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Lei Maria da Penha: Direitos e Garantias Fundamentais

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Legislação
Prof. Antonio Pequeno
LEI 11.340, de 07 de agosto de 2006
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/2006 – Maria da Penha
(Vide ADI nº 4427)
Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos
termos do § 8o do art. 226 da Constituição
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra as
Mulheres e da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos
Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher; altera o Código de Processo
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução
Penal; e dá outras providências.
3
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=4424&processo=4424
Para você obter êxito na resolução de questões
envolvendo a lei Maria da Penha, lei 11.340/2006, não
precisa ser um jurista e nem um “expert”, basta saber,
na maioria dos casos, a literalidade dos artigos e alguns
posicionamentos jurisprudenciais.
O objetivo é que você venha acertar alguma
questão desse tema. Por isso, serão feitos alguns
esquemas e colacionados alguns julgados do STJ
(Superior Tribunal de Justiça).
Vamos nessa!
4
1) FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL –
O fundamento constitucional para a criação da Lei Maria da
Penha é o artigo 226, §8º, da C./88, conforme abaixo:
Art.226, §8º, C.F/88: O Estado assegurará a assistência à
família na pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
2) DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DA MULHER
Os artigos 2º e 3º, da Lei 11.340/2006, reproduzem,
literalmente, alguns direitos e garantias da mulher, consoante a
seguir:
5
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia,
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e
religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades
para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e
seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
6
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à
justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária.
§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das
relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las
de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar
as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos
enunciados no caput.
7
3) INTERPRETAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins
sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições
peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e
familiar.
Comentários: Na interpretação da Lei Maria da Penha leva-se
em conta o fim social da norma e observando a condição
particular da mulher em situação de vulnerabilidade, tendo em
vista ser vítima de violência doméstica e familiar.
Observação: Tomem cuidado com o tipo de pegadinha que ao
invés de por fins sociais, põe fins políticos!!!
8
4) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica
e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada
no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual
ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei
complementar nº 150, de 2015).
Comentários: De acordo com a Lei Maria da Penha, será
configurada violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer conduta comissiva (ação) ou omissiva (inação ou
omissão) baseada no gênero que lhe cause, conforme
esquematizado a seguir:
9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp150.htm#art27vii
v
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morte
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sexual
lesão
sofrimento 
psicológico
sofrimento 
físico
Dano moral e 
material
10
Para incidir a Lei 11.340/2006 tem que ocorrer a violência de
gênero!
O que seria a violência de gênero?
R.: É gerada essa quando a mulher, em situação de
vulnerabilidade, é humilhada, menosprezada, tratada com se
fosse um objeto!
Exemplo de que NÃO SERÁ aplicada a Lei Maria da Penha: O
ex-marido agride fisicamente a antiga esposa, uma vez que
estava ocorrendo uma discussão a respeito da guarda de uma
criança que foi gerada durante o matrimônio. Nesse caso
hipotético, o homem deverá responder pela agressão física,
mas não deverá incidir a Lei 11.340/2006, porque não teve
violência de gênero. 11
Para incidir a Lei 11.340/2006 tem que ocorrer a violência de
gênero!
O que seria a violência de gênero?
Exemplo de que SERÁ aplicada a Lei Maria da Penha: O
marido chega em casa, do trabalho, e pede para a esposa pôr a
janta. Após a primeira garfada, aquele verifica que a comida
esta fria e, devido a isso, dá uma pratada na cara do cônjuge,
causando lesões corporais. Nesse caso, o homem deverá
responder pela a prática da lesão corporal sob violência
doméstica (art.129, §9º, do C.P) incidindo as regras previstas
na Lei 11.340/2006.
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A) SUJEITO ATIVO - Para praticar uma conduta e ser aplicada
a Lei Maria da Penha independe do sexo, ou seja, pode ser
homem, mulher, mãe, mulheres em relação homoafetiva. Não
precisa ser, somente, homem para que ocorra o
enquadramento com base na Lei nº 11.340/2006.
O Superior Tribunal de Justiça já aplicou a Lei Maria da Penha
num caso em que a mãe causando violência de gênero praticou
violência doméstica contra a filha!
