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1 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MINERALOGIA E PETROLOGIA DISCIPLINA: GEO 03 005 - PETROLOGIA SEDIMENTAR PETROLOGIA SEDIMENTAR NOTAS DE AULA PROFESSOR: LUIZ FERNANDO DE ROS CARGA HORÁRIA: 75 HORAS CRÉDITOS: 5 PRÉ-REQUISITOS: MINERALOGIA II E SEDIMENTOLOGIA I 2 2 GEO 03 005 - PETROLOGIA SEDIMENTAR Professor: Luiz Fernando De Ros Departamento: Mineralogia e Petrologia; Sala I-104a Tel.: 3308 7235; Mail: lfderos@inf.ufrgs.br Salas de aula: I-114 (teóricas), I-113 (práticas) DISCIPLINA: GEO03 005 PETROLOGIA SEDIMENTAR DEPARTAMENTO: MINERALOGIA E PETROLOGIA CARGA HORÁRIA: 75 HORAS CRÉDITOS: 5 PRÉ-REQUISITOS: Mineralogia II e Sedimentologia I SÚMULA: Estudo das rochas sedimentares, quanto à sua importância, descrição, classificação, origem e evolução. Aspectos macroscópicos e microscópicos da textura, composição dos componentes primários e diagenéticos das principais classes de rochas sedimentares. PROGRAMA UNIDADE I: INTRODUÇÃO 1 - Rochas Sedimentares. 1.1 - Importância: área e volume na crosta, importância geo-econômica. 1.2 - Petrogênese Sedimentar: rochas sedimentares no ciclo geológico. 1.3 - Classes e tipos principais de rochas sedimentares. 1.4 - Diagênese: condições, ambientes e definições gerais. 1.5 - Métodos e técnicas de estudo. UNIDADE II: ROCHAS SILICICLÁSTICAS 2 - Pelitos ou Lutitos. 2.1 - Importância. 2.2 - Estruturas e texturas. 2.3 - Classificação. 2.4 - Composição; argilominerais. 2.5 - Diagênese. 3 - Arenitos e Conglomerados. 3.1 - Importância. 3.2 - Estruturas, texturas e fábrica. 3.3 - Composição detrítica. 3.4 - Classificação. 3.5 - Aspectos de proveniência. 3.6 - Diagênese. 3.7 - Porosidade. UNIDADE III: ROCHAS CARBONÁTICAS 4 - Calcários e Dolomitos. 4.1 - Importância. 4.2 - Constituintes primários. 4.3 - Estruturas e texturas. 4.4 - Classificação 4.5 - Diagênese. 4.6 – Porosidade. 3 3 UNIDADE IV: ROCHAS INTRABACIAIS NÃO-CARBONÁTICAS 5 - Rochas Evaporíticas. 5.1 - Composição mineralógica. 5.2 - Estruturas e texturas. 5.3 - Ambientes evaporíticos; fácies. 5.4 - Diagênese. 6 - Rochas Fosfáticas. 6.1 - Composição mineralógica. 6.2 - Ambientes e processos de formação. 7 - Rochas Ferríferas. 7.1 - Composição mineralógica. 7.2 - Texturas. 7.3 - Ambientes e processos de formação. 8 - Rochas Silicosas. 8.1 - Texturas e mineralogia. 8.2 - Ambientes e processos de formação. OBJETIVOS A disciplina visa fornecer as informações e a metodologia para a descrição, classificação e interpretação genética das rochas sedimentares, a partir de suas características macro- e microscópicas. MÉTODOS DE ENSINO Dois períodos de preleção teórica com auxílio de técnicas audiovisuais, e três períodos de exercício prático de reconhecimento, descrição, classificação e interpretação de litologias sedimentares, utilizando recursos de macroscopia e microscopia. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO O conceito final resulta da avaliação do aluno em dois testes práticos, e em testes teóricos realizados ao longo do semestre, podendo ser igualmente incluídos na avaliação exercícios práticos. Média de aproveitamento insuficiente (< 60%) nos testes teóricos implica na realização de teste de recuperação final. Aproveitamento insuficiente (< 60%) em quaisquer dos testes práticos obriga a realização de teste de recuperação específico. Persistência do aproveitamento insuficiente na recuperação implica em reprovação. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1) Blatt, H., 1992, Sedimentary Petrology, 2nd Edition: New York, U.S.A., W. H. Freeman & Co., 514 p. 2) Boggs J., S., 2003, Petrology of Sedimentary Rocks. New Jersey, The Blackburn Press, 707 p. 3) Scholle, P. A., 1979, A Color-Illustrated Guide to Constituents, Textures, Cements and Porosities of Sandstones and Related Rocks, AAPG Memoir 28, Tulsa, Okla., American Association of Petroleum Geologists, 201 p. 4) Scholle, P. A. & Ulmer-Scholle, D.S., 2003, A Color Guide to the Petrography of Carbonate Rocks: Grains, textures, porosity, diagenesis. AAPG Memoir 77, Tulsa, Okla., 474 p. 5) Tucker, M. E., 2001, Sedimentary Petrology, Third Edition: Oxford, UK, Blackwell Science Ltd., 262 p. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 1) Adams, A. E., W. S. Mackenzie & C. Guilford, 1984, Atlas of Sedimentary Rocks Under the Microscope, Harlow, England, Longman Group Ltd., 104 p. 2) Scholle, P. A. and P. R. Schluger (ed.), 1979, Aspects of Diagenesis, SEPM Special Publication 26, Tulsa, Okla., Society of Economic Paleontologists and Mineralogists, 443 p. 3) Zuffa, G. G. (ed.), 1985, Provenance of Arenites, NATO-ASI Series C: Mathematical and Physical Sciences 148, Dordrecht, Germany, D. Reidel Pub. Co., 408 p. 4 4 UNIDADE I: INTRODUÇÃO 1 - Rochas Sedimentares 1.1 - Importância: porque estudar as rochas sedimentares? - Rochas sedimentares e sedimentos cobrem cerca de 70% da superfície da Terra. - Contém todas as informações disponíveis sobre a evolução da vida, da atmosfera, e da hidrosfera. - Rochas sedimentares e sedimentos contém a maior parte dos recursos minerais do planeta: óleo, gás, água potável, fosfato, potássio, enxôfre, sulfato, alumínio, ferro, cobre, chumbo, zinco, estanho, titânio, ouro, tório, terras raras, manganês, além de areia, argila e outros constituintes para a indústria de materiais: bentonita, diatomita, calcário, etc... - São sistemas geoquímicos e físicos complexos de grande variação textural e composicional; não existem "assembléias de equilíbrio"; não podem ser descritas adequadamente por diagramas termodinâmicos simples. - Sua compreensão é essencial para o entendimento da dinâmica da crosta terrestre. - Modelos capazes de prever sua composição mineralógica são mais complexos do que para as rochas ígneas ou metamórficas, mas existem padrões e tendências evolutivas básicas. 1.2 - Petrogênese Sedimentar - Condições do ciclo geológico na superfície da crosta terrestre: Baixas temperaturas e pressões, abundância de água, CO2, O2, organismos minerais das rochas ígneas e metamórficas em desequilíbrio ("Os minerais são estáveis apenas nas condições nas quais foram formados"; Keller, 1969). Resultado: "Intemperismo" Processos Físicos desagregação Processos Químicos (+ bioquímicos) dissolução, alteração Partículas desagregadas: fragmentos, clastos; areia e cascalho transporte por tração. Novos minerais (em equilíbrio com as condições superficiais): argilas, óxidos, hidróxidos transporte em suspensão. Íons em solução nas águas superficiais. Sedimentos Rochas Sedimentares 1.3 - Classes e Tipos de Rochas Sedimentares "Bacia" qualquer área de deposição de sedimentos (deprimida ou não; final ou intermediária; ex.: bacias aluviais e áreas costeiras são comumente "áreas de estacionamento" dos sedimentos). 2 grandes grupos de rochas sedimentares: 1) Rochas Extrabaciais, Terrígenas, Siliciclásticas, Exógenas, ou simplesmente "Clásticas": formadas essencialmente por partículas oriundas de fora da bacia: A composição é controlada pela área-fonte dos sedimentos, e a textura é controlada pelo ambiente deposicional. Exemplos: Lutitos, Arenitos, Conglomerados 2) Rochas Intrabaciais, Endógenas, ou "Químicas": formadas essencialmente por minerais formados dentro da bacia, por processos químicos e/ou orgânicos: A composição e a textura são controladas pelo ambiente deposicional. Exemplos: Rochas Carbonáticas, Rochas Evaporíticas, Rochas Fosfáticas, Rochas Silicosas, Rochas Ferríferas, outras: orgânicas (carvão), bauxitas, etc... 5 5 Outros dois grupos: 3) Rochas Híbridas: formadas por misturas de proporções similares de materiais extrabaciais e intrabaciais; ex.: arenitos bioclásticos, fosfáticos, glauconíticos, etc... 4) Rochas Vulcanoclásticas:caracterizadas por composição vulcânica e textura clástica. Aquelas formadas por processos ígneos (vulcanismo explosivo; autobrechamento de derrames) são tratadas como rochas ígneas: rochas piroclásticas, autoclásticas, hialoclásticas. As formadas por processos sedimentares de erosão e deposição de materiais vulcânicos (arenitos e conglomerados epiclásticos) são tratadas como rochas sedimentares siliciclásticas. Em termos de volume relativo: lutitos constituem 60-65%, arenitos e conglomerados, 20-25%, rochas carbonáticas, 10-15% e no restante (≈ 10%) rochas evaporíticas predominam. 1.4 - Diagênese: Definições Gerais Sedimentos (inconsolidados) produzidos por processos pré-deposicionais (intemperismo, erosão, transporte, , e por processos sin-deposicionais (precipitação química ou bioquímica a partir da água de mares ou lagos) são submetidos a uma série de processos pós-deposicionais, denominados de Diagênese, e tornam-se rochas sedimentares (consolidadas). Diagênese é definida adequadamente por um campo de condições físicas e químicas que controla os processos geológicos atuantes sobre sedimentos inconsolidados, rochas sedimentares antigas, depósitos superficiais como solos, bauxitas, etc..., e mesmo outros tipos de rochas na superfície da crosta terrestre e nos primeiros milhares de metros de profundidade. Inclui, portanto, processos de alteração sob baixas de temperatura de rochas ígneas e metamórficas. Neste sentido mais amplo e menos ambíguo, a diagênese engloba o intemperismo. Características básicas: reações de baixa temperatura (até cerca de 200°C; dependendo da reatividade do material), baixas pressões (no máximo até 2000 Kg/cm2), abundância de soluções aquosas (com salinidades totais desde água da chuva até salmouras muito mais concentradas do que as do Mar Morto), presença de gases (CO2, O2, CH4, H2S, etc...). Processos principais da diagênese: Compactação: pelo soterramento; redução do espaço entre as partículas ocupado por fluidos (poros). - Física: rearranjo entre os grãos; fraturamento de grãos rígidos; esmagamento de grãos dúcteis. - Química: dissolução por pressão pela concentração de esforços ao longo dos contatos intergranulares. Dissolução: destruição de grãos e constituintes diagenéticos. - Congruente: total, colocando todos os íons em solução; ex.: carbonatos. - Incongruente: incompleta, deixando subprodutos; ex.: feldspatos caulinita. Autigênese: precipitação de novos minerais: - Cimentação: nos poros. - Substituição de constituintes preexistentes. Hidratação - Desidratação: entrada ou saída de água da estrutra cristalina dos minerais. Ex: anidrita gipsita. Oxidação: na- ou sob influência da superfície; O2, bactérias aeróbicas. Ex: hematita Redução: sob influência da matéria orgânica e de bactérias anaeróbicas. Ex.: pirita Recristalização: Crescimento ou diminuição do tamanho cristalino, mantendo-se a mesma composição mineralógica. 