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SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA SEMIOLOGIA DO APARELHO DIGESTÓRIO Semiologia do esôfago 40 cm de comprimento (incisivos até junção esofagogástrica- JEC). Variável com sexo e estatura. Relação: o Esôfago proximal = C6. o Esôfago distal = T10, T11. Função: Transporte do bolo alimentar, controle refluxo (esfíncter esofágico superior e inferior). ANAMNESE Os sintomas podem ser típicos ou atípicos. Disfagia e pirose são quase patognomônicos de doença. Sintomas típicos: (alto valor preditivo) o Disfagia – Pirose – Regurgitação – Odinofagia (alto VP). Sintomas atípicos: (baixo valor preditivo) o Dor torácica (pode ser indicativo de doença cardíaca) – Globus – Soluços. o Sintomas respiratórios (tosse seca), otorrinolaringológicos (rouquidão). DISFAGIA Deriva do grego dys (dificuldade) + phagia (comer). Associada a uma causa orgânica. Classificada em orofaríngea (proximal) e esofágica (mediana ou distal). Disfagia orofaríngea: o Queixas: Engasgo – Tosse – Regurgitação nasal – Dificuldade respiratória – Deglutições repetidas. o Postura: Cabeça ereta – Ombros para trás – Queixo elevado. o Causas: Neurológicas – Musculares – Estruturais. Disfagia esofágica: o Tipos: Disfagia esofágica obstrutiva: Comprometimento do lúmen do órgão. Exemplo: Tumor, bolo alimentar. *Anel de Schatzki: Anel que se forma à nível de terço distal, na linha Z que separa a mucosa esofágica da gástrica e ele tem certo grau de fibrose o que faz com que a contração de fechamento e relaxamento do esfíncter esteja comprometida, dificultando a passagem de alimento para o estômago. Disfagia esofágica motora: Desencadeada por distúrbios motores. Exemplo: Distúrbios que afetem o peristaltismo. *Acalasia: Doença motora, caracterizada pela destruição das fibras musculares, sobretudo do esôfago, afetando o sistema de peristaltismo e motricidade do órgão. SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA COMO ABORDAR O PACIENTE É difícil iniciar o ato da deglutição? O alimento para no trajeto para o estômago? A ingestão de sólidos ou líquidos causa refluxo? A deglutição é dolorosa? A dificuldade para deglutir ocorre tanto para líquido como sólidos? Pode mostrar-me, com o dedo, onde o alimento para? A dor desaparece no intervalo das deglutições? Após o alimento “parar” você o regurgita ou ele desce em seguida após deglutições repetidas? Você sente o alimento descendo quando deglute? Você tem a sensação de algo na garganta, ou na base do pescoço, no intervalo das deglutições? OBS.: Essa abordagem é diferente da apresentada no interrogatório sintomatológico (IS). PIROSE Sensação de dor em queimação retroesternal. Se a queixa for de dor epigástrica pode ser de doença gástrica. Duração variável. o Queixas: Azia – Queimor – Queimação. o Postura: Espalma a mão sobre o esterno e a movimenta entre o manúbrio esternal e o apêndice xifoide (localiza sintoma). o Causas: Refeições copiosas (chocolate), gordura, café, álcool favorecem os sintomas. Água, leite (não existe evidência) ou antiácidos causa alívio. Até a água estimula a secreção gástrica. A ocorrência mais comum é após as refeições (30’ a 2h). Posição de decúbito e curvados para frente provoca pirose. Sensação de dor em queimação em epigástrio = azia. Pirose e regurgitação são sintomas típicos da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). Alguns autores (Porto) consideram os dois sintomas a mesma coisa, a diferença é que quando a queimação é epigástrica, pensa em doença gástrica, quando é retroesternal pensa em doença esofágica. REGURGITAÇÃO Retorno do conteúdo duodenogástrico para o esôfago e boca. O esforço do vômito não caracteriza regurgitação. Geralmente associa-se com a eructação e manobras que aumentem pressão intra- abdominal. A regurgitação noturna pode