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Apostila I - Contabilidade Geral I

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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO 
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO 
COORDENAÇÃO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
 
 
Coordenação do Curso de Ciências Contábeis 
Rod. MT 358 Km 07.Cx P: 287 – Jd. Aeroporto 
 Fone: (65)3311-4906 
e-mail: contabeis.tga@unemat.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CONTABILIDADE GERAL I 
 
 
Apostila I – 2017/1 
Prof. Josiane S. Costa dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCEITO X HISTÓRIA DA CONTABILIDADE 
 
A contabilidade é um instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada 
de decisões tanto no ambiente interno quanto externo da entidade. Ela é muito antiga, sendo utilizada 
por antigas civilizações para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. 
Estudos apontam fatos históricos da Contabilidade há aproximadamente 4.000 a. C. a seguir 
fatos que relatam a evolução da história da contabilidade. 
Imagine um homem, na Antiguidade, sem conhecer números, e muito menos, a escrita, 
exercendo a atividade de pastoreio. O inverno está chegando. O homem prepara toda a previsão para 
o sustento do seu rebanho de ovelha olhando para um período longo de muito frio que está se 
aproximando. Ainda que ele nunca aprendesse sobre os meses do ano, ele sabe que a neve está se 
aproximando, pois as folhas das árvores ficaram amarelas e caíram e assim ocorreu no passado por 
inúmeras vezes. Ele não sabia o que eram as estações do ano, mas tinha experiência: árvores secando, 
frio chegando. 
 Antes que caísse a primeira neve ele escondia seu rebanho num aprisco para protegê-lo do frio 
que matava. Era um período de monotonia, de ociosidade. Depois de tosquiar as ovelhas, não se tinha 
nada para fazer a não ser olhar pelas frestas a neve caindo. O que fazer nesse período? 
 De repente o homem se questiona: “quanto será que o meu rebanho cresceu desde o último 
frio até hoje? Será que o meu cresceu mais que do Floreto ‘ (Floreto era o pastor de ovelhas vizinho 
mais próximo deste homem na antiguidade ). Este homem, assim como qualquer um, era ambicioso, 
tinha desafios e queria ver sua riqueza aumentando. 
 Aqui entra a função da contabilidade já no início da civilização : avaliar a riqueza do homem; 
avaliar os acréscimos ou decréscimos dessa riqueza. Como o homem naturalmente e ambicioso, a 
contabilidade existe desde o início da civilização. 
 Mas como contar o rebanho e avaliar seu crescimento se não existiam números (da forma que 
sabemos hoje), nem escrita e, muito menos, moeda? O homem teve uma ideia. Havendo um pequeno 
monte de pedrinhas ao seu lado, o homem separa uma pedrinha para cada cabeça de ovelha, 
executando assim o que contador chamaria hoje de inventário. Após o término dessa missão o homem 
separa conjunto de pedrinhas, guardando-as com muito cuidado, pois o conjunto representava a sua 
riqueza num determinado momento. 
 Finalmente a neve derretia, o sol voltava a aquecer a montanha do homem do pastoreio. A 
superfície da montanha voltava a ficar verde e lá ia ele dirigindo o seu rebanho, protegendo contra os 
predadores, administrando assim a sua riqueza. Passado algum tempo, novas ovelhinhas surgiram e 
já se percebia que o nascimento era maior que a mortalidade e o descarte. A lã era tirada e parte dela 
negociada em troca de alguns equipamentos rudimentares de caça e pesca. O tempo passava. 
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Novamente as folhas das árvores voltavam a ficar amarelas e começavam cair. Para nós, chamamos, 
hoje, esse fenômeno de outono. Para aquele homem era momento de fazer a provisão para sustentar 
sua riqueza no período da seca do inverno. 
 Novamente a neve caia. No aprisco (uma grande caverna no alto da montanha), estava de volta 
o pastor e seu rebanho. Nada mais natural que fazer nova contagem do rebanho. Um novo conjunto 
de pedrinhas era separado, uma pedrinha por cabeça de ovelha. 
 Ao comparar o atual conjunto de pedrinhas com o anterior, feito no inverno passado, o pastor 
constata que houve um excedente de pedrinhas e isso representava que ele tinha sido bem-sucedido 
naquele período, ou seja, houve um acréscimo real no seu rebanho (um resultado positivo). Todavia, 
o pastor não estava satisfeito pelo fato de apenas avaliar o crescimento do rebanho. 
 Se houvesse números e escrita, poderia ser apresentado um relatório de riqueza do pastor. 
 O acréscimo do primeiro para o segundo inverno foi o correspondente a 14 ovelhas que, num 
sentido econômico, podemos chamar o lucro. O pastor da antiguidade certamente iria vibrar, pois sua 
riqueza praticamente dobrou no período analisado. 
 