6 6 Estabilização / inversão / neomorfismo: substituição por uma fase mineralógica de composição similar, mais estável nas condições diagenéticas; ex.: aragonita calcita. Estágios da Diagênese Subdivisões relativas ("precoce" x "tardia", ou "rasa" x "profunda" ou "de soterramento") imprecisas e confusas. Estágios "ambientais" (Choquette & Pray, 1970; adap. Schmidt & McDonald, 1979, in Scholle & Schluger, 1979): Eodiagênese: após a deposição (normalmente a pequena profundidade), influenciada pelo ambiente deposicional, e/ou pela circulação de água vinda da superfície (marinha, meteórica), e por baixas pressões e temperaturas. Ex.: sedimentos continentais sob infiltracão de águas meteóricas; carbonatos marinhos com cimentação precoce. Rochas sedimentares podem permanecer no domínio da eodiagênese por períodos de tempo muito variáveis. Mesodiagênese: Após o "soterramento efetivo", ou seja, o efetivo isolamento da superfíce. Pressão e temperatura crescentes; fluidos diagenéticos modificados pelas reações com os minerais. Pode evoluir, por soterramento crescente, para o metamorfismo (através de uma faixa de gradação - anquimetamorfismo), ou, por soerguimento, para a telodiagênese. Telodiagênese: Reexposição de rochas que já estiveram soterradas às condições superficiais, promovida pelo soerguimento e erosão de parte da seção (envolvendo formação de discordâncias), ou por infiltração profunda de águas meteóricas. Em última análise, equivale ao "intemperismo". Representação esquemática dos estágios diagenéticos. 7 7 1.5 - Métodos de estudo das rochas sedimentares no laboratório: - Técnica básica: microscopia óptica: microscópio petrográfico; descrição sistemática (roteiros), semiquantitativa ou quantitativa (contagem de pontos). Lâminas delgadas impregnadas; tingimento para carbonatos, feldspatos, etc... - Granulometria: peneiramento + decantação: inadequados para rochas coesas. Por petrografia: ocular de retículo graduado, tabelas e filmes de comparação. - Microscopia eletrônica: visão detalhada da forma e das relações entre os minerais. Modo de elétrons secundários: visão topográfica. Modo de elétrons primários retroespalhados (backscattered): visão composicional. - Microssonda eletrônica: composição química pontual e distribuição em área dos elementos. - Difração de raios-X: identificação dos minerais; especialmente para argilas e outras fases finas. - Catodoluminescência (sob feixe de elétrons): zonação e relações entre cristais e grãos. - Geotermometria: inclusões fluidas, reflectância de vitrinita, grafitização, politipos de argilas, isótopos de oxigênio, traços de fissão, etc... paleo-temperaturas na diagênese. - Estudos de minerais pesados: separação por líquidos densos + magnetismo: proveniência. - Isótopos estáveis: O (temperatura, salinidade), C (processos de precipitação de carbonatos), S (processos de precipitação de sulfatos e sulfêtos). - Isótopos radioativos: K-Ar, Rb-Sr, Ar-Ar: datação da deposição e da diagênese. U-Pb, Pb-Pb: datação de zircão e outros grãos para estudos de proveniência Sr-Sr (origem de carbonatos, quimioestratigrafia). - Análises químicas: fluorescência, plasma: composição química elementar total; pouco usadas em rochas sedimentares; grandes mudanças composicionais na diagênese. 8 8 UNIDADE II: ROCHAS SILICICLÁSTICAS 2 - LUTITOS ( PELITOS ) 2.1 - Importância - Constitutem 65% do volume das rochas sedimentares. - Representam a fonte original de hidrocarbonetos (querogênio), e as concentrações iniciais de metais no ambiente superficial. - Fontes de água contendo íons para a precipitação e solventes para a dissolução; influência na diagênese dos arenitos e calcários associados. Entretanto, são comparativamente pouco conhecidos, porque: - Poucos afloramentos (pouco resistentes; formam vales, e não elevações). - Textura fina: petrografia óptica limitada à granulometria aproximada, estrutura e cor. - Grãos maiores (silte) são difícieis de separar e de identificar. Principais informações: - Difratometria de raios-X: mineralogia, especialmente dos argilominerais. - Geoquímica orgânica: composição e evolução da matéria orgânica. - Microscopia eletrônica + microssonda: textura e composição. 2.2 - Textura Granulometria Silte: 62 m - 20 m Argila: < 20 m (segundo alguns autores < 4 m) Análise macroscópica do predomínio de silte ou de argila: tato, brilho das superfícies. Forma Silte bem anguloso: pouca abrasão; transporte dominantemente em suspensão. Argila (argilominerais) em lamelas (função da estrutura cristalina - filossilicatos). Misturas de lama com areia e cascalho podem ser depositadas simultaneamente apenas por meios de alta vicosidade (gêlo, fluxo de detritos). Misturas pós-deposicionais podem ser geradas por vento("inversão textural"), tempestades, bioturbação, fluidização. Fissilidade Partição da rocha em planos aproximadamente paralelose regulares. Originada pela orientação das lamelas de argila: - Na deposição: em ambientes muito tranquilos; sem bioturbação; sem floculação (promovida por variações de salinidade, argilas com baixa carga superficial - caulinitas). - Na diagênese: pelo rearranjo na compactação; pela recristalização e transformação em novas argilas sob pressão. Estimulada pela presença de matéria orgânica amorfa interlaminada (fraca ligação entre cadeias alifáticas). Laminação Por variação de granulometria: intercalações silte/argila. Por variação de composição: argilas de composição diferente; intercalação com mais ou menos carbonato microcristalino (micrita) misturado (margas). 9 9 Por variação de cor: teores variáveis de óxidos de ferro, ou de matéria orgânica. Bioturbação Intensa, pervasiva, promovendo destruição das texturas preexistentes textura maciça. Parcial: traços fósseis ("trace fossils"; icnofósseis): produzidos por organismos que movem-se e/ou alimentam-se no interior ou sobre o sedimento. Concreções, nódulos Concentrações de carbonato, sílica, etc..., precipitados na diagênese. 2.3 - Classificação Simples. Parâmetros: granulometria, laminação e fissilidade (Folk, 1968). Lutitos: rochas com mais de 50% de argila + silte (com areia: "arenoso"; com cascalho: "conglomerático"). Adicionar observações sobre estruturas, fósseis, concreções, cristais, etc... "Argilito" pode ter também o significado de lutito com metamorfismo muito incipiente. 2.4 – Composição Argilominerais "Argila": - fração < 20 m (ou < 4 m). - Filossilicatos de "folhas" de tetraedros de Si-O ou Al-O, e de octaedros de Al-OH, Mg-OH, ou Fe-OH. Estruturas mais estáveis nas condições superficiais grupo mineral mais abundante. Unidades Estruturais - Folhas de anéis de tetraedros de Si(Al)-O. - Folhas de octaedros de Al, Mg, ou Fe - OH. - Se com Al+3, Fe+3 2/3 das posições são ocupadas --> argilas dioctaédricas. - Se com Mg+2, Fe+2 3/3 das posições são ocupadas --> argilas trioctédricas. 10 10 Características estruturais e composicionais básicas dos principais grupos de argilominerais. Caulinitas(Kanditas) Estrutura em camadas 1:1 (1 folha tetraédrica : 1 folha octaédrica - "sanduíche aberto"). Espaço basal 7 Å. Ligações fortes nas folhas (covalentes e iônicas), fracas entre as camadas (pontes de hidrogênio). Não há substituições por outros íons nas folhas não há deficiência de carga na estrutura não possuem água nem íons, entre as camadas. Portanto, são características de ambientes com deficiência de íons (razões de atividade de Na, K, Ca, Mg / H+ baixas): ambientes muito diluídos, com muita lixiviação (fluxo meteórico intenso), ou ácidos (ácidos orgânicos, CO2; alguns solos, lamas ricas em matéria orgânica). Com lixiviação meteórica continuada as caulinitas perdem sua sílica, transformando-se em bauxitas (hidróxidos de Al). Espécies: - Caulinita (mais comum): Al4Si4O10(OH)8. - Haloisita: folhas enroladas; intempérica. - Dickita: maior temperatura, estrutura e forma mais perfeitas; mesodiagenética. - Nacrita: passagem ao metamorfismo (anquimetamorfismo). - Serpentinas: Mg6Si4O10(OH)8 (rochas metamórficas, ultrabásicas). - Bertierina: Fe6Si4O10(OH)8 (rochas ferríferas). Ilitas Estrutura em camadas 2:1 ("sanduíche fechado") com duas folhas tetrédricas e uma octaédrica. Muita substituição do Si por Al nos tetraedros, e de Al por Fe e Mg nos octaedros gera deficiências de carga que são compensadas pela absorção de K+ entre as camadas (mais algum H3O +, Mg+2, Fe+2) ("chaveamento iônico") originando uma estrutura estável de 10 Å (como as micas). Portanto, são características de ambientes ricos em potássio: 11 11 - Seriam esperadas como argilas mais abundantes no intemperismo de rochas granitos e gnaisses, mas