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Anais_mesa-coordenada CONASSS 2020

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ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
CORPO EDITORIAL: IX CONASSS\XII SIMPSSS "30 anos do SUS: Território de 
Lutas e o Serviço Social na Saúde". 
 
O Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde – CONASSS e Simpósio 
de Serviço – SIMPSSS - são eventos desenvolvidos simultaneamente 
(CONASSS\SIMPSSS) por assistentes sociais da USP, UNESP e UNICAMP, desde 
1997. Na sua 9ª edição, ocorrida no período de 22 a 24 de setembro de 2020, o IX 
CONASSS e XII SIMPSSS celebram os 30 anos do Sistema Único de Saúde – SUS, 
com o tema “30 anos dos SUS: Território de Lutas e o Serviço Social na Saúde” e será 
realizado por meio de plataforma virtual (https://www.conasss.com.br/). 
Cabe dizer que o IX CONASSS\XII SIMPSSS ocorreria em maio desse ano, no 
formato presencial, todavia, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, Covid-
19, as comissões científica e organizadora aceitaram o desafio de realizar este 
importante evento no formato totalmente virtual, nos dias 22, 23 e 24 de setembro de 
2020. 
O conjunto de temas discutido neste espaço, ao longo de mais de 20 anos, tem 
garantido a sua legitimidade como um evento nacional, com a especificidade do 
debate na área do Serviço Social e Saúde. 
A programação do CONASSS\SIMPSSS promove o debate interdisciplinar, 
envolvendo as várias profissões que se dedicam ao estudo, pesquisa e trabalho na 
área da saúde e afins, com a proposta de articulação de conhecimentos. Nesse 
sentido, o programa passa a ser reconhecido como um núcleo unificador das 
atividades relacionadas à formação e trabalho profissional na saúde, abordada a partir 
da Seguridade Social. Ou seja, há o entendimento que os problemas que comparecem 
nos inúmeros serviços de saúde não são (e não serão) resolvidos apenas por esses 
serviços, mas são necessárias outras medidas de proteção social e de infraestrutura 
básica, além do trabalho multiprofissional, quiçá, interdisciplinar e em equipes. 
A saúde, como componente da seguridade social, integra um sistema de 
proteção social a partir de um bloco que reclama incisiva atuação do Estado tanto no 
estabelecimento institucional da rede de serviços e programas quanto no 
https://www.conasss.com.br/
 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
estabelecimento de medidas de proteção e prevenção. Tais medidas devem ser 
capazes de estimular uma nova cultura em torno da Saúde Coletiva e da Saúde 
Pública, bem como da atuação profissional, articulada em rede, de forma intersetorial 
e em equipes. 
Há de frisar a importância desse evento como nítida estratégia da formação 
continuada e acompanhamento sistemático do debate acerca do trabalho profissional 
na área da saúde e da política de saúde pública brasileira. É um evento que envolve 
assistentes sociais, militantes em defesa do SUS, trabalhadores e trabalhadoras da 
saúde, gestore\a(s) e profissões de áreas afins, discentes e pós-graduando\a(s), que 
se propõem ao debate efetivo e aprofundado dos temas que estão relacionados ao 
SUS, enquanto política social pública, o trabalho em rede e intersetorial e também 
com a práxis profissional das equipes de saúde, áreas afins, especialmente, do 
Serviço Social. Como se trata de um evento que recebe trabalhos científicos é 
medularmente importante para criar as condições necessárias para a exposição, 
registro e memória do “estado da arte” no âmbito do Serviço Social na Saúde. 
O traço básico dessa propositura de incentivar assistentes sociais que atuam 
na área da saúde e áreas afins a escrever e apresentar trabalhos científicos a respeito 
do seu trabalho, seja no formato de pesquisa cientifica, seja como relato de 
experiência, retêm as características gerais que inferem na produção do 
conhecimento a respeito do trabalho profissional do Serviço Social na saúde e na 
seguridade social em geral, pois não se trata apenas de escrever e encaminhar o seu 
texto (completo ou resumo), mas de apresentá-lo e de debater as ideias e os 
resultados dos estudos e do trabalho com os demais participantes. 
Além disso, os textos aprovados vem sendo pulicado na forma de CDROM e, 
mais recentemente, em sítio da internet (edição de 2014 
https://conasss.com.br/upload/files/ANAIS_CONASSS_2017.pdf e edição de 2014 
Volume I https://www.franca.unesp.br/Home/Publicacoes/conass-v.i.pdf e Volume 
II https://www.franca.unesp.br/Home/Publicacoes/conass-v.ii.pdf) e a edição de 2017 
(https://www.unicamp.br/anuario/2017/FCM/DDHR/DDHR-0010.html), o que permite 
o acesso virtual, de forma ampla e irrestrita. 
 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
Os trabalhos encaminhados ao CONASSS\SIMPSSS, aprovados, 
apresentados e publicados congregam importantes contribuições da práxis 
profissional na saúde e, simultaneamente, permitem o registro e a memória desses 
estudos, que representam indicativos do saber-fazer profissional nessa área, bem 
como a posição teórico-metodológica e cultural da profissão em torno do sistema de 
seguridade social, garantia de direitos, cidadania, papel do Estado na ordem 
capitalista, política pública de saúde, problemas epidemiológicos, tecnologias da 
saúde, controle social e gestão da saúde, vigilância em saúde, entre outros, situando-
os a partir dos vários momentos históricos. 
 O IX CONASSS\SIMPSSS recebeu trabalhos científicos de pesquisadores e 
pesquisadoras nas modalidades: relatos do trabalho profissional ou experiência 
profissional e resultados de pesquisa, tanto na forma de Resumo, Trabalho Completo, 
como também Mesas Coordenadas. A apresentação de trabalhos ocorrerá na forma 
Oral, Mesas e Pôsteres, todas as apresentações ocorrerão em plataformas e salas 
virtuais, com a presença de coordenadora\e(s) e debatedore\a(s) de trabalhos. 
O programa do IX CONASSS\XVII SIMPSSS inclui a realização de dez (10) 
minicursos voltados à discussão das seguintes temáticas: 1) questões éticas quanto 
ao registro dos atendimentos profissionais em prontuários de usuários e usuárias 
disponibilizados na internet; 2) o trabalho na área da saúde mental; 3) a violência de 
gênero, com foco para a saúde; 4) cuidados paliativos em saúde; 5) metodologias de 
intervenção em saúde do trabalhador e da trabalhadora; 6) o trabalho com grupos; 7) 
as novas tecnologias e mídias sociais e o trabalho profissional do Serviço Social; 8) 
as metodologias de pesquisa; 9) diversidade sexual no Contexto da Saúde: Acúmulos 
do Conjunto Cfess/Cress sobre o tema e 10) Educação permanente em saúde. Todos 
esses temas foram indicados a partir de pesquisa feita pelo CONASSS, em uma 
enquete on line, a partir da qual se buscou conhecer as principais demandas de 
assistentes sociais na área da saúde quanto à formação continuada. 
 A efetiva contribuição desses minicursos advém também do fato de possibilitar 
a participação de renomados profissionais e professores e professoras advindos das 
diversas instituições de ensino e pesquisa, tais como: UERJ, USP, UFRJ, UFRN, 
 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
PUC\SP, UNESP e UNICAMP. Assim, esses DEZ (10) minicursos circunscrevem as 
necessidades atuais postas para o Serviço Social e demais profissionais da área da 
saúde no dia a dia dos serviços de saúde e nas políticas sociais em geral. Tal proposta 
torna explícita a envergadura do CONASSS e SIMPSSS na determinação do debate 
atualizado e de formação continuada de assistentes sociaisque atuam na saúde e 
áreas afins. 
A partir do contexto da pandemia do novo coronavírus, Covid-19, a comissão 
científica abriu nova chamada de trabalho científico para contemplar o debate desse 
tão sério problema de saúde que impacta os serviços de saúde, a economia e toda a 
sociabilidade. Além disso, também foi criada uma Mesa Pré Congresso intitulada: A 
pandemia do novo coronavírus, Covid-19, no Brasil: desafios para o Sistema Único de 
Saúde (SUS) e Serviço Social. Essa Mesa conta com renomado\a(s) 
pesquisadore\a(s) brasileiro\a(s) e internacional, pois está constituída pelo Prof. Dr. 
Jairnilson Paim (UFBA); Elaine Pelaez (Conselho Federal de Serviço Social – CFESS) 
e pela Profa. Dra. Rosa M Voghon Hernández, trabajadora social de la salud em Cuba 
e pesquisadora, vivendo no momento na Inglaterra, com pesquisa acerca das 
desigualdades sociais e a política de saúde. 
O Programa do IX CONASSS\SIMPSSS conta também com duas 
Conferências, que discutirão a desigualdade, a Saúde Pública e o Neoliberalismo no 
Brasil. Também serão realizadas duas Mesas Redondas, intituladas, 
respectivamente: “30 anos do SUS: as Desigualdades Sociais e o trabalho profissional 
do Serviço Social na Saúde” e “Ajuste Fiscal e as Contrarreformas que impactam a 
Seguridade social no Brasil” Além disso, o Programa conta com duas grandes Mesas, 
a de Abertura e de Encerramento, abordando: “30 anos do SUS e o subfinanciamento 
da Saúde: investimento em saúde e desenvolvimento” e, para encerrar, a Mesa: 
“Vazio social da sociedade contemporânea e as implicações para o estado de saúde 
e bem-estar social”. 
Acompanha esse denso Programa, cinco mesas coordenadas, assim, 
distribuídas: 1) O trabalho profissional do Serviço Social e demais profissionais e 
equipes de saúde no momento do novo coronavírus, COVID-19. Coordenação: Profa. 
 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
Dra. Raquel Soares (UFPE); 2) Diferentes olhares da promoção da saúde na atenção 
de populações. Profa. Dra. Regina Célia De Souza Beretta (UNIFRAN); 3) A política 
Nacional de transplantes: o debate de assistentes sociais para viabilizar direitos. 
Profa. Dra. Marli Elisa Nascimento Fernandes (UNICAMP); 4) Serviço Social, relações 
de exploração/opressão de gênero, raça/etnia, sexualidades, ênfase para a saúde. 
Coordenação: Profa. Dra. Rachel Gouveia Passos (UFRJ) e 5) Precarização do 
trabalho, condições de trabalho e saúde de assistentes sociais: reflexões introdutórias. 
Coordenação: Profa. Dra. Edvânia Ângela de Souza (FCH- UNESP). Conta ainda com 
lançamentos de livros, debates, apresentação de trabalhos e premiação dos melhores 
trabalhos. 
É importante registrar que o IX CONASSS\VII SIMPSSS tem apoio e parceira 
com as entidades de Serviço Social: Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em 
Serviço Social (ABEPSS); Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e Conselho 
Regional de Serviço Social da região de São Paulo e da região de Ribeirão Preto e da 
Entidade de Estudantes de Serviço Social, ENESSO. Esse conjunto de entidades 
participam do programa científico do IX CONASSS e XVII SIMPSS colaborando para 
fortalecer o nosso evento e, especialmente, na defesa do projeto ético político do 
Serviço Social e do conjunto de políticas de proteção social 
 
