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Roma Alto Império O Alto Império (séculos I a.C.-III d.C.) Com a centralização do poder nas mãos do imperador e a diminuição do poder do Senado, ocorreu uma profunda reforma política em Roma. O imperador passou não só a deter o poder político, mas também a ser cultuado como uma divindade, como indica seu título de augustus (‘o divino’). Na prática, os imperadores eram ainda comandantes do Exército e impunham sua autoridade pela força. Otávio Augusto, ao implantar o Império, dedicou-se a instituir reformas administrativas que progressivamente favoreceram a constituição de uma burocracia, nomeada com base em critérios censitários, ou seja, de acordo com os rendimentos. A burocracia era a nova classe privilegiada de Roma, formada tanto pela antiga aristocracia O Alto Império (séculos I a.C.-III d.C.) patrícia (que assim mantinha seus privilégios, embora subordinada po- liticamente ao imperador) quanto pelos comerciantes enriquecidos com a expansão territorial (homens-novos que, dessa forma, ganhavam es- paço na partilha do poder). Atenuava-se, assim, a tensão social entre as camadas mais abastadas. Otávio praticou várias vezes a doação de trigo (e, posteriormente, de pão) ao povo. Já os munera ou ludi (jogos, dis- putas e combates entre gladiadores) eram celebrados de acordo com a vontade do imperador e as circunstâncias políticas. Em obra denomi- nada O pão e o circo, o historiador Paul Veyne propõe um estudo sobre o funcionamento político de Roma fazendo com que a expressão “pão e circo” tenha sido utilizada por alguns historiadores para descrever os mecanismos políticos na Roma antiga. Leia, a seguir, a interpretação do historiador francês sobre essas estratégias. Além de garantir os privilégios da elite burocrática e o sustento da plebe, Otávio manteve a expansão territorial como objetivo permanente do Im- pério. Roma conquistava territórios cada vez mais extensos. Centenas de milhares de estrangeiros eram escravizados, e seu trabalho se tornou a base da economia romana. Ao mesmo tempo, o exército se fortalecia, o que era sinônimo de estabilidade política, isto é, de um imperador também forte. O governo de Otávio Augusto (27 a.C.-14 d.C.) foi caracterizado ainda pela ampliação do comércio entre as províncias, construção de estradas, pontes e aquedutos e grandes realizações culturais. A literatura floresceu, destacando-se a atuação do ministro Mecenas, que apoiou financeiramente artistas e escritores como os poetas Virgílio, Horácio e Ovídio (origem da expressão mecenato). Esse período, considerado o mais rico da civilização romana em termos culturais, foi denominado Alto Império. Após a morte de Otávio Augusto, assumiu o governo o imperador Tibério, seguindo-se diversos governantes tradicionalmente lembrados de maneira negativa. O governo de Tibério teria sido marcado pela imoralidade e pela cor- rupção, com intrigas, conspirações e perseguições. Foi durante seu governo que Jesus Cristo foi crucificado. Seu sucessor, Calígula, teria sido um déspota, e Cláudio, que o sucedeu, foi envenenado pela própria esposa. O imperador Nero, por sua vez, foi acusado de atear fogo em Roma e culpar os seguidores do cristianismo – que por isso eram presos e levados às imensas arenas para enfrentar leões ou outros animais selvagens, ou ainda gladiadores, em espetáculos públicos. Nero também teria ordenado a morte de sua mãe, a de seu meio-irmão e a de sua esposa. Embora certas fontes históricas, como os escritos dos historiadores Tácito e Suetônio, não retratem o imperador de for- ma favorável, alguns relatos apontam a sua popularidade entre o povo romano. A historiografia tradicional de Nero como “imperador maldito”, reforçada com produções de historiadores cristãos nos séculos seguintes, tem sido questiona- da e revista, apontando novas interpretações. Somente com a dinastia dos Flávios (68 d.C.-96 d.C.) e, em especial, com a dos Antoninos (96 d.C.-192 d.C.) foram superadas as violentas disputas sucessórias, e Roma retomou a expansão territorial. As últimas anexações do Império e a estabilidade financeira firmaram a fase final do apogeu romano. Destacaram-se os imperadores Trajano, que retomou a ampliação do território, e Marco Aurélio, conhecido como o “imperador filósofo”.
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