taxa mais lenta de reação (cinética de precipitação) favorece a formacão de caulinitas ou de esmectitas pela alteração de K-feldspatos. Ocorrem no intemperismo apenas a partir de rochas metamórficas de baixo/médio grau ("micas degradadas"). - Na diagênese, com mais tempo disponível e maior temperatura, são os argilominerais mais abundantes. Espécies: - Ilita: estável com 10 Å: (K, H30)2(Al, Fe, Mg)4(Si, Al)8O20(OH)4 - Glauconita: típica de ambiente marinho (borda da plataforma): (K, H30)2(Fe, Mg, Al)4(Si, Al)8O20(OH)4, concentrando-se em rochas ferríferas - Vermiculitas: com mais substituições na estrutura, contém cátions diversos (Ca, K, Na, Mg) mais água entre as camadas; são expansíveis (incham com água diluída ou solventes polares como o glicol), passam de 10 Å para 14,5 Å; essencialmente do intemperismo de micas. Esmectitas ("montmorilonitas") Estrutura 2:1 similar à das ilitas, mas com menos substituição do Si nos tetraedros, portanto menor deficiência de carga, compensada por menos cátions (Na, Ca, Mg, K) e mais água entre as camadas. São muito expansíveis, passando de 9,6 Å para até 21,6 Å (normalmente 14 Å), fixando-se em 17,7 Å com glicol. Em água diluída, podem formar um gel (particularmente as bentonitas, usadas na lama de perfuração). São características de ambientes com pouca água (intemperismo em climas sêcos) e/ou com abundância de íons (alteração de rochas vulcânicas): vulcânicas ácidas alteram-se a esmectitas dioctaédricas (Al); básicas, a esmectitas trioctaédricas (Fe, Mg). Tendem a ser substituídas por outras argilas na diagênese. Espécies mais comuns: - Montmorilonita (Al3,33Mg0,67)Si8O20(OH)4 - Beidelita Al4(Si7,33Al0,27)O20(OH)4 - Nontronita (Fe+3)4(Si7,33Al0,67)O20(OH)4 - Saponita Mg6(Si7,33Al0,67)O20(OH)4 Cloritas Estrutura 2:1:1; camadas 2:1 intercaladas com folhas octaédricas de MgOH ("brucita"), para compensar muitas substituições de Si por Al e de Al por Mg, Fe. Estrutura fixa em 14 Å (mas algumas clorita com folha brucítica incompleta são expansíveis). Há cloritas com a mesma composição de serpentinas (bertierina passa a chamosita, com a diagênese). Características de ambientes ricos em Fe e Mg, originando-se: - da diagênese sob soterramento avançado de arenitos e lutitos. - da alteração diagenética, hidrotermal ou metamórfica de rochas básicas-ultrabásicas. - da redução diagenética de sedimentos com óxidos de ferro. - do intemperismo de rochas cristalinas sob climas frios; em climas mais quentes, alteram-se a esmectitas e óxidos de ferro. Espécies mais comuns: - Chamosita (Fe) (Fe,Mg,etc...)12(Si,Al)8O20(OH)16 - Penina (Mg) " - Cloritas dioctaédricas (Al) Interestratificados (interacamadados, camadas-mistas) Intercalações irregulares (desordenadas) ou regulares (ordenadas) de diferentes argilominerais. Comumente, interestratificações de esmectitas com ilitas (I-S), ou com cloritas (C-S; corrensita), produzidos pela evolução diagenética das esmectitas sob soterramento crescente. Raramente, de cloritas com vermiculitas ou ilitas, e de esmectitas com talco. 12 12 Hormitas (Atapulgita - Sepiolita - Paligorskita) Estrutura em faixas 2:1, similar à dos anfibólios. Forma fibrosa. Composição magnesiana, hidratada. Ex.: Sepiolita Mg8Si12O30(OH)4(H2O)4 Ambientes alcalinos muito concentrados, com evaporitos e carbonatos alcalinos. Características ópticas básicas dos principais argilominerais: (mais percepetíveis nos argilominerais autigênicos dos arenitos) Caulinitas: baixo relevo e baixa birrefringência (cinza em LP); incolor em LN. Esmectitas: baixo relevo e moderada birrefringência (amarelo, verde, azul em LP); castanha, amarela ou verde em LN. Ilitas: alto relevo e moderada birrefringência (amarelo, verde, azul em LP); incolor em LN. Cloritas: alto relevo e birrefringência baixa (cinza) ou anômala (azul-berlim, vinho em LP); esverdeada em LN. Outros Minerais nos Lutitos Silte Essencialmente composto por quartzo e feldspatos. Difícil distinção, devido às pequenas dimensões, falta de maclas eclivagens nos feldspatos. Separação da fração síltica pode ser feita por fusão em bissulfito de sódio. Carbonatos Composição pouco conhecida nos lutitos. Lutitos comumente contém até 30% de calcita microcristalina no início da diagênese (média de 3,6%). Além disso, podem ocorrer carbonatos na forma de micrita (partículas de carbonato tamanho argila de origem intrabacial), conchas de moluscos e outros bioclastos, e concreções e nódulos comumente compostos por carbonatos magnesianos (dolomita) e ferrosos (siderita). Óxidos de Ferro - Hematita Fe2O3 - Goethita FeO.OH - "Limonita": mistura de hidróxidos criptocristalinos Típicos de lutitos continentais (ambientes oxidantes), de cores avermelhadas e acastanhadas. Os hidróxidos podem ter origem detrítica, sendo transportados e depositados junto com as argilas. Hematita é formada na diagênese pela oxidação de minerais ferrosos. Pirita FeS2; comum em lutitos com matéria orgânica. Bactérias anaeróbicas promovem a redução do sulfato da água (do mar), produzindo H2S, que por reação com o Fe+2 dissolvido precipita como agregados esféricos de pequenos cristais (frambóides). Pirita disseminada confere cores escuras. Matéria Orgânica Preservada por rápida deposição e/ou em ambientes anóxicos. Restos de organismos planctônicos (essencialmente algas microscópicas) são preservados como querogênio (amorfo); concentrado nos folhelhos betuminosos. Restos de plantas terrestres preservam-se como matéria carbonosa (vitrinita, etc...). Matéria orgânica é um importante agente de redução de minerais (argilas, óxidos) e íons (manganês, sulfato, nitrato). Confere cores muito escuras. Na falta de óxidos de ferro ou de matéria orgânica, os lutitos assumem as cores das argilas: caulinitas: branco; esmectitas: castanho claro, rosado, esverdeado; cloritas e ilitas: verde, cinza-esverdeado; misturas: tons castanhos e acinzentados. 13 13 GEO 03 005 - PETROLOGIA SEDIMENTAR AULA PRÁTICA - LUTITOS ES-527 - Folhelho preto argiloso com impressões de cefalópodes (amonóides). Na lâmina, orientação paralela das argilas ("fissilidade óptica"), cor avermelhada dada pela matéria orgânica amorfa disseminada, pequenos fragmentos carbonosos e pirita. ES-425 (Gr. Estrada Nova) - Lamito laminado (laminações cruzadas onduladas) e bioturbado. Na lâmina, mistura de silte e perturbação da laminação pelos organismos. Agregados de pirita. PS-641 (Gr. Itararé) - Folhelho argiloso laminado preto. Na lâmina, orientação geral ("fissilidade óptica") das argilas, e bioturbação fina que produz sutis perturbações na laminação. ES-386 (Fm. Rio do Rastro) - Siltito maciço, avermelhado. Na lâmina, níveis mais argilosos e manchas de cimento carbonático, corroendo e substituindo os grãos. Muitos grãos de minerais pesados. ES-439 (Gr. Estrada Nova) - Lamito laminado (laminação cruzada truncante), micáceo. Na lâmina, forma angulosa do silte, mistura desorganizada com argila, e orientação das micas (muitas cloritizadas). ES-253 (Gr. Camaquã) - Siltito arenoso com estratificação irregular, micáceo, carbonático. Na lâmina, cimentação abundante por "manchas" de carbonato corrosivo em relação aos grãos. ES-155 (Siluriano, New York) - Argilito não laminado, com partição irregular. Na lâmina, finos agregados de pirita e microfósseis de acritarcas. ES-440 (Gr. Itararé) – Folhelho argiloso não laminado preto, com traços fósseis finos em algumas superfícies. Na lâmina, fissilidade óptica bem marcada, agregados framboidais de pirita, matéria orgânica amorfa disseminada e carbonosa. PS-627 - Siltito/arenito muito fino com estratificação cruzada acanalada pouco nítida. Na lâmina, muitas micas cloritizadas, e minerais pesados. CMR-147 (margem continental brasileira) - Lamito laminado (laminações levemente cruzadas). Na lâmina, níveis sílticos com manchas de cimento carbonático corrosivo. ES-418 (Fm. Itararé) - Siltito/arenito muito fino laminado (laminação cruzada truncante), micáceo, carbonático. Na lâmina, cimentação por grandes manchas de cimento carbonático (poiquilotópico), corrosivo em relação aos grãos, e laminações definidas principalmente por mais ou menos carbonato ou óxidos de ferro. ES-533 (apenas lamina; Alemanha) – Lamito não-laminado, muito rico em micas e em pirita framboidal e cúbica, parcialmente oxidada. Micas parcialmente substituídas e expandidas por caulinita. 81-65 (apenas lâmina; margem equatorial brasileira) – folhelho preto betuminoso muito rico em matéria orgânica amorfa (querogênio), pirita framboidal e foraminíferos plantônicos. Cristais disseminados e lentes de carbonato. SAST-1-BA (apenas lâmina, Bacia do Jequitinhonha, margem Leste brasileira) – Folhelho preto, rico em matéria orgânica amorfa (querogênio) e carbonosa, com bioclastos fosfáticos. Agregados esferulíticos de siderita (FeCO3; “esferosiderita”), lentes de calcita, e pirita framboidal disseminada. 14 14 20 (apenas lâmina; margem brasileira) – Siltito/arenito muito fino com laminação cruzada truncante (ondas) rico em micas e em fragmentos carbonosos. Cimentado heterogeneamente por calcita poiquilotópica, pirita microcristalina e grossa, corrosiva. ES-524 (apenas lâmina; Grupo Estrada Nova, Permiano, Bacia do Paraná – SC) – Lamito com laminação lenticular e abundante dolomita microcristalina substituindo a matriz argilosa e grãos carbonáticos (bioclastos alongados, pelóides arredondados). ES-441 (apenas macro; Fm. Rio do Rastro) - Argilito maciço à base de argilas esmectíticas, geradas pela alteração total de cinzas vulcânicas (bentonita). VARV. (apenas macro; Fm. Itararé) - Lamito laminado depositado em condições periglaciais ("varvito"). Lâminas alternadamente sílticas (verão) e argilosas (inverno). 