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Generalidades A leptospirose (síndrome de Weil, febre dos pântanos/arrozais, febre outonal) é uma doença infecciosa febril aguda caracterizada por amplo aspectro clínico, podendo apresentar quadros assintomáticos e oligossintomáticos, além de formas graves e fulminantes como síndrome de hemorragia pulmonar. - É uma zoonose causada por uma batéria helicoidal (espiroqueta), gênero Leptospira. • Maior incidência em períodos chuvosos e principalmente em grandes centros urbanos, baixas condições de saneamento básico e alta infestação de roedores infectados. • Trabalhadores que fazem limpeza de esgotos, garis, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores, etc. • É doença de compulsão compulsória/ imediata.• Etiologia e fisiopatologia Bactéria aeróbica obrigatória, altamente móvel. - Gênero Leptospira, espécie mais importante: L. interrogans. - Os principais reservatórios são os roedores espécies Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto) e Mus musculus (camundongo ou catita). Há outros reservatórios menos comuns, como caninos, suínos, bovinos, ovinos, caprinos, equinos. - No Brasil, os sorovares icterohaemorrhagie e Copenhageni estão relacionados aos casos mais graves. - Os animais infectados permanecem assintomáticos, mantém a bactéria nos rins e a elimina viva no meio ambiente contaminando água, solo, alimentos. - A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados. - Incubação de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 dias). - Patogênese da leptospirose:- lesão direta do endotélio vascular - capilarite generalizada - extravasamento de líquido e fenômenos hemorrágicos (grave). a) Adesão das leptospiras na membrana das células - lesão ou disfunção celular. b) Órgãos mais afetados: rins, fígado, pulmão, coração e músculo esquelético. - Aumento de bilirrubina, leve aumento das aminotranferases, elevação excretória de sódio e potássio, hipercalcemia. - Quadro clínico Doença bifásica:- Fase precoce (fase leptospirêmica/ aguda)1) Fase tardia (fase imune)2) Fase precoce• 85% das formas clínicas.- Disseminação da bactéria pelo organismo.- Início súbito de febre (38-40oC)- Cefaleia, mialgia, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, artralgia, hiperemia, hemorragia conjutival, fotofobia, dor ocular, tosse. - Pode haver: exantema, hepatomegalia, esplenomegalia, linfadenopatia. - Exantema ocorre em 10-20% e apresenta componentes de eritema macular, papular, urticariforme ou purpúrico, distribuídos no tronco ou região pré-tibial. - Duração geralmente de 3 a 7 dias e evolução benigna. - Característico: Sufusão Conjutival (extravasamento de líquido para os tecidos vizinhos), observado no final da fase precoce. - Outros achados: petéquias e hemorragias conjutivais e mialgia lombar ou nas panturrilhas. - Fase tardia/ imune• Aproximadamente 15% evoluem para esta fase.- Principal manifestação clássica: Síndrome de Weil. - Tríade: Icterícia rubínica (tonalidade alaranjada intensa, entre o 3 e 7 dia de doença), insuficiência renal e hemorragia (geralmente pulmonar) - pior prognóstico. Hemorragia pulmonar é importante na fase tardia: caracterizada por tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica, dor torácica e cianose. - Hemoptise: extrema gravidade.- O paciente pode cursar com hemorragias na pele (equimoses, petéquias, sangramento nos locais de venopunção), mucosas, conjuntiva ou órgãos internos como SNC. - Insuficiência renal caracterizada por: oligúria, hipocalcemia. - Pode não responder à reposição volêmica: necrose tubular aguda -> necessita diálise. - Outros achados graves: miocarite, arritmias, pancreatite, confusão, delírio, alucinações, meningite asséptica, encefalite, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais paralisia dos nervos cranianos, radiculite. - Convalescença: dura de 1 a 2 meses -> persistência da febre, cefaleia, mialgias, mal- estar geral por alguns dias. Icterícia desaparece lentamente. - Baixa de anticorpos.