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TCC EM DIREITO APLICADO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 2020

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ 
Disciplina de TCC EM DIREITO APLICADO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
Curso de Pós-Graduação em Direito - Turma: 07712 
 
 
 
 
 
 
 
 
A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO CEARÁ E AS GARANTIAS AO 
DIREITO DE ASSISTÊNCIA EM UTI 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ NIVON DA SILVA 
 
 
 
FORTALEZA 
VIA CORPVS 
2020 
 
2 
 
 
 JOSÉ NIVON DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO CEARÁ E AS GARANTIAS AO 
DIREITO DE ASSISTÊNCIA EM UTI 
 
 
 
Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-
Graduação em Direito Aplicado aos 
Serviços de Saúde apresentado como 
requisito parcial à obtenção do Título de 
Especialização Lato Sensu do Curso de 
Direito do Centro Universitário Estácio de 
Sá. 
Professor Orientador: IVAN DE OLIVEIRA 
SILVA 
 
 
FORTALEZA 
VIA CORPVS 
2020 
 
 
 
3 
 
A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO CEARÁ E AS GARANTIAS AO 
DIREITO DE ASSISTÊNCIA EM UTI 
 
 
 JOSÉ NIVON DA SILVA 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem como tema: A Judicialização da saúde pública no Ceará e 
as garantias ao direito de assistência em UTI. A Judicialização da saúde acontece 
quando determinada pessoa solicita os meios legais para obrigar o poder público ou 
as organizações privadas de saúde a garantia do atendimento hospitalar 
(internações, UTI, cirurgias, etc.) ou em certa urgência, a busca do fornecimento de 
medicamentos ou próteses, para si ou para seus familiares. É importante ressaltar 
que a Judicialização da saúde no País se institucionalizou, assim como no estado do 
Ceará e constitui mais uma forma de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS). O 
excesso de ativismo judicial e as intervenções judiciais em áreas nas quais 
originariamente não caberia ao Poder Judiciário se manifestar pode levar esse poder 
a atuar como um legislador positivo, inovando no sistema jurídico nacional, se 
substituindo e passando a exercer o papel que é originariamente do gestor e do 
Poder Executivo, passando a interferir e até mesmo a criar políticas públicas. 
 
Palavras-chave: A Judicialização da saúde pública, Sistema Único de Saúde, 
Intervenção Judicial. 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO. 
 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem como tema: A Judicialização da saúde pública no 
Ceará e as garantias ao direito de assistência em UTI. É um tema pertinente, pois 
tratar-se da busca pelo judiciário no Ceará como forma de alcançar o atendimento 
por meio de uma decisão judicial, é uma forma coercitiva de obrigar o 
Estado/Município a prestar o atendimento tencionado, desde os mais simples a 
vagas em UTI´s, medicamentos e tratamentos de auto custo, materiais especiais, 
entre outros. 
É fato que a Constituição Federal da República do Brasil de 1988, quando 
criou os direitos e garantias, estabeleceu em seu artigo 196 que “a saúde é direito 
de todos e dever do estado” 
É relevante ressaltar que a problemática questiona o acesso a saúde onde é 
dever do estado promovê-la, porém algumas pessoas em determinado momento se 
obrigam a solicitar o judiciário para garantir o atendimento. 
A primazia por esse tema foi de fundamental importância para a realização 
deste trabalho. Pois analisa e questiona a Judicialização da saúde, tendo em vista 
as garantias constitucionais, a teoria da reserva do possível e o ativismo judicial São 
muito comuns casos em que as pessoas buscam o judiciário para alcançar o 
atendimento desejado, onde é dever do estado prestá-lo. 
A metodologia do trabalho transcorreu através de uma ampla pesquisa 
bibliográfica, onde autores conceituados com Rodrigo Padilha e Rizzatto Nunes, 
assim como outros juristas, enfermeira, farmacêutica, contribuíram com seus 
posicionamentos discorrendo sobre a problemática. Foram consultadas grandes 
referências bibliográficas, assim como visitados alguns sites jurídicos relacionados 
ao tema como desígnio de analisar contextualmente o tema retratado. 
O presente trabalho está dividido em sessões: A primeira sessão foi 
realizada uma abordagem sobre o Breve Relato Histórico da Saúde no Brasil, onde 
é descrito o surgimento das primeiras ações e movimentos nos quais 
desencadearam nas criações de associações e a realização da VIII Conferencia 
Nacional da Saúde. 
A segunda sessão descreve o surgimento do Sistema Único de Saúde e a 
sua regulamentação pelas Leis Orgânicas da Saúde. 
5 
 
Já a terceira sessão trata dos princípios constitucionais que norteiam o 
direito a saúde: O principio da dignidade humana, o principio da igualdade e o 
principio da hipossuficiência. 
A quarta sessão relata sobre a importância do judiciário sobre o 
funcionamento do sistema de saúde e as garantias constitucionais, a Judicialização 
da saúde e a reserva do possível. 
Por fim a quinta sessão discorre sobre os posicionamentos do Supremo 
Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça e a criação de núcleos a nível 
estadual para dar suporte ao judiciário. 
 
2. UM BREVE RELATO HISTÓRICO DA SAÚDE NO BRASIL 
 
Antes da Constituição Federal de 1988. O Brasil não possuía um programa de 
política de saúde, neste contexto a saúde era considerada contributiva e excludente, 
pois apenas uma pequena parcela da população, que podia pagar a medicina 
preventiva, e só quem contribuía com a previdência social / INPS1 Instituto Nacional 
da Previdência Social, tinham acesso, a outra grande parte da população cabia o 
atendimento nas Santas Casas de Misericórdia.2 
Assim com a vinda da corte Portuguesa para o Brasil em 1808, foi necessária 
a criação de centros de formação, que até então eram inexistentes, pois era proibido 
o ensino superior em colônias. Portanto com a ordem real, foram fundadas as 
academias médico-cirúrgicas no Rio de Janeiro e na Bahia, no início do século XIX, 
que mais tarde foram transformadas nas primeiras escolas de medicina no Brasil. 3 
Com a chegada da família real ao Brasil, havia a necessidade de organização 
de uma mínima estrutura sanitária, capaz de dá suporte ao poder real, que se 
 
1
 Órgão criado pelo decreto nº 72 de 21 de novembro de 2016, como resultado da fusão dos institutos de 
aposentadoria e pensões do setor privado então existente, o dos marítimos (IAPM), o dos comerciários (IAPC), 
o dos bancários (IAPB), o dos industriários (IAPI), o dos empregados em transporte e cargas (IAPETEC), e o dos 
ferroviários e empregados em serviços públicos (IAPFESP), e o dos serviços integrados e comuns a todos esses 
institutos, entre os quais o serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMUD), e o Serviço de 
Alimentação da Previdência Social (SAPS). 
2
SOUZA, Natale Oliveira de .Legislação do SUS esquematizada e comentada/ Natale Oliveira de Souza, Yara 
Cardoso Coletto.- Salvador: Sanar, 2016. 1 Sistema Único de Saúde (Brasil)- Legislação. I Coletto, Yara Cardoso. 
II Titulo. (página 13) 
3
SOUZA, Natale Oliveira de .Legislação do SUS esquematizada e comentada/ Natale Oliveira de Souza, Yara 
Cardoso Coletto.- Salvador: Sanar, 2016. 1 Sistema Único de Saúde (Brasil)- Legislação. I Coletto, Yara Cardoso. 
II Titulo. (página 14) 
6 
 