Profa. Dra. Edvânia Angela de Souza 
Coordenadora da Comissão Científica do IX CONASSS / XII SIMPSSS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
Comissões 
 
Maria Cristina Ferri Santoro - HCFMRP USP 
Presidente 
 
Ariana Celis Alcantara - FSP USP 
Vice-presidente 
 
Maria Heloísa Rodrigues da Roza Genghini - CAISM UNICAMP 
Coordenadora da Comissão Organizadora 
 
Edvânia Angela de Souza - FCHS UNESP 
Coordenadora da Comissão Científica 
 
Sandra Souza Funayama - HCFMRP USP 
Coordenadora da Comissão Financeira 
 
 
Comissão Organizadora 
Bernadete Lima de Almeida - INCOR USP 
Cristhiane Ferreira - CAISM UNICAMP 
Cristina Ramos Meira - HCFMRP USP 
Elizete Wenzel Moreira - FOSJC UNESP 
Jaine Proença Meneghette - HCFMRP 
USP 
Laís Calori - HC UNESP 
Leni Peres Cirillo - HCFMRP USP 
Lucelene de Barros Ramos - HC UNESP 
Maria Rita Fraga - HC UNICAMP 
Maria Teresa Di Sessa Pandolfo Queiroga 
Ribeiro - ICHC USP 
Marília Equi Martins - PUSP RP USP 
Marli Ferreira da Rocha - HC UNICAMP 
Nádia Marques Alves de Oliveira - 
HCFMRP USP 
Tania Liotti Sandrin - HCFMRP USP 
 
Comissão Científica 
Andreia Santos Cordeiro - HAS USP 
Cláudia Granado Bastos - HCFMRP USP 
Dalva Rossi - CAISM - UNICAMP 
Daniella Tech Doreto - HRAC USP 
Fernanda Silva Moura - HU USP 
Flavia Brito da Silva Sinézio - CeAC HC 
USP 
Juliana Azenha Martins - HCFMRP USP 
Lais Vila Verde Teixeira - HCFMRP USP 
Maria Odete Simão - FM - UNESP 
Marielle Cristina Ribeiro de Carvalho - 
CAISM UNICAMP 
 
Comissão Financeira 
Fabiana Sisdelli Brunini - HCFMRP USP 
Emanuela Pap da Silva - PUSP SC USP 
Maria Odete Simão - FM UNESP 
Ruth Léia de Oliveira - HC UNICAMP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
 
Autorizamos a reprodução e divulgação total ou parcial deste material, por qualquer 
meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a 
fonte. OS RESUMOS FORAM PUBLICADOS EXATAMENTE COMO SUBMETIDOS 
PELOS AUTORES, OU SEJA, O ESTILO, A GRAMÁTICA E O CONTEÚDO. NÃO 
FORAM EDITADOS PELOS ORGANIZADORES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
SUMÁRIO 
 
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO, CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DE ASSISTENTES SOCIAIS: 
REFLEXÕES INTRODUTÓRIAS ....................................................................................................... 11 
Coordenadora: Edvânia Ângela de Souza ......................................................................................... 11 
A RADICALIZAÇÃO DO NEOLIBERALISMO, A DESTRUIÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO E OS DESAFIOS 
AO SERVIÇO SOCIAL ...................................................................................................................... 12 
Patrícia Soraya Mustafa ............................................................................................................ 12 
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: REFLEXÕES A RESPEITO DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA DE 
ASSISTENTES SOCIAIS .................................................................................................................... 26 
Edvânia Ângela de Souza ........................................................................................................... 26 
ASSISTENTES SOCIAIS NA POLÍTICA DE SAÚDE DA REGIÃO SUL/BRASIL: aproximações sobre 
condições de trabalho e saúde ..................................................................................................... 42 
CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS/AS ASSISTENTES SOCIAIS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE NO BRASIL: 
Particularidades do estado do Pará - Região Norte ...................................................................... 57 
Vera Lúcia Batista Gomes .......................................................................................................... 57 
AUTORITARISMO ULTRALIBERAL E A EPIDEMIA DO SOFRIMENTO .............................................. 74 
Odair Dias Filho ......................................................................................................................... 74 
A POLÍTICA NACIONAL DETRANSPLANTES: O DEBATE DOS ASSISTENTES SOCIAIS PARA VIABILIZAR 
DIREITOS .................................................................................................................................... 92 
Coordenação: Marlí Elisa Nascimento Fernandes..................................................................... 92 
SERVIÇO SOCIAL E TRANSPLANTE CARDÍACO: OS DESAFIOS DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL . 93 
Débora Silva de Freitas .............................................................................................................. 93 
REGIONALIZAÇÃO DO ACESSO AO TRANSPLANTE RENAL COM DOADOR .................................. 108 
Priscila Ribeiro Campos ........................................................................................................... 108 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE FAMÍLIAS DE DOADORES DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES 
ATENDIDAS PELO SERVIÇO SOCIAL ............................................................................................. 124 
Marli Elisa Nascimento Fernandes .......................................................................................... 124 
SERVIÇO SOCIAL E QUESTÃO RACIAL: RACISMO E SUAS EXPRESSÕES NA POLÍTICA DE SAÚDE ..... 139 
Coordenadora: Rachel Gouveia Passos ........................................................................................... 139 
QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL E ASSIMETRIAS NO ACESSO A SAÚDE ............................................... 140 
Márcia Campos Eurico ............................................................................................................. 140 
A IMPORTÂNCIA DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO NEGRA PARA A 
ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ................................................................................................... 154 
 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
Jussara Francisca de Assis ....................................................................................................... 154 
SAÚDE, RACISMO E SERVIÇO SOCIAL: por um parâmetro de atuação antirracista .................... 168 
Eliane Santos de Assis ............................................................................................................. 168 
SERVIÇO SOCIAL E O QUESITO RAÇA COR, UM DIÁLOGO NECESSÁRIO ..................................... 183 
Malu Ribeiro Vale .................................................................................................................... 183 
“NÃO SOU EU UMA MULHER?”: problematizações acerca do sofrimento produzido pelo racismo 
e pela violência estrutural na vida de mulheres negras ............................................................. 196 
Rachel Gouveia Passos ............................................................................................................ 196 
DIFERENTES OLHARES DA PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ATENÇÃO DE POPULAÇÕES VULNERÁVEIS.209 
Coordenadora: Regina Celia de Souza Beretta ............................................................................... 209 
AÇÕES AFIRMATIVAS, O ACESSO À UNIVERSIDADE E A PROMOÇÃO DA SAÚDE INDÍGENA ...... 210 
Ana Elisa Rodrigues Alves Ribeiro ........................................................................................... 210 
A CULTURA DA PAZ COMO FERRAMENTA PARA A PREVENÇÃO DO ATO INFRACIONAL E DA 
VIOLÊNCIA ................................................................................................................................... 221 
Luciano Aparecido Pereira Junior ............................................................................................ 221 
AS CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS TRABALHADORES DO SUAS E O IMPACTO NA SAÚDE ....... 233 
Tassina Algarte ........................................................................................................................ 233 
AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO ESTRATÉGIA DE EMPODERAMENTO NA TERCEIRA 
IDADE ........................................................................................................................................... 247 
Yadira Arnet Fernández ........................................................................................................... 247 
SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE NO ENFRENTAMENTO À COVID19: desafios, práticas e estratégias .. 260 
Coordenadora: Raquel Cavalcante Soares ...................................................................................... 260 
A PANDEMIA DA COVID19 E A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA LINHA DE FRENTE: tendências, 
desafios e estratégias .................................................................................................................. 261 
Raquel Cavalcante Soares ....................................................................................................... 261 
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE, PANDEMIA DA COVID 19 E ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO/A 
ASSISTENTE SOCIAL ..................................................................................................................... 277 
Delaine Cavalcanti Santana de Melo; ...................................................................................... 277 
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM LINHAS DE FRENTE DE COVIID 19: reflexões sobre as 
experiências desenvolvidas em três hospitais de grande porte em PE ...................................... 292 
 
