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0 
 
 
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – INCISA 
COLÉGIO BRASILEIRO DE DERMATOLOGIA 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DERMATOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DA SÍNDROME DA 
IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA ADQUIRIDA E SÍFILIS 
ATRAVÉS DO TESTE RÁPIDO 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ NIVON DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza – Ceará 
2016 
 
1 
JOSÉ NIVON DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DA SÍNDROME DA 
IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA ADQUIRIDAE SÍFILIS 
ATRAVÉS DO TESTE RÁPIDO. 
 
 
Monografia apresentada ao corpo docente do Curso de 
Pós-Graduação Lato Sensu em Dermatologia, realizado 
pelo Instituto Brasileiro de Ensino - ISBRAE, 
promovido pelo Colégio Brasileiro de Dermatologia e 
convênio com o Instituto Superior de Ciências da 
Saúde - INCISA, como requisito parcial para obtenção 
de título de Especialista em Dermatologia. 
 
 
 
Orientador Professor Dr. Ivo Castelo Branco Coêlho 
 
 
 
Fortaleza – Ceará 
2016 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP-BRASIL 
 
S586e 
 
Silva, José Nivon da 
 Diagnóstico sorológico da síndrome da imunodeficiência humana adquirida e sífilis 
através do teste rápido. / José Nivon da Silva. 2016. 
 67 f. 
 
 Orientador: Prof. Dr. Ivo Castelo Branco Coêlho 
Monografia – Instituto Brasileiro de Ensino, Programa de Pós-Graduação lato 
sensu em Dermatologia, Fortaleza, 2016. 
 
 1. AIDS 2. HIV 3. Sífilis 4. Sarcoma de Kaposi 5. HPV I. Ivo Castelo Branco Coêlho 
(Orient.) II. Instituto Brasileiro de Dermatologia – Programa de Pós-
Graduação lato sensu em Dermatologia III. Título 
 
 
 CDD 
 
 
 
 
 
3 
JOSÉ NIVON DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA 
ADQUIRIDA E SÍFILIS ATRAVÉS DO TESTE RÁPIDO. 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
Prof. Dr. Ivo Castelo Branco Coêlho 
Orientador - Universidade Federal do Ceará 
 
 
 
Prof
a
 Tarsila Auxiliadora da Silva 
Membro Efetivo 
 
 
 
Prof. Miguel de Ávila Sobrinho 
Membro Efetivo 
 
 
 
Aprovada em 10 de maio de 2016. 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. 
Necessitamos mais de humildade que de máquinas. 
Mais de bondade e ternura que de inteligência. Sem 
isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá. 
 
 Charles Chaplin 
 
5 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 Aos Professores Miguel de Ávila Sobrinho, Ricardo Villa, Tarsila Auxiliadora da 
Silva, Gustavo Vasquez, Mário Timbó, José Pereira, Patrícia Cruz, Valter Mariano, 
Polianna Soares, Luciano Barboza, Ivo Castelo Branco Coêlho. 
 A todos que orientaram sobre os cuidados e afecções que acometem a pele, um dos 
maiores órgãos do corpo, com uma área de superfície de 1,8m
2 
e cerca de 16% do 
peso corporal e um santuário de células de células de Langerhans apresentadoras de 
antígenos. A pele possui muitas funções, dentre as quais a de agir como uma 
barreira de proteção do corpo contra fatores externos nocivos contra fungos, 
bactérias, produtos químicos, físicos e ambientais como o sol. A pele é o espelho da 
alma e exprime as carências orgânicas de nutrientes e várias doenças sistêmicas. 
 A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a concretização do Curso de 
Especialização em Dermatologia do ISBRAE, minha gratidão. 
 A equipe multiprofissional do Serviço de Atendimento Especializado em Infecções 
sexualmente Transmissíveis do Hospital Nossa Senhora da Conceição em 
Fortaleza. 
 
“Aprender é a única coisa que a mente nunca 
se cansa, nunca tem medo e nunca se 
arrepende”. 
Leonardo da Vinci. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
RESUMO 
INTRODUÇÃO: As infecções sexualmente transmissíveis (IST) permanecem com elevadas 
taxas de detecção. Ampliação do diagnóstico pelo teste rápido e o tratamento imediato reduz 
as complicações da doença. 
OBJETIVOS: estudar o perfil clínico e laboratorial dos portadores de HIV/AIDS, descrever 
as características histopatológicas do sarcoma de Kaposi, analisar o perfil de sensibilidade e 
especificidade do teste rápido para sífilis e HIV e identificar a prevalência das IST. 
METODOLOGIA: trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, analítico e quantitativo 
em um Serviço de Atendimento Especializado (SAE) em IST. O teste rápido para HIV/AIDS 
e sífilis foi realizado em todos os pacientes. As amostras reagentes foram confirmadas por 
métodos convencionais. Os pacientes receberam tratamento adequado e seguimento 
ambulatorial a cada 90 dias. As gestantes portadoras de HIV ou sífilis receberam atendimento 
mensal. O Comitê de Ética em Pesquisa Brasil aceitou e concedeu Certificação de 
Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) envolvendo seres humanos, protocolada com o 
identificador de número: 43410915.0.0000.5049. O local da pesquisa foi o Hospital Nossa 
Senhora da Conceição, Rua 1018, 4ª etapa, 148 - Conjunto Ceará, Fortaleza - CE, 60532-690. 
O período da pesquisa compreendeu o período de março de 2014 a maio de 2016. 
RESULTADOS: o HIV se manteve no topo doença epidemia de infecções sexualmente 
transmissíveis mais prevalentes desse estudo, seguido do HPV, sífilis adquirida latente 
recente e tardia, e como quarta causa as uretrites gonocócicas e não gonocócicas. 
CONCLUSÕES: subpopulação de linfócitos TCD4 < 200 células/ mm³ são frequentes em 
HIV/AIDS. O diagnóstico tardio eleva as taxas de mortalidade, imunossupressão grave e 
doenças oportunistas associadas. HIV, Papilloma vírus humano, treponema pallidum e 
Neisseria gonorrhoeae foram os agentes etiológicos mais prevalentes. O tratamento adequado 
reduz a letalidade e melhora a qualidade de vida do paciente. 
 
Palavras-chave: HIV/AIDS. Sífilis. HPV. Infecções Sexualmente Transmissíveis. Teste 
Rápido. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
ABSTRACT 
 
INTRODUCTION: Sexually transmitted infections (STIs) remain at high detection rates. 
Expansion of diagnosis for rapid testing and immediate treatment reduces the complications 
of the disease. 
OBJECTIVES: To study the clinical and laboratory profile of patients with HIV / AIDS, 
describe the histopathologic features of Kaposi's sarcoma, analyze the sensitivity profile and 
specificity of the rapid test for syphilis and HIV and to identify the prevalence of STIs. 
METHODOLOGY: This is a retrospective study, descriptive, analytical and quantitative in a 
Specialized Care Service (SAE) in IST, through rapid testing for HIV / AIDS and syphilis. 
Reagent samples were confirmed by standard methods. All patients received adequate 
treatment and were outpatient follow-ups every 90 days for two years. Pregnant women with 
HIV or syphilis received monthly care. The Ethics Committee for Research involving human 
subjects via Platform Brazil accepted and granted Presentation Certification for Ethics 
Assessment (CAAE) filed with the number identifier: 43410915.0.0000.5049. The research 
site was the Hospital Our Lady of Conception, Street 1018, Step 4, 148 - Ceará set, Fortaleza 
- CE, 60532-690. The survey period covered the period March 2014 to May 2016. 
RESULTS: HIV remained the top epidemic of sexually transmitted infections most prevalent 
of this study, followed by HPV, acquired syphilis recent latent and late, and as the fourth 
cause gonococcal urethritis and non-gonococcal. CONCLUSIONS: subpopulation of CD4 T 
lymphocytes < 200 cells / mm³ are frequent in HIV / AIDS. Late diagnosis increases the high 
mortality rates, severe immunosuppression and associated opportunistic diseases. HIV, human 
Papilloma virus, Treponema pallidum and Neisseria gonorrhoeae werethe most prevalent 
etiological agents 
 
Keywords: HIV / AIDS. Syphilis. HPV. Sexually Transmitted Infections. Quick test. 
 
 
 
8 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1: Manifestações clínicas, de acordo com a evolução e estágios da sífilis 
adquirida……………………….............................................................… 
 
Quadro 2: Avaliação dos métodos laboratoriais.……………………….…………… 
Quadro 3: Resumo dos esquemas terapêuticos para sífilis e seguimento.................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTAS DE FIGURAS 
 
Figura 1: Cronologia das manifestações da sífilis adquirida…….………………… 16 
Figura 2: Esquema para o diagnóstico da sífilis….…..……………….…………… 20 
Figura 3: Incidência e prevalência de infecções sexualmente transmissíveis no 
período de maio de 2014 a maio de 2016................................................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
10 
1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………… 
2 OBJETIVOS…………………………………………………….…………… 
2.1 Geral…………………………………………………………………………. 
2.2 Específicos………………………………………………………………….. 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA…………………………………………… 
3.1 Incidência e prevalência do Sarcoma de Kaposi................................................ 
3.2 Associação entre Sarcoma de Kaposi e AIDS.................................................... 
3.3 Manifestações clínicas e complicações do Sarcoma de Kaposi.......................... 
3.4 Tratamento do Sarcoma de Kaposi..................................................................... 
3.5 Prognóstico do Sarcoma de Kaposi.................................................................... 
3.6. Manejo da sífilis adquirida................................................................................. 
3.7 Métodos para o diagnóstico da sífilis adquirida e sífilis na gestação.................. 
3.8 Tratamento da sífilis adquirida e sífilis na gestação........................................... 
3.9 Reação de Jarisch-Herxheimer............................................................................ 
3.9.1 Alergia à penicilina............................................................................................. 
3.10 Seguimento da sífilis adquirida e sífilis na gestação.......................................... 
3.11 Sífilis congênita.................................................................................................. 
3.11.1 Manifestações clínicas da sífilis congênita........................................................ 
3.11.2 Sífilis e HIV....................................................................................................... 
3.12 Seguimento da sífilis congênita.......................................................................... 
4 METODOLOGIA............................................................................................. 
4.1 Tipo de estudo................................................................................................... 
4.2 Local e período.................................................................................................. 
4.3 Amostra e critérios de inclusão e exclusão........................................................ 
4.4 Limitações e riscos............................................................................................. 
4.5 Aspectos éticos.................................................................................................. 
4.6 Análise de dados............................................................................................... 
4.7 Outras informações............................................................................................ 
5 RESULTADOS................................................................................................. 
5.1 Relatório de patologia cirúrgica de Sarcoma de Kaposi.................................... 
11 
 
5.2 Coinfecção por Mycobacterium Tuberculosis e Leprae em paciente com 
HIV/AIDS............................................................................................................ 
 
6 DISCUSSÃO........................................................................................................ 
 CONCLUSÃO..................................................................................................... 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 
 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
1 INTRODUÇÃO 
 
A síndrome da imunodeficiência humana adquirida é uma doença infectocontagiosa 
causada pelo HIV 1 e 2 inicialmente manifestando sinais e sintomas de uma síndrome 
retroviral aguda e se não tratada em tempo hábil, evolui para AIDS em 6 a 10 anos, 
caracterizando-se por uma imunodepressão avançada, com taxa de linfócitos TCD4 < 200 
células/ mm³. Pneumonia por pneumocystis jiroveci, febre e diarreia prolongada, 
toxoplasmose cerebral e infecção do sistema nervoso central causado por bactérias, vírus e 
fungos elevam as taxas de mortalidade nesses pacientes. 
Sarcoma de Kaposi, micobacteriose atípica e linfoma surgem em pacientes com 
doença avançada e a contagem de linfócitos T CD4 encontrava-se < 50 células/ mm³. A 
infecção permanece silenciosa e o diagnóstico tardio interfere diretamente na qualidade de 
vida e prognóstico dos pacientes. 
 Infecções oportunistas leves surgem quando a redução dos níveis de linfócitos TCD4 
atingem níveis inferires a 350 células/ mm³, causando rinossinusite, pneumonia de repetição, 
candidíase oral, candidíase esofágica, herpes zoster e tuberculose pulmonar. 
A estimativa atual de infectados pelo HIV/AIDS aproxima-se de 35 milhões de 
pessoas em todo o mundo, com média anual de 2,5 milhões de novas infecções. Estima-se a 
existência de 1.6 milhões de indivíduos com HIV na América Latina com maiores índices de 
infecção no Brasil, Colômbia, México e Venezuela. 
No Brasil, a prevalência de portadores HIV/AIDS é de aproximadamente 734 mil 
pessoas. No Ceará, desde o início da epidemia em 1983 até 2014 foram detectados e 
notificados 16.998 casos de AIDS. 
O HPV (Human Papillomavirus-papilomavírus humano) é a virose mais comum 
transmitida por via sexual, embora tenha predominado neste estudo o HIV/AIDS, por sermos 
um centro de referência em diagnóstico e tratamento do retrovírus. 
O Treponema pallidum, patógeno exclusivo do ser humano, é a bactéria mais 
prevalente entre as infecções sexualmente transmissíveis (IST) de etiologia bacteriana, e 
surtos epidêmicos vem mantendo elevada taxa de infecção adquirida latente recente e tardia, e 
na gestante, a transmissão vertical. 
Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis permanecem entre os agentes 
etiológicos mais prevalentes causadores de uretrite gonocócica e uretrite não gonocócica. 
13 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Geral 
 
 Estudar o perfil clínico e laboratorial dos portadores de HIV/AIDS em um Serviço de 
Atendimento Especializado em infecções sexualmente transmissíveis de Fortaleza, no 
período de março de 2014 a maio de 2016. 
 
