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OFTALMOLOGIA CATARATA ADQUIRIDA Definição: perda da transparência e elasticidade do cristalino, impedindo que os feixes de luz che- guem à retina e diminuindo sua acomodação Epidemiologia o Principal causa de cegueira no mundo (afeta 20% da população, sobretudo > 65) o Principal fator de risco = idade o Outros fatores de risco: inflamações intraoculares (uveítes), fatores genéticos, exposição à UV-B, tabagismo, estado nutricional, hiperglicemia, distrofia miotônica, dermatite atópica, glaucoma, tumores intraoculares, retinose pigmentar, cirurgias intraoculares, medicações in- traoculares, trauma, corticoesteroides, rubéola, Sd de Down e galactossemia Quadro clínico o Principal sintoma = diminuição progressiva da visão, para longe e para perto, não melho- rando com a correção refracional e associada com embaçamento e distorção (nuvem co- brindo visão). o Outros: ↓ percepção de brilho, contraste e cores; visão amarelada; dificuldade de enxergar contra luz Tipos o Nuclear: mudança da coloração do cristalino (progressivamente amarelado >> alaranjado >> acastanhado >> acinzentado) o Cortical: córtex torna-se progressivamente esbranquiçada, até que, em estágios avançados, toda a superfície do cristalino torna-se branca, causando bloqueio intenso da passagem dos feixes luminosos. Evolutivamente a essa fase, a região cortical perde sua consistência, lique- fazendo-se o Subcapsular: entre córtex e cápsula, pode ser anterior (por trauma contuso) ou posterior (+ comum, por uso de corticoides ou causa metabólica) Diagnóstico o Clínico = anamnese + exame oftalmológico com dilatação da pupila demonstrando ↓ da acui- dade visual (obs: raramente pode não ocorrer, por miopização da catarata nuclear ou se aco- meter apenas o eixo visual) Tratamento o Cirúrgico: remoção do núcleo e córtex do cristalino e implantação de lente intraocular (LIO) na cápsula LIO: apropriada ao indivíduo, corrigindo erros refracionais pré-existentes Sem acomodação com a LIO, essa é estática: distância a ser focada deve ser discutida com o paciente (geralmente pequena miopia) Atualmente: LIO bi e multifocais Indicação cirúrgica Absoluta: risco potencial e irreversível à visão = catarata secundária a glau- comas facomórficos e facolíticos Relativa: grau de comprometimento, necessidades individuais Tipos de cirurgia Facoemulsificação: mais utilizada; incisão pequena + fragmentação do nú- cleo + aspiração + lente Facectomia extracapsular: mais antiga; incisão maior + capsulotomia + des- locamento e extração do núcleo + lente GLAUCOMA Definição: neuropatia óptica multifatorial com alterações características na estrutura do nervo óp- tico e da camada de libras nervosas da retina e que apresenta em fases avançadas um padrão especí- fico de perda do campo de visão. o Tríade básica: PIO↑, escavação do n. óptico e perda do campo visual Epidemiologia: 2ª maior causa de cegueira, principal causa de cegueira irreversível (GPAA) Tipos o GPAA (primário de ângulo aberto): evolução insidiosa, quase sempre bilateral, embora ge- ralmente assimétrica; assintomática nas fases iniciais o GPAF (primário de ângulo fechado): dor e vermelhidão; cefaleia; fotofobia; pupila em média midríase e pouco reativa; náuseas e vômitos; córnea nebulosa; e visão turva o Glaucoma secundário o Glaucoma congênito Fatores de risco o GPAA: PIO↑, >40 anos, miopia, negros, HFAM, corticoides (principalmente colírio), diabetes, HAS, pseudo-exfoliação o GPAF: hipermetropia, mulheres, asiáticos, cristalino volumoso e menor comprimento axial do olho Fisiopatologia o Dano progressivo aos fotorreceptores retinianos, principalmente na periferia, e ao nervo óp- tico, com desaparecimento de