instalava na cidade do Rio de Janeiro. O interesse primordial era de um 
estabelecimento sanitário mínimo. Essa ideia perdurou por quase um século. 
Podemos dizer que em 1983, foi o marco inicial da atenção primária no país, 
pois foram criadas as chamados AIS (Ações Integradas de Saúde), um projeto 
considerado Interministerial (Previdência-Saúde-Educação), com objetivo de um 
novo modelo assistencial que incorporava o setor público, buscando integrar ações 
curativo-preventivas e educativas ao mesmo tempo, com isso a Previdência 
começava a comprar e pagar os serviços que eram prestados pelos estados, 
municípios, hospitais filantrópicos, públicos e universitários. 
Em 1985 com o movimento das “Diretas Já”, marca o fim da ditadura e gera 
assim diversosmovimentos sociais, onde culminaram na criação do CONASS 
(Associação dos Secretários de Saúde Estaduais) e do CONASEMS (Associação 
dos Secretários de Saúde Municipais), com grande mobilização nacional devido a 
realização da VIII Conferência Nacional de Saúde, a qual foram lançadas as bases 
da reforma sanitária e o do SUDS (Sistema Único Descentralizado de Saúde) 4 
Com o desígnio de modificar a atual e real situação de desigualdade vivida 
pela população, em relação a assistência à saúde, tornando assim o poder público 
obrigado a financiar de forma integral e a garantir o atendimento a qualquer cidadão. 
 
2.1 O Surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) 
 
O sistema Único de saúde sobreveio em 1988 com a promulgação da 
Constituição Federal Brasileira e sua regulamentação se deu pelas Leis Orgânicas 
de Saúde de 8.080 e 8.142 ambas de 1990. 
A Constituição Federal de1988, Título VIII Da Ordem Social, Capítulo II Da 
Seguridade Social, Seção II Da Saúde, é composta por 5 artigos (196, 197, 198, 199 
e 200), onde é encontrado as obrigações do estado em promover o acesso, como o 
sistema deve ser organizado, as diretrizes, as participações complementares de 
rede privada e algumas atribuições do Sistema Único de Saúde. 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
 
4
SOUZA, Natale Oliveira de. Legislação do SUS esquematizada e comentada/ Natale Oliveira de Souza, Yara 
Cardoso Coletto.- Salvador: Sanar, 2016. 1 Sistema Único de Saúde (Brasil)- Legislação. I Coletto, Yara Cardoso. 
II Titulo. (página 21) 
7 
 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação. (art.196)
5
 
 
Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, o país 
passa a ter um sistema de políticas sociais, universais e igualitárias. Onde o Estado 
é obrigado a propor ações e serviços que busquem a promoção, recuperação e a 
proteção à saúde de todos sem qualquer distinção entre as pessoas. 
Com base no artigo 23, “é de competência comum da União, Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios: inciso II, cuidar da saúde e assistência pública, da 
proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência” 
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as 
seguintes diretrizes: I descentralização, com direção única em cada esfera 
de governo; II atendimento integral, com prioridade para as atividades 
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III participação da 
comunidade. 
6
 
 
O artigo 198 deixa claro que essas ações e serviços são organizados através 
de uma rede regionalizada e hierarquizada, são descentralizadas, ou seja, cada 
região tem a sua atuação e os atendimentos serão de forma escalonada. As 
chamadas de atenção primária, secundária e terciária, nos quais dividem os níveis 
de atenção à saúde. 
 
 
3. OS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS QUE NORTEIAM O DIREITO A SAÚDE 
 
3.1 O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
 
A Declaração Universal de Direitos Humanos estabelece, já no seu 
preâmbulo, a necessidade de proteção da dignidade humana por meio da 
proclamação dos direitos elencados naquele diploma, estabelecendo, em seu art. 1º, 
que: 
Todos os “seres humanos nascem livres e iguais, em dignidade e direitos”. 
Os dois Pactos Internacionais (sobre direitos civis e políticos e o sobre 
direitos sociais, econômicos e culturais) da Organização das Nações Unidas 
têm idêntico reconhecimento, no Preâmbulo, da “dignidade inerente a todos 
os membros da família humana”. A Convenção Americana de Direitos 
Humanos exige o respeito devido à “dignidade inerente ao ser humano” (art. 
5º). Já Convenção Europeia de Direitos Humanos, em que pese não possuir 
 
5
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de Direito Constitucional / Manoel Jorge Silva Neto – 8. Ed. – São Paulo: 
Saraiva 2013. 1 Direito constitucional 2. Direito constitucional - Brasil. Titulo. 
6
 PADILHA, Rodrigo. Direito Constitucional / Rodrigo Padilha. 5. Ed. , ver., atual. E ampl. – Rio de Janeiro: 
Forense, São Paulo: Método, 2018. 1 Direito Constitucional – Brasil. I. Titulo. 
8 
 
tal menção à dignidade humana, foi já interpretada pela Corte Europeia de 
Direitos Humanos no sentido de que a “dignidade e a liberdade do homem 
são a essência da própria Convenção”30. No plano comunitário europeu, a 
situação não é diferente. Simbolicamente, a dignidade humana está prevista 
no art. 1º da Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia de 2000 
(atualizada em 2007), que determina que a dignidade do ser humano é 
inviolável, devendo ser respeitada e protegida.
7
 
 
Assim tanto nos diplomas internacionais quanto nacionais, a dignidade 
humana é inscrita como princípio geral ou fundamental, mas não como um direito 
autônomo. De fato, a dignidade humana é uma categoria jurídica que, por estar na 
origem de todos os direitos humanos, confere-lhes conteúdo ético.8 
 Ainda, a dignidade humana dá unidade axiológica a um sistema jurídico, 
fornecendo um substrato material para que os direitos possam florescer. 
De acordo Rizzatto Nunes (2009), o princípio da dignidade da pessoa humana 
é um dos fundamentos do Estado de Direito Democrático, torna-se o elemento 
referencial para a interpretação e aplicação das normas jurídicas.9 
Neste sentido O ser humano não pode ser tratado como simples objeto, 
principalmente na condição de trabalhador, muitas vezes visto apenas como uma 
peça da engrenagem para fazer girar a economia. 
O STF reconheceu o “direito à busca da felicidade”, sustentando que este 
resulta da dignidade humana: “O direito à busca da felicidade, verdadeiro postulado 
constitucional implícito e expressão de uma ideia-força que deriva do princípio da 
essencial dignidade da pessoa humana”10 
A dignidade humana é um direito fundamental previsto no nosso 
ordenamento, que visa assegurar aos necessitados a mínima existência para uma 
vida digna, aquela que o ser humano não está apenas sobrevivendo, mas sim 
vivendo, pois, o ato de sobreviver e viver são distintos. 
Por tal motivo, podemos sobreviver com os mínimos de recursos até em 
situação máxima de miséria e penúria, mas “viver” só é possível quando se tem o 
 
