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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de contrato Disciplina: Direito Contratual Módulo: 4 Aluno: Nicole Onzi Marchet Turma: PGO 03-20 Tarefa: Individual Fases do processo contratual Contrato é um acordo de vontade entre as partes, que tem por objetivo criar, modificar ou extinguir direitos. Constitui fonte de obrigação, em que haja patrimonialidade, sempre regido pelos princípios da probidade, boa-fé (art. 422, do C.C.) e função social (art. 421, do C.C). 1 Pois bem, o processo contratual se dá em três partes, a fase pré-contratual, contratual e pós contratual. A fase pré-contratual é aquela que engloba, desde os primeiros contatos entre as partes até a conclusão do contrato, ou seja, até que ele seja firmado. Nesta fase, estão as etapas negociatórias e decisórias. Por sua vez, a fase contratual abrange desde o pré-contrato, sua conclusão e todas as etapas que culminam na sua extinção, incluindo a execução. Por derradeiro, a fase pós contratual inicia-se quando extinto o contrato e contém todas a situações que possam impactar na fruição dos direitos e vantagens do contrato firmado. Etapas e atos (por fase do processo contratual) FASE PRÉ CONTRATUAL: Como visto alhures, a fase pré-contratual é aquela que abrange desde os primeiros contatos entre as partes até a conclusão do contrato, sendo um equívoco afirmar que o contrato nasce instantaneamente de uma proposta, seguida da aceitação. 1 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil, 1: esquematizado: parte geral: obrigações e contratos. 7. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.p. 739. 2 • Etapa negociatória – negociações preliminares/ tratativas/ pontuação: Pois bem, as negociações preliminares são aquelas conversas iniciais entre as partes, sondagens acerca do futuro contrato a ser celebrado entre elas.2 É importante ressaltar que, nesta etapa da fase pré-contratual, justamente por ser um primeiro contato entre as partes, não há intenção vinculante. Não é de se olvidar, entretanto, que, em virtude do princípio da boa-fé, excepcionalmente, pode-se, sim, haver a vinculação das partes, em sede de tratativas, por terem elas gerado excessivas expectativas de contratação. É o que nos traz, por exemplo, o enunciado 37 da CJF, bem como o enunciado 24, provado da I Jornada de Direito Civil. • Etapa decisória – proposta, contraproposta e aceitação: Concluída a etapa negociatória, tem-se a etapa decisória, que é marcada pela apresentação da proposta. Prontamente, nota-se que, ao contrário da etapa negociatória, a etapa decisória tem intenção vinculante, gerando, então, obrigação ao proponente. A proposta está elencada no artigo 427 do Código Civil, que traz, expressamente, a obrigação resultante dela. Por ser vinculante ao proponente, portanto, uma vez realizada não pode ser modificada ou revogada, salvo as hipóteses do artigo 428 do Código Civil. Feita a proposta, ela somente será obrigatória ao oblato se aceita sem ressalvas.3 Por outro lado, se aceita fora do prazo ou com adições, restrições ou modificações, tem-se a contraproposta (ou nova proposta, como denomina o Código Civil em seu artigo 431), que obriga aquele que a apresentou. Apresentada a proposta, realizada, ou não, a contra proposta, tem-se a aceitação, em que há a concordância com os termos da proposta, podendo dar-se de 2 QUIROZ, Mônica. Direito Civil. 4. ed. Belo Horizonte: D’Plácido, 2019. p. 607. 3 MACHADO, André Roberto de Souza. Direito Contratual. FGV Educação Executiva. p. 35. forma tácita ou expressa. Linha tênue é a que separa a faze pré-contratual da contratual. É o que podemos observar da Apelação Cível nº 71004760419, julgada pelo TJRS, cuja ementa segue colacionada: CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS. PAGAMENTO REALIZADO A TERCEIRO, PESSOA FÍSICA. GOLPE EVIDENCIADO. MANIFESTAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA RÉ QUE FOI DETERMINANTE PARA OCORRÊNCIA DO FATO. DEVER DE INDENIZAR QUE DECORRE DA RESPONSABILIDADE PRE-CONTRATUAL. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO. (TJ-RS – Recurso Cível: 71004760419 RS, Relator: Carlos Francisco Gross, Data de Julgamento: 31/01/2014, Quarta Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário de Justiça do dia 05/02/2014). Grifo meu. Veja-se, em que pese pareça que o dever de informação, da Apelada, já decorra do contrato, há que se atentar que este dever era pré-contratual, porque apenas com a correta informação, a ser prestada pela Apelada, é que se concluiria com contrato. FASE CONTRATUAL: Como acima discorrido, a fase contratual dá-se a partir da conclusão do contrato até a sua extinção e isso inclui, é claro, o contrato preliminar. • Contrato preliminar: Pois bem, o contrato preliminar está elencado no Título V, Capítulo I, Seção VII, artigo 462 e seguintes, do Código Civil. Nele está prevista a obrigação de contratar definitivamente, no futuro, não sendo sanados todos os interesses envolvidos, havendo a necessidade de que se leve a termo a contratação definitiva. Ainda, é importante ressaltar que, para o contrato preliminar, não é exigida solenidade, mas, porventura, seu registro pode ser necessário à oposição perante terceiros. • Do contrato definitivo: O contrato definitivo é aquele que se dá com a aceitação, sem ressalvas, da proposta, ou a confirmação da promessa, quando há contrato preliminar. É a partir da conclusão do contrato definitivo que urgem todas as obrigações avençadas, deveres, 4 ou mesmo, inadimplementos (e, aqui, pressupõe-se estarem presentes todos os elementos essenciais ao contrato, tais como a pluralidade das partes, sua capacidade, legitimidade e vontade de contratar, bem como a licitude e a possibilidade do objeto, além da atenção a forma). É nesta etapa que devem ser observadas a execução das obrigações contraídas, o tempo e o lugar de pagamento. Neste sentir, a obrigação tem de ser executada com atenção aos fins que se destina, objetivando alcançar as reais expectativas do contratante, bem como a utilidade esperada. É de suma importância destacar que o devedor, para ser considerado adimplente da obrigação que lhe cabia, deve, necessariamente, satisfazer as expectativas do credor, bem como a utilidade que, do objeto do contrato, se espera, não bastando a simples execução da prestação principal do contrato. Por exemplo: não é suficiente que um fabricante de blusas, ao firmar um contrato, para produzir blusas para determinado indivíduo, produza blusas de tamanhos aleatórios, que não aquele indicado pelo credor, porque, desta forma o produto não cumpre o seu fim. Veja-se, mesmo que na China os tamanhos “P” tenham determinadas medidas, no Brasil, elas são maiores, não sendo escusável ao fabricante entregar peças “P” com a medida da China, quando lhe era esperado que produzisse com as medidas do Brasil. • Da extinção do contrato – normal, anormal, distrato e cláusulas resolutivas: Por fim, temos a extinção do contrato, que se dá com o cumprimento das obrigações avençadas no contrato. Temos, então, a extinção normal do contrato, em que o cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor, comprovando- se a pagamento pela quitação fornecida pelo credor, observando o exigido pelo artigo 320 do C.C. Por outro lado, há casos em que a obrigação se extingue sem que as obrigações avençadas entre as partes tenham sido cumpridas. Várias são as causas que podem levar a extinção anormal do contrato, podendo, elas, serem anteriores ou supervenientes à formação do contrato. Das causas anteriores, dentre outras, temos as cláusulas resolutivas. Na execução do contrato, cada contratante tem a possibilidade de requerer a resolução do contrato se a outra não o cumprir com as obrigações que lhe eram inerentes. Temos, então, as cláusulas resolutivas expressas, que consta do contrato (art. 474, do C.C.), ou tácitas, decorrentes de presunção legal (art. 475, do C.C.).De outra banda, nas causas supervenientes, verifica-se a dissolução do contrato em função de causas posteriores a sua criação. Aqui, temos, dentre outras, o distrato. Resilir o contrato é o exercício de um direito potestativo, em que as partes (artigo 472, do C.C), ou apenas uma delas (art. 473, do C.C.), decide pelo término antecipado da relação contratual. FASE PÓS CONTRATUAL: Por fim, temos a fase pós contratual, que nada mais é do que a garantia de que as partes, mesmo depois de findo o contrato, as partes cumprirão com seus deveres de probidade e boa-fé, que devem, sempre, reger os contratos. • Dos vícios