axônio (escavação central). o PIO↑ dificulta fluxo axoplasmático e piora irrigação do nervo óptico o (GPAF) Fechamento anatômico do ângulo da câmera anterior com diminuição da drenagem e ↑PIO, com formação de sinéquias na periferia da íris na forma crônica Diagnóstico o Tonometria (Goldmann ou de sopro): avaliação PIO, geralmente >21mmHg o Fundoscopia: escavação >40% de diâmetro = suspeita de glaucoma o Campo visual de confrontação ou campímetro visual: perda de visão periférica o Gonioscopia: avaliação do ângulo da câmera anterior Tratamento o Tratamento crise aguda o Tratamento GPAF crônico: iridotomia a laser + iridoplastia a laser se falha RETINOPATIA DIABÉTICA Definição: consequência na retina do derrame e da oclusão microvasculares diabéticos crônicos pro- gressivo Epidemiologia o Todos os pacientes com diabetes mellitus irão eventualmente apresentar algum grau de re- tinopatia diabética o Mais prevalente no tipo 1 que no 2 Fisiopatologia o ↑ glicemia causa redução do fluxo retiniano o Hipóxia acarreta espessamento da membrana basal endotelial e perda dos pericitos >> altera permeabilidade e estrutura vascular >> microaneurismas o Persistência da hipóxia: veias “em rosário” e áreas de microinfartos. o Neovascularização: mediada por VEGF; maior risco de cegueira no diabetes Quadro clínico - sinais na oftalmoscopia / angiografia fluoresceínica o Ingurgitamento venoso, microaneurismas, hemorragias intrarretianianas, exsudatos duros, manchas algonodosas, maculopatia diabética isquêmica, veias em rosário, alças venosas, edema macular Classificação o Não proliferativa: inicial e menos grave; hemorragias e microaneurismas, rosário venoso se grave o Proliferativa: neovascularização/hemorragia vítrea, encaminhamento urgente Tratamento o Controle glicêmico o Não proliferativa leve/moderada e sem edema = observação o Proliferativa e não proliferativa grave = panfotocoagulação o Proliferativa grave = vitrectomia o Edema macular = fotocoagulação perimacular + anti-VEGF CONJUNTIVITES Definição: inflamação do revestimento das pálpebras e do globo ocular Epidemiologia o Viral (e por adenovírus) é a + comum o Patógenos bacterianos mais comuns: S. aureus, Pneumococcus, Moraxella catarrhalis e Hae- mophilus influenzae o Patógenos virais mais comuns: adenovírus, herpes simples, Epstein-Barr, varicela-zóster, molusco contagioso, coxsackie e enterovírus Etiologia: bactérias, vírus, reações alérgicas e imunológicas, irritação mecânica ou medicamentos Quadro clínico: olho vermelho e lacrimejamento sem dor, sensibilidade à luz ou perda da visão sig- nificativas (conjuntivite aguda) o Conjuntivites alérgicas: bilaterais, com pouca secreção de muco líquida ou pegajosa e pru- rido como queixa primária; quadros semelhantes prévios Sazonal; história de dermatite atópica, febre do feno e asma 15 dias de atestado o Conjuntivite bacteriana: bilateral; olho vermelho associado a ardência ou sensação de corpo estranho; prurido é incomum Associada a reação conjuntiva papilar, emaranhamento dos cílios e secreção puru- lenta Pode estar associada à otite média concomitante Duração: 7 a 10 dias; 7 dias de atestado o Conjuntivite bacteriana hiperaguda: por Neisseria gonorrhoeae Secreção abundante e purulenta, edema nas pálpebras e quemose Instalação dentro de 12 a 24 horas Pode também haver úlceras periféricas na córnea Adulto jovem sexualmente ativo Possível linfadenopatia pré-auricular o Conjuntivite por clamídia: transmissão sexual; adultos jovens sexualmente ativos Secreção de muco ou uma secreção pegajosa, folículos conjuntivais e pano da cór- nea, e pode haver infiltrados na córnea Linfadenopatia pré-auricular é comum Geralmente evolui para conjuntivite crônica o Conjuntivite