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FARMACOLOGIA DA HISTAMINA Resumo Heloisa Rodrigues - 139 A histamina é uma amina biogênica encontrada em numerosos tecidos. Trata- se de um autacóide — isto é, uma molécula secretada localmente para aumentar ou diminuir a atividade das células adjacentes. Ela é um importante mediador dos processos inflamatórios, desempenha também funções significativas na regulação da secreção de ácido gástrico e na neurotransmissão. SÍNTESE, ARMAZENAMENTO E LIBERAÇÃO DA HISTAMINA A histamina é sintetizada a partir do aminoácido L-histidina. A enzima histidina descarboxilase catalisa a descarboxilação da histidina em histamina. A síntese de histamina ocorre: nos mastócitos e basófilos do sistema imune; nas células enterocromafins-símiles (ECL) da mucosa gástrica; neurônios no sistema nervoso central (SNC) que utilizam a histamina como neurotransmissor. As vias oxidativas no fígado degradam rapidamente a histamina circulante a metabólitos inertes. A síntese e o armazenamento da histamina podem ser divididos em dois “reservatórios”: reservatório de renovação lenta Nos mastócitos e basófilos. Nessas células, a histamina é armazenada em grandes grânulos, e a sua liberação envolve a desgranulação completa das células. Nesse são necessárias várias semanas para a reposição das reservas de histamina após a desgranulação. reservatório de renovação rápida Nas células ECL gástricas e nos neurônios histaminérgicos do SNC. Essas células sintetizam e liberam histamina quando esta se torna necessária para a secreção de ácido gástrico e a neurotransmissão, respectivamente. Não armazenam histamina! RECEPTORES DE HISTAMINA Os receptores H1 são expressos primariamente nas células endoteliais vasculares e nas células musculares lisas. Eles medeiam reações inflamatórias e alérgicas. As respostas teciduais específicas à estimulação dos receptores H1 incluem: edema; broncoconstrição; sensibilização das terminações nervosas aferentes primárias. A histamina liberada pelos mastócitos e basófilos liga-se a receptores H1 sobre as células musculares lisas vasculares e as células endoteliais vasculares. A principal função do receptor H2 consiste em mediar a secreção de ácido gástrico no estômago. Os subtipos H3 e H4 e suas ações resultantes ainda constituem uma área de investigação ativa. Os receptores H3 parecem exercer uma inibição por retroalimentação em certos efeitos da histamina. E os receptores H4 são encontrados em células de origem hematopoiéticas, principalmente em mastócitos, eosinófilos e basófilos. CLASSES E AGENTES FARMACOLÓGICOS A farmacologia da histamina emprega três abordagens, que levam, cada uma delas, à inibição da ação da histamina: 1- A primeira estratégia é o uso dos anti-histamínicos, que são, geralmente, agonistas inversos ou antagonistas competitivos seletivos dos receptores H1, H2, H3 ou H4. Nos anti-histamínicos H1 seu mecanismo de ação envolve a estabilização da conformação inativa do receptor H1, diminuindo os eventos de sinalização; 2- A segunda estratégia consiste em impedir a desgranulação dos mastócitos; 3- A terceira estratégia consiste em administrar um fármaco capaz de neutralizar funcionalmente os efeitos da histamina epinefrina. ANTI-HISTAMÍNICOS H1 Mecanismo de Ação Anti-histamínicos H1 são agonistas inversos. Só pra lembrar: os receptores H1 parecem coexistir em dois estados de conformação: inativa e ativa. Elas estão em equilíbrio na ausência de histamina ou de anti-histamínico. Os agonistas inversos ligam-se preferencialmente à conformação inativa do receptor H1 e desviam o equilíbrio para o estado inativo. Mesmo na ausência de histamina endógena, os agonistas inversos reduzem a atividade constitutiva do receptor. Classificação dos Anti-Histamínicos H1 de Primeira e de Segunda Gerações 1- Anti-histamínicos H1 de primeira geração são divididos em seis subgrupos principais, com base nas suas cadeias laterais substituídas—etanolaminas, etilenodiaminas, alquilaminas, pipe razinas, fenotiazinas e piperidinas. Eles são compostos neutros em pH fisiológico que atravessam rapidamente a barreira hematoencefálica. 2- Anti-histamínicos H1 de segunda geração podem ser estruturalmente divididos em quatro subclasses — alquilaminas, piperazinas, talazinonas e piperidinas. Os anti-histamínicos H1 de segunda geração são ionizados em pH fisiológico e não atravessam apreciavelmente a barreira hematoencefálica. Efeitos Farmacológicos e Usos Clínicos Os anti-histamínicos H1 são mais úteis no tratamento de distúrbios alérgicos para aliviar os sintomas de rinite, conjuntivite, urticária e prurido. Os anti-histamínicos H1 também podem ser utilizados no tratamento da cinetose, náusea e vômitos associados à quimioterapia e insônia. Ao inibir os sinais histaminérgicos do núcleo vestibular para o centro do vômito na medula oblonga, os anti-histamínicos H1 como o dimenidrinato, a difenidramina, a meclizina e a prometazina mostram-se úteis como agentes antieméticos. Em virtude de seus efeitos depressores proeminentes no SNC, os anti-histamínicos H1 de primeira geração, como a difenidramina, a doxilamina e a pirilamina, também são utilizados no tratamento da insônia. Farmacocinética Enquanto os anti-histamínicos H1 de primeira geração distribuem-se amplamente por todos os tecidos periféricos, bem como no SNC, os anti-histamínicos H1 de segunda geração exigem menos penetração no SNC. Os anti-histamínicos H1 são metabolizados, em sua maioria, pelo fígado. E como indutores das enzimas hepáticas do citocromo P450, podem facilitar o seu próprio metabolismo. Efeitos Adversos Os principais efeitos adversos dos anti-histamínicos H1 consistem em toxicidade do SNC, toxicidade cardíaca e efeitos anticolinérgicos. do SNC. A baixa penetração dos anti-histamínicos H1 de segunda geração no SNC é atribuível a duas características dessas moléculas. Em primeiro lugar, como esses compostos são ionizados em pH fisiológico não sofrem rápida difusão através das membranas. Em segundo lugar, ligam-se altamente à albumina e, portanto, estão menos livres para difundir-se no SNC. Os efeitos adversos anticolinérgicos, que são mais proeminentes com os anti- histamínicos H1 de primeira geração do que com os de segunda geração, consistem em dilatação da pupila, ressecamento dos olhos, boca seca e retenção e hesitação urinárias. A overdose fatal dos anti-histamínicos H1 de primeira geração deve-se, mais provavelmente, aos efeitos adversos profundos sobre o SNC do que aos efeitos cardíacos adversos. OUTROS ANTI-HISTAMÍNICOS O desenvolvimento de antagonistas dos receptores H2 seletivos, que inibem a secreção de ácido gástrico induzida pela histamina, despertou considerável interesse. Esses agentes atuam como antagonistas competitivos e reversíveis da ligação da histamina aos receptores H2 nas células parietais gástricas e, portanto, reduzem a secreção de ácido gástrico. As indicações clínicas incluem a doença de refluxo ácido (pirose) e a doença ulcerosa péptica. Fonte: David E. Golan - Princípios da farmacologia – Capítulo 42.
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