 
 
 11 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO, CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DE 
ASSISTENTES SOCIAIS: REFLEXÕES INTRODUTÓRIAS 
 
Eixo Temático: Serviço Social, fundamentos, formação e trabalho profissional na saúde; 
Coordenadora: Edvânia Ângela de Souza 
 
Participantes: 
 
Texto 1- A RADICALIZAÇÃO DO NEOLIBERALISMO, A DESTRUIÇÃO DO ESTADO 
BRASILEIRO E OS DESAFIOS AO SERVIÇO SOCIAL. 
Patrícia Soraya Mustafa; Raquel Santos Sant Ana 
 
Texto 2 - PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E CONDIÇÕES DE TRABALHO DO SERVIÇO 
SOCIAL NA SAÚDE: reflexões sobre o processo saúde-doença de assistentes sociais. 
Edvânia Ângela de Souza; Lara de Souza Tonin, Maria Liduina de Oliveira e Silva; Onilda 
Alves do Carmo; Vinícius Boim. 
 
Texto 3 – ASSISTENTES SOCIAIS NA POLÍTICA DE SAÚDE DA REGIÃO SUL/BRASIL: 
aproximações sobre condições de trabalho e saúde. 
Dolores Sanches Wünsch; Jussara Maria Rosa Mendes; Tatiana Reidel; Anderson da Silva 
Fagundes. 
 
Texto 4 - CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS/AS ASSISTENTES SOCIAIS NOS SERVIÇOS 
DE SAÚDE NO BRASIL: Particularidades do estado do Pará - Região Norte. 
Vera Lúcia Batista Gomes; Marinara Melo da Silva. 
 
Texto 5 - AUTORITARISMO ULTRALIBERAL E A EPIDEMIA DO SOFRIMENTO. Odair Dias 
Filho; Edvânia Ângela de Souza. 
 
Ementa: A presente proposta de mesa reporta dados de uma pesquisa, que versa a respeito 
das condições de saúde e de trabalho de assistentes sociais que atuam em serviços de saúde 
no Brasil, com destaque para as regiões Sul, Norte e Sudeste. O estudo está subsidiado na 
pesquisa bibliográfica e empírica, com analise quanti-qualitativa. O recorte de análise da 
discussão é para o trabalho profissional do serviço social e suas respectivas condições de 
trabalho e saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
 
 
 
 
 12 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
A RADICALIZAÇÃO DO NEOLIBERALISMO, A DESTRUIÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 
E OS DESAFIOS AO SERVIÇO SOCIAL 
 
Patrícia Soraya Mustafa 1; Raquel Santos Sant Ana2 
 
RESUMO: Este artigo busca contribuir com o desvelamento da 
atual conjuntura, determinada por forças ultraneoliberais e 
conservadoras,as quais são subservientes às tradições e aos 
interesses do capitalismo financeirizado, que espolia o fundo 
público para satisfazer sua fome voraz por mais capital, e assim 
expropria a classe trabalhadora de seus direitos mais 
elementares, arduamente conquistados no processo de 
redemocratização do país. Diante deste cenário, de destruição 
do Estado brasileiro, este ensaio teórico, dialoga com as(os) 
assistentes sociais, no sentido de contribuir com o debate 
necessário de pensar em estratégias profissionais que 
assegurem os princípios ético-políticos do serviço social. 
Aponta-se o caminho do estudo, da pesquisa, do trabalho 
educativo e a luta política como algumas das possíveis saídas. 
Palavras Chave: Neoliberalismo radicalizado; Destruição do 
Estado brasileiro; Serviço Social; Projeto ético-político; 
Estratégias profissionais. 
 
ABSTRACT: This article seeks to contribute to the unveiling of 
the current situation, determined by ultraneoliberal and 
conservative forces, which are subservient to the traditions and 
interests of financialized capitalism, which despoils the public 
fund to satisfy its voracious hunger for more capital, and thus 
expropriates the class worker of her most elementary rights, 
hard-won in the process of redemocratization of the country. 
Faced with this scenario, of destruction of the Brazilian State, this 
theoretical essay dialogues with social workers, in order to 
contribute to the debate necessary to think about professional 
strategies that ensure the ethical and political principles of social 
service. The path of study, research, educational work and 
political struggle is pointed out as some of the possible solutions. 
Keywords: Radicalized neoliberalism; Destruction of the 
Brazilian State; Social Work; Ethical-political project; 
Professional strategies. 
 
1 Assistente Social. Profa. Dra. do Departamento de Serviço Social da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais 
(FCHS), UNESP-Franca. Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Sociais. E-
mail: patimustafa@gmail.com. 
2 Assistente Social, Livre-docente pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS), UNESP-Franca, SP e 
Professora Adjunta do Departamento de Serviço Social da UNESP-Franca. Pesquisadora do grupo de estudos e 
pesquisas “Teoria Social de Marx e Serviço Social” e coordenadora do Núcleo Agrário Terra e Raiz 
(NATRA). Presidente da direção nacional da Abepss 2015-2016. E-mail: raquel.santana@unesp.br. 
 
 13 
 
 
 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Este artigo traz elementos conjunturais da realidade brasileira de maneira a evidenciar a 
intrínseca relação do Estado brasileiro com as demandas postas pelo capitalismo financeiro 
e sua proposta neoliberal, agora mais radicalizada pelos direcionamentos dados pelos 
governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro às políticas econômicas e sociais, valendo-se 
para isto de mecanismos truculentos de coerção e de espetáculos midiáticos para sua 
legitimação política. 
 A investida contra os direitos sociais atinge todos os segmentos da classe 
trabalhadora, mas vai se resvalar de maneira cruel e avassaladora sobre os segmentos mais 
pauperizados. A sociedade atual ao invés de diminuir os fossos sociais ou saldar dívidas 
históricas para com os negros e mulheres, pelo contrário, reforça a criminalização da 
juventude negra, desmonta pequenos e parcos recursos voltados para o atendimento 
daqueles que mais necessitam. Enquanto isto a terra urbana e rural segue concentrada, o 
trabalho cada vez mais intensificado e desprotegido e a repressão para aqueles que se 
organizam e denunciam tais atrocidades é intensificada. 
 O serviço social brasileiro há décadas reafirma que o para o entendimento da profissão 
é fundamental situá-la no chão sócio histórico onde está inserida. Neste artigo traçamos 
brevemente os desafios advindos da inserção neste contexto e, o atual direcionamento ético-
político da profissão que estabelece princípios que estão na contramão das condições 
objetivas predominantes ao conjunto dos/das profissionais. 
 