viral: começa em um olho e se dissemina para o outro em alguns dias Exposição a uma pessoa infectada ou sintomas de IVAS Olho vermelho com prurido, ardência ou sensação de corpo estranho + lacrimeja- mentoou secreção de muco e linfadenopatia pré-auricular Pode haver infiltrados subepiteliais na córnea Conjuntivite herpética: unilateral, com vesículas nas pálpebras Duração: 1 a 2 semanas, 15 dias de atestado Diagnóstico o Imunoensaio rápido para adenovírus se suspeita de causa infecciosa o Exame da lâmpada de fenda Tratamento o Viral: compressas de água gelada 4 a 6x/dia, colírios lubrificantes e vasoconstritores o Bacteriana: mesmo da viral + colírio de cloranfenicol o Alérgica: colírio de anti-histamínico + colírio AINE / de corticoide HORDÉOLO (TERÇOL) Definição: processo infeccioso agudo (5 a 7 dias) envolvendo a formação de um abscesso na pálpe- bra superior ou inferior o Glândulas meibomianas ou glândulas de Zeis e de Moll (glândulas ciliares) Epidemiologia: mais comum em adultos Fatores de risco: diabetes, blefarite, colesterol elevado, dermatite seborreica Fisiopatologia: o Processo bacteriano agudo (principalmente S. aureus e epidermidis) que causa a formação de um abscesso na pálpebra, envolvendo 1 de 3 glândulas o Glândulas meibomianas secretam sebo, o que ajuda a evitar a evaporação do filme lacrimal no olho “Hordéolo interno”: geralmente menos circunscrito o Glândulas de Zeis e Moll (glândulas ciliares): menores e mais superficiais Infecção: dor e inchaço na raiz do cílio “Hordéolos externos”: terçol clássico Quadro clínico: pálpebra eritematosa e edemaciada + sensibilidade à palpação; pústula na externa; Tratamento: compressas quentes e antibiótico tópico (bacitracina/eritromicina - Taranta disse na aula que não precisa) CALÁZIO o Definição: doença inflamatória não infecciosa causada por uma reação de corpo estranho ao sebo produzido pelas glândulas meibomianas. Fisiopatologia: sebo das glândulas meibomianas é liberado para a placa tarsal, causando uma rea- ção inflamatória localizada o Secundário à obstrução mecânica por um hordéolo o Por disfunção da glândula meibomiana, com subsequente estase e liberação de sebo Quadro clínico: nódulos sem sensibilidade e a pele adjacente tipicamente não apresenta eritema ou sinal de infecção bacteriana aguda o Tratamento: compressas quentes e higiene da pálpebra com xampu para bebês AULA DR. TARANTA (OFTALMOLOGIA FOR DUMMIES) Órbita: caixa óssea na forma de uma pirâmide invertida o Principais ossos: frontal, zigomáticos e maxilares o Parede inferior (assoalho): parte mais frágil Fratura “blow out”: herniação do conteúdo orbitário na ordem globo ocular, gor- dura, músculos, vasos e nervo Clínica: enoftalmia (olho fundo) + sem olhar vertical para cima (musculatura herniada ou lesão nervosa) + hematoma Encaminhar para referência: reparo em até 2 dias; depois há muito edema, esperar pelo menos 1 mês Musculatura ocular extrínseca (MOE): músculos estraoculares – 4 retos (cone muscular de inserção comum no anel tendíneo de Zinn) e 2 oblíquos o Estrabismo Tipos Para dentro: esotropia Para fora: exotropia Para cima: hipertropia Para baixo: hipotropia Etiologia: problema muscular ou de inervação Principal problema = ambliopia: falta de desenvolvimento das vias neuronais da vi- são (até 7-8 anos) no olho afetado Tratamento (criança): tampão no olho bom o Estrabismo agudo Principal causa (adultos): diabetes – tratamento expectante 2ª maior causa: hipertireoidismo Causas neurológicas: menos comuns Pálpebra o Septo orbitário: estrutura tendínea fixada na órbita - divide as áreas intra e extraorbitárias o Placa tarsal: várias glândulas, também presentes nos folículos pilosos Obstrução Sem infecção = calázio Secreção