2.2 Específicos 
 
 Descrever as características histopatológicas do sarcoma de Kaposi. 
 Analisar o perfil de sensibilidade e especificidade do teste rápido para sífilis e HIV. 
 Identificar a prevalência das infecções sexualmente transmissíveis em nosso serviço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
As infecções sexualmente transmissíveis (IST) apresentam elevada incidência e 
prevalência mundial, causadas por mais de 30 agentes etiológicos, incluindo vírus, bactérias, 
fungos e protozoários. A principal forma de contágio ocorre pelo contato sexual inter-
humano, transfusão de sangue e hemoderivados eventualmente, e pela exposição vertical da 
mãe para a criança,durante a gestação, parto e aleitamento materno. A estimativa de IST 
supera um milhão de casos diariamente. Estima-se também que 500 milhões de pessoas 
adquirem uma das IST curáveis (gonorreia, clamídia, sífilis e tricomoníase), 530 milhões 
infectados pelo herpes simples genital tipo 2 e mais de 290 milhões de mulheres infectadas 
pelo papiloma vírus humano (HPV). A infecção pelo HPV responde por 530 milhões de casos 
de câncer de colo uterino e 275 mil mortes anualmente. Atribui-se a sífilis congênita 300.000 
mortes fetais e neonatais/ano e risco de óbitos por prematuridade e baixo peso ao nascer em 
torno de 215.000 neonatos (CAVALCANTE, 2012; BRASIL, 2015). 
No Brasil existe o problema da subnotificação, causando distorções epidemiológicas 
reais, dificulta a criação de estratégias de controle. Além disso, muitos portadores não 
procuram o serviço de saúde por receio em expor sua sexualidade e por falhas na abordagem 
do profissional (ARAÚJO, 2007; AQUINO, 2008). Outro fator preocupante está relacionado 
ao aumento de casos de resistência bacteriana da Neisseria gonorrhoeae aos antibióticos, bem 
como mutações genéticas e resistência do HIV aos antirretrovirais. 
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), A incidência de IST no 
Brasil é de aproximadamente 12 milhões de casos anualmente. A subnotificação é de cerca de 
200 mil casos por ano, e 70% dos acometidos não buscam assistência médica bem como o 
correto diagnóstico (BRASIL, 2006). 
Segundo documento da UNAIDS (Joint United Nations Programme on HIV/ 
AIDS/Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, 2010), cerca de 7.000 
pessoas é infectado pelo HIV por dia no mundo e quase 34 milhões de pessoas com o vírus 
desconhecem a condição de portadora por não terem realizado exame sorológico investigativo 
(SOARES,2012). 
15 
A epidemia no Brasil é predominantemente de transmissão sexual e está concentrada 
em populações em alto risco de exposição ao HIV (populações-chave): usuários de drogas 
injetáveis, profissionais do sexo e homens que fazem sexo com outros homens (HSH) 
(GUIMARÃES, 2013). 
O Departamento de IST, AIDS e Hepatites Virais do Brasil estima aproximadamente 
734 mil pessoas vivendo com HIV/AIDS no Brasil em 2014, correspondendo a uma 
prevalência de 0,4%. As taxas de prevalência de HIV encontradas em 2008/2009 foram de 
5,9% entre usuários de drogas, 10,5% entre HSH e 4,9% entre mulheres profissionais do sexo 
(BRASIL, 2014). 
O crescimento da infecção por HIV entre heterossexuais levou ao aumento no número 
de casos em mulheres. Durante a última década, a incidência de AIDS evoluiu mais 
lentamente entre homens homossexuais e usuários de drogas injetáveis, mas tem aumentado 
significativamente entre a população heterossexual, especialmente entre jovens, mulheres e 
em pessoas de baixo poder aquisitivo socioeconômico. As mulheres mais afetadas são do 
grupo etário de 25 a 39 anos de idade (MIRANDA, 2012). 
Além da epidemia de HIV-AIDS, a sífilis também é um grave problema de saúde 
pública. É uma doença infecciosa sistêmica de evolução tendendo a cronicidade, de 
transmissão sexual, vertical e sanguínea, causada pelo Treponema pallidum, patógeno 
exclusivo do ser humano. Tendo em vista que a sífilis tem fases assintomática e latente, com 
uma diversidade de sinais e sintomas que podem levar facilmente a confusão diagnóstica com 
várias outras doenças, o diagnóstico laboratorial se reveste de grande importância e, às vezes, 
na única maneira de identificá-la. A OMS em 2010 publicou estimativa de ocorrência de 11 
milhões de casos novos de sífilis por ano no mundo, sendo 2,4 milhões para a América Latina 
e Caribe. Treponema pallidum hemaglutination (TPHA) e Venereal Diseases Research 
Laboraty (VDRL) são testes diagnósticos de sífilis. Obtêm-se o diagnóstico com um teste de 
VDRL reagente com qualquer titulagem e o TPHA reagente (PINTO, 2014). 
A sífilis congênita é uma doença de fácil prevenção, mediante o acesso precoce à 
testagem durante o pré-natal e o tratamento adequado das gestantes positivas, incluindo o 
tratamento do parceiro. Entre 1998 e junho de 2012, foram notificados no SINAN, 80.041 
casos de sífilis congênita em menores de um ano de idade (BRASIL, 2012). 
16 
Estudo realizado em Fortaleza - CE encontrou que 34,5% das gestantes com VDRL 
reagente se encontravam na adolescência. Tais achados confirmam a iniciação sexual precoce 
e desprotegida, o que remete à necessidade de incentivar as práticas sexuais seguras. Outro 
ponto importante, é que apesar de a sífilis congênita e a sífilis na gestante serem agravos de 
notificação compulsória desde 1986 e 2005, respectivamente, ainda persiste a ausência de 
uniformidade no diagnóstico e na conduta, bem como as falhas no mecanismo de notificação. 
Sabe-se que o número de casos de sífilis congênita, que é usado para gerar as taxas de 
incidência utilizada pelo Programa Nacional de IST e AIDS do Ministério da Saúde, é muito 
menor do que o esperado (COSTA, 2013). 
Existe importante associação entre HIV-AIDS e hepatites virais por diferentes tipos de 
vírus, sendo os mais comumente causadores de hepatopatia o vírus A (HAV) de caráter 
indolente e raramente associado a hepatite fulminante, o vírus B (HBV) mais intrinsecamente 
causador de carcinoma hepatocelular e a cirrose hepática atribuída ao vírus C (HCV). A 
importância das hepatites virais no âmbito da saúde pública é notória em virtude do número 
de indivíduos acometidos e das complicações advindas da infecção. Portanto, as pessoas 
infectadas pelo vírus das hepatites B e C correm risco de evoluir para cronicidade, fígado 
cirrótico e carcinoma hepatocelular. 
No caso do HBV a transmissão se faz principalmente por via sexual. A transmissão 
vertical também apresenta relevante frequência na transmissão do HBV. A transmissão do 
HCV ocorre principalmente por via parenteral e em indivíduos expostos a transfusão de 
sangue ou hemoderivados. OMS aponta que, no mundo, existem aproximadamente 2 bilhões 
de pessoas infectadas pelo HBV no mundo, 350 milhões de portadores crônicos e 600 mil 
óbitos esperados por ano em consequência da doença. Para a hepatite viral C estimam-se de 3 
a 4 milhões de pessoas infectadas por ano no mundo, 130 a 170 milhões de pessoas 
portadoras crônicas da HCV com risco de evoluir para cirrose hepática ou câncer de fígado. 
São estimadas ainda cerca de 350 mil mortes por ano devido à doença do fígado provocada 
pela HCV (OLIVEIRA, 2014). 
Para facilitar o diagnóstico e tratamento precoce de HIV-AIDS, sífilis e hepatites B e 
C, atualmente se dispõem no país de testes rápidos. Testes Rápidos (TR) são imunoensaios 
simples, que podem ser realizados em até 30 minutos. Como consequência do 
desenvolvimento e da disponibilidade de TR, o diagnóstico do HIV atualmente pode ser 
17 
realizado em ambientes laboratoriais e não laboratoriais, permitindo ampliar o acesso ao 
diagnóstico. Os TR são ideais para fornecer resultados no mesmo dia em uma variedade de 
situações e locais (BRASIL, 2014) 
No Ceará, a Secretaria da Saúde do Estado desenvolve ações que favorece ao acesso 
do diagnóstico precoce do HIV, através de capacitações para os profissionais de saúde do 
Estado, em testagem rápida para o HIV e sífilis, em parceria no “Projeto Fique” Sabendo 
Jovem/UNICEF em na realização de campanhas. O Fique Sabendo atua em duas frentes: em 
Unidades Básicas de Saúde e ambulatórios ou em locais como praças, feiras e eventos 
específicos. Além da realização de testes rápidos, distribui insumos para prevenção, como 
camisinhas, gel lubrificante e material informativo sobre IST com ênfase ao HIV/AIDS e 
hepatites virais. (BRASIL; SESA, 2014). 
Com o advento da Terapia antirretroviral (TARV) combinada, muitos pacientes 
conseguem sobreviver por mais tempo com o HIV/AIDS, melhorando a qualidade de vida e 
reduzindo os agravos que levam ao internamento hospitalar, principalmente em decorrênciade doenças oportunistas como pneumocistose (pneumocystis jiroveci), síndromes diarreicas e 
disabsortivas, neurotoxoplasmose, meningoencefalite viral, bacteriana e fúngica, 
histoplasmose pulmonar e disseminação hematogênica. Na Suiça, foi verificada uma redução 
de 48% das internações após a introdução da terapia antirretroviral específica (NUESCH, 
2002). 
Frente à mudança do padrão da doença, os pacientes infectados com o HIV 
apresentam uma doença crônica. Isso gera tanto complicações clínicas como falência renal 
aguda (LI, 2012) e doenças cardiovasculares (Lipshultz, 2012), quanto psicossociais, como 
depressão e uso de drogas (MILLARD, 2014). 
Devido ao caráter crônico e a possibilidade de transmissão, os pacientes acabam 
apresentando algum grau de comprometimento de suas atividades sociais. Por esse motivo, 
muitos trabalhos tem avaliado a qualidade de vida de pacientes vivendo com HIV 
apresentando resultados variáveis, apesar de a TARV ter reduzido a sintomatologia dos 
pacientes (LIU, 2006). 
Os pacientes com HIV necessitam de um grande número de consultas para receber as 
informações necessárias e avaliação do status imune e aspectos clínicos, para um melhor 
controle da doença. Logo, se o paciente não receber as informações de forma correta e 
18 
completa após o diagnostico, ele apresentará um maior risco de não seguir o tratamento 
corretamente e prejudicar o seu prognóstico (STASINOPOULOU, 2010). 
Outro grande desafio da TARV é a necessidade de uma elevada aderência ao 
tratamento para que seja atingido um nível esperado de eficácia. Um estudo norte- americano 
demonstrou que pacientes HIV positivos que auto relataram adesão ao tratamento Igual ou 
superior a 95% das doses prescritas apresentaram carga viral indetectável nas posteriores 
avaliações (PETERSON, 2000). 
Devido a isso, é importante determinar o grau de compreensão dos pacientes acerca de 
sua doença e esclarecer as principais dúvidas pode auxiliar os pacientes de maior risco e, com 
isso, avaliar o impacto das orientações fornecidas no momento da inclusão do paciente no 
estudo. Ademais, observa-se que uma maior clareza e coerência da informação, transmitida ao 
paciente, eleva as chances que as políticas de saúde pública tragam impactos significativos 
para a população em geral (BERG, 2006). 
Em suma, justifica-se a proposta do projeto de pesquisa em pauta, para a avaliação do 
número de casos diagnosticados de hepatite B e C, HIV-AIDS e sífilis, no período de agosto 
de 2014 à maio de 2016, em um hospital da cidade de Fortaleza-Ce, com vistas à 
compreensão e discussão dos diferentes aspectos que permeiam o uso de testes rápidos para 
essas doenças, bem como conhecer a avaliação dos usuários diagnosticados através desse 
serviço, no que diz respeito ao acesso, aconselhamento pré e pós teste, e orientação para o 
tratamento em centros de referência. 
 
