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COMENTÁRIOS À LGPD: ARTIGO 2º, INCISO I

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COMENTÁRIO À LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS 
ARTIGO 2º, inciso I 
 
“Estamos aqui para dar a essa vontade indomável 
o sacramento da lei. A Constituição deve ser 
– e será – o instrumento jurídico para o exercício da 
liberdade e da plena realização do homem brasileiro.” 
 
Ulysses Guimarães 
Presidente da Assembleia Nacional Constituinte 
Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais tem como fundamentos: 
I - o respeito à privacidade; 
Fundamento é aquilo que embasa alguma coisa. Assim, os incisos do 
artigo 2º trazem tudo aquilo que embasa a proteção de dados pessoais e, em 
última análise, a própria criação da LGPD. 
Não por outro motivo, inicia o rol pelo respeito à privacidade, já que esse 
é o direito que inicia a discussão sobre um direito à proteção de dados pessoais. 
É que a noção de privacidade mudou bastante com o tempo, conforme 
informa Doneda, bebendo da fonte de Rodotá. Quando estudamos os direitos da 
personalidade no Direito Civil ou mesmo o rol de direitos fundamentais da 
Constituição de 1988, costumamos esbarrar com esse direito à privacidade ou à 
vida privada. 
Muitas vezes, contudo, nos 
apresentam como o direito de ficar só e 
de ter uma esfera mais íntima respeitada, 
seja em relação ao Estado ou a terceiros 
particulares: é o espaço em que não cabe 
a interferência ou intromissão de 
ninguém. 
Entretanto, em um mundo movido 
a dados, a situação se complica: o que é 
privado e o que deixou de ser? Nós 
concedemos voluntariamente uma série de dados e outros são coletados ou 
compartilhados sem nossa atuação e muitas vezes sem a nossa ciência. 
ATENÇÃO 
O conceito de privacidade 
mudou: não pode mais ser 
visto como o direito de ser 
deixado só, mas o direito de 
ter os dados pessoais e a 
esfera da vida que se 
transforma com o avanço 
tecnológico respeitados e 
com tratamento adequado. 
A gravidade se coloca quando, nos termos ensinado por Bauman, quando 
nossos dados pessoais são muitas vezes mais importantes que a própria pessoa 
em si: se avalia quem você é pelo que seus dados dizem, em combinação com 
tecnologia avançada e métodos estatísticos complexos. 
Por isso, é proposto um entendimento sobre a privacidade que 
compreenda os novos espaços públicos e privados, as novas formas de 
interação, a utilidade desses dados para questões de utilidade, consumo, avanço 
econômico, planejamento político-social e outros aspectos. Não é mais possível 
negar a importância dos dados para uma vida melhor ou, em último caso, para 
uma vida na sociedade atual em que vivemos. 
Negar a tecnologia ou o tratamento de dados é negar a realidade e isso 
não cabe ao Direito, que deve contribuir para que os aspectos reais da vida se 
encaixem de tal forma que seja possível a convivência e a paz social. 
Por essa razão que a Lei Geral de Proteção de Dados busca proteger o 
direito à privacidade, mas não deixa de observar outros aspectos tão importante 
quanto. Não é possível, negar que os dados que possuímos merecem tutela, 
tratamento adequado e a concessão de diversos direitos a seus titulares, mas 
também é necessária a conciliação de tais questões com outros princípios que 
seguirão expostos nesse artigo. 
 
 
Carlos Eduardo Ferreira de Souza 
 
 
 
Advogado na área de Proteção de Dados e Regulatório de Novas Tecnologias do 
Lima ≡ Feigelson Advogados. 
 
Mestrando em Teoria do Estado e Direito Constitucional pela PUC-RIO. 
 
Membro do Grupo de Pesquisa em Liberdade de Expressão no Brasil (PLEB/PUC-RIO)

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