como meio de cultura >> infecção = hardéolo/terçol Tratamento: compressa quente ou calor local (torna secreção mais fluida); não precisa de ATB o Falha: “drenagem” cirúrgica o Pele: infecção, iniciada por hardéolo ou infecção de seios da face, causa celulite Pré-septal: acomete apenas pele e músculos da face; sem alteração da motricidade ocular ou do reflexo pupilar Tratamento: ATB VO Pós-septal: chega na órbita, envolvendo nervo e MOE Encaminha IMEDIATAMENTE: evitar disseminação para seio cavernoso e se- quelas Tratamento intra-hospitalar + ATB o “Olhar espantado”: doença de Graves >> auto-anticorpos atacam a gordura orbitária gerando expansão da gordura e retração da pálpebra Tratamento: tratar doença de base Sistema lacrimal: glândula lacrimal, ponto lacrimal, canalículos lacrimais, saco lacrimal o Lágrima: camada de óleo impede evaporação rápida (10 seg) Piscamos de 6/6 seg Fixação da atenção: menor frequência de piscamentos = menos lágrima = exposição da superfície = morte celular = exposição da terminação nervosa = sensação de olho seco (ceratite funcional) Tratamento: lágrima artificial Alteração na produção lacrimal: síndrome de Sjögren Conjuntiva: vide acima Córnea: > 90% de água, 0,5 mm na espessura central o Estrutura mais inervada do corpo humano o Cicatrização extremamente rápida (< 1 seg) o Erros refratários: córnea ou globo ocular Miopia: foco antes da retina, olho grande Hipermetropia: foco depois da retina, olho curto Astigmatismo: diferença entre os eixos da córnea Horizontal ou na regra: mais tolerado Na vertical: pior Presbiopia: dificuldade de acomodação, > 40 anos Lentes corretivas Esféricas: miopia (-) e hipermetropia (+) Cilíndricas: astigmatismo, sempre (-) + eixo de deformidade Adição (ADD): grau de perto (+), adicionado na presbiopia o Ceratite: inflamação da córnea Funcional: vide acima Por arco voltaico (solda): apoptose de células epiteliais >> anestésico, tampão por 12 horas e pomada (epitezam ou regencel) Tratamento: colírio anestésico, oclusão com pomada, colírios lubrificantes e colírios antibióticos o Corpo estranho: ponto acastanhado Colírio anestésico: 1 gota, fecho olho, contar até 10 Lavar com SF 0,9% abundante Inverter a pálpebra Gaze ou cotonete se não sair com lavagem Cravado: desvio pupilar (corectopia) é sugestivo Tampão Não tentar tirar nem pingar anestésico Compete ao oftalmo: colírio ATB e lubrificante o Úlcera: geralmente por uso inadequado de lentes de contato “Manchinha” + uso de lentes: sempre encaminhar Câmara anterior o Cristalino: perda da transparência = catarata (vide acima) o Corpo ciliar: entre íris e córnea Malha trabecular drena humor aquoso (produzido na câmara posterior) para o canal de Schiller Perda da função causa aumento do PIO e consequente lesão do nervo óptico: redução do campo visual (glaucoma, vide acima) Retina: lesão sempre resultará em sequela o Principal patologia = descolamento de retina Descola da coroide: sem oxigenação >> morte neuronal em 3 a 4 dias Etiologia: após trauma ou espontâneo (míopes) Quadro clínico: redução da acuidade visual periférica ou central (mancha preta no campo) Conduta: encaminhar ao oftalmologista o Retinopatia hipertensiva: acomete 15% dos pacientes com HAS Mais sensível para diagnóstico de HAS que hipertrofia de VE Classificação Grau 1: Tortuosidade vascular Grau 2: Cruzamentos patológicos, fios de prata Grau 3: Exsudatos algodonosos, hemorragias Grau 4: Edema de papila o Retinopatia diabética: vide acima Nervo óptico o Neurite: baixa aguda da acuidade visual em mulheres jovens Encaminhar urgentemente (até 6 horas tem que estar com especialista) Tratamento: pulso de corticoide (oftalmologista)
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