7
 RAMOS Curso de direitos humanos / de Carvalho Ramos. – 5. Ed. – Paulo : 
Saraiva Educação, 2018. 1. Direitos humanos 2. Direitos humanos - Brasil 3. Direitos humanos (Direito 
internacional) 
8
 RAMOS, Tavares entende que há uma consubstancialidade parcial entre a dignidade 
humana e determinados direitos, ou seja, uma identidade parcial entre o conteúdo da dignidade e o direito 
em questão. TAVARES, André Ramos. Princípio da consubstancialidade parcial dos direitos fundamentais na 
dignidade do homem, Revista da AJURIS, v. 32, n. 9, set. 2005, p. 22-39. 
9
NUNES, Rizzatto. O Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana: doutrina e jurisprudência. 2. 
ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva 2009, p. 48. 
10
RE 477.554 – Recurso (Extraordinário Rel. Celso de Mello, informativo n. 635) 
9 
 
mínimo de qualidade de vida e isso só é possível respeitando o princípio da 
dignidade humana. 
A dignidade humana possui importância tão elevada no ordenamento 
brasileiro como em outros diversos ordenamentos de outros Estados, que é está 
contido em nossa constituição como um direito fundamental como também nos 
acordos internacionais que o Brasil faz parte. 
Nosso ilustre doutrinador SIQUEIRA JUNIOR tenta expor com suas palavras 
o que seria direitos humanos: 
Os direitos humanos, quando reconhecidos pelo Estado, são inseridos na 
Constituição edenominam-se direitos fundamentais. Esses direitos 
constituem cláusulas básicas e supremas, direcionadas a todos os 
indivíduos, sendo direitos indisponíveis e garantidos em face do Estado. 
Nascem de reivindicações políticas e morais que geram concretização às 
exigências de dignidade, liberdade e igualdade, de acordo com cada 
momento histórico 
11
 
 
A definição acima de direitos humanos que os consideram um direito 
fundamental que deve ser protegido pelo Estado, pois é sua obrigação junto com a 
sociedade zelar por uma sociedade justa, livre e igualitária. 
Tendo como objetivo principal a formação de uma sociedade que viva de 
acordo com as exigências essenciais para se ter uma vida digna, sempre 
respeitando o princípio da dignidade humana. 
A partir desse conceito de direitos humanos podemos extrair o conceito do 
Princípio da Dignidade Humana, definindo-o como um valor moral absoluto que é 
proveniente de todo ser humano por tal motivo esse princípio é considerado o de 
maior importância dentro de um Estado Democrático de Direito. 
 
 
3.2 O Princípio da Igualdade 
 
No contexto a Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 5º 
professa que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se [...] a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade”. Ainda mais claro fica a defesa da igualdade na esfera 
 
11
 Siqueira Junior, Paulo Hamilton 
10 
 
cível quando no inciso I do citado artigo conclama-se que “homens e mulheres são 
iguais em direitos e obrigações”.12 
Na Constituição Federal de 1988, o princípio da igualdade garante o 
tratamento igualitário de acordo com a lei para os cidadãos. Existem algumas 
situações específicas na Constituição de 1988, em que o princípio é inserido de 
forma implícita e vale ressaltar: o princípio da Isonomia previsto no artigo 5º, caput e 
I da Constituição Federal e no artigo 7° do Código de Processo Civil, o princípio da 
isonomia estabelece que todas as partes devem ser tratadas de forma igual em 
relação ao exercício de direitos e deveres no processo.13 
 
3.3 O Princípio da Hipossuficiência 
 
Nesta acepção, já deliberou o Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “A 
princípio, a hipossuficiência financeira do paciente não é condição para a 
autorização ou não da prestação da saúde. Entretanto, o autor não pode ser 
considerado hipossuficiente para fins de prestação de medicamentos, face ao seu 
amplo patrimônio e ao baixo custo do medicamento requerido. ” Resta também 
entendimento do STF sobre este assunto:14 
 
1. É firme o entendimento deste Tribunal de que o Poder Judiciário pode, 
sem que fique configurada violação ao princípio da separação dos Poderes, 
determinar a implementação de políticas públicas nas questões relativas ao 
direito constitucional à saúde. 2. O acórdão recorrido também está alinhado 
à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, reafirmada no julgamento do 
RE 855.178-RG, Rel. Min. Luiz Fux, no sentido de que constitui obrigação 
solidária dos entes federativos o dever de fornecimento gratuito de 
tratamentos e de medicamentos necessários à saúde de pessoas 
hipossuficientes. 3.. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF, 
ARE 894085 AgR/SP, Rel Min. ROBERTO BARROSO, j. 15/12/2015, 
Primeira Turma, DJe 16-02-2016)
15
 
 
 
12
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília- Df, 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm.> Acesso em 03 SET 2019 
13
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília- Df, 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm.> Acesso em 03 SETEMBROS 
2019. 
14
TRF4, (AC 5000730-.2010.404.7208, QUARTA TURMA, Relator CANDIDO ALFREDO SILVA LEAL JUNIOR, 
juntado aos autos em 10/07/2015) 
15
 CLENIO JAIR. Nova posição sobre Hipossuficiência Financeira na Judicialização da Saúde. Disponível 
em:<https://emporiododireito.com.br/leitura/nova-posicao-sobre-a-hipossuficiFencia-H> Acesso em 
22.fev.2019 
 
11 
 
A hipossuficiência, presente no art. 6º, VIII, do CDC, a noção aparece como 
critério de avaliação judicial para a decisão sobre a possibilidade ou não de inversão 
do ônus da prova em favor do consumidor. 
A controvérsia relativa à hipossuficiência da parte ora agravada demandaria a 
reapreciação do conjunto fático-probatório dos autos, o que não é viável em sede de 
recurso extraordinário, nos termos da Súmula 279/STF. 
 
4 QUAL A IMPORTÂNCIA DO JUDICIÁRIO SOBRE O FUNCIONAMENTO DO 
SISTEMA DE SAÚDE NAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS 
 
4.1 A Judicialização da Saúde 
 
A Judicialização é um fenômeno iniciado no Brasil na década de 90, é uma 
forma de obter o atendimento à saúde por meio de uma decisão judicial. 
A Judicialização da saúde tem ocorrência em vários Estados brasileiros, é 
utilizado como instrumento para o acesso a tratamentos médico-
hospitalares, desde os simples aos mais complexos; medicamentos e 
insumos, os comuns e os de alto custo; órteses, próteses (OPME)
16
 e outros 
instrumentos; tratamentos considerados experimentais; até mesmo 
tratamento no exterior; vaga em unidades de terapia especifica
17
 
 
As pessoas recorrem ao judiciário para fazer cumprir a obrigação do Estado 
de prestar o atendimento à saúde, onde está tipificado no artigo 196 da Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988 na qual informa que a saúde é direito de 
todos e dever do Estado que será garantido mediante políticas sociais e 
econômicas. 
A Judicialização do direito à saúde, mais especificadamente, tem se 
direcionado a diversos serviços públicos e privados, tais como o 
fornecimento de medicamentos, a disponibilização de exames e a cobertura 
de tratamentos para doenças. Não é difícil observar em qualquer governo 
no Brasil a existência de ações judiciais que buscam o deferimento de 
pedidos sobre estes e outros assuntos. O resultado deste processo é a 
intensificação do protagonismo do judiciário na efetivação da saúde e uma 
presença cada vez mais constante deste Poder no cotidiano da gestão em 
saúde. Seja uma pequena comarca ou no plenário do STF, cada vez mais o 
judiciário tem sido chamado a decidir sobre demandas de saúde, o que o 
 
