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Princípios Constitucionais do Direito Penal

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Princípios Constitucionais do Direito Penal 
 
1. Introdução 
 
➢ Princípios são valores fundamentais que direcionam a criação do sistema normativo, indicando os 
critérios para a compreensão da norma, bem como servindo de base para limitar a atuação do legislador 
ordinário e, até mesmo, do órgão julgador e, assim, preservar os direitos e garantias fundamentais do 
cidadão. 
 
➢ Os princípios podem ser explícitos, ou seja, expressamente previstos no ordenamento jurídico, como, 
por exemplo, o da ampla defesa e do contraditório, disposto no artigo 5º, inciso LV, da Constituição 
Federal/88; pode ser, ainda, implícito, que derivam daqueles expressamente positivados, como, por 
exemplo, o da proporcionalidade entre a gravidade da infração e da pena cominada pelo legislador ou 
aplicada pelo julgador 
 
➢ FORÇA NORMATIVA: 
 
Com a mudança de paradigma jurídico em especial da vivenciada após a 2ª Guerra Mundial, os 
princípios passam a adquirir força normativa, passando de meras orientações ao legislador e assumindo 
um caráter de norma, possuindo força cogente e, inclusive, servindo de parâmetro para o controle de 
constitucionalidade em nosso sistema jurídico. 
 
➢ FINALIDADE DOS PRINCÍPIOS NO DIREITO PENAL 
 
Limitar o poder de punir do Estado 
 
➢ Os princípios penais são verdadeiros instrumentos no Estado Democrático de Direito. 
 
➢ Na concepção de Cezar Roberto Bitencourt: 
 
Poderíamos chamar de princípios reguladores do controle penal princípios constitucionais fundamentais de 
garantia do cidadão, ou simplesmente de Princípios Fundamentais de Direito Penal de um Estado Social e 
Democrático de Direito. Todos esses princípios são de garantias do cidadão perante o poder punitivo estatal 
e estão amparados pelo novo texto constitucional de 1988 (art. 5º). (BITENCOURT, 2011, p. 40) 
 
➢ Conforme ensina Luiz Regis Prado, os princípios “servem de fundamento e de limite à 
responsabilidade penal” (PRADO, 2013, p. 156). 
 
2. Princípio da legalidade 
A) Aspectos importantes 
 
➢ Base constitucional: Art. 5º, XXXIX 
“não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.” 
 
➢ Código Penal: Art. 1º, CP 
“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” 
 
➢ Nullun crimen, nulla poena sine praevia lege 
 
➢ Princípio fundamental que decorre do próprio Estado Democrático de Direito 
 
➢ CONSEQUÊNCIA: 
Comentado [AL1]: Limitar o jus puniendi 
Comentado [AL2]: **auxiliar – orientar o legislador 
Comentado [AL3]: Limite formal - COMO??? 
 
 
Lei
anterior 
escrita 
estrita 
formal
Comentado [AL4]: Legalidade 
Para Cezar Roberto Bitencourt, “pelo princípio da legalidade, a elaboração de normas incriminadoras é função 
exclusiva da lei (BITENCOURT, 2011, p. 41). 
 
Cabe, portanto, à lei a tarefa de definir e não proibir o crime, propiciando ao agente prévio e integral 
conhecimento das consequências penais da prática delituosa e evitando, assim, qualquer invasão arbitrária em 
seu direito de liberdade. 
 
OBS 01: como só há crime quando presente a perfeita correspondência entre o fato e a descrição legal, torna-
se impossível sua existência sem lei que o descreva. Conclui-se que só há crime nas hipóteses taxativamente 
previstas em lei (PRÍNCÍPIO DA TAXATIVIDADE). 
 
OBS 02: Vale destacar que sanção penal é gênero, do qual são espécies as penas e as medidas de segurança. 
Entretanto, em que pese as medidas de segurança não sejam penas, possuem um caráter aflitivo, eis, que na 
prática, restringem a liberdade de locomoção dos inimputáveis em razão de doença mental (artigo 26 do 
Código Penal), constituindo uma verdadeira forma de controle social, razão pela qual para a maioria da 
doutrina também se sujeitam ao princípio da legalidade. 
 
B) Vertentes do Princípio da Legalidade 
 
➢ 1ª Vertente – Exigência de uma lei prévia (praevia): 
não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal. 
 
➢ PRINCÍPIOS DECORRENTES: 
A) Princípio da Anterioridade da Lei Penal; 
B) Princípio da Retroatividade da Lei Penal Mais Benéfica (Art. 5º, inciso XL, CF/88) 
C) Princípio da Irretroatividade da Lei Mais Gravosa (Art. 5º, inciso XL, CF/88) 
 
➢ EXEMPLOS: 
 
1) Abolitio criminis (lei que revoga a infração): Art. 2º, CP 
➢ Retroatividade 
➢ Não confundir com o princípio da continuidade normativo típica 
 
Abolitio criminis Princípio da continuidade normativo típica 
**Revogação Formal + Supressão **Revogação Formal + Migração 
 
2) Novatio legis in mellius: Art. 2º, p.u, CP 
➢ Retroatividade 
➢ 
3) Novatio legis incriminadora 
➢ Irretroatividade 
 
4) Novatio legis in pejus 
➢ Irretroatividade 
 
➢ 2ª Vertente – exigência de uma lei escrita (scripta): 
 
Essa vertente proíbe a criação de crimes e a imposição de penas por meios dos costumes, tendo em vista 
que todo o crime e toda a pena devem estar escritos na lei. 
 
Desta feita, proíbe-se o costume incriminador, não devendo de forma alguma um costume criar uma 
infração penal. 
 
