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Ano VII • Nº 31 • 2010 • Distribuição Gratuita • Tiragem: 35.000 exemplares • www.bd.com/brasil Qualidade BD melhora a saúde das pessoas A Responsável Técnica da fábrica da BD em Curitiba, farmacêutica Simone Dalmutt, explica porque os produtos BD conferem qualidade nas aplicações de injeção em farmácias. Leia na página 3. Use a agulha correta na aplicação intramuscul Reencape de agulhas: hábito desnecessário e de alto risco Nunca reencapar agulhas e sempre desprezá-las em recipientes apropria- dos após a aplicação de injetáveis. É o que recomenda a Profa. Maria Meimei Brevideli, professora de enfermagem da UNIP. Confira nas páginas 6 e 7 O futuro das farmácias independentes Estudo do Centro de Pesquisa, Desen- volvimento e Educação Continuada (CPDEC - UNICAMP), indica que o mer- cado de medicamentos no Brasil irá do- brar nos próximos 6 anos. O que isso pode significar para as farmácias inde- pendentes? O professor Rodnei Domin- gues, que dirigiu o estudo, aborda a questão na página 8. Identificar corretamente o comprimento e o calibre da agulha descritos na embalagem é fundamental para evitar falhas nas aplicações e riscos para a saúde do cliente. Esta edição traz um artigo especial para ajudar você a esco- lher a agulha adequada antes de uma injeção intramuscular. Páginas 4 e 5 Quem tem Diabetes sempre precisa de algo mais Os profissionais de farmácias podem dar importante apoio no tratamento de pessoas com Diabetes. Saiba como é importante estar atento para identificar as necessidades destes clientes e como agregar valor nos atendimentos em sua http://www.bd.com/brasil (SISTEMA MÉTRICO). com agulha 0,70 x 30 com agulha 0,80 x 25 com agulha 0,80 x 30 0,70 x 25 Escolha da agulha na aplicação intramuscular A aplicação de medicamentos injetáveis em farmácias é um serviço de grande responsabilidade que pode resultar em diversos benefícios para o cliente, porém qualquer erro cometido durante o processo pode causar danos graves e às vezes irreversíveis à saúde. Um dos principais cuidados para se evitar falhas é selecionar a agulha adequada para cada aplicação intramuscular. Neste artigo você encontra todas as informações para identificar o tamanho de uma agulha e fazer a escolha certa. Por: Ana Carolina Chinaglia – Farmacêutica e Consultora Educacional BD Medical Injection Systems Identificando uma agulha Uma agulha pode possuir codificações diferentes. Tanto o sistema inglês (que usa as unidades gauge e polegadas) como o sistema métrico (que usa as unidades milímetros x milíme- tros) servem para identificar o calibre e o comprimento da agulha. Veja abaixo, o detalhe ampliado desta descrição no rótulo da embalagem do produto: Como escolher o comprimento da agulha A escolha do comprimento da agulha irá depender do per- fil corpóreo de cada indivíduo e da região escolhida para se realizar a aplicação, veja na tabela abaixo: Agora que você já sabe como identificar o calibre e o com- primento da agulha na descrição existente na embalagem da seringa, veja a seguir como escolher a agulha adequadamente. Cliente (perfil corpóreo/idade) Local de aplicação Comprimento da agulha Adulto perfil normal e/ou acima do peso Deltóide, Glúteo, Ventro Glúteo 30 mm Vasto Lateral 25 mm Adolescente e adulto perfil magro Glúteo, Ventro Glúteo 30 mm Deltóide, Vasto Lateral 25 mm Crianças acima de 2 anos perfil normal Vasto Lateral e Glúteo 25 mm Crianças a partir de 2 anos perfil magro Vasto Lateral e Glúteo 20 mm Crianças menores de 2 anos Vasto Lateral 20 mm com agulha 0,80 x 25 com agulha 0,80 x 30 5 O que pode acontecer se o profissional escolher uma agulha de comprimento inadequado? Supondo que, ao realizar um procedimento injetável, o aplicador utilize uma agulha de comprimento menor do que o adequado para o perfil corpóreo do cliente, o tratamento pode ficar comprometido. Nesta situação, principalmente em se tratando de pessoas obesas que possuem uma camada de tecido de gordura mais espes- sa, a agulha pode não ter comprimento