3.1 Incidência e prevalência do Sarcoma de Kaposi 
 
O Sarcoma de Kaposi (SK) é uma neoplasia maligna associada ao vírus HIV, que 
geralmente atinge a pele, os tecidos subcutâneos e as mucosas. Sua apresentação clínica se 
caracteriza por pápulas eritemato-violáceas e assintomáticas, as quais evoluem para placas 
arroxeadas com um halo amarelado. Pode ser classificado em quatro variantes clínicas: 
clássica, endêmica, iatrogênica e associada ao HIV. 
O SK é um tumor maligno associado à infecção pelo vírus HIV, aparecendo, muitas 
vezes, como o primeiro sintoma da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). É, 
19 
portanto, uma neoplasia angioproliferativa maligna, que geralmente atinge a pele, os tecidos 
subcutâneos e as mucosas. Em formas mais agressivas, porém, pode haver acometimento da 
cavidade oral, trato gastrointestinal e pulmões, forma clínica conhecida como SK visceral. 
Clinicamente, há pápulas eritêmato-violáceas, assintomáticas, localizadas em pele e 
mucosas, como face, tronco, membros e cavidade oral. A lesão inicial pode ser única ou 
múltipla, e evolui para placas arroxeadas com um halo amarelado ao seu redor. 
É classificado em quatro variantes clínico-epidemiológicas, que parecem estar 
associadas à infecção pelo herpes vírus humano tipo oito (HHV8). Esta classificação foi 
descrita por Stebbing e colaboradores em 2003. Dessa forma, podemos estratificar o SK como 
clássico, endêmico, iatrogênico ou associado à infecção pelo vírus HIV. 
A doença geralmente acomete indivíduos com baixa contagem de linfócitos T CD4 (< 
250 células/ mm³), sendo bem estabelecido que fatores como o grau de imunossupressão, 
associado ao herpes vírus humano tipo 8 (HHV-8) estão diretamente ligados a sua ocorrência. 
O SK é uma neoplasia cutânea maligna de baixo grau que tem origem mesenquimal, 
causa desconhecida, mesmo que se correlacione com o HHV-8 (Cheung, 2004) e que se 
desenvolve nos tecidos conectivos como a cartilagem, o osso, a gordura, o músculo, os vasos 
sanguíneos, ou os tecidos fibroso sendo mais frequente em áreas mucocutâneas, podendo 
também acometer linfáticos e órgãos (PANTANOWITZ, 2008; ITARGET, 2015). 
Foi descrita inicialmente pelo húngaro Moritz em 1872 e permanece como uma 
neoplasia rara até os dias de hoje, acometendo mais homens e a população idosa de 
descendência italiana e judia na Europa e América do Norte. Também há registros de maior 
prevalência em africanos, sendo estes mais jovens (BRASIL, 2013). 
Em 1969 foi observada pela primeira vez a relação do SK com uso de terapia 
imunossupressora pós-transplante (CHEUNG, 2004). A partir de então diversos estudos 
mostraram resultados compatíveis e se obteve o dado de que pacientes transplantados e 
submetidos à terapia imunossupressora tem entre 150 e 200 vezes mais chance de desenvolver 
o SK que a população normal (ANTMAN, 2000). 
Em 1994 foi descoberta a relação do herpes vírus 8 (HHV 8) com o SK, pois as 
biópsias desses tecidos (independente da forma da doença) mostraram todas essa cepa do 
20 
herpes vírus, entretanto esta estava ausente em biópsias de tecidos sem a doença 
(STEBBING, 2006). 
Dado muito relevante é a epidemia de SK associado aos pacientes portadores de 
síndrome da imunodeficiência adquirida (LITTLE, 2006). O sistema imunológico é 
constituído por células que se caracterizam pela capacidade de reconhecer determinadas 
estruturas moleculares ou antígenos, desenvolvendo uma resposta benéfica diante destes 
estímulos, provocando sua destruição ou inativação. 
O vírus HIV contribui para diminuição da imunidade, assim, o indivíduo torna-se 
mais susceptível a doenças oportunistas, como o SK. Segundo Friedman-Kein (1990), o SK 
era conhecido como uma doença rara que se tornou epidêmica entre homossexuais do sexo 
masculino, os quais são mais vulneráveis as condições que facilitam a transmissão do HIV. A 
imunossupressão pode desencadear a enfermidade, sendo considerada a primeira 
manifestação da AIDS. 
No Brasil, os dados do Ministério da Saúde revelam um total de 120.399 casos 
notificados de AIDS até novembro de 1997. Destes, 6.267 ou 5,4% apresentavam o 
diagnóstico de SK associado. Os dados, agrupados por períodos de tempo, mostram que, de 
1980 a 1984, 17,9% dos casos de AIDS tinham associado o diagnóstico de SK. No período de 
1985 a 1987, 13,3% e, de 1988 a 1997, 5,1%. 
Geralmente o SK é assintomático, exceto em casos mais graves, quando algumas 
lesões podem se tornar maiores e ulceradas, ou comprimir tecidos adjacentes, desencadeando 
sintomas como dor, edema, obstrução de vias aéreas e trato digestório, bem como o elevado 
risco de hemorragia alveolar pulmonar e edema agudo de pulmão. 
 
3.2 Associação entre Sarcoma de Kaposi e AIDS 
 
Devido ser uma neoplasia muito rara na população em geral, durante a década de 1980 
foi suspeitado que alguma condição patológica estivesse causando uma grande epidemia de 
SK, principalmente em homens jovens (DETAILED, 2005). Assim, descobriu-se a relação 
entre a SK e AIDS, pelo caráter epidêmico vivenciadono momento, e por promover depleção 
da imunidade específica com queda dos linfócitos TCD4, com a neoplasia em questão 
21 
(NGUYEN, 2008). A partir daí, tornou-se uma doença definidora de AIDS por ser muito rara 
sua apresentação em indivíduos imunocompetentes (DETAILED, 2005). 
O SK relacionado à AIDS está diretamente relacionado com a baixa imunidade e a 
infecção pelo herpes vírus humano tipo 8 -HHV8 (TAPPERO, 1993; AZULAY, 2004). A 
transmissão do HHV8 está inclusive, mais relacionada com relações homossexuais onde 95% 
foram encontrados neste grupo, e apenas 3% nos usuários de drogas injetáveis, todos 
portadores do HIV, o que corrobora que a AIDS deprime o sistema imunológico e predispõe 
ao surgimento de doenças oportunistas, incluindo neoplasias (AZULAY, 2004; MARTINEZ, 
2006; ). 
Geralmente se desenvolve em pacientes com contagem de linfócitos TCD4 abaixo de 
150 células/mm³. O envolvimento cutâneo é a manifestação mais comum, entretanto, quando 
associado a AIDS, o acometimento visceral do SK é visto mais frequentemente, aparecendo 
em linfonodos (72%), pulmão (51%), trato gastrintestinal (48%), fígado (34%) e baço (27%). 
(RESTREPO, 2006). 
Quando compromete a pele, costuma eclodir em diversas regiões logo depois que a 
AIDS se manifesta, onde alguns pacientes costumam não manifestar sintomas além das 
lesões, entretanto muitos outros podem cursar também com nódulos linfáticos edemaciados, 
perda de peso, febre de origem obscura e complicações relacionadas ao acometimento 
visceral. (RESTREPO, 2006). 
O número de casos de SK relacionado à SIDA demonstra diminuição significativa 
com o surgimento da terapia antirretroviral e de novas terapêuticas eficazes contra o HIV, 
indicando manutenção de taxas mais altas de linfócitos CD4. (LODI, 2010). 
No início da década de 1980, cerca de 48% dos pacientes com AIDS apresentavam 
SK, enquanto que apenas 20% tinham esta condição no fim da mesma década após a 
descoberta da terapia antirretroviral (MARTINEZ, 2006). Além disso, a agressividade das 
manifestações neoplásicas reduziu após o advento da TARV (NGUYEN, 2008). Os casos de 
SK associado a AIDS devem ser notificados ao Sistema de Informação de Agravos de 
Notificação (SINAN). (ITARGET, 2015). 
 
 
22 
 
 
3.3 Manifestações clínicas e complicações do Sarcoma de Kaposi 
 
As manifestações tem curso clínico bastante variável podendo ter acometimento 
cutâneo ou visceral isolado ou ambos, sendo bem mais frequentes as lesões cutâneas (TIUSSI, 
2012). 
A evolução é lenta e progressiva onde no início surgem máculas de cores variadas a 
depender do tom de pele do paciente (eritematosas, cianóticas, purpúrica ou hemossiderótica), 
que tendem a evoluir pra pápulas e nódulos avermelhados, azulados ou purpúricos, palpáveis 
e não pruriginosos. Essas pápulas e nódulos podem confluir, formando placas, que podem 
ulcerar ou adquirir caráter verrucoso e vegetante. (WANG, 2013). 
As lesões cutâneas variam de milímetros a vários centímetros, acometem mais 
frequentemente a boca, os braços, o tronco e membros inferiores, acompanham as linhas de 
tensão da pele e geralmente são difusas (WANG, 2013). Traumas e lesões cutâneas prévias 
podem favorecer o acometimento cutâneo do Sarcoma de Kaposi, constituindo o fenômeno de 
Koebner (JANIER, 1990). 
Quando afeta a cavidade oral aparece mais comumente no palato duro, porém pode se 
localizar em qualquer estrutura interna, cursando com disfagia, sangramentos e hipoplasia 
dentária. Quando acomete a região plantar dos pés, costuma originar dor à deambulação. 
Quanto ao acometimento visceral, costuma atingir mais o fígado, trato gastrointestinal e 
pulmões, sendo importantes sítios de complicações da doença (TIUSSI, 2013). 
O acometimento gastrointestinal indica maior gravidade da infecção pelo HIV 
(contagem mais baixa de CD4) e, geralmente, não acarreta sintomas, porém pode se 
manifestar com dor abdominal, sangramentos e diarreia e, em maior gravidade, com 
obstrução. A biópsia não está indicada, pois o comprometimento é submucoso e os resultados 
são limitados nesta apresentação (WANG, 2013). 
Quando aparece em linfonodos costuma causar hipertrofia e demonstrar aspecto 
endurecido, móvel e parenquimatoso, sendo mais comum em região inguinal e cervical 
(KROWN, 2008). 
23 
Pode ocorrer linfedema secundário a obstrução dos vasos linfáticos, se manifestando 
mais em extremidades inferiores, mais raramente em tórax e braços e, geralmente, requer 
biópsia de linfonodos pra investigação (KROWN, 2008). 
O acometimento pulmonar pode se apresentar com dispneia, tosse, hemoptise e dor 
torácica e complicar com derrames pleurais, hemorragias e insuficiência respiratória levando 
a óbito. A biópsia não está indicada devido aos resultados limitados e risco de desencadear 
sangramentos potencialmente graves (WANG, 2013). É válido salientar que as lesões podem 
acometer todo o trato respiratório desde a laringe, traqueia e brônquios até os pulmões 
(TIUSSI, 2013). 
Após o tratamento com corticosteroides pode ser deflagrada a síndrome de 
reconstituição imune devido a supra regulação da expressão de receptores esteroides, 
manifestando odinofagia, náuseas, vômitos, dor abdominal, hematêmese, hematoquezia, 
melena e outras hemorragias (GILL, 1989; GUO, 1995). 
As diferentes formas da doença costumam ser indistinguíveis clinicamente, 
necessitando investigação histopatológica onde se detecta células fusiformes, fendas 
vasculares e infiltrado de eritrócitos e células inflamatórias variáveis (KROWN, 2008). 
 
3.4 Tratamento do Sarcoma de Kaposi 
 
Os principais objetivos são aliviar os sintomas provocados pela disseminação tumoral, 
prevenir a progressão e reduzir o tamanho da massa tumoral aliviando o edema, bem como as 
complicações da disseminação visceral e o dano psicológico (MOSAM, 2012). 
A TARV é recomendada em todos os pacientes com SK associado a AIDS, e diversos 
estudos demonstraram substancial redução das lesões após introdução deste tratamento, não 
estando relacionado ao tipo de medicação (inibidor de proteases ou transcriptase reserva) e 
sim a taxa de elevação da contagem de linfócitos CD4 e redução da carga viral dos pacientes 
(CIANFROCCA, 2010). 
Pacientes de baixo risco geralmente tem regressão do tumor apenas com o advento da 
terapia antiretroviral, entretanto aqueles de alto risco necessitam de combinação da TARV 
com quimioterapia ou radioterapia. (KROWN, 2004). 
24 
Sabendo que o HHV8 está diretamente relacionado com o surgimento das lesões é de 
se supor que a terapia com agentes anti-virais (como o aciclovir, ganciclovir e foscarnet) 
possa promover melhora das lesões do SK, entretanto nenhum estudo comprova esta 
efetividade, estando todos em desacordo. (ENGELS, 2003). 
A radioterapia demonstra excelentes resultados na regressão das lesões do SK, 
principalmente as localizadas e na cavidade oral, sendo mais restrito em focos viscerais. 
(SINGH, 2008). 
Injeções intralesionais de Vinblastina e Alitretinoina também se mostraram eficazes 
em focos localizados. (BODSWORTH, 2001). 
A quimioterapia é geralmente usada em casos de doença avançada ou rápida 
progressão e é ampara por critérios como extenso envolvimento de pele (acima de 25 lesões), 
linfedema secundário ao SK, envolvimento visceral sintomático, síndrome imunológica, 
lesões cutâneas que não respondem ao tratamento local, pacientes com progressão das lesões 
mesmo após início da terapia antirretroviral e pacientes com síndrome de reconstituição 
imune. (BOWER, 2008). A medicação de primeira linha é a doxorubicina lipossomal (deve 
ser utilizada em monoterapia), entretanto outros agentes podem ser utilizados como 
bleomicina, vinblastina e vincristina. (JANUSCH, 2006). 
Em resumo, a TARV é indicada em todos os pacientes, a quimioterapia é indicada nos 
casos citados acima devendo ser iniciada com doxorubicina lipossomal ou outros agentes 
(bleomicina, vinblastina e vincristina)quando não se mostrar eficaz, nos pacientes com 
progressão da doença após doxorubicina lipossomal deve-se optar pelo paclitaxel, pacientes 
sintomáticos, com desfiguração e pequenas lesões está indicado tratamento local com injeção 
intralesional de vinblastina ou alitretioina e nos casos em que estes não demonstrarem 
efetividade ou em pacientes com lesões extensas deve ser escolhida a radioterapia. 
(JANUSCH, 2006). 
 