COSTUME ABOLICIONISTA: PRINCÍPIO DA LEGALIDADE X PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO 
SOCIAL 
Comentado [AL5]: 
 
Definir 
sujeitos 
conduta 
sanção
Comentado [AL6]: Segurança jurídica 
Comentado [AL7]: Rol incriminador - taxativo 
Comentado [AL8]: Crime; contravenção penal/ penas; 
medidas de segurança. 
Comentado [AL9]: Limite formal – COMO??? 
 
LEI 
Comentado [AL10]: Anterior ao fato 
Comentado [AL11]: Segurança jurídica 
Comentado [AL12]: ** A lei penal não retroagirá, salvo 
em benefício do réu. 
Comentado [AL13]: Retroatividade da lei penal mais 
benéfica 
Comentado [AL14]: Adultério, 240, CP – revogado pela 
Lei nº 11.106/05 
Comentado [AL15]: 
 
 
Comentado [AL16]: Lei nº 12.015/09 
**214, CP 
➢213, CP 
Comentado [AL17]: **Melhora – Crime continua existindo 
Comentado [AL18]: **Fatos já transitado em julgado 
**Lei – 6 a 20 anos 
**6 anos 
** Lei B – 3 a 10 anos – Sumula 611, STF – Mera petição 
**VEP 
Comentado [AL19]: ➢fato atípico - crime 
 
Comentado [AL20]: ➢Descumprimento de medida 
protetiva de urgência 
 
➢330, CP – fato atípico 
 
➢Lei nº 13.641/2018 – 04/04/2018 
** Art. 24-A, Lei nº 11.340/06 
Comentado [AL21]: Piora 
 
Comentado [AL22]: **Lei nº 13/04/2015 – feminicídio – 
12, §2º, VI, CP 
Crime cometido em 2010 – não responde por feminicídio 
**Lei nº 13.964/19 
1) igualou a pena entre o 316/317, CP; 
** Majorante do Art. 141, CP – 2X 
2) Art. 157, §2º, VII, CP – agravante de arma branca 
Comentado [AL23]: Conduta socialmente adequada - 
crime 
Ademais, para a maioria da doutrina e da jurisprudência também é vedado o costume abolicionista, ou seja, a 
possibilidade de um costume revogar uma infração penal diante do princípio da simetria (se há a necessidade de 
lei para criar um crime também deve existir lei para revogar uma infração penal). 
 
OBS1 – JURISPRUDÊNCIA 1: 
 
O STF já decidiu que não cabe a revogação do crime previsto no artigo 229 do Código Penal pelo princípio da 
adequação social, tendo em vista que não cabe ao órgão julgador descriminalizar uma conduta tipificada formal e 
materialmente pela legislação penal (HC 104.467/ Julgado em 08/02/2011, 1º Turma do STF, Informativo 615). 
 
OBS2 – JURISPRUDÊNCIA 2: 
 
O STJ no sentido de se reconhecer a impossibilidade de absolvição da contravenção penal de jogo do bicho pelo 
costume em razão do Princípio da Supremacia da Lei Escrita (RESP 30705/SP). 
 
FINALIDADE DOS COSTUMES NO DIREITO PENAL MODERNO: 
 
Tendo em vista que os costumes não podem criar nem revogar uma infração penal, podemos destacar que tais 
fontes servir: 
 
1) como vetor interpretativo das normas jurídicas (por exemplo para interpretar o conceito de repouso 
noturno como majorante do furto prevista no artigo 155, §1°, do Código Penal) 
 
2) bem como para fundamentar uma futura lei penal abolicionista (como por exemplo no caso do 
adultério que era tipificado como crime no artigo 240 do Código Penale foi revogado posteriormente 
pela Lei nº 11.106/2005). 
 
➢ 3ª Vertente – exigência de uma lei estrita (stricta): 
 
Essa vertente se refere a exigência de uma lei estrita, ou seja, uma lei formal (ordinária ou complementar) oriunda 
do Poder Legislativo da União. 
 
➢ CONSEQUÊNCIAS 
 
1) Proibição da analogia in malam partem no Direito Penal 
 
EXEMPLO: HOMICÍDIO FUNCIONAL (ART. 121, §2º, VII – contra autoridade ou agente descrito nos 
artigos 141 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015). 
 
 
 
ANALOGIA IN BONAM PARTEM 
Art. 181 – É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: 
I – do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
 
legalidade 
in bonam partem
in malam partem
Comentado [AL24]: **Legalidade - simetria 
Comentado [AL25]: Verificar o repouso noturno na 
“região do crime” 
É diferente de capital/interior 
Comentado [AL26]: Art. 22, I, CF/88 
Comentado [AL27]: 
 
Analogia
lacuna 
omissão
Lei semelhante 
Interpretação
lei
sentido/alcance
Comentado [AL28]: **Filho biológico – sim 
**Filho adotivo - não 
Comentado [AL29]: *235, CP – casado – novo matrimônio 
Nova união estável 
Comentado [AL30]: Golpe entre cônjuges/companheiros – 
escusas absolutórias – isenção da pena 
2) Exigência de Lei Formal: 
 
Art.22, CF/88. Compete privativamente a União legislar sobre: 
I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico espacial e do trabalhado; 
PU: Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas de matérias 
relacionadas neste artigo. 
 
O artigo 22, parágrafo único admite que lei complementar federal pode autorizar os Estados a legislarem sobre 
direito penal em questões específicas. 
Entretanto, adverte a doutrina que essa delegação não pode abranger assuntos referentes à missão fundamental do 
direito de penal. 
 