15 15 PETROLOGIA SEDIMENTAR DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA – LUTITOS Nome:________________________________________________ Data: ________ AMOSTRA / LÂMINA: I) DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA A) Cor: (cf. Rock Color Chart): B) Textura: Proporção argila/silte: % aproximada de areia, cascalho: C) Estruturas: - Fissilidade: - Laminação: (forma, espessura): - Outras: 16 16 II) DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA: A) ESTRUTURAS B) TEXTURAS Proporção entre argila e silte: Distribuição dos grandes intervalos de classe (% lama, areia e cascalho): C) FÁBRICA Orientação: C) COMPOSIÇÃO PRIMÁRIA: 1. Constituintes da fração síltico-arenosa: 2. Constituintes da fração argilosa: 17 17 C) DIAGÊNESE: (listar os constituintes diagenéticos, suas localizações e relações com os constituintes primários) E) CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA D) INTERPRETAÇÕES GENÉTICAS 1. Ambiente deposicional: 2. Ambiente diagenético: Obs.: - Cada constituinte ou observação em uma linha - Todas as % em relação ao volume total da rocha. - Escala nominal de abundância: TR = traços, R = raro, C = comum, A = abundante 18 18 2.5 - Diagênese A diagênese dos lutitos é dominada pela diagênese dos argilominerais. Importância do estudo da diagênese dos lutitos: - As mudanças são marcos e geotermômetros dos estágios de evolução diagenética das sequências sedimentares. - Reações suprem íons e água para a diagênese de litologias associadas (em especial, dos arenitos). - Fornecem água para a migração de solventes orgânicos e hidrocarbonetos gerados pela evolução térmica do querogênio. - A mais provável fonte de metais-base fixados na matéria orgânica e nos argilominerais. Principais feições da diagênese dos lutitos: - Perda da água interacamadada das esmectitas. - Sorção de K+ e Mg+ a partir das soluções intersticiais. - Organização e ordenamento dos retículos cristalinos dos argilominerais. - Crescimento do tamanho dos cristais de argilominerais. - Eliminacão da maior parte dos carbonatosintroduzidos na deposição ou/e na eodiagênese. - Redistribuição do Al das camadas octaédricas para as tetraédricas. - Uniformização da composição, levando, na diagênese avançada, a uma assembléia estável de ilita + clorita. Evidências da diagênese sistemática dos lutitos: - Mudanças da composição com a profundidade. - Mudanças da composição com a idade. Tendência geral: destruição das esmectitas e caulinitas, formação de ilitas e cloritas. - Datação por K-Ar, Rb-Sr, Ar-Ar (idades menores comumente que as da deposição). Padrões de variação da composição dos argilominerais com o soterramento e com a idade. 19 19 Eodiagênese Nos argilominerais, praticamente não ocorrem transformações de uma espécie de argilominerais em outra; principalmente, não ocorre transformação de esmectitas em ilitas no fundo do mar.Principais reações: 1) Neoformação de argilominerais, seja pela substituição de outros minerais e materiais, seja pela precipitação direta, a partir da água: a) Alteração de cinzas piroclásticas e outros minerais vulcânicos: - cinzas ácidas alteradas em ambientes ácidos (continental úmido; pântanos com carvão) caulinitas (tonsteins); - cinzas ácidas alteradas em ambientas alcalinos (continental sêco; marinho) camadas de grande extenção lateral com esmectitas dioctédricas (bentonitas) cujos minerais acessórios (ex.: zircão) e elementos-traço (terras-raras) identificam origem piroclástica; - vulcanoclásticas básicas (ambiente alcalino) esmectitas trioctaédricas magnesianas ou férricas (nontronitas); hidratação de vidro básico a palagonita. b) Precipitação direta (normalmente como oóides, pelóides, ou "matriz" fina): - Glauconita: minerais verdes de ferro com estrutura que evolui de "esmectítica" a "ilítica". Concentram-se em algumas rochas ferríferas; acessório em arenitos e calcários marinhos (borda da plataforma). - Bertierina: estrutura tipo caulinita com ferro, precipitada em estuários e deltas (rochas ferríferas). - Ambientes fortemente alcalinos e magnesianos (evaporitos): atapulgita, sepiolita (hormitas). - Lagos vulcânicos magnesianos: talco-estevensita (esmectita magnesiana); ex.: Baciade Campos. 2) Principal fase de expulsão de água e de perda de porosidade por compactacão mecânica. Lamas recém- depositadas possuem cerca de 80% de água que é reduzida a cerca de 30-40% de água ao final da eodiagênese. 3) Nódulos e concreções de carbonatos de diversas composições, cujos elementos maiores e razões isotópicas de carbono (13C) permitem identificar se o processo de precipitação ocorreu na zona de oxidação, de redução de sulfato ou de fermentação. Podem manter o empacotamento e a composição originais do sedimento. Mesodiagênese Esmectitas Transformação gradual das esmectitas em ilitas e cloritas, através de interestratificados: expulsão de água e cátions, influenciando na diagênese de arenitos e calcários associados. Água para o transporte de solventes orgânicos e hidrocarbonetos. Transformação concentra-se em um intervalo de profundidade que é função da temperatura, do tempo de residência (taxa de soterramento) e da composição original das esmectitas (as com ferro são mais resistentes). Caulinitas Mantém-se estáveis apenas em ambientes continuamente ácidos ao longo da diagênese (matéria orgânica); em ambientes alcalinos, são destruidas com o soterramento crescente, passando a cloritas ou ilitas. Ilitas Evoluem principalmente a partir dos interestratificados I-S e das micas alteradas ("degradadas"). Formam- se mais cedo em ambientes evaporíticos potássicos. Com a passagem ao metamorfismo (anquimetamorfismo), passam a fengitas (com Fe+2) e a micas (sericitas). Geotermometria Índices relativos de paleotemperatura máxima podem ser obtidos da estrutura cristalina ("politipo") de cloritas, ilitas e caulinitas, do grau de organização ("cristalinidade") de ilitas, do teor de ilita nos interacamadados I-S, da reflectância da vitrinita, da grafitizacão do querogênio e de outros índices orgânicos. Esses índices podem ser utilizados como geotermômetros calibrados para cada sequência ou bacia. 20 20 Transformação de esmectitas em ilitasou em cloritas através de interestratificados (de Segonzac, 1970). Controle cinético da traqnsformação de esmectitas em ilitas em lutitos do Golfo do México (Hower et al. 1976) 21 21 3 - ARENITOS E CONGLOMERADOS 3.1 - Importância - 20-25% do volume das rochas sedimentares são arenitos (cerca de 50-55% no Brasil); 1-2% são conglomerados. - Como rochas mais resistentes, constituem a maioria dos afloramentos. - São os principais reservatórios de hidrocarbonetos (mais comumente que as rochas carbonáticas). - Importantes jazidas diagenéticas de U e Cu/Zn/Pb, e pláceres de Au, Ti, Sn, Th e Terras Raras. - Principais aquíferos. - Constituem sistemas mineralógicos e geoquímicos de grande complexidade (espécies detríticas e autigênicas; transferência de íons em solução em grande escala). - Recebem a atenção da maior parte das pesquisas em Petrologia Sedimentar. 3.2 - Estruturas, Texturas, Fábrica Estruturas Analisadas mais detalhadamente nos estudos de Sedimentogênese e Ambientes de Sedimentação, permitem a caracterização de processos, fácies e ambientes deposicionais. Pricipais aspectos detalhados na Petrologia Sedimentar referem-se essencialmente às texturas e à algumas estruturas melhor caracterizadas na escala meso- ou microscópica. Laminação (< 1 cm de espessura) - Espessura: com menos do que 3 mm de espessura é denominada laminação fina. - Forma: plana, paralela, cruzada, cavalgante, lenticular, etc... - Textura maciça: sem laminação ou outro arranjo interno visível (algumas camadas aparentemente maciças são laminadas em radiografia). Textura maciça é produto de deposição muito rápida (comum em turbiditos proximais), ou homogeinização pós-deposicional por fluidização, bioturbação, etc... - Natureza da laminação: por mudança de composição, de granulometria, de formato, de orientação, ou de empacotamento das partículas. Textura Granulometria - Escalas em mm (geométrica) e em ø (aritmética). - Meios de medida: desde medida direta, até microscopia eletrônica. 22 22 Parâmetros Estatísticos: - Mediana (ø 50): sem significado. - Média (M = (ø 25 + ø 75) / 2, ou (ø 16 + ø 50 + ø 84) / 3: válida apenas para sedimentos com distribuição próxima à normal. - Moda (classes mais abundantes em volume): parâmetro mais significativo e prático; acessível por observação direta. Sedimentos podem ter 2 ou mais modas, separadas por "selas" de classes menos abundantes (sedimentos bi- ou polimodais), ou apresentar assimetria de distribuição em relação à moda (assimetria grossa = "cauda fina", ou assimetria fina = "cauda grossa"). Seleção Fórmulas: So = ø 25 / ø 75; ou: So = (ø 84 - ø 16) / 4 + (ø 95 - ø 5) / 6,6 Operacionalmente avaliada por tabelas comparativas (ex: Beard e Weyl, 1973; Scholle, 1979); ou por avaliação visual: se mais de 90% da rocha está em uma única classe granulométrica: bem selecionado; se em duas classes granulométricas contíguas: moderadamente selecionado; se em três ou mais classes: mal selecionado. Curvas de distribuição de frequência acumulada de granulometria não podem ser utilizadas para arenitos ou conglomerados que tenham sofrido diagênese (mudança da seleção original pela introdução diagenética de fração fina, dissolução de grãos, etc...), nem podem ser utilizadas para interpretação de ambientes deposicionais. Uso restrito à comparação entre sedimentos recentes. 