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210888051419_OAB_2FASE_AULAS_01_E_02

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Ações Possessórias Parte I 
 
Duas Questões Prévias: a competência e a autocomposição. 
 
Sobre a competência: 
 
Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. O autor pode 
optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizi-
nhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. 
 
A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. 
Sendo bem móvel, caberá busca e apreensão a ser ajuizada no foro do domicílio do réu. 
 
Atenção! 
 
Súmula Vinculante 23 – STF. 
 
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercí-
cio do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. 
 
Sobre a Autocomposição e a Heterocomposição. 
 
CPC: Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
 
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por 
juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. 
 
A Arbitragem nos Conflitos Possessórios: 
 
 
 
LEI Nº 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996. 
 
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos 
patrimoniais disponíveis. 
 
§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direi-
tos patrimoniais disponíveis. 
§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de 
arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações. 
 
O que é a arbitragem e qual seria a sua importância nos conflitos possessórios? 
 
A arbitragem é um método de resolução de conflitos, no qual as partes definem que uma pessoa ou uma entidade 
privada irá solucionar a controvérsia apresentada pelas partes, sem a participação do Poder Juridiário. 
 
Caracterizada pela informalidade, embora com um procedimento escrito e com regras definidas por órgãos arbi-
trais e/ou pelas partes, a arbitragem costuma oferecer decisões especializadas e mais rápidas que as judiciais. 
 
A sentença arbitral tem o mesmo efeito da sentença judicial. Por envolver decisões proferidas no âmbito de um 
mecanismo privado de resolução de controvérsias, a arbitragem desponta como uma alternativa célere à morosi-
 
 
 
 
 
 
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dade do sistema judicial estatal. Para recorrer à arbitragem, as partes devem estabelecer uma cláusula em um 
contrato ou um simples acordo posterior à controvérsia, mediante a previsão do compromisso arbitral. Em ambos 
os casos, é acionado um juízo arbitral para solucionar controvérsia já configurada ou futura. 
 
A arbitragem costuma estar associada a outras formas alternativas de resolução de controvérsias, como a concil i-
ação e mediação, mas não se confunde com elas, por ter características próprias. 
 
A Câmara Arbitral é uma entidade autônoma especializada na solução de conflitos que versem sobre direito pa-
trimonial disponível, por meio de regras e procedimentos próprios e dos mecanismos da Lei de Arbi tragem 
9.307/96. 
 
Conciliação e Mediação. 
 
 
 
Mediação e Conciliação: qual a diferença? 
 
A Mediação é uma forma de solução de conflitos na qual uma terceira pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo 
entre as partes, para que elas construam, com autonomia e solidariedade, a melhor solução para o conflito. Em 
regra, é utilizada em conflitos multidimensionais ou complexos. A Mediação é um procedimento estruturado, não 
tem um prazo definido e pode terminar ou não em acordo, pois as partes têm autonomia para buscar soluções que 
compatibilizem seus interesses e necessidades. 
 
A Conciliação é um método utilizado em conflitos mais simples, ou restritos, no qual o terceiro facilitador pode 
adotar uma posição mais ativa, porém neutra com relação ao conflito e imparcial. É um processo consensual bre-
ve, que busca uma efetiva harmonização social e a restauração, dentro dos limites possíveis, da relação social 
das partes. 
 
As duas técnicas são norteadas por princípios como informalidade, simplicidade, economia processual, celerida-
de, oralidade e flexibilidade processual. 
 
Os mediadores e conciliadores atuam de acordo com princípios fundamentais, estabelecidos na Resolução 
125/2010: confidencialidade, decisão informada, competência, imparcialidade, independência e autonomia, respei-
to à ordem pública e às leis vigentes, empoderamento e validação. 
 
LEI Nº 13.140, DE 26 DE JUNHO DE 2015. 
 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a au-
tocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. 
 
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, 
que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para 
a controvérsia. 
 
Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios: 
 
I - imparcialidade do mediador; 
II - isonomia entre as partes; 
III - oralidade; 
IV - informalidade; 
V - autonomia da vontade das partes; 
VI - busca do consenso; 
VII - confidencialidade; 
VIII - boa-fé. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.140-2015?OpenDocument
 
 
 
 
 
 
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§ 1º Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula de mediação, as partes deverão comparecer à primeira 
reunião de mediação. 
§ 2º Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de mediação. 
 
A Posse 
 
 
 
Conceito e natureza jurídica 
 
A posse é um direito autônomo e especial. Não se confunde com o direito de propriedade. Possuidor é aquele que 
tem de fato o exercício de algum dos poderes inerentes à propriedade (art. 1.196, CC). 
 
É um estado de fato e de poder socioeconômico sobre uma coisa. 
 
A posse se adquire desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos 
poderes inerentes à propriedade (1.204, CC). 
 
O CC reconhece direito autônomo sobre a posse, independentemente do titular da mesma ser ou não o proprietá-
rio do bem. Um belo exemplo, é o art. 1.210 do CC ao afirmar que o possuidor tem direito a ser reintegrado na 
posse, no caso de esbulho, mantido em caso de turbação, ou mesmo segurado nas situações de ameaça. Este 
direito autônomo sobre a posse é disciplinado entre os arts. 1.196 e 1.224 do CC. 
 
Principais teorias explicativas da posse: breves notas. 
 
a) Teoria subjetiva (Friedrich Carl Von Savigny) 
 
 
 
Savigny, no festejado “Tratado da Posse” (1.824), tentou explicar a posse no direito alemão com base em ensi-
namentos provenientes do Direito Romano. Sustentava que a posse traduziria um poder material sobre a coisa – 
domínio físico (corpus) – com a intenção de tê-la para si (animus). Portanto, o aspecto subjetivo seria imprescindí-
vel à configuração da mesma. 
 
Em suma: posse = corpus + animus. 
 
A crítica à teoria subjetiva reside na dificuldade de comprovação da intenção, do animus em possuir, daí a teoria 
objetiva, em contraponto. 
 
b) Teoria objetiva (Rudolf Von Ihering) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Para Ihering o possuidor é a pessoa que se comporta como se fosse proprietária da coisa, imprimindo destinação 
econômica à mesma, independentemente da demonstração do animus (o comportamento objetivo é que importa). 
A posse seria a exteriorização da propriedade. 
 
Em suma: posse = corpus. 
 
O Código Civil parece adotar, preponderantemente, a teoria objetiva da posse (art. 1.196).
Porém, em algumas 
situações, há indícios da presença da teoria subjetiva (especialmente na disciplina da usucapião e do fâmulo da 
posse). 
 
Atenção! 
 
Na atualidade, é possível também reconhecer o surgimento da teoria sociológica da posse nitidamente atrelada 
com o tema da função social. Contudo, não sendo objetivo desta obra divagar para além da proposta do livro 
(exame da OAB), resta apenas a breve referência teórica sobre o assunto. 
 
Posse x detenção: o fâmulo da posse 
 
O Código Civil, em seu artigo 1.198, considera detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para 
com o outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens e instruções suas, instituindo a figura 
do fâmulo da posse. É o caso, por exemplo, de um motorista, de uma empregada doméstica, de um caseiro que, 
de rigor, não são titulares de posse alguma: atuam apenas como longa manus, prepostos, do verdadeiro possui-
dor (empregador). 
 
Contudo, na melhor orientação do Enunciado 301 da III Jornada de Direito Civil “É possível a conversão da deten-
ção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessó-
rios”. 
 
 
 
Digno de nota a propósito disto é a disciplina do artigo 1.208 do Código Civil segundo o qual atos de mera deten-
ção, permitidos e tolerados, não são capazes de gerar a posse. De fato, a permissão (autorização prévia, induvi-
dosa e expressa) e a tolerância (autorização posterior e tácita) não retiram daquele que autoriza, ou permite, o 
estado de poder socioeconômico sobre o bem, razão pela qual não induzem a posse. 
 
Posse de direitos (existe posse de direitos?) 
 