3) Medida Provisória sobre matéria Penal 
 
➢ Art. 62, §1º, I, “b” – é vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a direito penal, 
processual penal e processual civil. 
➢ I) Uma medida provisória não é lei em sentido estrito, razão pela qual jamais poderá veicular matéria 
atinente a uma norma penal incriminadora, ou seja, não pode criar crime em hipótese nenhuma. 
➢ II) há controvérsia doutrinária a respeito da possibilidade de uma medida provisória veicular matéria 
penal de caráter não incriminador como por exemplo prever uma extinção de punibilidade, alguma 
excludente de ilicitude: 
I) Uma primeira corrente defendida por Cleber Masson e Rogério Greco defende que não, uma vez 
que diante da redação do artigo 62, paragrafo 1º, inciso II da Constituição haveria vedação absoluta 
de medida provisória em matéria penal; 
II) Já uma segunda corrente defendida por Rogério Sanches e Luís Flavio Gomes defende que a 
medida provisória pode veicular matéria penal não incriminadora, em benefício ao réu. 
 
Cumpre ressaltar que o STF já se pronunciou pela legalidade da MP 1571/97 no informativo 220 (antes da 
EC32/01 que expressamente previu a vedação de MP em matéria penal) que extinguia a punibilidade em razão 
da reparação do dano em crimes de natureza previdenciária e tributária, bem como já se manifestou pela 
legalidade da MP 417/08 (após EC 32/01) que estendia a vacatio legis do delito de posse irregular de arma de 
fogo de uso permitido. 
 
Ademais, o STJ já admitiu medida provisória em favor do acusado (MP 2.187-12 – desconto do Fundo de 
Participação dos Municípios e repasse mensal ao INSS das parcelas devidas, equiparando-se ao pagamento 
do acusado) na PET no Inquérito 512 AC 2004/0177711-8, Publicado em 08/02/2017). 
 
➢ 4ª Vertente – exigência de uma lei certa: 
 
A Lei penal deve ser certa, clara, precisa, proibindo-se a incriminação através de conceitos vagos e imprecisos, 
justamente para evitar a insegurança jurídica. 
 
NÃO HÁ CRIME SEM LEI ANTERIOR QUE O DEFINA NEM PENA SEM PRÉVIA COMINAÇÃO 
LEGAL 
 
Nada mais é do que o princípio da Determinação. 
Ex. Artigo 5° da Lei nº 13.260/16 – realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de 
consumar tal delito (???!!!) 
 
Princípio da Determinação e norma penal em branco 
 
1) NORMA PENAL EM BRANCO – é aquela que necessita de um complemento normativo para ter 
aplicabilidade: 
I) Norma penal em branco homogênea, em sentido amplo ou imprópria: ocorre quando o 
complemento tem origem em uma outra lei em sentido formal da União: 
Comentado [AL31]: Emenda Constitucional 32/01 
Comentado [AL32]: Tese adotada pelos Tribunais 
Superiores 
Comentado [AL33]: ➢Sujeito ativo 
➢Sujeito passivo 
➢Conduta 
➢Sanção 
Comentado [AL34]: * impróprios 
➢ Homovitelina: quando se origina da mesma instância legislativa, como por exemplo, no caso dos 
crimes funcionais e do conceito de funcionário público que também se encontra no Código Penal, 
artigo 327. 
➢ Heterovitelina: quando se origina de uma estrutura legislativa diversa, como por exemplo, no crime 
de bigamia previsto no artigo 235 do Código Penal precisamos ir ao Código Civil para entender o 
conceito jurídico de casamento. 
II) Norma penal em branco, em sentido estrito ou própria: ocorre quando o complemento tem origem 
em órgão sem competência legislativa. 
Exemplo: Lei 11.343/06 e Portaria 344/98 da Anvisa. 
 
Desta feita, podemos destacar que a maioria da doutrina entende pela constitucionalidade da norma penal em 
branco, inclusive no caso da norma penal em branco heterogênea cujo complemento se origina de órgão sem 
competência legislativa diversa. 
➢ Princípios inerentes ao Princípio da Legalidade 
 
Princípio da reserva legal 
➢ Somente a lei, sem seu sentido estrito, pode definir crimes e cominar penalidades, uma vez que “a 
matéria penal deve ser expressamente disciplinada por uma manifestação de vontade daquele poder 
estatal a que, por força da Constituição, compete a faculdade de legislar, isto é, poder legislativo”. 
(BETTIOL, 1974, p. 108). 
 
Princípio da anterioridade 
➢ Aqui, “para que haja crime e seja imposta pena é preciso que o fato tenha sido cometido depois de a 
lei entrar em vigor” (JESUS, 2013, pp. 51-52). 
 
Princípio da taxatividade 
➢ Dispõe que o rol incriminador é taxativo, não se admitindo a incriminação através da analogia e dos 
costumes. 
 
Princípio da determinação 
➢ A lei penal deve ser precisa e determinada, não se admitindo a edição de tipos penais abstratos e 
genéricos. 
 
3. Princípio da individualização da pena 
 
➢ Base Constitucional. Art. 5º, XLVI, CF/88 
 
A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
 
a) privação ou restrição de liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão 
ou interdição de direitos.” 
 
➢ Doutrina 
 
Segundo Queiroz (2013, p. 448), “individualizar a pena significa assim tornar individual uma situação, algo 
ou alguém, isto é, particularizar o que antes era geral, a evitar a estandardização.” 
 