causar tosse crônica, pneumonia, broncoespasmo. O conteúdo que chega a boca pode ser: amargo (bile), ácido. ODINOFAGIA Dor associada à deglutição. o Queixas: Sensação de queimação ou dor logo após deglutição de alimentos ou frios, condimentados ou ácidos. o Causas: Esofagite corrosiva (caústica)- ingestão de substância, infecciosa (herpes simples, monilíase) e péptica (medicamentos = tetraciclina, AINES, alendronato de sódio). DOR TORÁCICA A semelhança da dor cardíaca e esofágica se deve a convergência de fibras aferentes para o mesmo segmento da medula. SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA A sensação de dor esofágica manifesta-se do terceiro ao oitavo nervos torácicos simpáticos e a cardíaca do primeiro ao quinto nervos torácicos. Conhecer as características da dor ajuda anamnese, exame físico. OBS.: É importante fazer um ECG para afastar doença cardíaca para depois pensar em gastrite. Muitas vezes é pedido uma endoscopia primeiro e o paciente toma anestésicos que são cardiodepressores, tendo parada cardíaca e chegando à óbito. GLOBUS Sensação de obstrução ou “bolo” na garganta. Atenção! É diferente da disfagia. Não interfere na deglutição e alivia com ela. Não tem relação com doença orgânica (comum na disfagia). No passado era visto como globus hystericus (ansiedade). Se o paciente tem globus e manifestações de ansiedade pode ser fator associado. Doenças associadas: o DRGE. o Esfíncter esofágico superior hipertenso. o Doença motora (acalasia). o Anéis e divertículos. SOLUÇOS Conhecido como singulto. Contração rápida e involuntária do diafragma. Desencadeada por estímulos central e direto mediados pelo n. frênico e irritação do diafragma. Causas: o Benignas (ingesta alimentar rápida). o Metabólicas (diabetes). o Medicamentos (benzodiazepínicos). o Doença torácica (pneumonia). o Doença abdominal (úlcera gástrica). SINTOMAS RESPIRATÓRIOS Tosse crônica. Dispneia (asma brônquica/fibrose pulmonar). SINTOMAS OTORRINOLARINGOLÓGICOS Laringite. Faringite. Sinusite. Otite. EXAME FÍSICO Em condições normais é inacessível. Achados no exame físico: o Estado nutricional comprometido (disfagia/regurgitação). o Anemia crônica (síndrome de Plummer-Vinson): Cursa com hemorragias, dor esofágica. o Alterações da pele na face e mãos (megaesôfago chagas). o Voz rouca ou bitonal (compressão do nervo por neoplasia). o Presença de lesões na boca. SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Semiologia do estômago O estômago é uma dilatação sacular interposta entre esôfago e duodeno. As paredes anterior e posterior se unem pelas bordas direita e esquerda constituindo a pequena e grande curvatura, respectivamente. A cavidade gástrica é constituída de dois orifícios: cárdia e o piloro. O estômago encontra-se dividido em partes: fundo – corpo – antro. Ocupa a região epigástrica e hipocôndrio direito. Tem a função de armazenar os alimentos ingeridos e fragmentação dos componentes sólidos a partir da secreção gástrica, através da pepsina, ácido, gastrina. ANAMNESE Anamnese iniciada com o relato espontâneo por parte do paciente. O entrevistador deve inicialmente encorajar o paciente para o relato. Questionamentos diretos e específicos ajudam desenvolver a anamnese. Algumas expressões são vagas, imprecisas e inespecíficas. o Queimação epigástrica: Azia, roedura, sensação de fome, empachamento, estufamento. o Plenitude pós-prandial: Indigestão, gases intestinais, empachamento, estufamento. Sinais de alarme: o Emagrecimento, fadiga, anorexia, sangramento ou febre. Interrogar sobre a história familiar, uso de medicamentos (AINES,ASS). OBS.: A doença mais comum do estômago é a gastrite e a causa mais comum é a infecção pela H. pylori e a segunda o uso de AINES. Interrogar sobre os hábitos alimentares: o Horário das refeições – Mastigação – Tipo de alimentos – Ambiente das refeições. Interrogar sobre a ingestão de álcool e consumo de cigarro. Estimula a secreção gástrica. Alergias ou intolerância alimentares. Distúrbios psiquiátricos (depressão, ansiedade, etc): o A depressão pode ser manifestação inicial de neoplasia gástrica. o O relato de boca seca (xerostomia) é comum. o Sensação de aperto na orofaringe. o Dificuldade de digestão. Distúrbios funcionais: o Dor epigástrica sem hora certa para acontecer. o Sem relação com a alimentação. o Sem relação com os hábitos de vida. o Dificuldade para descrever com clareza suas características. Manifestações clínicas comuns: o Dispepsia – Dor – Pirose – Regurgitação – Náuseas – Vômitos – Peso pós-prandial – Saciedade precoce – Flatulência – hematêmese – Melena. SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA DISPEPSIA Termo de origem grega que significa má digestão. Classificada em dois tipos: orgânica (acometida por uma patologia, inflamação gástrica) e funcional. Consenso ROMA IV: o Dispepsia funcional: Condição clínica caracterizada pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas: Plenitude pós-prandial. Saciedade precoce. Dor Epigástrica e queimação epigástrica sem evidência de doença orgânica nos últimos 3 meses com sintomas iniciados há 6 meses. COMO QUESTIONAR O PACIENTE A dor é aguda ou crônica? Qual o padrão em 24h, semas ou meses? Quando e com que frequência ocorre? Tem relação com alimentação? Descreva a dor com suas palavras. Onde começa? Irradia? Como é? “Ela é vaga e imprecisa? Em queimação? Em corrosão? De que tipo? Solicite ao paciente que aponte e avalie a intensidade de 0 a 10. Medicamentos ou atividades a aliviam ou agravam? Está usando algum medicamento? Fez alguma cirurgia recente? Está sob condição de estresse habitual ou mais intenso? OBS.: Essas perguntas podem ser feitas para dor epigástrica, dispepsia. Detalhar sintoma gástrico. DOR Tem localização epigástrica podendo apresentar: o Doença gástrica – duodenal – biliar - pancreática. o Doença não digestiva (pneumonia, infarto agudo do miocárdio, etc). A úlcera péptica é a doença gastroduodenal mais comum. Características: o Localização: No epigástrio, na linha medial ou ligeiramente à direita. o Tipo: Discreta, queimação (azia), dor de fome, roedura ou estômago vazio). o Ritmo: Hora certa para acontecer (10h/15h- 17h/01h-03h). Associação com alimentos. o Periódica: Períodos de calmaria intercalador com períodos de crise (dia-mês-ano). PIROSE Dor ou sensação de queimação retroesternal. Ocorre entre 30’ e 2h (após refeição) e mudança do decúbito. A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a causa mais comum. Pirose funcional: Condição clínica que surge nos últimos 3 meses com sintomas iniciados havia 6 meses e com frequência mínima de duas vezes por semana, relatando: o Desconforto retroesternal ou dor em queimação. o Ausência de alívio com o uso de drogas antisecretoras. o Ausência de diagnóstico para DRGE e esofagite eosinofilica. o Ausência de distúrbios motores esofágicos maiores (exemplo: Acalásia). SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA NÁUSEAS E VÔMITOS Podem se apresentar isoladamente ou em conjunto: o Náuseas: Sensação desagradável referida no epigástrio ou na garganta. o Vômitos: Expulsão violenta, em jato do conteúdo gástrico. Náuseas intensas podem associar a distúrbios de atividade autônoma (salivação excessiva, palidez, sudorese, hipotensão e bradicardia). Não confundi vômitos com ruminação, eructação e regurgitação: o Ruminação: Volta do alimento à boca previamente deglutido. o Eructação: Devolução retrógada do conteúdo gasoso do estômago de maneira ruidosa e relativamente prolongada. o Regurgitação: Volta das secreções ácidas ou alimentos à boca. Situações clínica associadas: o Hipopotassemia: Vômitos repetitivos e volumosos. o