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Fisioterapia Psicossomática Prátitca LIVRO

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60
 
 (
Fisioterapia
Psicossomática
Prática
)
 
 
 
 
Liberato Neto
2015
Núcleo de Pesquisa em Fisioterapia Psicossomática-
NUPEFIPS
José Liberato de Carvalho Neto
 (
Fisioterapia Psicossomática 
Prática
)
2015
Núcleo de Pesquisa em Fisioterapia Psicossomática-
NUPEFIPS
Copyright by José Liberato de Carvalho Neto.
Todos os direitos desta edição reservados ao autor.
Esta obra ou parte dela pode ser reproduzida por qualquer meio mediante autorização escrita do autor.
Fisioterapia Psicossomática Prática
Autor
José Liberato de Carvalho Neto
 (
Fisioterapia Psicossomática
 Prática-
 CARVALHO NETO, José Liberato. 
 Fortaleza, 2015
 44p
)
 
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA	 
PREFÁCIO	
APRESENTAÇÃO	
INTRODUÇÃO	
PARTE I
CAP. I- Estudando um pouco a Psicossomática 
CAP. II- Memória da Dor 
CAP. III- Fatores psicológicos da fisiopatologia da Dor 
CAP. IV- Fisiopatologia da Dor 
CAP. V- Mecanismos de Modulação da Dor 
CAP.VI- Comportamento de dor: fatores envolvidos 
 
PARTE II
CAP. I-PRINCÍPIOS DA TRANSMIGRAÇÃO DA SENSAÇÃO DOLOROSA-TSD 
1.1-INTRODUÇÃO. 
1.2-A VONTADE COMO AGENTE MODULADOR. 
1.3-CONTROLE CONSCIENTE DA VONTADE-CCV. 
CAP. II- PASSO A PASSO PARA A REALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO.
2.1-COMO PREPARAR O PACIENTE PARA O ATENDIMENTO 
2.2-COMO AVALIAR O PACIENTE SOB A ÓTICA DA FISIOTERAPIA PSICOSSOMÁTICA 
2.3-COMO ESCOLHER A MELHOR TÉCNICA PARA CADA PACIENTE DE ACORDO COM SUA LEITURA CORPORAL 
2.4-AVALIAÇÃO DO PROGRESSO DO PACIENTE 
CAP .III- CASOS CLÍNICOS. ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA PSICOSSOMÁTICA DURANTE A ASSISTÊNCIA FISIOTERÁPICA CONVENCIONAL EM DESORDENS MUSCULOESQUELÉTICAS 
3.1-PACIENTE COM OMBRO CONGELADO/ CAPSULITE ADESIVA 
3.2-PACIENTE COM FASCITE PLANTAR 
3.3-PACIENTE COM LOMBALGIA 
3.4-PACIENTE COM TENOSSINOVITE 
ANEXOS 
GRÁFICOS 
REFERÊNCIAS 
DEDICATÓRIA
 Minha maior dedicatória a Deus, causa primeira de todas as coisas, por ser infinitamente justo e bom, arquitetando plena e belamente toda a trama de minha existência, pondo em meu caminho tudo aquilo que preciso e todos que são verdadeiramente importantes para que pudesse suportar todas as provas e expiações durante essa iluminada jornada da vida.
 A minha esposa Andréa e meus filhos, Ana Gabriella, Eduardo e Ítalo, que proporcionaram uma realidade muito especial em minha vida.
 Aos meus pais, meus mestres dedicados, propiciando as bases necessárias da vivência em família e sociedade civil, juntamente com meus irmãos.
 A cada um dos nossos pacientes que, gentilmente, aceitaram participar do desenvolvimento deste trabalho tão dedicado e precioso.
 Dedico este trabalho, especialmente, para os colegas Fisioterapeutas com espírito empreendedor, no sentido de ofertarem aos pacientes muito mais que uma abordagem clássica, fisiopatológica da terapêutica, mas sim um atendimento integralizado entre corpo e mente, entre matéria e psíquico. 
 Vislumbrando atingir realmente ao ser humano portador de uma enfermidade física com matriz em sua intimidade emocional.
PREFÁCIO
“O melhor remédio para o homem é o homem.
O mais alto grau da cura é o amor”
PARACELSO
 Fazer o paciente falar sobre seus dramas íntimos requer muita responsabilidade. Sobre tudo ter sigilo e, além de elevado profissionalismo, uma maturidade suficiente, pois o assistido deverá ter no terapeuta um ser em quem possa confiar. 
 Porém, deve-se evitar o excesso de envolvimento ou ser utilizado como depositório de lamentações ou como muleta psicológica.
 O corpo humano é o local onde ocorrem fatos desconhecidos do espírito. Segundo o escritor Peter Altenberg: “A doença é o grito de uma alma agredida”.
 O segredo é descobrir o que a agride. Para isso, o corpo oferece as necessárias rotas.
 
APRESENTAÇÃO
 A efetividade e a eficácia dos recursos fisioterápicos poderiam ser ampliados se os profissionais pudessem atingir o âmago da questão dolorosa.
 A real causa das doenças, em mais de 90% dos casos, mesmo as originadas de fungos, vírus, bactérias, genéticas, acidentais e abusivas contra a saúde, vêm de uma matriz psicossomática. No caso, a psiquè ou a mente humana.
 Porém, para que o fisioterapeuta atinja a real causa das dores físicas dos seus pacientes, não se faz necessária a criação de uma nova ciência, de uma exclusiva e infalível técnica dentre as muitas já existentes no hall da fisioterapia.
 Mas sim, afinar todos os nossos instrumentos terapêuticos, principalmente o recurso humano, para juntar as várias notas já existentes e, assim, poder compor uma melodia mais completa na atuação no controle efetivo da dor.
 Cabe ao terapeuta alimentar o seu arcabouço mental com informações pertinentes acerca das patologias psicossomáticas,não nos cabendo, neste trabalho, a apresentação das inumeráveis doenças físicas e suas leituras psíquicas.
 Esta singela publicação é o resultado de cinco anos de pesquisas e testes em pacientes da fisioterapia do nosso serviço, onde os mesmos, após assinarem um documento de autorização livre e esclarecida, submetiam-se aos testes e às avaliações pertinentes a suas personalidades e a correlação com as patologias apresentadas.
 Durante os cinco anos decorridos, de 2009 a 2014, entre o projeto de pesquisa e o trabalho prático propriamente dito, foram atendidas aproximadamente 560 pessoas, de ambos os sexos, entre idades de 25 a 80 anos, de variadas patologias, escolaridades e profissões, onde o fator de exclusão principal foi o estado cognitivo necessário para compreender o propósito de cada técnica realizada.
INTRODUÇÃO
 A Fisioterapia, como ciência voltada também para medidas analgésicas, pode, às vezes, esbarrar em dificuldades particulares da administração de suas medidas combativas da dor.
 Alterações do humor, como a distonia, alterações do estado emocional, como a depressão, alterações metabólicas, como a diabetes, alterações de ordem psicossomáticas, como fobias, enfim, podem representar barreiras severas à administração de medidas analgésicas usando recursos tais como os eletrotermofototerápicos, reduzindo, em muito, sua eficiência e sua efetividade.
 Muitas pesquisas mostram a existência de um sistema mantenedor da memória dolorosa e de sua elaboração por parte do sistema nervoso central, porém, ainda são muito escassas as informações acerca dos seus mecanismos e, principalmente, como fazer para evitar sua origem ou bloquear seus efeitos.
 Dentre as variadas formas dolorosas, uma das menos estudadas atualmente é a dor psicossomática. E, exatamente por isso, pode ser explicado o porquê da sua maior dificuldade terapêutica e curativa da fisioterapia quando esta dor vem intimamente associada a sequelas de patologias corriqueiramente atendidas pelos fisioterapeutas.
 A efetividade e a eficácias dos recursos fisioterápicos poderiam ser ampliados se os profissionais pudessem atingir o âmago da questão dolorosa. A real causa das doenças em mais de 90% dos casos, mesmo as originadas de fungos, vírus, bactérias, genéticas, acidentais e abusivas contra a saúde, está na psique ou a mente humana.
 Mas, para isso, não se faz necessária a criação de uma nova ciência, de uma exclusiva e infalível técnica dentre as muitas já existentes no hall da fisioterapia. Mas sim, afinar todos os nossos instrumentos terapêuticos, principalmente o recurso humano, para juntar as várias notas já existentes e, assim, poder compor uma melodia mais completa na atuação no controle efetivo da dor.
 O estudo mais aprofundado da Psicossomática possibilita a realização da atuação melhor da fisioterapia no âmbito da saúde no contexto biopsicossocial. Atendendo aos pacientes de uma forma global e não por um setor determinado, não como um portador de uma injúria ou de uma enfermidade.
 
 O Autor.
CAPÍTULO I- Estudando um pouco a Psicossomática
 Para facilitar o estudo das doenças a medicina moderna adotou o método de dividir o corpo em partes. As funções do corpo (respiratória, cardíaca, digestiva, etc.) são estudadas em blocos separados de sistemas e as alterações morfológicas são estudadas no universo dos órgãos. 
 A tendência de focalização do problema e de estudo por setores do corpo é uma concepção que acompanhou as ciências médicas principalmente no último século e que se desdobrou na setorização da clínica médica em especialidades, assim como na fisioterapia.
 Muitas divisões e separações se fizeram necessárias para o estudo dos micros universos de tecidos e órgãos. No entanto, nos últimos anos, muito se tem destacado sobre as relações e conexões existentes entre as múltiplas partes do corpo. Relações de funções, de órgãos e principalmente relações entre células. Esta conectividade do somático voltou a atenção dos pesquisadores para o estudo do conjunto, das vias e das conexões estabelecidas de formas variadas dentro do corpo.
