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O que é? → É o déficit nutricional relacionado com a ingestão e a utilização biológica de proteínas e calorias → Segundo a OMS, consiste em um conjunto de condições patológicas causadas por deficiências das células do organismo, associadas quase sempre a infecções e ocorrendo com maior frequência em lactentes e pré-escolares Epidemiologia: → É resultado de uma má estruturação social, estando relacionada a fatores como fome e más condições de higiene e moradia → Com base em diversos estudos, também se verifica a importância de fatores econômicos na determinação da saúde infantil, incluindo o grau de escolaridade materna e a renda familiar, já que essas interferem no cuidado com a saúde da criança → Recentemente tem-se observado uma queda nos índices de mortalidade por IRA, porém tal fenômeno não corresponde a uma melhora nas condições socioeconômicas e sim a um maior acesso da população ao sistema de saúde Efeitos: → Pesquisas realizadas com animais comprovaram que a resposta do sistema imune depende da replicação celular e da síntese de compostos proteicos ativos, sendo esse processo dependente do status nutricional, e corresponde ao primeiro sistema orgânico afetado pelo baixo peso → Calorias, aminoácidos, vitaminas A, D, E, piridoxina, cianocobalamina, ácido fólico, ferro, cobre, zinco, magnésio e selênio são nutrientes cuja menor disponibilidade acarreta um déficit no sistema imune, tal como a diminuição de anticorpos humorais e da superfície de mucosas, da imunidade celular, da capacidade bactericida de fagócitos, da produção de complemento, do número total de linfócitos, do equilíbrio de subtipos de linfócitos e dos mecanismos inespecíficos de defesa, que incluem, por exemplo, as barreiras anatômicas e a microbiota intestinal → Verificou-se que a resposta imune dependente de neutrófilos também se encontra reduzida → Tendo isto em vista, a DEP é uma causa adquirida de imunodeficiência que propicia a ocorrência de uma grande variedade de doenças infecciosas ➢ Dentre as principais afecções a ela associadas, destacam-se as infecções respiratórias agudas (IRA’s), que constituem as mais freqüentes causas de doença em menores de cinco anos, responsáveis por 20 a 40% das consultas em pediatria Resultados do estudo: → Foram selecionadas crianças de ambos os sexos, usuárias de uma USF de Juiz de Fora com idade entre 0 e 5 anos → O grupo de exposição foi constituído por 55 crianças expostas à variável desnutrição energético-proteica → Rinofaringite, gripe, amigdalite e otite média aguda foram incluídas como infecções de vias aéreas superiores (IVAS) → As defesas orgânicas contra infecções respiratórias, tanto locais quanto sistêmicas, são prejudicadas pela desnutrição ➢ Segundo Barata et al. A eficiência da barreira epitelial, a resposta imune e o reflexo da tosse são afetados, aumentando o número de episódios de IRA → Considerando-se os episódios de IVAS, encontrou-se uma prevalência de número maior que três episódios de 29,1% para o grupo com DEP e de 5,4% para o grupo dos eutróficos → Goya e Ferrari relataram que as crianças desnutridas apresentam o mesmo número de infecções que as crianças eutróficas, contudo com duração mais prolongada e maiores complicações ➢ Uma destas complicações é a maior facilidade desta criança contrair uma IRA do trato inferior → Crianças com DEP fizeram maior uso de antibióticos para tratamento de IRA (63,6%) do que crianças não DEP ➢ Uma vez que as crianças desnutridas foram acometidas por IRA mais vezes, foram submetidas à antibioticoterapia também em maior frequência (outro artigo aqui) As infecções respiratórias têm pouco efeito prejudicial sobre o indivíduo bem nutrido, mas podem se tornar fatais no hospedeiro desnutrido, porque sérias limitações se manifestam na energia e em outras reservas de nutrientes que interferem na capacidade de responder a alterações bioquímicas, hormonais, metabólicos e imunológicos que desencadeiam o estado séptico e a infecção em si e podem piorar o estado nutricional já afetado → Esse círculo vicioso quase sempre termina com a morte do indivíduo A função imunológica no paciente desnutrido: → Imunidade celular: diminuição do número de linfócitos T; → Células fagocíticas: diminuição da quimiotaxia, adesão fagocítica e capacidade microbicida; → Imunidade humoral: nível de anticorpos normais ou elevados e secreção deficiente de IgA; → Sistema complemento: níveis variáveis de componentes específicos. As vias aéreas: → Os déficits nutricionais e energéticos produzem alterações estruturais e funcionais nas células epiteliais do revestimento, nas células caliciformes secretoras de muco e na produção de IgA na mucosa traqueobrônquica, com o consequente dano tecidual e diminuição da resistência a infecções; Dessa maneira, o seguinte pode ser resumido: → As células ciliadas sofrem danos consideráveis que, diante de um déficit de energia, reduzem seus movimentos ascendentes de secreções e partículas. → As células caliciformes produtoras de muco diminuem sua quantidade e qualidade com a perda do poder aderente dos germes. → Os linfócitos B podem afetar a produção de IgA respiratória. Tudo isso pode condicionar as seguintes situações clínicas: → Tendência a acumular secreções respiratórias contaminadas. → Presença e persistência de tosse não são úteis. → Chegada de microrganismos patogênicos ao subsistema respiratório, de origem externa e interna (broncoaspiração, translocação do subsistema digestivo). (artigo em inglês) Em países em desenvolvimento, mais de 12 milhões de crianças morrem todos os anos e mais de 50% das crianças são desnutridas; → Aproximadamente 4 milhões destas mortes são devidas a Infecções Respiratórias Agudas; Apesar da desnutrição ser altamente associada com morbidade pela IRA, estudos que mostraram esta associação não separaram os efeitos da IRA em crianças pelo status nutricional e não examinaram os efeitos da desnutrição em infecções aéreas agudas do trato superior e inferior separadamente Na análise multivariável, IRAS foi associada apenas com baixo peso-para-altura A prevalência de IRAS foi maior entre crianças com desnutrição aguda, enquanto a prevalência de IRAI foi maior em crianças com desnutrição crônica Desnutrição pode ser uma consequência de infecções virais repetidas, comum em crianças pequenas, essa informação é importante como um fator confundidor em estudos sobre o assunto. CANTAGALLI, M. R. et al. Associação entre desnutrição energético-protéica e infecção respiratória aguda em crianças na atenção primária à saúde. Revista APS, Juiz de Fora, v. 13, n. 1, p. 26-33, mar./2010. Disponível em: <https://periodicos.ufjf.br/index.php/aps/article/ view/14471/7803>. Acesso em: 27 abr. 2020. CUNHA, A L. Relationship between acute respiratory infection and malnutrition in children under 5 years of age. Acta Paediatrics, Rio de Janeiro, v. 89, n. 5, p. 608-609, mai./2000. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.111 1/j.1651-2227.2000.tb00347.x>. Acesso em: 26 abr. 2020. PENIÉ, Jesús Barreto; PORBÉN, Sergio Santana; GONZÁLEZ, Carmen Martinez. Desnutrición e infecciones respiratorias. Acta Med., v. 9, n. 1, p. 15-21, jan./2000. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Sergio_ Santana- Porben/publication/237568498_Desnutricion_e _infecciones_respiratorias/links/00b7d53b4421 e1bde0000000/Desnutricion-e-infecciones- respiratorias.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2020.
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