 22, p.u. CF). 1.2.2. FONTES FORMAIS (COGNITIVAS OU DE CONHECIMENTO) De que maneira o Direito Penal exterioriza suas normas? São formas de exteriorização do Direito Penal. 1.2.2.1. Imediata ou direta a) Lei @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 17 Direito penal incriminador somente pode se exteriorizar por meio de lei em sen�do estrito, norma emanada do Congresso. - Lei Complementar à Cons�tuição – a maioria da doutrina admite (Ex.: LC 105/2001, art. 10). - Lei delegada – não cria lei penal (é delegação do Presidente da República, e o Presidente da República não edita lei penal). - Medida provisória não pode criar crime. O art. 62 da CF proíbe. - Medida provisória a favor do réu – admissível. A CF somente proíbe contra o réu (STF, RE 254718). 1.2.2.2. Mediata ou secundária a) Costumes São normas de comportamento que as pessoas adotam como se fossem obrigatórias. Não podem criar crime nem penas. Excepcionalmente, podem influir no direito penal. Ex.: princípio da adequação social; conceito de repouso noturno no crime de furto, que varia de uma localidade para outra etc. Mas atenção, alguns autores optam por classificar os costumes como Fontes Informais do Direito Penal. b) Princípios Gerais do Direito São os valores, premissas e orientações fundamentais que inspiram a elaboração, a interpretação e a preservação do ordenamento jurídico. Não raras vezes os princípios são u�lizados em decisões absolutórias. Ex: principio da insignificância. c) Atos Administra�vos Os atos administra�vos são considerados como fontes mediatas do Direito Penal quando servem de complemento da norma penal em branco. Não obstante a divergência doutrinária, é válido ressaltar que alguns autores entendem que também são fontes mediatas do Direito Penal: a doutrina, a jurisprudência e os tratados internacionais de direitos humanos. i) Doutrina Por explicar, interpretar ou aplicar as fontes imediatas, a doutrina pode ser considerada fonte do Direito Penal. ii) Jurisprudência A jurisprudência é fonte reveladora do direito penal, podendo, inclusive, ter caráter vinculante. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 18 iii) Tratados e convenções internacionais de direitos humanos. Entende-se que tratados e convenções não podem criar crimes e penas para o direito interno, apenas no âmbito do direito internacional. No entanto, tais tratados podem ser u�lizados quando a questão versar sobre direito penal não-incriminador. 1.2.3. Cons�tuição Federal Atuando como limite e fundamento do Direito Penal, a Cons�tuição não contém crimes e penas, mas traz princípios penais e processuais penais, rol de penas permi�das e proibidas etc. Fala-se atualmente também em mandatos cons�tucionais de criminalização (expressos ou implícitos), determinando ao legislador a proteção suficiente/eficiente em determinados temas. Tal se dá, por exemplo, com o crime de racismo (art. 5º, XLII), crimes hediondos e equiparados (art. 5º, XLIII), ação de grupos armados contra a ordem cons�tucional e o Estado Democrá�co (art. 5º, XLIV) e crimes ambientais (art. 225, 3º). 1.3 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 1.3.1 ANALOGIA (ARGUMENTO ANALÓGICO OU APLICAÇÃO ANALÓGICA) A analogia não é forma de interpretação da lei penal. Trata-se de processo de integração da norma, cuja finalidade é suprir lacunas. Consiste em aplicar a um fato não disciplinado por norma alguma norma disciplinadora de fato semelhante. É possível analogia em Direito Penal? Analogia contra o réu (analogia in mallam partem) à vedada, já que tal hipótese feriria o princípio da legalidade. Analogia a favor do réu (analogia in bonam partem) à admissível, se a omissão legisla�va for involuntária. O silêncio eloquente não permite o uso da analogia, ainda que favorável ao réu. 1.3.2 Interpretação extensiva Processo de extração do significado da norma, ampliando o seu alcance para possibilitar sua aplicação lógica. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 19 Há controvérsia sobre a possibilidade de interpretação extensiva contra o réu. Há duas correntes: 1) Possível, pois não é um processo de criação de normas, sendo tão somente de interpretação. Ex.: Pune-se a bigamia (casar duas vezes). Por interpretação extensiva, deve-se punir a poligamia (casar múl�plas vezes) / O art. 172 pune a emissão de duplicata em desacordo com a venda realizada. Por interpretação extensiva, deve-se punir a emissão de duplicata quando não exis�r a venda. 2) Não é possível, pois a lei penal incriminadora deve ser interpretada restri�vamente. Nesse sen�do: STJ: “O princípio da estreita legalidade impede a interpretação extensiva para ampliar o objeto descrito na lei penal. Na medida em que as multas não se inserem no conceito de tributo é defeso considerar que sua cobrança, ainda que eventualmente indevida – quer pelo meio empregado quer pela sua não incidência - tenha o condão de configurar o delito de excesso de exação, sob pena de violação do princípio da legalidade, consagrado no art. 5º, XXXIX, da Cons�tuição Federal e art. 1º do Código Penal” (STJ, HC 476.315, Rel. Min. Celso Limongi, 6ª T., j. 17/12/2009). 1.3.3 Interpretação analógica (intra legem) Processo de extração do significado da norma, u�lizando-se os elementos fornecidos pela própria norma interpretada. É admissível, pois prevista na própria lei. O legislador u�liza uma cláusula genérica seguida de uma fórmula casuís�ca. Assim, aquela (a cláusula genérica) deve ser compreendida em harmonia com os casos equivalentes (a fórmula casuís�ca). Exemplos: CP, art. 121, § 2º: Se o homicídio é come�do: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro mo�vo torpe; (...) III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; Vale a pena registrar a seguinte diferença: - Interpretação Analógica: interpreta aplicando o próprio conteúdo da norma. - Analogia: integra a norma suprindo lacunas. 1.3.4 Norma penal em branco (norma cega ou aberta) São normas penais cujoconteúdo do preceito primário não é determinado, porém determinável, exigindo-se complementação por outra norma (integradora ou complementar). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 20 Divide-se em: a) Norma penal em branco imprópria ou em sen�do amplo ou homogênea; b) Norma penal em branco própria, heterogênea ou em sen�do estrito. 1.3.4.1 Norma penal em branco imprópria ou em sen�do amplo ou homogênea A fonte de produção do �po penal em branco e do complemento é homogênea, ou seja, ambos derivam do Congresso Nacional e se exteriorizam por meio de lei. A norma penal em branco homogênea se subdivide em: a) Homovitelina – O complemento dado pelo legislador está no mesmo corpo norma�vo do �po principal. Ex.: os crimes funcionais e o conceito de funcionário público estão no Código Penal (art. 327). b) Heterovitelina – O complemento norma�vo dado pelo legislador está em outro diploma legal, dis�nto daquele que contém o �po principal. Ex.: art. 178 – emi�r conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição de lei. / Art. 184 – violação de direitos autorais. 1.3.4.2 Norma penal em branco própria, heterogênea ou em sen�do estrito A fonte de produção do complemento do �po penal em branco (que deriva da União e se exterioriza por meio de lei) é diversa da do �po criminal. Na norma penal em branco heterogênea o complemento encontra-se em atos infralegais, como por exemplo, portarias e decretos do Poder Execu�vo. Ex.: relação de drogas, no crime de tráfico, consta em portaria editada pelo Ministério da Saúde. A lei penal em branco HETEROGÊNEA é cons�tucional ou há violação ao principio cons�tucional da legalidade? A discussão ocorre porque o complemento da NPB heterogênea encontra previsão em ato infralegal. É amplamente majoritário o entendimento de que não é incons�tucional. Para que se atenda ao principio da legalidade basta que o TIPO PENAL esteja previsto em lei em sen�do formal. A norma é indeterminada, mas determinável. 1.3.4.3. Norma penal em branco inver�da ou ao revés Há inversão quanto ao local no qual se exige a complementação norma�va. O �po @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 21 penal traz sa�sfatoriamente a descrição do preceito primário, no entanto, o seu preceito secundário (cominação da pena) é lacunoso ou incompleto. Ex.: lei de genocídio (Lei 2.889/56, art. 1º) que remete às penas do Código Penal. 