 Cada vez mais moléculas de transporte e códigos de comunicações existentes entre as regiões corporais revelam um corpo em sua unidade de funcionamento. Um modo de funcionamento interligado. Sim, existe autonomia de células, órgãos e sistemas que trabalham independentes do funcionamento de outros setores. Sentimos, em nós próprios, que existem divisões em nosso corpo. Mas, o que se vem apontando, é que no corpo saudável e na doença existe uma constante dependência e inter-relação entre as partes.
 Temos, na atualidade, a concepção de um corpo humano que trabalha sob o modo autônomo e interligado de funcionamento. A máquina humana parece operar em ritmos de dissociação e integração das partes do corpo.
  Acompanhando todo esse paradigma “de setor e conjunto” do processo saúde-doença em funcionamento no corpo humano, voltamos a discussão para outra divisão secular da medicina. A divisão do homem em duas partes principais pouco comunicantes: o corpo físico e o mental/psicológico. 
 Esta divisão dual do homem em corpo separado de alma, denominação que se dava ao psíquico, não é a única concepção sobre a forma de compreender o mistério da existência humana.
 Embora estejamos acostumados a dar ao psíquico uma natureza separada do corpo, uma natureza exclusiva de vivência afetiva; estamos constantemente em contato com situações onde o somático (corpo físico) e o psíquico estão entrelaçados em plena e sofisticada comunicação de limite e fronteira.
  Anuncia-se na medicina moderna uma concepção de saúde e doença crescente que se interessa em estudar o corpo humano no seu funcionamento complexo de inteiro e partes e no funcionamento que estabelece como ambiente circundante.
 Alinhadas também numa complexidade, a Psicanálise e a Psicossomática são áreas do conhecimento que se interessaram pela concepção de unidade entre mente-corpo para compreender o sujeito humano. 
 Interessam-se pela zona de fronteira entre o corporal somático e o psiquismo, entre o sujeito e os outros, entre o sujeito e a cultura.
 Utilizando a psicossomática como elo articulador entre a medicina e a psicanálise, VOLICH em seu livro Psicossomática – clínica psicanalítica (2000) traça a historicidade da Psicossomática como uma prática clínica que se interessou pelo limite mente-corpo.
 “Herdeira das correntes que concebem a unidade corpo- 
 alma a psicossomática busca compreender a existência 
 humana, a saúde e a doença segundo essa visão integrada, 
 atenta para as manifestações dessa unidade no sujeito e 
 concebendo por meio dela, a ação terapêutica.
 A maior parte dos clínicos que se interessou pela psicossomática desde sua origem, veio da psicanálise. 
 Seguiram ou fizeram variações da teoria Freudiana para originar meios de compreensão dos fenômenos ou transtornos orgânicos que recebiam influência de efeitos do funcionamento psíquico inconsciente.
 Ferenczi, Groddeck, Pierre Martin, Winnicott, dentre outros são psicanalistas que descreveram situações clínicas e formularam hipóteses teóricas que serviram de base para o pensamento psicossomático contemporâneo, como descrito na obra Psicossomática: de Hipócrates à psicanálise de Rubens Marcelo Volich.
 Nada mais antigo e mais moderno do que Hipócrates e sua concepção do ato médico indissociado da parceria com o paciente: “... é necessário que o médico ajude o doente a combater a doença”. 
 O homem passa a ser visto como responsável por sua doençae, por isso mesmo, tendo uma história a contar para quem dele vai cuidar.
 Preconiza Hipócrates que o cuidador deve, necessariamente, aliar ao conhecimento científico uma visão humanística. Modelo de médico este que, atualmente, faz escolas de medicina se preocupar em incluir em seu currículo conteúdos de base humanística! 
 Mostra bem o autor, ao longo do capítulo, como as concepções de Hipócrates têm sido esquecidas e resgatadas em “ondas” através do tempo... (BELLODI, Patrícia Lacerda-Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, IV, 4, 153-157).
 Grande parte dos adoecimentos de causa orgânica indefinida, ou não identificada, ou mesmo em situações de adoecimentos sucessivos por patologias de lesão demonstrável levam nas suas origens o motor da cisão psicossomática.
 Ferenczi defende, já em 1926, a consideração das descobertas psicanalíticas no tratamento de toda e qualquer doença... 
 Groddeck assinala que a expressão psicossomática remete não a um estado, mas à própria essência do ser humano. Mais uma vez Hipócrates é resgatado quando este último aponta que “não deveríamos esquecer que não é o médico que derrota a doença, mas o doente”. (BELLODI, Patrícia Lacerda-Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, IV, 4, 153-157)
 Outros psicanalistas também se destacam na “aventura psicossomática”. Félix Deutsch e Franz Alexander buscando, na Escola de Psicossomática de Chicago, estabelecer relações entre estruturas de personalidade e tipos de doenças somáticas.
 Esforços estes que “marcaram” a psicossomática durante muito tempo com a ideia de especificidade. 
 Os pioneiros da psicossomática no Brasil, como Perestrello, Capisano, José Fernandes Pontes e Miller de Paiva foram “alunos” aplicados da escola americana de Chicago. (BELLODI, Patrícia Lacerda-Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, IV, 4, 153-157).
 Sem dúvida, Descartes é apresentado como figura histórica fundamental (século XVII) ao instaurar a concepção dualista (cisão) entre corpo e alma. Reforçada depois pela física newtoniana (século XVIII), a doença passa a ser considerada como um fenômeno da natureza passível de ser equacionado por meio de padrões objetivos.
 Entretanto, ao lado dos avanços científicos da biologia do século XIX (especialmente da patologia), a preocupação com o subjetivo e o individual também persistia.
 Empregando como recurso terapêutico o hipnotismo e a sugestão, Charcot, em Paris, cuidava de suas pacientes histéricas que apresentavam sintomas somáticos. E “esperava” Freud, sem “esperar”, contudo, a revolução de suas ideias. (VOLICH, Rubens Marcelo, Psicossomática: de
 Hipócrates à psicanálise-São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. Coleção Clínica Psicanalítica).
 No segundo capítulo da obra, Psicossomática: de Hipócrates à psicanálise, Volich(2001) relata o caminho de Freud de médico/pesquisador da neurologia à clínica das neuroses. Ao intuir que não havia correspondência entre os sintomas histéricos e a estrutura dos órgãos anatômicos, este desenvolve uma teoria, um método de investigação e uma clínica que passam a marcar a concepção das relações entre o psíquico e o somático de forma fundamental.
 A psicanálise inaugura uma “anatomia imaginária” e coloca o inconsciente e a sexualidade como estruturantes do sujeito – sexualidade esta apoiada no corpo e na relação deste corpo comum outro humano significante. (BELLODI, Patrícia Lacerda-Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, IV, 4, 153-157).
 O próprio conceito de pulsão é, segundo Freud, um “conceito-limite” entre o somático e o psíquico, e compreender os destinos e vicissitudes desta energia libidinal foi essencial para o entendimento do funcionamento psicossomático. (BELLODI, Patrícia Lacerda-Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, IV, 4, 153-157). 
 A noção de trauma, ou seja, de quantidades elevadas de excitação (derivadas de eventos reais ou imaginários) frente às quais os recursos do sujeito não dão conta, ajuda a entender o adoecer e o papel do cuidador junto ao paciente na administração desse “excesso”. 
 Quem nunca observou pacientes “atordoados/ traumatizados” ao saber que estão gravemente doentes e a palavra do outro, médico, amigo ou familiar, auxiliando em sua continência e compreensão? (BELLODI, Patrícia Lacerda- Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, IV, 4, 153-157).
 Também os polêmicos postulados de Freud, a respeito da pulsão de vida e, especialmente, da pulsão de morte, auxiliam a pensar (compreender? aceitar?) “como alguém programado a usufruir a vida encaminha-se, às vezes precocemente, para a destruição de si mesmo e do outro”.
 As dificuldades frente à aderência ao tratamento (quando as barreiras educacionais e sociais estão descartadas) talvez possam ser, como auxílio deste conceito, menos (ou mais) difíceis de tolerar pela equipe de saúde... (BELLODI, Patrícia Lacerda- Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, IV, 4, 153-157).
 Um conceito importante a ser desenvolvido neste trabalho é a ideia de que Representar é fundamental para “Metabolizar” estímulos e assim não adoecer... 
 “Metabolização” esta que se inicia na infância quando a mãe busca proteger seu bebê contra estímulos, organizar seus comportamentos e interpretar suas reações. 
 Fica claro o quanto os destinos da economia psicossomática dependem de uma “gerência materna” equilibrada: é apoiado nas lembranças das experiências de satisfação de suas necessidades pela mãe, que o bebê, ao repeti-las por intermédio da fantasia, inaugura sua vida psíquica. (VOLICH, Rubens Marcelo, Psicossomática: de Hipócrates à psicanálise- São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. Coleção Clínica Psicanalítica).
 O primeiro tópico do aparelho psíquico é fundamental para essas ideias: o pré-consciente, ao permitir a ligação do afeto a uma representação é fundamental para o equilíbrio psicossomático. (VOLICH, Rubens Marcelo, Psicossomática: de Hipócrates à psicanálise- São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. Coleção Clínica Psicanalítica).
 Afeto livre, ou desligado de representações, segundo Volich (2001) ,é afeto que busca descarga por meio de comportamentos ou de funções somáticas, e pode adoecer o sujeito.
