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PÂMELA REIS DIP - 05/11/21 É uma zoonose de importância mundial, a doença ocorre em todo o planeta, exceto regiões polares. Doença bacteriana febril septicêmica aguda, causada por espécies patogênicas de bactérias do gênero leptospira, que afetam humanos e animais em todas as partes do mundo. No ser humano a leptospira pode causar um amplo espectro de sintomas, na maioria dos casos se observa uma apresentação bifásica, que se inicia com a fase septicêmica, seguida de manifestações imunológicas. Importante problema de saúde pública no Brasil devido à alta incidência de casos (principalmente nos períodos de chuva), letalidade elevada dos casos graves, custo hospitalar dos pacientes internados e prejuízos de dias parados de trabalho. Apresenta vários hospedeiros animais. EPIDEMIOLOGIA NO BRASIL: ocorre em todas as regiões do país, sendo mais frequente na região urbana quando é época de chuva. Fora da época de chuvas há casos isolados e pequenos de grupos de trabalhadores de construção civil. Está associado a aglomeração populacional de baixa renda, condições inadequadas de saneamento, de habitação e higiene, e a alta infestação de roedores infectados; Mais frequente no sexo masculino, idade entre 15 e 50 anos. PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 2 a 30 dias, média de 5 a 14 dias. ETIOLOGIA: são classificados de acordo com suas enzimas e toxinas – hialuronidase, hemolisina, LPS (lipopolissacarídeo) e GLP (glicoproteína). Icterohaemorrhagiae; Copenhageni; Grippotyphosa; Panama; Canicola. CONDIÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA: a condição ideal é o solo saturado de água com pH entre 7,2 e 7,4, a 28° C (180 dias). Resistem por longos períodos em água doce; Sobrevivem em carcaças e líquidos a -20°C por 100 dias; Morrem em 30 minutos em ambientes secos; Curta sobrevivência em água salgada; Morrem em 15 segundos a 100°C. Os portadores são universais, ou seja, permanecem por toda a vida sem ter a doença, eliminando leptospira na urina – rato doméstico, ratazana, rato preto e camundongo. HOSPEDEIRO DEFINITIVOS: são reservatórios. Podem adoecer e eliminam a leptospira na urina durante longo período devido ao pH alcalino da urina e à infecção renal crônica. Roedores e marsupiais (preá, capivara, cutia, gamba); Cães; Porcos, cavalos, cabras, bois, ovelhas adoecem. HOSPEDEIRO ACIDENTAL: homem. PATOGENIA Penetração da leptospira se dá através da pele lesada e mucosas, ou pela pele íntegra se imersa na água por um longo período. Após a penetração a leptospira entra na circulação sanguínea e se dissemina rapidamente pelos tecidos. Em 15% a 40% dos indivíduos infectados a infecção é assintomática ou os sintomas são inespecíficos de uma síndrome gripal benigna. Nos enfermos há a fase septicêmica (leptosremia) e a fase imune (lepstospiúria). FASE SEPTICÊMICA: 3 a 7 dias, as alterações encontradas nessa fase decorrem de adesão, penetração e dano celular pelas leptospiras. Há disseminação hematogênica da bactéria para fígado, rins, pulmões, líquor, olhos e gânglios. FASE IMUNE: 10 a 30 dias, as alterações nessa fase decorrem de dano vascular causa pelas toxinas, reação do hospedeiro, com produção de citocinas inflamatórias, deposição de complexos imunes e ativação do complemento. Caracteriza-se pelo surgimento de anticorpos circulantes, desaparecimento das leptospira no sangue, porém presente nas células. ALTERAÇÕES ORGÂNICAS: Rim – nefrite intersticial e necrose tubular aguda (NTA) por hipoperfusão renal; Fígado – lesão dos capilares hepáticos, ausência de necrose hepatocelular, colestase; Pulmão – lesão capilar septal com pneumonite hemorrágica e SARA (síndrome da angústia respiratória); Coração – miocardite intersticial e envolvimento inflamatório do sistema de condução. FORMAS CLI NICAS FORMA ANICTÉRICA: corresponde a 90% dos casos de leptospirose sintomática. Primeiro estágio 3 a 7 dias (septicêmico) – mialgia, cefaleia, dor abdominal, vômitos, febre, sufusão conjuntival; Segundo estágio 0 a 30 dias (imune) – mialgia, febre, uveite e rash cutâneo; Início súbito, com febre elevada, mialgias (principalmente na panturrilha), calafrios, cefaleia, hiperemia conjuntival, dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, hepatomegalia dolorosa, exantema (macular, maculopapular, petequial), sufusões hemorrágicas de conjuntiva ocular e desidratação; Sintomas podem retomar após 1 a 3 dias, mais brandos, configurando evolução bifásica da fase toxêmica. Pode ocorrer meningite e uveite anterior. FORMA ICTÉRICA (SÍNDROME