B) SUJEITO PASSIVO – A pessoa que vai sofrer a violência
doméstica só pode ser do sexo feminino, ou seja, tem que ser
mulher.
13
Para corroborar com a explanação acima, colacionarei um
julgado da sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que
deixa claro que o sujeito passivo tem que ser do sexo feminino,
consoante a seguir:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. MAUS TRATOS EINJÚRIA
SUPOSTAMENTE PRATICADOS CONTRA GENITORA. INCIDÊNCIA DA LEI MARIA DA
PENHA. INEXISTENTE MANIFESTO CONSTRANGIMENTO ILEGAL.1. Incabível o
ajuizamento do writ em substituição ao recurso especial. Se se evidenciar a
existência de manifesto constrangimento ilegal, é expedida ordem de habeas corpus
de ofício.2. A Lei Maria da Penha objetiva proteger a mulher da violência
doméstica e familiar que, cometida no âmbito da unidade doméstica, da
família ou em qualquer relação íntima de afeto, cause-lhe morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico, e dano moral ou patrimonial.3.
Estão no âmbito de abrangência do delito de violência doméstica e podem
integrar o polo passivo da ação delituosa as esposas, as companheiras ou
amantes, bem como a mãe, as filhas, as netas do agressor e também a
sogra, a avó ou qualquer outra parente que mantém vínculo familiar ou
afetivo com ele.4. No caso dos autos, não há ilegalidade evidente a ser reparada,
pois mostra-se configurada a incidência da Lei n. 11.343/2006, nos termos do art.
5º, I, ante os relatados maus tratos e injúria em tese sofridos pela mãe do suposto
agressor.5. Habeas corpus não conhecido.
14
C) ÂMBITO DA UNIDADE DOMÉSTICA - no âmbito da unidade
doméstica, compreendida como o espaço de convívio
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive
as esporadicamente agregadas. As relações pessoais
independem de orientação sexual.
D) ÂMBITO FAMILIAR - no âmbito da família, compreendida
como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa. As relações pessoais
independem de orientação sexual.
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E) QUALQUER RELAÇÃO ÍNTIMADE AFETO,
INDEPENDENTEMENTE DE COABITAÇÃO - em qualquer
relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
As relações pessoais independem de orientação sexual.
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5) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER COMO UMA DAS FORMAS DE VIOLAÇÃO DOS
DIREITOS HUMANOS
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher
constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
6) FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
O artigo 7º, da Lei 11.340/2006, traz literalmente as formas de
violência doméstica e familiar contra a mulher. Por isso, é de
fundamental importância o aluno fazer uma leitura desse artigo
de forma cadenciada.
17
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a
mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que
ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta
que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou
que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que
vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização,
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro
meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à
autodeterminação; 18
Art. 7o
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que
a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação
sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou
uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à
gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
19
Art. 7o
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta
que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais,
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os
destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que
configure calúnia, difamação ou injúria.
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TÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR
7) DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto
articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por
diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do
Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de
segurança pública, assistência social, saúde, educação,
trabalho e habitação;
21
Art. 8o
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e
outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e
de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e
à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher,
para a sistematização de dados, a serem unificados
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das
medidas adotadas;
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a
coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a
violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido
no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do
art. 221 da Constituição Federal;
22
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art1iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art3iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art221iv
Art. 8o
IV - a implementação de atendimento policial
especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias
de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas
de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher,
voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão
desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos
das mulheres;
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes,
termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre
órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-
governamentais, tendo por objetivo a implementação de
programas de erradicação da violência doméstica e familiar
contra a mulher; 23
Art. 8o
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar,
da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos
profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados
no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da
pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou
etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos
humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao
problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.
24
8) DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica
da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema
Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher
em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de
programas assistenciais do governo federal, estadual e
municipal.
