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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de contrato Disciplina: Direito Contratual Módulo: Aluno: Larissa Dias Moraes Turma: 05 Tarefa: Fases do processo contratual Segundo o doutrinador César Fiúza, “contrato é ato jurídico lícito, de repercussão pessoal e socioeconômica, que cria, modifica ou extingue relações convencionais dinâmicas, de caráter patrimonial, entre duas ou mais pessoas de Direito Privado, que, em regime de cooperação, visam atender desejos ou necessidades individuais ou coletivas, em busca da satisfação pessoal, assim promovendo a dignidade humana.” Do conceito inaugural acima exposto, extrai-se que as relações e necessidades humanas estão em constante movimento. Acompanhando a sociedade, o processo contratual não assume a forma de bloco sólido e indiviso intitulado contrato. Ele é composto das fases pré contratual, contratual e pós contratual. A divisão é necessária a fim de melhor dispor sobre as responsabilidades existentes que transcendem a execução do objeto do contrato. Assim é possível, em cada uma dessas fases, a verificação do respeito a boa-fé objetiva, e do exercício da autonomia da vontade nos limites da Função Social do Contrato. Nesse contexto, verifica-se que a Fase Pré-contratual engloba as negociações preliminares, podendo compreender atos como por exemplo carta de intenções, memorando de entendimentos (MOU), termo de confidencialidade (NDA), termo de exclusividade, proposta, contraproposta, dentre outros. Já nesta fase é possível a responsabilização por perdas e danos se geradas expectativas nutridas por uma das partes, ocasionando atos preparatórios para a próprio o negócio jurídico, antes mesmo da redução a termo das obrigações do contrato. Veja-se exemplo de caso o Agravo de Instrumento nº 1.382.937 - SP (2011/0003596-0), onde o a fase pré contratual fora determinante na relação das partes. Discutiu-se a responsabilidade da parte que manteve tratativa por longo tempo (3 anos), demonstrando clara intenção de firmar contrato, mas de forma repentina e surpreendendo terminou as negociações: “Aqui não chegou a ser firmado um contrato preliminar, mas sem dúvida que se ultrapassou a simples fase de consultas, visto que minutas foram elaboradas, contrato de comodato foi estabelecido (fls. 95/105), a demonstrar que as partes estavam em verdadeira parceria, com um envolvimento onde se pode estabelecer responsabilidades (nexo causal), pelo rompimento inesperado e inexplicável (ou melhor unilateral), provocando prejuízos à outra fl. 960).” A Fase Contratual é afeta a execução do objeto do contrato, com o adimplemento ou 2 inadimplemento das obrigações pactuadas. Engloba os planos de execução inicialmente previstos, as mudanças necessárias por alteração social ou mesmo alteração nas vontades inciais etc. Finalilzada a execução do objeto do contrato, se inicia a Fase Pós Contratual, onde residem responsabilidades como as garantias legais, contratuais, ou mesmo por vícios redibitórios e evicção. Seja em qualquer das fases do contrato, conforme previsto na norma do artigo 422 do Código Civil, “Os contratantes são obrigados guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Maria Helena Diniz, leciona sobre esse princípio ao definir que “é preciso ater-se mais a intenção do que o sentido literal da linguagem, e, em prol do interesse social de segurança das relações jurídicas, as partes deverão agir com lealdade e confiança recíprocas, auxiliando-se mutuamente na formação e na execução do contrato. Daí está ligado ao principio da probidade”. Etapas e atos (por fase do processo contratual) Cada uma das fases do processo contratual dispõe de etapas e atos próprios, como evidenciado a seguir. A Fase Pré-contratual é composta por duas etapas, a Etapa negociatória e a Etapa decisória. Na etapa negociatória se encontra a avaliação da relação contractual que pode vir a ser formada. O objeto começa a ser delineado. Veja-se o exemplo da seguinte situação. Em uma relação em que uma das partes deseja fazer uma festa de casamento e está em busca de prestador de serviços completo. Nesse primeiro momento, devem ser discutidos elementos que envolvam o que cada uma das partes entende por “serviço completo”, a delimitação do número de convidados da festa, dos tipos de bebida e comida que vão ser servido, a duração do evento, o número de garçons, dentre outros elementos. A parte contratante ainda não se comprometeu, está apenas levantando informações sobre os seus interesses no contraponto das possibilidades e interesses de dado prestador. Após as definições próprias da etapa negociatória, sucede a etapa decisória. Nessa etapa são apresentadas as propostas e as contrapropostas, que vinculam o proponente, a teor da norma do art. 427 do Código Civil, seguidas da aceitação. Seguindo o exemplo acima, nessa etapa é apresentada a proposta com o valor dos serviços que serão objeto do contrato, já com o detalhamento dos valores e dos itens incluídos. O contratante poderá aceitar a proposta tal como está, ou ainda discutir valores e condições. Poderá incluir mais elementos, sugerir condições e por fim apresentar sua contraproposta. Essa contraproposta também pode ser objeto de responsabilização, eis que gera no fornecedor a expectativa de que o negócio será efetivado em um contrato. Em seguida, acordadas as condições, escolhida a modo de formalização do negócio jurídico, há a aceitação e é encerrada a fase