2. DE QUE CONJUNTURA ESTAMOS FALANDO? A RADICALIZAÇÃO DO 
NEOLIBERALISMO E A DESTRUIÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 
 
O impeachment da presidenta Dilma em 2016 não se constituiu num fato isolado na 
América Latina, vide o caso do presidente esquerdista Fernando Lugo no Paraguai em 2012; 
de Manuel Zelaya em Honduras em 2009, que mesmo não sendo um político de esquerda, 
ao contrariar interesses estadunidenses em seu país e da elite local, foi destituído do poder; 
o caso de Rafael Correa no Equador, que ainda que tenha feito seu sucessor, o mesmo dá 
um giro à direita, e Correa acusado de corrupção, como outros políticos de esquerda do 
Continente, sai de seu país exilado. Mais recentemente, em 2019, observamos o caso de Evo 
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Morales na Bolívia. O que se quer evidenciar com isto é que grande parte da América Latina, 
ao contrário do início do século XXI, converte-se a regimes políticos de direita com pauta 
neoliberal aberta e radical. Mas é preciso alertar que não sem contradições, vide as eleições 
de López Obrador no México em 2018 e de Alberto Fernández na Argentina em 2019, e das 
grandes manifestações populares contra a agenda neoliberal no Equador, no Chile e na 
Colômbia. 
Aterrizando no Brasil, vamos observar esta pauta neoliberal mais radical a partir da 
chegada de Michel Temer no poder (2016-2018), o qual antes mesmo do impeachment, que 
lhe conferiu lugar de presidente no palácio do planalto, já tinha uma pauta neoliberal elaborada 
(por quê será?) por seu Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), atual 
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e pela Fundação Ulysses Guimarães, cujas 
principais propostas3 se traduzem em ajuste fiscal severo e restrição de investimentos do 
Estado na área de direitos sociais e trabalhistas, ou seja, um neoliberalismo aberto e 
radicalizado. 
Ainda que o balanço das medidas neoliberais nas últimas décadas tenha sido 
desastroso do ponto de vista “[...] de crescimento, de emprego e de bem-estar” (CHESNAIS, 
2005, p. 56), basta olhar para o parco crescimento econômico mundial e brasileiro, sobretudo 
a partir de 2016 no Brasil, bem como para os índices de desemprego4 e de “bem-estar”, como 
o índice de Gini5 que nos indica de alguma maneira os níveis de igualdade X desigualdade de 
um país. Todos estes índices, somados a outros como de pobreza, miséria nos levarão a 
afirmar que o neoliberalismo não obteve sucesso nestes quesitos. 
Entretanto, sabe-se que o principal intuito deste ideário era aumentar o poder e a riqueza 
do grande capital, e nesta direção pode-se dizer que houve êxito, na medida em que 
presenciamos uma exponencial concentração6 da riqueza, sobremaneira em terras 
 
3 Pode-se conferir as principais proposições no artigo: MUSTAFA, Patrícia S. Estado capitalista brasileiro: 
análise dos direitos sociais em tempos de ortodoxia neoliberal. Katálysis, v. 22, n. 1, p. 100-109, 2019. 
4 De acordo com a Agência IBGE (2019), a taxa de desemprego no trimestre de julho a setembro de 2019 foi 
de 11,8%, e a taxa de subutilização no mesmo trimestre de 24%, o que corresponde a 27,5 milhões de 
pessoas. Destacamos também a alta incidência de trabalho informal, 11,8 milhões de pessoas no setor 
privado, número recorde na série histórica. 
5 Este aumenta de 0,537 para 0,545, em 2019, computando todas as rendas das famílias (trabalho, 
aposentadoria, pensões, aluguéis, Bolsa Família e outros benefícios sociais). Esse é o maior Gini desde 2012, 
ano em que foipublicada a primeira pesquisa. Lembrando que quanto mais próximo ao 1, pior. (BRASIL DE 
FATO, 2019). 
6 Segundo relatório da CEPAL publicado em novembro de 2019, dentre os países da América Latina, o Brasil 
apresentou “[...] a pior distribuição de renda entre o 1% mais rico – que obtém quase um terço da riqueza gerada 
em um ano – e os 99 % restantes.” (FARIZA, 2019). 
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brasileiras, como as últimas pesquisas tem atestado. Assim se comprova que sob a 
dominância do capital financeiro as desigualdades sociais se agravam (LENIN, 2012). 
Ainda assim, novas e mais poderosas doses de neoliberalismo e numa vertente mais 
radicalizada são ministradas a partir do governo Temer, o qual apesar de ter sido breve, pelo 
tempo que ocupou o poder ( 2016 a 2018), foi desastroso para aqueles que defendem o pacto 
social fundado a partir da redemocratização deste país e sua Constituição Federal correlata, 
a de 1988. 
Assim, os anos de tentativa de consolidação da democracia nestas terras, como afirma 
Lowy (2016, p. 62), “[...] foi excepcional, [...] ela é um peso grande para o Estado, para as 
classes dominantes e para o capital financeiro. A democracia atrapalha, ela não facilita o 
trabalho da política capitalista”. 
Esta apenas foi necessária para a legitimação de governos neoliberais nas três últimas 
décadas, como aponta Paulani em entrevista ao jornal Brasil de Fato (2018), e “[...] parecem 
não ser mais necessárias. E, por outro lado, as medidas de cunho liberal precisam ser 
aprofundadas, dadas as crises que o sistema enfrenta mundialmente". 
Estas crises evocam cada vez mais que o Estado comprometa o fundo público com as 
demandas do capital, sobretudo o capital financeiro, motor do capitalismo contemporâneo e 
sanguessuga do fundo público, em prol dos interesses de poucos financistas que dominam o 
mundo. 
Seguindo esta receita, aprova-se em 2016, um Novo Regime Fiscal (NRF) no Brasil, 
através da Emenda Constitucional (EC) nº 95, a qual congela por 20 anos os gastos sociais, 
o que significa menos investimento em direitos sociais, atingindo fortemente os mais 
desprotegidos no Brasil: classe trabalhadora, sobremaneira aqueles que possuem os 
trabalhos mais precários, e aqueles que nem o tem – vide a alta taxa de desemprego que 
assola o país, conforme já delineamos nestas linhas. E isso sob o argumento do déficit público, 
e do superávit primário, a fim de realizar o pagamento e amortização dos juros da dívida 
pública, que no ano de 2018, abarcou 40,66% do orçamento. 
Em continuidade a este projeto elegeu-se em fins de 2018 o “antipresidente” Jair 
Bolsonaro, filiado a um partido de extrema direita7, ao qual nem pertence mais, o Partido 
 
7 Konder (apud Coutinho, 2011, p. 50) afirma sobre o pensamento de direita no Brasil: “O pluralismo da ideologia da direita 
pressupõe uma unidade substancial profunda, inabalável: todas as correntes conservadoras, religiosas ou leigas, otimistas 
ou pessimistas, metafísicas ou sociológicas, moralistas ou cínicas, cientificistas ou místicas, concordam em um determinado 
ponto essencial. Isto é: em impedir que as massas populares se organizem, reivindiquem, façam política e criem uma 
verdadeira democracia. 
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Social Liberal (PSL), criando um partido próprio – o Aliança pelo Brasil, em 2019, e que leva 
a cabo, desde então, uma política neoliberal radicalizada combinada a um conservadorismo 
sem precedentes em tempos de democratização brasileira. 
Bolsonaro vai atender como alerta Mascaro (2019, p. 29) o capital: “[...] atenção aos 
ditos mercados e aos interesses financeiros e rentistas; privatizações; rebaixamento das 
condições das empresas estatais; perda de graus na soberania econômica; desprestígio aos 
instrumentos de controle social, trabalhista e ambiental. Essa agenda associada ao extremo 
conservadorismo passa a ser a mola propulsora de nossa política, economia e cultura (não 
sem resistências). 
Passamos a analisar alguns dos estragos que vem sendo praticados por este 
desgoverno, e que afetam o trabalho profissional dos assistentes sociais, como 
demonstraremos mais especificamente na segunda parte deste artigo, mas impactam de 
maneira muito destrutiva sob os parcos direitos sociais que este país vinha a duras penas 
tentando efetivar, e com isso atingem seus demandatários, trabalhadores e trabalhadoras, 
que dependem da saúde pública para atendimento de suas famílias, das escolas e 
universidades públicas para que seus filhos(as) possam estudar, de direitos previdenciários 
para que possam ter algum tipo de segurança em momentos de contingências; de direitos 
trabalhistas, a fim de haja um breque à superxploração praticada por aqui. E também que 
necessitam da política de assistência social para que sobrevivam em situações de pobreza e 
miséria, a qual atinge hoje metade da população deste país, que vive com menos de ½ salário 
mínimo mensal. 
Primeiramente, gostaríamos de afirmar que as políticas sociais se constituem num 
espaço de luta, assim suas conquistas e retrocessos dependem das forças presentes, e 
atualmente a correlação de forças favorável ao capital financeiro é evidente, e assim o Estado 
democrático de Direito no Brasil vive tempos de crise. 
Crise esta manifesta na restrição dos direitos sociais, presenciado nos cortes da 
política de assistência social – de forma muito evidente num dos programas centrais desta 
política, o Bolsa Família, o qual não tem incluído novas famílias, o que significa desespero 
para milhares de famílias que estando em condições de miserabilidade não possuem outros 
meios de suprirem suas necessidades mais elementares; na política de fiscalização da 
pobreza levada a cabo por este governo, na medida em que tenta a todo custo buscar o pobre 
“malandro” que burla as regras dos programas sociais para terem acesso às mesmas – isso 
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foi feito em 2019 no Bolsa Família e também para benefícios previdenciários. Importante 
ressaltar que as grandes empresas devedoras da previdência social não são cobradas e 
quando o são há refinanciamentos a fundos perdidos. Aí se vê de que lado “a corda arrebenta”, 
quem realmente “pago o pato” neste país. Se manifesta ainda na própria reforma da 
previdência social pública, aprovada em 2019, convertida na EC n.103, a qual em síntese 
aumenta a idade dos trabalhadores/as para a aquisição de aposentadoria, precariza o valor 
dos benefícios recebidos (aposentadoria, pensão por morte, etc.), aumenta o tempo mínimo 
de contribuição, o que 
 