23 23 Matriz Termo empregado formalmente apenas para sedimento fino (argila + silte) depositado junto e simultaneamente com grãos maiores. Usado informalmente no campo para qualquer material intersticial mais fino do que um arcabouço mais grosso (inclusive para material tamanho areia em um conglomerado, por exemplo). Comumente, uma fração maisfina foi produzida por processos diagenéticos de compactação, infiltração, substituição ou cimentação, não devendo receber a denominação "matriz" formalmente. Matriz sindeposicional abundante é depositada apenas por meios de alta viscosidade (fluxo de detritos, gêlo). Forma das Partículas Arredondamento Função do grau de abrasão (controlado pela resistência da partícula, distância, tempo e mecanismo de transporte). Experimenta grandes modificações diagenéticas, pela compactação (fratura, esmagamento, ou dissolução por pressão), pela dissolução, e/ou pela substituição dos grãos por minerais autigênicos. Esfericidade Função essencialmente da forma original e textura interna das partículas, e menos do transporte. Pouco útil na descrição sistemática. 24 24 "Fábrica" ("trama") Arranjo entre os grãos e orientação: compreende 3 aspectos básicos: 1) Empacotamento Função da compactação pelo soterramento: por rearranjo, deformação e/ou dissolução por pressão entre os grãos. Métodos de avaliação: Índice de Proximidade (Kahn, 1956): medido em transversas Pp = número de contatos grão-grão / total de interfaces Índice de Contato (Taylor, 1950) : CI = número de contatos por grão / número de grãos na transversa Tipos de contatos: pontuais, longos, côncavo-convexos, suturados Empacotamento frouxo: contatos essencialmente pontuais; empacotamento apertado: contatos essencialmente côncavo-convexos e suturados; empacotamento normal: presença de contatos pontuais, longos e côncavo-convexos. 25 25 2) Suporte da Fabrica - Pelos grãos: deposição por meios de viscosidade e densidade normais. - Pela matriz: deposição por fluxos de detritos, escorregamentos, ou gêlo; Pode ser modificado na diagênese (pela geração de matriz por compactação de grãos dúcteis, por exemplo). - Pelo cimento: grãos não se tocam, "boiando" no cimento; precipitação deslocante do cimento na ou próximo à superfície. 3) Orientação dos grãos Visível pelos fragmentos alongados (micas, fragmentos de rocha), principalmente nos arenitos grossos e conglomerados: paralela, imbricada, caótica ou sem orientação. Tipos de contatos intergranulares e de suporte de fábrica em arenitos. 3.3 - Composição primária Principais tipos de constituintes primários em arenitos e conglomerados: Quartzo - Mineral mais abundante, devido à resistência mecânica e química. - Monocristalino (maior desagregação e/ou rocha-fonte mais grossa) ou policristalino. Quatro tipos principais quanto a origem e textura: - "Comum" ou plutônico: monocristalino; extinção pouco ondulante; poucas inclusões. - Vulcânico: monocristalino; subédrico; seções hexagonais ou losangulares; embaiamentos; extinção abrupta. 26 26 - Metamórfico: policristalino (quartzitos), mosaico ou estirado, ou monocristalino, fortemente ondulante; inclusões (micas, etc...) orientadas. - Hidrotermal: mono- ou policristalino; ondulante; muitas inclusões fluidas; clorita vermicular. Feldspatos - Abundância diminuída em relação às rochas-fonte: menor estabilidade física (clivagens, maclas), e química (alteração ou dissolução). - Identificação simplificada: feldspatos alcalinos: - Ortoclásio: sem macla; comumente alterado, dissolvido ou substituído: 2v grande. - Sanidina: o mesmo; raramente com macla karlsbad; 2v pequeno. - Microclínio: macla xadrez ou manchada; comumente fresco (estrutura triclínica mais apertada e regular; maior pureza, menos Na, maior resistência). - Pertitas: ortoclásio- ou microclínio-pertita; finas, de exsolução, ou grossas, tigradas, de substituição. Alterações mais comuns: "vacuolização": aspecto turvo (muitas vezes, substituição pseudomórfica e neomórfica por K-feldspato autigênico microcristalino); "ilitização": lamelas amarelas (como pequenas micas), segundo clivagens, etc...; "caulinização": microcristalina: agregados de lamelas cinza; "calcitização": substituição por calcita. - Plagioclásios: macla albita, albita-karlsbad, zonação. Alterações mais comuns: "esmectitização": finas argilas castanhas-amareladas; - "ilitização"; "calcitização"; "albitização": aspecto turvo manchado, macla xadrez descontínua, agregados microcristalinos. Fragmentos de Rocha (Litoclastos) Essencialmente partículas extrabaciais, mas podem ser igualmente intrabaciais (ex.: litoclastos produzidos por vulcanismo intrabacial): - Rochas plutônicas (incluindo rochas graníticas, gabróicas, gnaisses e granulitos). - Rochas vulcânicas ("ácidas" ou "básicas"): litoclastos básicos (comumente muito alterados, à esmectitas, cloritas, e/ou óxidos de Fe e Ti); ácidos (comumente devitrificados a feldspato microcristalino ou zeolitas, ou silicificados a quartzo microcristalino). - Rochas metamórficas (incluindo fragmentos de ardósias, filitos, xistos, mármores, hornfelses e milonitos). - Rochas sedimentares (incluindo arenitos, lutitos, cherts, e rochas carbonáticas, e seus equivalentes incipientemente metamorfizados). Outras Partículas Extrabaciais Micas - Muscovita: mais resistente; altera-se a caulinita, com expansão (forma "leques" ou "acordeons") - Biotita: oxidada a hematita na eodiagênese continental, ou alterada a clorita na mesodiagênese. Minerais Pesados - Grande variação de resistência: assembléia mais estável: zircão - turmalina - rutilo (proporção quanto ao total de pesados = índice ZTR). Na maioria, eliminados na diagênese. Concentração em "placers". Partículas Intrabaciais Intraclastos Fragmentos de sedimentos da própria propria bacia, erodidos e redepositados contemporaneamente. - Argilosos: comuns em sistemas fluviais ou deltaicos (sedimentos da planície de inundação, canais abandonados, solos) e turbiditos proximais (do talude); comumente concentrados em níveis; compactação gera "matriz de compactação" ("pseudomatriz"). - Carbonáticos: diversas texturas; difícil distinção de litoclastos carbonáticos extrabaciais. - Silicosos: "chert" de quartzo microcristalino e/ou calcedônia; idem quanto à dificuldade de caracterização. - Fosfáticos, ferríferos, evaporíticos, etc... Oóides - Partículas subesféricas de estrutura concêntrica produzidas pela precipitação direta, a partir da água, no 27 27 ambiente deposicional. Podem ser carbonáticos (oólitos), argilosos (de chamosita, glauconita, etc...), fosfáticos, ferríferos, etc... Bioclastos - Esqueletos ou fragmentos de esqueletos de organismos; mais comumente, carbonáticos, mas também fosfáticos ou silicosos. Principais diferenças composicionais entre conglomerados e arenitos: Nos conglomerados, a granulometria mais grossa condiciona maior percentual de fragmentos de rocha, normalmente erodidos à pequena distância, ou rápidamente transportados por processos de alta eficiência, nos quais a composição, textura, e mesmo estruturas das litologias-fonte podem ser observados diretamente. Identifificação macroscópica no campo (lupa 10x; amostragem para calibração); quantificação com uso de redes. Alguns conglomerados podem possuir uma fração arenosa chamada informalmente de "matriz", com a mesma composição dos arenitos associados. Nos arenitos, a desagregação dos litoclastos condiciona a dominância de grãos monominerálicos. A diagênese é mais influente do que nos conglomerados. 3.4 - Classificação de Arenitos e Conglomerados A classificação utilizada (Folk, 1968) - Classificação textural separada da composicional - 100 % descritiva - Método de aplicação: 1 - avaliar % de cascalho, areia, silte e argila (em volume, sobre 100%); 2 - definir nome textural (sedimento ou rocha); 3 - avaliar % relativas (sobre 100%) de quartzo (mono- e policristalino), de feldspatos + fragmentos de rochas plutônicas, e de outros litoclastos (incluindo chert); 4 - definir nome composicional; 5 - adicionar, se for o caso, nomes de acessórios detríticos importantes (ex.: micáceo, glauconítico, bioclástico, etc...), bem como cimentos importantes. Termos problemáticos oude uso específico: Termos que devem ser evitados: - Grauvaques ("graywackes", "wackes"): usado para designar arenitos compostos por fragmentos metamórficos, ou com abundante matriz argilosa, ou turbidíticos ; termo de uso corrompido. - Ortoconglomerados (sem matriz) - ortoquartzíticos - petromíticos - Paraconglomerados (> 15 % matriz) - tilitos - tilóides - "Matriz arenosa" Termos que devem ser utilizados adequadamente: - Arcósios ou arcóseos, significando arenitos feldspáticos; não empregar "arenitos arcósicos", ou "arcoseanos". - Diamictitos (termo de campo para conglomerados ou arenitos suportados pela matriz). 28 28 Classificação textural e composicional básica de Folk (1968). 29 29 Classificação composicional de arenitos e conglomerados de Folk (1968). 