➢ Fases da individualização da pena 
 
Em outras palavras, tal princípio surge da necessidade de individualização da pena para encontrar a pena justa e se 
desdobra em 3 fases: 
 
1) Cominação; 
2) Aplicação da pena; 
3) Execução da pena. 
Comentado [AL35]: ➢Saídas 
oTécnico – órgão regulador 
oPolítica – lei 
 
Comentado [AL36]: = Reserva Legal 
Comentado [AL37]: = Legalidade 
Comentado [AL38]: Exemplo 
 
121, CP
Réu 1
9 anos de 
pena
Réu 2
6 anos de 
pena
Comentado [AL39]: Juiz dosimetria 
 
1) Cominação: é realizada pelo legislador ao estipular uma pena mínima e uma pena máxima em abstrato na 
lei penal incriminadora; 
Ex.: Art. 121, caput – Reclusão de 6 a 20 anos 
 
2) Aplicação da pena:é realizada pelo julgador do processo criminal ao proferir uma sentença 
condenatória, devendo fixar a pena definitiva (critério trifásico – 68 do Código Penal), estabelecer o 
regime inicial de cumprimento de pena (artigo 33, parágrafo 2°, do Código Penal), a possibilidade ou 
não de substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (artigo 44 do Código Penal) e 
se há a possibilidade de suspender a execução da pena privativa de liberdade (artigo 77 do Código 
Penal); 
 
 
3) Execução da pena: é realizada pelo juízo da VEC que irá acompanhar e decidir sobre o cumprimento da 
pena. 
 
➢ Jurisprudência do STF com base no princípio da individualização da pena 
 
O Princípio da Individualização da Pena já foi utilizado pelo STF inúmeras vezes para se reconhecer a 
inconstitucionalidade de uma lei, dentre as quais podemos citar, em especial: 
 
I – STF HC 82959/SP – 23/02/06: 
 
O STF reconheceu a inconstitucionalidade do regime integralmente fechado estabelecido pela redação 
original da lei 8072/90, por entender que a imposição genérica de um mesmo regime sem considerar as 
circunstâncias do caso concreto violava a individualização da pena. Desta feita, foi permitida a progressão 
de regime utilizando-se como parâmetro o requisito de 1/6 do cumprimento da pena estabelecido no artigo 
112 da LEP; 
 
II – STF HC 111840/ES – INFORMATIVO 672: 
 
O STF reconheceu a inconstitucionalidade da lei 11464/07 (que alterou a lei dos crimes hediondos, 
passando a admitir a progressão de regime, entretanto previu a obrigatoriedade do regime inicial fechado) 
ao impor de maneira obrigatória o regime inicial fechado nos crimes hediondos e equiparados (artigo 2°, 
parágrafo 1° da lei 8072/90 com redação determinada pela lei 11464/07); 
 
III – STF HC 97256 – INFORMATIVO 604: 
 
O STF reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 33, parágrafo 4° (vedava a substituição da pena 
privativa de liberdade por pena restritiva de direito no tráfico privilegiado) e do artigo 44 da lei 11343/06 
(vedação da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos crimes do artigo 33, 
“caput”, artigo 33, §1°, artigos 34 a 37, todos da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06) por violar a 
Juiz 
1) pena definitiva
Art. 68, CP
"Nelson Hungria"
9 anos
2) regime inicial Art. 33, §2º, CP fechado
3) Pena Privativa 
de Liberdade
Pena Restritiva de 
Direitos
Art. 44, CP
4) SURSIS Penal Art. 77/78, CP
Comentado [AL40]: Poder Judiciário 
 
Comentado [AL41]: Art. 121, CP 
Comentado [AL42]: ** PEC – Processo de Execução 
Criminal 
Comentado [AL43]: Caso Oséias 
Comentado [AL44]: Art. 2º, §1º, Lei 8.072/90 
individualização da pena. Posteriormente, o Senado Federal editou a resolução 5 de 2012 suspendendo a 
execução parcial do §4º, do artigo 33, da Lei nº 11.343/06) em relação ao trecho que vedava a conversão 
em pena restritiva de direitos. 
 
4. Princípio da Personalidade ou da Intranscendência da pena 
 
➢ Base Constitucional: Art. 5º, XLV 
 
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do 
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite 
do valor do patrimônio transferido. 
 
➢ Marco no Direito Penal 
 
Esse princípio representou um verdadeiro marco no Direito Penal, impondo que a responsabilização penal 
é individual e intransferível, não podendo passar da pessoa do condenado. 
 
➢ Observações importantes: 
 
Assim, a sanção penal não é transmitida de uma pessoa para a outra, mas as obrigações cíveis oriundas do 
ilícito penal podem transferida aos sucessores. 
 
Consiste na expressão do senso comum de que cada um responde pelos seus próprios atos, ou seja, o autor 
da infração penal pode ser responsabilizado criminalmente. 
 
➢ Consequências jurídicas: 
 
1) Em razão do princípio da personalidade ou instranscendência da pena havendo a morte do agente 
haverá a extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, inciso I do CP; 
 
2) Em razão desse princípio, a peça acusatória deve individualizar o acusado e descrever de forma 
específica o fato a ele imputado, sob pena de não recebimento pela inépcia (Código de Processo Penal, 
artigo 395, inciso I). 
 
3) PENA DE MULTA X OBRIGAÇÃO CIVIL?? 
 
5. Princípio da humanidade 
 
➢ Base Constitucional: Art. 1º, III, CF/88 
 
Fruto da humanização do Direito Penal, o agente (suspeito/indiciado/réu/condenado) deve ser tratado como 
pessoa humana e sujeito de direitos fundamentais. 
 
Decorre do artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal/88, que especifica a dignidade da pessoa humana 
como fundamento do Estado Democrático. 
 
Mais especificamente, advém da vedação às penas de morte (salvo no caso de guerra declarada), de caráter 
perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis ou degradantes (artigo 5º, inciso XLVII, da 
Constituição Federal/88). 
 