Também se deve recordar que o Código Civil Brasileiro, influenciado no particular pela legislação cível da Alema-
nha e da Grécia, segue a orientação segundo a qual apenas coisas (corpóreas) são objetos de posse. Talvez por 
isto o Superior Tribunal de Justiça tenha afirmado ser “inadmissível o interdito proibitório para proteção de direito 
autoral” (súmula 228, STJ). Mas em provas abertas, a fim de ilustrar esta orientação excepcional, é possível citar o 
exemplo da súmula 193 do Superior Tribunal de Justiça que admite a posse de linha telefônica apenas para efeito 
da usucapião: “O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião”. 
 
Classificação da posse 
 
a) Direta x Indireta. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de 
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a 
sua posse contra o indireto (art.1.197, CC). Posse direta é aquela em que o possuidor tem o contato material e 
imediato com a coisa. Ex.: inquilino (locatário). Posse indireta é aquela de onde a posse direta surgiu, na qual o 
possuidor está afastado da coisa, mas aufere vantagens desta, como proprietário no contrato de locação. 
 
 
 
 
 
 
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A este propósito, o entendimento doutrinário é manso e pacífico no sentido de que “O possuidor direto tem direito 
de defender a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele”, como se cristalizou no Enunciado 76 da I Jorna-
da de Direito Civil (CJF/STJ). 
 
b) Composse. Quando duas ou mais pessoas exercem a posse de maneira simultânea sobre coisa indivisível a 
isto se denomina COMPOSSE (art. 1.199, CC), sendo possível a todas estas exercer sobre o bem os atos pos-
sessórios, desde que não excluam os outros direitos reais. 
c) Justa x Injusta. Para o artigo 1.200 do Código Civil é justa a posse que não for violenta, clandestina ou precá-
ria. Injusta é a posse violenta, clandestina ou precária. Enquanto não cessar a injusta posse não se pode falar em 
início de prazo para usucapião, afinal de contas a ninguém é dado se beneficiar da própria torpeza. O Código Civil 
apresenta importantes mecanismos de defesa àquele que estaria na posse justa diante de situações como estas: 
o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de 
violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. (art. 1.210) 
 
Importantes considerações podem ser elaboradas a respeito do artigo 1.210 do Código Civil. A partir deste precei-
to surge o fundamento jurídico para ajuizamento dos chamados interditos possessórios (ações possessórias), vale 
dizer, ação de reintegração (caso de perda da posse, ou seja, de esbulho), ação de manutenção (caso de turba-
ção) e, finalmente, ação de interdito proibitório (tutela preventiva da posse para situações de ameaça de esbulho, 
ou ameaça de turbação). 
 
O possuidor também poderá ajuizar a ação de esbulho ou de indenização contra o terceiro que recebeu a coisa 
esbulhada sabendo que o era (art. 1.212, CC), ante o visível dolo no caso concreto. 
 
Atenção! 
 
A contrario sensu será “Inadmissível o direcionamento de demanda possessória ou ressarcitória contra terce iro 
possuidor de boa-fé, por ser parte passiva ilegítima diante do disposto no artigo 1.212 do novo Código Civil. Con-
tra o terceiro de boa-fé, cabe tão-somente a propositura de demanda de natureza real” (Enunciado 80, CJF/STJ). 
 
Estes temas deverão ser aprofundados no estudo do Direito Processual Civil. 
 
Também se extrai do artigo 1.210 acima a noção do desforço incontinente, ou seja, da possibilidade do possuidor 
manso e pacífico que está a sofrer dano possessório agir imediatamente, desde que de forma proporcional e sem 
necessitar da atuação Judicial, para retirar o invasor de seu imóvel, bem como a legítima defesa da posse, quan-
do o possuidor utiliza da sua força para impedir a própria invasão (§ 1º). 
 
O preceito legislativo também faz distinção entre o denominado juízo possessório (quero a posse porque tenho a 
melhor posse), típico das ações possessórias, do juízo petitório (quero a posse porque sou dono), que se refere 
às reivindicatórias e decorrem do direito real de sequela (buscar e apreender o bem onde quer que este esteja e 
contra qualquer um). Resta claro, pelo dispositivo legal que a posse não é apêndice da propriedade (mas sim di-
reito autônomo), de modo que não se discute propriedade em questões possessórias, ou melhor, o título de pro-
priedade não obstrui o debate possessório (§ 2º). 
 
Atenção! 
 
A única hipótese na qual se defere a posse àquele que comprovar o domínio, ocorrerá se a aludida posse estiver 
sendo disputada com base no domínio, como já esclareceu a súmula 487 do Supremo Tribunal Federal: “Será 
deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio se com base neste for ela disputada”. 
 
Exatamente por isto a doutrina consolidou dois importantes Enunciados na I Jornada de Direito Civil. O Enunciado 
78: “Tendo em vista a não-recepção pelo novo Código Civil da exceptio proprietatis (art. 1.210, § 2º) em caso de 
ausência de prova suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada exclusivamente no ius pos-
sessionis, deverá o pedido ser indeferido e julgado improcedente, não obstante eventual alegação e demonstra-
ção de direito real sobre o bem litigioso”. E o Enunciado 79: “A exceptio proprietatis, como defesa oponível às 
ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os 
juízos possessório e petitório”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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d) De Boa fé x de Má fé. Reza o Código Civil, em seu artigo 1.201, que “É de boa-fé a posse, se o possuidor igno-
ra o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa”, advertindo ainda o parágrafo único - do mesmo pre-
ceito - que “O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a 
lei expressamente não admite esta presunção”. 
 
Trata-se, como se vê, da boa-fé subjetiva que “só perde este caráter no caso e desde o momento em que as cir-
cunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”, a teor do artigo 1.202 do Có-
digo Civil, estando diretamente relacionada com o fato de o possuidor
ignorar o vício. Tão só. 
 
Observação. Nada disto se confunde com o justo título, nem ainda com o título legítimo, isto por que: justo título é 
a justa causa, o justo motivo, independentemente de documento específico comprobatório da posse, enquanto 
que título legítimo é o documento hábil a demonstrar, por escrito, a posse. A este respeito existem dois importan-
tes Enunciados em Jornada de Direito Civil. O Enunciado 302: “Pode ser considerado justo título para a posse de 
boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código 
Civil”. E o Enunciado 303, assim redigido: “Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possui-
dor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento 
público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse” 
 
Constituto possessório x tradition breve manu 
 
Imagine a hipótese na qual alguém vende um imóvel a outrem, mas continua a habitar naquele bem, que antes lhe 
pertencia (agora mediante o pagamento de aluguel). Nesta situação, este alienante possuía, originariamente, em 
nome próprio. Contudo, agora, passa a possuir em nome alheio. A isto se denomina constituto possessório ou 
cláusula constituti. 
 
Atenção! 
 
O Enunciado 77 da I Jornada de Direito Civil (CJF/STJ) esclareceu, mediante doutrina firme e consolidada, que “A 
posse das coisas móveis e imóveis pode ser transmitida pelo constituto possessório”, tratando-se de importante 
questão em concursos públicos. 
 
E se o inverso ocorresse? 
 
A tradittio breve manu é o inverso. Ocorre quando alguém possuía originariamente algo em nome alheio e, agora, 
passa a possuir em nome próprio. 
 
Aquisição e Perda da Posse 
 
A aquisição da posse acontece desde o momento em que se torna possível o seu exercício, ou seja, a partir do 
momento em que o sujeito passa a exercer os poderes inerentes a propriedade (art. 1.204, CC). Esta posse faz 
presumir a dos bens móveis, os quais acompanham o principal (art. 1.209, CC), afinal de contas “A posse do imó-
vel faz presumir, até prova em contrário, a das coisas móveis que nele estiverem”. 
 
A posse pode ser adquirida pela própria pessoa, seu representante ou terceiro, desde que haja ratificação, na 
forma do artigo 1.205 do Código Civil. Esta posse se transmite aos herdeiros ou legatários do possuidor com os 
mesmos caracteres (art. 1.206, CC), sendo que o sucessor universal continua de direito a posse do seu anteces-
sor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para efeitos legais (art. 1.207, CC), como 
no caso da soma das posses para fim da usucapião. 
 
