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Raquel Diniz|Farmácia – 8º P REFERÊNCIAS: Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. CONSIDERAÇÕES GERAIS • A giardíase é uma infecção intestinal causada pelo protozoário flagelado Giardia intestinalis. • Protozoário encontrado no intestino delgado de mamíferos, aves, répteis e anfíbios; • Foi o primeiro protozoário humano descrito. • HÁBITAT: intestino delgado. • SINONÍMIAS: Giardia duodenalis, Giardia lamblia e Lamblia intestinalis. TAXONOMIA → REINO: Protista → FILO: Sarcomastigophora → SUBFILO: Mastigophora → CLASSE: Zoomastigophora → ORDEM: Diplomonadida → FAMÍLIA: Hexamitidae → GÊNERO: Giardia → ESPÉCIE: Giardia Lamblia EPIDEMIOLOGIA • Segundo a OMS, a incidência mundial é de 500.000 casos por ano. • Problema grave de saúde pública nos países em desenvolvimento – prevalência de 20 a 60%; • Nas populações dos países desenvolvidos é o principal parasito intestinal encontrado. • Ocorre em todo o mundo, sendo mais frequente em regiões onde as condições sanitárias e de higiene são precárias. • GRUPOS DE RISCO: Idosos, crianças*, pessoas com imunidade comprometida. *Maior em crianças por causa de sua disposição para levar alimentos ou líquidos contaminados a boca com facilidade. MORFOLOGIA • São flagelados. • Não possuem mitocôndria e habitam ambientes anóxicos (sem oxigênio). • Apresentam DUAS FORMAS EVOLUTIVAS: o TROFOZOÍTO e o CISTO. TROFOZOÍTO → É a forma patogênica (aparece no exame quando o paciente é sintomático). → Movimenta-se por flagelos. → Tem formato piriforme, com simetria bilateral e mede 20 µm de comprimento por 10 µm de largura. → A face dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava, apresentando uma estrutura semelhante a uma ventosa, que é conhecida por várias denominações: disco ventral, adesivo ou suctorial. → Abaixo do disco, ainda na parte ventral, é observada a presença de uma ou duas formações paralelas, em forma de vírgula, conhecidas como corpos medianos. → No interior do trofozoíto, e localizados na sua parte frontal, são encontrados dois núcleos idênticos com cariossomas centrais. → Possui quatro pares de flagelos que se originam de blefaroplastos ou corpos basais situados nos pólos anteriores dos dois núcleos, a saber: um par de flagelos anteriores, um par de flagelos ventrais, um par de flagelos posteriores e um par de flagelos caudais. → NUTRIÇÃO: pela membrana e por pinocitose. → REPRODUÇÃO: por divisão binária longitudinal. CISTO → É a forma infectante (mais encontrado nas fezes). → É oval ou elipsóide, medindo cerca de 12 µm de comprimento por 8 µm de largura. → Parede externa (parede cística) de natureza glicoproteica e com espessura de 0, 3 µm - resistência. → Quando corado, pode mostrar uma delicada membrana destacada do citoplasma. → No seu interior encontram-se dois ou quatro núcleos, um número variável de fibrilas (axonemas de flagelos) e os corpos escuros com forma de meia-lua e situados no pólo oposto aos núcleos. Raquel Diniz|Farmácia – 8º P REFERÊNCIAS: Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. MORFOLOGIA – TAQUIZOÍTOS X CISTOS DE G. LAMBLIA Raquel Diniz|Farmácia – 8º P REFERÊNCIAS: Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. CICLO BIOLÓGICO • G. lamblia é um parasito monoxeno de ciclo biológico direto não necessita de hospedeiros intermediários ou vetores) • A via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos. 1. Ingestão de cistos de G.lamblia presente em alimento ou água contaminada; 2. Desencistamento dos cistos: se inicia no meio ácido do estômago e completa-se no duodeno e jejuno; 3. Cada cisto maduro (tetranucleado) libera dois trofozoítos binucleados). 4. Os trofozoítos multiplicam-se por divisão binária longitudinal* e assim colonizam o intestino, onde permanecem aderidos por meio do disco ventral. 