suficiente para alcançar o tecido muscular e a aplicação acaba sendo feita no tecido subcutâneo. Se isso acontecer, o tempo de absorção será retardado e o efeito do medicamento ficará reduzido, o que implicará negativamente no tra- tamento prescrito. Como escolher o calibre das agulhas A seleção de um calibre depende da viscosidade do líquido a ser injetado. Assim, para medicamentos aquo- sos (vitamina B12, por exemplo), utiliza-se agulhas de calibre 0,7 mm. Para medicamentos do tipo suspensões ou oleosos, como é o caso da maioria dos anticoncep- cionais, utiliza-se agulhas de calibre 0,8 mm. O que pode acontecer se me enganar em relação ao calibre escolhido? Medicamentos oleosos, por serem viscosos, podem oferecer maior resistência e dificuldade no preparo e na administração quando se utiliza um calibre 0,7 mm, o que não ocorrerá se utilizarmos uma agulha de cali- bre 0,8 mm. Já no uso de medicamentos do tipo sus- pensão há o risco de entupimento da agulha, que será minimizado com o preparo e a aplicação usando agu- lhas de 0,8 mm. Vale lembrar que a cor do canhão tem padrão mundial e facilita a identificação do calibre da agulha. Veja abaixo as diversas apre- sentações de seringas BD SoloMed TM disponíveis com agulhas de calibre e comprimento diferenciados. Apresentações de Seringas Sistemas de identificação do tamanho da agulha Cor do Canhão da agulha Métrico (mm x mm) Inglês Gauge / Polegadas BD Solomed™ 3mL c/ agulha 0,70 x 25 0,70 x 25 22 G 1 Preto BD Solomed™ 5mL c/ agulha 0,70 x 25 BD Solomed™ 10mL c/ agulha 0,70 x 25 BD Solomed™ 3mL c/ agulha 0,70 x 30 0.70 x 30 22 G 1 1/4 BD Solomed™ 5mL c/ agulha 0,70 x 30 BD Solomed™ 3mL c/ agulha 0,80 x 25 0,80 x 25 21 G 1 Verde BD Solomed™ 5mL c/ agulha 0,80 x 25 BD Solomed™ 3mL c/ agulha 0,80 x 30 0,80 x 30 21 G 1 1/4 BD Solomed™ 5mL c/ agulha 0,80 x 30 Portanto, para que não ocorra nenhum tipo de complicação du- rante ou após a administração do medicamento injetável, é indis- pensável que o profissional saiba escolher a seringa e a agulha adequadas para o procedimento, executar a técnica correta para a aplicação, orientar o cliente e procurar o farmacêutico quando surgir qualquer dúvida. Referências bibliográficas: • BEYEA, S. C.; NICOLL, L. H. Administração de medicamentos por via intramuscular: uma revisão abrangente da literatura e um protocolo baseado em pesquisa para o procedimento. Applied Nursing Research, vol.8, n.1, 1995. • CARVALHO, V.T.; CASSIANI, SHB; CHIERICATO, C. Erros mais comuns e fatores de risco na administração de medicamentos em unidades básicas de saúde. Rev. Latino-Am. Enferma- gem, Ribeirão Preto, v. 7, n. 5, p. 67-75, dezembro 1999. • CASSIANI SHB & RANGEL SM. Complicações locais pós-injeções intramusculares em adultos: revisão bibliográfica, Medicina, Ribeirão Preto, 32: 444-450, out./dez. 1999. Um risco evitável: reencape de agulhas Para os profissionais de farmácias, o risco de acidente com perfurocortante está presente na administração de medicamentos injetáveis. Segundo a professora titular do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIP SP, Maria Meimei Brevidelli, a única e melhor forma de evitar a contaminação destes profissionais por infecções sérias como a AIDS e hepatites B e C constitui-se no uso adequado das precauções-padrão. Nesta entrevista, a ela aborda o risco de contaminação por punção acidental no reencape de agulhas após a aplicação de medicamentos injetáveis em farmácias. O que são Precauções-Padrão, antes denominadas Precauções Universais? Quando foram estabelecidas e para que servem? – Profª Maria Meimei Brevidelli- Pre- cauções-Padrão são um con- junto de recomendações para garantir a segurança de profis- sionais cuja rotina envolve contato direto com material biológico, como sangue e se- creções orgânicas e manuseio de material perfurocortante, como agulhas hipodérmicas e lancetas, entre outros. Elas fo- ram estabelecidas pelo CDC de Atlanta na década de 80, como consequência do fato de profissionais de saúde terem adquirido o HIV acidental- mente em