Tendo em vista o mercado de trabalho brasileiro, altamente rotativo e com 
empregos precarizados, a maioria dos trabalhadores, atualmente, não 
consegue contribuir com 15 anos (tempo mínimo estabelecido hoje), oxalá 20 
anos; essa alteração excluirá de 70 a 80% da classe trabalhadora da proteção 
previdenciária, segundo Fagnani (2019). O que isso vai acarretar? Num 
aumento exorbitante de trabalhadores idosos empobrecidos e que, não tendo 
acesso aos benefícios previdenciários, vão buscar a sobrevivência na política 
de assistência social (política de seguridade social voltada para os 
trabalhadores pobres), e/ou na velha/nova filantropia. (BUENO & MUSTAFA, 
2019, p. 11-12). 
 
Estas restrições vão agravar as condições de saúde dos trabalhadores/as 
brasileiros/as,pois como sabemos a saúde é determinada por diversos componentes 
econômicos, sociais e culturais; e isso demandará maiores investimentos na saúde pública, 
entretanto, não é isso que se presencia no atual governo, cujo ministro da saúde Mandetta, 
em maio de 2019, defende o fim da gratuidade universal do SUS8 o que coloca em xeque a 
política de saúde pública brasileira, tão duramente conquistadas pelas lutas sanitaristas. Isso 
começa a se efetivar na medida em que se desfinancia o SUS e se agravará com a EC 95, 
como demonstra os seguintes dados: o gasto per capita com saúde em 2016 foi de R$ 519,00, 
e com o congelamento dos gastos este valor passará a ser em 2036 de R$ 411,00. (Vieira e 
Benevides, 2016). 
Isso favorece a privatização da saúde: 
[...] no ano de 2017 só no mercado privado de saúde foi movimentado mais de 
170 bilhões de reais, segundo DIP (2018). No mesmo ano o montante 
disponibilizado pelo governo brasileiro foi de 125,3 bilhões de reais para o 
Ministério da Saúde, 44,7 bilhões de reais a menos do movimentado pelo setor 
privado. Este dado se torna mais alarmante, quando o cruzamos com a 
quantidade de usuários dos serviços, pois no ano de 2017 a saúde privada 
atende a 30% da população e o serviço público é destinado aos outros 70% 
 
8 Disponível em: <https://www.revistaforum.com.br/ministro-da-saude-defende-fim-da-gratuidade-universal-do-
sus/.> Acesso em14 de jun. de 2019. 
https://www.revistaforum.com.br/ministro-da-saude-defende-fim-da-gratuidade-universal-do-sus/
https://www.revistaforum.com.br/ministro-da-saude-defende-fim-da-gratuidade-universal-do-sus/
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(DIP, 2018). Outro dado alarmante é o apontado pelo IBGE (2017), que no ano 
de 2015, 9,1% do PIB foram gastos com saúde no país. Desse valor, 3,9% 
foram gastos públicos e 5,2%, privados. (MUSTAFA, et al 2019, p. 09-10). 
 
 Além destes ataques ao Estado de Direito, outros também tem sido duramente 
imputados como é o caso dos massacres nos presídios, como o de Altamira, o do Amazonas 
em 2019; do aumento de mortes de lideranças indígenas em conflitos no campo no mesmo ano, o 
maior em pelo menos 11 anos; na morte de inúmeros trabalhadores do campo, que lutam pelo 
direito à terra; e no aumento de mortes de homossexuais, transexuais. Vale destacar que 
estas mortes têm cor, e a população negra ainda é a que mais morre nesse país. 
A política de educação também tem sido fortemente atacada, primeiramente pelo fato 
de que o pensamento conservador não tolera ser contestado, e a ciência e a educação 
colocam elementos que desocultam, destroem os tradicionais argumentos deste tipo de 
pensamento. Mas também por outro motivo – a apropriação do fundo público destinado a 
esta área para o amortização e pagamento dos juros da dívida pública – favorecendo o capital 
portador de juros; e ainda pelo fato de que na medida em que a educação pública fica mais 
deteriorada, mais o setor privado da educação se fortalece. 
Pois bem, neste cenário de destruição de conquistas democráticas como fica o trabalho 
profissional dos assistentes sociais que lida cotidianamente com a classe trabalhadora mais 
espoliada, seja porquê não tem trabalho, ou porque o tem de forma muito precarizada, e 
somado a isso não tem tido seus direitos constitucionais minimamente respeitados. 
 
3. DESAFIOS E POSSIBILIDADES PROFISSIONAIS PARA A MANUTENÇÃO DO 
DIRECIONAMENTO ÉTICO POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO NA 
CONJUNTURA ATUAL. 
 
Nos últimos 40 anos o serviço social foi construindo um conjunto de proposições que 
subsidiam e direcionam o trabalho, a formação, a produção teórica e a organização política 
da categoria num posicionamento alinhado às demandas da classe trabalhadora. 
Manter e aprofundar este direcionamento foi desafio constante ao longo deste tempo 
pois, o que convencionamos chamar de Projeto Ético Político Profissional possui um 
posicionamento que se contrapõe às ideias dominantes desta sociabilidade capitalista e dos 
mecanismos utilizados pelo Estado no sentido de legitimar o atual status quo, seja com mais 
ou menos democracia, com mais ou menos direitos sociais e políticos. 
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Nos anos 80 e 90 do século XX, a categoria em conjunto com o movimento da classe 
trabalhadora participou das lutas em defesa de democracia, do direito a saúde, à educação; 
esteve presente no processo da constituinte e depois na regulamentação da democracia 
participativa anunciada pela Constituição Federal de 1988 e, na construção das leis que 
normatizaram tais direitos. Ainda com dificuldades e ausências advindas de um Marxismo sem 
Marx, do pouco acúmulo do debate entre profissão e militância política, o serviço social seguiu 
construindo um conjunto de aportes fundamentais e que hoje são parte do seu patrimônio 
histórico, conforme reafirmam suas entidades organizativas como o Conjunto Conselho 
Federal de Serviço Social (CFESS)/ Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), 
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e Executiva 
Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESSO). 
A conjuntura do final do século passado foi de negação daquilo que acabara de ser 
conquistado na Constituição: um patamar mínimo de seguridade social e o reconhecimento 
da assistência social como política pública de seguridade. Tempos difíceis, mas de intensa 
organização e luta da categoria. 
Quando, no século XXI, assumem o poder os representantes do Partido dos 
Trabalhadores (PT) e constroem um governo de conciliação de classe, o serviço social de 
um lado segue na crítica ao instituído e suas políticas de focalização e, de outro aproveita 
para estar na luta pela construção do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), em defesa 
do SUS e dos direitos de cidadania. 
Neste período, de muitas contradições postas pela conjuntura, seguiu o serviço social 
vendo chegar pequenos, mas importantes programas voltados para a agricultura camponesa, 
para o combate a fome e a pobreza extrema, habitação popular... Mas como suportar o fato 
de que tais programas enriqueceram mais as construtoras do que realmente viabilizaram o 
acesso à cidade por parte dos segmentos mais pauperizados? Como negar a importância do 
II Plano Nacional da Reforma Agrária, mas ao mesmo tempo como deixar de criticar que 90% 
do financiamento da agricultura ficava para o agronegócio? Que a expansão do ensino 
superior ampliou o acesso, mas o fez, sobretudo pela via do mercado? Que diminuiu a fome, 
mas sem aportes que permitissem de fato o acesso a alimentação saudável e nutritiva? 
Muitas foram as dificuldades de um governo que manteve intacta a forma de funcionar 
do Estado capitalista e sua aliança histórica com o grande capital nacional e internacional, 
expressa no âmbito social pelos direcionamentos das políticas sociais que seguiram na 
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contramão do acesso universal, com programas voltados para a focalização, conforme propõe 
o Banco Mundial. A assistência às camadas mais pauperizadas foi feita por estes programas 
focalizados, enquanto os equipamentos do SUAS e a execução de seus programas ficavam 
com menos de 10% do orçamento da assistência social. 
Neste período, o serviço social segue na construção de aportes fundamentais para 
pensar a política, a dimensão técnicooperativa do trabalho profissional e os fundamentos da 
profissão, mas é também um momento que a formação profissional na área se torna 
extremamente precarizada com o a mercantilização do ensino e o avanço de cursos de 
Ensino à Distância ou mesmo presenciais sem o alinhamento com aquilo que é a proposta 
formativa do serviço social brasileiro e que está expressa nas diretrizes curriculares da 
ABEPSS9. 
É neste cenário de desafios que o serviço social enfrenta as adversidades postas pela 
conjuntura atual, ou seja, é um processo em curso já há muito tempo, mas que agora se 
agrava ainda mais. 
Os processos de precarização da vida e do trabalho atingiram as políticas públicas 
conforme demonstrado no item anterior, e consequentemente os processos de formação e os 
vínculos profissionais dos/as assistentes sociais. A intensificação do trabalho e sua 
desregulamentação colocam em xeque a autonomia profissional em diversos espaços sócio 
ocupacionais; a ausência de programas coloca os/as profissionais para lidar cotidianamente 
e agora com mais intensidade com as refrações mais cruéis da “questão social” expressas na 
fome, no adoecimento mental, na ausência de perspectivas de vida e trabalho por parte de 
um grande contingente da população do país. As respostas do Estado tem sido o 
encarceramento em massa, a repressão e a moralização da vida social. 
O serviço social é uma profissão que tem uma direção crítica voltada para a defesa dos 
direitos, da cidadania, que estabelece o compromisso com a qualidade dos serviços e com a 
democratização dos acessos. Como podem os/as assistentes sociais suportar tais distâncias 
entre aquilo que prepõe e os desígnios que as políticas aportam? Se as profissões são 
 