3.5 Prognóstico do Sarcoma de Kaposi 
 
O principal determinante da sobrevida é a contagem de células TCD4+ no momento 
do diagnóstico do SK e a imunossupressão avançada da AIDS (Brasil, 1997). 
25 
A história natural assume diferentes desfechos, podendo se manter estável, com 
poucas lesões, sem repercussões clínicas e sem progressão para formas graves e fatais. 
(AMERICAN CANCER SOCIETY, 2013). 
Aproximadamente metade dos pacientes evolui com disseminação das lesões cutâneas 
e envolvimento visceral podendo ter complicações inerentes de cada órgão como hemorragia 
pulmonar, derrame pleural, hipertensão portal, hemorragia intra-hepática, obstrução intestinal, 
dentre outras (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2013). 
 
3.6 Manejo da sífilis adquirida 
 
A sífilis é uma infecção bacteriana causada pelo Treponema pallidum (T. pallidum), 
um agente Gram-negativo do grupo das espiroquetas, curável e exclusiva do ser humano. A 
principal via de transmissão é sexual, seguida pela transmissão vertical da gestante acometida 
por sífilis, não tratada ou inadequadamente tratada. 
Dependendo do estágio evolutivo da infecção, a escassez ou ausência de 
sintomatologia predispõe a transmissão aos contatos sexuais. As principais complicações 
decorrentes da cronicidade da doença podem comprometer o sistema nervoso, cardiovascular 
e osteoarticular. 
Existem duas formas clínicas para a classificação da sífilis adquirida. Segundo o 
tempo de infecção: sífilis latente recente (até um ano de infecção), e sífilis latente tardia (mais 
de um ano de infecção) e segundo as manifestações clínicas da sífilis adquirida (Figura 1): 
Sífilis primária: denominada de cancro duro ou protossifiloma de inoculação, em 
geral apresenta-se como uma lesão única, indolor, base endurecida e fundo limpo, rica em 
treponemas, e acompanhada de linfadenopatia inguinal. O período de incubação dura entre 1º 
a 90 dias (média de três semanas) e a erosão ou ulceração no local da inoculação da bactéria, 
podendo acometer pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca e pele. O período evolutivo 
da sífilis primária poderá ter duração de duas a seis semanas e desaparecer espontaneamente, 
independente do tratamento. 
Sífilis secundária: as manifestações clínicas do secundarismo luético surgem em 
média entre seis semanas e seis meses após a infecção inicial. A duração do estágio 
26 
secundário varia entre quatro a 12 semanas, todavia as lesões podem recrudescer em surtos 
subentrantes por até dois anos. Nesse estágio, podemos observar a presença de lesões 
cutaneomucosas não ulcerativas disseminadas pelo corpo, pápulas palmo-plantares, febre, 
cefaleia, adinamia e linfadeniopatia generalizada e tende a desaparecer espontaneamente 
independente do tratamento. Menos comumente, mas não menos importante é o risco de 
comprometimento meníngeo e ocular como uveíte e coriorretinite, chamando atenção em 
especial aos portadores do vírus HIV, devida maior repercussão clínica da doença. 
Na fase secundária da sífilis o sistema imunológico encontra-se bem responsivo, com 
intensa produção de anticorpos contra o treponema pallidum. Os testes não treponêmicos 
encontram-se em maiores títulos de anticorpos e nesse estágio os testes treponêmicos também 
apresentam resultado reagente. 
As lesões secundárias são ricas em treponemas e podem se manifestar como máculas 
(roséola) e/ou pápulas no tronco, principalmente. Lesões eritemato-escamosas palmo-
plantares sugerem fortemente o diagnóstico de sífilis secundária. Placas eritematosas branco-
acinzentadas nas mucosas. Lesões pápulo-hipertróficas em mucosas ou pregas cutâneas 
(condiloma plano ou condiloma lata), e alopecia em clareira e madarose (perda das 
sobrancelhas, sendo o terço distal mais acometido). 
Sífilis latente: nesse estágio o paciente encontra-se assintomático, embora 25% deles 
alternem com lesões de secundarismo e períodos de latência no primeiro ano da infecção 
(sífilis latente recente). O diagnóstico realiza-se por reatividade imunológica através da 
detecção de anticorpos em quase totalidade dos casos, principalmente se a infecção ultrapassa 
um ano de evolução (sífilis latente tardia). Caso o estágio de evolução da enfermidade seja 
desconhecido ou ignorado, o paciente deverá ser tratado como sífilis latente tardia. 
Sífilis terciária: devido ao uso indiscriminado de antibióticos com espectro de ação 
sobre o treponema pallidum ao longo da vida, essa forma de infecção raramente é encontrada, 
embora 30% das infecções não tratadas após um longo período de latência que se estende 
entre dois a 40 anos depois do início da infecção é possível evidenciar manifestações 
inflamatórias e destruição tecidual, principalmente acometendo o sistema nervoso e 
cardiovascular. A formação de gomas sifilíticas (tumoração e tendência a fistulização) em 
pele, mucosas, ossos ou qualquer outro tecido, causando incapacidades e desfiguração 
anatômica. As principais alterações relevantes para esse estágio da infecção englobam: 
27 
 Cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter destrutivo; 
 Cardiovasculares: aortite sifilítica, aneurisma e estenose de coronárias; 
 Neurológicas: meningoencefalite aguda, subaguda e crônica, goma do cérebro 
ou da medula, atrofia de nervo óptico, lesão do VII par de nervos cranianos 
(nervo facial), demência, tabes dorsalis e paralisia geral. 
 Ósseas: periostite, artrites, sinovites, nódulos justa-articulares, e osteíte gomosa 
ou esclerosante. 
A neurossífilis acomete o sistema nervoso central (SNC) e pode surgir em qualquer 
estágio da doença, inclusive em fases iniciais, caracterizada por reação inflamatória da bainha 
de mielina, sem destruição anatômica das estruturas neurais. 
 
Quadro 1: Manifestações clínicas, de acordo com a evolução e estágios da sífilis adquirida 
EVOLUÇÃO ESTÁGIOS DA SÍFILIS 
ADQUIRIDA 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
 
 
Sífilis recente (menos de 
um ano de duração) 
Primária 
─ 10 a 90 dias após contato, em média três 
semanas. 
─ A lesão desaparece sem cicatriz em duas 
a seis semanas com ou sem tratamento. 
 Úlcera genital (cancro duro) indolor, 
geralmente única, com fundo limpo, 
infiltrada. 
 Linfonodos regionais indolores, de 
consistência elástica, que não fitulizam 
Secundária 
─ - Seis semanas a seis meses após o 
contato. 
─ As lesões desaparecem sem cicatrizes em 
quatro a 12 semanas. 
─ Pode haver novos surtos 
─ Lesões cutaneomucosas sintomáticasa 
─ Sintomas gerais, micropoliadenopatia 
─ Pode haver envolvimento ocular (ex: 
uveíte), hepático e neurológico (ex: 
alterações nos pares cranianos, 
meningismo) 
Latente recente
a
 ─ Assintomática, com testes imunológicos 
reagentes 
 
Sífilis tardia (mais de um 
ano de duração) 
Latente tardia
b
 ─ Assintomática, com testes imunológicos 
reagentes. 
Terciária
c
 
─ Dois a 40 anos após contato. 
─ Quadro cutâneo destrutivo e formação de 
gomas sifiíticas que podem ocorrer em 
qualquer órgão 
a. Erupção maculosa (roséola) ou papulosa, lesões palmo-plantares com escamação em colarinho, placas mucosas 
(tênues e acinzentadas), lesões papulo-hipertrófias nas mucosas ou pregas cutâneas (condiloma plano), alopécia 
em clareiras e madarose (perda da sobrancelha). 
b. A maioria dos diagnósticos ocorre nesses estágios e difícil diferenciar a fase latente precoce da tardia. 
c. Lesões cutâneas nodulares e gomosas (destrutivas), ósseas (periostite, osteíte gomosa ou esclerosante), articulares 
(artrite, sinovite e nódulos justa-articulares), cardiovasculares(aortite sifiítica, aneurisma e estenose de 
coronárias), neurológicas (meningite, gomas do cérebro ou da medula, paralisia geral, tabes dorsalis e demência). 
 
 
 
 
28 
Figura 1: Cronologia das manifestações da sífilis adquirida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.7 Métodos para o diagnóstico da sífilis adquirida e sífilis na gestação 
 
É importante considerar o estágio evolutivo da sífilis para definir o método 
laboratorial a ser utilizado. Conhecer a epidemiologia, manifestações clínicas e complicações 
são determinantes para assegurar ao paciente o manejo correto à luz da ciência e tecnologia. A 
pesquisa direta do Treponema pallidum é indicada na fase inicial da doença, no local de 
inoculação da espiroqueta e no condiloma plano na sífilis. A sífilis recente primária e 
secundária pode ser feita pela microscopia de campo escuro (sensibilidade de 74% a 86%). 
O exame direto é uma ferramenta útil no início da infecção, quando ainda não houve tempo 
suficiente para a produção de anticorpos anti-T. pallidum, o ideal é que seja realizada a 
pesquisa direta do T. pallidum. A imunoflorescência direta, exame de material corado e 
biópsias são métodos diretos úteis para pesquisa direta de T. pallidum na sífilis recente 
primária e secundária (BRASIL, 2015). 
Os testes imunológicos na prática clínica diária são os mais utilizados e dividem-se 
em treponêmicos e não treponêmicos (Figura 2). 
 
Cancro duro 21-30 dias 
Adenopatia satélite 30-40 dias 
Roséa sifilítica 50-180 dias 
Sifílides e outras 
Sífilis recente 
Latente precoce 
Latente tardia 
Sífilis tardia 
 