16
 OPME Órteses Próteses Material Especial são insumos utilizados na assistência à saúde e relacionados a uma 
intervenção médica, odontológica ou de reabilitação. 
17
DUARTE, Seixas, Clarisse e Maria Paula Dallari Bucci Judicialização da Saúde: a visão do poder executivo –São 
Paulo; Saraiva, 2017. 1. Saúde – Legislação – Brasil 2. Direito à saúde 3. Políticas de saúde – Brasil 4. Direitos 
sociais – Brasil I. Bucci, Maria Paula Dallari II. Duarte Clarice Seixas. 
12 
 
alçou a ator privilegiado e que deve ser considerado quando o assunto é 
política de saúde.
18
 
 
Para Bucci19, a Judicialização da saúde é uma das modalidades 
contemporâneas de Judicialização da política. É, no limite, o deslocamento para o 
poder judiciário de decisões políticas das esferas dos poderes Executivo e 
Legislativo. 
Trata-se da transferência para o judiciário, as responsabilidades das 
decisões, que deveriam ser tomadas pelos poderes Executivo e Legislativo através 
de políticas públicas e sociais mais eficientes. 
O CONASS20 informa que a Judicialização tem sido um palanque para 
apresentação de conflitos entre a organização, sua representação judicial e os 
operadores do direto, cujas teses têm chegado ás ultimas instâncias de todos os 
poderes constituídos. 21 
O Conselho Nacional de Justiça22 descreve que a Judicialização da saúde é 
um fenômeno de elevada complexidade, expondo a divergência sobre quem procura 
o poder judiciário pretendendoserviços e produtos de saúde (ricos ou pobres).23 
No Brasil, a efetivação judicial do direito à saúde tem recebido um debate 
cada vez mais público e em diversos espaços. Especialmente com o 
fenômeno do CNJ, tem sido analisada e desempenhada uma política 
judiciária da saúde, que envolve não somente a atuação das instituições 
jurídicas, mas também sua interface com instituições políticas e partidárias
24
 
 
 
18
 Conselho Nacional de Justiça. Justiça Pesquisa Judicialização da Saúde no Brasil dados e experiências. 
Coordenadores : Felipe Dutra Asensi e Roseni Pinheiro.- Brasília: Conselho Nacional de justiça, 2015. 1. Direito a 
saúde 2. Assistência médica, aspectos jurídicos, Brasil 3. Asensi, Felipe Dutra II. Pinheiro, Roseni III, Brasil. 
Conselho Nacional de Justiça. (página 09) 
19
 BUCCI, Maria Paula Dallari. Judicialização da Saúde:a visão do poder executivo. / coordenado por Maria 
Paula Dallari Bucci e Clarice Seixas Duarte. – São Paulo: Saraiva, 2017. 1. Saúde – Legislação – Brasil 2. Direito à 
saúde 3. Política de saúde – Brasil 4. Direitos sociais – Brasil I Bucci, Maria Paula Dallari II Duarte, Clarice Seixas. 
20
 Conselho Nacional de Secretários de Saúde é uma entidade de direito privado sem fins lucrativos que se 
pauta pelos princípios que regem o direito público e que congrega os Secretários de Estado da Saúde e seus 
substitutos legais enquanto gestores oficiais das Secretarias de Estado da Saúde (SES) dos estados e Distrito 
Federal. Foi criado no dia 3 de fevereiro de 1982. 
21
 CONASS Coletânea Direito a Saúde: dilemas do fenômeno da Judicialização da saúde Brasília,outubro 2018- 
1º edição. 
22
 CNJ- é uma instituição pública que visa aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário brasileiro, principalmente 
no que diz respeito ao controle e a transparência administrativa e processual. 
23
 INSPER, Instituto de Ensino e Pesquisa, Judicialização da Saúde no Brasil: perfil das demandas, causas e 
propostas de solução. Relatório Analítico Propositivo, Justiça Pesquisa CNJ. 
24
 Conselho Nacional de Justiça. Justiça Pesquisa Judicialização da Saúde no Brasil dados e experiências. 
Coordenadores: Felipe Dutra Asensi e Roseni Pinheiro. - Brasília: Conselho Nacional de justiça, 2015. 1. Direito a 
saúde 2. Assistência médica, aspectos jurídicos, Brasil 3. Asensi, Felipe Dutra II. Pinheiro, Roseni III, Brasil. 
Conselho Nacional de Justiça. (página 10) 
13 
 
Nota-se que a Judicialização é discutida por vário órgão na busca de entender 
e até mesmo minimizar as ações. A exemplo, nos dias 04 e 05 de julho foi realizado 
o XXXV Congresso Conasems25 com o debate em pauta a “Judicialização da Saúde: 
um fenômeno a ser compreendido” Onde estavam presentes representantes da 
gestão Municipal, Estadual, Federal, do Poder Judiciário, Ministério Público, 
Defensoria Pública e das universidades 26 
 
4.2 A Reserva do Possível 
 
Segundo PIMENTA 2012. A Teoria da Reserva do Possível surgiu na 
Alemanha em 1970, em um julgamento do primeiro senado do Bundesverfassungs-
gericht, ocorrido em 18 de julho de 1972 realizado em sede de controle de 
constitucionalidade das leis, que tinha por objeto legislações sobre limitação ao 
acesso à Faculdade de Medicina das Universidades de Hamburgo.27 
A primeira resolução sobre o tem no Brasil foi uma decisão monocrática 
proferida em 31 de janeiro de 1997, pelo ministro Celso de Melo então presidente do 
Supremo Tribunal Federal, indeferindo o pedido de suspensão de medida liminar 
concedida por um juiz de primeiro grau que havia decido a um Estado federado o 
custeio de tratamento de saúde de um menor portador de uma doença rara O 
ministro prolator da sentença afirmou que: 
“a imprescindibilidade de medida cautelar concedida pelo poder judiciário do 
estado de Santa Catarina (necessidade de transplante de células 
mioblásticas, que constitui o único meio capaz de salvar a vida do paciente) 
e a impostergabilidade do cumprimento do dever político-constitucional que 
se impõe ao Poder Publico, em todas as dimensões da organização 
federativa, de assegurar a todos a proteção à saúde (CF, art.6º c/c art. 227, 
§ 1º) constituem fatores que, associados a um imperativo de solidariedade 
humana, desautorizam o deferimento do pedido formulado pelo Estado de 
Santa Catarina” 
28
 
Está explícita na Constituição Federal de 1988 a aplicabilidade imediata das 
normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais no artigo 5º,§1º. 
 
25
Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde nasceu em 1988 a partir do movimento social em prol 
da saúde pública e tem a missão de agregar e representar o conjunto de todas as secretarias municipais de 
saúde do país 
26
XXXV Congresso Conasems: Debate sobre a Judicialização da saúde reuniu juízes, defensores e 
especialistas. Disponível em: <https://www.conasems.org.br/xxxv-congresso-conasems-debate-sobre-
judicializacao-da-saude-reuniu-juizes-defensores-e-especialistas/>acesso em 16 de setembro de 2019 
27
 PIMENTA, Paulo Roberto Lyrio As Normas Constitucionais Programáticas e a Reserva do Possível Brasília a. 
49 n. 193 jan./mar. 2012 Revista de Informação Legislativa página 12. Disponível em 
<http://www6g.senado.leg.br/busca/?q=reserva+do+poss%C3%ADvel>acesso em 17 de setembro de 2019/ 
Pesquisa por Reserva do Possível. 
28
 STF, Pet 1246 MC/SC, Rel. Min. Celso de Mello, Dj 13/02/1997 
14 
 