1.3.4.4. Norma penal em branco de fundo cons�tucional Ocorre quando o complemento do preceito primário é uma norma cons�tucional. Ex: Art. 246 do Código Penal – “Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar”. O conceito de instrução primária pode ser encontrado no art. 208, I da Cons�tuição Federal – “educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não �veram acesso na idade própria”. 1.3.4.5. Norma penal em branco ao quadrado Verifica-se quando o complemento da lei penal em branco necessita também de complemento. Ex: Art. 38 da Lei 9.605/98: “Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou u�lizá-la com infringência das normas de proteção”. O conceito de “floresta de preservação permanente” é conferido pelo art. 6º da Lei 12.651/12: “Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Execu�vo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação des�nadas a uma ou mais das seguintes finalidades”. Assim, podemos iden�ficar que o complemento (conceito de floresta de preservação permanente) também precisa de outro complemento (ato do Chefe do Poder Execu�vo). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 22 2. JURISPRUDÊNCIA SÚMULAS Súmula 606 do STJ - Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandes�na de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato �pico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. JULGADOS Agravo regimental em habeas corpus. Penal. Furto qualificado (CP, art. 155, § 4º, inciso IV). Pretendido reconhecimento do princípio da insignificância. Possibilidade excepcional, à luz das circunstâncias do caso concreto. Agravo provido. 1. À luz dos elementos dos autos, o caso é de incidência excepcional do princípio da insignificância, na linha de precedentes da Corte. 2. As circunstâncias e o contexto que se apresentam permitem concluir pela ausência de lesão significa�va que jus�fique a intervenção do direito penal, mormente se considerarmos a inexpressividade dos bens subtraídos (avaliados em R$ 116,50) e o fato de o ora agravante não ser, tecnicamente, reincidente específico, já que a única ação penal à qual responde não transitou em julgado. 3. Há de se ponderar, ainda, a condição de hipossuficiência do agente, além do fato de que a sua conduta foi pra�cada sem violência �sica ou moral a quem quer que seja, sendo certo, ademais, que os bens furtados foram res�tuídos à ví�ma, afastando-se, portanto, o prejuízo efe�vo. 4. Agravo regimental ao qual se dá provimento. (STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/08/2018 – Info 911) PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONTRABANDO DE CIGARROS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Jus�ça firmou o entendimento de que a introdução clandes�na de cigarros, em território nacional, em desconformidade com as normas de regência, configura o delito de contrabando, ao qual não se aplica o princípio da insignificância, por tutelar interesses que transbordam a mera elisão fiscal. 2. Agravo regimental improvido. (STJ. 6ª Turma. AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.717.048 - RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/09/2018) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONTRABANDO DE MEDICAMENTOS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. AGRAVO DESPROVIDO. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 23 1. Esta Corte Especial tem o entendimento consolidado no sen�do de ser inaplicável o princípio da insignificância ao crime de contrabando. Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido. (STJ. 5ª Turma. AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.744.739 - RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/10/2018) @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 24 1. (TJMG /2018/CONSULPLAN) Sobre o princípio da legalidade, assinale a alterna�va INCORRETA. a) É considerado por setor da doutrina como restrição deontológica de segundo grau, que não admite exceções. b) Tem como des�natários tanto o Juiz quanto o legislador e, no processo judicial, incide não apenas na fase de conhecimento, como também na fase de execução das penas. c) Tem como consectários a proibição de analogia em Direito Penal, de irretroa�vidade da lei penal gravosa, de u�lização dos costumes para fundamentar ou agravar a penae de criação de leis penais indeterminadas ou imprecisas. d) Tem âmbito de aplicação mais abrangente do que indica o teor literal da fórmula em la�m “Nulla poena sine lege; nulla poena sine crimine; nullum crimen sine poena legali”, pois abrange crimes e contravenções penais, além de penas e medidas de segurança. 2. (TJRS / FAURGS / 2016) I - Em nome do princípio da retroa�vidade da lei penal mais benéfica, a aboli�o criminis e a lex mi�or alcançam todos os fatos deli�vos anteriores à sua entrada em vigor, inclusive aqueles previstos em legislação penal temporária ou excepcional. II - A lei penal brasileira é aplicável aos crimes come�dos a bordo de embarcações e aeronaves estrangeiras de propriedade privada que estejam localizadas no mar territorial ou sobrevoando o espaço aéreo brasileiro, sendo também consideradas como e x t e n s ã o d o t e r r i t ó r i o n a c i o n a l a s embarcações e aeronaves brasi leiras, mercantes ou de propriedade privada, localizadas em mar territorial ou no espaço aéreo de outro país, desde que estejam a serviço do governo brasileiro. III - Segundo dispõe o princípio da consunção, quando a concre�zação da prá�ca de um crime depende direta e necessariamente da prá�ca de uma conduta deli�va antecedente, o juiz, no momento da sentença, deve afastar o reconhecimento do concurso de infrações, aplicando ao réu apenas a pena do crime mais grave. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III. 3. (MPE/BA/2015) Analise as seguintes asser�vas acerca da norma penal: I – Visando à busca de uma solução para situação relacionada ao conflito aparente de normas, o intérprete pode se valer do princípio da consunção e do princípio da subsidiariedade. II – A aboli�o criminis faz cessar a execução da pena, os efeitos secundários da sentença condenatória e os efeitos civis da prá�ca delituosa. III – A lei penal pode ser revogada durante o período de sua vaca�o legis. IV – A incriminação do agente em virtude de prá�ca de delito de acumulação cons�tui violação ao princípio da legalidade. V – A obrigatoriedade da individualização da pena, considerando a gravidade do fato e as condições do seu autor, é desdobramento do princípio da pessoalidade das penas. 3. QUESTÕES DE CONCURSOS OBSERVAÇÕES: Ler os comentários somente após a tenta�va de resolução das questões sem consulta. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 25 Estão CORRETAS as asser�vas: a) I, II e III b) I, II e V. c) I, III e IV. d) II, IV e V. e) III, IV e V. 4 . ( F C C / M P E - P E / 2 0 1 4 ) C o n s o a n t e entendimento sumulado do Superior Tribunal de Jus�ça, a) é cabível a aplicação retroa�va, desde que integral, das disposições da vigente lei de drogas, se mais favoráveis ao réu, vedada a combinação de leis. b) são irretroa�vas as disposições da vigente lei de drogas, ainda que mais favoráveis ao réu, pois inadmissível a combinação de leis. c) são retroa�vas as disposições da vigente lei de drogas, se mais favoráveis ao réu, permi�da a combinação de leis. d) é cabível a aplicação retroa�va, ainda que parcial, das disposições da vigente lei de drogas, se mais favoráveis ao réu, vedada a combinação de leis. e) são retroa�vas as disposições da vigente lei de drogas, mesmo que desfavoráveis aos réus, vedada a combinação de leis. 5. (CESPE/TJBA/2019) De acordo com a doutrina predominante no Brasil rela�vamente aos princípios aplicáveis ao direito penal, assinale a opção correta. a) O princípio da subsidiariedade determina que o direito penal somente tutele uma pequena fração dos bens jurídicos protegidos, operando nas hipóteses em que se verificar lesão ou ameaça de lesão mais intensa aos bens de maior relevância. b) O princípio da ofensividade, segundo o qual não há crime sem lesão efe�va ou concreta ao bem jurídico tutelado, não permite que o ordenamento jurídico preveja crimes de perigo abstrato. c) O princípio da adequação social serve de parâmetro ao legislador, que deve buscar afastar a �pificação criminal de condutas consideradas socialmente adequadas. d) O princípio da taxa�vidade, ou do mandado de certeza, preconiza que a lei penal seja concreta e determinada em seu conteúdo, sendo vedados os �pos penais abertos. e) O princípio da bagatela imprópria implica a a�picidade material de condutas causadoras de danos ou de perigos ínfimos. 