9 É importante mencionar que o Ministério da Educação no Brasil estabelece diretrizes para todas as áreas do 
ensino superior no Brasil; quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9392/1996) estabeleceu as 
diretrizes curriculares, o serviço social brasileiro já tinha construído um documento para direcionar a formação 
na área. Mesmo este documento tendo sido apresentado ao MEC, este redefiniu a proposta, ainda que 
mantendo alguns elementos, e fez alterações significativas no documento original da ABEPSS. Todos os 
cursos têm que seguir as diretrizes do MEC, mas a proposta da ABEPSS é a de que os cursos utilizem as 
suas diretrizes de 1996 pois, estas são fundamentais para a direção ético política que se espera de um/uma 
assistente social. 
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socialmente construídas, este cenário de retrocesso, explicitado no primeiro item deste artigo, 
deverá nos levar também a retroceder na profissão? 
Daí a importância de recorrer ao legado histórico construído pela profissão. Desde a 
década de 1990, Iamamoto (2000) nos alerta para os dois determinantes do trabalho 
profissional: a realidade social no qual se insere e o acúmulo teórico metodológico da 
profissão. Esta assertiva foi sendo adensada e rediscutida ao longo deste tempo. Guerra 
(2015) ao tratar dos desafios da efetivação do projeto ético político reforça as condições sócio 
históricas onde o trabalho profissional está inserido e a qualificação necessária ao exercício 
profissional. 
Se é certo que a realidade precisa dispor de possibilidades para que a 
finalidade projetada possa se realizar, também há que se ter condições 
subjetivas para a realização da intenção posta no projeto, o que nos leva a 
indicar a importância de que os sujeitos sociais possam deter um certo domínio 
da teoria social que lhes ajude a ler a realidade, escolher meios e mediações 
a serem mobilizados, dar um determinada orientação a sua intervenção. Um 
projeto crítico deve levar em conta de que profissão se trata, suas 
determinações e limites estruturais e suas condições histórico-conjunturais. 
(GUERRA, 2015, p. 63). 
 
É evidente que em tempos de desmonte das políticas sociais, esta assertiva em si não 
diminui a angustia do profissional em ver uma criança ou um adulto doente sem tratamento 
adequado, uma família sem proteção, as estruturas violentas construídas para conter as 
classes pobres tidas como “perigosas” pelo Estado que criminaliza a pobreza e etc. O não 
atendimento decorrente da ausência de políticas públicas precisa ser contraposto ao 
compromisso profissional de lutar até o último recurso para que o direito seja acessado e, 
portanto, a certeza de que compromisso profissional foi efetivado com competência teórico 
metodológica e envolvimento ético político. Feito este movimento, é preciso que o/a 
assistente social possa considerar os limites concretos que ultrapassam a esfera de seu poder 
profissional, ou seja, aquilo que ele não tem como modificar e com isto, não levar para si o 
que não é seu. 
Outra forma fundamental de lidar com a angústia e sofrimento causados pelos impactos 
das desregulamentações dos direitos é retomar a luta política; sem ela, o adoecimento ou 
descomprometimento poderão ser as vias de vivência pessoal dos quadros cruéis de 
sofrimento presentes no cotidiano de trabalho. O serviço social tem uma longa trajetória de 
participação nas lutas e nos movimentos sociais e isto, nesta conjuntura, poderá ser um 
caminho importante de fortalecimento individual e coletivo. 
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É evidente que o quadro de precarização e intensificação do trabalho coloca limites à 
participação, especialmente de uma categoria profissional composta majoritariamente por 
mulheres cujas vivências numa sociedade machista e patriarcal estão permeadas por 
sobrecargas de trabalho. Ocorre que se a classe trabalhadora tivesse esperado condições 
adequadas para seguir a luta, quando a jornada de trabalho era de 16 horas diárias, jamais 
teria havido enfrentamentos, pois a exaustão do trabalho era quase absoluta. Foram e são 
exatamente estas condições adversas que impulsionaram e fizeram seguir as contínuas e 
recorrentes lutas daqueles que eram e são explorados e oprimidos nos diversos espaços do 
globo terrestre. 
Se atentar aos princípios que orientam a profissão é necessário nesta conjuntura de 
retrocessos. A luta pelos direitos é apenas uma das proposições da profissão; a luta contra a 
exploração e opressão são bandeiras de todos os tempos, independente do direcionamento 
das políticas sociais. Há muito tempo o serviço social sabe que o sentido e a direção do 
trabalho profissional não podem ser estabelecidos pelas instituições ou pelas políticas, mas 
sim pelo projeto profissional. Então, cabe aos profissionais, focar na responsabilidade política 
para com o usuário e, com isto procurar outros caminhos a partir das condições concretas nas 
quais o trabalho profissional se desenvolve. Realizar o trabalho educativo “apesar da política” 
pode ser uma alternativa, afinal este é um tempo de disputas ideológicas e políticas de grande 
monta; fortalecer os sujeitos que são nossos usuários como sujeitos coletivos faz parte dos 
princípios fundamentais da profissão. 
Afinal, a dimensão teórico metodológica e ético política que permite ao profissional dar 
uma direção ao seu trabalho profissional não deixa de existir em conjunturas adversas como 
esta, apenas muda de configuração, pode aumentar ou diminuir de potência. E a construção 
de uma nova ordem societária sem exploração e opressão continua em nosso horizonte 
profissional. 
 Yasbek afirma que este é um momento de grandes dificuldades, mas também de luta e 
resistência: 
Questão de grande tensionamento, poisse trata de uma interlocução com o 
adverso. Como lutar pela liberdade, pela equidade, pela justiça, pela 
construção de direitos, contra práticas racistas e homofóbicas, entre outros 
aspectos, neste contexto? Como levar adiante este embate? Luta desigual, 
mas que deve nos encontrar preparadas (os). Luta que só se luta no coletivo – 
um traço da nossa história, mas que deve ser de cada um, todos os dias. Luta 
que supõe o estudo, a pesquisa e o debate: não há melhor caminho para 
qualificar o trabalho da profissão e seu projeto ético-político que o estudo, a 
pesquisa e o debate. (YASBEK, 2019, p.87). 
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 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Os retrocessos civilizatórios advindos da expansão do capital em termos planetários 
reforçam a assertiva de Meszáros (2002): socialismo ou barbárie. A lógica desenfreada do 
lucro e o avanço do capital especulativo sobre o capital produtivo tem provocado uma 
ampliação de mecanismos de expropriação e subjugação de povos e nações em todo o 
mundo. 
 No Brasil, assim como na América Latina, os retrocessos civilizatórios atingem os 
parcos direitos conquistados pela classe trabalhadora e acentuam ainda mais o grave quadro 
social existente. Os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro seguem à risca as orientações 
ultraneoliberais na condução da economia e, socialmente constroem um quadro de 
instabilidade incitado pelo apelo à violência e repressão. Os valores democráticos e os pactos 
civilizatórios são atacados e a vida da população pobre é banalizada e negligenciada. 
 Os impactos desta forma de condução do Estado no âmbito das políticas públicas são 
devastadores, conforme demonstrado neste artigo. Mas também há fortes rebatimentos para 
um conjunto de profissionais que trabalham diretamente com os segmentos mais 
pauperizados, como é o caso do serviço social. 
 É fundamental que os/as assistentes sociais se qualifiquem teórica e politicamente 
para o trabalho profissional. Apreender o que é resultante das condições objetivas do trabalho 
profissional é essencial para não se sobrecarregar com aquilo que não pode ser temporária 
ou permanentemente modificado; por outro lado, compromete e alinha o profissional para 
fazer tudo o que as suas habilidades teórico-metodológicas e seu compromisso ético político 
permitem, no sentido de fortalecer os seus usuários nos diversos espaços sócio ocupacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
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https://www.congressoservicosocialuel.com.br/trabalhos2019/assets/4604-231474-35820-2019-04-04.pdf
https://www.congressoservicosocialuel.com.br/trabalhos2019/assets/4604-231474-35820-2019-04-04.pdf
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Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
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 ANAIS - IX CONASSS - Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde - XII SIMPSSS – Simpósio de 
Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: REFLEXÕES A RESPEITO DO PROCESSO SAÚDE-
DOENÇA DE ASSISTENTES SOCIAIS 
 