redibitórios: Vícios redibitórios são aqueles vícios ocultos em coisa recebida, em função de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao fim que se destina ou lhe diminuam valor. A prestação defeituosa pode ser enjeitada pelo credor (art. 441, do C.C.), que, também, tem a opção de ficar com a coisa defeituosa e exigir o abatimento do preço (art. 442, do C.C.). É o caso, por exemplo, da compra de um veículo que tem um defeito na pintura e que, por não acarretar a inutilização do automóvel, o adquirente decide por ficar com o veículo, mas reclamar abatimento no preço, porque o defeito, mesmo pequeno, acarreta a desvalorização da coisa. • Da evicção: Também na fase pós contratual, temos a figura da evicção, que consiste na perda da coisa em função de sentença judicial, que atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Nela, em função do princípio da garantia, o alienante é 6 obrigado a resguardar o adquirente dos riscos da perda da coisa para terceiro, por força de decisão judicial (art. 447, do C.C.)4. Aqui podemos, inclusive, buscar a figura do contrato preliminar. Por exemplo: imaginemos que ‘A’ firmou um contrato preliminar com ‘B’, se comprometendo a, futuramente, vender o imóvel ‘x’ à ‘B’. Entretanto, tempo depois, ‘A’ vende o imóvel ‘x’ à ‘C’. Sabendo disso, ‘B’ ingressa em juízo e pede a anulação do negócio firmado entre ‘A’ e ‘C’, em vista do contrato preliminar que tinha com ‘A’. Sobrevém, então, sentença que determina a perda do objeto, a ‘C’, em função do contrato preliminar firmado entre ‘A’ e ‘B’. ‘A’ é, portanto, obrigado a responder pela perda do objeto, frente a ‘C’. Possibilidades de inadimplemento e consequências possíveis Pois bem, o inadimplemento decorre a extinção anormal do contrato, mas não necessariamente, podendo resultar da mora ou mesmo da violação positiva do contrato. O inadimplemento contratual está disposto nos artigos 389 a 420 do Código Civil. No caso de não cumprimento da obrigação avençada no contrato, sua resolução vem acompanhada dos efeitos do inadimplemento, previstos nos artigos 389 a 395, do Código Civil. São eles: perdas e danos, juros moratórios, correção monetária e honorários advocatícios. São espécies de inadimplemento a mora, o inadimplemento absoluto e a violação positiva do contrato. A mora nada mais é do que o cumprimento imperfeito da prestação, desrespeitando o tempo, o lugar ou a forma avençada contratualmente (artigo 394, do C.C.), desde que essa prestação ainda seja útil ou viável ao credor. Em razão da mora, o devedor deverá reparar os prejuízos suportados pelo credor, em função da mora, além de juros moratórios e honorários advocatícios (art. 395, do C.C.). O inadimplemento absoluto, por sua vez, decorre da recusa voluntária da 4 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil, 1: esquematizado: parte geral: obrigações e contratos. 7. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.p. 840. parte, em cumprir a obrigação que lhe era inerente, da perda total do objeto, por culpa exclusiva do devedor, ou, ainda, pela perpetuação da mora por tempo irrazoável, podendo gerar perda da utilidade da prestação, para o credor. Em razão do inadimplemento absoluto, ocorre a resolução do contrato, com pagamento de perdas e danos, juros moratórios, correção monetária e honorários advocatícios (art. 389, do C.C.). Temos, ainda, a figura da violação positiva do contrato, em que, em que pese o cumprimento da obrigação principal, esta não atinge as legítimas expectativas do credor ou a utilidade esperada.5 Por derradeiro, há que se trazer à baila o Inadimplemento Substancial, em que, em um contrato, por exemplo, de execução diferida, grande parte da obrigação contraída é cumprida, sendo, o inadimplemento, mínimo. Neste caso, não pode o credor exigir a resolução do contrato, porque tal conduta contraria a boa-fé objetiva. Neste caso, resta ao credor exigir o cumprimento das obrigações faltantes, culminada com a reparação dos prejuízos suportados pelo não cumprimento integral da obrigação. 5 OAB primeira fase: volume único / Pedro Lenza… [et al.]. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2017. (Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza). p. 207. 8 Fluxograma
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