➢ Observações importantes 
 
Comentado [AL45]: Trafico 
•Réu primário 
Comentado [AL46]: •Pena – Individual + intransferível 
•Morte – 107, I, CP – extinção da punibilidade 
Comentado [AL47]: Responsabilidade Civil 
 
fato
Penal 121, CP
Civil
Indenização aos 
familiares
Administrativo
Vacancia do cargo 
caso servidor publico
Comentado [AL48]: Art. 62, CPP 
Comentado [AL49]: Pena – 107, I, CP 
Comentado [AL50]: Pode ser transferida aos familiares 
Comentado [AL51]: Dignidade da Pessoa Humana - 
fundamento 
Comentado [AL52]: **PENAS PROIBIDAS 
Podemos citar a influência desse princípio com a edição da súmula vinculante 56 do STF, a qual dispõe que a 
falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais 
gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS: 
Teses de Repercussão Geral: 
 
Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões 
mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, 
da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em 
decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. 
 
Ademais, podemos falar que a súmula vinculante 56 também se fundamenta nos princípios da legalidade e da 
individualização da pena: 
 
Precedente representativo: Cumprimento de pena em regime fechado, na hipótese de inexistir vaga em 
estabelecimento adequado a seu regime. Violação aos princípios da individualização da pena (art. 5º, XLVI) 
e da legalidade (art. 5º, XXXIX). A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do 
condenado em regime prisional mais gravoso. 3. Os juízes da execução penal poderão avaliar os 
estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais 
regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem como “colônia agrícola, industrial” (regime 
semiaberto) ou “casa de albergado ou estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33, § 1º, b e c). No 
entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos dos regimes semiaberto e aberto com presos do 
regime fechado. 4. Havendo déficit de vagas, deverão ser determinados: (i) a saída antecipada de sentenciado 
no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai 
antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas 
de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas 
alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado. [RE 641.320, rel. min. Gilmar 
Mendes, P, j. 11-5-2016, DJE 159 de 1º-8-2016] 
 
6. Princípio da Ofensividade ou da Lesividade 
 
➢ Conteúdo: 
 
Por esse princípio, não é possível a criminalização de atos que não ofendam seriamente bem jurídico(QUEIROZ, 2013, p. 100). Também é necessário que tal ato ofenda bem jurídico de terceiro. 
 
➢ Limite material 
 
Enquanto o princípio da legalidade fornece o limite formal ao poder de punir do Estado, dizendo como o 
Estado deve exercer o seu poder punitivo (através de uma lei prévia, escrita, estrita e certa), o princípio da 
ofensividade ou da lesividade fornece o limite material a esse poder de punir, dispondo sobre quais condutas 
não devem ser objetos de punição, em especial aquelas que não possuem o condão de ofender materialmente 
o bem jurídico tutelado. 
 
➢ Exemplo: 
 
CRIME IMPOSSÍVEL: Art. 17 – Não se pune a tentativa quando por ineficácia absoluta do meio ou por 
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 
➢ Princípios decorrentes: Alteridade/ Transcendentalidade e insignificância 
 
Há na doutrina quem defenda que o princípio da lesividade ou ofensividade possui dois princípios decorrentes, 
quais sejam o princípio da alteridade ou da transcendentalidade e o da insignificância ou bagatela, os quais 
serão explorados a seguir de maneira específica 
 
Comentado [AL53]: Natureza implícita 
Comentado [AL54]: Ofender bem jurídico alheio + ofender 
de forma significante 
Comentado [AL55]: Quais as condutas que merecem a 
atenção do ESTADO? 
Comentado [AL56]: Conduta – Jamais – Lesionar – Bem 
Jurídico tutelado 
 
Comentado [AL57]: **Limite material – condutas que não 
atinjam bens jurídicos alheios = alteridade + ofensa 
significante = insignificância 
7. Princípio da Alteridade/Transcendentalidade 
 
➢ Conteúdo 
 
Por este princípio teorizado por Claus Roxin, a prática criminosa pressupõe uma conduta que transcenda 
a esfera individual do agente, sendo capaz de atingir interesse alheio. 
 
➢ Consequência 
 
Nesse esteio, a conduta puramente interna, ou seja, que não sai da esfera do agente, não tem lesividade, não 
devendo ser objeto do Direito Penal. 
 
Como efeito prático desses princípios, o suicídio e a autolesão não são puníveis. 
 
OBS.: O induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou à automutilação (art. 122 do CP) é crime, pois o 
agente pratica uma conduta que ofende direito de outrem. Da mesma forma, a autolesão para fraudar o seguro 
(art. 171, §2º, inciso V, do CP) é crime, uma vez que o indivíduo estará, ao gerar lesão em si mesmo, 
objetivando receber vantagem ilícita em prejuízo da seguradora. 
 
➢ Observação Especial: Princípio da Alteridade e art. 28 da Lei de Drogas 
 
Por fim, esse princípio é um argumento utilizados por aqueles que entendem pela inadmissibilidade do delito 
de posse de drogas para uso próprio (artigo 28 da Lei de Drogas, Lei 11.343/2006), porquanto o usuário não 
causaria lesão aos direitos de outras pessoas, mas apenas a si próprio. 
 
Neste sentido, o STF está para concluir o julgamento do RE 635.559/SP (com repercussão geral reconhecida), 
o qual visa o reconhecimento da inconstitucionalidade do delito previsto no artigo 28, sendo que até agora três 
ministros já votaram e a tese que está prevalecendo até o momento é a de reconhecer a inconstitucionalidade 
da posse de maconha para uso pessoal (o relator, ministro Gilmar Mendes, votou pela inconstitucionalidade 
do artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), que define como crime o porte de drogas para uso pessoal, 
enquanto o ministro Edson Fachin e Roberto Barroso votaram para descriminalizar apenas o porte de maconha 
para consumo próprio). 
 