 6 meses 12 meses 30 anos 
29 
Testes treponêmicos detectam anticorpos específios produzidos contra os antígenos 
do T. pallidum. São os primeiros a se tornarem reagentes e importantes para a confimação do 
diagnóstico. Na maioria das vezes, permanecem positivos mesmo após o tratamento adequado 
ad eternum. Portanto, não são indicados para o monitoramento da resposta ao tratamento. 
Segundo Brasil (2015), testes utilizados para o diagnóstico são os treponêmicos: 
testes de hemaglutinação e aglutinação passiva (TPHA, T. pallidum Haemagglutination Test); 
teste de imunoflorescência indireta (FTA-Abs, Fluorescent Treponemal Antibody-
Absorption); quimioluminescência (EQL, Electrochemiluminescence); ensaio 
imunoenzimático indireto (ELISA, Enzyme-Linked Immunosorbent Assay); testes rápidos 
(imunocromatográfios) e sua sensibilidade e especificidade são bem conhecidas (Quadro 2). 
Os testes rápidos são práticos e de fácil execução. A leitura do resultado pode ser 
imediata e em no máximo, 30 minutos o paciente já sabe da sua condição clínica de saúde. 
Podem ser realizados com amostras de sangue total colhidas por punção venosa ou por 
punção digital. A celeridade no diagnóstico e tratamento é determinante no controle 
epidêmico de muitas infecções sexualmente transmissíveis. 
Testes não treponêmicos: detectam anticorpos não específios anticardiolipina para os 
antígenos do T. pallidum, e podem ser qualitativos ou quantitativos. Tornam-se reagentes 
cerca de uma a três semanas após o aparecimento do cancro duro ou protossifiloma de 
inoculação. O teste qualitativo indica a presença ou ausência de anticorpo na amostra. O teste 
quantitativo permite a titulação de anticorpos. O resultado deve ser expresso em títulos (1:2, 
1:4, 1:32, 1:64, 1:128 e assim sucessivamente). É de suma importância conhecer o resultado 
da titulação para o diagnóstico e monitoramento da resposta ao tratamento. A resposta 
terapêutica poderá ser mensurada pela queda da titulação e importante para o seguimento 
ambulatorial, além de ser indicação de sucesso terapêutico (BRASIL, 2015). 
Exemplos de testes não treponêmicos com metodologia de floculação: VDRL ( 
Venereal Disease Research Laboratory), RPR (Rapid Test Reagin) e TRUST (Toluidine Red 
Unheated Serum Test). O VDRL baseia-se em uma suspensão antigênica composta por uma 
solução alcoólica contendo cardiolipina, colesterol e lecitina purificada e utiliza soro 
inativado como amostra. O RPR e o TRUST são modificações do VDRL que visam a 
aumentar a estabilidade da suspensão antigênica e permitir a leitura do resultado sob 
visualização direta (BRASIL, 2015). 
30 
O VDRL é o teste não treponêmico mais comumente utilizado. Se a infecção for 
detectada nas fases tardias da doença, são esperados títulos baixos (< 1:4), que podem 
persistir por meses ou anos. Quando não se conhece a fase evolutiva ou tempo de contágio da 
sífilis, e quando não existe registro de tratamento, o indivíduo é considerado portador de 
sífilis latente tardia, deverá receber o tratamento adequado (BRASIL, 2015). 
O fenômeno do “efeito prozona” sugere que amostras com títulos elevados podem 
apresentar resultados falso-negativos quando triadas sem uma diluição adicional (1:8 ou 16). 
Quando a amostra é processada sem diluir o soro ocorre a falha de reatividade do teste 
realizado em uma amostra que, embora contenha anticorpos não treponêmicos, apresenta 
resultado não reagente. Decorre da relação desproporcional entre as quantidades de antígenos 
e anticorpos presentes na reação não treponêmica, gerando resultados falso-negativos 
(BRASIL, 2015). 
Resultados falso-positivos podem ocorrer, uma vez que as reaginas podem surgir em 
doenças reumatológicas, gestação, drogadição. Sabendo dessa condição, torna-se necessário a 
confirmação do diagnóstico da sífilis, mediante a realização de um teste treponêmico, 
devendo ser utilizados os teste treponêmico (teste rápido ou FTA-Abs ou TPHA ou EQL ou 
ELISA). 
Teste não treponêmico (VDRL ou RPR ou TRUST): quando o teste rápido for 
utilizado como triagem e o resultado reagente, uma amostra de sangue deverá ser coletada e 
encaminhada para realização de um teste não treponêmico quantitativo, para definir melhor o 
caso quanto à infecção recente, infecção latente tardia e até sugerir cicatriz sorológica de 
infecção pregressa. 
 
 
 
 
 
 
 
31 
Figura 2: Esquema para o diagnóstico da sífilis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Legendas: IF: imunofluorescência. PCR: Reação em Cadeia por Polimerase. 
 
 
Quadro 2: Avaliação dos métodos laboratoriais 
 
Exame Sensibilidade % Especificidade % 
Campo escuro 85-95 100 
Imunofluorescência 90-95 >98 
VDRL 70-100 79-98 
FTA-Abs/Elisa 85-100 95-100 
MHA-TP 70-100 95-100 
PCR >95 >98 
 
Em caso de gestante, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste reagente, 
treponênico ou não treponêmico, sem aguardar o resultado do segundo teste. 
 
 
Sim Positivo 
Lesão Campo escuro/IF Tratar 
Não Negativo 
PCR 
Teste não treponêmico Repetir 
V.D.R.L Não reator 
Reator 
Titular Teste 
treponomênico
ular 
Reator 
Tratar 
Não reator 
Falso positivo 
 
32 
3.8 Tratamento da sífilis adquirida e sífilis na gestação 
 
Segundo BRASIL (2015), a penicilina é o medicamento de escolha para o tratamento 
da sífilis. Níveis de penicilina superiores a 0,018 mg por litro são considerados suficientes e 
devem ser mantidos por pelo menos sete a 10 dias na sífilis recente, e por duração mais longa 
na sífilis tardia. As recomendações a seguir satisfazem esses padrões. 
a) Sífilis primária, sífilis secundária e latente recente (até um ano de duração) 
 Penicilina G benzatina, 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada 
glúteo). 
Alternativa 
 Doxiciclina 100 mg, VO, 2xdia, por 15 dias (exceto para gestantes); 
 Ceftiaxona 1g, IV ou IM, 1xdia, por 8 a 10 dias para gestantes e não gestantes. 
b) Sífilis latente tardia (mais de um ano de duração) ou latente com duração 
ignorada e sífilis terciária 
 Penicilina G benzatina, 2,4 milhões UI, IM, (1,2 milhão UI em cada glúteo), 
semanal, por três semanas. Dose total de 7,2 milhões UI. 
Alternativa 
 Doxiciclina 100 mg, VO, 2xdia, por 30 dias (exceto para gestantes); 
 Ceftiaxona 1g, IV ou IM, 1xdia,por 8 a 10 dias para gestantes e não gestantes. 
O seguimento ambulatorial dos pacientes deve obedecer a intervalos mais curtos (a 
cada 60 dias) e para as gestantes, mensalmente, para serem avaliados com teste não 
treponêmico, considerando a detecção de possível indicação de retratamento (quando houver 
elevação de títulos dos testes não treponêmicos em duas diluições (ex.: de 1:16 para 1:64, em 
relação ao último exame realizado), devido à possibilidade de falha terapêutica. 
c) Neurossífilis 
 Penicilina cristalina, 18-24 milhões UI/dia, IV, administrada em doses de 3-4 
milhões UI, a cada 4 horas ou por infusão contínua, por 14 dias. 
33 
Alternativa 
 Ceftiaxona 2 g, IV ou IM, 1xdia, por 10 a 14 dias. 
Seguimento ambulatorial em intervalos de 60 a 90 dias e avaliados quanto à 
necessidade de retratamento, devido à possibilidade de falha terapêutica. 
 
Quadro 3: Resumo dos esquemas terapêuticos para sífilis e seguimento 
ESTADIAMENTO ESQUEMA TERAPÊUTICO ALTERNATIVA
a
 
Sífilis primária, 
secundária e latente 
recente (com menos de 
um ano de evolução) 
Penicilina G benzatina 2,4 milhões UI, 
IM, dose única (1,2 milhão UI em cada 
glúteo)b 
Doxiciclina 100 mg, VO, 2xdia, por 15 
dias (exceto gestantes) 
OU 
Ceftriaxonac 1 g, IV ou IM, 1xdia, por 
Sífilis latente tardia 
(com mais de um ano de 
evolução) ou latente com 
duração ignorada e sífilis 
terciária 
Penicilina G benzatina 2,4 milhões UI, 
IM, semanal, por 3 semanas Dose total: 
7,2 milhões UI, IM 
Doxiciclina 100 mg, VO, 2xdia, por 30 
dias (exceto gestantes) 
OU 
Ceftriaxonac 1 g, IV ouIM, 1xdia, por 8 a 
10 dias para gestantes e não gestantes 
Neurossífilis Penicilina cristalina 18-24 milhões 
UI/dia, por via endovenosa, 
administrada em doses de 3-4 milhões 
UI, a cada 4 horas ou por infusão 
contínua, por 14 dias 
Ceftriaxonad 2 g, IV ou IM, 1xdia, por 
10 a 14 dias 
Fonte: DDAHV/SVS/MS. 
Notas: 
a. Gestantes com alergia confimada à penicilina: como não há garantia de que outros medicamentos 
consigam tratar a gestante e o feto, impõe-se a dessensibilização e o tratamento com penicilina 
benzatina. Na impossibilidade de realizar a dessensibilização durante a gestação, a gestante deverá ser 
tratada com ceftriaxona. 
b. Não exista evidência científica que uma segunda dose de penicilina G benzatina traga benefício 
adicional ao tratamento para gestantes. 
c. O seguimento ambulatorial dos pacientes deve obedecer a intervalos curtos a cada 60 a 90 dias, e as 
gestantes, mensalmente, avaliados com teste não treponêmico, considerando possível indicação de 
retratamento quando houver elevação de títulos dos testes não treponêmicos em duas diluições (ex.: de 
1:16 para 1:64) em relação ao exame anterior, devido à possibilidade de falha terapêutica. 
d. Os pacientes devem ser seguidos em intervalos mais curtos (a cada 60 a 90 dias) e avaliados quanto à 
necessidade de retratamento, devido à possibilidade de falha terapêutica. 
 
3.9 Reação de Jarisch-Herxheimer 
 
Após a primeira dose de penicilina ou qualquer antibiótico com ação treponemicida, e 
se expressa como exacerbação das lesões cutâneas, com eritema, dor ou prurido, febre, 
artralgia e mal-estar. Ocorre mais na fase exantematosa e regridem espontaneamente após 12 
a 24 horas, sem a necessidade da descontinuidade do tratamento. Cede com analgésicos e 
34 
antitérmicos. Há quem indique 12 mg de betametasona intramuscular e ácido acetilsalicílico 
500 mg VO, antes da primeira dose do antibiótico. Essa reação não configura alergia à 
penicilina e ocorre em resposta ao derrame de proteínas e de outras estruturas dos treponemas 
mortos pela penicilina na corrente sanguínea. Comumente surge em pacientes que recebem 
tratamento na fase secundária da sífilis. Gestantes que apresentam essa reação podem ter risco 
de trabalho de parto prematuro, pela liberação de prostaglandinas em altas doses, tornando-se 
gestação de risco para prematuridade. 
3.10 Alergia à penicilina 
A alergia à penicilina na população em geral e nas gestantes é um evento muito raro. 
O risco de reação anafilática à administração de penicilina benzatina é de 0,002%, segundo o 
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec), disponível em: 
<http://www.aids.gov.br/sites/default/fies/anexos/publicacao/2015/57994/_p_relatorio_penicil
ina_sifiis_congenita_secreta_38035.pdf>. 
A adrenalina é a droga de escolha para tratamento dessas reações alérgicas e o 
diagnóstico de alergia deve ser avaliado pela história clínica, evitando-se a realização de 
testes de sensibilidade. A utilização de medicações alternativas no tratamento requer o 
seguimento de cura em longo prazo. A realização de dessensibilização com administração oral 
de doses progressivas de fenoximetilpenicilina sempre deve ser feita em ambiente hospitalar. 
 
3.11 Seguimento da sífilis adquirida e sífilis na gestação 
 
a. Testes não treponêmicos devem ser realizados mensalmente nas gestantes, e na 
população geral, a cada três meses no primeiro ano de acompanhamento e a cada seis meses 
no segundo ano; 
b. É indicação de sucesso de tratamento a ocorrência de diminuição dos títulos em 
torno de duas diluições em três meses, e três diluições em seis meses após a conclusão do 
tratamento (ex.: se o título da amostra era de 1:32 e cai para 1:8, após três meses, ou, ainda, se 
era de 1:32 e cai para 1:4, após seis meses). 
35 
c. A persistência de resultados reagentes com títulos baixos (1:1 – 1:4) durante um ano 
após o tratamento, descartada nova exposição durante o período analisado, indica sucesso do 
tratamento. 
d. A completa negativação dos testes não treponêmicos é diretamente proporcional à 
precocidade da instauração do tratamento. O diagnóstico de sífilis efetuado após o 
secundarismo pode resultar em testes reagentes, com títulos baixos e estáveis, pelo resto da 
vida. 
e. A persistência de títulos baixos denomina-se cicatriz ou memória sorológica e pode 
durar anos ou a vida toda. Indivíduos com títulos altos constantes devem permanecer em 
acompanhamento trimestral (JANIER et al., 2014) e um novo tratamento deve ser realizado se 
ocorrer nova exposição de risco. 
f. Caso haja uma elevação de títulos em duas diluições ou mais (por exemplo, de 1:16 
para 1:64), deve-se considerar a possibilidade de reinfecção ou reativação da infecção. Nesses 
casos, deve ser instituído um novo tratamento, estendido às parcerias sexuais, quando 
necessário. 
g. Os testes treponêmicos não devem ser utilizados para o monitoramento da resposta 
ao tratamento. Esses testes não permitem a realização de titulação e espera-se que 
permaneçam reagentes por toda a vida do indivíduo, sem, contudo, indicar falha do 
tratamento. 
h. Considerar a necessidade de oferta de testagem periódica em pessoas com 
vulnerabilidade 
aumentada. 
 