Edvânia Ângela de Souza10; Lara de Souza Tonin11, Maria Liduina de Oliveira12 e Silva; 
Onilda Alves do Carmo13; Vinícius Boim14 
 
RESUMO: Este texto aborda elementos do perfil profissional de 
assistentes sociais que atuam em serviços de saúde, a partir de 
dados parciais coletados por meio do projeto de pesquisa: 
“Processo de Trabalho e saúde do\a(s) assistentes sociais que 
atuam nos serviços de seguridade social no Brasil”. A presentediscussão se restringe a área da saúde, com evidencias para o 
trabalho profissional e relação de trabalho e saúde de 
assistentes sociais 
Palavras-chave: Sistema Único de Saúde (SUS). Seguridade 
Social. Trabalho e Saúde. Saúde do\a Trabalhador\a. 
 
ABSTRACT: This text discusses elements of the professional 
profile of social workers who work in health services, based on 
partial data collected through the research project: “Work and 
health process of social workers who work in security services. 
in Brazil ”. This discussion is restricted to the health area, with 
evidence for professional work and the relationship between 
work and health of social workers 
Keywords: Unified Health System (SUS). Social Security. Work 
and Health. Health of the Worker. 
 
 
 
 
 
10 Assistente Social. Profa. Dra. do Departamento de Serviço Social da Faculdade de Ciências Humanas e 
Sociais (FCHS), UNESP-Franca. Profa. Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e 
Políticas Sociais - PPGSSPS - Mestrado Acadêmico da UNIFESP-Baixada Santista. E-mail: 
edvaniaangela@hotmail.com. 
11 Aluna de graduação em serviço social da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS), UNESP-
Franca e bolsista PIBIC do projeto de pesquisa Processo de trabalho e saúde dos\(as) assistentes sociais que 
atuam nos serviços de Seguridade Social no Brasil”. E-mail: lstonin_@hotmail.com. 
12 Assistente social, Profa. Dra. do curso de graduação em Serviço Social da Unifesp e coordenadora do 
Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Políticas Sociais (PPGSSPS), UNIFESP-BS. E-mail: 
liduoliveira90@gmail.com. 
13 Assistente Social e Profa. Dra., do Departamento de Serviço Social da Faculdade de Ciências Humanas 
e Sociais (FCHS), UNESP-Franca. E-mail: onildalves@uol.com.br. 
14 Assistente Social do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (crst Lapa). E-mail: 
boim.vinicius@gmail.com. 
mailto:liduoliveira90@gmail.com
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Serviço Social em Saúde, de 22 a 24 de setembro de 2020, ISBN 978-65-86378-02-3. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
No Brasil, verifica-se que há extensa produção bibliográfica a respeito do Sistema 
Único de Saúde (SUS), com predomínio para a trajetória da política de saúde no Brasil; o 
Movimento de Reforma Sanitário Brasileiro (MRSB) e a construção do SUS. Constata-se 
também que a questão da privatização da saúde e a terceirização dos serviços têm sido foco 
de inúmeros estudos e de inúmeras atividades de resistência da Frente Nacional Contra a 
Privatização da Saúde, aqui, é importante reconhecer o importante trabalho que a Profa. Dra. 
Maria Inês Bravo vem desenvolvendo junto às lideranças e militantes da Frente, na sua 
agremiação e consolidação, tornando o MRSB extremamente atual e em movimento. Além de 
inúmeros trabalhos que abordam os princípios institucionais, de gestão e de organização da 
política de saúde (SUS) e dos serviços e dos estudos que abordam dados epidemiológicos. 
Todavia, a respeito da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras que atuam nos serviços de 
saúde públicos a produção ainda é escassa, sobretudo, quando se fala em condições de 
trabalho e saúde de assistentes sociais. Tradicionalmente médicos foram assuntos de 
diversos estudos, em anos mais recentes estudos abordam as condições de trabalho dos 
profissionais da área de enfermagem. Entretanto, o trabalho profissional e respectivas 
condições de trabalho de assistentes sociais ainda têm sido pouco estudados. Portanto, a 
discussão ora proposta trata de uma temática relevante, especialmente para o serviço social, 
mas também para subsidiar políticas públicas favorecedoras do trabalho digno, decente e de 
qualidade, o que, de certa forma, já foi indicado por Iamamoto (2008). 
Frente à precarização dos serviços públicos em geral, e de saúde, em especial, se 
verifica a insuficiência das equipes de saúde, o que além de provocar a precarização dos 
serviços, gera também a sobrecarga laboral das equipes. Além de interferir diretamente no 
trabalho prestado, uma vez que esse se torna mais imediatista e voltado para o atendimento 
das demandas emergenciais e imediatas. 
A internalização da disciplina do trabalho e da inteira disposição para a sua rotina, 
ainda que em condições ultrajantes, com contratações irregulares, baixos salários ou até 
mesmo marcadas pelo trabalho voluntário tem sido estimulado no mundo inteiro, com especial 
adesão pelo Brasil, onde se sabe, a precarização do trabalho é a sua marca, mas a partir de 
2017, essa precarização do trabalho que é estrutural no sistema do Capital e que, no processo 
histórico da formação social e econômica tem as marcas do trabalho escravo, da não 
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cidadania, e do não acesso à participação popular no poder político econômico, tudo isso, 
vem sendo adensada de forma avassaladora no contexto brasileiro, tais como são exemplos, 
as contra reformas trabalhista (LOURENÇO, 2018) e da Previdência Social (BRASIL, 2019), 
a terceirização irrestrita (LOURENÇO, 2018) e a Carteira Vede Amarela (BRASIL, 2020). 
Byung Chul Han, no livro: “A sociedade do cansaço” (HAN, 2017), discute que a 
sociedade do século XXI, já não é reconhecida pelo caráter imunológico, tão presente no 
século XX, quando instituições foram erguidas para selecionar, tratar, inspecionar e combater 
o risco de doenças. Assim, essa teria sido a sociedade da disciplina e da negatividade, a 
sociedade do não poder. Já, no momento atual, a sociedade do século XXI, é marcado pela 
positividade, “Yes, we can”, e pela hiperatividade. Mas, segundo esse autor, não é que a 
sociedade do século XXI não seja imunológica, mas a mudança a ser considerada é que a 
reação ao que é estranho, vem sendo, cada vez mais, substituída pela positividade, daí que 
o paradigma imunológico não coaduna com o problema da globalização, quando predomina 
a violência neural, que leva ao “infarto psíquico” (HAN, 2017, p.20). O autor explica que: [...] 
a violência neuronal não parte mais de uma negatividade estranha ao sistema. É antes uma 
violência sistêmica, isto é, uma violência imanente ao sistema. Tanto a depressão quanto o 
TDAH [o autor denomina como síndrome da hiperatividade, no Brasil, vem sendo tratada como 
Transtorno de Déficit de Atenção] ou a SB [Síndrome de Burnout] apontam para um excesso de 
positividade (HAN, 2017, p.21). 
Essa análise realizada por Byung Chul Han (2017) é importante para compreender as 
relações sociais de trabalho na sociedade contemporânea. 
 