 O conceito de mentalização diz respeito à atividade do sonho, da fantasia e criatividade, operações de representação e simbolização por meio das quais o aparelho psíquico busca regular as energias pulsionais e instintivas. (VOLICH, Rubens Marcelo, Psicossomática: de Hipócrates à psicanálise- São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. Coleção Clínica Psicanalítica).
 Se há falhas na constituição deste aparelho ou experiências de vida traumáticas e desorganizadoras, essas deficiências levam à utilização pelo organismo de recursos mais rudimentares como os motores ou os orgânicos. (VOLICH, Rubens Marcelo, Psicossomática: de Hipócrates à psicanálise- São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. Coleção Clínica Psicanalítica).
 Na Fisioterapia, a articulação de três campos do conhecimento humano: a Fisioterapia clínica, a Psicossomática e a Psicologia permite um modo fértil de compreensão dos problemas dos pacientes e gera um eixo teórico-clínico desafiador para um fazer Fisioterapia. 
  A Psicossomática psicanalítica é um método de prática clínica que, utilizado na fisioterapia, pode vir a facilitar a integração somatopsíquica do sujeito no seu processo de recuperação funcional.
I.1-A abordagem psicossomática
 O conceito atual de ‘psicossomática’, de acordo com Lipowiski (1984), tem a intenção de abarcar uma visão de integralidade do homem, ou seja, sua totalidade, um complexo mente-corpo em interação com um contexto social. Aborda a inseparabilidade e a interdependência dos aspectos psicológicos e biológicos da humanidade.
 O termo ‘psicossomática’ foi utilizado pela primeira vez por um psiquiatra alemão chamado Heinroth,em 1808, quando realizou seus estudos sobre insônia; mais tarde, em 1823, ele introduziu o termo ‘somato-psíquico’ para abordar a influência dos fatores orgânicos que afetam os emocionais. Já o termo ‘medicina psicossomática’ foi apresentado por Felix Deutsch, em 1922 e desenvolvido de forma mais consistente por Helen Dunbar, em seu livro “Mudanças emocionais e biológicas: uma pesquisa da literatura sobre inter-relações psicossomáticas: 1919-1933”. Essa última autora já apontava em seus trabalhos que o termo ‘psicossomática’ não seria adequado por não conseguir compreender a unidade mente e corpo, porém tal expressão acabou sendo consagrada cientificamente por falta de outra melhor e, conseqüentemente, caiu em domínio público (Ramos, 1994).
 Mello Filho (2002) também comentou que o termo ‘medicina psicossomática’ não abrange a totalidade dos fenômenos que influenciam a saúde do homem, como os sociais e culturais, e sugeriu, baseado nas idéias de Perestrelo (1974), que o termo mais completo poderia ser medicina ‘psicossociossomática’; porém, como o termo original já está definitivamente implantado, ele permanece mesmo sendo incompleto. O mesmo autor comentou que, atualmente, a visão psicossomática já conquistou um espaço importante entre as práticas médicas, tendo como prova disso a atual definição de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS): “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e não apenas a ausência de doença”.
 Apesar de ser alvo de críticas, esse conceito consegue ser mais próximo de uma visão de homem integral, pois considera as influências biopsicossociais. Corroborando com esse pensamento, e indo além dele, destaca-se a Teoria da Complexidade de Morin (2002), que afirmou que o homem está em relação com seu ecossistema, sofre suas influências e o influencia.
 Assim é necessário respeitar a singularidade do homem no seu ecossistema complexo, levando em conta simultaneamente seus processos biológicos, psicológicos, sociológicos e culturais (Morin 2002; Pena-Veja & Nascimento, 1999).
 Vasconcellos (1998) ressaltou ainda que os segmentos mais avançados desse movimento da abordagem psicossomática exigem que o bem-estar não seja apenas biopsicossocial, como aponta a OMS, massim que abranja também as dimensões espiritual e ecológica. Para que esses conceitos sejam acolhidos, o autor considerou importante a necessidade de uma flexibilidade paradigmática, que exige arcabouços metodológicos ainda não existentes. No entanto enfatizou a influência dessas cinco dimensões (bio, psico, social, espiritual e ecológica) no equilíbrio homeostático do organismo, salientando que lentamente o conceito biopsicossocial está se transformando em um conceito biopsicossocioespiritual-ecológico. Assim a saúde e a doença sofrem constantemente a influência dessas dimensões, não tendo uma única etiologia e possuindo uma dinâmica diversa.
 A medicina psicossomática é apontada como vanguarda do pensar e do fazer na área da saúde. No entanto é importante relembrar que essa abordagem possui 2.500 anos de construção, tendo seus primórdios no surgimento da medicina com os aforismos de Hipócrates (séc. VI a.C.), considerado o pai da medicina. Ele definiu o homem como um sistema integrado constando de corpo, alma (psiquismo) e ambiente, portanto estruturou seus pensamentos sobre essa base (Riechelmann, 2000).
 Volich (2000) também apontou a psicossomática como herdeira do pensamento antigo que considera a unidade corpo-alma. Afirmou que sua busca está embasada na visão integrada de homem, perseguindo a compreensão da existência humana, da saúde e da doença através das manifestações da unidade do sujeito e estruturando ações terapêuticas sobre esse enfoque.
 O mesmo autor relembrou que, ao retornar à época em que o corpo de conhecimentos da medicina moderna começou a ser constituído, encontra-se a concepção de Hipócrates que tem como pressuposto não analisar o corpo separado da alma, considerando que a psique exerce função reguladora no todo: “O corpo humano é um todo cujas partes se interpenetram. Ele possui um elemento interno de coesão, a alma; ela cresce e diminui, renasce a cada instante até a morte. É uma grande parte orgânica do ser” (Volich 2000, p.23).
 De acordo com Mello Filho (1992), o corpo de teoria da psicossomática moderna, ao longo do tempo, desenvolveu-se em três fases. A primeira foi estimulada pela psicanálise com o enfoque dos estudos sobre a gênese inconsciente das enfermidades, teorias da regressão e sobre os benefícios secundários do adoecer entre outros. A segunda é a fase intermediária, behaviorista, que se concentrou em pesquisas em homens e animais, tendo como auxiliar para sua interpretação as ciências exatas, havendo um grande avanço nos estudos sobre stress. Já a terceira fase, atual, chamada de multidisciplinar ou interdisciplinar, destaca a importância da dimensão social e suas interconexões com a visão psicossomática, necessariamente possuindo uma interação entre os diferentes profissionais de saúde.
 Uma importante contribuição para o avanço dos estudos sobre a interação mente-corpo foi dada por Hans Selye, com o desenvolvimento de suas ideias sobre a Síndrome Geral de Adaptação ou Síndrome do Stress.
 Segundo o autor, em toda doença há um elemento de adaptação, e a enfermidade é esse esforço defensivo e adaptativo do corpo que varia entre uma excessiva defesa ou excessiva submissão e que envolve tanto o biológico quanto o psíquico. A idéia principal dessa teoria, que contribuiu para a abordagem psicossomática, é de como o corpo se transforma sob o efeito do stress (Selye, 1956; Ramos, 1994).
 Como consequência da teoria do stress, pesquisas na área da Psiconeuroimunologia vêm ampliando os conhecimentos sobre a interação dos efeitos do stress sobre o corpo. Tal ciência, desenvolvida nos EUA por Robert Ader, há 20 anos, busca estudar, dentro do paradigma de integração, a relação existente entre os sistemas psíquico, neurológico, imunológico e, mais recentemente, endócrino. Primordialmente, essa área de conhecimento desenvolveu-se seguindo os caminhos clássicos da medicina comportamental; porém, atualmente no Brasil, está sendo ampliada com pesquisas que buscam o desenvolvimento conceitual da Psiconeuroimunologia sob o paradigma da integração (Vasconcellos, 1998).
 Para um entendimento mais aprofundado de como o stress pode influenciar nas doenças físicas, alguns conceitos precisam ser aprofundados. Tais conceitos servem também como um dos alicerces para o entendimento da abordagem psicossomática, que tem como cerne a interação entre o biológico, o psíquico e o social, e que, por sua vez, na proposta apresentada aqui, pode contribuir para um entendimento complementar da doença crônica de pele.
CAP. II- Memória da Dor
 Um dos maiores medos da humanidade, atualmente, não é o medo da morte. O primeiro lugar está atribuído ao medo de sofrer. Onde a dor, de qualquer monta, é o elemento principal deste estado de sofrimento. 
 Dentre os tipos de dores, é a dor crônica que mais assola aos seres humanos hoje em dia.
 Apesar de geralmente ser associada a aspectos físicos, a causa das dores crônicas é outra. Segundo o ex-presidente da SOFRED (Sigla em francês para Sociedade Francófona para o Estudo da Dor) Bernard Calvino, o que as produz é a Memória da Dor.
 Toda vez que alguma forma de informação ou estímulo (um tapa, por exemplo) incide sobre o sistema nervoso, deixa nele alguma marca, algum registro.
 Tratando-se das dores crônicas, a experiência prolongada de uma lesão (como as ocasionadas por má postura, por exemplo) transforma o sistema nervoso de tal modo que, mesmo com a cura da causa inicial, o estímulo doloroso pode permanecer.
 Isso acontece devido a dor ser tão intensa que deixa de ser um sintoma simples e se transforma em um estímulo crônico, não precisando de nova experiência para ser desenvolvida.
 De acordo com Calvino, ainda nãose sabe quais são as razões que originam "essa perversão do sistema nervoso", onde ele sabota o bem estar corporal.