- Eliminação de leptospira pela urina, uveíte unilateral ou bilateral, caracterizada por irite, iridociclite e coriorretinite, pode ocorrer até 18 meses após a infecção, podendo persistir por anos. - Diagnóstico Clínico-epidemiológico.- Paciente suspeito: febre de início súbito, mialgias e cefaléias, associadas a um e mais dois seguintes sintomas -> sufusão conjutival ou conjuntivite, alterações no volume urinário, icterícia, fenômenos hemorrágicos. - Síndrome febril aguda: apresenta febre, cefaleia e mialgia com antecedentes epidemiológicos sugestivos nos últimos 30 dias antes do aparecimento dos sintomas. - Exames específicos Em fase precoce• PCR para Leptospira em sangue: detecção de DNA (a partir do quinto dia) - Em fase tardia• Ensaio imunoenzimático (ELISA - IgM)- Teste de microaglutinação - MAT (padrão ouro) - Exames inespecíficos Hemograma: anemia, plaquetopenia, leucocitose, neutrofilia com desvio à esquerda - Ureia e creatinina elevados- Bilirrubina total (elevada com predomínio da fração direta), potássio (normal ou diminuído) - CPK - creatinoquinase (elevada - lesão muscular grave) - AST, ALT normais ou com aumento de 3 a 5X - Gama-GT e fosfatase alcalina (normais ou elevados) - Radiografia de tórax (infiltrado alveolar ou lobar, bi ou unilateral, congestão ou SARA - ECG (fibrilação atrial, bloqueio atrioventricular e alteração da repolarização ventricular - Gasometria arterial (acidose metabólica, hipoxemia). - Diagnósticos diferenciais Fase precoce• Dengue- Síndrome gripal- Malária- Febre maculosa- Doença de Chagas aguda- Febre tifoide- Fase tardia• Hepatites virais agudas- Hantavirose- Febre amarela- Malária grave- Dengue grave- Endocrdite- Febre maculosa- Pneumonias- Pielonefrite- Meningites- Abdome agudo- Tratamento Tratamento antibiótico• Reduzir a intensidade e duração dos sintomas. - Reduzir a morbimortalidade na forma grave - síndrome de Weil. - Deve ser iniciada o quanto antes.- Casos leves: Amoxicilina 500mg VO 8/8h por 5-7 dias OU doxiciclina 100mg VO 12/12h por 5-7 dias. - Forma grave: Penicilina cristalina 1,5 milhões de UI IV de 6/6h OU ceftriaxone 1-2g IV a cada 24h. - Hospitalização imediata dos casos com sinais de alerta para evitar complicações e diminuir mortalidade. - Síndrome de Weil: hidratação venosa para reposição volêmica, reposição de potássio quando necessário, acompanhamento da função renal -> diálise, manejo de hemorragias, observação do estresse pulmonar -> ventilação mecânica em caso de SARA. - !Sinais de alerta! Dispneia, tosse, taquipneia• Alterações urinárias - oligúria• Hemorragias, incluindo escarros hemoptoicos • Hipotensão• Alteração no nível de consciência• Vômitos frequentes• Arritmias• Icterícia• Fase Antibiótico Adulto Precoce Doxiciclina 100mg, VO, 12/12h de 5-7 dias Amoxiciclin a 500mg, VO, 8/8h, de 5-7 dias Tardia Penicilina G cristalina 1.500.000 UI, IV, de 6/6h Ampicilina 500mg, IV, de 6/6h Ceftriaxon a 2g, IV, 24/24h Cefotaxima 1g, IV, 6/6h Profilaxia Controle dos reservatórios, tratamento de animais contaminados, cuidados higiênicos, melhoria das condições sanitárias, moradia e trabalho, utilizar EPIs, vacinas em outros países, mas não no Brasil, vacinação dos animais (efeito não prolongado). - Leptospirose terça-feira, 13 de outubro de 2020 22:10
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