Síndrome de Boerhaave: Vômito vigoroso – ruptura do esôfago por pressão. o Síndrome de Mallory-Weiss: Vômito vigoroso – laceração linear da mucosa. o Doença do SNC: Vômito em jato, repentino, não precedido de náuseas. o Obstrução pilórica: Vômitos volumosos com alimento antigo e parcialmente digerido. o Divertículo esofágico: Vômitos com alimentos não digeridos associados com halitose e ruídos aéreos no pescoço. o Obstrução intestinal: Vômitos de odor fétido. o Gastrite flegmonosa: Vômitos com presença de material purulento. o Gravidez: Vômitos matinais. COMO QUESTIONAR O PACIENTE Solicite ao paciente que descreva o início, duração e intensidade. O que melhora? Qual a característica? Esverdeado? Com sangue? Borra de café? Qual a cor? Odor? Volume? Uma colher de chá? Duas colheres de chá? Uma xícara? Alguma queixa associada? Náuseas? Anorexia? Perda de peso? Distensão? Questione uso de medicamentos, consumo de álcool e suspeita de gravidez. Algumas vezes o vômito é efeito colateral de alguma medicação, abstinência alcóolica. PESO EPIGÁSTRICO PÓS-PRANDIAL Sensação desagradável e incômoda de enchimento excessivo do estômago. Conhecido como empachamento, estufamento ou plenitude. Relação com retardo no esvaziamento gástrico. Comum em pacientes com dispepsia funcional tipo desconforto. Alterações de motilidade: o Gastroparesia (diabetes mellitus) – Doença de chagas – Hipotiroidismo. Visceromegalias ou tumores intra-abdominais. Perguntar ao paciente ritmo intestinal, se tem alguma doença metabólica. Em algumas situações pedir ultrassom. SACIEDADE PRECOCE Redução do apetite e da fome após início da refeição. Difere da anorexia (perda do desejo de se alimentar). Mecanismo central: o Percepção do gosto dos alimentos. SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA o Aversão alimentar. o Variações diurnas na ingestão dos alimentos. Mecanismo periférico: o Distúrbios de acomodação dos alimentos. o Retardo no esvaziamento gástrico. o Muito comum em pacientes com doenças metabólicas, idosos. FLATULÊNCIA Causa repercussão psicológica, social e se assemelha à aerofagia. Queixas associadas: Distensão – Plenitude – Timpanismo abdominal – Borborigmos – Eliminação de flatos excessivos. 100 a 200 ml de gases estão no tubo digestivo. 20 flatos/dia (voluntário). Fontes: o Deglutição de ar, produção intraluminal e difusa entre o lúmen e o sangue. o Tipo de dieta – Deglutição de ar – Flora bacteriana – Má absorção intestinal. o Alimentos: Feijão – Fava – Brócolis – Repolho. o Perguntar ao paciente o que ele come. SOLUÇOS Conhecido como singulto. Contração rápida e involuntária do diafragma. Mecanismos: o Estímulos de origem central. o Estímulo direto do n.frênico ou irritação do diafragma. Causas: o Benignas (ingesta alimentar rápida). o Metabólicas (diabetes). o Medicamentos (benzodiazepínicos). o Doença torácica (pneumonia). o Doença abdominal (úlcera gástrica). o SNC (AVC). o Infecções (meningite). o Psicogênica (anorexia). HEMATÊMESE E MELENA São manifestações clínicas da hemorragia digestiva alta. o Hematêmese: Vômito com sangue (vermelho ou escuro). o Melena: Evacuação de fezes escuras, negras com sangue digerido. o Muitas vezes um sangramento de origem gástrica por uma úlcera, pode fazer com que esse sangue desça através do intestino delgado, seja digerido e mude a coloração das fezes.