 Para o pesquisador da Escola de Medicina da Universidade Harvard (EUA) Clifford Woolf, os mecanismos que originam e mantêm a memória da dor são cada vez mais estudados e compreendidos. 
 Na década de 80, foram descobertas as moléculas que dão origem ao fenômeno.
 Woolf described central sensitization of pain, demonstrating that phenomenon can be measured in nerve cells in the dorsal horn of the spinal cord, involves the neurotransmitter N-methyl-D-aspartate, can be moderated by opiates, and contributes to tactile allodynia and secondary hyperalgesia. 
 At a time when surgeons and anesthesiologists routinely administered analgesia after the patient complained of severe pain, he collaborated on clinical trials investigating the benefits of giving morphine analgesia prior to surgery, to preempt post-surgical central sensitization. His work is largely responsible for the current practice of treating pain early (preventive analgesia). He became a Professor of Neurobiology at UCL.
 As dores pós-operatórias oferecem um bom exemplo de memória da dor.
 Segundo dados da USP, entre 40% e 60% dos pacientes submetidos a cirurgias desenvolvem dores crônicas.
 No momento da cirurgia, a dor é bloqueada pelo uso de anestésicos. Mas a lesão (o corte de um músculo, por exemplo) produz um sinal que estimula, nos neurônios, a memória da dor, momentaneamente, inibida.
 O sistema nervoso capta e armazena a manifestação dolorosa. Com o fim do efeito da anestesia, a memória, originada da lesão inicial, agrava e prolonga a dor.
CAP. III- Fatores psicológicos da fisiopatologia da Dor
 Na obra A DOR FÍSICA (2008), o psicanalista francês J.D. Nasio preocupou-se com as origens psicológicas da dor corporal, mais claramente falando, se preocupa com aquela parte enigmática que vem descrita nos artigos médicos como o “fator psicológico” da fisiopatologia da dor. 
 Em consonância com pesquisadores da dor, o psicanalista reforça a necessidade de desbravar este território sob a perspectiva da pesquisa clínico-teórica.
 Os cientistas da IASP (Associação Internacional para Estudo da Dor) acreditam que o fator psíquico seja uma das principais causas da emoção dolorosa cujos mecanismos ainda continuam quase que inexplorados.
 Nasio (2008) reproduz os termos exatos da definição de DOR proposta pela IASP para identificar a incerteza que a própria comunidade científica percebe quando elabora o conceito formal de dor corporal.
  “A DOR é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão tissular real ou potencial, ou ainda descrita em termos que evocam essa lesão”.
 Nasio comenta: “... relendo essas linhas, medimos a ambiguidade do termo “dor”. Mais do que uma sensação, ela é emoção, e até uma emoção que pode nascer sem lesão tissular responsável: uma experiência descrita em termos que evocam essa lesão”. 
 Vemos como essa definição reconhece a existência de uma dor real, isto é, concretamente sentida e declarada pelo paciente, mas sem ter ,necessariamente, uma injúria orgânica que a justificasse.
 “Em resumo, a IASP reconhece que a dor poderia existir apenas no plano do vivido e na queixa que a exprime”.
 Reconhecemos em nós e em nossos pacientes: a dor é real sempre, independo de que se desenrole na falta de uma lesão detectável. 
 Para compreender os bastidores da dor, para vasculhar o aspecto psíquico da dor, função que muito cabe à psicanálise, “é necessário descer até o âmago do eu” (NASIO, 2008).
 “A prática da psicanálise nos ensina que uma dor intensa sempre nasce de um transtorno do Eu, mesmo momentâneo: e que uma vez ancorada no inconsciente, ela, a dor, reaparecerá, transfigurada em acontecimentos penosos e inexplicados da vida cotidiana”.
  Segundo Nasio (2008),” “no ponto de vista psicanalítico, não há diferença entre dor física e dor psíquica, ou mais exatamente ,entre a emoção dolorosa e a dor psíquica propriamente dita.”
 Podendo ser entendido, então, que não poderemos debelar a dor sem atingirmos, verdadeiramente, a sua causa.
 Atingindo a matriz psíquica poderemos entender e corrigir, junto com o doente, o seu efeito prejudicial, isto é, a dor física.
CAP. IV- Fisiopatologia da Dor
Nocicepção 
 O primeiro passo na sequência dos eventos que originam o fenômeno sensitivo-doloroso é a transformação dos estímulos ambientais físicos ou químicos intensos em potenciais de ação, que das fibras nervosas periféricas são transferidos para o SNC. 
 Os receptores Nociceptivos são representados pelas terminações nervosas livres presentes nas fibras mielínicas finas A-d e amielínicas C. 
 De acordo com os estímulos que os acionam, são classificados como: termomecânicos, químicos e polimodais inespecíficos (TEIXEIRA, 1990; WAISBROD, 1984).
 A sensibilização da nocicepção nos tecidos decorre de vários mecanismos: 
-Ativação de receptores silenciosos
-Redução do limiar de geração de potenciais
-Inflamação neurogênica.
-Atividade do sistema neurovegetativo simpático (SNNVS).
-Sensibilização dos neurônios sediados nos gânglios sensitivos 
Ativação de receptores silenciosos. 
 Muitos receptores “silenciosos” em condições normais, especialmente os relacionados com as fibras C, são ativados durante a ocorrência de processos inflamatórios.
Redução do limiar de geração de potenciais.
 Os receptores nociceptivos são sensibilizados pelas substâncias algiogênicas, incluindo a bradicinina, a acetilcolina, as prostaglandinas, a histamina, a serotonina, o leucotrieno, a tromboxana, o fator de ativação plaquetário, os radicais ácidos e os íons potássio, liberados no ambiente tecidual do interior dos mastócitos, leucócitos, vasos sanguíneos e células traumatizadas. 
 São responsáveis pela hiperalgesia termomecânica primária e pela vasodilatação observada em lesões traumáticas, inflamatórias e isquêmicas. 
Inflamação neurogênica.
 A substância P, a neuroquinina A e B e o peptídeo relacionado geneticamente à calcitonina (CPGR), entre outros, são liberados nos tecidos pelas terminações nervosas dos aferentes nociceptivos e interagem com elementos celulares envolvidos na inflamação (neutrófilos, linfócitos, plasmócitos, macrófagos, fibroblastos, células de Schwann, etc.), atraindo-os ou ativando-os, geram vasodilatação e instalação de processo inflamatório de origem neurogênica (SEDIVEC, 1983). 
Atividade do sistema neurovegetativo simpático (SNNVS). 
 O SNNVS libera noradrenalina e prostaglandinas nos tecidos, que contribuem para sensibilizar os nociceptores. Hoje sabemos que, mesmo após a cessação do trauma, o próprio sistema nervoso sabota o corpo liberando mediadores químicos de dor.(Memória da dor)
Sensibilização dos neurônios sediados nos gânglios sensitivos (WAISBROD, 1984).
 Em se sensibilizando neurônios sediados nos gânglios sensitivos, as informações contidas desenvolverão sua marcação na área, diretamente proporcional ao número de estímulos nociceptivos e sua decorrente duração. Este fenômeno pode explicar as bases da memória da dor.
CAP. V- Mecanismos de Modulação da Dor
 Apesar das evidências sobre a existência de mecanismos supressores, desde o início deste século, foi com a apresentação da teoria de comporta por MELZACK & WALL, em 1965, segundo a qual a supressão da dor decorreria da inibição pré-sináptica na medula espinal, resultante da colisão entre potenciais dos aferentes primários e os antidrômicos originados na substância gelatinosa do CPME, que os sistemas modulatórios da dor passaram a ser reconhecidos.
Os interneurônios ativados pelos aferentes de grosso calibre gerariam potenciais negativos nas raízes sensitivas e reduziriam a amplitude dos potenciaisnociceptivos;
 A atividade das fibras discriminativas do SNP de grosso calibre bloquearia a transferência das informações nociceptivas para os neurônios do CPME e as influências hiperpolarizantes dos aferentes de calibre fino.
 A ausência de correspondência anatômica, eletrofisiológica, neuroquímica e de achados clínicos que sustentassem a teoria de comporta, como originalmente idealizada, foram razões para que ela não mais fosse aceita como apresentada. 
 Entretanto, teve o mérito de inaugurar um conceito apropriado para justificar a sensibilidade, que é o da Interação Sensorial, segundo o qual:
“As diferentes modalidades e qualidades sensoriais interagem entre si, modificando-se quanto à sua expressão.” (WAISBROD, 1984).
 Esta declaração de Waisbrod (1984) reforça a tese de que um estímulo, ao mesmo tempo audiovisual e somestésico, realizado em dermátomos contralaterais aos da dor, poderá, de acordo com o período de tempo em que foi desferido, bloquear o estímulo nociceptivo ou, até mesmo, a dor.
Antinocicepção (Encefalinas e Endorfinas) 
 A administração de morfina e a estimulação elétrica de regiões limitadas da substância cinzenta periaquedutal mesencefálica e da substância cinzenta ao redor do III ventrículo resulta em analgesia e deprime a atividade dos neurônios das lâminas I e V do CPME.
 Há receptores de morfina e neurotransmissores com atividades semelhantes às dos agentes morfínicos na amígdala, hipotálamo, núcleo caudado, substância cinzenta periaquedutal mesencefálica, tálamo, substância gelatinosa da medula espinal (PAGNI, 1976). 