DE WEIL): primeiro estágio 3 a 7 dias (septicêmico) e segundo estágio 10 dias a 30 meses (imune). Tríade – icterícia, insuficiência renal e hemorragias; Miocardite; A icterícia é causada pela colestase intra- hepática, icterícia rubínica de intensidade proporcional à gravidade que aparece entre o 3° e 7° dias de doença; Insuficiência renal causada pela nefrite e necrose tubular aguda, agrava-se por desidratação, redução do volume urinário, aumento das escórias nitrogenadas, EAS (leucocitúria, hematúria, proteinúria e cilindúria); Hemorragias por pancapilarite – petéquias, hematomas, equimoses, sufusões associados a hemorragias conjuntivais, peritoniais, digestivas, pulmonar e cerebral. FORMA PULMONAR GRAVE (FPGL): hemorragia pulmonar maciça, insuficiência respiratória aguda. Óbito > 50% dos casos; Não tem relação com presença ou intensidade da icterícia (ocorre em formas ictéricas e anictéricas); Espectro clínico: taquipnéia/dispneia -> hemoptoicos/hemoptise; Diagnóstico: alterações radiológicas (intersticiais e alveolares), hematológicas (plaquetopenia) e gasométricas (hipoxemia); Acompanhamento – RX de tórax a cada 12h, gasometria arterial na internação e a cada 6h, TAP, PTT e plaquetometria na internação e a cada 6h (enquanto perdurar o quadro respiratório crítico); Tratamento – mesmo tratamento das formas clássicas, evitando hipervolemia. Corticoide por 3 dias e transfusão de plaquetas quando necessário. SINAIS CLÍNICOS DE ALERTA: dispneia, tosse, taquipnéia, alterações urinárias (geralmente Oligúria), fenômenos hemorrágicos, incluindo hemoptise e escarros hemoptoicos, hipotensão, alterações do nível de consciência, vômitos frequentes, arritmias e icterícia. DIAGNO STICO EXAMES COMPLEMENTARES INESPECÍFICOS: HC: leucocitose, neutrofilia e desvio a esquerda, trombocitopenia moderada a grave, anemia (nas formas graves); Ureia e creatinina aumentadas na IR; Eletrólitos: K+ normal ou baixo (aumento nos casos graves de NTA); Aminotransferases (transaminases) pouco elevadas; Bilirrubinas aumentadas, direta; CPK elevada ECG: alterações de repolarização e fibrilação atrial; RX de tórax: normal ou infiltrado bilateral difuso; Líquor: celularidade inferior a 200 células/mm3predomínio de MN, proteína discreta aumenta e glicose normal. Hemocultura, ELISA ou PCR na fase aguda. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Formas ictéricas – febre amarela, malária, hepatites, colecistite, hantavirose e sepse; Formas anictéricas – dengue, pielonefrite, infecções respiratórias, endocardite, sepse, febre maculosa, meningoencefalites virais e polimosite. PROGNO STICO LETALIDADE: Geral – 5-10%; Casos graves não tratados – 15 a 40%; Formas pulmonares – 50% a 70%. CAUSAS DE ÓBITO: Síndrome de Weil – maioria dos óbitos ocorre entre 8° e 15° dia; IR; Arritmias cardíacas; Hemorragias. FPGL: óbito geralmente em 48-72h após início dos sintomas respiratórios. Hemorragiaalveolar profusa. MANEJO DA LEPTOSPIROSE COM UM OU MAIS DOS SINAIS DE ALERTA: indicar internação, iniciar ATB e medidas de suporte direcionadas para os órgãos-alvo acometidos (pulmões e rins). SEM SINAIS DE ALERTA: tratados ambulatoriamente, ATB é indicada sempre que há suspeita do diagnóstico (em qualquer momento da doença), orientados quanto à hidratação. Atendimento médico para reavaliação após 24 às 72h, ou retorno, a qualquer momento, se constatarem o aparecimento de sinais de alerta ou piora do quadro clínico. TRATAMENTO Hidratação oral para formas anictéricas leves. Hidratação parenteral para formas ictéricas com ou sem Doença de Weil. ETAPA RÁPIDA: paciente oligúrico. 20 mL/kg de soro fisiológico 0.9% em 1 hora. ETAPA DE MANUTENÇÃO: 100 ml/kg/24h, no máximo. Soro glicosado 5% e eletrólitos. Antagonistas H2 (cimetidina ou ranitidina) para controle ou prevenção de hemorragia digestiva. Ajustar medicações de acordo com a função renal. Acesso vascular profundo nas formas graves para monitorização da PVC. Monitorização da diurese e balanço hídrico. Reposição de K, NA, Glicose e correção de acidose metabólica (se pH menor que 7.1). Administração de vitamina K quando houver TAP baixo. ANTIMICROBIANOS NAS FORMAS GRAVES: VI por 5 a 7 dias. Penicilina G cristalina 100.000 U/kg/dia (6 milhões U/dia, adulto), fracionada de 4/4h; Ampicilina 50 a 100 mg/kg/dia (4 g/dia, adulto), 6/6 h; Ceftriaxona 30 mg/kg/dia (2 g/dia, adulto) DU; ANTIMICROBIANOS NAS FORMAS LEVES: VO por 5 a 7 dias. Amoxicilina 30 mg/kg/dia (1,5 g/dia, adulto), de 8/8h; Doxicilina 100 mg de 12/12h (somente adultos). PROFILAXIA
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