Contabilidade na Bíblia 
 
O livro de Jó, ainda que não seja o primeiro da bíblia, é considerado o mais antigo, Jó era um 
homem muito rico e justo, da terra de Uz no Oriente, que certamente, tinha um bom contador, pois 
na descrição de sua riqueza, no versículo três do primeiro capitulo, observa-se: “E era o seu gado sete 
mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas”. 
 A relação de bens do Jó demonstrava um cuidado no controle do seu patrimônio pessoal. No 
entanto... um dia Jó perde toda sua fortuna, tornando-se um homem pobre, sem nenhum bem. Mas 
no final do livro de Jó, algo surpreendente acontece e Jó recupera sua fortuna e não deixa de 
reencontrar um contador que num certo momento, apresenta um relatório surpreendente: sua riqueza 
estava duplicada em relação ao primeiro inventário. 
“E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; porque teve quatorze mil 
ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois e mil jumenta”. (descrito no capitulo 42, versículo 
12 do Livro de Jó). 
 Esse e diversos exemplos mostram que a contabilidade já existia com o primitivismo dos 
povos, ainda que os conhecimentos da matemática, das letras, dos negócios e até mesmo de 
patrimônio fossem limitados. 
Passando a fase da antiguidade, a Contabilidade teve seu florescer, como disciplina adulta e 
completa, nas cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras. Estas cidades e outras da 
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Europa fervilhavam de atividade mercantil, econômica e cultural, a partir do século XIII até o início 
do século XVII. 
 Foi nesse período, mais precisamente em 1494 que o Frei Luca Pacioli publica, em Veneza 
a obra, a Summa de Arithmetica, Geometrica, Proportioni et Proportionalita, na qual se distingue na 
história da Contabilidade, pois apesar de ser um livro que trata principalmente de matemática, traz 
um capítulo dedicado ao método contábil das partidas dobradas, intitulado Particularis de 
Computies et Escripturis, no qual o método contábil é explicado integralmente a partir do inventário, 
provavelmente o primeiro a dar uma exposição completa e com muitos detalhes, ainda hoje atual, da 
Contabilidade. A obra de Pacioli pode muito bem ser vista como início do pensamento científico da 
contabilidade. 
 
A CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA 
 
Uma Ciência é um estudo de relações no sentido do conhecimento da verdade. Trata-se de 
um esforço da mente na busca de conhecer qual a constância dos acontecimentos, o que os provoca e 
como se comportam em face da generalidade ou universalidade de ocorrência. 
Ao referir os aspectos históricos da contabilidade, alguns autores dedicam especial atenção 
aos antecedentes sociais, culturais e tecnológicos que foram determinantes do nascimento e do 
desenvolvimento da contabilidade, os quais permitiram sua classificação no campo das ciências 
sociais, pois é a ação humana que gera e modifica o fenômeno patrimonial, e não das ciências exatas, 
como alguns teóricos pretendiam. 
 
OBJETO E OBJETIVO DA CONTABILIDADE 
 
 O objeto de estudo da contabilidade é o PATRIMÔNIO das entidades sejam elas de fins 
lucrativos ou não. Assim a função da contabilidade é a de captar, registrar, acumular, estudar e 
interpretar os fenômenos contábeis originados da gestão patrimonial pessoas físicas ou jurídicas.O objetivo da contabilidade é o de fornecer informações como suporte à tomada de decisão 
aos diversos usuários da informação contábil. 
 
USUÁRIOS DA CONTABILIDADE 
 
 Os usuários são pessoas (física ou jurídicas) que utilizam da contabilidade, que se interessam 
pela situação da empresa e buscam na contabilidade respostas. 
 
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Usuários da informação contábil: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PATRIMÔNIO 
 
 O Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações. 
 