A Leucina e a Metionina-encefalina (derivadas da pró-encefalina)
 Estão presentes nos neurônios e terminações nervosas da amígdala, tálamo, substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo e núcleos magno e dorsais da rafe e CPME; 
A b-Endorfina (derivada do hormônio lipotrópico) 
 Está presente nas células da porção anterior e intermediária da hipófise e em fibras que, do núcleo arqueado, projetam-se no septo, tálamo, mesencéfalo e substância periaquedutal do mesencéfalo (HODGE et al., 1983); 
A Dinorfina (derivada da pró-encefalina-B) 
 Está presente na substância negra, estruturas do sistema límbico, no CPME e substância periaquedutal mesencefálica. 
A Dineoendorfina 
 É difusamente distribuída no SNC. 
Há vários subtipos de receptores de morfina. 
 Os receptores m são os mais importantes para a atividade analgésica da morfina no compartimento supra-espinal, e estão concentrados nas vizinhanças da substância cinzenta periaquedutal mesencefálica, estriado, 
córtex cerebral, habênula, tálamo e lâminas superficiais do CPME. 
 Os receptores k estão presentes no hipotálamo, claustro e substância periaquedutal mesencefálica. 
 Os receptores d são escassos no encéfalo e estão presentes em elevada concentração nas lâminas superficiais do CPME (HODGE et al., 1983). 
 Uma pesquisa cientifica conseguiu identificar a enzima que atua no processo neurofisiológico da dor crônica: 
 Então, com a informação de que substâncias moduladoras da dor estão presentes em várias estruturas encefálicas (Leucina e a Metionina-encefalina, nas amígdalas tálamo, substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo e núcleos magno e dorsais da rafe e CPME, b-Endorfina, presente nas células da porção anterior e intermediária da hipófise e em fibras que, do núcleo arqueado, projetam-se no septo, tálamo, mesencéfalo e substância periaquedutal do mesencéfalo, Dinorfina, presente na substância negra, estruturas do sistema límbico, no CPME e substância periaquedutal mesencefálica.), cabe o raciocínio de que, agindo-se no sentido de se estimular especificamente a ação destas substâncias, por meio de técnicas tais como Controle Consciente da Vontade, Transmigração da Sensação Dolorosa e Bloqueio da Memória da Dor (A saber, em detalhes nos capítulos posteriores), o próprio organismo será capaz de controlar a intensidade dolorosa e até mesmo bloqueá-la, na proporção que o indivíduo atue mais conscientemente na execução das técnicas propostas.
 Sabendo-se que estas substâncias moduladoras da dor apresentam-se, em grande quantidade, no Corno Posterior da Medula Espinhal(CPME), fica fácil compreender a importância de se utilizar as próprias vias do Arco-Reflexo para a estimulação de sua liberação, por meio de estímulos audiovisuais e táteis intensivos durante a manifestação dolorosa, melhor abordado durante as apresentações dos casos clínicos na parte II desta obra.
CAP VI- Comportamento de dor: fatores envolvidos 
 A experiência dolorosa é, portanto, resultado da interrelação entre a interpretação das qualidades sensoriais com os componentes afetivos, cognitivos, comportamentais com as reações fisiológicas que se expressam frente à estimulação ou disfunção do sistema nociceptivo. 
 A interpretação do fenômeno é individual. 
 O indivíduo atribui significados idiossincrásicos ao fenômeno sensorial de acordo com o estado mental e o valor simbólico imaginário que representa. 
 Os comportamentos são determinados pelo significado e não pela natureza ou intensidade do estímulo original. 
 Este significado é a resultante da interação de determinantes físicos, psíquicos, ambientais e socioculturais. 
 Para sua expressão, concorrem alterações orgânicas e respostas emocionais de negação, ansiedade, raiva, depressão, impotência, desamparo, dependência, necessidade de proteção e desesperança.
 A confluência destes fatores determina o colorido particular das experiências dolorosas e influencia a adoção de atitudes, e os resultados dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos e as consequências biológicas, psicológicas, sociais, comportamentais e ambientais do sofrimento.
 Como será abordado nos capítulos posteriores, será de fundamental importância uma excelente consulta ao paciente, envolvendo tanto os achados somáticos quanto os psíquicos, para a elaboração do diagnóstico Psíquico funcional.
 Qualquer que seja a natureza da dor, dela resultam modificações do comportamento psíquico e, por mecanismos reflexos, hiperatividade do sistema nervoso neurovegetativo e aumento do tônus muscular, com a consequente instalação de dor miofascial.
 Então, como ferramentas valorosas para se debelar com maior eficácia o processo álgico, lançamos mão de técnicas abrangentes em Fisioterapia Psicossomática, participando, ao mesmo tempo, com as técnicas eletrotermofototerápicas consagradas pela Fisioterapia Moderna ao longo dos anos.
PARTE II
CAP. I-PRINCÍPIOS DA TRANSMIGRAÇÃO DA SENSAÇÃO DOLOROSA-T.S.D.
1.1-INTRODUÇÃO
1.2-A VONTADE COMO AGENTE MODULADOR
1.3-CONTROLE CONSCIENTE DA VONTADE-CCV.
CAP. II- PASSO A PASSO PARA A REALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO.
 2.1-COMO PREPARAR O PACIENTE PARA O ATENDIMENTO
 2.2-COMO AVALIAR O PACIENTE SOB A ÓTICA DA FISIOTERAPIA PSICOSSOMÁTICA
 2.3-COMO ESCOLHER A MELHOR TÉCNICA PARA CADA PACIENTE DE ACORDO COM SUA LEITURA CORPORAL
 2.4-AVALIAÇÃO DO PROGRESSO DO PACIENTE
CAP. III- CASOS CLÍNICOS. ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA PSICOSSOMÁTICA DURANTE A ASSISTÊNCIA FISIOTERÁPICA CONVENCIONAL EM DESORDENS MUSCULOESQUELÉTICAS
 3.1-PACIENTE COM OMBRO CONGELADO/ CAPSULITE ADESIVA
 3.2-PACIENTE COM FASCITE PLANTAR
3.3-PACIENTE COM LOMBALGIA
3.4-PACIENTE COM TENOSSINOVITE
1.1-INTRODUÇÃO
 Tão importante quanto entender os fatores que envolvem a dor e suas características é poder controlá-la conscientemente.
 O corpo humano possui áreas que já são facilmente excitadas pela mente, como a região erógena (órgãos sexuais), o que possibilitará maior facilidade no momento prático da atividade de controle da dor.
 Após rever todos aqueles assuntos sobre dor e reestudar vários autores e suas escolas, poderemos perceber que o corpo reflete reações próprias dos estados de sua alma, espírito ou psiquè.
 É fundamental podermos aceitar claramenteque a psiquè pode modelar perfeitamente o corpo, desde a sua aparência externa até o seu funcionamento interno.
 Estudando a Psiconeuroendócrinoimunologia poderemos compreender a interconexão de vários sistemas e seus órgãos. 
 Onde a mente tem intrínseca ação por sobre as estruturas cerebrais. Por sua vez, o cérebro controla as reações das glândulas que constituem o sistema endócrino. Por fim, o sistema endócrino atua intimamente nos estados imunes do corpo, onde a saúde e a doença estão estabelecidas à medida que este sistema controle as reações do sistema imune.
 É importante entendermos, desde o início, que estas duas grandezas, corpo e mente tem um elemento intermediário que faz ser capaz a ligação íntima entre eles. 
 Segundo Vinardi (2010) Alguns cientistas, como os da escola russa, chamam de M.O.B. - Modelo Organizador Biológico, a energia Bioplasmática de Reich e da escola americana, o Raio N de Reichenbach. Já os espiritualistas chamam de Perispírito. Aqui não iremos nos adentrar na esfera espiritual nem nos ater aos detalhes.
 Entender o funcionamento deste elemento intermediário pode ser a chave que faltava para complementar ao binômio da doença: corpo x mente. 
 Para isso é preciso saber que a matéria física que compõe o corpo é incapaz de perceber, com seus recursos, as grandezas e a natureza material do MOB ou perispírito.
 Com essas informações, o cuidar não pode mais ser entendido como uma simples aplicação de uma metodologia terapêutica, como a ação de um medicamento na corrente sanguínea a procura de seus receptores em um sítio ativo.
 A arte de cuidar exige muito mais do que movimentos mecânicos, repetidos e sem uma essência emocional, sem uma doação de si mesmo.
 O sucesso da terapêutica envolve muito da força das vontades de ambas as partes. Do doente e do terapeuta. Este conjunto, este binômio, doente x terapeuta também é intermediado por um terceiro elemento, por uma grandeza que faz possível a transição do estado do doente ao modo como o terapeuta intenciona alcançar para o seu assistido.
 Porém, isso tudo é proporcional à intenção de cada elemento. Diretamente proporcional à energia desprendida para alcançar o objetivo que, neste caso, pode partir de uma leve melhora a uma recuperação funcional completa do estado inicial do doente.
 Percebe-se, assim, que o mecanicismo durante o atendimento não ajuda em nada no alcance desejado. Pois, na arte de tratar alguém com recursos da fisioterapia, sempre estarão inseridos recursos próprios do ser humano: sua vontade, seu interesse, sua intenção, sua confiança, sua fé.
 Quando o terapeuta consegue desenvolver a empatia, desenvolve também a capacidade de ouvir e conseguir ler o que se passa no íntimo de cada paciente. 
 Consegue desvendar as batalhas psicológicas que se movem em sua alma e pousam em seu corpo, imprimindo em áreas específicas as reações simbólicas das agruras causadas pela angústia, medo, ansiedade, tristeza, raiva, enfim, por fatores de ordem psicossomática.
 Conseguir desbloquear estas áreas facilita, em muito, o tratamento de dores de todo jaez, sendo grande auxiliar no processo de analgesia por meio de recursos fisioterápicos.