É diferente da hematoquezia. Hematoquezia: o Trânsito intestinal muito acelerado. o Hemorragia maciça e muito volumosa. Causas de hemorragia digestiva alta (hematêmese): o Doença ulcerosa péptica. o Varizes esofagianas. o Síndrome de Mallory-Weiss: Laceração da mucosa, comum em pacientes etilistas. Classificação da hemorragia digestiva: o Alta: Sangramento originário até ângulo de Treitz (ângulo duodedojejunal)- melena, hematêmese. o Baixa: Sangramento originário após ângulo de Treitz- melena, hematoquezia. COMO QUESTIONAR O PACIENTE Solicite ao paciente para descrever quantidade, cor e consistência. Quando foi a primeira vez? Frequência? Houve mudança na coloração das fezes? SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Usa alguma medicação (AINES, ASS)? Tem passado de doença péptica, distúrbio hepático ou de coagulação? Sintomas digestivos associados. EXAME FÍSICO O exame físico pouco contribui para o diagnóstico. Porque é um órgão sacular e os sintomas não são bem compreendidos. Deve ser realizado com o paciente em decúbito dorsal. Braços estendidos ao longo do corpo e relaxados. Inspeção: o Pesquisar existência de massas no epigástrio. o Averiguar presença de peristaltismo gástrico visível. o Sinal de Gobier: “Abaulamento na região epigástrica consequente à paralisia, em bloco, do estômago e cólon transverso” (pancreatite aguda). Ausculta: o Sopros epigástricos: Aorta abdominal. Percussão: o Ruídos de vasculejos na evidência de estase gástrica de alimento ou de líquido. Palpação: o Superficial: Polpas digitais comprimem pontos simétricos de cada hemiabdome, avaliando dor. Avalia-se tensão e sensibilidade da parede abdominal. o Profunda: Mãos juntas e repousando sobre superfície abdominal. Deslizamento no sentido craniocaudal. Deve realizar durante expiração. Avalia-se vísceras anormais quando comprimidas. SITUAÇÕES CLÍNICAS Úlcera péptica e dispepsia funcional: o Exame físico normal ou dor leve a moderada à palpação da região epigástrica. Úlcera péptica complicada: o Defesa e rigidez muscular do abdome. Gastrite aguda: o Aumento da sensibilidade à palpação do epigástrio. Neoplasia gástrica: o Massa na região epigástrica. Obstrução pilórica: o Vômitos de estase + peristaltismo visível + sinal do vascolejo (patinhação). EXAME FÍSICO DO ABDÔMEN Auxilia no diagnóstico de doenças abdominais, extra-abdominais e sistêmicas. Importante na investigação de doenças agudas e crônicas do aparelho digestivo. Realizá-lo adequadamente e interpretá-lo corretamente é o maior desafio médico. Etapas: o Inspeção. o Ausculta: Deve ser feita nessa etapa, porque a palpação e percussão podem estimular o peristaltismo, tornando um viés de falso negativo ou positivo para o abdômen. SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA o Palpação. o Percussão. Estruturas que ajudam na delimitação do abdômen: Órgãos que ocupam a região abdominal: Divisão do abdômen em quadrantes: Divisão do abdômen em regiões: OBS.: Essas divisões servem de orientação no relatório do exame físico. ELEMENTOS ANATÔMICOS (NOVE REGIÕES) Elementos que delimitam as nove regiões: o Base do apêndice xifoide. o Bordas do gradeado costal. o Extremidades das décimas costelas. o Espinhas ilíacas anterossuperiores. o Ramos horizontais do púbis. o Arcadas inguinais. FUNDAMENTOS TÉCNICOS Ambiente: o Inspirar tranquilidade e conforto. o Iluminado e arejado. o Preservar privacidade do paciente e médico. Mesa de exame: o Firme, resistente e larga. o Cabeceira regulável. o Altura ideal. SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Cuidado com as mãos o Aquecidas (evitar a indução de reflexos). o Unhas aparadas. Posição do paciente: o Decúbito dorsal com cabeceira fletida (travesseiro): Posição padrão. o Toda região do abdome deve estar exposta. o MMSS e MMII estendidos ou levemente fletidos. o Mantes posição favorável para o relaxamento muscular. OBS.: É necessário desnudar a parte inferior ao umbigo, visto que faz parte da divisão do abdômen. Posições inconvenientes: o Pernas cruzadas. o Pescoço excessivamente fletido. o Braços elevados com mãos sob a nuca. o Tronco fletido. o Ausência de suporte para cabeça e ombros. Atenção! Antes de iniciar a inspeção analisar: o Ectoscopia: Fácies. Aparência. Atitude. INSPEÇÃO Estática: o Paciente posições ortostática e decúbito