Todos os frutos colhidos pelo possuidor de má-fé não lhe pertencem. Há responsabilidade civil direta por tais fru-
tos, como ainda pelos que deixou de perceber. Apenas para evitar o enriquecimento sem causa é que a legislação 
admite o reembolso pelas despesas de produção e custeio. Nada mais. 
 
Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa (arts. 1.217 e 1.218, CC) 
 
Utilizando-se do raciocínio anterior, é possível afirmar que o possuidor de boa-fé só responde se der causa a per-
da ou deterioração da coisa, incorrendo em dolo ou culpa. O possuidor de má-fé responderá até mesmo pelos 
danos acidentais ocorridos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Quanto às benfeitorias realizadas na coisa (arts. 1.219 e 1.220, CC) 
 
Se a lei protege o possuidor de boa-fé, este terá direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, poden-
do reter a coisa até que estas sejam pagas. Quanto às voluptuárias, poderá apenas levantá-las, quando possível 
(sem prejuízo da coisa). Já o possuidor de má fé, somente será ressarcido nas benfeitorias necessárias, sem di-
reito à retenção. 
 
Direitos de Vizinhança 
 
 
 
Trata-se do conjunto de regras previstas no Código Civil e que disciplinam a convivência pacífica entre vizinhos. 
Curioso perceber que no Estatuto das Cidades (Lei Federal 10.257/01) já existe previsão expressa (art. 36) a res-
peito do estudo de impacto de vizinhança, o que evidencia o caráter autônomo desta disciplina e justifica o surgi-
mento de legítimas restrições à utilidade de certos imóveis. 
 
Atenção! 
 
É bom que se recorde, a teor do Enunciado 319 do CJF/STJ que a condução e a solução das causas envolvendo 
conflitos de vizinhança devem guardar estreita sintonia com os princípios constitucionais da intimidade, da inviola-
bilidade da vida privada e da proteção ao meio ambiente. 
 
a) Uso normal da propriedade e deveres de abstenção (arts. 1277 e ss.) 
 
A noção primeira que se deve considerar reside no denominado dever de uso racional do prédio a gerar em face 
do proprietário ou possuidor o direito de fazer cessar, mediante tutela inibitória (obrigações de fazer) as interferên-
cias prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde provocadas pela abusiva utilização da propriedade vizinha 
(art. 1.277, CC). 
 
Se o prédio estiver prestes a cair pode ser ajuizada ação visando caução pelos danos iminentes, ou a demolição, 
ou a reparação do dano deste prédio, tecnicamente denominada de AÇÃO DE DANO INFECTO que, se coletivo, 
legitima a atuação do próprio Ministério Público, afinal de contas o proprietário ou o possuidor tem direito a exigir 
do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste 
caução pelo dano iminente (art. 1.280, CC). 
 
b) Árvores limítrofes (arts. 1.282 e ss.) 
 
Também se tutela, no direito de vizinhança, a utilização racional, proporcional e não abusiva das árvores, discipli-
nando a propriedade sobre estas, quando estiverem em linha divisória, bem como a possibilidade de cortes e po-
das, assim como os frutos caídos desta: os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo 
onde caíram, se este for de propriedade particular (art. 1.284, CC) 
 
c) Passagem forçada (arts. 1.285 e ss.) 
 
É o direito potestativo que assiste ao dono do chamado imóvel encravado (sem saída para a via pública, nascente 
ou porto) de reclamar do vizinho que lhe deixe passagem, mediante indenização, afinal de contas se exerce um 
ato lícito, mas haverá dever de indenizar tendo em vista a desvalorização econômica que o proprietário do prévio 
serviente experimentará com a passagem forçada. 
 
Sofrerá com a passagem forçada o vizinho cujo imóvel, naturalmente e de forma mais fácil, possibilite a aludida 
passagem (§ 1º, art. 1.285, CC). Na hipótese de alienação parcial de um bem da qual resulte encravação, o antigo 
proprietário deverá garantir a passagem. Aplica-se tal dispositivo ainda que haja passagem anterior fornecida por 
outro vizinho. A doutrina consagrada no Enunciado 88 do CJF/STJ, ao apreciar o conteúdo do artigo epigrafado, 
entendeu ainda que o direito de passagem forçada, previsto no art. 1.285 do CC, também é garantido nos casos 
em que o acesso à via pública for insuficiente ou inadequado, consideradas, inclusive, as necessidades de explo-
 
 
 
 
 
 
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ração econômica. Também se deve considerar encravado o imóvel quando a passagem for insegura ou impraticá-
vel, não se confundindo o instituto tratado neste capítulo com a servidão, isto porque: 
 
• Passagem forçada (decorre de sentença judicial, mediante indenização, e é um direito de vizinhança) 
• Servidão (direito real na coisa alheia – constitui em cartório, por declaração ou testamento, de forma gratuita ou 
onerosa). 
 
d) Passagem de cabos e tubulações (arts. 1.286 e ss.) 
 
De acordo com o artigo 1.286 do Código Civil, mediante recebimento de indenização que atenda, também, à des-
valorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de ca-
bos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizi-
nhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. Com efeito, a propriedade não deve ser 
utilizada de
modo egoístico, ou mesmo a obstruir o interesse comum e social, nada obstante ser possível ao pro-
prietário prejudicado exigir que a instalação seja feita de modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, 
depois, seja removida, à sua custa, para outro local do imóvel. O direito de vizinhança viabiliza a utilização destes 
prédios de maneira otimizada e de modo que uns se tornem benéficos aos outros, potencializando-os. 
 
e) Das águas (arts. 1.288 e ss.) 
 
Importante disciplina do direito de vizinhança diz respeito ao curso das águas, bem jurídico de relevância ímpar, 
devidamente disciplinada no artigo 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas 
que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição 
natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio su-
perior. 
 
Não tutela o direito de vizinhança apenas o curso das águas que correm naturalmente do superior ao inferior. Pre-
ocupa-se, de igual sorte, com o fluxo das artificialmente levadas ao prédio superior ou ali colhidas, ao garantir ao 
dono o direito de reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer (art. 1.289, CC), deduzindo-se 
o valor do benefício obtido. 
 
Quanto às nascentes, também há regra específica assim disciplinada: o proprietário de nascente, ou do solo onde 
caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural 
das águas remanescentes pelos prédios inferiores (art. 1.290, CC). 
 
O dever de não poluir, intuitivamente relacionado à função socioambiental da propriedade, está consagrado a 
partir do artigo 1.291 do Código Civil. Desta forma, possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indis-
pensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deve-
rá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso 
artificial das águas. Mas, teria o proprietário direito subjetivo de construir barragens, açudes ou obras de represa-
mento de água em seu prédio? 
 
A resposta está no artigo 1.292 do Código Civil para quem o proprietário tem direito de construir barragens, açu-
des, ou outras obras para represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, 
será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido. Também é permitido 
(art. 1.293) a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprietários prejudicados, construir canais, 
através de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades 
da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o escoamento 
de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos. 
 
Nesta hipótese (§ 1º) ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimento pelos danos 
que de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem como da deterioração das obras destinadas 
a canalizá-las”, sendo que (§ 2º) o proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que 
atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais. 
 
Trata-se do denominado aqueduto, que será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários 
dos imóveis vizinhos e a expensas do seu dono, a quem incumbem também às despesas de conservação: o 
aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e construam sobre ele, sem prejuízo para a sua 
 
 
 
 
 
 
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segurança e conservação; os proprietários dos imóveis poderão usar das águas do aqueduto para as primeiras 
necessidades da vida (art. 1.295, CC). 
 
f) Limites e direito de tapagem (arts. 1.297 e ss.) 
 
Consequência natural do direito de vizinhança é aquele conferido ao proprietário (art. 1.297, CC) para cercar, mu-
rar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, como ainda constranger o seu confinante a 
proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos 
ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. Estes limites e 
cercados se presumem, até prova em contrário, pertencerem a ambos os proprietários confinantes razão pela qual 
somente poderão ser cortadas de comum acordo, devendo haver contribuição conjunta para aquisição e conser-
vação de tais bens: sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a 
posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, 
não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro (art. 1.298, CC). 
 
g) Direito de construir (arts. 1.299 e ss.) 
 