30 30 GEO 03 005 - PETROLOGIA SEDIMENTAR ARENITOS E GONGLOMERADOS TEXTURA E COMPOSIÇÃO CONGLOMERADOS Com amostra macro + lâmina: PS-29 - Paleozóico - EUA - Conglomerado arenoso, quartzarenito, com grãos de quartzo mono- e policristalino (metamórfico, hidrotermal, alguns com crescimentos secundários), minerais pesados, e argilas intersticiais (matriz de compactação - "pseudomatriz" - caulinizada). ES-651 - Alemanha - Conglomerado arenoso, quartzarenito, com fragmentos de quartzo policristalino hidrotermal e de quartzito, cimentado por opala, em cutículas e massas colomorfas. ES-539 - Fm. Guaritas - Cambriano - Bc. Camaquã - RS - Conglomerado seixoso, arcóseo, com litoclastos de rochas plutônicas graníticas, e de rochas vulcânicas ácidas e intermediárias. PS-636 - Gr. Itararé Permiano, Bc. Paraná - RS - Conglomerado granuloso lamoso com abundante matriz e fragmentos angulosos, facetados pelo gelo ("tilito"). PS-712 - Proterozóico - RS - Conglomerado litarenito filarenito, constituído por litoclastos metamórficos de xistos, filitos, ardósias e quartzitos, intensamente compactados PS-20 - Fm. Maricá - Proterozóico Superior - RS - Conglomerado litarenito filarenito, constituído por litoclastos metamórficos (xistos, filitos, ardósias e quartzitos), metassedimentares (meta-arenitos, metassiltitos, metacalcários), e metavulcânicos, intensamente compactados ES-153 - Triássico - Virginia - EUA - Conglomerado litarenito calclitito à base de litoclastos carbonáticos e meta-carbonáticos; também arenitos, meta-arenitos, meta-siltitos, xistos e gnaisses. ES-531 - Alemanha - Conglomerado arenoso, litarenito sedarenito calclitito com litoclastos de calcáreos, dolomitos, cherts, quartzitos, xistos e gnaisses. Só com lâmina: 52.58 – Terciário – Antártica – Conglomerado vulcânico de fragmentos de andesitos e outras rochas intermediárias, fortemente alterados a argilominerais esmectíticos e óxidos de ferro, e compactados. Amídalas preenchidas por calcita, calcedônia, argilominerais esmectíticos e zeolitas, que também preenchem os poucos remanescentes da compactação. 84-01 - Paleozóico - Newport - USA - Conglomerado granuloso, litarenito sedarenito chertarenito: litoclastos de chert com diversas texturas (alguns com fantasmas de bioclastos) e areia de quartzo monocristalino, cimentados por franjas e esferulitos de calcedônia. Só com macro: ES-617 - Fm. Aquidauana - Carbonífero - Bc. Paraná - MS - Conglomerado intraformacional com intraclastos de argila e lama vermelha em "matriz" arenosa. Produto de retrabalhamento fluvial. CI-1 - Fm. Candeias - Cretáceo - Bc. Recôncavo - BA - Arenito turbidítico com níveis conglomeráticos intraclásticos de fragmentos de lama preta erodidos do talude pela corrente de turbidez. 31 31 ARENITOS Com amostra macro + lâmina: ES-507 - Membro Vargas - Cambriano - RS - Arenito grosso, mal selecionado, arcóseo lítico; litoclastos vulcânicos, feldspatos vacuolizados e ilitizados. 81-70 - Formação Juá - Proterozóico superior - BA - Litarenito médio, filarenito: litoclastos metamórficos de baixo grau (ardósias, filitos, meta-siltitos e meta-arenitos) muito compactados; intraclastos de argila e óxido. ES-551 - IGR K-141 - Carbonífero - Harz, Alemanha - Arenito médio, mal selecionado, litarenito filarenito com abundantes litoclastos de filitos, xistos, ardósias, meta-siltitos, e grãos angulosos de feldspatos e quartzo, intensamente compactados. 8608 - CG8 - Fm. Botucatu - Jurássico - Bc. Paraná - RS - Arenito com textura bimodal laminada de foreset eólico. Subarcósio com laminação granulométrica bem marcada. cimentação moderada por óxidos de ferro, crescimentos de feldspato e franjas de argilas autigênicas (ilitas). Só com lâmina: GT-5 E - Proterozóico superior - BA - "Grauvaque" "clássico": abundante e heterogênea pseudomatriz de compactação de litoclastos metamórficos (?) e de feldspatos muito alterados; metamorfismo incipiente (sericita-clorita corroendo as bordas dos grãos). 341 - Gr. Itajaí - Proterozóico superior - SC - Arenito grosso conglomerático, arcósio lítico: quartzo vulcânico euédrico-subédrico, sanidina albitizada, pseudomatriz abundante da compactação de materiais vulcânicos muito alterados. 1572 - Mb. Carapebus - Terciário - Bc. Campos - RJ - Arenito médio, mal selecionado, arcósio com intraclastos lamosos compactados ("pseudomatriz"), e pelóides de glauconita. 82-105 - Fm. Candeias - Cretáceo - Bc. Recôncavo - BA - Arenito médio conglomerático, arcósio lítico intraclástico: intraclastos argilosos e carbonáticos compactados (pseudomatriz); litoclastos sedimentares: arenitos, cherts, siltitos. 5367 - Fm. Furnas - Siluriano – Bc. Paraná - PR - Arenito fino-médio, micáceo, fábrica orientada; pesados e abundantes minerais autigênicos de titânio. 44193 - Mb. Carmópolis - Aptiano - Bc. SE/AL - Arenito muito grosso conglomerático, litarenito filarenito: litoclastos metamórficos de baixo grau (filitos, xistos, quartzitos) cimentados por dolomita grosseira. 741 - Fm. Boipeba – Jurássico - Bc. Recôncavo - BA - Arenito fino, arcóseo micáceo com níveis de concentração de lamelas orientadas de muscovita e biotita (oxidada) deformadas pela compactação; cutículas de óxidos de ferro; dissolução de grãos de feldspatos. 32 32 PETROLOGIA SEDIMENTAR DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA – ROCHAS EXTRABACIAIS Nome:________________________________________________ Data: ________ AMOSTRA / LÂMINA: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA 1. Cor (cf. Rock Color Chart): 2. Estruturas: 3. Textura: - Granulometria: moda(s) de tamanho: - Forma dos clastos maiores: 4. Fábrica: - Orientação: - Sustentação: 5. Avaliação da composição do cascalho (conglomerados): 33 33 DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA A) ESTRUTURAS, TEXTURAS, FÁBRICA 1. Estruturas 2. Granulometria Intervalo de distribuição de tamanho: Moda(s) de tamanho das partículas: Proporção (a 100 %) de Argila, Silte, Areia e Cascalho: Seleção: 3. Forma das partículas Arredondamento: Esfericidade: Forma geral: 34 34 4. Fábrica Sustentação: Orientação: Tipos de contatos: Empacotamento: B) COMPOSIÇÃO DETRÍTICA 1. Quartzo: 2. Feldspatos: 3. Fragmentos de rocha: 4. Outros constituintes do arcabouço: 5. Matriz sindeposicional: C) DIAGÊNESE (numerar os processos e produtos) 35 35 D) POROSIDADE E) CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA D) INTERPRETAÇÕES GENÉTICAS 1. Ambiente deposicional: 36 36 2. Proveniência: 3. Ambientes diagenéticos: Obs.: - Cada constituinte ou observação em uma linha - Todas as % em relação ao volume total da rocha. - Escala nominal de abundância: TR = traços, R = raro, C = comum, A = abundante 37 37 PETROLOGIA SEDIMENTAR DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA –ROCHAS EXTRABACIAIS Nome:________________________________________________ Data: ________ AMOSTRA / LÂMINA: XXXXXXX DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA 1. Cor: Castanho avermelhado claro (R.C.C. 10 R 5/4) 2. Estruturas: Laminação cruzada planar. Lâminas milimétricas definidas pela granulometria. 3. Textura: - Granulometria: moda(s) de tamanho: Modas de granulometria em areia grossa e areia fina, dispostas em lâminas. - Forma dos clastos maiores: Equante. 4. Fábrica: - Orientação: Paralela. - Sustentação: Pelos grãos. 5. Avaliação da composição do cascalho (conglomerados): DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA A) ESTRUTURAS, TEXTURAS, FÁBRICA 1. Estruturas Laminações granulométricas bem marcadas, com 1 a 5 mm de espessura. 38 38 2. Granulometria Intervalo de distribuição de tamanho: De areia muito fina a areia muito grossa. Moda(s) de tamanho das partículas: Distribuição bimodal areia fina/grossa, segundo laminas. Proporção (a 100 %) de Argila, Silte, Areia e Cascalho: 100 % areia. Seleção: Mal selecionado. 3. Forma das partículas Arredondamento: Fração grossa bem arredondada; fina subarredondada; com alteração aparente da forma produzida por crescimentos secundários. Esfericidade: Alta. Forma geral: Equante. 4. Fábrica Sustentação: Pelos grãos. Orientação: Grãos menos equantes orientados sub-paralelamente à laminação. Tipos de contatos: Pontuais (C), Retos (A), Côncavo-convexos (C). Empacotamento: Normal. B) COMPOSIÇÃO DETRÍTICA 1. Quartzo: 70 % 39 39 Monocristalino plutônico (A). Policristalino metamórfico (C). 2. Feldspatos: 25 % Ortoclásio muito alterado (vacuolizado e ilitizado, substituído por calcita e dissolvido) (C). Microclínio fresco (R) Plagioclásio alterado (substituído por esmectita e calcita, dissolvido, albitizado) (C) 3. Fragmentos de rocha: 5% Fragmentos de rocha plutônica, com feldspatos alterados (C). Fragmentos de xisto deformados pela compactação (R). 4. Outros constituintes do arcabouço: Micas deformadas pela compactação (essencialmente biotita, parcialmente oxidada e cloritizada) (R). Pesados (essencialmente turmalina, zircão e rutilo) (TR) 5. Matriz sindeposicional: Não. C) DIAGÊNESE (numerar os processos e produtos) 1. Oxidação de micas e intraclastos argilosos; formação de finas cutículas de óxidos sobre os grãos (TR). 2. Compactação mecânica: fratura de alguns feldspatos, deformação limitada de micas, litoclastos de xisto e intraclastos. 3. Compactação química: dissolução por pressão limitada nos contatos intergranulares. 4. Crescimentos secundários sobre grãos de quartzo (3%) e feldspatos (2%) 5. Precipitação de calcita poiquilotópica cimentando parte da porosidade intergranular, e substituindo comumente os grãos de feldspato e levemente os crescimentos de quartzo (7%). 6. Dissolução: geração de porosidade secundária pela dissolução parcial da calcita e dos feldspatos. 7. Precipitação de finas franjas de clorita nos poros secundários (1%); cloritização parcial das micas. 8. Precipitação de cristais discretos de quartzo tardio em alguns poros (TR). 9. Albitização dos grãos de feldspato, em especial dos plagioclásios. D) POROSIDADE Total: 9% Porosidade intergranular (aparentemente em parte secundária, pela dissolução de cimento de calcita, e em parte primária reduzida) (5%). Porosidade secundária intragranular (dissolução de calcita de substituição e direta dos grãos?) (4%). Microporosidade na clorita autigênica (TR). 40 40 E) CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA Arenito bimodal grosso-fino, subarcósio, cimentado por calcita, quartzo e feldspato. D) INTERPRETAÇÕES GENÉTICAS 1. Ambiente deposicional: Eólico, pelas evidências da textura e estrutura. 