3.11.1 Sífilis congênita 
 
A sífilis congênita ocorre pela disseminação hematogênica do T. pallidum da mãe 
para o feto, predominantemente por via transplacentária. A sífilis congênita é evitável quando 
se identificam e se tratam adequada e oportunamente a gestante infectada e suas parcerias 
sexuais. 
36 
3.11.2 Manifestações clínicas da sífilis congênita 
 
 Sífilis congênita precoce 
Surge até o segundo ano de vida e deve ser diagnosticada por meio de uma avaliação 
epidemiológica criteriosa da situação materna e da avaliação clínico-laboratorial e estudos de 
imagem na criança. Entretanto, o diagnóstico na criança representa um processo complexo, 
devido ao fato de que mais da metade das crianças são assintomáticas ao nascimento e, 
naquelas com expressão clínica, os sinais e sintomas são discretos ou pouco específicos. Não 
existe uma avaliação complementar para determinar com precisão o diagnóstico da infecção 
na criança. Nessa perspectiva, ressalta-se Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para 
Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis quea associação de 
critérios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais deve ser a base para o diagnóstico da 
sífilis na criança. 
Além da prematuridade e do baixo peso ao nascimento, as principais manifestações 
clínicas são: hepatomegalia com ou sem esplenomegalia, lesões cutâneas (como por exemplo, 
pênfigo palmo-plantar, condiloma plano), periostite ou osteíte ou osteocondrite (com 
alterações características ao estudo radiológico), pseudoparalisia dos membros, sofrimento 
respiratório com ou sem pneumonia, rinite sero-sanguinolenta, icterícia, anemia e 
linfadenopatia generalizada (principalmente epitroclear). Outras características clínicas 
incluem: petéquias, púrpura, fissura peribucal, síndrome nefrótica, hidropsia, edema, 
convulsão e meningite. 
Entre as alterações laboratoriais, incluem-se: anemia, trombocitopenia, leucocitose 
(podendo ocorrer reação leucemoide, linfocitose e monocitose) e leucopenia. 
 Sífilis congênita tardia 
Surge após o segundo ano de vida. Da mesma forma que a sífilis congênita precoce, 
o diagnóstico deve ser estabelecido por meio da associação de critérios epidemiológicos, 
clínicos e laboratoriais. Além disso, deve-se estar atento à investigação da possibilidade de a 
criança ter sido exposta ao T. pallidum por via sexual. 
As principais manifestações clínicas incluem: tíbia em “lâmina de sabre”, 
articulações de Clutton, fronte “olímpica”, nariz “em sela”, dentes incisivos medianos 
37 
superiores deformados (dentes de Hutchinson), molares em “amora”, rágades periorais, 
mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial, surdez neurológica e dificuldade 
no aprendizado. 
 
3.11.3 Sífilis e HIV 
 
A prevalência de sífilis é até oito vezes mais elevada em PVHA. As úlceras genitais 
podem facilitar a transmissão sexual e perinatal do HIV. A quebra da integridade da mucosa é 
via de entrada para o vírus, aumentando a probabilidade de infecção pelo HIV. 
O curso clínico da sífilis pode ser alterado pela coinfecção com HIV, com a ocorrência 
de manifestações atípicas ou mais agressivas. As apresentações clínicas de cada estágio 
geralmente são semelhantes às dos pacientes soronegativos. No entanto, algumas 
características da coinfecção sífilis/HIV devem ser destacadas, como: 
─ Desenvolvimento de cancros múltiplos e profundos, apresentando resolução 
mais lenta que em pessoas não infectadas pelo HIV; 
─ Maior frequência de sobreposição de estágios e concomitância de lesões 
primárias e secundárias no momento do diagnóstico; 
─ Maior frequência de secundarismo, com lesões cutâneas atípicas e exuberância 
de sintomas e sintomas; 
─ Predisposição para acometimento oftálmico e neurológico, com progressão 
mais rápida da sífilis precoce à neurossífilis. 
O diagnóstico de sífilis na coinfecção com HIV é feito da mesma forma que na 
população geral. Destaca-se que é mais frequente a presença de altos títulos de marcadores 
imunológicos ao diagnóstico, bem como resultados falso-negativos. Portanto, na suspeita de 
sífilis e na presença de testes imunológicos não reagentes ou com interpretação não clara, é 
importante considerar o efeito prozona ou formas alternativas de diagnóstico, como a biópsia 
de lesão. Por outro lado, os coinfectados podem apresentar testes não treponêmicos falso-
positivos em até 11% dos casos. 
38 
A existência de relatos de casos de neurossífilis mimetizando a apresentação clínico-
radiológica de encefalite herpética ressalta a importância da inclusão da neurossífilis no 
diagnóstico diferencial dessa doença. 
Não há um consenso sobre os critérios de punção liquórica em pacientes coinfectados 
com sífilis e HIV. Alguns especialistas recomendam puncionar todos os pacientes infectados 
pelo HIV que apresentem diagnóstico confirmado de sífilis, resultando em punções 
desnecessárias. 
No entanto, a utilização de critérios clínicos e/ou laboratoriais mostrou-se adequada na 
identificação de casos de neurossífilis, inclusive em assintomáticos. 
Recomenda-se a realização de punção liquórica em todos os coinfectados com sífilis e 
HIV e que apresentem pelo menos um dos seguintes critérios: sinais ou sintomas neurológicos 
ou oftalmológicos; evidência de sífilis terciária ativa (por exemplo, aortite ou gomas 
sifilíticas); sífilis latente tardia ou de duração ignorada; LT-CD4+ < 350 células/mm3; VDRL 
≥ 1:16 ou RPR ≥ 1:32; queda inadequada ou estabilização sem queda nos títulos de teste não 
treponêmico durante o seguimento. Vale lembrar que os títulos de proteinorraquia não são 
relevantes no diagnóstico de neurossífilis em PVHA. 
O conceito de “neurorrecaída” é particularmente importante em PVHA. Esse termo 
denota a presença de neurossífilis após tratamento adequado para sífilis primária, secundária e 
latente recente, e queda adequada dos títulos séricos de teste não treponêmico. Portanto, o 
antecedente de tratamento adequado não exclui a possibilidade de complicações neurológicas 
sifilíticas. Pessoas tratadas para neurossífilis devem ser submetidas a punção liquórica de 
controle três meses após o término do tratamento. 
 
3.12 Seguimento da sífilis congênita 
 
 Notificar o caso após a confirmação diagnóstica; 
 Realizar consultas ambulatoriais mensais até o 6º mês de vida e consultas 
ambulatoriais bimenstrais do 6º ao 12º mês; 
39 
 Realizar teste não treponêmico com 1 mês, 3, 6, 12 e 18 meses de idade, 
interrompendo o seguimento após dois exames não treponêmicos consecutivos e 
negativos; 
 Diante da elevação do título do teste não treponêmico pelo VDRL ou da não 
negativação até os 18 meses de idade, reinvestigar a criança exposta e proceder ao 
tratamento; 
 Realizar teste treponêmico para sífilis após os 18 meses de idade para a 
confirmação do caso; 
 Em infecção treponêmica congênita, proceder repetição dos exames imunológicos, 
ainda que fora do período acima previsto; 
 Acompanhamento oftalmológico, neurológico e audiológico das crianças com 
diagnóstico de sífilis congênita semestralmente, por dois anos. Em crianças cujo 
resultado de LCR tenha se mostrado alterado, deve-se fazer uma reavaliação 
liquórica a cada 6 meses, até a normalização. 
 O teste da orelha normal não afasta a necessidade da solicitação de exames 
específicos para avaliar a surdez do oitavo par craniano. 
 Crianças tratadas de forma inadequada quanto à dose e/ou tempo do tratamento 
preconizado devem ser reavaliadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
4 METODOLOGIA 
 
Trata-se de um estudo retrospectivo e prospectivo, descritivo, analítico e quantitativo 
das infecções sexualmente transmissíveis em um Serviço de Atendimento Especializado 
(SAE) em diagnóstico precoce. Foram feitos teste rápido para HIV e sífilis em todos os 
pacientes. As amostras reagentes foram confirmadas pelo ELISA padrão para HIV e o VDRL 
qualitativo reagente foi testado pelo VDRL quantitativo. Todos os pacientes receberam 
tratamento adequado para a IST identificada e tiveram seguimento ambulatorial a cada 90 
dias no período do estudo. As gestantes infectadas HIV ou sífilis receberam atendimento 
mensal. 
 
4.1. Local e período 
 
Hospital Nossa Senhora da Conceição, Rua 1018, 4ª etapa, 148 - Conjunto Ceará, 
Fortaleza - CE, 60532-690. Período da pesquisa entre março de 2014 a maio de 2016. 
 
4.2 Amostra, critérios de inclusão e exclusão 
 
A nossa casuística foi baseada no Serviço de Atendimento Especializado (SAE) em 
Infecções sexualmente Transmissíveis, detectadas pelo teste rápido para HIV e sífilis, no 
Hospital Nossa Senhora da Conceição no período de maio de 2014 a maio de 2016. 
Serão excluídos da amostra os pacientes com infecções sexualmente transmissíveis 
que não realizaram diagnóstico por meio de testes rápidos para sífilis e HIV. 
 
4.3 Limitações e riscos 
 
A pesquisa não acarreta quaisquer limitações ou riscos na assistência aos pacientes, 
garantindo o tratamento e reavaliação rotineira dos agravos inerentesas IST. 
 
4.4 Aspectos éticos 
41 
 
O Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos via Plataforma Brasil 
aceitou e concedeu Certificação de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) protocolada 
com o identificador de número: 43410915.0.0000.5049. 
 
4.5 Análise de dados 
 
O banco de dados em foi disponibilizado em um Software Epi Info versão 3.5.1. para 
analisar a média e desvio-padrão, mediana e intervalo de confiança p < 0,05 considerado 
estatisticamente significante. 
 
4.6 Outras informações 
 
A pesquisa dispensa o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para realização 
deste projeto, tendo em vista que ele utilizará somente dados obtidos em prontuários médicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
5 RESULTADOS 
 