 Fazer o paciente falar sobre seus dramas íntimos requer muita responsabilidade. Sobre tudo ter sigilo e, além de elevado profissionalismo, uma maturidade suficiente, pois o assistido deverá ter no terapeuta um ser em quem possa confiar. Porém, deve-se evitar o excesso de envolvimento ou ser utilizado como depositório de lamentações ou como muleta psicológica.
 Para isso, o profissional deverá fazer perguntas com as quais possa ter a reflexão do próprio doente sobre a sua situação e, a partir disso, ele mesmo consiga trilhar seus caminhos no sentido da resolução dos seus problemas íntimos. Deve-se perguntar fazendo o paciente entender que ele mesmo já sabe o que fazer, porém, ainda se sentindo um tanto quanto bloqueado para dar início a essa caminhada em busca do seu objetivo.
 Mas, sem tempo necessário para conhecer ao paciente, durante a consulta ou durante os procedimentos, nada disso será possível. Podendo ser a ferramenta que faltava para o alcance da melhora integral do doente.
 O terapeuta sem sensibilidade nunca alcançará o doente como um todo. Tendo, em seu serviço, muitos doentes insatisfeitos com o seu atendimento, desacreditados com o tratamento aplicado, desmotivados em continuar sendo assistidos por aquele profissional repetitivo, superficial e insensível.
1.2-A VONTADE COMO AGENTE MODULADOR
 Na vida, desde cedo, damos início às nossas descobertas motivados pela necessidade de suprirmos nossas vontades. E, consequentemente, quando não alcançávamos os nossos objetivos, expressávamos nosso sofrimento por meio do choro inconsolável e incontido, permanecendo irritadiços até quando outra vontade surgisse, fazendo-nos esquecer daquele “enorme” sofrimento de outrora.
 Entendendo logo que nossa vontade sempre estará voltada para o que há de melhor para nós, para o nosso conforto e bem estar, tudo aquilo que atrapalhar o prosseguimento neste sentido, nos causará sofrimento, desconforto e dor. Até mesmo o fato de sabermos que poderemos não alcançar o desejado por nós, causar-nos-á sofrimento em escalas variadas.
 Vivemos nesta constante busca do prazer e intensa fuga da dor. A maioria de nós passa por isso diariamente, sem se dar conta de que, por observação de um simples detalhe, estaria totalmente liberto deste ciclo vicioso: a concentração da vontade.
 Em se concentrando demasiadamente em uma vontade, proporcionar-se-á para ela uma energia de certa forma superior a realidade que a condiz. Isto é, será muito maior que o estado normal da necessidade.
 Por isso, uma dor muito leve poderá se transformar em uma dor lancinante, debilitante, de acordo com a potência imprimida por sobre a realidade.
 Isso representa a adição do componente psíquico ao componente físico. Agravando-se, assim, este sintoma, podendo iniciar-se um ciclo vital para uma dor de difícil diagnóstico, preocupante prognóstico, demorado tratamento e improvável cura.
 Então, poderíamos pensar que, se é a vontade consciente quem pode aumentar a intensidade da dor, esta mesma vontade consciente poderia minimizá-la, ou, até mesmo, anulá-la por completo.
 Tudo poderia ser uma questão de condução ou autodução da vontade. 
 Onde, na Condução, o terapeuta orienta, por meio de técnicas variadas, os caminhos da vontade do doente. Já na Autodução, será o próprio paciente quem conduzirá a sua vontade consciente.
 Não se trata aqui de técnicas de hipnose. Muito pelo contrário. Seria a percepção da realidade. A constatação instantânea do fato como ele é. Não como se pensa que é.
 Quando as impressões deixadas pela frustração das perspectivas não realizadas não mais tem interferência na vida de cada um, poder-se-á vislumbrar, com maior nitidez, a verdade dos fatos.
 O choque da realidade, como agente terapêutico, é amplamente utilizado no tratamento de adictos atualmente. 
 Onde cada um deles pode perceber por si mesmo, que a fantasia causada pelo uso das drogas nada tem de real e que a perspectiva de suas vidas apenas piorará com a continuidade do uso.
 Eles precisam sentir o sofrimento causado aos outros pela satisfação de sua vontade de consumir a droga, sem lhes ser dada a oportunidade da fuga.
 Devem ver com os próprios olhos a destruição que causam nas vidas dos familiares. Devem ouvir com os próprios ouvidos os lamentos das vidas aquebrantadas por sua vontade de estar onde não pode, de ter o que não precisa e de ser quem não conhece.
 Encarar-se de frente. Combater a si mesmo com vontade superior ao desejo pelo vício. Ocupar o espaço vazio com elementos positivos e construtivos pode ser o melhor caminho. 
 O mesmo poderia se dizer sobre doentes com sofrimento por dores cônicas intratáveis,que desenvolvem o “apego” à enfermidade e não conseguem perceber que a realidade poderia ser bem diferente se pudessem visualizar sua situação sem as dores. Porém, encontram-se tão absorvidos por sua percepção errônea de “ser doente e incapaz”, que não se permitem ver sob uma ótica diferente, mais positiva, animadora e otimista.
 Devemos lembrar que os pensamentos deletérios também viciam, assim como as reações intempestivas, agressivas e destruidoras. Tudo começará a ser resolvido, a partir da vontade de mudar.
 No momento em que a real necessidade de evolução surgir e movimentar o seu íntimo no sentido contrário da zona de conforto. Não se conseguirá resultados diferentes tomando as mesmas atitudes sempre.
 
1.3-CONTROLE CONSCIENTE DA VONTADE-CCV.
 A Dor também vicia. O S.N.C. por meio da ativação da memória da dor recria as condições existentes no momento do trauma. Por mais que este já tenha sido resolvido, seus miasmas ainda ficaram guardados nos registros da psiquè, de onde o corpo resgata as sensações e reações químicas deletérias aos tecidos.
 Então, poderíamos raciocinar que, se há a possibilidade de se desenvolver a memória química e emocional da dor, o mesmo poderia acontecer com a sensação de bem estar na ausência de dor, ou no prazer.
 Este é exatamente o raciocínio basilar da Transmigração da Sensação Dolorosa (T.S.D.). Onde, inicialmente, reduzir-se-ia a intensidade da dor ao seu padrão real, por meio do desvio da atenção usando o Controle Consciente da Vontade(C.C.V.) e, depois, transportar-se-ia para a região álgica a sensação de não-dor ou bem estar advinda de uma região do corpo bem distante do local afetado(T.S.D.).
 Estes mecanismos não são infalíveis, pois estão na dependência do ser humano para serem realizados. Porém, quanto mais se treinar a aplicação do método, maiores serão as chances de sucesso na redução da dor.
 Lembrando que foi idealizado como mais um recurso, coadjuvante durante a fisioterapia, pois poderá ser aplicado ao mesmo tempo em que os recursos eletrotermofototerápicos estejam sendo utilizados.
CAP. II-PASSO A PASSO PARA A REALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO.
2.1-COMO PREPARAR O PACIENTE PARA O ATENDIMENTO
 “Para isso, o profissional deverá fazer perguntas com as quais possa ter a reflexão do próprio doente sobre a sua situação e, a partir disso, ele mesmo consiga trilhar seus caminhos no sentido da resolução dos seus problemas íntimos. Deve-se perguntar fazendo o paciente entender que ele mesmo já sabe o que fazer, porém, ainda se sentindo um tanto quanto bloqueado para dar início a essa caminhada em busca do seu objetivo.”
 Fazer o paciente entender que ele é o agente causador de todos os seus males é uma grande missão. Mas é, verdadeiramente, o primeiro passo para a aceitação do problema. 
 Como já foi expresso aqui, deve-se encarar a situação problema de frente. Reconhecer-se como o criador da dor, do desequilíbrio, muito facilita no processo de desconstrução da memória da dor e abre precedente para a elaboração de uma nova grandeza que é considerada a memória da saúde.
 Muito do condicionamento psíquico que desencadeia a situação de injúria celular parte da não aceitação de elementos externos ao nosso verdadeiro Eu. Contudo, a mais fácil aceitação nos levaria a uma situação de resolutividade ímpar de qualquer situação vexatória, pelo simples fato de entendermos o mecanismo causador da modelação patológica do soma por meio da vontade impressa no psíquico.
 Em o paciente compreendendo e aceitando a sua responsabilidade maior no processo, desenvolver-se-á neste ínterim, a potencialidade de auto resolutividade da questão, por mais intrínseca que possa ser.
2.2-COMO AVALIAR O PACIENTE SOB A ÓTICA DA FISIOTERAPIA PSICOSSOMÁTICA E TRAÇAR O DIAGNÓSTICO PSÍQUICO FUNCIONAL.
 “Quando o terapeuta consegue desenvolver a empatia, desenvolve também a capacidade de ouvir e conseguir ler o que se passa no íntimo de cada paciente”. 
 “Consegue desvendar as batalhas psicológicas que se movem em sua alma e pousam em seu corpo, imprimindo, em áreas específicas, as reações simbólicas das agruras causadas pela angústia, medo, ansiedade, tristeza, raiva, enfim, por fatores de ordem psicossomática.”
 Ao receber um paciente em seu serviço, o fisioterapeuta psicossomático precisa, desde já, enxergar o indivíduo como um ser integral.
 Ao desenvolver o seu diagnóstico (Cinesiológico funcional, Pneumofuncional, Neurofuncional etc.) deve incluir, imediatamente, a relação psicossomática que levou à enfermidade e, a partir daí, à doença física (Diagnóstico Psíquico Funcional).