2. Proveniência: Embasamento soerguido, transicional para Craton estável. 3. Ambientes diagenéticos: Eodiagênese continental de clima seco. Mesodiagênese moderada. Obs.: - Cada constituinte ou observação em uma linha - Todas as % em relação ao volume total da rocha. - Escala nominal de abundância: TR = traços, R = raro, C = comum, A = abundante 41 41 3.5 - Aspectos de Proveniência A composição detrítica é importante ferramenta de interpretação da evolução tectônica e do prenchimento sedimentar das bacias. A análise de proveniência é um método em rápida expansão nos estudos de bacias e na estratigrafia em geral Análise de minerais detríticos pesados: Predominante nas décadas de 40-50. Definição de "províncias" de assembléias mineralógicas (escala regional); metodologia de uso limitado nas décadas de 60-70. Problemas: equivalentes hidráulicos diferentes; alteração intensamente diferencial no intemperismo e na diagênese dos minerais pesados. Atualmente: método sofisticado; análises de minerais específicos por microssonda ou texturas internas: ilmenita, zircão, granada (escala local). Proporções de minerais pesados nos sedimentos recentes do Rio Nilo (Morton, 1985). 42 42 Destruição gradual das espácies de minerais pesados com o aumento da profundidade em arenitos do Mar do Norter (Morton, 1985) Composição das variadades de granadas e suas rochas-fonte. 43 43 Análise de Proveniência a partir da composição detrítica essencial Controles da composição detrítica: função da proveniência (litologia, clima, relêvo da área-fonte), transporte (agente, distância, velocidade, processos), deposição (ambiente, taxa, clima), e diagênese (composição da água, porosidade-permeabilidade, temperatura e pressão). Controles nas áreas-fonte: Composição e textura das rochas-fonte Clima (intemperismo químico x físico) Relevo Controles durante o transporte: Agente de transporte Distância de transporte Velocidade e tempo de transporte Processo (tração, saltação, suspensão) Controles no ambiente deposicional: Tipo de ambiente Clima Taxa de deposição e soterramento Controles durante a diagênese: Porosidade, Permeabilidade Composição dos fluidos História de soterramento e térmica A composição da rocha-fonte controla composição de fração arenosa do solo e do aluvião liberado no primeiro ciclo sedimentar. O clima condiciona a alteração da composição original (mais úmido, mais estável-quartzosa), desde que o relêvo seja suave. Composição essencial dos sedimentos liberados de dois tipos de rocha-fonte sob clima seco e úmido. 44 44 Relêvos acidentados permitem liberação com pouca alteração, independente do clima (ex.: arcos magmáticos, cinturões orogênicos). Quanto maior a distância, tempo, e quanto maior a abrasão por tração e saltação no transporte, mais maturo (quartzoso) o sedimento (ex.: bacias intracratônicas versus rifts continentais). Deposição subaérea em ambientes continentais úmidos: máxima maturação na deposição; ambientes subaquosos anóxicos: menor alteração e melhor preservação da composição original. Maior taxa de sedimentação: maior preservação; menor: composição mais quartzosa. 45 45 Efeito da taxa de sedimentação sobre o enriquecimento relativo em quartzo. Destruição gradual e diferencial de constituintes detríticos na diagênese por dissolução, substituição (dominantemente por argilas e/ou óxidos na eodiagênese; carbonatos na mesodiagênese), e esmagamento (litoclastos e intraclastos argilosos) (McBride, in Zuffa, 1985). Assembléias de pesados fortemente modificadas. Análise global da composição detrítica essencial Principal obstáculo: influência das texturas da rocha-fonte e do sedimento sobre a composição (sedimento mais grosso mais litoclastos; mais fino litoclastos desagregados em grãos monominerálicos de quartzo, feldspatos, micas, etc...)(Allen, 1962; Gazzi, 1966, inZuffa, 1985). F ra g m e n t o s d e r o c h a q u a rt z o + f e ld s p a t o 0 100 200 300 400 500 Diâmetro médio ( m) F ra g m e n t o s d e r o c h a q u a rt z o + f e ld s p a t o 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Diagrama de composição x tamanho de grão mostrando a dependência do conteúdo em fragmentos de rocha em relação ao tamanho de grão (Allen, 1962 apud Zuffa, 1985). Composição de três ciclos turbidíticos dos Apeninos de um mesma fonte plutônica quantificados 46 46 com o método convencional e com o método Gazzi-Dickinson (Gazzi, 1966; Zuffa, 1985). Solução: a técnica de contagem Gazzi-Dickinson (Zuffa, 1985): Cristais maiores que o tamanho silte (0,0625 mm) em litoclastos são contados separadamente como quatzo, feldspatos, etc... (identificados com respeito ao tipo de litoclastos onde estão); são contados separadamente como litoclastos apenas fragmentos com textura fina (vulcânicas afaníticas, ardósias e filitos, chert, rochas carbonáticas, lutitos, etc...). Resultado: salienta a composição mineralógica-litológica das rochas-fonte, independentemente da granulometria. Contagem discriminada Gazzi-Dickinson permite a identificação das "assinaturas" composicionais dos principais ambientes tectônicos (crátons estáveis, rifts alimentados pelo soerguimento de blocos do embasamento, arcos magmáticos, e cinturões orogênicos com reciclagem de rochas sedimentares e metessedimentares), bem como a construção de diagramas ternários combinados que permitem caracterizar cada caso, suas gradações e sua evolução (Dickinson, 1985).A análise de proveniência criteriosa permite também, numa escala menor, identificar os padrões de preenchimento das bacias no espaço e no tempo. Distribuição da composição detrítica de arcabouços de arenitos com proveniência em diferente ambientes tectônicos (Dickinson, 1979,1985) 47 47 Indices plotados nos diagramas Dickinson: Qt: quartzo total: grãos de quartzo macrocristalino mono- ou policristalinos, isolados ou dentro de fragmentos de rochas plutônicas, sedimentares ou metamóficas (Qt = Qm + Qp) Qm: quartzo macrocristalino (cristais > 0,06 mm) monocristalino ou policristalino grosso Qp: quartzo policristalino fino (cristais < 0,06 mm) de origem sedimentar (chert) ou metamórfica de baixo grau F: feldspatos potássicos (K) e plagioclásios (P) isolados ou dentro de fragmentos de rocha (> 0,06 mm) L: fragmentos de rochas vulcânicas e hipoabissais (Lv), sedimentares e metamórficas (Ls) compostos por cristais ou grãos < 0,06 mm Lt: líticos totais, representando o somatório de L com Qp TIPOS DE COMPOSIÇÃO DAS PROVENIÊNCIA AMBIENTE TECTÔNICO AREIAS GERADAS Cráton estável Intracontinental ou Areias quartzosas (ricas em Qt) plataforma passiva com altas razões de Qm/Qp e K/P Soerguimento do Rift of ruptura Areias quartzo-feldspáticas (Qm-F) embasamento ransformante pobres em Lt e Qp, similares à area fonte Arco magmático Arco de ilhas ou Areias feldspato-líticas (F-L) arco continental vulcanoclásticas com altas razões P/K e Lv/Ls, gradando para areias quartzo- feldspáticas derivadas de batólitos Reciclagem Cinturão orogênico ou Areias quartzo-líticas (Qt-Lt) ricas em Ls orogênica complexo de subducção (sedimentares e meta-sedimentares), pobres em F e Lv, com razões variáveis de Qm/Qp e Qp/L Problemas sem solução definida: - Reciclagem: grãos de rochas sedimentares mais antigas sendo repetidamente erodidos, redepositados, incorporados a novas rochas, e assim por diante. comum em bacias do tipo "foreland", e em algumas bacias intracratônicas (com altos ou "arcos internos"). - Desagregação diferencial no transporte (devida à clivagens, etc...) ---> feldspatos se concentram mais na fração mais fina. Bibliografia Básica Zuffa, G.G., p. 165-189, e Dickinson, W., p. 333-361, in: Zuffa, G.G. (Ed.) - 1985 - Provenance of Arenites. Dordrecht, D. Reidel, NATO-ASI Series, 408 p. 48 48 49 49 3.6 - Diagênese Clástica A grande variedade de composição e textura dos sedimentos terrígenos implica numa complexa variação dos processos da sua diagênese. Controles: - composição detrítica (função essencialmente da proveniência, controlada por rochas-fonte, geografia e clima) - composição dos fluidos (função do inicialmente do ambiente de deposição, que controla a composição da água deposicional, texturas, estruturas e geometria dos sedimentos e portanto o fluxo de fluidos, e das próprias reações diagenéticas e das litologias associadas) - composição dos constituintes diagenéticos anteriormente formados - temperatura, pressão e tempo (parâmetros controlados pela história de soterramento da sequência, função essencialmente do ambiente tectônico) A diagênese clástica é caracterizada por sistemas geoquímicos muito dinâmicos: - transferência de fluidos, dissolução e precipitação de minerais em grandes volumes e distâncias; influência das rochas associadas com os arenitos e conglomerados: lutitos, carbonáticas, evaporíticas, etc... - destruição, geração e redistribuição de porosidade - modificação da composição detrítica - complexa sequência de processos: sucessão muitas vezes coerente na escala de unidades ou grandes corpos, mas variável de poro a poro. 50 50 Feições Diagenéticas: Nomenclatura Arcabouço: grãos detríticos Espaço intersticial: pode ser ocupado por: - poros --> fluidos - "matriz" --> material fino (sindeposicional ou diagenética) - cimento --> minerais precipitados a partir dos fluidos Texturas de constituintes diagenéticos: Recobrimento de grãos (circundando poros, pore lining): - cutículas (coatings): cristais tangenciais à superfície dos grãos, ou sem estrutura (criptocristalina/amorfa) - franjas (rims): cristais perpendiculares à superfície dos grãos - crescimentos secundários (overgrowths): cristais de composição similar à do grão, com orientação óptica igual (sintaxiais) ou diferente (epitaxiais) do grão que recobrem. 