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RESENHA International Relations Theory and the Hegemony of Western Conceptions of Modernity - Sandra Halperin

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DISCIPLINA TEORIAS II- 2020-1
PROFESSOR DR. RAMON BLANCO
MESTRADO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS -PPGRI
 
NOME DA/DO ESTUDANTE: Marinalva de Lima	
Resenha Crítica do texto “International Relations Theory and the Hegemony of Western Conceptions of Modernity”. Sandra Halperin In: JONES, Gruffydd (ed.). Decolonizing International Relations. New York: Roman & Littlefield, 2006. 
A obra editada com o título “Decolonizing International Relation do autor Gruffydd” reúne vários artigos de pesquisadores como Marc Williams, Cate Eschle, Sandra Julian Saurin, Alison Ayers, Mustapha Pasha que contribuíram para que o projeto fosse apresentado em um workshop sobre descolonização das relações internacionais realizado na University of Aberdeen em abril de 2005. O livro, de modo geral, se apoia em última análise, na crença da importância e da necessidade de uma investigação social crítica como um meio de melhor compreender o mundo, bem como procura contribuir para uma melhor compreensão das relações internacionais, história e ordem mundial, confrontando a herança colonial que a RI moderna falhou em lançar luzes sobre isso.  É também um livro que admite a leitura individual de cada artigo, sem perder a riqueza de análise dada em cada um deles.
Entre os pesquisadores constantes no livro está Sandra Halperin Professora de Relações Internacionais e co-diretora do Centro de Política Global e Transnacional do Departamento de Política e Relações Internacionais da Royal Holloway, Universidade de Londres. Sua pesquisa se concentra principalmente na natureza e na forma do desenvolvimento global e seu impacto em diferentes partes do mundo. Sua principal preocupação é entender como as sociedades se desenvolvem por meio de processos essencialmente transnacionais e transregionais. 
Especificamente em seu artigo, incluso no livro citado e que é objeto de análise desta resenha, intitulado de “International Relations Theory and the Hegemony of Western Conceptions of Modernity” Halperin apresenta como argumento central o elo que as teorias de Relações Internacionais, em especial, as mais clássicas possuem com a manutenção da ordem internacional. Segundo a autora, ao criar e validar uma infinidade de mitos sobre episódios históricos europeus e, consequentemente, sobre a história da formação dos Estados e do sistema internacional; essas perspectivas contribuem para um projeto hegemônico e justificam expansão política e militar brutal da hegemonia dos países do Norte, ocultado esse processo com uma narrativa de esclarecimento e progresso. A autora articula suas alegações em torno de dois tópicos centrais e subtópicos:
A primeira seção trata dos mitos fundamentais da ascensão da Europa e subdivide-se nos seguintes tópicos: A natureza da expansão europeia; As descobertas europeias e As revoluções europeias. Nesta sequência do artigo, a autora destaca uma série de mitos que distorcem a compreensão do amplo período histórico em que grande parte das teorias contemporâneas das Relações Internacionais se baseiam, propõe repensar e rever esses mitos para refazer perguntas que impliquem na estruturação de elementos alternativos de natureza ontológica. Halperin afirma em um trecho do texto que foram os avanços culturais, sociais e intelectuais alcançados no mundo não europeu que tornaram possível a expansão militar da Europa e forneceram a base e, em graus variados, o conteúdo de suas revoluções. (p.45)
Nessa perspectiva, questiona o uso do termo "revoluções europeias" que segundo a autora foi usado para descrever processos de mudança que não eram realmente europeus ou realmente descontínuos com o passado, pois as ideias do Iluminismo Europeu foram grandemente influenciadas pelas culturas da China, do Oriente Médio e de ideias estoicas.
Em outro momento do texto, afirma ainda que os povos europeus não ampliaram sua modernidade ou procuraram modernizar suas colônias, porque nem os colonizadores europeus nem seus intermediários apoiavam o real desenvolvimento de instituições que capacitasse ou enriquecesse as massas para que não se tornassem uma ameaça aos interesses com fins imperialistas. (p. 47)
A visão da superioridade cultural e intelectual europeia, definindo ainda mais as relações entre a Europa e o resto do mundo em termos de sociedades avançadas e primitivas, forneceu apoio ideológico adicional à conquista e à dominação europeias. Uma das contribuições mais importantes do Iluminismo para esse projeto foi o desenvolvimento de uma nova historiografia centrada na noção de progresso. (p.50)