6. (CESPE/TJPR/2019) Nas disposições penais da Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os �pos penais previstos nessa legislação �vessem vigência até o dia 31 de dezembro de 2014. Considerando-se essas informações, é correto afirmar que a referida legislação é um exemplo de lei penal: a) excepcional. b) temporária. c) corre�va. d) intermediária. 7. (FCC/TJBA/2019) Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Jus�ça, INAPLICÁVEL o princípio da insignificância: a) aos crimes ambientais e aos crimes patrimoniais sem violência ou grave ameaça à pessoa, se reincidente o acusado. b) aos crimes pra�cados contra a criança e o adolescente e aos crimes contra a ordem tributária. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 26 c) às contravenções penais pra�cadas contra a mulher no âmbito das re lações domés�cas e aos cr imes contra a Administração pública. d) aos crimes de licitações e às infrações de menor potencial ofensivo, já que regidas por lei especial. e) aos crimes de violação de direito autoral e aos crimes previstos no estatuto do desarmamento. 8. (VUNESP/TJRO/2019) A respeito dos princípios penais, é correto afirmar que: a) são princípios norteadores da aplicação e execução da pena o da legalidade, o da intranscendênc ia da pena e o da intervenção mínima do direito penal. b) o princípio da humanidade das penas veda que o réu permaneça algemado durante audiência de instrução e julgamento, bem como que o condenado cumpra pena em estabelecimento prisional em localidade distante da família. c) são princípios cons�tucionais explícitos o da proporcionalidade, o da reserva legal e o da insignificância. d) o princípio da adequação social implica revogação da norma penal que es�ver em desacordo à ordem social estabelecida. e) são princípios limitadores ao poder puni�vo do Estado o da insignificância, o da fragmentariedade e o da proporcionalidade. 9. (VUNESP/TJRJ/2019) O princípio da insignificância, que defende a não intervenção do Direito Penal para coibir ações �picas que causem ínfima lesão ao bem jurídico tutelado é afastado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Jus�ça, por sua Súmula nº 599, em relação aos crimes: a) contra a criança e o adolescente. b) pra�cados contra as mulheres ou em condição de violência de gênero. c) de menor potencial ofensivo. d) contra a Administração Pública. e) contra o meio ambiente. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 27 3.1 COMENTÁRIOS 1. C A asser�va é incorreta. É possível a aplicação de analogia para beneficiar o réu. A. CORRETA A deontologia jurídica é a ciência que cuida dos deveres e dos direitos dos operadores do direito. O primeiro grau refere-se às regras pelas quais os operadores do direito devem observar quando do exercício de sua profissão (ex. LOMANpara os magistrados; Código de é�ca para os advogados, etc.). O segundo grau refere-se aos princípios a serem observados no exercício de sua profissão, aqueles que transcendem a mera disposição legal (ex. função social, moral, é�ca, ideologia, cultura, valores, boa-fé obje�va, etc.). Regras deôn�cas são regras de conduta que disciplinam o comportamento é�co dos sujeitos da ação; são regras diretas de ação, que estabelecem deveres, sob pena de sanções. O �po penal deve ser delineado de forma que os des�natários da lei penal entendam o conteúdo proibi�vo da norma penal e a sua precisa regulação. B. Correta A reserva legal implica a máxima determinação e taxa�vidade dos �pos penais, impondo-se ao Poder Legisla�vo, na elaboração das leis, que redija �po penais com a máxima precisão de seus elementos, bem como ao Judiciário que as interprete restri�vamente, de modo a preservar a efe�vidade do princípio. A Legalidade deve conduzir toda a conduta de aplicação e execução das penas. D. Correta É pacífico o entendimento que onde se lê “crime”, deve-se interpretar “infração penal”, portanto, abrangendo também as contravenções penais. Além disso, onde se lê “pena” deve interpretar “sanção penal”, incluindo as medidas de segurança. 