Também por decorrência natural do direito de vizinhança está o direito do proprietário de construir da maneira que 
lhe aprouver e de acordo, evidentemente, com os regulamentos administrativos (art. 1.299, CC). Também é certo 
afirmar que da divisa entre as duas casas não se poderá construir janelas, eirado, terraços ou varandas a menos 
de metro e meio do terreno do vizinho, nos termos do artigo 1.301 do Código Civil. 
 
Para a jurisprudência, admite-se, todavia, a abertura de janela a menos de metro e meio desde que esta tenha 
vidro opaco ou translúcido (Súmula 120, STF): “Parede de tijolos de vidro translúcido pode ser levantada a menos 
de metro e meio do prédio vizinho, não importando servidão sobre ele”. Do mesmo modo, é possível a construção 
a menos de metro e meio de abertura para ventilação nas medidas determinadas no §2º: as disposições deste 
artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte 
de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso. Na zona rural a distancia é maior, de 
no mínimo três metros, conforme artigo 1.303 do CC. 
 
 
 
Por força da Lei Federal 13.465/17 foram introduzidos os arts. 1.510-A à 1.510-E à codificação, que passou a 
tratar do denominado direito de sobrelevação, também chamado direito de laje. 
 
É permitido ao proprietário de uma construção-base ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim 
de que o titular da laje mantenha unidade autônoma e distinta daquela originariamente construída sobre o solo. 
Portanto, este direito real de laje contemplará o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos, ou privados, 
tomados em projeção vertical, como unidade autônoma. 
 
Para tanto, é imprescindível seja aberta uma matrícula própria no cartório de registro de imóveis, a partir de quan-
do o titular do direito real de laje passará a responder pelos encargos e tributos da mesma, além de adquirir o 
direito de usar, fruir e dispor da laje. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O titular do direito real de laje está autorizado a ceder a superfície da sua construção para a instituição de um 
sucessivo direito real de laje (laje sobre a laje, também denominadas de lajes sucessivas). Para tanto, é necessá-
ria a autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes. 
 
É dever do titular da laje não prejudicar com obras, ou falta de reparação a segurança, a linha arquitetônica, ou 
mesmo o arranjo estético do edifício, respeitando, inclusive, a disciplina normativa municipal eventualmente exis-
tente. O CC autoriza aplicar ao direito de laje, supletivamente, as regras do condomínio edilício, notadamente 
quanto aos temas envolvendo despesas necessárias de conservação e fruição das partes que sirvam a todo o 
edifício e ao pagamento de serviços de interesse comum, que haverão de ser partilhadas entre o proprietário da 
construção-base e o titular da laje, na proporção estipulada no contrato. 
 
Também restou consagrado o direito de preferência
em caso de alienação, tanto em relação ao dono da constru-
ção-base, quanto em relação do dono da laje, prevendo a norma necessidade de notificação no prazo de 30 dias, 
salvo se o contrato dispuser de maneira diversa. 
 
 
 
Aplicação Prática. 
 
Ação de imissão de posse 
 
 
 
É ação de procedimento comum, que tem por objetivo conferir a posse de bem ao proprietário, o qual nunca hou-
vera gozado da mesma. 
 
Enquanto na ação reivindicatória o proprietário pleiteia bem cuja posse JÁ exercera, na ação de imissão de posse 
o proprietário busca obter bem cuja posse NUNCA exerceu. Aludida ação encontra fundamento no artigo 1.228 do 
Código Civil. 
 
A elaboração da peça compreende os seguintes passos: 
 
1
a
 passo: Endereçamento 
 
Como se trata de ação real imobiliária, a demanda deverá ser ajuizada perante o juízo do lugar onde o imóvel 
estiver situado, a teor do disposto no artigo 47, CPC. 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA DE......./ESTADO 
 
2
a
 passo: Qualificação das partes 
 
Aqui, como em toda petição inicial, as partes necessitam ser qualificadas (nome, estado civil, profissão, CPF, en-
dereço e endereço eletrônico), nos termos do artigo 319, CPC. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
FULANO DE TAL, (estado civil), (profissão), (CPF), (endereço eletrônico), (endereço), através do advogado que a 
esta subscreve, constituído nos termos da procuração em anexo (doc. 01), vem a presença de vossa excelência, 
com fundamento no artigo 1.228 do CC, propor AÇÃO DE IMISSÃO DE POSSE em face de BELTRANO, (estado 
civil), (profissão), (CPF), (endereço eletrônico), (endereço), de acordo com as razões de fato e de direito a seguir 
expostas: 
 
3
a
 passo: Exposição dos fatos: 
 
Feita a qualificação, serão narrados os fatos ensejadores do pedido, através de uma exposição em ordem lógica e 
cronológica. Vejamos: 
 
1. DOS FATOS 
 
1. O Requerente é legítimo proprietário de um imóvel situado nesta cidade, na ...; 
2. A aquisição se deu através de regular contrato de compra e venda, celebrado na data tal, com escritura pública 
lavrada e registrada no ... cartório de registro de imóveis desta cidade...; 
3. Não obstante, fato é que o requerente viu-se impedido de tomar posse no referido imóvel, haja vista que nele se 
estabeleceu o demandado desde a data ....., afirmando que não sairá, pois, apesar de saber que não é dono da 
coisa, não tem para onde ir e, por isso, ali permanecerá; 
4. Assim, não restou outra alternativa ao requerente senão vir a este juízo postular o que entende de direito. 
 
4
a
 Passo: Exposição do direito. 
 
Na exposição do direito, o objetivo é expor os argumentos jurídicos que demonstrem o cabimento da ação a ser 
proposta. Assim, teremos: 
 
2. DO DIREITO 
 
O art. 1.228 do Código Civil é claro no sentido de apontar os poderes inerentes do direito de propriedade, ao adu-
zir que o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem 
quer que injustamente a possua ou detenha. 
 
É o que ocorre nos autos: De um lado, o requerente é proprietário do bem em questão; por outro lado, a posse 
injusta do réu, aliada à má-fé, negando a desocupar o imóvel, vem causando sérios danos de difícil reparação, no 
sentido de que o requerente está impedido de adentrar ao imóvel que adquiriu de forma legítima. 
 
Destarte mostra-se perfeitamente cabível o manejo da ação de imissão de posse para o caso em tela. 
 
5
a
 passo: Pedido de tutela de urgência de natureza antecipada. 
 
Considerando que a ação de imissão de posse segue o rito comum, nada impede que, preenchidos os requisitos 
legais, seja requerida a medida de urgência de natureza antecipada. Vejamos: 
 
3. DA TUTELA DE URGÊNCIA 
 
Após adquirir o imóvel objeto da presente demanda, o demandante se desfez do imóvel que anteriormente possu-
ía, de modo que, agora, não tem para onde ir. 
 
Destarte, considerando que a demora na prestação jurisdicional poderá ocasionar dano irreparável ao demandan-
te, é mister que seja concedida a tutela de urgência de natureza antecipada para determinar a sua imediata imis-
são na posse, visto que devidamente presentes a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resul-
tado útil do processo, nos termos do artigo 300, CPC. 
 
6
a
 passo: Pedidos 
 
Exposta a causa de pedir, através dos fatos e fundamentos, chegou o momento de formular os pedidos. Aqui, os 
pedidos precisam seguir uma ordem “cronológica” das providências requeridas ao juízo. Ademais, como se trata 
de procedimento comum, a parte requererá a citação do réu para que compareça à audiência de mediação ou 
 
 
 
 
 
 
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conciliação, pugnando ainda por sua condenação, ao final, nos ônus da sucumbência (custas e honorários advo-
catícios). Vejamos: 
 
4. DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto, requer: 
 
a) A concessão da tutela de urgência de natureza antecipada, assegurando o autor de prejuízo iminentes, deter-
minando-se a expedição de mandado de imissão de posse, com o devido reforço policial, acaso necessário; 
b) A designação de audiência de mediação ou conciliação; 
c) Ao final, a procedência do pedido, com a confirmação da tutela de urgência de natureza antecipada e condena-
ção do requerido nas custas processuais e honorários advocatícios. 
 