8. Princípio da insignificância 
 
Também idealizado por Claus Roxin, é assim definido por Queiroz (2013, p. 91): 
 
“O princípio da insignificância constitui, portanto, um instrumento por cujo meio o juiz, em razão da manifesta 
desproporção entre crime e castigo, reconhece o caráter não criminoso de um fato que, embora formalmente 
típico, não constitui uma lesão digna de proteção penal, por não traduzir uma violação realmente importante 
ao bem jurídico tutelado.” 
 
➢ Consequência Jurídica 
 
Em suma, pelo Princípio da Insignificância, o fato é materialmente atípico, apesar de estar previsto na lei 
como infração penal, em razão da pequena (insignificante) lesão ao bem jurídico tutelado. A insignificância 
afeta a tipicidade material. 
 
O principal exemplo seria o furto de 10 reais praticado contra uma pessoa de boas condições financeiras 
 
 
 
 
 
Comentado [AL58]: Decorrente do princípio da lesividade 
Comentado [AL59]: Bem jurídico alheio 
Comentado [AL60]: **171, §2º, IV – Bem Jurídico alheio 
Comentado [AL61]: 
 
Inter criminis
atos de cogitação
atos preparatórios
execução/ consumação
Comentado [AL62]: Lesividade – ofensa significante 
 
Comentado [AL63]: Tipicidade = formal + material 
Tipicidade = formal + material = Insignificância 
➢ Jurisprudência do STF: 4 vetores 
 
Segundo o STF (HC 92.961/SP), são requisitos: 
 
a) a Mínima ofensividade da conduta; 
b) a Ausência de periculosidade social da ação; 
c) o Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
d) a Inexpressividade da lesão jurídica. 
 
 
 
➢ Bagatela 
 
A) Própria – Princípio da Insignificância (afasta a tipicidade material) 
 
B) Imprópria – Desnecessidade da pena 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. VIAS DE FATO COMETIDA NO AMBITO 
FAMILIAR CONTRA MULHER. PRINCÍPIO DA BAGATELA IMPRÓPRIA. INAPLICABILIDADE. 
AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência reiterada de que não incide 
os princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e às contravenções praticados mediante 
violência ou grave ameaça contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da 
conduta. Logo a reconciliação do casal não implica no reconhecimento da atipicidade material da conduta ou 
a desnecessidade de pena (Precedentes). 2. Agravo regimental não provido (AgRG no REsp 1602827/MS, 
Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 20/10/2016, DJe 09/11/2016). 
 
➢ OBSERVAÇÕES ESPECIAIS: 
 
1) Crimes contra a Administração Pública: O STJ entende inadmissível a aplicação da insignificância, 
nos termos da súmula 599 do STJ. 
 
Entretanto, o próprio STJ já afastou a incidência da súmula 599 e reconheceu o princípio em questão nos 
crimes contra a administração pública, em um caso ocorrido em novembro de 2013, na cidade de Gravataí 
(RS), quando o denunciado passou o carro por cima de um cone de trânsito ao furar um bloqueio da Polícia 
Rodoviária Federal. 
 
O relator do recurso no STJ, ministro Nefi Cordeiro, ressaltou que o réu era primário, tinha 83 anos na época 
dos fatos e o cone avariado custava menos de R$ 20, ou seja, menos de 3% do salário-mínimo vigente à época. 
“A despeito do teor do enunciado 599, as peculiaridades do caso concreto justificam a mitigação da referida 
súmula, haja vista que nenhum interesse social existe na onerosa intervenção estatal diante da inexpressiva 
lesão jurídica provocada”, entendeu o ministro. (RHC 85.272, 6° TURMA DO STJ, 31/08/2018) 
 
2) Crimes contra a ordem tributária: é aplicável, havendo um limite de R$ 20.000,00, que é o valor que a 
Fazenda pode requerer o arquivamento (STF e STJ). 
 
3) Crimes com violência ou grave ameaça: não é aplicável. 
 
4) Posse de drogas para uso próprio: Normalmente a jurisprudência da 1° turma do STF e do STJ vem 
entendendo pela inaplicabilidade do princípio da insignificância, ainda que a quantidade de drogas seja 
ínfima. 
 
A segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em um caso de apreensão de 1g (um grama) 
de maconha, que é possível a aplicação da insignificância em razão do trafico de drogas. O réu havia sido 
condenado a uma pena de 06 anos, 09 meses e 20 dias de reclusão, com a fixação do regime inicial fechado 
(HC 127.573/SP) 
M
A
R
I 
Comentado [AL64]: Lei Maria da Penha 
Lesão corporal – Ação Penal Pública Incondicionada 
**2 anos para julgamento 
 
STJ NÃO ACEITA 
 
Comentado [AL65]: Exemplo: funcionário publico pega 
uma resma de A4 do serviçoe leva pra casa – responderá pelo 
312, CP 
Comentado [AL66]: **dano (163, CP) – 163, p.ú. – 
patrimônio público 
Comentado [AL67]: Aplica-se também ao descaminho – 
Art. 334, CP 
Comentado [AL68]: Ver também ERESP 1624564 – 
sementes de maconha 
 
5) Crimes patrimoniais cometidos sem violência ou grave ameaça: O STJ vem reconhecendo a 
possibilidade de se reconhecer a insignificância se o valor da res é até 10% do valor do salário-mínimo 
vigente na época dos fatos. 
 
6) Furto qualificado – Em regra a jurisprudência no furto qualificado diante da reprovabilidade maior da 
conduta vem negando a aplicação do princípio da insignificância. 
 