agulhas contamina- das com sangue soropositivo para este vírus. Por isso, as Precauções- Padrão recomendam o uso de EPIs, como luvas, sempre que houver risco de contato com sangue em aplicações de injetáveis. Outra recomendação fun- damental é nunca reencapar agulhas, mas sempre descartá-las após o uso, em recipientes apropriados para isso. Há risco de acidente percutâneo quando se reencapa agulhas? – Profª Maria Meimei - Isso está bas- tante documentado na literatura cientí- fica e o risco é de 0,3% a 0,4% para o HIV. Ou seja, em cada 300 picadas aci- dentais de agulha com sangue contami- nado com o HIV, uma ocasionará a con- taminação com este vírus. No entanto, isso pode ser considerado um risco re- lativamente pequeno quando compara- do ao da aquisição do vírus das hepati- tes B e C, que estão entre 30% e 10%. Por isso, as Precauções-Padrão recomen- dam que se manipule os objetos perfu- rocortantes com extremo cuidado e proíbe a prática de reencapar agulhas, pois esta é uma fonte importante deste tipo de acidente. Segundo o CDC, no mundo todo já existem cerca de 40 pro- fissionais da saúde que adquiriram o HIV no trabalho. Há comprovação que nos dias de hoje os profissionais ainda reencapam agulhas? – Profª Maria Meimei - Estudos cientí- ficos realizados com profissionais da saúde nos Estados Unidos, na Europa e mais recentemente na América Latina, na Ásia e até na África são unânimes em reconhecer que o hábito do reenca- pe ainda permanece. Um artigo recente que revisou as publicações sobre essa prática, apontou índices entre 2% a 70%. Diversos aspectos interferem no comportamento dos profissionais de saúde para seguir ou não as precauções. Muitos desses aspectos são crenças pes- soais. Por exemplo, alguns profissionais têm baixa percepção do risco, pois sem- pre procederam desta maneira e nada aconteceu. Ou seja, o acidente percutâ- neo parece estar muito distante da rea- lidade do profissional. Outros alegam que se esquecem de não reencapar agu- lhas, pois já é um hábito. Para estes, dei- xar de reencapar significa ter que mu- dar o próprio comportamento, o que nunca é muito fácil. De certa forma, es- sas justificativas expressam que os pro- fissionais percebem mais barreiras para não reencapar agulhas do que os bene- fícios de seguir essa recomendação. O tempo de experiência do profissional tem influência na adesão à recomendação de não reencapar agulhas? – Profª Maria Meimei - Sim, existem evidências científicas dessa relação. Alguns profissi- onais com muitos anos de ex- periência têm menor probabi- lidade de seguir as recomen- dações, por terem aprendido a reencapar agulhas durante sua formação profissional. Antes das Precauções-Padrão serem divulgadas, esta prática foi aceita como segura por lon- gos anos. Porém, muitos profissionais se acidentavam e adquiriam hepatite B. No entanto, como dizia Janine Jagger, uma das primeiras pesquisadoras a es- tudar os riscos com acidentes com agu- lhas, “um problema pode existir, mes- mo quando não enxergamos”. Esse ris- co é real e precisa ser divulgado. A qualidade de alguns coletores de perfurocortantes pode ser considerada um motivo de reencape de agulhas pe- los profissionais? – Profª Maria Meimei - Sim. A realida- de dos serviços de saúde fora dos gran- des centros urbanos no Brasil muitas vezes é assustadora. Quando o estabe- lecimento não oferece recursos adequa- dos, a única e pior forma do profissio- nal de saúde lidar com o problema é improvisar ou “dar um jeitinho”. É o que acontece no caso das latas de leite vazias, garrafas pet e outros recipientes usados para descartar os perfurocortan- tes. Isso é extremamente perigoso, pois aumenta a chance dos profissionais re- Jornal BD Mão Boa encaparem agulhas ou se picarem com agulhas descartadas que ficam mal acomodadas. Muito antes da NR-32, as normas de segurança no trabalho exigem que todo empregador ofereça condições ambien- tais adequadas ao trabalhador, o que neste caso significa usar coletores de per- furocortantes que seguem os padrões do INMETRO. É