2. B Nos termos do art. 5º do CP, "aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime come�do no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respec�vamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes pra�cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil". 3. C I. Consunção e subsidiariedade são critérios para solução de conflito aparente de normas. II. A aboli�o criminis apaga os efeitos penais da condenação (elimina dever de cumprimento de pena, não gera reincidência etc.). Porém, os efeitos civis permanecem. III. Correta. Possível a revogação de lei em vaca�o. IV. Delitos de acumulação são aqueles come�dos mediante condutas que, individualmente consideradas, são inofensivas ao bem jurídico protegido. Porém, sua reiteração lesiona o bem jurídico. Ex.: várias pessoas jogam pequena quan�dade de lixo em rio. V. Sã o p r in c íp io s re la c io n a d o s , m a s a individualização não decorre do princípio da pessoalidade. 4. A “É cabível a aplicação retroa�va da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 28 incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”. 5. C (A) INCORRETA. De acordo com o princípio da subsidiariedade, a atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social �verem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. Em outras palavras, o Direito Penal funciona como um executor de reserva, entrando em cena somente quando outros meios estatais de proteção mais brandos, e, portanto, menos invasivos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção do bem jurídico tutelado. (B) INCORRETA. De acordo com o princípio da ofensividade ou lesividade, não há infração penal quando a conduta não �ver oferecido ao menos perigo de lesão ao bem jurídico. Este princípio atende a manifesta exigência de delimitação do Direito Penal, tanto em nível legisla�vo como no âmbito jurisdicional. (C) CORRETA. De acordo com esse princípio, não pode ser considerado criminoso o comportamento humano que, embora �pificado em lei, não afrontar o sen�mento social de Jus�ça. (D) INCORRETA. “Lege certa”, taxa�vidade ou mandato de certeza O princípio da legalidade jamais cumprirá seu papel se a lei, ainda que anterior à conduta, puder ser editada de tal modo genérico ou vago, que não se possa delimitar, com segurança e concretude, quais comportamentos a ela se s u b s u m e m . P o r e s s e m o � v o , s ã o incons�tucionais os �pos penais vagos. Deve a lei penal ser concreta e determinada em seu conteúdo, sob pena de gerar incertezas quanto à sua aplicação e, consequentemente, provocar indesejável insegurança jurídica. (André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal esquema�zado: parte geral) (E) INCORRETA. De acordo com esse princípio, sem previsão legal no Brasil, inexiste legi�midade na imposição da pena nas hipóteses em que, nada obstante a infração penal esteja indiscu�velmente caracterizada, a aplicação da reprimenda desponte como desnecessária e inoportuna. Apresenta desvalor da conduta e desvalor do resultado. O fato é �pico e ilícito, o agente é dotado de culpabilidade e o Estado possui o direito de punir (punibilidade). É de se observar que a bagatela imprópria tem como pressuposto inafastável a não incidência do princípio da insignificância (própria). Com efeito, se o fato não era merecedor da tutela penal, em decorrência da sua a�picidade, descabe enveredar pela discussão acerca da necessidade ou não de pena. 6. B A Lei Geral da Copa insere-se perfeitamente no conceito de lei temporária, que, segundo a doutrina, possui cláusula de autorrevogação, com data específica e determinada para o término da vigência da lei. Difere da lei excepcional, que prevê para o término de vigência um evento futuro, porém, sem data definida, como o término de uma Guerra, por exemplo. 