25
Art. 9o
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
psicológica:
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública,
integrante da administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário
o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
26
Art. 9o
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica
e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes
do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os
serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos
médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
27
9) DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que
tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as
providências legais cabíveis.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
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Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras
providências:
Pela análise do artigo 11 da Lei 11340/2006, há uma imposição
para que a autoridade policial venha adotar algumas
providências quando vier atender uma mulher em situação de
violência doméstica e familiar.
CUIDADO!!!! Não é uma faculdade e sim um dever do delegado
de polícia, conforme o artigo 11 LMP.
De forma esquematizada estão as providências que deverão
ser adotadas pela autoridade policial:
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garantir proteção policial, quando
necessário, comunicando de
imediato ao Ministério Público e
ao Poder Judiciário
encaminhar a ofendida ao
hospital ou posto de saúde e ao
Instituto Médico Legal;
fornecer transporte para a 
ofendida e seus dependentes 
para abrigo ou localseguro, 
quando houver risco de vida;
se necessário, acompanhar
a ofendida para assegurar a
retirada de seus pertences
do local da ocorrência ou do
domicílio familiar;
informar à ofendida os
direitos a ela conferidos
nesta Lei e os serviços
disponíveis.
30
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a
autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de
Processo Penal:
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar
a representação a termo, se apresentada;
II - colher todas as provas que servirem para o
esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a
concessão de medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de
delito da ofendida e requisitar outros exames periciais
necessários; 31
Art. 12.
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos
autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a
existência de mandado de prisão ou registro de outras
ocorrências policiais contra ele;
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial
ao juiz e ao Ministério Público.
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela
autoridade policial e deverá conter:
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas
solicitadas pela ofendida. 32
Art. 12.
§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido
no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos
disponíveis em posse da ofendida.
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou
prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de
saúde.
33
10) DOS PROCEDIMENTOS – DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas 
cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica 
e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos 
de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica 
relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não 
conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
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11- JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e
criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e
nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento
e a execução das causas decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em
horário noturno, conforme dispuserem as normas de
organização judiciária.
35
12- FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO
CÍVEL
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os
processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor.
36
• I - do seu
domicílio ou
de sua
residência;
• do lugar
do fato em
que se
baseou a
demanda;
• do
domicílio
do
agressor
Fixação de Competência, para os processos cíveis, por opção
da ofendida:
37
13- TIPO DE AÇÃO PENAL PARA OS CRIMES DE LESÃO
CORPORAL LEVE E CULPOSA PRATICADOS NO
CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA MULHER
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
representação da ofendida de que trata esta Lei, só será
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
38
Comentários: Nos crimes de lesão corporal leve e culposa,
praticados sob o contexto de violência doméstica e familiar
contra a mulher, o tipo de ação penal será pública
incondicionada, conforme o entendimento do Supremo Tribunal
Federal.
39
Segue o seguinte raciocínio:
Em 1940 , com o
surgimento do código
penal, o crime de lesão
corporal leve (art.129
do C.P) e culposa
(art.129,§6º) o tipo de
ação penal era pública
incondicionada
Com o surgimento da
lei 9099/1995, os
crimes de lesão
corporal leve e
culposa, passaram a
ter como tipo de ação
penal a pública
condicionada à
representação,
consoante o artigo 89
da lei mencionada.
Em 2006, surgiu a lei
11340, conhecida como
Lei Maria da Penha e
no bojo do seu artigo
41 ela proíbe a
aplicação da lei
9099/1995. Por isso,
que o STF entende que
os crimes de lesões
corporais leves e
culposas voltaram a ter
como tipo de ação
penal a púbica
incondicionada.
40
Cabe ressaltar que os outros crimes continuam com o tipo de
ação penal seguindo a sistemática do Código Penal.
Por exemplo: o crime de estupro, com previsão no artigo 213 do
Código Penal, praticado sob o contexto de violência doméstica
e familiar contra a mulher o tipo de ação é púbica condicionada
à representação; outro exemplo: o crime de ameaça, com
esteio no artigo 147 do Código Penal, praticado sob violência
doméstica e familiar conta a mulher, o tipo de ação penal é
pública condicionada à representação.
Obs: Só poderá ocorrer o disposto no artigo 16 da Lei
11.340/2006, quando o tipo de ação penal do crime praticado
for ação penal pública condicionada à representação.