pré-contratual e tem início a Fase Contratual propriamente dita. A Fase Contratual é composta por duas etapas: execução das obrigações convencionadas e extinção das obrigações pactuadas. No exemplo analisado, seria a realização dos preparativos e da festa de casamento. Ainda na fase contratual podem surgir diferenças entre o que foi contratado e o que se pretendia contratar, sutilezas percebidas no momento da execução. Ainda no exemplo, é o que pode acontecer na definição de velas altas de castiçais em um casamento. O que representa “alto” para uma parte pode não significar “alto” o suficiente para a outra parte. Sendo a questão percebida a tempo, podem as partes ajustar a conceituação da expressão e fazer um instrumento aditivo. Também na etapa da execução das obrigações é possível verificar o seu adimplemento ou inadimplemento. No exemplo, a realização ou não da festa de casamento nos termos do contrato. Executadas as obrigações pactuadas o contrato, o contrato cumpriu seu objetivo e é extinto. Com a extinção do Contrato, se inicia a Fase Pós Contratual onde podem se verificar a responsabilização futura por algum evento. É o caso da garantia legal, da garantia contratual, da evicção e dos vícios redibitórios. A garantia se verifica na responsabilidade civil por qualquer situação danosa que possa ter sido experimentada após a execução, mas afeta a esta. No caso dos vícios redibitórios a coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. E por fim a Evicção enquanto perda, parcial ou total, do objeto do contrato por força de decisão judicial ou de ato administrativo (art. 447 do Código Civil). No exemplo, poderia ser a intoxicação dos convidados do casamento com a comida. Situação percebida após o fim da festa. Nessa situação a contratada responderia pelos danos (internações hospitalares e medicamentos) por não ter sido criteriosa na prestação do serviço de buffet. Possibilidades de inadimplemento e consequências possíveis Um dos princípios norteadores das relações contratuais e o princípio da obrigatoriedade dos contratos que, nos dizeres do professosr Carlos Roberto Gonçalvez, representa a força vinculante das convenções. Pelo princípio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar. Os que o fizerem, porém, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumpri-lo.(GONÇALVES, Carlos Roberto 28). Contudo, o descuido com o cronograma, mudanças de interesse, ou outros fatos supervenientes podem ocasionar na ocorrência do inadimplemento das obrigações estabelecidas no instrumento contratual. O inadimplemento acontece quando uma das partes contratuais não cumpre a tempo e modo as obrigações pactuadas no contrato. Desse modo, verifica-se que o inadimplemento pode ser verificado na mora momentânea de alguma prestação, ou na impossibilidade de cumprimento das obrigações. O primeiro caso é sanável, e geralmente, os contratos possuem cláusulas penais para aplicação nessas situações como é o caso da previsão de multas moratórias e/ou compensatórias em caso de atraso no pagamento de valor pecuniário aventado. No segundo cenário, o descumprimento absoluto das obrigações pode ocasionar a resolução do contrato como determina a norma do art. 475 do Código Civil: “Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, 4 indenização por perdas e danos.”. Conclui-se que a parte inocente, pode escolher três condutas diante da inadimplência verificada: a) pedir em juízo a resolução do contrato, com a indenização por perdas e danos efetivamente comprovados, b) exigir o cumprimento das obrigações contratuais em juízo, e quando cabível exigir a execução forçada (CPC, arts. 461 e parágrafos, e 466-A a 466-C) ou c) deixar de cumprir suas obrigações e se defender com exceptio non adimpleti contractus. Por fim, merecem destaque a possibilidade de inadimplemento por caso fortuito ou força maior. O código Civil determina na norma do art. 393: “Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.” Nesse tipo de situação, não há meios de forçar o cumprimento da obrigação contratual, salvo se o contrato contiver previsão em contrário. Essa situação foi muito verificada no âmbito dos contratos, especialmente, este ano, diante da pandemia do coronavírus COVID-19. Vários não foram os casos em que as partes renegociaram as condições contratuais e até mesmo isentaram de pagamento as obrigações de pagamento relativas aos meses de lock down. Nesses momentos, viver o direito contratual sendo aplicado de forma solidária, foi algo que me transformou enquanto profissional. FLUXOGRAMA Anexo. BIBLIOGRAFIA • FIUZA, César Fiuza, Curso Completo – Ed. 2008 – p. 384, Editora Del Rey. • MACHADO, André Roberto de Souza. Direito Contratual. Apostila do curso de Direito Contratual. FGV, 2020. • GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações Parte Especial Contratos. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. V.6, tomo I. • DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Teria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais. 24˚ ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v.3. • COSTA JÚNIOR, Ademir de Oliveira. A responsabilidade “post factum finitum” no direito civil e do consumidor. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1305, 27 jan. 2007. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/9434>. Acesso em: 11/09/2020. • BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002. PL 634/1975.
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