 
 
 
 
 
 
BENS 
 
São objetos capazes de satisfazer às necessidades das pessoas e das empresas. Exemplo uma 
empresa que comercialize calçados logo poderá possuir os seguintes bens: balcão, prateleira, 
espelhos, calçados, computador etc. 
Os BENS podem ser classificados em BENS TANGÍVEIS e BENS INTANGÍVEIS. 
 BENS TANGÍVEIS: que são aqueles que tem forma física, são palpáveis e; 
 BENS INTANGÍVEIS: isto é não palpáveis, não constituídos de matéria, exemplos: marcas 
(Nike, Friboi, Coca-Cola), e patentes de invenção (documento pelo qual o Estado garante a 
uma pessoa ou empresa o direito exclusivo de explorar uma invenção. 
Bancos / 
Financiadores 
Empregados/ 
Prestadores 
de Serviços 
Investidores 
/ Sócios 
Analista 
Administradores 
Governo 
Fornecedores 
/Clientes 
Sindicatos, 
IBGE 
Informações 
Contábeis 
PATRIMÔNIO 
Bens e 
Direitos (a receber) 
Obrigações 
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Os bens além de ser tangíveis e intangíveis podem ser divididos em: 
 BENS IMÓVEIS: são aqueles vinculados aos solo que não podem ser retirados sem 
destruição ou danos: edifícios, construções, árvores etc. 
 BENS MÓVEIS: são aqueles que podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas: 
animais, máquinas, estoques de mercadorias etc. 
 
DIREITOS 
 
São valores que a empresa tem para receber de terceiros como por exemplo clientes. Os 
direitos originam-se não só de vendas de mercadorias a prazo, mas também por prestação de serviço, 
aluguéis, empréstimos. 
 Os direitos normalmente aparecem registrado nos livros contábeis com o nome representativo do 
respectivo direito, seguido da expressão “a Receber ou a recuperar”. Exemplos: 
 
ITENS VALORES 
Duplicatas a receber/Clientes a receber 2.000,00 
Promissória a receber 500,00 
Aluguéis a receber 800,00 
TOTAL 3.300,00 
 
OBRIGAÇÕES 
 
 Representam os valores que a empresa tem para pagar a terceiros. Neste caso terceiros são: 
Fornecedores, bancos, empregados, governo etc. As obrigações podem originar de compras à prazo, 
aluguéis de bens móveis e imóveis, de empréstimos, de empréstimos, de salários, de tributos. 
 As obrigações aparecem habitualmente registrada nos livros contábeis com o nome do 
elemento representativo da obrigação seguido pela expressão “a Pagar”, exemplos: 
 
ITENS VALORES 
Fornecedores /duplicatas a pagar 800,00 
Empréstimos a pagar 400,00 
Salários a pagar 350,00 
Encargos sociais a pagar (FGTS, INSS) 450,00 
Impostos a recolher 900,00 
Financiamento a pagar 1.100,00 
Contas a pagar (diversas) 500,00 
TOTAL 4.500,00 
 
 
 
 
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Exemplo composição de PATRIMÔNIO: 
 
 
ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DO PATRIMÔNIO 
 
 Vimos que o patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações. A contabilidade estuda 
o patrimônio em seus aspectos qualitativos e quantitativos. 
Os aspectos qualitativos tratam dos componentes do patrimônio segundo a espécie de cada um. 
PATRIMÔNIO 
Bens 
 Dinheiro 
 Móveis 
 Veículos 
Direitos 
 Duplicatas a receber 
 Aluguéis a receber 
Obrigações 
 Duplicatas a pagar 
 Impostos a pagar 
 
Os aspectos quantitativos referem-se ao valor que cada elemento pode ser expresso em moeda. 
PATRIMÔNIO 
Bens 
 Dinheiro.....................................10.000 
 Móveis........................................15.000 
 Veículos......................................50.000 
Direitos 
 Duplicatas a receber .....................8.000 
 Aluguéis a receber .......................5.000 
Obrigações 
 Duplicatas a pagar......................20.000 
 Impostos a pagar...........................5.000 
 
 
 
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REFERÊNCIA 
 
FILHO, José Francisco Ribeiro; Pederneiras, Jorge Lopes Marcleide , organizadores. 
Estudando Teoria da Contabilidade. Editora Atlas: São Paulo, 2009. 
 
MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
 
 
PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e 
intermediária. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
 
 
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Fundamental. 2 ed. Atualizada – São Paulo: Saraiva, 2010.

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