preciso denunciar as ins- tituições de saúde que infringem as leis de segurança do trabalho. Em sua opinião, como promover maior concientização dos profissionais de far- mácia sobre as Precauções-Padrão? – Profª Maria Meimei - Todos os pro- fissionais de saúde precisam ser treina- dos e orientados constantemente para garantir a segurança no trabalho. Acre- dito que isso seja mais fácil quando o ambiente de trabalho e a equipe são menores, como é o caso das farmácias. Numa reunião com o grupo de fun- cionários as orientações podem ser da- das de maneira simples, com a ajuda de folhetos explicativos. O importante é destacar: a) os riscos a que os funcionários estão sujeitos com manuseio de perfurocortantes; b) a maneira correta de descartar os perfurocortantes, e que esta é a melhor forma de prevenir os riscos mencionados. Também é fundamental discutir quais são as dificuldades que a equipe encon- tra para seguir essas recomendações. Uma questão relevante é o papel do far- macêutico: ele precisa ser um modelo e sempre fazer o uso adequado das Pre- cauções-Padrão, criando assim uma cul- tura de segurança na farmácia. É preci- so deixar claro que a segurança da equi- pe é prioridade para a chefia. É importante também ressaltar o uso de técnica asséptica na administração de medicamentos. Isso implica em usar seringas e agulhas estéreis sob um bal- cão limpo e organizado e nunca reuti- lizar uma agulha usada para qualquer fim. Além disso, há medidas adminis- trativas para estimular o procedimen- to adequado: a) registrar e analisar o tipo e as causas dos acidentes; b) incluir a adesão às precauções na avaliação de desempenho; c) “premiar” os profissionais que usam adequadamente as precauções. A professora acredita que o uso de seringas e agulhas com dispositivos de segurança, como determina a NR 32, possa eliminar o hábito de reencapar as agulhas e reduzir o número de casos de acidentes com perfurocortantes? – Profª Maria Meimei - Mundialmen- te, o uso de material perfurocortante com dispositivo de segurança é consi- derado estratégia prioritária para mi- nimizar a ocorrência de acidentes per- cutâneos. Há aproximadamente 10 anos, o governo americano realizou um estudo multicêntrico em instituições de saúde, para mensurar os custos diretos com exames laboratoriais de controle, e indiretos com afastamento do traba- lho por estresse emocional, devido a aci- dentes desse tipo. Esse custo foi com- parado ao de substituir os recursos por materiais seguros, supostamente mais caros, pois envolvem novas tecnolo- gias. Ficou evidente que era mais bara- to comprar materiais com dispositivos de segurança do que arcar com os cus- tos dos acidentes. Em 2000, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, promulgou uma lei federal obrigando as instituições de saúde a substituir todos os tipos de ob- jetos perfurocortantes por similares com dispositivos de segurança. Caso isso não fosse feito e um profissional de saúde se acidentasse com um obje- to não seguro que, supostamente de- veria ter sido substituído,as penalida- des seriam altíssimas. Daí nasceu aqui no Brasil essa recomendação da NR- 32 para uso de dispositivo de seguran- ça. Acredito que a medida seja funda- mental para reduzir este tipo de aci- dente, pois é bastante óbvio supor que quanto menos material perfurocortan- te o profissional de saúde manipular, menor o risco de acidentes. Referências bibliográficas: • Gamon J, Morgan-Samuel H, Gould D. A review of evidence for suboptimal compliance of healthcare pratictitioners to standard/ univer- sal infection control precautions. J Clinical Nurs 2007;17: 157-67. • Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L, 2007 Guideline for isolation precautions: preventing transmission of infectious agents in healthcare settings. Available from: http:// www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/isolation 2007.pdf Jornal BD Mão Boa http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/isolation
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