A nossa casuística foi constituída de 285 portadores de HIV/AIDS diagnosticados pelo 
teste rápido e confirmados pela técnica de ELISA para pesquisa de anticorpos anti-HIV 1 e 2. 
Por ser unidade de referência da secretaria de Saúde do Município de Fortaleza, a busca da 
assistência ocorreu por demanda espontânea e através de referência de outras unidades de 
saúde. 
Infecções oportunistas leves foram encontradas em pacientes com CD4 < 350 
células/mm³, Pneumonia, sinusite de repetição, candidíase oral, genital e esofágica, herpes 
zoster e tuberculose pulmonar. Quando o CD4 ficou < 200 células/mm³, foi observado a 
progressão da AIDS e o aparecimento de doenças oportunistas: pneumonia por pneumocysti 
jiroveci, febre e diarréia prolongada, toxoplasmose cerebral, meningite por fungos e vírus. 
Contagem de linfócitos TCD4 < de 50 células/mm³ é indicativa de AIDS avançada e o 
prognóstico reservado. micobacteriose atípica, neoplasia: sarcoma de Kaposi e linfoma. Nessa 
fase da doença, o caráter irreversível das defesas do hospedeiro e o óbito são esperados. 
O papillomavírus humano (HPV) também conhecido como condiloma acuminado, 
verrugas genitais, crista-de- galo, figueira e HPV, foi à virose mais prevalente transmitida por 
via sexual (N= 230 casos). Quanto à localização mais comum em homens, o HPV se 
proliferou na glande, prepúcio, frênulo, sulco balanoprepucial, meato uretral e bolsa escrotal, 
única ou múltiplas, algumas com aspecto vegetante em “couve-flor”. Nas mulheres as lesões 
acometem principalmente vulva, períneo, meato uretral, e colo uterino e está ligado a 
etiopatogênese das neoplasias intraepiteliais do colo uterino e sua patogenia está 
fundamentada em induzir a multiplicação celular (hiperplasia celular). Em alguns casos para 
auxiliar no diagnóstico foi utilizado o ácido acético a 5% tornando lesão esbranquiçada 
(acetobranca), embora acetorreação não seja patognomônica de infecção por HPV. 
HPV são DNA-vírus não cultiváveis in vitro e existem mais de 100 tipos, sendo 35 
específicos para o epitélio anogenital. O risco para neoplasia intraepitelial cervical (NIC) é 
classificado de acordo com o sorotipo infectante e dividem –se em: 
Baixo risco: HPV 6, 11, 42, 43, 44 são integrados ao genoma da célula hospedeira 
presentes em lesões condilomatosas (verrugas). 
43 
Intermediários: HPV 33, 35, 51, 52 
Alto risco: HPV 16, 18, 31, 39, 45, 56, 58, 59, 68, são integrados ao genoma da célula 
hospedeira. Associam-se a displasias moderadas, acentuadas, carcinomas in situ e invasores. 
O HPV é a infecção viral sexualmente transmissível mais frequentemente detectada 
entre as IST, imunoprevenível por vacinas combinadas bivalentes (16 e 18) ou quadrivalente 
(HPV 6, 11, 16 e 18), indicada para meninas na faixa etária entre 9 -26 anos de idade. 
Também pode ser administrada em meninos. As vacinas profiláticas contra HPV atualmente 
disponíveis possuem imunógeno de partículas semelhantes a vírus (vírus like particles - VLP) 
específicos de HPV tipos 6, 11, 16 e 18. Os capsômeros virais sem quaisquer conteúdos 
genéticos promove imunogenicidade sem a possibilidade de causar infecções. As vacinas para 
o HPV 16 e 18 garante a profilaxia da neoplasia intraepitelial cervical (NIC) e do câncer do 
colo uterino. 
O tratamento tópico utilizado para o HPV rotineiramente foi o ácido tricloroacético a 
90% aplicado quinzenamente ou a cada três semanas até o desaparecimento das lesões. Em 
lesões vegetantes com aspecto em “couve-flor” e em disseminação locorregional, foi utilizada 
a eletrocoagulação com o bisturi elétrico. Outros tratamentos indicados foram a crioterapia 
com nitrogênio líquido até a regressão das lesões. Interferon de uso sistêmico ou intralesional 
não foi utilizado em nossa rotina. Podofilina 25% (em tintura de benjoim) tópica é uma droga 
teratogênica. Não pode ser aplicada em mucosas. A aplicação semanal deve obedecer a 
lavagem do local quatro horas após a aplicação. 
Tratamento liberado para aplicação pelo próprio paciente excepcionalmente foram 
prescritos. Imiquimod (creme 5%) uso tópico na lesão do HPV três vezes por semana por um 
período de 4 a 8 semanas. Pode causar irritação e queimadura. Pode ser usado após exérese 
cirúrgica, eletrocoagulação ou isolado. Podofilotoxina a 0,5% em ciclos de 02 vezes ao dia 
por três dias e intervalo sem aplicação de quatro dias. Contraindicado em grávidas. 
A sífilis, também conhecida como Lues, cancro duro e protossifiloma, é a IST 
bacteriana causada pelo Treponema pallidum apresentou elevada prevalência (N= 200 
pacientes), e incide em aproximadamente 20% dos portadores de HIV/AIDS. Apresenta-se 
com evolução sistêmica e crônica, a maioria por contato sexual e vertical da mãe para a 
criança. Em nosso estudo foi dada ênfase aos pacientes que tiveram o teste rápido reagente 
através do VDRL qualitativo. A sensibilidade do método foi de 70 – 100% semelhante ao 
44 
VDRL quantitativo, cuja sensibilidade varia entre 70 – 100% e a especificidade entre 79 – 
98%. Raramente foi empregado o FTA-ABs/ELISA que apresenta sensibilidade de 85 – 
100% e especificidade de 95 – 100%. 
A doença gonocócica, blenorragia, pingadeira, gota matinal, estrela da manhã, 
fogagem, esquentamento e escorrimento são sinonímias da gonorreia (N= 38), que 
procuraram assistência devido corrimento uretral purulento, volumoso, após dois a dez dias 
exposição sexual infectante, causada pela Neisseria gonorrhoeae, um diplococo Gram-
negativo intracelular de polimorfonuclear. 
A manifestação clínica mais comumente encontrada em homens foi o formigamento 
ou prurido intrauretral e disúria, seguido de fluxo uretral mucoso, mucopurulento com 
eliminação abundante e espontânea ou leve expressão da glande fazendo a “ordenha” para 
evidenciar secreção urogenital. As bordas do meato uretral tornam-se eritematosas e 
edemaciadas. As complicações mais frequentes são balanopostite, litrite, cowperite, prostatite, 
epididimite e estenose de uretra. Em torno de 50% das mulheres infectadas pelo gonococo 
seja assintomática, o que predispõe a exposição aos contatos sexuais, além de ser agente 
complicador de Bartholinite, salpingite, doença inflamatória pélvica (DIP), pelviperitonite e 
perihepatite. 
A disseminação da gonorreia ocorre em 0,3 a 3% e afeta vários órgãos e tecidos, 
causando dermatite, artrite, endocardite, meningite e raramente gonococcemia. 
A gonorreia acomete mais de 60 milhões de pessoas no mundo, e no Brasil, em torno 
de 1,5 milhão de novos casos anualmente. O uso indiscriminado de antibióticos tem 
influenciado na seleção de cepas com resistência antimicrobiana, plasmidial e cromossômica. 
Haemophilus ducreyi, um cocobacilo Gram-negativo agrupado em cadeias 
(estreptobacilo) causador do cancro mole (N= 03), tem como sinonímia o cancroide, cancrela, 
cancro venéreo, úlcera mole, cavalo e cancro de Ducreyi, é uma doença aguda, localizada, 
fagedêmica e autoinoculável. 
Foram descritos três casos de linfogranuloma venéreo (N= 03), cujo agente etiológico 
Chlamydia trachomatis, cepas L1, L2 e L3, causem úlcera genital de transmissão 
exclusivamente sexual e caracterizada pelo grande bulbão inguinalna fase aguda. A 
fistulização costuma ser multifocal, e a supuração em “bico de regador”. Na fase crônica, 
pode surgir linfonodos pararretais, causando estenose de reto, estiomene (elefantíase com 
45 
fístulas e úlceras). O tratamento preconizado estabelece o seguinte: 
Doxiciclina 100 mg, VO, de 12/12 horas ou 200 mg 1 vez dia por 21 dias; 
Azitromicina 1 g VO, 1 vez por semana, durante 3 semanas; 
Eritromicina (estearato) 500 mg, VO, de 6/6 horas, por 21 dias; 
Sulfametoxazol-trimetropim (800 mg + 160 mg), VO, de 12/12 horas, por 21 dias; 
Tianfenicol 500 mg, VO, de 8/8 horas, por 21 dias 
O teste rápido para Hepatite B detectou três casos reagentes, que foram submetidos a 
outros exames marcadores de infecção pelo vírus B, e referenciados para o hepatologista. 
A donovanose foi sugerida em somente um caso clínico dentre os pacientes estudados, 
e o tratamento proposto utilizou esquema semelhante ao do linfogranuloma venéreo, com os 
mesmos fármacos, por 21 dias ou até a cura clínica. O molusco contagioso foi implicado em 
um caso clínico em portador de HIV. 
 
Figura 1: Incidência e prevalência de infecções sexualmente transmissíveis no período de 
maio de 2014 a maio de 2016 
HIV 285
HPV 230
Sífilis 200
Gonorréia 38
Cancro mole 3
LGV 3
Hepatite B 3
Donovanose 1
Molusco contagioso 1
285
230
200
38
3 3 3 1 1
0
50
100
150
200
250
300
 
Fonte: Pesquisa do autor 
 
 
 
46 
5.1 Relatório de patologia cirúrgica de Sarcoma de Kaposi 
 
 Sarcoma de Kaposi: caso clínico 01 
 
Biópsia de duodeno, antro e corpo gastrico: microscopia e parecer diagnóstico. 
1) Duodeno: fragmentos de mucosa duodenal sem alterações microscópicas 
significativas. Fragmentos de mucosa duodenal evidenciando glândulas de arquitetura 
preservada, Sem aumento da celularidade inflamatória na lâmina própria e sem sinais de 
atrofia vilositária. Não se evidenciam sinais de neoplasia ou parasitas nas amostras. 
2) Antro e corpo gástrico: mucosa gástrica evidenciando neoplasia com proliferação 
de células de padrão fusiforme com baixa atividade mitótica, células com citoplasma escasso 
e núcleos alongados com hipercromasia e polimorfismo discretos arranjadas em feixes 
entremeados por exuberante vascularização. Presença de infiltrado inflamatório crônico com 
plasmócitos. Pesquisa de elementos Helicobacter-símiles: negativa 
 
 Sarcoma de Kaposi: caso clínico 02 
 
Microscopia e parecer diagnóstico de biópsia de lesões violáceas da pele. 
Pele evidenciando neoplasia com proliferação de células de padrão fusiforme com 
baixa atividade mitótica, células com citoplasma escasso e núcleos alongados com 
hipercromasia e polimorfismos discretos arranjados em feixes entremeados por exuberante 
vascularização. A lesão se estende até a derme profunda. Presença de hemossiderina e 
infiltrado inflamatório crônico com plasmócitos. Macroscopia de pele: Fragmento cilíndrico 
de pele. Dimensões: 0,5 x 0,2 x 0,2 cm. Superfície epidérmica acastanhada. Cassete 1 – 
2015035972. 
 
 
 
47 
 Sarcoma de Kaposi: caso clínico 03 
 
Microscopia e parecer diagnóstico de biópsia de pele: Neoplasia vascular com atipias. 
Dois punchs de pele evidenciando neoplasia com proliferação de células de padrão 
fusiforme com citoplasma escasso e núcleos alongados com hipercromasia e polimorfismo 
discretos arranjadas em feixes. Presença de hemossiderina e infiltrado inflamatório crônico. 
Comentário: os achados microscópicos são suspeitos para Sarcoma de Kaposi. A critério 
clínico pode-se realizar imuno-histoquímica com o marcador HHV-8 para confirmação 
diagnóstica. Bloco sugerido: 2015009231. Macroscopia de pele recebida no mesmo frasco 
dois fragmentos cilíndricos de pele. Medidas do maior: 0,6 x 0,2 x 0,2cm. Superfície 
epidérmica acastanhada. Cassete 1 - 2015009231 Fragmento maior. Cassete 2 - 2015008805 
Fragmento menor 
 
 Sarcoma de Kaposi: caso clínico 04 
 
Microscopia e parecer diagnóstico de biópsia de pele: cortes histológicos de pele 
mostram, na derme superficial, proliferação de células fusocelular com formação de canais 
vasculares e extravasamento de hemácias. Macroscopia: fragmento de pele, pardacento, 
medindo 2,0x1,4x0,3cm, apresentando área pardoescura de 1,0x0,8cm, aos cortes, superfície 
compacta e pardacenta. 3f/1c/cr. CONCLUSÃO: Quadro histológico sugestivo de sarcoma de 
kaposi. A critério clínico, proceder imuno-histoquímica para definição diagnóstica. Painel 
proposto: CD34, HHV-8. Amostra: pele. Colheita: biópsia. 
 
5.2 Coinfecção por Mycobacterium tuberculosis e Leprae em paciente com HIV/AIDS 
 
Os pacientes infectados pelo vírus HIV podem evoluir para uma grave disfunção do 
sistema imunológico, acarretando, desse modo, ao desenvolvimento de doenças oportunistas, 
como hanseníase, tuberculose, candidíase, herpes, entre outras. A hanseníase é de alta 
infectividade e baixa patogenicidade, sendo facilmente transmitida para 
48 
imunocomprometidos, principalmente, em indivíduos com SIDA. O eritema nodoso 
hansênico, reação inflamatória pela deposição de imunocomplexos, acomete, principalmente, 
pacientes multibacilares, podendo ocorrer antes, durante ou após o tratamento. 
Acompanhamos um paciente de 39 anos, sexo masculino, soldador, natural de 
Fortaleza e procedente de Maranguape diagnosticado com SIDA, hanseníase multibacilar e 
tuberculose pulmonar. Em fevereiro de 2015, foi admitido no em um hospital de referência 
em doenças infecciosas com queixas de febre, adinamia e lesões nodulares hipercrômicas em 
membros inferiores, recebendo como diagnose concomitante de pneumonia adquirida na 
comunidade (PAC) e eritema nodoso hansênico - ENH (reação tipo II). 
O paciente relatou que seguiu, adequadamente, o tratamento da hanseníase, da 
tuberculose e da AIDS. Os sinais clínicos percebidos no paciente foram melanoníquia estriada 
em ambos os polegares e hiperpigmentação cutânea. 
O tratamento da PAC foi realizado com Azitromicina e Ceftriaxone e medidas 
suportivas. Para o ENH, foi utilizado Talidomida. Foi atribuído a síndrome de reconstituição 
imunológica, visto que é um paciente imunossuprimido grave em uso de terapia 
antirretroviral. 
Nessa condição, o sistema imunológico começa a se recuperar, mas responde a uma 
infecção oportunista adquirida anteriormente com uma intensa resposta inflamatória que, 
contraditoriamente, faz com que os quadros das infecções subjacentes piorem. Os sinais de 
hiperpigmentação cutânea e melanoníquia foram decorrentes, respectivamente, do uso de 
Clofazimina e de Zidovudina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
6 DISCUSSÃO 
 