Deve haver precaução na análise do termo “aplicação imediata”, pois não se 
trata de uma obrigatoriedade estatal propiciar de forma imediata e integral os 
direitos, mas responsabilidade de concessão do “mínimo existencial” 
independentemente da reserva do possível 29 
Apurados os recursos orçamentários previstos em cada caso concreto e 
promovida a necessária ponderação entre os princípios e interesses 
envolvidos – não se poderá deixar de atender a uma parcela dos direitos 
fundamentais básicos do cidadão, o que se convencionou denominar de 
“mínimo existencial”. Isso é existem direitos e situações específicas em 
relação ás quais não se concebe possa o Estado abster-se, alegando falta 
de recursos públicos ou outros interesses públicos. .
30
 
Cada caso concreto deve ser analisado levando em consideração o limite 
entre o mínimo existencial e a reserva do possível. O magistrado tem que ter em 
mente se a decisão a ser tomada está dentre esses dois parâmetros, onde não 
poderá deixar de garantir o mínimo para a sua saúde, mas por outro lado também 
não poderá ultrapassar os recursos disponíveis 
 
4.3 O Papel da justiça para garantir o atendimento a saúde 
 
Segundo Nunes Junior31 (2014, p. 11, apud Kmiec 204) a expressão foi 
utilizada pela primeira vez, em 1947, por Artur Schlesinger Junior. Em um artigo 
publicado na revista Fortune, no qual traçava o perfil de nove juízes integrantes da 
Corte Suprema dos Estados Unidos considerados “ativista judiciais”, por 
desempenhar um papel ativo na promoção do bem-estar social e acreditarem que a 
lei e a política eram elementos inseparáveis. 
 
O ativismo judicial pode ser definido como papel criativo dos Tribunais ante 
a insuficiência da norma jurídica em se fazer abranger em todos os casos 
que chegam ao Judiciário como também de ampliar a interpretação dos 
dispositivos legais gerando precedentes jurisprudencial tendo como origem 
um caso em concreto. Neste sentido o ativismo é uma atitude do magistrado 
 
29
 FERNANDA, Raphaela. O princípio da reserva do possível: origem, objetivos e aplicabilidade no Brasil. 
Publicado em 05/2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/28802/o-principio-da-reserva-do-possivel-
origem-objetivos-e-aplicabilidades-no-brasil> Acesso em 17 de setembro de 2019. 
30
 MATTA, Marco Antônio Servidanes. Interpretação Constitucional dos Direitos Sociais Revista Consultor 
Jurídico. 16 de agosto de 2006,7h00. Disponível em:<https://www.conjur.com.br/2006-ago-
16/interpretacao_constitucional_direitos_sociais?pagina=6>acesso em 17 de setembro de 2019. Marco 
Antônio Servidanes da Matta é analista do Controle Externo do Tribunal de Contas da União. Graduado em 
Direito e Engenharia. Pós-Graduado em Direito e Processo do Trabalho (Universidade Cândido Mendes/RJ) 
31
 Nunes Junior, Armandino Teixeira, Ativismo judicial no Brasil: o caso da fidelidade partidária. Revista de 
Informação Legislativa. Disponível em:<https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/51/201/ril_v51_n201_p97> 
Acesso em 19 de setembro de 2019. 
15 
 
em face de lei lacunosa ou que não produza efeitos completos na efetivação 
dos direitos e garantias fundamentais. 
32
 
 
Os autores defendem que o motivo pelo qual o ativismo surgiu e permaneceu 
no Brasil, se dá devido às brechas encontradas na nossa Constituição Federal de 
1988, as leis supremas não produzem os efeitos necessários a concretização dos 
direitos fundamentais. 
Para Saldanha33, o motivo que o ativismo ter crescido tanto no Brasil é pela 
Constituição Federal de 1988 ter muitas cláusulas abertas, o modelo constitucional 
foi uma opção filosófica legitima e compreensível, uma vez que o país vinha de 21 
anos de ditadura militar.34 
Neste sentido o judiciário cearense tem investido em cursos, como por 
exemplo, o Curso Ativismo Judicial na ESMEC35. 
Com Fulcro na capacitação dos operadores do direito, e com objetivos de 
introduzir noções essenciais para o entendimento dos fenômenos chamados de 
“Judicialização da política” a partir da compreensão dos seus desenvolvimentos 
históricos e dos principais aspectos do debate presentes na abordagem de autores 
da filosofia e sociologia do Direito contemporâneo. Casos atuais envolvendo o 
protagonismo político do judiciário brasileiro foram discutidos 36 
 
4.4 O Posicionamentos do Tribunal de Justiça do Ceará 
 
O Ministro Gilmar Mendes37 através da Recomendação N° 31 de 03/03/2010, 
ordenou que fosse adotado pelos tribunais medidas visando à melhor amparar os 
magistrados e aos demais operadores do direito para garantir mais eficiência na 
resolução pela busca do judiciário envolvendo a assistência à saúde. 
Considerando o volume processual de centenas de milhares de processos 
em saúde, o CNJ publicou a Recomendação n 31, teve como objetivo 
 
32
 Ferreira, Ademar Anderson Gondim. Ativismo Judicial: uma ferramenta importante na efetivação dos 
Direitos Fundamentais no Brasil Disponível em :<https://jus.com.br/artigos/57118/ativismo-judicial> Acesso 
em 19 de setembro de 2019. 
33
Antônio Saldanha Palheiro é atual ministro do Superior Tribunal de Justiça do Brasil, formado em Direito pela 
Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela mesma instituição conclui o mestrado em 1981. 
34
 Rodas, Sergio. Ativismo judicial é necessário para efetivar direito de minorias, diz Antonio Saldanha. 
Disponível em:<https://www.conjur.com.br/2018-mai-18/ativismo-judicial-ajuda-efetivar-direitos-minorias-
ministro> Acesso em 19 de setembro de 2109 
35
 ESMEC Escola Superior da Magistratura do Ceará 
36
Curso Ativismo Judicial Disponível em: <https://www.tjce.jus.br/noticias/curso-ativismo-judicial-comeca-na-
esmec-e-reune-magistrados-de-varios-estados/> Acesso em 19 de setembro de 2019. 
37
 Gilmar Ferreira Mendes é jurista, magistrado e professor, é ministro do Supremo Tribunal Federal desde 20 
de junho de 2002, tendo presidido a corte entre 2008 e 2010. 
16 
 
orientar os tribunais na adoção de medidas que subsidiem os magistrados 
para assegurar maior eficiência na solução das demandas judiciais 
envolvendo a assistência à saúde pública. A exposição de motivos da 
Recomendação elenca a razão de sua aprovação e publicação: O grande 
número de demandas envolvendo a assistência à saúde em tramitação no 
judiciário e o representativo dispêndio de recursos públicos decorrentes 
desses processos judiciais; A carência de informações clínicas prestadas 
aos magistrados a respeito dos problemas de saúde enfrentados pelos 
autores dessas demandas. 
38
 