No segundo tópico, Halperin elenca os mitos da revolução industrial e moderna do desenvolvimento europeu, com os seguinte subtópicos: Industrialização não revolucionária da Europa e Democratização.  Aqui a autora delineia o que viria a ser caracterizado como o “mundo industrial avançado” e o “terceiro mundo” e explana como essa disjunção reforça a convicção de que a Europa viria a revolucionar o mundo tecnologicamente, cientificamente e intelectualmente, confirmando seu triunfalismo perante outras regiões não abrangidas pelos europeus.  Segundo a autora, apesar da aceitação dessa crença, sustenta que esse crescimento econômico da Europa considerado incomparável não condiz com a realidade. Ela contradiz esse argumento por meio de dados de desempenho econômico da Europa em relação a outras nações, da época.
Ainda a autora afirma que o discurso liberal de que o desenvolvimento industrial na Grã-Bretanha foi promovido e liderado por uma classe média capitalista independente não se confirma, pois foi uma elite tradicional, aristocrática, proprietária de terra, oligárquica e recebedora de renda, que dominou o aparato estatal e o usou para canalizar a expansão industrial para formas não competitivas e sim monopolistas que asseguravam  a continuidade de estruturas rurais, pré-industriais, autocráticas e  feudais que usaram riquezas e privilégios que adquiriram no passado para garantir que os processos de industrialização não afetassem adversamente seus interesses. Referente ao desenvolvimento do processo democrático, a autora esclarece que as instituições políticas na Europa do século XIX foram estabelecidas pelas elites com o objetivo de preservar e estender seu poder social e econômico e, como resultado, foram continuamente comprometidas e minadas por esforços para preservar privilégios e impedir a aquisição de poder por grupos e classes subordinados. (p.57)
É interessante a forma como a pesquisadora utiliza a historiografia para pautar sua teoria, revelando marcas de experiências, que nem se originaram na Europa, mas influenciaram o processo de desenvolvimento da experiência europeia, contudo tiveram suas origens ofuscadas e, por conseguinte, acabaram sendo creditadas as práticas universalizadas europeias. 
Ao realizar esse movimento de retorno eventos históricos, ela nos fornece um enriquecimento único para refletir como as teorias críticas de fato não observaram com a devida rigorosidade a representação ideológica que a Europa faz de sua própria história, pois por meio da distorção de relatos e silenciamentos quanto a alguns eventos históricos, os europeus desvalorizam e negam a contribuição que outras culturas não ocidentais tiveram na sua ascensão. Os teóricos críticos também erroneamente acolhem a ideia de que o desenvolvimento foi um processo de crescimento econômico organizado nacional e global, tais posturas acabam por reforçar a base histórica das Teorias Convencionais em RI e fornece um apoio ideológico adicional à conquista e à dominação europeia. Desse modo, as teorias críticas acabam deixando intacta grande parte da base histórica e ontológica do Mainstream das Relações Internacionais. (p.43)
Nesse mesmo sentido, Siba N. Grovogui, importante crítico das teorias das Relações Internacionais, afirma que pesquisadores ocidentais das Relações Internacionais têm relutância em repensar as suas atividades científicas. Como consequência deste “esquecimento” das críticas pós-coloniais, os teóricos das RI seguem, por meio da representação contínua da visãode mundo do Ocidente como a única verdadeira “realidade internacional”, reforçando estruturas patriarcais de poder, interesses e identidades. (GROVOGUI, 2002).
Esse é o desafio para o qual nos convida o texto de Sandra Halperin: a ampliar a atenção para a base histórica e ontológica do Mainstream, levantando questionamentos quanto a posição dos países ocidentais enquanto únicos atores com legitimidade para decidir quais devam ser os valores e as normas a reger a sociedade internacional, e partir dessa reflexão buscar elementos para desenvolver uma perspectiva alternativa.
Referências
GROVOGUI, Siba N. Postcolonial Criticism: International Reality and Modes of Inquiry. IN: CHOWDHRY, Geeta; NAIR, Sheila. Power, Postcolonialsm, and International Relations: Reading Race, Gender and Class. London: Routledge, 2002.
HALPERIN, Sandra. International Relations Theory and the Hegemony of Western Conceptions of Modernity. In: JONES, Gruffydd (ed.). Decolonizing International Relations. New York: Roman & Littlefield, 2006.

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