Entretanto recentemente, o STJ admitiu a insignificância de um furto qualificado pelo concurso de agentes, 
tendo em vista que os objetos subtraídos eram do gênero alimentício e foram avaliados aproximadamente em 
69 reais (INFORMATIVO 665 STJ – HC 553872/SP – 11/2/2020) 
 
 
9. Princípio da Intervenção Mínima 
 
➢ Conceito 
 
No conceito de Damásio de Jesus, tal princípio significa que a “criação de tipos delituosos deve obedecer a 
imprescindibilidade, só devendo intervir o Estado, por intermédio do Direito Penal, quando os outros ramos 
do Direito não conseguirem prevenir a conduta ilícita.” 
 
Logo, o Direito Penal é subsidiário, sendo a ultima ratio, ou seja, o último meio de regulamentação a ser 
utilizado. 
 
Há na doutrina quem defenda que o princípio da intervenção mínima possui dois princípios decorrentes, quais 
sejam o princípio da subsidiariedade e o princípio da fragmentariedade, os quais serão explorados a seguir de 
maneira específica. 
 
10. Princípio da Subsidiariedade 
 
➢ Conceito 
 
O princípio da subsidiariedade constitui uma variação do princípio da intervenção mínima. 
 
Pelo princípio da subsidiariedade, o Direito Penal deverá incidir somente em último caso, quando os demais 
ramos do direito falharam na tutela do bem jurídico. 
 
Busca-se, primeiro, adotar medidas mais brandas, menos invasivas à liberdade do agente que praticou um 
ilícito. Se necessário, o Direito Penal é chamado a atuar como último recurso para a proteção do bem jurídico 
violado. 
 
➢ Subsidiariedade x Fragmentariedade 
 
Num primeiro momento, pode parecer que o princípio da subsidiariedade se assemelha ao da 
fragmentariedade. A diferença, no entanto, reside no plano de atuação. O princípio da fragmentariedade se 
projeta no plano abstrato, ao passo que o princípio da subsidiariedade se verifica no plano Concreto, quando 
os demais ramos não se mostrarem eficazes para tutelar o bem jurídico. 
 
Vê-se, pois, que em relação ao princípio da subsidiariedade, a infração penal já foi praticada, devendo, no 
plano concreto, o Direito Penal ser aplicado se outro ramo do direito for ineficaz. Assim, se a aplicação de 
outro ramo do direito se mostrar suficiente, não haverá legitimidade para a aplicação da lei penal. 
 
 
Comentado [AL69]: **furto privilegiado – até 1 salário 
mínimo 
**furto insignificante – 10% salario mínimo 
Comentado [AL70]: Implícito 
** Bens Jurídicos mais importantes 
Comentado [AL71]: Direito civil 
Direito Administrativo 
Direito Tributário 
 
** Lei nº 9.605/1998 – art. 3º - PJ 
➢ Jurisprudência 
 
Como já julgou o Superior Tribunal de Justiça: 
 
A desobediência à ordem de parada emitida pela autoridade de trânsito ou por seus agentes, ou mesmo por 
policiais ou outros agentes públicos no exercício de atividades relacionadas ao trânsito, não constitui crime 
de desobediência, pois prevista sanção administrativa específica no art. 195 do Código de Trânsito Brasileiro, 
o qual não estabelece a possibilidade de cumulação de sanção penal. Assim, em razão dos princípios da 
subsidiariedade do Direito Penal e da intervenção mínima, inviável a responsabilização da conduta na esfera 
criminal (AgRg no REsp 1803414/MS, Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, 
julgado em 07/05/2019). 
 
11. Princípio da Fragmentariedade 
 
➢ Conteúdo 
 
Em razão do princípio da fragmentariedade, o Direito Penal protege apenas um fragmento dos interesses 
jurídicos, que são os casos de maior gravidade e de bens jurídicos mais relevantes. 
 
É uma decorrência dos princípios da reserva legal e da intervenção mínima (JESUS, 2013, p. 52). 
 
➢ Aspectos importantes 
 
Trata-se de um princípio mais abstrato e referente a forma de legislar. Assim, as leis penais devem ser feitas 
de forma fragmentária, tutelando os bens jurídicos mais importantes. 
 
Podemos citar como exemplo do princípio da fragmentariedade o crime de dano, o qual o legislador somente 
pune o dano doloso, sendo o dano culposo atípico, ensejando a atuação da esfera cível e não penal. 
 
Entretanto, vale destacar que em determinados bens jurídicos há uma proteção ampla do direito penal, por 
exemplo, no caso da vida, na qual o legislador protege a vida humana extrauterina ou intrauterina. 
 
 
12. Princípio da Culpabilidade 
 
➢ Diferentes acepções do termo culpabilidade no direito penal: 
 
a) Culpabilidade como elemento integrante do conceito analítico de crime (fato típico, antijurídico e 
culpável); 
 
b) Culpabilidade como elemento medidor da aplicação da pena (artigo 59 do CP: O juiz, atendendo à 
culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias 
e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime); 
 
c) Culpabilidade como elemento que visa afastar a responsabilidade penal objetiva – Princípio da 
Responsabilidade Penal Subjetiva, o qual será analisado neste item. 
 