 Deve compreender, também, que a falta de firmeza emocional nos tentames da vida hodierna tem relação íntima e automática com a ausência de firmeza fisiológica, ou enfermidade que, em se prolongando, provocará uma alteração de ordem tissular que, tendo sua atuação mantida, causará a incapacidade funcional e, consequentemente, a alteração morfológica, agravando, ainda mais, o estado do organismo.
 Todos os achados demonstrados pela leitura da personalidade e atitudes psíquicas devem ser muito bem trabalhados no sentido de serem utilizados de forma positiva e construtiva, favorecendo ao processo de aceitação da doença, ajudando no destravamento psicológico causado pela depressão, iniciando uma atitude geratriz da nova realidade e ,consequentemente, proporcionando a situação necessária para a libertação do estado patológico.
 Cabe ao terapeuta alimentar o seu arcabouço mental com informações pertinentes acerca das patologias psicossomáticas, não nos cabendo, neste trabalho, a apresentação das inumeráveis doenças físicas e suas leituras psíquicas.
 É bastante necessário que o profissional tenha disponibilidade de tempo para cada paciente, espaço físico adequado para deixar o assistido o mais confortável possível e possa, com isso, relatar todos os fatos importantes os quais serão basilares para o diagnóstico Psíquico funcional.
 Percebe-se, assim, que a pressa ao atender, a superlotação dos setores de fisioterapia e a falta de empenho dos profissionais em desenvolverem a excelência durante o procedimento são elementos contraproducentes ao atendimento bem sucedido.
 Valendo salientar que este será, a priori, um procedimento coadjuvante aos elementos terapêuticos utilizados e consagrados pela Fisioterapia moderna.
2.3-COMO ESCOLHER A MELHOR TÉCNICA PARA CADA PACIENTE DE ACORDO COM SUA LEITURA CORPORAL.
 “Conseguir desbloquear estas áreas facilita, em muito, o tratamento de dores de todo jaez, sendo grande auxiliar no processo de analgesia por meio de recursos fisioterápicos.”
 Lembrando que o corpo humano é formado, em sua maior proporção, por estruturas relacionadas com fluidos, sejam sólidos, líquidos ou gasosos, e que está intimamente ligado ao equilíbrio entre os movimentos fisiológicos desses fluidos, interferindo no estado de homeostasia, poderemos afirmar que a sobrecarga funcional de algum sistema, movida pelo excesso de estímulos em uma dada região, inicialmente aumentará o consumo de energia e diminuirá a nutrição celular pela inexistência do período de repouso ou período refratário. O que ocorre, claramente, em estados de obsessão por alguma atividade, por uso de substâncias ou por manutenção de monoideias.
 Queremos, com isso, atentar para o fato de que, ao permanecer o organismo por um longo período em uma mesma atividade, o mesmo terá seu equilíbrio abalado em pouco tempo, pois, quando o sistema hiperexcitado começar a não mais ter combustível para usar em sua atividade, o mesmo recrutará os sistemas vizinhos, imediatamente próximos, para fornecerem energia para que continue exercendo suas funções, mediante a aceitação e obediência aos estímulos hiperexcitatórios. 
 Como exemplos práticos, poderemos citar as lesõesconjugadas de ligamentos articulares causadas por exercícios extenuantes; Esteatose hepática causada pela glutoneria; Tosse seca causada por estados ansiosos da mente; lombalgias provocadas por repetidos episódios de indecisão; Constipação intestinal oriundas de personalidade intransigente; Osteoartroses geradas por atitudes inflexíveis; Gastrenterites advindas do uso abusivo de bebidas com elevado teor ácido, etc.
 Enfim, a exacerbada atividade de uma área tem interferência no equilíbrio de todas as outras regiões do corpo. 
 Em se estabelecendo a causa psíquica do transtorno somático, tem-se facilitado, assim, o alcance da escolha do melhor método a ser utilizado.
 Uma área bloqueada por hiperexcitação tem necessidade primeira de ter deslocada a sensação de mal estar ou desequilíbrio. No caso de uma lombalgia, por exemplo, pede-se para que o paciente se concentre em uma parte do corpo imediatamente distante da coluna lombar e mais próxima do Sistema Nervoso Central, por exemplo, a mão. No caso de uma lombalgia unilateral, pede-se que o assistido se concentre na mão contralateral à dor lombar. Isso cria um caminho exatamente oposto aos estímulos álgicos capitados pela região lombar. Desconectando as sensações dolorosas, minimiza a percepção álgica, facilitando, deste modo a desconstrução da memória da dor.
 Os artifícios para atrair a atenção do paciente podem ser desde a estimulação tátil, térmica ou mesmo sinestésica.
 Durante a avaliação inicial, o terapeuta poderá perceber se o paciente em sua frente tem personalidade Visual, Auditiva ou Somestésica. Ou a junção de um deste três padrões com certa prevalência de algum.
 O paciente terá prevalência visual se o mesmo acompanhar cada movimento, com os olhos, que o terapeuta fizer enquanto conversam. Mostrará os exames complementares ao terapeuta apenas após ler cada um, acompanhando curioso tudo o que o profissional escrever.
 O assistido terá personalidade preferencialmente auditiva quando ouvir as orientações do terapeuta sem fazer contato visual com o mesmo, geralmente observando o ambiente ao derredor ou cabisbaixo. Prestará muito mais atenção ao que o profissional disser do que ele possa lhe mostrar nos exames.
 Já o paciente somestésico procurará o conforto assim que chegar ao consultório, não suportando esperar para ser atendido, nem conseguindo permanecer em uma fila. Sentirá mais frio ou mais calor que os outros tipos de pacientes. Terá a necessidade de tocar o terapeuta enquanto fala com ele, até mesmo tomando de sua mão para por no local da dor, para que o profissional também possa sentir com ela aquela dor e, com isso, poder ajudá-la.
 Nos casos de personalidades mistas, haverá certa prevalência entre um e outro tipo. Mas a leitura e percepção, mesmo assim, são factíveis. 
 Tudo isso proporcionará uma escolha mais eficaz no momento da estimulação da área não afetada para o desvio da atenção do paciente. Uma pessoa visual olhará para a área que o terapeuta escolher. Um auditivo escutará os comandos verbais dados pelo profissional. Um somestésico será mais bem estimulado através do tato. Então, para que não se transcorra no erro, faz-se mais seguro unir estes três tipos estimulatórios na mesma abordagem: 
“Olhe fixamente para a sua mão direita e sinta
o bem estar enquanto movimenta a mesma”
 Levando-se em consideração também o estado de ansiedade de cada paciente, onde encontramos pessoas mais pacientes que outras, a sequência das técnicas escolhidas também terá reflexo na efetividade e eficiência do protocolo como um todo.
 O B.M.D., Bloqueio da memória da Dor, referindo-se a um processo que depende de um número maior de estímulos inibitórios não é referendado como primeira opção em casos de dores agudas, principalmente em pacientes com o nível de ansiedade mais elevado.
 O C.C.V., Controle Consciente da Vontade, como necessita de uma concentração convergente e intensa energia, em casos de pacientes depressivos, cuja negatividade esteja latente, não será a primeira escolha nos achados de dores agudas ou subagudas.
 A T.S.D., Transmigração da Sensação Dolorosa, diferentemente das técnicas anteriores, tem sua atuação pautada na indução, onde a atenção exacerbada ao local doloroso será minorada por meio do estímulo audiovisual e tátil em intensidade igual ou superior ao estímulo álgico.
 Como o comando verbal será preponderante neste processo, a T.S.D. terá sua dependência muito maior na atitude do terapeuta que na situação emocional do paciente.
 Sendo, por isso, o primeiro protocolo a ser escolhido na abordagem do controle efetivo da dor.
2.4-AVALIAÇÃO DO PROGRESSO DO PACIENTE
 Durante o atendimento fisioterápico, o uso de escalas avaliativas representa uma ferramenta importantíssima para o feedback que o terapeuta deve receber, dando-lhe a orientação fidedigna durante a elaboração do prognóstico do paciente.
 Escalas como a Visual Analógica (E.V.A.) para dor, variando de zero a dez, escala TAMPA para cinesiofobia,ou, ou as escalas de incapacidade como o Disability Arm Shoulder Hand do Brasil (DASH Brasil),para incapacidade dos membros superiores onde ,segundo Hudak; Amadio; Bombardier (1996), a pontuação é considerada como: excelente (< 20 pontos), bom (20 a 39 pontos), regular (40 a 60 pontos) e mau (> 60 pontos).
 Porém, a melhor maneira avaliativa sempre será o conforto do paciente e sua satisfação durante o procedimento, pois estes termos perfazem sua presença no contexto mais amplo da saúde funcional.
 A melhora visual do comportamento do paciente, a alteração positiva de suas atitudes diante dos desafios propostos pelo fisioterapeuta durante a cinesioterapia convencional, proporcionam muitas informações acerca da eficácia dos atendimentos. 
 Assim como a assiduidade e pontualidade do paciente nos dias de tratamento, revelando o seu íntimo interesse e grande envolvimento e responsabilidade no próprio processo de melhoria e reestruturação de sua saúde funcional.
CAP.III-CASOS CLÍNICOS. ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA PSICOSSOMÁTICA DURANTE A ASSISTÊNCIA FISIOTERÁPICA CONVENCIONAL EM DESORDENS MUSCULOESQUELÉTICAS
3.1-PACIENTE COM OMBRO CONGELADO/ CAPSULITE ADESIVA
3.2-PACIENTE COM FASCITE PLANTAR
3.3-PACIENTE COM LOMBALGIA
3.4-PACIENTE COM TENOSSINOVITE
3.1-Paciente com ombro congelado/Capsulite adesiva
 Recebi no consultório no dia 23 de outubro de 2014, o paciente L.N. 26 anos, sexo masculino, faixa preta de Jiu-jitsu, Muay thay e lutador de Artes Marciais Mistas- MMA-com a queixa de dor ao tentar mover os ombros. Apresentou exame de imagem RMN, apontando inflamação do revestimento sinovial e da cápsula articular, características para a condição de Capsulite adesiva ou ombro congelado de causa idiopática.