51 51 Cimento de preenchimento de poro (pore-fill): - agregados microcristalinos - grandes cristais: "mosaico" - poiquilotópico: grandes cristais, engolfando diversos grãos. Matriz de compactação: ("pseudomatriz"): por esmagamento de fragmentos macios, geralmente argilosos ou micáceos; reconhecida por empacotamento e composição heterogêneos. Substituição de grãos: (dissolução - precipitação simultâneas) - marginal ("corrosão") - interna: segundo clivagens, fraturas, zonação - completa (pseudomórfica). Dissolução de grãos: - marginal - interna: grãos "alveolados" (honeycombed), poros intragranulares - total; gerando moldes. 52 52 53 53 Interpretação de sequência diagenética: (regras de paragênese) Empacotamento: função de profundidade e tempo de soterramento: - Aberto (Pp < 40); contatos dominantemente pontuais; soterramento raso, ou ocorrente apenas após cimentação que sustentou o arcabouço. - Normal (Pp = 40-55); contatos pontuais, retos e côncavo-convexos; soterramento intermediário ou durante a cimentação. - Apertado (Pp > 55); contatos dominantemente côncavo-convexos e suturados; soterramento profundo, por longo tempo, ou em condições de alta T. Cimentação versus Compactação Um constituinte diagenético que ocorre entre muitos dos grãos foi precipitado antes de qualquer compactação considerável (pré-compactacional). Um constituinte diagentético que está ausente das áreas de contato intergranular foi precipitado após compactação substancial (pós-compactacional). Um constituinte diagenético presente apenas entre alguns dos contatos intergranulares foi precipitado ou durante a compactação(sin-compactacional), ou parcialmente, apenas em algumas áreas antes de compactação considerável (cimentação pré-compactacional parcial). Empacotamento x compactação: grandes valores de índice de proximidade (Pp > 50; Kahn, 1956) indicam que muita da compactação ocorreu antes da cimentação, e vice-versa. Franjas (rims), cutículas (coatings) and crescimentos (overgrowths) que são contínuos ao redor dos grãos são provavelmente pré-compactacioinais. Constituintes de recobrimento de grãos que ocorrem entre os grãos foram formados antes do soterramento. Constituintes de preenchimento de poros mais abundantes do que 35-45% (que corresponde à porosidade deposicional normal das areias) provavelmente precipitaram muito próximo à superfície, de modo a deslocar os grãos. Em alguns casos, entretanto, esses grandes volumes de constituintes intergranulares podem ser relacionados à intensa substituição dos grãos, que neste caso mostram forte corrosão ao longo de seus contatos com o constituinte diagenético. Basicamente, grandes volumes intergranulares sugerem ou uma precipitação precoce e/ou rasa de cimento intergranular, ou que o arenito nunca foi soterrado profundamente, oi que ele foi protegido da compactação por saturação precoce por óleo ou por pressões anormais de fluidos nos poros. Houseknecht (1987), Lundegard (1992) and Ehrenberg (1995) desenvolveram avaliações gráficas da importância relativa da cimentação e da compactação na destruição da porosidade dos arenitos. Sequência temporal relativa 1) O constituinte diagenético que mais comumente está diretamente sobre os grãos é o mais precoce; aquele que preenche o centro dos poros é o mais tardio. 2) A parte central de cimentos poiquilotópicos é mais precoce do que as porções mais próximas das margens dos grãos circundantes. 3) Um constituinte X que inclui restos irregulares, corroídos de outro constituinte Y provavelmente substituiu este contituinte Y. 4) Cristais regulares, bem-formados de um constituinte diagenético Y incluídos em outro constituinte diagenético X foram provavelmente ou engolfados pelo posterior crescimento de X sem substituição detectável, ou são posteriores, e substituíram X. 5) Um constituinte X que está circundando ou sobrecrescendo outro constituinte Y é mais tardio do que Y. 54 54 6) Se as áreas cimentadas por um constituinte X mostram menor compactação dos que áreas cimentadas por outro constituinte coexintente Y, então X foi precipitado antes do que Y. Similarmente, se as áreas cimentadas mostram menor índice de proximidade do que as áreas porosas adjacentes, isto sugere que a cimentação ocorreu antes de substancial decréscimo do volume intergranular pela compactação 55 55 Eodiagênese Processos são controlados pelo ambiente superficial, que é comumente o deposicional. Eodiagênese continental Água meteórica: caracterizada por alto CO3++, baixo SO4++e baixa concentração inicial; concentra por evaporação. Eodiagênese Continental sob Clima seco - Promovida sob intensa circulação e evaporação da água. - Normalmente com intensa oxidação da matéria orgânica e do Fe++. Hematita Produto da oxidação de minerais ferro-magnesianos (avermelhamento secundário), ou por desidratação de hidróxidos detríticos (depositados junto com argilas). Ex.: red beds: Botucatu, unidades do SW dos EUA (Walker et al., 1978). Coberturas muito espessas podem inibir processos diagenéticos posteriores (como em ferricretes, lateritos). Técnica de observação: luz refletida oblíqua (fibra óptica). Carbonatos Comumente são calcita sem Fe e Mg. Concentrações podem ocorrer como caliches ou calcretes no solo (ação de raízes e bactérias, que liberam CO2), ou ao longo do nível freático; precipitados sob condições semi-áridas (abastecimento de água episódico). podem ter a forma de nódulos, lentes, níveis maciços, crostas, rizólitos . Texturas: comumente microcristalina, mosaico fino, concrecional, fibrosa; excepcionalmente poiquilotópica. Precipitação deslocante (displacive precipitation) de cimento deslocando grãos e/ou material fino é comum. Ex.: África do Sul, Fm Sergi do Recôncavo. Dolomita pode formar concentrações similares (dolocretes) sob condições áridas. Razão Mg/Ca é depletada porque o Ca vai para sulfatos ou para calcretes precipitados a montante. Argilas Autigênicas (neoformadas) Principalmente esmectitas, da alteração de ferromagnesianos, feldspatos e vidro vulcânico. Texturas: franjas, pseudomorfos de grãos (Walker et al., 1978). Arenitos líticos vulcanoclásticos com abundantes esmectitas (básicos: nontronita; ácidos: montmorilonita) + zeolitas + opala + óxidos. 56 56 Argilas Mecanicamente Infiltradas Argilas detríticas (normalmente esmectitas) infiltradas nos sedimentos pelas enxurradas, devido ao rebaixamento do lençol freático. Condições de concentração: na zona vadosa (pequena quantidade, pouca preservação; retrabalhamento); ao longo do nível freático (queda da velocidade de infiltração); sobre barreiras de permeabilidade (embasamento raso, camadas lamosas); sob drenagens escavadas (enxurradas mais frequentes); nos leques aluviais proximais (enxurradas mais frequentes e intensas). Texturas: cutículas, massas preenchendo poros, agregados geopetais (pendulares) e meniscos na zona vadosa; impurezas aprisionadas. Desidratação e contracão diagenética (shrinkage): descolamento, fragmentação, porosidade. Inibição da diagênese posterior pelo recobrimento dos grãos promove a preservação da porosidade. Infiltracão abundante é prejudicial à porosidade e permeabilidade, devido à obliteração dos poros, criação de barreiras. Exemplos: Formação Sergi (Bacia do Recôncavo: Moraes & De Ros, 1990); Fm. Açu (Bc. Potiguar); SW dos EUA (Walker et al., 1978). Sílica Concentrações eodiagenéticas de sílica (silcretes) são precipitadas sob condições de intensa aridez: alto pH (alcalino) promovendo dissolução de silicatos. Particularmente estimuladas pela liberação de sílica pela alteração superficial de materiais vulcânicos. Mineralogia e textura são função da concentração de sílica e de outros íons. Formas de sílica (Thiry e Millot, 1987): - Opala-A (amorfa) e Opala-CT (cristobalita-tridimita; criptocristalina); precipitada sob alta concentração de sílica, Mg++, Na+, etc...; meta-estáveis no soterramento, passa às outras formas): forma cutículas ("verniz do deserto"), agregados colomorfos ou maciços; "lepisferas". - Calcedônia: quartzo fibroso; ocorre como franjas, esferulitos. - Microquartzo ("chert", "sílex"): precipitado sob menores concentrações de sílica e outros íons. Ocorre como mosaico fino; intergranular, deslocante, nódulos, massas. 57 57 - Megaquartzo: precipitado de soluções diluídas; como mosaico grosso, franjas de cristais prismáticos, ou crescimentos. Exemplos de silcretes: Austrália, África do Sul, NE do Brasil (ex.: Sete Cidades - PI), Formações Santa Tecla e Botucatu (associação com vulcânicas). Feldspatos Origem: dissolução de feldspatos detríticos, alteração de micas K+, SiO2 em solução, concentram-se por evaporação. Feldspatos autigênicos tem estrutura cristalina mais perfeita e composição mais pura dos que os de temperatura mais alta. Texturas: - crescimentos (normalmente epitaxiais); - substituição pseudomórfica de grãos de feldspatos detríticos por agregados microcristalinos aspecto turvo "vacuolizado". Ex.: Permo-Triássico da Espanha (Morad et al., 1989), e Inglaterra (Waugh, 1978), Fm. Açu (Cretáceo, Bc. Potiguar). Óxidos de Titânio Titânio pouco móvel na superfície concentração residual por alteração de óxidos detríticos (ilmenita, titanomagnetita), silicatos (biotita, anfibólios, esfêno) precipitação de leucoxênio (agregados criptocristalinos - branco ou amarelo leitoso em luz refletida oblíqua), de anatásio (bipirâmides), e/ou de rutilo (prismático). Sulfatos (anidrita, gipsita ou barita) Em climas áridos,
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