7
a
 passo: Valor da causa. 
 
A toda causa deve ser dado um valor, ainda que não tenha conteúdo econômico aferível. O valor deve seguir as 
diretrizes do artigo 292 do CPC. No caso da ação de imissão de posse, o valor corresponderá ao valor do imóvel. 
 
Dá-se à causa o valor de R$.... (valor do imóvel). 
 
8
a
 passo: Protesto pelas provas 
 
É necessário que o requerente faça o protesto por todos os meios de prova, exatamente para ter a oportunidade 
de demonstrar a veracidade de suas alegações. Vejamos: 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, seja pelo depoimento pessoal, do-
cumentos, testemunhas, perícias e tudo que se fizer necessário para a efetivação da justiça. 
 
9
a
 passo: Encerramento. 
 
Após o protesto pelas provas, será feito o encerramento da peça, com o pedido de deferimento, seguido do local, 
data e Advogado. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Local, data 
 
Advogado 
 
Ação de nunciação de obra nova 
 
É ação pelo comum que tem por objetivo denunciar a existência de obra em andamento que prejudique o direito 
da parte. Ela pode ser utilizada pelo proprietário ou possuidor para impedir edificações em imóvel vizinho que 
cause prejuízo ao seu direito, pelo condômino para evitar obras que prejudiquem a coisa alheia ou, ainda, pelo 
município para evitar obras contra as determinações legais. 
 
A ação em tela figurava no rol dos procedimentos especiais do CPC revogado (artigos 934 e seguintes), mas não 
foi disciplinada como procedimento especial no CPC de 2015. Significa dizer que, com a nova legislação proces-
sual, o instrumento em tela passou a seguir a “regra geral”, ou seja, o procedimento comum, consoante o disposto 
no artigo 318 do CPC. A ação encontra fundamento nos artigos 1.277 e seguintes do Código Civil. 
 
A elaboração da peça compreende os seguintes passos: 
 
1
a
 passo: Endereçamento 
 
Como se trata de ação real imobiliária, a demanda deverá ser ajuizada perante o juízo do lugar onde o imóvel 
estiver situado, a teor do disposto no artigo 47, CPC. 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA DE......./ESTADO 
 
 
 
 
 
 
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2
a
 passo: Qualificação das partes 
 
Aqui, como em toda petição inicial, as partes necessitam ser qualificadas (nome, estado civil, profissão, CPF, en-
dereço e endereço eletrônico), nos termos do artigo 319, CPC. Vejamos: 
 
FULANO DE TAL, (estado civil), (profissão), (CPF), (endereço eletrônico), (endereço), através do advogado que a 
esta subscreve, constituído nos termos da procuração em anexo (doc. 01), vem a presença de vossa excelência, 
com fundamento nos artigos
1.277 e seguintes do Código Civil, propor AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA 
em face de BELTRANO, (estado civil), (profissão), (CPF), (endereço eletrônico), (endereço), de acordo com as 
razões de fato e de direito a seguir expostas: 
 
3
a
 passo: Exposição dos fatos: 
 
Feita a qualificação, serão narrados os fatos ensejadores do pedido, através de uma exposição em ordem lógica e 
cronológica. Na ação de nunciação de obra nova as partes são comumente chamadas de “nunciante” e “nuncia-
do”. Vejamos: 
 
1. DOS FATOS 
 
1. O nunciante é proprietário de prédio residencial localizado no Bairro da Campina do Barreto, Recife/PE. 
2. O prédio vizinho ao seu é de propriedade do nunciado, o qual reside sozinho. 
3. Há dois meses, o nunciado iniciou a construção de um anexo nos fundos de seu terreno. 
4. Ocorre que, ao invés de implantar novos alicerces para a estrutura, aproveitou antigas colunas que faziam parte 
do terreno, tornando temerária a construção, a qual ameaça cair sobre o prédio de do nunciante, pelo que não 
restou outra alternativa senão vir a este juízo requerer o que entende de direito. 
 
4
a
 passo: Exposição do direito. 
 
Na exposição do direito, o objetivo é expor os argumentos jurídicos que demonstrem o cabimento da ação a ser 
proposta. Assim, teremos: 
 
2. DO DIREITO 
 
5. A ação de nunciação de obra nova poderá ser utilizada pelo proprietário, a fim de impedir que a edificação de 
obra nova em imóvel vizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado; 
6. A utilização do instrumento em questão apoia-se no direito de vizinhança, previsto nos artigos 1.277 e seguintes 
do Código Civil, relativamente ao uso anormal da propriedade. 
7. É o que se verifica no caso narrado. Ora, conforme mencionado alhures, o nunciante é proprietário de imóvel 
que corre o sério risco de danificação em virtude de má- execução da obra que está sendo realizada no prédio 
vizinho. 
8. Destarte, mostra-se perfeitamente cabível o manejo deste instrumento jurídico para o caso em tela. 
 
5
a
 passo: Pedido de tutela de urgência de natureza antecipada. 
 
Considerando que a ação de nunciação de obra nova passou a seguir o rito comum (artigos 319 e seguintes, 
CPV), nada impede que, preenchidos os requisitos legais, seja requerida a medida de urgência de natureza ante-
cipada para determinar a imediata paralisação da obra que está em andamento. Vejamos: 
 
3. DA TUTELA DE URGÊNCIA 
 
Considerando que a demora na prestação jurisdicional poderá ocasionar dano irreparável ao demandante, é mis-
ter que seja concedida a tutela de urgência de natureza antecipada para determinar a imediata paralisação da 
obra nova, visto que devidamente presentes a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado 
útil do processo, nos termos do artigo 300, CPC. 
 
6
a
 passo: Pedidos 
 
Exposta a causa de pedir, através dos fatos e fundamentos, chegou o momento de formular os pedidos. Aqui, os 
pedidos precisam seguir uma ordem “cronológica” das providências requeridas ao juízo. Ademais, como se trata 
 
 
 
 
 
 
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de procedimento comum, a parte requererá a citação do réu para que compareça à audiência de mediação ou 
conciliação, pugnando ainda por sua condenação, ao final, nos ônus da sucumbência (custas e honorários advo-
catícios). Vejamos: 
 
4. DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto, requer: 
 
a) O deferimento de tutela de urgência, no sentido de que a obra seja embargada, com a consequente suspensão, 
cominando-se multa para o caso de descumprimento do preceito; 
b) Seja o réu citado para comparecer à audiência de mediação ou conciliação; 
c) Ao final, a procedência do pedido contido na ação, com a confirmação da tutela inicialmente deferida e conde-
nação do requerido a proceder com as alterações necessárias para o ajuste da obra; 
d) A condenação do requerido nas custas processuais e honorários advocatícios. 
 
7
a
 passo: Valor da causa. 
 
A toda causa deve ser dado um valor, ainda que não tenha conteúdo econômico aferível. O valor deve seguir as 
diretrizes do artigo 292 do CPC. No caso da ação de nunciação de obra nova, o valor corresponderá ao valor dos 
prejuízos experimentados. Se ainda não houve um dano efetivo, o valor será fixado para efeitos meramente fis-
cais. 
 
Dá-se à causa o valor de R$.... (valor dos prejuízos). 
 
8
a
 passo: Protesto pelas provas 
 
É necessário que o requerente faça o protesto por todos os meios de prova, exatamente para ter a oportunidade 
de demonstrar a veracidade de suas alegações. 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, seja pelo depoimento pessoal, do-
cumentos, testemunhas, perícias e tudo que se fizer necessário para a efetivação da justiça. 
 
9
a
 passo: Encerramento. 
 
Após o protesto pelas provas, será feito o encerramento da peça, com o pedido de deferimento, seguido do local, 
data e Advogado. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Local, data 
 
Advogado... 
 
OAB... 
 
Procedimentos Especiais das Possessórias 
 
“Força Nova” e os Embargos de Terceiros. 
 
Procedimentos especiais 
 
Sabe-se que a jurisdição se vale do processo como instrumento para o cumprimento de seu mister, que é dizer o 
direito (juris dictio). 
 
O processo, assim, pode ser definido como o instrumento utilizado pela jurisdição para a resolução dos conflitos 
de interesses. 
 