41
14- VEDAÇÃO A APLICAÇÃO DE PENAS DE CESTA BÁSICA
E PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica
ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de
pena que implique o pagamento isolado de multa.
Comentários: Esse artigo tem bastante incidência em
concurso, não deixem de ler e grifá-lo como de grande
importância nos estudos.
42
15- MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida,
caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as
medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão
de assistência judiciária, quando for o caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as
providências cabíveis.
43
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
pedido da ofendida.
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser
concedidas de imediato, independentemente de audiência das
partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este
ser prontamente comunicado.
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada
ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer
tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
44
Art. 19.
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de
urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender
necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu
patrimônio, ouvido o Ministério Público.
45
16- PRISÃO PREVENTIVA
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo
juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação da autoridade policial.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se,
no curso do processo, verificar a falta de motivo para que
subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões
que a justifiquem.
46
17- INTIMAÇÃO DA VÍTIMA
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao
ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do
advogado constituído ou do defensor público.
18- INTIMAÇÃO DO AGRESSOR
Art. 21.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou
notificaçãoao agressor.
47
19- MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM
O AGRESSOR
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de
imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as
seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no
10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
48
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm
Art. 22.
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e
o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a
integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou
serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
49
Art. 22.
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a
aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre
que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem,
devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o
agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art.
6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz
comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as
medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a
restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do
agressor responsável pelo cumprimento da determinação
judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de
desobediência, conforme o caso. 50
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art6
Art. 22.
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de
urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio
da força policial.
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que
couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
51
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.bak2#art461%C2%A75
20- MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA PARA A
OFENDIDA
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de
outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a
programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do
agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e
alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
52
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz
poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre
outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo
agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e
contratos de compra, venda e locação de propriedade em
comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida
ao agressor;
53
Art. 24.
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de
violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente
para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
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21- DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte,
nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras
atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, quando necessário:
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de
educação, de assistência social e de segurança, entre outros;
55
Art. 26.
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares
de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e
familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou
judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades
constatadas;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher.
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22- DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a
mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá
estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art.
19 desta Lei.
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência
doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria
Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei,
em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e
humanizado.
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23- DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma
equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por
profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e
de saúde.
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Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar,
entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela
legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao
Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou
verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de
orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas,
voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com
especial atenção às crianças e aos adolescentes.
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Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais
aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de
profissional especializado, mediante a indicação da equipe de
atendimento multidisciplinar.
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta
orçamentária, poderá prever recursos para a criação e
manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos
termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias
60
24- DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais
acumularão as competências cível e criminal para conhecer e
julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica
e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV
desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas
varas criminais, para o processo e o julgamento das causas
referidas no caput.
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25- DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela
implantação das curadorias necessárias e do serviço de
assistência judiciária.
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
poderão criar e promover, no limite das respectivas
competências:
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para
mulheres e respectivos dependentes em situação de violência
doméstica e familiar;
62
Art. 35.
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos
dependentes menores em situação de violência doméstica e
familiar;
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de
saúde e centros de perícia médico-legal especializados no
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e
familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da
violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os
agressores.
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Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas
às diretrizese aos princípios desta Lei.
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais
previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo
Ministério Público e por associação de atuação na área,
regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos da
legislação civil.
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser
dispensado pelo juiz quando entender que não há outra
entidade com representatividade adequada para o ajuizamento
da demanda coletiva.
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Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar
contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos
oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o
sistema nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos
Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas
informações criminais para a base de dados do Ministério da
Justiça.
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, no limite de suas competências e nos termos das
respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão
estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada
exercício financeiro, para a implementação das medidas
estabelecidas nesta Lei.
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26- DAS OBRIGAÇÕES PREVISTAS NA LEI MARIA DA
PENHA
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras
decorrentes dos princípios por ela adotados.
27- INAPLICABILIDADE DA LEI 9099 DE 1995 – LEI DOS
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e
familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista,
não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm

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