 
O Conselho Nacional de Justiça através da Resolução Nº 107, de 06 de abril 
de 2010 estabeleceu o Fórum Nacional para o acompanhamento e a resolução das 
demandas, onde o objetivo é de elaborar estudos, tencionar medidas mais concretas 
e normativas para melhoramento dos procedimentos, buscando a eficácia dos 
processos e a prevenção de novos. 
A descentralização do Fórum Nacional resultou na criação do Comitê 
Executivo da Saúde a nível Estadual sob a coordenação de magistrados indicados 
pela Presidência e/ou Corregedoria Nacional de Justiça 
Neste sentido o Estado de Ceará no dia 22 de março de 2011 instalou o 
Comitê Executivo, no qual é composto por diferentes órgãos (Justiça Federal, 
Justiça Estadual, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual Defensoria 
Pública da União, Defensoria Pública do Estado, Procuradoria do Estado do Ceará, 
Procuradoria do Município de Fortaleza, Ordem dos Advogados do Brasil Seção 
Ceará, Secretária de Saúde do Estado do Ceará, Secretária de Saúde do Município 
de Fortaleza, Representantes das Operadoras de Plano de Saúde, Agencia Nacional 
de Saúde Suplementar – Núcleo Ceará, Conselho Regional de Medicina e 
Advocacia Geral da União), que voluntariamente acumulam estas atividades com 
seus respectivos trabalhos 39 
O Comitê Executivo de Saúde tem competência para: I apresentar propostas 
as instâncias competentes para implementação de políticas públicas e acompanhar 
a execução inclusive emitindo pareceres; II articular e mobilizar a sociedade e o 
poder público por meio de campanhas, debates e ações; III estimular a produção de 
estudos, pesquisa debate e campanhas: IV implementar e monitorar ações previstas 
no plano nacional, estadual e municipal de saúde estimulando o desempenho de 
 
38
 Conselho Nacional de Justiça. Justiça Pesquisa Judicialização da Saúde no Brasil dados e experiências. 
Coordenadores : Felipe Dutra Asensi e Roseni Pinheiro.- Brasília: Conselho Nacional de justiça, 2015. 1. Direito a 
saúde 2. Assistência médica, aspectos jurídicos, Brasil 3. Asensi, Felipe Dutra II. Pinheiro, Roseni III, Brasil. 
Conselho Nacional de Justiça.(página 10) 
39
 Comitê Executivo da Saúde Criação. Disponível em: <https://www.tjce.jus.br/saude/criacao/> Acesso em 27 
de outubro de 2019 
17 
 
órgãos e entidades avaliando os resultados; V acompanhar os trabalhos dos 
poderes legislativos estadual e municipal quanto a projetos de leis referente a ações 
de saúde; VI participar da elaboração da política e os planos estadual e municipal da 
saúde; VII firmar termos de apoio cooperação técnica ou convênio com órgão e 
entidades públicas e privadas, cuja atuação institucional esteja voltada a busca de 
solução de conflitos na área da saúde. 40 
Ainda no sentido de atender a recomendação do ministro do Supremo 
Tribunal Federal, em 06 de setembro de 2017, foi publicada a Portaria N° 2536/2017 
que dispõe sobre a constituição e o funcionamento do Núcleo de Apoio Técnico ao 
Judiciário (NAT-JUS) voltado a auxiliar a instrução e o julgamento de demandas 
relacionadas à saúde. 
O NAT-JUS é formado preferencialmente por médicos e farmacêuticos do 
quadro de servidores efetivos dos órgãos e entes cooperadores, possuem a função 
de elaborar respostas técnicas para casos que demande informação qualificada e 
imediata e notas técnicas em casos complexos que demande revisão bibliográfica, 
analise do canário, informações sobre o custo unitário, recomendações sobre os 
riscos e benefícios da liberação ou não da tecnologia alheia ao SUS.41 
Os profissionais que integram o núcleo possuem os seguintes deveres: I 
atender às solicitações dos magistrados de forma diligente e tempestiva; II orientar 
os magistrados sobre a melhor alternativapara questão técnica objeto da questão; 
III manter total sigilo sobre os dados e informações que tenha acesso durante a 
realização dos trabalhos; IV prestar aos magistrados os esclarecimentos 
necessários sobre a natureza e o andamento dos serviços; V disponibilizar, sempre 
que solicitado, o acesso a todas as informações sobre o serviço realizado; VI 
elaborar, sempre que necessário relatórios dos serviços que foram objeto de 
consulta, indicando o número do processo e a identificação das partes; e VII 
assegurar a qualidade técnica dos documentos elaborados. 42 
O NATJUS atenderá a comarca de Fortaleza e será gradativamente 
expandindo para todas as outras comarcas do Estado, afim de prestar o suporte de 
 
40
 IDEM 
41
 Portaria de Funcionamento do NATJUS Disponível em: < https://www.tjce.jus.br/nota-tecnica/> Acesso em 
27 de outubro de 2019 
42
 Núcleo de Apoio Técnico ao Judiciário (NAT-JUS/CE ) Portaria de Funcionamento do NATJUS Disponível em: 
< https://www.tjce.jus.br/nota-tecnica/> Portaria - 1536-2017 pdf Acesso em 27 de outubro de 2019 
18 
 
forma integral abrangendo todas as demandas que abordarem sobre o direito à 
saúde. 
1 °Curso Nacional, Judicialização da Saúde Fundamentos e Praticas para 
Atuação Judicial foi realizado nos dia 7 e 8 de outubro de 2019,em Brasília, todo o 
judiciário cearense pode acompanhar por meio de transmissão ao vivo pelo canal do 
Conselho Nacional de Justiça no You Tube (WWW.youtuber.com/user/cnj), o público 
alvo era os magistrados com competência para processar e julgar ações 
relacionadas ao direito à saúde, tendo como principal objetivo apresentar novas 
soluções para os problemas relacionados a saúde tanto a pública quanto a 
suplementar. 
Constata-se que o Estado do Ceará tem buscado atender as decisões 
hierárquicas emitidas em relação à tentativa de minimizar as demandas judiciais que 
versem sobre o direito a saúde, criando o Comitê Executivo da Saúde e o Núcleo de 
Apoio Técnico ao Judiciário, participando de Cursos, promovendo debates, tudo na 
intenção de aprimorar o entendimento dos operadores do direito em relação à saúde 
 Buscando assim a melhor solução para o grande volume de ações em curso 
dando-as de forma mais justa a decisão que lhes cabem. 
Trata-se de uma cooperação mútua envolvendo equipes multidisciplinares em 
prol de um judiciário mais humanizado, eficaz, coerente e justo em casos onde a 
decisão pode definir a única maneira de manutenção da vida. 
 
5 O DIREITO A ASSISTÊNCIA EM UTI 
 
 
Segundo levantamento realizado em 2016 e disposto no site do CFM. Os 
leitos de UTIs existentes no Brasil são insuficientes para atender a alta demanda de 
pacientes que utilizam o SUS. De acordo com o relatório extraído em fevereiro/2018 
do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o SUS oferece 
21.483 mil leitos para tratamento em UTIs.43 
 
43
 CFM. Estudo inédito do CFM revela que leitos de Unidades de Terapia Intensiva no Brasil são insuficientes 
e estão mal distribuídos. Disponível em: 
<https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=26167:2016-05-16-12-15-
52&catid=3.> Acesso em 22 dez 2019 
19 
 