 
 
 
 
 
 
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O procedimento, por sua vez, é a forma pela qual o processo se exterioriza (modo de ser do processo). É o cami-
nho percorrido, o encadeamento de atos que se ligam e sucedem temporalmente uns aos outros, com vistas a um 
resultado, que é fazer justiça entre as partes. 
 
O processo se distingue do procedimento, na medida em que este último indica o aspecto puramente formal e 
exterior do fenômeno processual, ao passo que a noção de processo é essencialmente finalística (resolver confl i-
tos). 
 
Assim, o processo é o instrumento pelo qual se exerce a jurisdição; o procedimento representa o meio extrínseco 
pelo qual ele se opera. 
 
O procedimento pode ser comum ou especial. 
 
Os procedimentos especiais estão previstos tanto no CPC (parte especial, livro I, no título III) quanto em leis extra-
vagantes (mandado de segurança, juizados especiais, etc.). 
 
Embargos de terceiro 
 
A responsabilidade patrimonial reside na premissa ou possibilidade do estado, exercendo o seu poder de império, 
retirar do patrimônio do devedor tantos bens quantos bastem para o cumprimento da obrigação a qual o mesmo 
se encontra vinculado. 
 
Para tanto, vale-se a jurisdição do processo de execução, que tem a função de tornar efetiva a vontade da lei ou 
do título executivo, e a qual atua submetendo o patrimônio do devedor aos atos de constrição (penhora, arresto, 
etc.,) e de expropriação, tudo com vistas a satisfação do credor, seja pela obtenção do próprio bem da vida, seja 
pela técnica da conversão do bem em equivalente pecuniário. 
 
É mister salientar que, com o objetivo acima exposto, poderão vir a ser objeto de constrição não apenas bem do 
devedor, mas também aqueles que se encontram em poder de terceiros estranhos à execução, mas que a ela 
fiquem sujeitos, pelos seguintes motivos: a) seja porque são bens adquiridos com evidente intuito de fraudar exe-
cução; b) seja porque está ele (o terceiro), em virtude de lei ou contrato, na qualidade de corresponsável pelo 
adimplemento da dívida (ex: fiador); ou, finalmente, c) porque os possui na qualidade de mero possuidor (comoda-
tário, locatário, depositário, etc.). 
 
Ocorre que pode suceder, entretanto, de um terceiro, completamente despido de responsabilidade, vir a ser afeta-
do pela constrição judicial de um bem ou direito seu. Para tanto, o ordenamento jurídico, na perspectiva de salva-
guardar aqueles bens, previu o instituto dos Embargos de terceiro como remédio jurídico apto a sanar a ilegítima 
constrição perpetrada. 
 
Definição 
 
É a ação incidental, de rito especial, destinada a excluir bens de terceiro que
foram ilegitimamente alvos de cons-
trição judicial. 
 
Finalidade e fundamento 
 
A ação judicial em questão tem a finalidade, conforme dito, de liberar bens daquele que não é parte em dado pro-
cesso judicial, além de não possuir a qualidade de codevedor. O ato prejudicial em questão deve ter sido pratica-
do pelo Poder Judiciário. Assim, acaso a posse venha a ser ofendida por ato de particular, o remédio jurídico ade-
quado passa a ser a ação possessória e não o que ora tratamos. 
 
O seu fundamento de seu manejo pode ser vislumbrado na premissa de que a sentença só pode surtir efeitos em 
relação às partes do processo (limites subjetivos da coisa julgada- artigo 506, CPC/15), não podendo atingir ter-
ceiros, que não integraram a relação jurídico-processual, sob pena de ferir os princípios do contraditório e da am-
pla defesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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17 
Legitimidade 
 
Parte legítima para figurar como autor da ação é o terceiro, sendo entendido, por exclusão, como aquele que não 
ocupa um dos polos da relação jurídica processual. 
 
Frise-se que a legislação equipara a terceiro a pessoa que, não obstante ostente a qualidade de parte, venha a 
defender bens que não poderiam ter sido atingidos pela constrição judicial. Seja em virtude do título em que o 
possua (ex: bem que já pertencia ao patrimônio do herdeiro que passou a ser sucessor no polo passivo de um 
processo de execução não estará sujeito à execução), seja pela qualidade em que o possua (ex: um locatário, por 
não ser dono, não poderá ver penhorado o imóvel em que o mesmo está morando de aluguel). 
 
Legitimado passivo é aquele que figura como credor no processo principal (autor/exequente/requerente), justifi-
cando-se pelo fato de que a constrição só foi realizada em virtude de provocação inicial do demandante, já que 
fora este que propunha a ação; 
 
Nada obsta, entretanto, que venha o devedor figurar como réu, juntamente com o demandante, acaso tenha sido 
ele o indicador do bem objeto da constrição (art. Art. 677, § 4
o
, CPC/15). Neste caso estaríamos diante de um 
litisconsórcio passivo necessário, haja vista que a desconstituição da constrição poderia acarretar prejuízos ao 
exequente, bem assim para o réu-executado, já que estaria este último sujeito a sofrer nova constrição. Ressalte-
se, entretanto, que, a teor da Súmula 303 do STJ, a condenação nas custas processuais e honorários advocatí-
cios ficará a cargo da parte que deu causa à ilegítima constrição (indicou o bem). 
 
Prazo para a propositura da ação 
 
Tratando-se de processo de conhecimento, a propositura se dará a qualquer momento, desde que antes do trânsi-
to em julgado da decisão. 
 
No caso de processo de execução, a propositura dar-se-á até 5 (cinco) dias após a arrematação, adjudicação ou 
alienação por iniciativa particular, desde que antes da assinatura da respectiva carta (art. 675, CPC/15). 
 
Vale salientar que, em virtude do terceiro não poder ser atingido pelos efeitos da coisa julgada, o transcorrer do 
prazo em questão não o impede de, pelas vias ordinárias, reivindicar o bem que fora objeto da constrição. O ven-
cimento do prazo é meramente preclusivo no sentido de o impedir de manejar os embargos para a defesa imedia-
ta da posse. 
 
Procedimento 
 
Os embargos são uma ação especial autônoma, a qual dá origem a um processo incidente, distribuído por depen-
dência, ficando os mesmos apensos aos autos ditos principais. O procedimento segue às seguintes regras: 
 
Competência: é competente o mesmo juízo que ordenou a apreensão do bem, mediante a expedição do mandado 
de constrição. Assim, embora realizado o ato de constrição por intermédio do juízo deprecado, este apenas será 
competente se tiver ordenado o ato em questão (art. 676, CPC). 
 
Petição Inicial: deverá obedecer aos requisitos gerais do artigo 319 combinados com os específicos do artigo 677 
do CPC, os quais exigem: a) prova sumária da posse; b) prova da constrição, c) qualidade de terceiro; d) docu-
mentos e rol de testemunhas. 
 
Da Liminar: julgando suficientemente provada a posse, o juiz deferirá liminarmente os embargos e ordenará a 
expedição de mandado de manutenção ou de restituição em favor do embargante, que só receberá os bens de-
pois de prestar caução de os devolver com seus rendimentos, caso sejam afinal declarados improcedentes, res-
salvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. 
 
Da audiência preliminar: faculta-se ao magistrado determinar a realização de audiência preliminar quando o autor 
não tiver provado suficientemente, por meio de documentos, a sua posse. Seria, em outros termos, audiência que 
se assemelha à justificação prévia das possessórias. 
 
Contestação: será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
 
 
 
 
 
 
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18 
A conversão ao rito comum: apresentada a defesa, haverá a conversão do rito especial para o rito comum. Destar-
te, deverá o magistrado determinar a intimação do autor para apresentar a réplica, seguindo-se a fase de sanea-
mento e audiência de instrução e julgamento. Logo após, proferirá a sentença. Se procedente, determinará a ex-
pedição de mandado de manutenção ou de restituição; acaso tais medidas já tiverem sido tomadas no limiar do 
processo, o magistrado determinará a liberação da caução anteriormente prestada pelo autor. 
 