2. METODOLOGIA 
 
O objetivo desse texto é discutir os elementos do trabalho profissional do serviço social 
na área da saúde a partir de um projeto mais amplo, o qual se encontra em andamento15, 
 
15 Este projeto de pesquisa intitulado: Processo de trabalho e saúde dos\(as) assistentes sociais que atuam nos serviços 
de Seguridade Social no Brasil” foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Unesp-Franca. Está previsto para ser concluído 
em dezembro de 2020 e conta com a participação de pesquisadores(as) de três universidades públicas, quais sejam: Faculdade 
de Ciências Humanas e Sociais (Unesp-Franca), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul (UFRG), sendo as respectivas coordenadoras de cada região as profas. dras. Edvânia Ângela de Souza (Unesp-Franca), 
Vera Gomes (UFPA), Jussara Mendes (UFRGS) e Dolores Sanches Wünsch (UFGRS). Esse projeto também fez parte das 
atividades de pós-doutorado, desenvolvido no período de 2015 a 2017 no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da 
Unifesp, sob a supervisão do prof. Dr.. Francisco Antonio de Castro Lacaz, quando o projeto de pesquisa tambémfoi aprovado 
pelo Comitê de Ética da Unifesp e submetido e aprovado pelo CNPq, conforme Processo n. 445443/2015-4, 2015-7. Atualmente, 
foi submetido e aprovado na modalidade Bolsa Produtividade (PQ), sendo aprovado sob o n. 313708/2018. 
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sendo que para essa discussão foram selecionados apenas os dados acerca do perfil 
profissional de assistentes sociais que atuam nos serviços da saúde. Para tanto, são 
considerados 463 questionários, ou 40,72% do total da amostra de 1.138 questionários 
respondidos em âmbito nacional. Cabe sublinhar que o questionário visa obter informações 
das condições de trabalho e saúde em todo o país, mas o aprofundamento dos dados se deu 
por meio da realização de entrevistas individuais, coletivas e grupos focais com assistentes 
sociais que atuam na área da saúde de uma cidade de médio porte do interior do estado de 
São Paulo. 
O questionário foi hospedado em um site de uma universidade pública e ficou 
disponível para a participação de assistentes sociais em âmbito nacional, todavia, para 
ampliar a participação, também foram distribuídos os questionários durante eventos de grande 
porte da categoria profissional, tais como: Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais 
(CBAS), nas edições de 2014 e 2016; Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social, 
edições de 2014 e 2016; Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde (CONASSS), 
edições de 2015 e 2017, Seminário Anual de Serviço Social da Cortez, 2016 e 2017 e demais 
eventos e\ou atividades coletivas de assistentes sociais em que se teve a oportunidade de 
participar. Em geral, apenas 30% dos questionários distribuídos retornaram. Além disso, 
contou-se com o apoio da ABEPSS e CRESS-SP na divulgação da chamada para a 
participação na pesquisa. Mas há que se registrar que a expectativa quanto a participação 
neste estudo ficou abaixo do esperado, considerando as várias estratégias utilizadas para a 
divulgação do questionário. 
Os questionários, tanto na versão impressa quanto on line, foram acompanhados do 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O critério para a participação neste 
estudo foi ser assistente social e estar na ativa em um dos serviços da Seguridade Social. 
É importante destacar que para maior êxito desse estudo, conta-se com a participação 
de pesquisadora\e(s) das regiões Norte e Sul do país, respetivamente, das Universidades 
Federais do Pará (UFA) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), ampliando 
assim, o estudo para o âmbito nacional. 
Neste texto, a discussão se limita ao perfil das profissionais e alguns aspectos do seu 
trabalho profissional do serviço social na área da saúde. 
 
3. AMOSTRA DOS DADOS 
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No total dos questionários respondidos, no período de agosto de 2014 a dezembro de 
2019, obteve-se 1.138 questionários. Desses, considerando as três áreas da Seguridade 
Social (assistência social, saúde e previdência social), na totalidade, obteve-se maior 
presença de assistentes sociais da área da assistência social, com um total de 46,22% [526]; 
saúde 40,69% [463] e a previdência social com como 13,09% [149]. 
Portanto, evidencia-se maior participação neste estudo de assistentes sociais que 
trabalham nas políticas de saúde e assistência social e, em menor proporção, na previdência 
social. Trata-se de considerar que os serviços de assistência social e de saúde estão 
organizados de forma descentralizadas, assim, estão disseminados nos vários municípios 
brasileiros, enquanto que a Previdência é um serviço federal, que se organiza para o 
atendimento público apenas regionalmente, portanto, estão em quantidade inferior que as 
outras duas áreas da seguridade social, donde há também menor quantidade de profissionais. 
Além do mais, na década de 1990, o governo de Fernando Henrique Cardoso (FCH, PSDB) 
excluiu o serviço social do organograma da Previdência Social (SOUZA; ANUNCIAÇÃO, 
2020). 
 Neste texto, não se tem espaço para explanar a respeito das especificidades de cada 
uma dessas áreas, mas cabe informar que, no âmbito da Previdência Social o serviço social 
tem encontrado maiores dificuldades para a sua inserção e permanência, sendo que, no 
momento atual, o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), além de editar a 
Medida Provisória n. 871, de 19 de janeiro de 2019, a qual foi convertida em Lei 13.846, de 
18 de junho de 2019 (BRASIL, 2019), promovendo ampla revisão dos benefícios 
previdenciários, eliminando grande parte desses; também realizou a contrarreforma da 
Previdência, criando sérios impedimentos para futuras aposentadorias e acesso aos 
benefícios. Novamente, o Serviço Social foi alvo de ataque e retirado do organograma da 
Previdência. 
Assistentes sociais atuam na efetivação dos direitos sociais, o que implica na defesa 
da efetivação das políticas sociais de qualidade, sendo assim, em muitas situações, esses 
profissionais são vistos como quem incomoda. Dessa forma, governos que têm o mercado e 
a defesa de interesses particulares como centrais da sua gestão, frequentemente, se 
incomodam com profissionais críticos, portanto, utilizam da força política e da administração 
autoritária para a gestão como violência, assediando, silenciando, excluindo e afastando 
profissionais dos serviços (GAULEJAC, 2007). 
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Cabe registrar que desde 2016, as políticas sociais no Brasil vêm sofrendo ampla 
ofensiva do capital, que para sanar a sua crise estrutural e retomar as suas taxas de 
acumulação, impõe a mercantilização do acesso aos serviços e políticas sociais, banalizando 
as necessidades sociais e da vida humana, tal como é a edição da Emenda Constitucional 
no. 96 (BRASIL, 2016) e o ataque aos direitos do trabalho (LOURENÇO, 2018) e 
previdenciários (LOURENÇO; LACAZ; GOULART, 2017). 
Novos ataques aos direitos sociais vêm sendo editados, como é exemplo a Medida 
Provisória no. 905, de 11 de novembro de 2019, que instituiu a Carteira Verde Amarela, 
promovendo, numa tacada só, a radical restrição dos direitos do trabalho e previdenciários, 
impondo o\a(s) trabalhadore\a(s) a toda sorte de exploração e, ainda, tem inviabilizado a 
sustentação da previdência, considerando medidas como: isenções de setores econômicos 
da contribuição previdenciária, Desvinculação dos Recursos da União (DRU), entre outras, 
como a atual MP no. 905, que institui o contrato da Carteira Verde Amarelo estipulando a 
contribuição previdenciária em 2% independentemente da remuneração do\a trabalhador\a 
(SOUZA; ANUNCIAÇÃO, 2020). 
Observa-se que todo esse processo de ataque aos direitos sociais interatuam com as 
condições de trabalho e, em consequência, com a saúde. Assim, neste texto, são abordados 
de forma sumária dados relativos à área da saúde, da pesquisa em andamento, já 
mencionada anteriormente. 
É importante registrar que essa pesquisa recebeu maior envolvimento de assistentes 
sociais oriundas do estado de São Paulo, mas conta com questionários respondidos por 
profissionais de todos os estados do país. Todavia, o estudo também aprofunda os dados nas 
regiões Norte e Sul do Brasil, por meio da participação de pesquisadoras da Universidade 
Federal do Pará (UFA) e do Rio Grande do Sul (UFGRS). Assim, da totalidade de 1.138 
questionários até então respondidos, 119 são da região Sul

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