Um levantamento realizado em 2016 pelo Conselho Federal de Medicina 
(CFM), com base nos dados do CNES, identificou que apenas 505 dos 5570 
municípios brasileiros oferecem leitos de UTI pelo SUS.44 
Além disso, essa pesquisa do CFM detectou que 70% dos estados não tem o 
número de leitos em UTI suficientes. A portaria do Ministério da Saúde nº 
1.101/2002 considera que o ideal é a disponibilização de 3 leitos de UTIs para cada 
10 mil habitantes. A realidade é que o SUS oferece apenas 0,99 leito por 10 mil 
habitantes.45 
Se consideradas as unidades públicas e privadas, a quantidade de leitos de 
UTI representam atualmente 9,3% dos leitos de internação existentes no Brasil - em 
outras palavras, existem 1,86 leitos para cada grupo de 10 mil habitantes. 
Proporcionalmente, no entanto, o SUS conta com 0,95 leitos de UTI para cada grupo 
de 10 mil habitantes, enquanto a rede “não SUS” tem 4,5 leitos para cada 10 mil 
beneficiários de planos de saúde, ou seja quase cinco vezes a oferta da rede 
pública.46 
 Em 19 unidades da federação o índice de UTI por habitante na rede pública é 
inferior ao preconizado pelo próprio Ministério – todos os estados das regiões Norte 
(exceto Rondônia), Nordeste (exceto Pernambuco e Sergipe) e Centro-Oeste, além 
do Rio de Janeiro e Santa Catarina. No Acre, Roraima, Amapá e Maranhão o índice 
permanece abaixo do ideal mesmo se considerados os leitos privados disponíveis 
nestes estados. 
O fato é que a maioria dos leitos está concentrado em capitais e regiões 
metropolitana, pacientes que moram no interior deslocam por muitos quilômetros 
para conseguir uma vaga, que nem sempre é concedida. 
Muitos pacientes com risco de vida e quadro grave de saúde necessitam de 
monitoramento contínuo por meio da internação em leitos de Unidade de Terapia 
Intensiva (UTI) oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A realidade é dura. 
Centenas de brasileiros morrem sem conseguir o direito à saúde e à vida pela falta 
de vaga na UTI em hospitais públicos. 
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), que constitui-se de um conjunto de 
elementos funcionalmente agrupados, destinado ao atendimento de pacientes 
 
44
 Estudo CFM 
45
 Estudo CFM 
46
 Idem 
20 
 
graves ou de risco que exijam assistência médica e de enfermagem ininterruptas, 
além de equipamento e recursos humanos especializados. 
Sem conseguir acesso aos leitos, pacientes e seus familiares recorrem à 
Justiça. Informações do Ministério da Saúde revelam que o gasto governamental 
decorrente de ações judiciais que exigem, principalmente, um leito de UTI e 
medicamentos de alto custo, atingiu a cifra de R$ 838,4 milhões somente em 2014. 
O caso concreto foi do falecimento de Adelmar Marques Marinho, Procurador 
de Justiça aposentado, ocorrido na UTI do Hospital São Marcos, em Piauí, sob plano 
UNIMED. 47 
Os familiares do Procurador aposentado lutavam pela manutenção do seu 
tratamento através do sistema home care, em regime de 24 horas, visto que o 
tratamento domiciliar era recomendado pelos médicos que assistiram o paciente 
durante o período em que esteve no Hospital São Marcos, considerando as várias 
internações prolongadas e passagens pela UTI, todas devidas a infecções 
respiratórias graves e crescente fraqueza muscular que o impedia de deambular, 
necessitando, portanto, da ajuda de terceiros, conforme laudo médico assinado pelo 
Dr. Elton Mota Pereira, portador do CRM-PI 325748 
Restou claro e deve ser considerado que a empresa negou o tratamento por 
home care a um paciente de 82 anos, acometido de doença pulmonar obstrutiva 
crônica (DPOC), com frequência de broncoespasmos e consequente falta de ar, 
necessitando do uso intermitente de BIPAP e oxigenioterapia, durante o dia e à 
noite, que dependia inteiramente de profissionais habilitados, com a ajuda de 
terceiros, para alimentar-se, fazer necessidades fisiológicas e até tomar banho, cuja 
internação domiciliar foi aconselhada e solicitada pelo médico especialista em 
pneumologia, Dr. Bráulio Dyego Martins Vieira, CRM – PI 5150, e ainda conforme 
laudos médicos apresentados pelo Hospital São Marcos, que viam no tratamento 
domiciliar várias vantagens para evitar crises que poderiam agravar seu estado de 
saúde e levá-lo à morte. 
Também ficou patente que a juíza da 2ª Vara Cível, ao não atentar para o 
atendimento de preceitos constitucionais (arts. 6º, 196 e 197, da CF) e garantias 
previstas no Código de Defesa do Consumidor (art. 47), os quais asseguravam a 
 
47
 ASSUNÇÃO, José Ribamar da Costa. Plano de saúdedesrespeita Constituição Federal e CDC. Revista Jus 
Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 5670, 9 jan. 2019. Disponível em: 
https://jus.com.br/artigos/71264. Acesso em: 1 dez. 2019. 
48
 Idem 
21 
 
plenitude do tratamento domiciliar ao Procurador, nas circunstâncias descritas, 
contribuiu para apressar a morte do paciente. 
De acordo com a Mestra em Direito, Relações Internacionais e 
Desenvolvimento, Caroline Regina dos santos: “A maioria dos brasileiros não 
conhece ou não sabem como buscar seus direitos”. O paciente pode recorrer à 
justiça por meio da Defensoria Pública da União que oferece assistência jurídica e 
gratuita para pessoas com renda familiar de até R$2.000,00 de acordo com a 
Resolução CSDPU n°134/2017. Para famílias com seis ou mais integrantes é aceita 
a renda familiar bruta de até quatro salários mínimos, conforme a Resolução CSDPU 
85/2014. Para isso é necessário: 
 
Comprovar que não tem condições financeiras dentro dos parâmetros 
citados acima e precisa do auxílio da Defensoria Pública da União. Além 
disso, é preciso ter em mãos os documentos pessoais. Entregar para a 
Defensoria Pública da União documentos, laudos, exames e prontuário que 
comprovam a gravidade da doença, risco de vida, urgência da necessidade 
da vaga na UTI e as consequências caso o leito não for concedido; Se o 
paciente for idoso, é possível requerer prioridade na tramitação da liminar.49 
 
Muitos pacientes não sabem como agir em caso de negação de vaga na UTI 
e precisam ser informados para conseguir o seu direito à saúde. Profissionais da 
saúde, do Direito e toda a população que detém desse conhecimento tem o 
importante papel de informar. 
Sem conseguir acesso aos leitos, pacientes e seus familiares recorrem à 
Justiça. Informações do Ministério da Saúde revelam que o gasto governamental 
decorrente de ações judiciais que exigem, principalmente, um leito de UTI e 
medicamentos de alto custo, atingiu a cifra de R$ 838,4 milhões somente em 2014.50 
 O governo de São Paulo gastou, em 2015, cerca de R$ 1 bilhão no 
cumprimento de decisões judiciais. Segundo a Secretaria de Saúde estadual é cada 
vez maior o número de pessoas que recorrem ao judiciário para garantir o acesso à 
saúde. Em 2010, o estado foi réu em 9.385 ações, contra 18.045 no ano passado.51 
 
 
49
 IPOG.EDU. Direito à saúde: como conseguir uma vaga na UTI? Disponível em: 
<https://blog.ipog.edu.br/saude/direito-sade-como-conseguir-uma-vaga-na-uti/> Acesso em 23 dez 2019 
50
 CFM. Estudo inédito do CFM revela que leitos de Unidades de Terapia Intensiva no Brasil são insuficientes 
e estão mal distribuídos. Disponível em: 
<https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=26167:2016-05-16-12-15-
52&catid=3.> Acesso em 22 dez 2019 
51
 Idem 
22 
 