Condenação em custas e honorários advocatícios: deverá ser condenado aquele que deu causa à constrição in-
devida e, por consequência, causou o tumulto processual. Inclusive há o entendimento neste sentido, expresso 
mediante a Súmula 303, do STJ: “Em Embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar 
com os honorários advocatícios”. 
 
MODELO DA AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO 
 
A) Definição: Ação civil, de rito especial, que visa desconstituir ilegítima constrição (penhora, arresto, sequestro, 
etc.) feita sobre bem de terceiro. 
B) Fundamentação legal: arts. 674 e seguintes do CPC. 
 
A elaboração da peça compreende os seguintes passos: 
 
1
o
 Passo: Endereçamento 
 
Os Embargos de terceiro serão distribuídos por dependência perante o juízo que determinou a constrição. Por 
exemplo: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 1
a
 VARA CÍVEL DA COMARCA DE RECIFE/ PERNAMBUCO 
 
Distribuição por dependência ao proc. n
o
 xxxxxxxxxx 
 
2
o
 Passo: Qualificação das partes 
 
Aqui, como em toda petição inicial, as partes necessitam ser qualificadas (nome, estado civil, profissão, CPF ou 
CNPJ, endereço eletrônico e endereço) nos termos do artigo 319 do CPC, haja vista que os embargos têm natu-
reza jurídica de “ação”. 
 
As partes são comumente chamadas de “embargante” (aquele que apresenta os embargos) e “embargado” (aque-
le contra o qual os embargos são apresentados), ou “requerente” e “requerido”. 
 
Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no pro-
cesso principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial (art. 677, § 4
o
, NCPC). Vejamos: 
 
FULANO DE TAL, (Estado Civil), (Profissão), (endereço eletrônico), inscrito no CPF sob o n
o
 ..., residente e domi-
ciliado na..., através do advogado que a esta subscreve, constituído nos termos da procuração em anexo, vem a 
presença de vossa Excelência, com fundamento nos artigos 674 e seguintes do CPC, propor a presente AÇÃO 
DE EMBARGOS DE TERCEIRO, em face de BELTRANO, (Estado Civil), (Profissão), (endereço eletrônico), inscri-
to no CPF sob o n
o
 ..., residente e domiciliado na..., de acordo com os fatos e fundamentos que a seguir passa 
expor: 
 
3
o
 Passo: Fundamentação 
 
Na exposição dos fatos, é necessário que o embargante prove a sua posse e a qualidade de terceiro. Por exem-
plo: 
 
A) FATOS: 
 
1. O requerente é legítimo possuidor do imóvel ........, conforme atesta escritura em anexo (doc.). 
2. A aquisição da posse é oriunda de contrato de promessa de compra e venda, celebrado em..... com o Sr. Mar-
celo da Silva, executado no processo de execução em tela (doc.);
3. Na data .....o requerente recebeu mandado de penhora e avaliação sobre o referido bem, expedido por este 
Juízo, nos autos da ação de execução movida pelo requerido em face do Sr. Marcelo da Silva; 
 
 
 
 
 
 
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19 
4. Ocorre, vossa excelência, que o requerente não é parte no mencionado processo de execução, sendo impor-
tante anotar, conforme acima exposto, que a aquisição do imóvel ocorreu antes mesmo da mencionada ação ser 
proposta. 
 
Outrossim, na exposição do direito, a peça trará um parágrafo para tratar da fundamentação jurídica, relativamen-
te ao cabimento da demanda. Vejamos: 
 
B) DIREITO: 
 
5. O Código de Processo Civil, em seu artigo 674, consubstancia a regra segundo a qual, quem, não sendo parte 
no processo, sofrer ato de constrição judicial sobre seus bens, possa requerer sejam mantido ou restituído por 
meio de embargos. 
6. Ressalte-se que o requerente é proprietário e possuidor do imóvel desde......, ocasião em que inexistia qualquer 
demanda judicial em face do executado, não havendo que se falar, portanto, em fraude à execução; 
7. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, inclusive, já pacificou entendimento neste sentido ao editar a 
súmula 375, nos seguintes termos: “O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do 
bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”; 
8. Sendo assim, é forçoso reconhecer que o ato judicial que determinou a constrição do bem fora ilegítimo e, por-
tanto, sujeito a cancelamento, por ser medida de justiça. 
 
4
o
 Passo: Pedido de liminar 
 
A ação em questão admite pedido de liminar, no sentido de que o magistrado determine a manutenção ou restitui-
ção da posse dos bens que foram atingidos. Para tanto, será necessário valer-se do artigo 678 do CPC, o qual lhe 
auxiliará na redação da peça. Por exemplo: 
 
C) DA LIMINAR 
 
9. Considerando que o prosseguimento da execução possa causar ao embargante grave dano de difícil ou incerta 
reparação, é necessário que lhe seja concedida liminar de manutenção de posse, de acordo com o preceituado no 
artigo 678 do CPC. 
 
5
o
 Passo: Pedidos 
 
Nos pedidos, é mister requerer: a) a distribuição por dependência; b) concessão de liminar; c) a citação do embar-
gado para, querendo, contestar os embargos no prazo de 15 dias; c) a procedência do pedido contido na ação; d) 
condenação nas custas processuais e nos honorários advocatícios. Por exemplo: 
 
D) DOS PEDIDOS 
 
Diante de todo o exposto, requer: 
 
a) Sejam os embargos distribuídos por dependência, nos termos do artigo 676, CPC; 
b) A concessão de mandado LIMINAR de manutenção/restituição da posse do requerente sobre o bem atingido; 
c) Seja o requerido citado para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de se-
rem reputados como verdadeiros os fatos aqui alegados; 
d) Ao final, a procedência dos embargos, com a consequente liberação definitiva dos bens constritos e condena-
ção do requerido nas custas processuais e honorários advocatícios. 
 
6
o
 Passo: Valor da causa 
 
A toda causa deve ser atribuído um valor, o qual corresponderá ao benefício econômico pretendido pelo autor. No 
caso dos embargos de terceiro, o valor da causa corresponde ao valor do bem que se pretende liberar. Por exem-
plo: 
 
Dá-se à causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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20 
7
o
 Passo: Protesto pelas provas 
 
Como os embargos têm natureza jurídica de ação, é mister que o embargante prove o alegado, para que os pedi-
dos formulados na demanda sejam acolhidos. Por exemplo: 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, seja pelo depoimento pessoal, do-
cumentos, testemunhas, perícias e tudo quanto se fizer necessário para a efetivação da justiça! 
 
8
o
 Passo: Rol de testemunhas 
 
Requisito específico desse modelo de peça é o rol de testemunhas, exigido nos termos do artigo 677 do CPC. Por 
exemplo: 
 
Apresenta o requerente o seguinte rol de testemunhas: 
 
xxxxxx 
xxxxxx 
 
9
o
 Passo: Encerramento 
 
Pede-se o deferimento daquilo que fora postulado, seguindo-se do local, data e advogado. Por exemplo: 
 
Termos em que pede deferimento. 
 
Local, data, 
 
Advogado... 
 
OAB... 
 
Ações possessórias 
 
 
 
A) Definição: são ações que visam sanar, de forma preventiva ou repressiva, a perturbação ou perda da posse de 
um bem. 
 
Vale ressaltar que três são as modalidades de ação possessória, a depender da espécie de violação: 
 
1) Ação de reintegração de posse - ajuíza-se essa ação quando o possuidor sofre esbulho na sua posse, ou seja, 
o possuidor é totalmente destituído de sua posse, podendo, neste momento, estar na posse direta ou não do bem. 
2) Ação de manutenção da posse - ajuíza-se a ação em tela quando o possuidor é turbado de sua posse, ou seja, 
tem o seu exercício limitado, no entanto continua exercendo-a. 
3) Interdito proibitório: ocorre quando o possuidor está sendo ameaçado de perder a sua posse. 
 
B) Fundamentação legal: artigos 554 e seguintes do CPC. 
 