5. Muitos trofozoítos passam por um processo de encistamento – produção de cistos. 6. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior. Tal processo pode se iniciar no baixo íleo, mas o ceco é considerado o principal sítio de encistamento. *após a nucleotomia (divisão nuclear) e duplicação das organelas, ocorre a plasmotomia (divisão do citoplasma), resultando assim dois trofozoítos binucleados. Figura 4. Ciclo de vida de Giardia l. (Quistos = Cistos/Enquistar = Encistar); adaptada de Lopez Romero et al., 2015. (OBS: Os cistos são resistentes e, em condições favoráveis de temperatura e umidade, podem sobreviver, pelo menos, dois meses no meio ambiente.) Raquel Diniz|Farmácia – 8º P REFERÊNCIAS: Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. TRANSMISSÃO • Os cistos são as formas infectantes e a transmissão ocorre por via fecal-oral: → Forma indireta: ingestão de água e alimentos contaminados (verduras cruas e mal lavadas- esses alimentos também podem ser contaminados por cistos veiculados por moscas e baratas); → Forma direta: pessoa a pessoa e a partir do contato com animais infectados; • A água é um importante veículo na transmissão de Giardia – os cistos podem permanecer viáveis 2 meses ou mais; • Contaminação acidental – durante atividades recreacionais ou profissionais. PATOGENIA • A Giardia provoca diarreia e má absorção intestinal. • Adere-se às microvilosidades do intestino delgado através de seu disco ventral suctorial e impede a absorção de nutrientes – tapete. • Possui enzimas (proteases) que podem agir sobre as glicoproteínas de superfícies e lesar as mircovilosidades. • Desencadeia resposta inflamatória e imune com produção de IgA e IgE que ativa mastócitos e libera histamina – edema – aumento de motilidade → diarreia. SINTOMAS • Diarreia geralmente aquosa; • Dores abdominais; • Mal estar; • Flatulências, Náuseas e vômitos. DIAGNÓSTICO CLÍNICO • Em crianças de oito meses a 10-12 anos, a sintomatologia mais indicativa de giardíase é diarréia com esteatorréia, imtabilidade, insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite (acompanhada ou não de emagrecimento) e dor abdominal. • Apesar desses sintomas serem bastante característicos, é conveniente a comprovação por exames laboratoriais. PARASITOLÓGICO • Exame de fezes para identificação de cistos ou trofozoítos. • Cistos são mais frequentes nas fezes formadas. • Presença de trofozoítos associados aos casos sintomáticos (fezes diarreicas). IMUNOLÓGICO • No soro – pesquisa de anticorpos por ELISA ou IFI – pouco sensível e específico. • Nas fezes – pesquisa de antígenos por ELIZA – sensibilidade em torno de 85% a 95% e especificidade de 90% a 100%. MOLECULAR • Amostras de água – pesquisa de DNA parasitário por PCR. PROFILAXIA • Medidas de higiene pessoal (lavar as mãos); • Destino correto das fezes (fossas, rede de esgoto); • Proteção dos alimentos e tratamento da água. Raquel Diniz|Farmácia – 8º P REFERÊNCIAS: Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. TRATAMENTO FÁRMACO MECANISMO DE AÇÃO DOSAGEM/POSOLOGIA EFEITOS COLATERIAIS CONTRAINDICAÇÕES INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS PEDIATRIA ADULTOS SECNIDAZOL Derivado sintético da série dos nitro- imidazóis, dotado de atividade parasiticida. 30 mg/kg/dia ou 1 mL/kg (dose única) 2 gramas (dose única) Náuseas, gosto metálico, inflamação no estômago, erupções na pele, tontura ou dificuldade em coordenar os movimentos. • Hipersensibilidade aos derivados imidazólicos ou a qualquer componente do produto; • Suspeita de gravidez e durante esta; • Aleitamento. • Dissulfiram: risco de surtodelirante, estado confusional. • Anticoagulantes orais: aumento do efeito anticoagulante e do risco de sangramento por diminuição do metabolismo do fígado. • Álcool: calor, vermelhidão, vômito, taquicardia. METRONIDAZOL Interrompe a produção de material genético. 