 Após a goniometria, foi constatado um bloqueio em 50° para flexão do ombro e 60° para abdução, bilateralmente e total impossibilidade para hipextensão dos ombros com rotação externa. A dor predominante na região do deltóide médio bilateral causava-lhe perda de força muscular e grande angústia, pois teria uma importante competição em duas semanas.
 Dando prosseguimento a consulta, no intuito de traçar o diagnóstico Psíquico Funcional, percebemos que o mesmo me seguia atentamente fitando nos olhos. Tinha uma concentração convergente muito aguçada. Portava-se com uma atitude de disciplina e respeito pelo que falávamos para ele sobre a enfermidade em questão e, acima de tudo, possuía um desejo inabalável e uma certeza concreta de que iria lutar e vencer todos os desafios a partir dali, pois sentiu confiança na nossa abordagem e no nosso discurso terapêutico.
 Foram realizados apenas dois atendimentos para alcançarmos a sua recuperação total e liberá-lo para a rotina de treinamentos.
 Associamos as técnicas miotensivas, como a de contrair-relaxar, à T.S.D. durante cinco minutos inicialmente.Continuando o protocolo de dez minutos e, por fim, de quinze minutos. 
 Devido à sua disciplina e empenho no atendimento, o paciente apresentou, após o primeiro dia, aumento de sua ADM de 50° de flexão de ombros para 120° e de 60° de abdução de ombros para 150° e a hiperextensão dos ombros de zero para 30°.
 O paciente relatou ter certa fobia por agulhamento. Por isso, antes da aplicação do agulhamento seco, foi aplicado o BMD, para reduzir a tensão e a TSD para que ele não sentisse o agulhamento, não provocando nele a ânsia de dor ou algum desconforto psicossomático.
 Conversamos muito sobre as responsabilidades dele enquanto filho, marido, pai, professor de artes marciais em três turnos e sobre a defesa de seu cinturão durante o evento vindouro. 
 Fizemos o paciente refletir sobre a sobrecarga de responsabilidades e auto cobrança excessiva em sua carreira, o que depositaria por sobre seus ombros um fardo muito mais pesado do que ele pudesse sustentar sozinho.
 Este destravamento da sensação de culpa foi muito importante para o desbloqueio das tensões psicossomáticas na região dos ombros. Facilitando, sobremaneira, a atuação das técnicas fisioterápicas para o controle das sequelas funcionais da Capsulite adesiva bilateral.
3.2-Paciente com fascite plantar
 No dia 25 de outubro de 2014, recebi no consultório a paciente FSRL, 50 anos, casada, dona de casa. 
 Apresentava marcha claudicante com auxílio do esposo. Trazia um semblante triste, abatido e desencorajado. 
 No exame de imagem de Raios-X do pé direito, detectou-se a presença de espessamento da fáscia plantar com Osteofitose na região inframedial do calcâneo. 
 Durante o exame físico, não suportou a palpação na região do calcâneo e chorou copiosamente.
 A paciente referia que não tinha boa qualidade de vida, pois não podia realizar suas AVD’s de forma independente. Não tinha boa qualidade do sono, pois acordava com a dor e estava muito emotiva, por isso fazia uso de antidepressivo. 
 Como primeira abordagem, escolhemos a T.S.D. associada à eletroanalgesia por TENS acupuntura por dez minutos e, no segundo momento, o C.C.V. associado à aplicação de U.S. pulsátil com dose de 1,2 W/cm² com era de 3cm² por dez minutos.
 Devido a sua atenção voltada ao problema e sua atitude depressiva, a mesma precisou de uma atenção redobrada durante os atendimentos, para que pudesse entender que o alicerce de sua família não seria comprometido pelo fato de que ela estava apresentando uma enfermidade. 
 E o medo de não conseguir suportar e continuar sua caminhada com os cuidados da casa e da família afetava, profundamente, a sua capacidade de desconstruir a memória dolorosa e conseguir, a partir disso, desenvolver uma memória de Bem Estar.
 Foi necessário que ela entendesse que deveria confiar mais na capacidade resolutiva dos membros de sua família e que não deveria depositar por sobre seus passos a responsabilidade de encontrar o melhor caminho nas vidas de seus entes queridos e conseguir desenvolver esta caminhada com eles.
 Foram investidos mais dias a esta paciente, tendo em vista a sua fragilidade emocional e o grande apelo psicossomático atrelado aos sintomas da fascite plantar.
 Ao final de cinco dias, a mesma referia grande melhora, pois já caminhava sem auxílio e estava retomando gradativamente suas AVD’s. Referiu, também, ter reduzido a frequência de uso do medicamento antidepressivo.
3.3-Paciente com lombalgia.
 No dia 30 de outubro de 2014, recebi no consultório a paciente MIES, 72 anos, professora aposentada. A mesma adentrou ao recinto com grande atitude álgica, inclinando o corpo para a direita como tentativa de minimizar a dor evitando a postura ereta. Apresentava, contudo, bom humor, pois fazia chacota consigo mesma e boa concentração, prestando atenção em todas as minhas orientações acerca dos exames radiológico de RMN da coluna que trouxera.
 Enquanto ouvia a história da doença atual e todo o mecanismo biomecânico que ela me relatava, observei, por repetidas vezes, a paciente localizar a região dolorosa e se demorando com a mão direita apalpando a área. 
 A paciente fazia esse movimento sempre desnudando a região, fazendo com que sua roupa e sua mão realizassem repetidos estímulos somestésicos na área afetada.
 Pode-se, logo, traçar o perfil psicológico da mesma tendo prevalência somestésica. O que incide na escolha da estimulação pelo tato durante a aplicação das técnicas da fisioterapia psicossomática.
 Como se tratava de uma senhora bem humorada apesar das dores, conclui que a positividade, a escolha pela melhora, a vontade consciente de mudar estavam presentes em seu psiquismo.
 Durante nossa conversa de praxe, a mesma relatou um fato importantíssimo no tocante ao levantamento do diagnóstico Psíquico funcional. 
 Havia vendido o carro, mas estava indecisa em comprar ou não outro. Falou que sentia certa pressão das irmãs para comprá-lo. Mas, intimamente, ela não queria.
 Demos início ao protocolo de atendimento fisioterápico convencional para redução das incapacidades funcionais causadas pela lombalgia. Crioterapia por vinte minutos, eletroanalgesia com TENS convencional, com dose de 1 W/cm² por quinze minutos. Associamos, inicialmente à técnica de B.M.D. ao uso do gelo, quando era orientada em se concentrar na sensação que a Crioterapia lhe causava, repetidamente sendo estimulada a concentrar-se no gelo e não na dor original. 
 Durante a fase de adormecimento causado pelos vinte minutos de hipotermoterapia, ela foi condicionada a estimular mentalmente a área com aquela informação sensorial de ausência de dor.
 Em fazendo conscientemente este processo, a paciente pôs-se em bipedestração e pode corrigir sua postura corporal, outrora com inclinação lateral para a direita. 
 Isso tudo durante o primeiro atendimento. Prosseguiu bloqueando a dor lombar usando o B.M.D., mas agora, utilizando-se do C.C.V. ela pode vivenciar a real situação de sua dor lombar, pois decidiu, conscientemente, tomar as rédeas de suas sensações, movimentando-se e auto afirmando não mais sentir dor. No segundo dia, trouxe a resposta positiva em comprar novamente o veículo. Após três atendimentos, já podia dirigir e realizar suas AVD’s.
3.4-Paciente com Tenossinovite
 O paciente RFO, 38 anos, lutador profissional de MMA chegou ao consultório no dia 3 de novembro de 2014 apresentando fortes dores no punho direito e grande diminuição da ADM.
 Apresentou clássica dor em projeção do processo estilóide do rádio, sem irradiação; perda da força; perda do movimento do polegar e dor por meio da avaliação do teste de Finkelstein. 
 O exame ultrassonográfico evidenciava espessamento no primeiro túnel extensor.
 O paciente apresentava a determinação característica dos lutadores de artes marciais, porém com grande senso de liderança. Como era chefe de uma empresa de segurança tinha que ter pulso firme na sua tomada de decisões. Dividia o seu dia entre os treinamentos, os plantões na empresa, suas academias, família, alunos, enfim, estava totalmente ocupado, não lhe sobrando nenhum tempo para recarregar as baterias psíquicas.
 Tinha uma percepção muito aguçada, porém primária, da perspectiva da mente humana. Pois afirmava que já havia superado aquele problema, pois era só uma questão de tempo. Já tinha criado em sua mente a realidade que ele queria que acontecesse. Afirmava isso com uma certeza muito grande. Aproveitando deste subsídio do seu arcabouço mental, iniciei o atendimento pela aplicação da T.S.D., onde desloquei a sua sensação dolorosa para seu pé esquerdo. Neste momento, conversamos, enquanto aplicava o U.S. pulsátil, com dose de 0,8 W/cm² na região do abdutor do polegar, sobre a necessidade de se começar bem os relacionamentos amorosos, novas oportunidades de trabalho, novos rumos na vida.
 Neste momento, olhando fixamente nos meus olhos, afirmou

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