dorsal. o Tipos de abdome- Vista frontal e perfil: Abdome escavado: Diâmetro anteroposterior está em um plano inferior ao da caixa torácica: Abdome globoso: Diâmetro anteroposterior está cima do nível da linha do tórax. Variantes do globoso: Abdome avental: Dos grandes obesos, decorrente do acúmulo de gordura. SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Abdome pendular: Muito comum em mulheres após gravidez. Fragilidade da musculatura abdominal inferior. Abdome assimétrico: Área com abdômen depressivo e outra abaulada. Abdome em ventre batráquio: Muito típico em bebês. Apesar de parecer globoso, seu diâmetro transversal é expressivamente maior do que o diâmetro anteroposterior. Também pode ser encontrado em pacientes com ascite. o Abaulamentos, retrações, cicatrizes. o Pele e anexos: Estrias, equimose, ictérica. Sinal de Cullen: Equimose periumbilical é sinal típico nas doenças pancreáticas, aguda necrotizante. Sinal de Grey-Turner: Equimose nos flancos. o Turgência venosa: Circulação colateral Tipo Cava: Superior: Quando a direção do fluxo é descendente. Inferior: Quando a direção do fluxo é ascendente. Tipo Porta: Pode ter um fluxo centrípeto ou centrífugo. SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Técnica de exame de circulação colateral: Une os dedos e faz compressão na turgência para observar qual a direção do fluxo, se é ascendente ou descendente. Dinâmica: o Hérnias (importância da expiração e expiração forçada): Pede que o paciente coloque o braço entre a boca e que ele sopre contra o braço. o Respiração. o Movimentos peristálticos (local, sentido, frequência, sintomas e sinais acústicos). Pode ser indicativo de uma obstrução do aparelho digestivo. Se consegue ver um peristaltismo de localização epigástrica, normalmente a obstrução está à nível do antro gástrico. Paciente vai referir vômitos de estase, ou seja, se o paciente comeu às 6h da manhã, ao meio dia vomita. E também o Sinal da patinhação ou sacolejo: Faz movimento de palpação ou compressão na região epigástrica vai perceber o movimento de líquido ou resíduos no estetoscópio ou na vibração da mão. Se consegue ver peristaltismo à nível de intestino delgado (entre a região umbilical e a epigástrica) pode ter vômitos fétidos com aumento dos ruídos hidroaéreos na ausculta. Se consegue ver peristaltismo à nível de intestino, como flancos e fossas ilíacas vai ter a paralisação das fezes. o Pulsações na região epigástrica (aortismo x dilatação aneurismática). AUSCULTA Avaliar o estado de motilidade intestinal. Pesquisa de sopros vasculares na aorta ou ramos. o Ambiente silencioso. o Ao menos 2 min: Caso ausculte antes pode passar para o próximo, caso não escute após desses 2 min não esperar mais. o Auscultar os 4 quadrantes. Ruídos hidroaéreos: Ar + líquidos. o Frequência: 1 ruído/5-10s. o Aumenta: Diarreias, hemorragias digestivas altas, obstrução intestinal – borborigmos (som maisaudível). Aumenta porque vai se acumular mais líquidos. o Diminui ou é abolida: Íleo paralítico. Vai ter mais acúmulo de ar. o Metálico: Obstrução do intestino delgado. Sopros: o Arteriais: SEMIOLOGIA MÉDICA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Aneurisma de aorta abdominal: Na linha mediana do abdome. Aneurisma da artéria hepática: Em qualquer ponto da área de projeção do fígado. o Venosos: Hipertensão portal – sobre a circulação colateral periumbilical – decorre do hiperfluxo na veia umbilical, recanalizada (sopro + frêmito local) – Síndrome de Cruveillier – Baumgarten. Essa síndrome é de doença hepática crônica com circulação colateral, periumbilical e evidência de sopro. Vascolejo gástrico: o Movimentação de líquidos e gases no estômago quando se “sacode” o paciente. o Estase gástrica secundária à estenose pilórica crônica.
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