35 mg/kg/dia (5 dias) • 250 mg 3x/dia (5 dias) Náuseas, vômitos, vertigens, cólicas, gosto metálico, erupções, depressão e leucopenia. • Seu uso deve ser avaliado durante a gravidez (atravessa a barreira placentária); • Deve ser evitado por lactantes (é excretado no leite materno). • Dissulfiram: reações psicóticas. • Álcool: possibilidade de aparecimento de rubor, vômito e taquicardia. • Anticoagulante oral (tipo varfarina): potencialização do efeito anticoagulante e aumento do risco hemorrágico. • Lítio: os níveis plasmáticos de lítio podem ser aumentados. • Ciclosporina: risco de aumento dos níveis plasmáticos de ciclosporina. • Fenitoína ou fenobarbital: aumento da eliminação de metronidazol, resultando em níveis plasmáticos reduzidos. • 5-fluorouracil: diminuição do clearance do 5-fluorouracil, resultando em aumento da toxicidade do mesmo. • Bussulfano: os níveis plasmáticos de bussulfano podem ser aumentados pelo metronidazol, o que pode levar a uma severa toxicidade do bussulfano. TINIDAZOL Penetra no interior da célula do microrganismo → destruição da cadeia de DNA ou inibição de sua síntese. 50 mg/kg/dia (dose única) 2 gramas (dose única) Ingerir após a refeição Semelhantes ao do metronidazol • Primeiro trimestre de gravidez; • Lactantes. • Anticoagulantes: risco de potencialização de efeitos. • Dissulfiram: efeitos confusionais e delírios. ALBENDAZOL Inibe a polimerização tubulínica, ocasionando alteração no nível de energia dos helmintos. 400 mg/dia (5 dias) 10 mL da suspensão a 4% 400 mg/dia (5 dias) 10 mL da suspensão a 4% Cefaleia e epigastralgia • Não deve ser administrado durante a gravidez nem a mulheres que planejam engravidar. • Lactantes (avaliar risco-benefício) • Aumento dos níveis plasmáticos do metabólito ativo do albendazol com o uso de cimetidina, praziquantele dexametasona. • O ritonavir, a fenitoína, a carbamazepina e o fenobarbital podem reduzir as concentrações plasmáticas do metabólito ativo do albendazol. https://consultaremedios.com.br/dissulfiram/bula https://consultaremedios.com.br/sistema-cardiovascular-circulacao/anticoagulante/c https://consultaremedios.com.br/aparelho-digestivo/figado/c https://consultaremedios.com.br/cimetidina/bula https://consultaremedios.com.br/praziquantel/bula https://consultaremedios.com.br/dexametasona/bula https://consultaremedios.com.br/ritonavir/bula https://consultaremedios.com.br/fenitoina/bula https://consultaremedios.com.br/carbamazepina/bula https://consultaremedios.com.br/fenobarbital/bula Raquel Diniz|Farmácia – 8º P REFERÊNCIAS: Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO – CISTOS DE G. LAMBLIA • Formato oval ou elipsoide, axonemas, corpos parabasais, 2 – 4 núcleos e parede cística. • Quando corados, podem apresentar uma nítida retração do citoplasma (a membrana fica destacada do citoplasma). • Quando corados pela solução de lugol, podem apresentar citoplasma com coloração esverdeada, pardo-esverdeada (azeitona), castanho–amarelado e raramente azulado. Raquel Diniz|Farmácia – 8º P REFERÊNCIAS: Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. Raquel Diniz|Farmácia – 8º P REFERÊNCIAS: Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO – TROFOZOÍTOS DE G. LAMBLIA • Forma de pêra, com a extremidade anterior dilatada e a posterior afilada, 2 núcleos redondos ou ovóides, um de cada lado da linha mediana, com cariossoma grande, redondo e central. • Na superfície ventral encontra-se de cada lado o disco suctorial. • Dividindo o parasito ao meio são visíveis duas formações lineares chamadas de axonemas; • Cruzando os axonemas, observam- se duas estruturas paralelas, em forma de vírgula, conhecidas como corpos parabasais. OBS: os oito flagelos não são vistos nas preparações coradas. Raquel Diniz|Farmácia – 8º P REFERÊNCIAS: Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. CISTOS X TROFOZOÍTOS
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