4.6 O Direito a antecipação de tutela 
 
O Art. 300 do CPC prevê que a tutela de urgência será concedida quando 
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o 
risco ao resultado útil do processo. E o artigo 301 e 302 frisam que: a tutela de 
urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, 
arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra 
medida idônea para asseguração do direito: 
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, 
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra 
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte 
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2º A tutela de 
urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3º 
A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando 
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
52
 
 
Neste mesmo contexto o artigo 301 e 302 frisam que: a tutela de urgência de 
natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de 
bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea 
para asseguração do direito. 
 A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante 
arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de 
bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. Nos casos em que 
a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se 
ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a 
exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco 
ao resultado útil do processo. 
Através de petição inicial o advogado pode pleitear a ação que visa à 
prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu 
fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de 
dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
O caso concreto ocorreu no município de Caucaia situado no estado do 
Ceará. Foi relatado no site da defensoria que no dia 13 de março de 2017, que 
Maria Verônica procurou o núcleo da Defensoria Pública de Caucaia no dia 14 de 
fevereiro para conseguir uma liminar de transferência de sua mãe para um leito de 
 
52
 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm> Acesso em 22 Dez 2019 
23 
 
UTI. No dia 15, a juíza da 1ª Vara Cível do Fórum de Caucaia acatou ao pedido da 
Defensoria e deferiu a ação de obrigação de fazer solicitando a transferência da 
paciente para internação, na rede pública ou privada de saúde, obrigando Estado a 
fazer o transporte sob pena de multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento 
da decisão.53 
 Ainda segundo Maria Verônica, a liminar não foi cumprida e Rocilda Neves 
passou 13 dias internada na UPA. “Precisei ir de novo à Defensoria onde mandaram 
o pedido para que a juíza deferisse a liminar, além disso, fui orientada a fazer 
orçamentos em Hospitais particulares para que, se fosse preciso, entrar com uma 
ação de bloqueio dos bens do Estado para que o dinheiro fosse repassado para o 
Hospital que receberia minha mãe”, afirma. 
No dia 23 de fevereiro, a juíza redeferiu a liminar intimando o Estado a 
cumprir a ação de obrigação de fazer e no mesmo dia Rocilda Neves de Oliveira foi 
transferida para Unidade de Terapia Intensiva, do Hospital Geral Dr. Cesar Cals. 
De acordo com o defensor público, supervisor do Núcleo da Defensoria em 
Caucaia, Adson Maia, a “ação teve que ser peticionada com urgência, frente ao 
estado da paciência que se agravava a cada dia”. Contudo, ele explica que a 
Defensoria Pública do Estado mantém um diálogo permanente com as Secretarias 
da Saúde do Estado e do Município como objetivo garantir o efetivo acesso ao 
direito à saúde da população vulnerável, tanto na seara individual como coletiva, 
visando a solução de conflitos extrajudiciais e judiciais. 
Neste último caso, a Defensoria ajuíza ações que visam o fornecimento pelo 
Poder Público (ou Planos de Saúde) de medicamentos, procedimentos médicos, 
vagas para internação hospitalar, dentre outros. 
O Núcleo de Defesa da Saúde (Nudesa) da Defensoria Pública do Estado do 
Ceará recebe diariamente de 10 a 15 pedidos de pessoas que recorrem à Justiça 
para conseguir uma vaga em leitos de Unidades de Terapia Intensivas (UTI) nos 
hospitais da rede pública. Na semana em que se comemora o Dia Mundial da 
 
53
DEFENSORIA.CE. Paciente consegue vaga em UTI após ação da Defensoria de Caucaia Disponível em: 
<http://www.defensoria.ce.def.br/noticia/paciente-consegue-vaga-em-uti-apos-acao-da-defensoria-de-
caucaia/. acesso em 02 Jan 2020 
24 
 
Saúde, em 7 de abril, a Defensoria Pública dá as orientações para quem precisa 
recorrerà Justiça para conseguir uma vaga em UTI.54 
Durante o segundo semestre de 2017, o Nudesa deu entrada em 277 
solicitações desta natureza. São casos que se assemelham ao do auxiliar de 
almoxarifado, Manoel Adenildo dos Dantos, que desde o dia 8 de fevereiro luta por 
assistência médica adequada para a mãe, Maria Marlene de Carvalho Santos, de 68 
anos, que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). 
De acordo com o relatório extraído em fevereiro de 2018 do Cadastro 
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), os leitos de UTIs existentes no 
Brasil são insuficientes para atender a alta demanda de pacientes que utilizam o 
SUS, que oferece 21.483 mil leitos para tratamento em UTIs em todo o território 
nacional. Um levantamento realizado em 2016 pelo Conselho Federal de Medicina 
(CFM), com base nos dados do CNES, identificou que apenas 505 dos 5.570 
municípios brasileiros oferecem leitos de UTI pelo SUS. 55 
Além disso, essa pesquisa do CFM detectou que 70% dos estados não tem o 
número de leitos em UTI suficientes. A portaria do Ministério da Saúde nº 
1.101/2002 considera que o ideal é a disponibilização de 3 leitos de UTIs para cada 
10 mil habitantes. A realidade é que o SUS oferece apenas 0,99 leito por 10 mil 
habitantes.56 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 
54
DEFENSORIA.CE. Solicitações de leitos em UTI são recorrentes no Núcleo de Defesa da Saúde da Defensoria 
Pública. Disponível em: <http://www.defensoria.ce.def.br/noticia/solicitacoes-de-leitos-em-uti-sao-
recorrentes-no-nucleo-de-defesa-da-saude-da-defensoria-publica/.> Acesso em 02 Jan 2020 
55
 Idem 
56
 DEFENSORIA.CE. Solicitações de leitos em UTI são recorrentes no Núcleo de Defesa da Saúde da Defensoria 
Pública. Disponível em: <http://www.defensoria.ce.def.br/noticia/solicitacoes-de-leitos-em-uti-sao-
recorrentes-no-nucleo-de-defesa-da-saude-da-defensoria-publica/.> Acesso em 02 Jan 2020 
25 
 
Diante do que foi exposto pode-se concluir um alto grau de relevância que o 
judiciário tem na vida das pessoas que buscam-no para garantir o atendimento no 
qual lhes é de direito, pois sem a decisão de um juiz não teria o acesso ao 
tratamento determinado pela medicina. 
No tocante a outra parte, ou seja, o Estado o mesmo juiz que determinou o 
atendimento, deverá também que levar em consideração os recursos orçamentários, 
nos quais por muitas vezes são limitados, no momento da sua decisão. 
Objetivou-se no presente estudo uma análise incisiva no tocante a verificar a 
possibilidade de compreender o equilíbrio que deve haver na decisão do judiciário 
entre respeitar as garantias constitucionais em relação à saúde, onde tem 
aplicabilidade imediata e a reserva do possível. 
Notou-se que algumas ações, como a criação de núcleos para dar suporte 
aos operadores do direito, foram desenvolvidas com intuito de fornecer subsídios em 
evidências científicas para a solução das demandas que chegam até aos 
magistrados, na busca da justiça no direito ao acesso a saúde. 
Finalmente foi verificado durante o trabalho que, o magistrado tem uma 
missão, que por vezes não é tão fácil, onde no momento da sua decisão tem que ter 
em mente que há dois parâmetros a seguir, no qual não pode deixar de garantir o 
mínimo existencial para a saúde, mas por outro lado também não poderá ultrapassar 
o limite dos recursos disponíveis. 
 
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