7. C A questão merece atenção, na medida em que a alterna�va correta é aquela que possui todos os exemplos compa�veis com a exigência do enunciado. Assim sendo, temos: (A) Incorreta. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 29 Segundo o STJ, é APLICÁVEL o princípio da insignificância aos crimes ambientais (AgRg no AREsp 654.321/SC), aos crimes patrimoniais sem violência ou grave ameaça à pessoa (AgRg no AREsp 19042/DF), se reincidente o acusado (REsp 1509985/RJ). (B) Incorreta. Segundo o STJ, é INAPLICÁVEL o princípio da insignificância aos crimes pra�cados contra a criança e o adolescente e APLICÁVEL aos crimes contra a ordem tributária (REsp 1.709.029/MG). (C) Correta. Segundo o STJ, é INAPLICÁVEL o princípio da insignificância às contravenções penais pra�cadas contra a mulher no âmbito das relações domés�cas (Súmula 589-STJ) e aos crimes contra a Administração pública (Súmula 599-STJ) (D) Incorreta. Segundo o STJ, é INAPLICÁVEL o princípio da insignificância aos crimes de licitações (Súmula 599-STJ) e APLICÁVEL às infrações de menor potencial ofensivo, já que regidas por lei especial (Não há relação entre a aplicação do princípio da insignificância e regência das infrações por leis especiais). (E) Incorreta. Segundo o STJ, é INAPLICÁVEL o princípio da insignificância aos crimes de violação de direito autoral (AgRg no REsp 1380149/RS ) e APLICÁVEL, a o s c r i m e s p r e v i s t o s n o e s t a t u t o d o desarmamento (Há exceção, pois é inaplicável aos crimes de posse e deporte de arma de fogo - HC 338153/RS). 8.E (A) INCORRETA. Apenas o princípio da intranscendência está mais proximamente ligado à aplicação e à execução da pena, na medida em que significa que a pena não pode passar da pessoa do delinquente. O princípio da legalidade, por sua vez, é limitação do poder puni�vo do Estado em face das máximas garan�as do cidadão. Por fim, o princípio da intervenção mínima apresenta-se para garan�r que a intervenção estatal no plano individual ocorra, apenas, quando estritamente necessário. (B) INCORRETA. Para o princípio da humanidade das penas, a pena deve respeitar os direitos fundamentais do condenado enquanto ser humano. Não pode, assim, violar a sua integridade �sica ou moral (CF, art. 5.º, XLIX). Da mesma forma, o Estado não pode dispensar nenhum �po de tratamento cruel, desumano ou degradante ao preso. Com esse propósito, o art. 5.º, XLVII, da Cons�tuição Federal proíbe as penas de morte, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis, bem como a prisão perpétua. Assim sendo, há proximidade do mencionado princípio com a vedação do cumprimento de pena em estabelecimento prisional em localidade distante da família. Por outro lado, a vedação de que o réu permaneça algemado durante audiência de instrução e julgamento, está mais estreitamente ligada ao princípio da presunção de inocência. (C) INCORRETA. É explícito o princípio da legalidade da reserva legal (art. 5º, XXXIX, CF). Entretanto, são implícitos o princípio da proporcionalidade e o da insignificância. (D) INCORRETA. Para o princípio da adequação social, não pode ser considerado criminoso o comportamento humano que, embora �pificado em lei, não afrontar o sen�mento social de Jus�ça. Todavia, a adequação social não implica revogação da norma penal. (E) CORRETA. Os pr incípios da fragmentar iedade, da subsidiariedade e da insignificância (que causa @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com 00 0.0 00 .00 0- 00 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 30 a�picidade material da conduta), decorrentes da intervenção mínima, limitam o poder puni�vo estatal afirmando ser legí�ma a intervenção penal apenas quando a criminalização de um fato se cons�tui meio indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse, não podendo ser tutelado por outros ramos do ordenamento jurídico. 9. D De acordo com o enunciado de nº 599 da súmula do STJ: “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública”. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200atendimento@mege.com.br www.playjuridico.com
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