➢ Princípio da responsabilização penal subjetiva 
 
Aspectos importantes: 
 
É a base do direito penal moderno, o qual não admite a responsabilização penal objetiva, ou seja, o agente só 
pode ser responsabilizado penalmente se tiver agido com dolo ou culpa. 
Comentado [AL72]: Art. 330, CP 
Comentado [AL73]: Multa – já é suficiente 
Comentado [AL74]: 
Exemplo: 
 
 
dano
dolosa Direito Penal
culposa
Outros ramos 
do Direito
Comentado [AL75]: finalismo 
Comentado [AL76]: = reprovabilidade 
 
Comentado [AL77]: = Responsabilidade subjetiva 
**dolo/culpa 
Comentado [AL78]: Não há a importância de dolo e culpa 
 
Desta feita, podemos dizer que se não há dolo ou culpa no caso em questão não haverá conduta penalmente 
relevante para o direito penal, razão pela qual o fato será atípico, uma vez que com o finalismo penal tanto o 
dolo como a culpa fazem parte do conceito de conduta. 
 
Ônus do MP: 
 
Logo, além da necessidade de demonstrar que a conduta foi praticada pelo agente, em consonância com o 
princípio da responsabilidade pessoal, deve-se ainda comprovar ter ele agido com dolo ou culpa, conforme o 
princípio da responsabilidade penal subjetiva. 
 
Neste sentido, por exemplo, nos crimes de trânsito, não basta que o Ministério Público descreva na denúncia 
que o acusado estava na direção do veículo automotor e causou a lesão corporal ou a morte de alguém, devendo 
o MP descrever em que consistiu a conduta culposa do agente, ou seja, qual foi a violação do dever de cuidado 
em que este agente incorreu (se foi negligente, imperito ou imprudente), sob pena de inépcia e 
responsabilidade penal objetiva (Informativo 553, 6° Turma do STJ, HC 305194, 01/12/2014). 
 
Resquícios da responsabilidade objetiva: 
 
Não obstante isso, identificam-se resquícios da responsabilidade objetiva no contexto da rixa qualificada 
(Código Penal, artigo 137, parágrafo único): 
 
Rixa 
 
 Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
 
 Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
 
 Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação 
na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Não obstante isso, identificam-seresquícios da responsabilidade objetiva na embriaguez voluntária ou culposa 
decorrente da actio libera in causa (artigo 28, inciso II, do Código Penal) 
 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
 
Embriaguez 
 
 II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
 
Não obstante isso, identificam-se resquícios da responsabilidade objetiva na responsabilidade penal da pessoa 
jurídica por crimes ambientais (artigo 3° da lei 9605/98): 
 
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o 
disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
 
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o 
disposto no art. 3º, são: 
 
I - multa; 
 
II - restritivas de direitos; 
 
III - prestação de serviços à comunidade. 
Comentado [AL79]: 3 pessoas 
Comentado [AL80]: Agente bebeu das 18:00 as 23:00 – 
após cometeu lesão corporal de natureza grave 
**Será antecipada a imputabilidade 
 
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: 
 
I - suspensão parcial ou total de atividades; 
 
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; 
 
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. 
 
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou 
regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. 
 
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida 
autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. 
 
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá 
exceder o prazo de dez anos. 
 
Não obstante isso, identificam-se resquícios da responsabilidade objetiva no artigo 73, §2°, da Lei nº 4.728/65 
(lei de mercado de capitais) ao dispor que a responsabilidade penal recairá sobre todos os diretores da pessoa 
jurídica, dentre outros: 
 
Art. 73. Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar ações de sociedades anônimas, ou cautelas que as 
representem, sem autorização escrita e assinada pela respectiva representação legal da sociedade, com firmas 
reconhecidas. 
 
 § 1º Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar prospectos ou qualquer material de propaganda para 
venda de ações de sociedade anônima, sem autorização dada pela respectiva representação legal da sociedade. 
 
 § 2º A violação de qualquer dos dispositivos constituirá crime de ação pública, punido com pena 
de 1 a 3 anos de detenção, recaindo a responsabilidade, quando se tratar de pessoa jurídica, em todos 
os seus diretores. 
 
13. Princípio da Adequação Social 
 
➢ Conteúdo 
 
Trata-se de princípio oriundo de Hans Welzel, consistindo na ideia de que, mesmo que uma conduta esteja 
prevista na lei como infração, não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, 
se a sociedade aceitar a conduta. Gera, portanto, a exclusão da tipicidade. 
 
Exemplos de condutas adequadas socialmente (em algumas há divergência): pequenas lesões desportivas, 
corte de cabelo de calouro, oferecimento de bebida alcoólica a adolescentes, manutenção de casa de 
prostituição. 
 
Vale destacar que, consoante informado no princípio da legalidade, o STF não aplica o princípio da adequação 
social, tendo em vista o princípio da simetria, uma vez que se há a exigência de lei para criar crimes, também 
deve existir lei para revogar essa infração penal. 
 
Súmula 502 – STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no 
art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. 
 
 
 
Comentado [AL81]: Condutas socialmente adequadas – 
fato atípico 
14. Princípio da Vedação ao Bis In Idem 
 
➢ Conteúdo 
 
Em matéria penal ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Assim, não pode sofrer duas penas 
em face do mesmo crime, tampouco ser processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato. 
 
É pacífico que a reincidência, ao ser utilizada como agravante (artigo 61, inciso I, do Código Penal), não é bis 
in idem. Logo, pode ser aplicada como agravante. 
 
Esclarecendo o alcance do referido princípio, QUEIROZ (2013, p. 89) menciona que “semelhante princípio 
proíbe, portanto, a multiplicidade de sanções para o mesmo sujeito, por um mesmo fato e por sanções que 
tenham um mesmo fundamento, isto é, que tutelem um mesmo bem jurídico”. 
 
Como decorrência deste princípio dispõe o artigo 8° do Código Penal que a pena cumprida no estrangeiro 
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Comentado [AL82]: **Art. 7º, CP – Extraterritorialidade 
incondicionada 
Crime contra patrimônio da Petrobras no exterior – 
condenação no Brasil e exterior, pode haver atenuação

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