MODELO DE AÇÃO POSSESSÓRIA 
 
A elaboração da peça compreende os seguintes passos: 
 
 
 
 
 
 
 
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21 
1
o
 Passo: Endereçamento 
 
A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. 
(artigo 47, § 2
o
, CPC). 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ...../ ESTADO 
 
2
o
 Passo: Qualificação das partes 
 
Aqui, como em toda petição inicial, as partes necessitam ser qualificadas (nome, estado civil, profissão, CPF ou 
CNPJ, endereço eletrônico e endereço) nos termos do artigo 319 do CPC. Vejamos: 
 
FULANO DE TAL, (Estado Civil), (Profissão), (endereço eletrônico), inscrito no CPF sob o n
o
 ..., residente e domi-
ciliado na..., através do advogado que a esta subscreve, constituído nos termos da procuração em anexo, vem a 
presença de vossa Excelência, com fundamento nos artigos 554 e seguintes do CPC, propor a presente AÇÃO 
DE .......... (Reintegração, Manutenção ou interdito proibitório) POSSE, em face de BELTRANO, (Estado Civil), 
(Profissão), (endereço eletrônico), inscrito no CPF sob o n
o
 ..., residente e domiciliado na..., de acordo com os 
fatos e fundamentos que a seguir passa expor: 
 
3
o
 Passo: Fundamentação 
 
Em primeiro lugar, será feita a exposição da situação de fato, de forma articulada e cronológica. Aqui a parte de-
verá demonstrar a sua posse, a agressão (esbulho, turbação ou ameaça) e a data do ocorrido. Vejamos: 
 
1. FATOS 
 
1. O Autor é legítimo proprietário e possuidor de um imóvel situado nesta cidade, na …….., adquirido mediante 
escritura de compra e venda lavrada em ….. conforme certidão em anexo e, durante todo esse período, sempre 
manteve a posse mansa e pacífica do bem. 
2. Ocorre que, no dia....., o mesmo teve sua posse ...... (turbada/esbulhada ou ameaçada) por ato praticado pelo 
suplicado, consistente em (expor os fatos que apontam a existência de turbação, esbulho ou ameaça). 
3. Instado a ...... (cessar com a prática do ato/ devolver o imóvel esbulhado/ não consumar a agressão), o deman-
dado negou-se, pelo que não restou outra alternativa ao autor, senão vir a este mm. Juízo requerer o que lhe seja 
de direito. 
 
Outrossim, na exposição do direito, a peça trará um parágrafo para tratar da fundamentação jurídica, relativamen-
te ao cabimento da demanda. Vejamos: 
 
2. DO DIREITO 
 
4. Conforme estabelecem os arts. 560 do Código de Processo Civil e 1.210 do Código Civil, o possuidor tem o 
direito de ser (mantido na posse, no caso de turbação, e reintegrado em caso de esbulho), o que se verifica no 
caso narrado. 
5. Ora, conforme mencionado alhures, o demandante é legítimo proprietário e possuidor do imóvel em questão, 
tendo sido lesada, injustamente, a sua posse por ato do demandado, pelo que se torna necessário o reestabele-
cimento da ordem jurídica abalada pelo ato praticado. 
 
4
o
 Passo: Pedido de liminar 
 
A ação
em questão admite pedido de liminar, no sentido de que o magistrado determine a manutenção ou reinte-
gração na posse do bem. Para tanto, será necessário valer-se do artigo 562 do CPC, o qual lhe auxiliará na reda-
ção da peça. Por exemplo: 
 
3. DO PEDIDO DE LIMINAR 
 
6. O ordenamento jurídico nacional, através do artigo 562, CPC, previu a possibilidade de o juiz deferir, sem ouvir 
o réu, a expedição de mandado liminar de (reintegração/manutenção), desde que a petição esteja devidamente 
instruída. 
 
 
 
 
 
 
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22 
7. É o que ocorre no presente caso, senão vejamos: a petição inicial está devidamente instruída com a prova da 
posse, prova do (esbulho/turbação/ameaça) praticado pelo réu, além do quê, a data da violação mostra que a 
agressão é recente, ensejadora, portanto, de proteção liminar. 
 
5
o
 Passo: Pedidos 
 
Nos pedidos, é mister requerer: a) O deferimento de liminar de manutenção/reintegração/ou expedição de manda-
do proibitório; b) Caso o juízo repute necessária, que seja designada a audiência de justificação prévia; c) Ao final, 
seja o pedido julgado procedente, com a confirmação da liminar deferida; d) A condenação do réu nos ônus su-
cumbenciais (custas processuais e honorários advocatícios). 
 
Ademais, aqui também cabe pedir a fixação de multa para o caso de novo esbulho ou nova turbação. Vejamos: 
 
4. DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto, requer: 
 
a) Seja deferida a medida LIMINAR, com a consequente expedição de mandado de... (manutenção/ reintegra-
ção/proibitório); 
b) Caso V. Exa entenda necessária, que seja designada audiência de justificação prévia, a teor do que dispõe o 
artigo 562, citando-se o réu para comparecimento; 
c) Seja cominada multa ao réu, nos termos do art. 555, parágrafo único, I, do Código de Processo Civil, em mon-
tante fixado por este mm. Juízo, na hipótese de novo esbulho ou nova turbação. 
d) A citação do réu para, querendo, oferecer resposta, sob pena de revelia; 
e) AO FINAL, seja o pedido julgado procedente, com a confirmação da medida liminarmente deferida e condena-
ção do réu nas custas processuais e honorários advocatícios. 
 
6
o
 Passo: Valor da causa 
 
A toda causa deve ser atribuído um valor, o qual corresponderá ao benefício econômico pretendido pelo autor. No 
caso da ação possessória, o valor da causa corresponde ao valor do bem perseguido (no caso de esbulho) ou dos 
prejuízos resultantes da turbação ou esbulho. 
 
Vejamos: 
 
Dá-se à causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), correspondente ao valor atualizado dos prejuízos 
causados ao autor. 
 
7
o
 Passo: Protesto pelas provas 
 
Como toda ação, aqui também será necessário provar o alegado, para que os pedidos formulados na demanda 
sejam acolhidos. Por exemplo: 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, seja pelo depoimento pessoal, do-
cumentos, testemunhas, perícias e tudo quanto se fizer necessário para a efetivação da justiça! 
 
8
o
 Passo: Encerramento 
 
Pede-se o deferimento daquilo que fora postulado, seguindo-se do local, data e advogado. Por exemplo: 
 
Termos em que pede deferimento. 
 
Local, data, 
 
Advogado... 
 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
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23 
Ações Possessórias Coletivas e o CPC: 
 
 
 
CAPÍTULO III 
 
DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS 
 
Seção I 
 
Disposições Gerais 
 
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e 
outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. 
 
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a cita-
ção pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, 
ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da 
Defensoria Pública. 
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, 
citando-se por edital os que não forem encontrados. 
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respecti-
vos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de 
cartazes na região do conflito e de outros meios. 
 
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
 
I - condenação em perdas e danos; 
II - indenização dos frutos. 
 
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para: 
 
I - evitar nova turbação ou esbulho; 
II - cumprir-se a tutela provisória ou final. 
 
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção posses-
sória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. 
 
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconheci-
mento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. 
 
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro 
direito sobre a coisa. 
 
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítu-
lo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. 
 
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput , será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o cará-
ter possessório. 
 
 
 
 
 
 
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24 
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse care-
ce de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o 
prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, 
ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. 
 
Seção II 
 
Da Manutenção e da Reintegração de Posse 
 
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. 
 
Art. 561. Incumbe ao autor provar: 
 
I - a sua posse; 
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; 
III - a data da turbação ou do esbulho; 
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reinte-
gração. 
 
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado 
liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alega-
do, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. 
 
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração 
liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. 
 
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegra-
ção. 
 
Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cin-
co) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da intimação da 
decisão que deferir ou não a medida liminar. 
 
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial hou-
ver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá de-
signar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º. 
 
§ 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distr ibuição, 
caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo. 
§ 2º O Ministério Público será intimado para
comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre 
que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça. 
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da 
tutela jurisdicional. 
§ 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal 
e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifes-
tarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessó-
rio. 
§ 5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel. 
 
Art. 566. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento comum. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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25 
Seção III 
 
Do Interdito Proibitório 
 
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz 
que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determi-
nada pena pecuniária caso transgrida o preceito. 
 
Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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