O sistema imunológico é constituído por células que se caracterizam pela capacidade 
de reconhecer determinadas estruturas moleculares ou antígenos, desenvolvendo uma resposta 
benéfica diante destes estímulos, provocando sua destruição ou inativação. 
O vírus HIV contribui para diminuição da imunidade, assim, o indivíduo torna-se mais 
susceptível a doenças oportunistas, como o Sarcoma de Kaposi (SK), pneumocistose, 
histoplasmose, infecções do sistema nervoso central, calazar, tuberculose pulmonar, cutânea e 
tuberculose meníngea. Também favorece a disseminação de infecções dermatológicas por 
vírus, bactérias e fungos. 
O SK se tornou epidêmico entre homossexuais masculinos, os quais são mais 
vulneráveis as condições que facilitam a transmissão do HIV. A imunossupressão pode 
desencadear a enfermidade, sendo considerada a primeira manifestação da AIDS. 
Geralmente o SK é assintomático, exceto em casos mais graves, quando algumas 
lesões podem se tornar maiores e ulceradas, ou comprimir tecidos, desencadeando sintomas 
como dor e edema. 
De acordo com o Programa Internacional de combate a AIDS criado em 1996, com o 
apoio da Organização Mundial de Saúde, objetivando criar soluções para fortalecimento das 
nações no controle da epidemia, oferecer tratamento e prestar assistência aos infectados pela 
doença, e reduzir oimpacto socioeconômico provocado pela epidemia de retrovírus, a 
UNAIDS vem consolidando um trabalho de humanização e integração dos portadores de 
HIV/AIDS, numa perspectiva de minimizar a os agravos da doença. 
Segundo a UNAIDS, até o ano de 2012, havia cerca de 34 milhões de pessoas vivendo 
com HIV/AIDS em todo mundo, e uma média de 2,5 milhões de novas infecções ao ano. Ao 
final do ano de 2013 a estimativa de indivíduos vivendo com HIV na América latina eram de 
1.6 milhões de indivíduos com o retrovírus. A maioria dos casos encontra-se distribuídos em 
quatro países dentre eles Brasil, Colômbia, México e Venezuela. 
No Brasil, os dados do Ministério da Saúde revelam um total de 120.399 casos 
notificados de AIDS, até novembro de 1997. Destes, 6.267 ou 5,4% apresentavam o 
diagnostico de SK associado. Os dados, agrupados por períodos de tempo, mostram que, de 
50 
1980 a 1984, 17,9% dos casos de SIDA tinham associado o diagnostico de SK, no período de 
1985 a 1987, 13,3% e, de 1988 a 1997, 5,1%. 
Em 2014, a estimativa no Brasil apontava uma população de portadores de HIV/AIDS, 
de aproximadamente 734 mil pessoas. Todavia, somente 589 mil (80%) destas pessoas tinham 
conhecimento da sua condição de portador do HIV/AIDS, confirmado por teste sorológico 
reagente para HIV. 
A situação epidemiológica no Ceará acompanha a crescente epidemia de retrovírus 
simular aos outros Estados da Federação, uma vez que as campanhas de prevenção da doença 
apresentam pouco impacto no comportamento das pessoas ao risco de exposição ao HIV. 
Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), foram 
notificados 16.998 casos de AIDS no Ceará, no período entre 1983 a 2014. A doença 
encontra-se em franca expansão mundial, atinge todas as faixas etárias em indivíduos 
sexualmente ativos, e tem aumentado significativamente entre adolescentes e idosos, bem 
com através da exposição vertical da gestante para o feto, falta de quimioprofilaxia 
antirretroviral durante a gestação, parto e período neonatal. 
Muitos pacientes descobrem a condição de portador do HIV/AIDS em fase avançada 
com prognóstico sombrio, pela imunossupressão grave e doenças oportunistas instaladas. No 
ano de 2015 foram notificados de 629 novos casos de AIDS no Ceará. Embora a epidemia de 
AIDS esteja presente há mais de 30 anos no estado, quase 50% dos casos foram notificados 
nos últimos oito anos, entre 2007 e 2014. 
A epidemia de AIDS apresentou uma tendência de crescimento nas taxas de detecção 
até 2012, e queda após este período, com estabilização nos anos seguintes. As maiores taxas 
de detecção de HIV concentram-se nos municípios de Fortaleza (N: 4686), Caucaia (N: 326), 
Maracanaú (373) e Sobral (227) concentram mais da metade (65%) do total dos casos 
registrados no período, atualizado em 27 de novembro de 2015. 
Na atualidade, ainda é elevado o percentual de pacientes que recebem diagnóstico 
tardio de HIV/AIDS. A imunossupressão moderada a severa apresentam taxa de CD4+ 
inferior a que 200 células/mm³ ao início do tratamento, o que caracteriza diagnóstico tardio. 
Estratégia para ampliação do acesso ao teste para populações chaves e de maior 
vulnerabilidade, bem como o acesso ao tratamento, deve ser pactuada em todos os municípios 
51 
cearenses, independentes do número de casos de AIDS já registrados localmente. 
O Ceará tem registrado em média 200 casos novos de HIV em gestantes anualmente 
desde 2007. Observa-se, entretanto um crescimento das taxa de detecção de HIV nesta 
população a partir do ano de 2012, o que pode ser atribuído à ampliação do acesso ao teste de 
HIV no pré-natal. 
É importante ressaltar que, apesar da ampliação da taxa, o número de gestantes 
identificadas com HIV está abaixo do estimado no Ceará, situação esta observada também na 
maioria dos estados brasileiros. Espera-se que a universalização do teste rápido de HIV nas 
unidades de atenção básica, com a oferta do exame no pré- natal possa contribuir para mudar 
esta realidade. 
As regionais 1ª, 2ª, 3ª, 9ª, 17ª, e 22ª cearenses apresentaram taxas de detecção de HIV 
em gestantes. Estas regiões, com exceção da 9ª e 17ª coordenadorias regionais de saúde 
também apresentam um expressivo número de pacientes notificados com aids no Estado, 
sendo provavelmente este um fator que explica em parte, estas serem as que apresentam 
também as mais altas taxas de detecção de HIV entre as gestantes. 
Observando-se a série histórica, percebe-se que quase a metade das gestantes em todos 
os anos, teve um diagnóstico da infecção pelo HIV realizado apenas no terceiro ou quarto 
período da gestação. Esta situação é preocupante porque o atraso no início da TARV pode ter 
como consequência a transmissão da infecção do HIV da mãe para o feto. 
A transmissão vertical é a principal via de infecção do HIV em crianças no Brasil. No 
ano de 2006 a transmissão vertical foi responsável por 85,2% dos casos de AIDS em menores 
de 13 anos de idade, e em 2007 por 91,4%. No Ceará, em média, foram notificados 10 casos 
de AIDS em menores de 05 anos a partir de 2007. No ano de 2015 ainda não houve registro 
de casos de transmissão vertical. A eliminação da transmissão vertical do HIV é uma meta 
assumida pelo Brasil. 
No ano de 2014, as mais altas taxas de mortalidade por AIDS foram registradas na 1ª, 
3ª e 22ª coordenadorias regionais de saúde no Estado. O diagnóstico tardio ainda é um 
importante fator de manutenção das altas taxas de mortalidade. Considerando que a AIDS é 
uma doença crônica e que as PVHA (pessoas vivendo com HIV/AIDS) têm o direito ao 
tratamento garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), este indicador de redução da 
mortalidade por AIDS deve ser uma meta a ser priorizada por todas as regiões do Ceará. 
52 
O SK é uma neoplasia maligna associada ao vírus HIV, que geralmente atinge pele, 
tecidos subcutâneos e mucosas. Sua apresentação clínica se caracteriza por pápulas 
eritêmato-violáceas e assintomáticas, as quais evoluem para placas arroxeadas com um halo 
amarelado. Pode ser classificado em quatro variantes clínicas: clássica, endêmica, iatrogênica 
e associada ao HIV. 
O SK é um tumor maligno associado à infecção pelo vírus HIV, aparecendo, muitas 
vezes, como o primeiro sintoma da SIDA. É, portanto, uma neoplasia angioproliferativa 
maligna, que geralmente atinge a pele, os tecidos subcutâneos e as mucosas. Em formas mais 
agressivas, porém, pode haver acometimento da cavidade oral, trato gastrointestinal e 
pulmões, forma clínica conhecida como SK visceral. 
Sua prevalência vem diminuindo devido ao advento da terapia antirretroviral, 
principalmente em países desenvolvidos ou em locais com acesso ao tratamento. 
Clinicamente, há pápulas eritêmato-violáceas, assintomáticas, localizadas em pele e 
mucosas, em face, tronco, membros e cavidade oral. A lesão inicial pode ser única ou 
múltipla, e evolui para placas arroxeadas com um halo amarelado ao seu redor. 
É classificado em quatro variantes clínico-epidemiológicas, que parecem estar 
associadas à infecção pelo herpes vírus humano tipo oito (HHV8). Esta classificação foi 
descrita por Stebbing e colaboradores em 2003. Dessa forma, podemos estratificar o SK como 
clássico, endêmico, iatrogênico ou associado à infecção pelo vírus HIV. 
A doença geralmente acomete indivíduos com baixa contagem de linfócitos T CD4 (< 
250 células/ mm³), sendo bem estabelecido que fatores como o grau de imunossupressão, 
associado ao herpes vírus humano tipo 8 (HHV-8) estão diretamente ligados a sua ocorrência. 
O No SK o resultado da biópsia mostrou que os cortes histológicos, na derme 
superficial, apresentam proliferação de células fusocelular com formação de canais vasculares 
e extravasamento de hemácias, sendo necessário o teste de imuno-histoquímica para 
confirmação do agente etiológico através do marcador HHV-8 e CD34. 
Neoplasia com proliferação de células de padrão fusiforme com citoplasma escassoe 
núcleos alongados com hipercromasia e polimorfismo discreto arranjadas em feixes. Foi 
observado também presença de hemossiderina e infiltrado inflamatório crônico. 
HPV são DNA-vírus não cultiváveis in vitro e existem mais de 100 tipos, sendo 35 
53 
específicos para o epitélio anogenital. De acordo com o risco para neoplasia intraepitelial 
cervical (NIC), destacam-se: 
Baixo risco: HPV 6, 11, 42, 43, 44 são integrados ao genoma da célula hospedeira 
presentes em lesões condilomatosas (verrugas). 
Intermediários: HPV 33, 35, 51, 52 
Alto risco: HPV 16, 18, 31, 39, 45, 56, 58, 59, 68, são integrados ao genoma da célula 
hospedeira. Associam-se a displasias moderadas, acentuadas, carcinomas in situ e invasores. 
O HPV é a infecção viral sexualmente transmissível mais frequentemente detectada 
entre as IST, imunoprevenível por vacina combinada bivalente (16 e 18) ou combinada 
quadrivalente (HPV 6, 11, 16 e 18), indicada para meninas na faixa etária entre 9 -26 anos de 
idade. As vacinas profiláticas contra HPV atualmente disponíveis possuem imunógeno de 
partículas semelhantes a vírus (vírus like particles - VLP) específicos de HPV tipos 6, 11, 16 e 
18. Os capsômeros virais sem quaisquer conteúdos genéticos promove imunogenicidade sem 
a possibilidade de causar infecções. As vacinas contendo partículas semelhantes a vírus do 
HPV 16 e 18 garante a profilaxia da neoplasia intraepitelial cervical (NIC) e do câncer do 
colo uterino. 
O tratamento tópico utilizado para o HPV consiste na aplicação de ácido 
tricloroacético a 90% quinzenal ou a cada três semanas até o desaparecimento das lesões. Em 
lesões vegetantes com aspecto em “couve-flor” e em disseminação locorregional, foi utilizada 
a eletrocoagulação com o bisturi elétrico. A aplicação semanal seriada de crioterapia com 
nitrogênio líquido deve ser administrada por médico até a regressão das lesões. Interferon de 
uso sistêmico ou intralesional apresnta efeito colaterais tipo mal-estar geral gripal e quando 
aplicado isoladamente, não apresenta melhor resposta que os tratamentos anteriores. 
Podofilina 25% (em tintura de benjoim) para uso tópico é uma droga teratogênica, não sendo 
indicada para mucosas. Fazer aplicação semanal. Lavar o local quatro hora após a aplicação. 
Tratamento liberado para aplicação pelo próprio paciente incluem os seguintes: 
Imiquimod (creme 5%) uso tópico na lesão do HPV três vezes por semana por um 
período de 4 a 8 semanas. Irritação e queimadura é o principal efeito colateral. Pode ser usado 
após exérese cirúrgica, eletrocoagulação ou isolado. 
Podofilotoxina a 0,5% em ciclos de 02 vezes ao dia por três dias e intervalo sem 
54 
aplicação de quatro dias. Contraindicado em grávidas. 
A gonorreia acomete mais de 60 milhões de pessoas no mundo, e no Brasil, em torno 
de 1,5 milhão de novos casos anualmente. No Brasil não há monitorização da Neisseria 
gonorrhoeae produtora de penicilinase, e apesar de evidencia crescente de resistência 
bacteriana desse agente, o uso de quinolona é seguro para o tratamento da gonorreia. O 
insucesso terapêutico pode ser em razão de resistência antimicrobiana, plasmidial e 
cromossômica. A disseminação da gonorreia ocorre em 0,3 a 3% e afeta vários órgãos e 
tecidos, causando dermatite, artrite, endocardite, meningite e raramente gonococcemia. 
A manifestação clínica mais comumente encontrada em homens foi o formigamento 
ou prurido intrauretral e disúria, seguido de fluxo uretral mucoso, mucopurulento com 
eliminação abundante e espontânea ou leve expressão da glande fazendo a “ordenha” para 
evidenciar secreção urogenital. As bordas do meato uretral tornam-se eritematosas e 
edemaciadas. As complicações mais frequentes são balanopostite, litrite, cowperite, prostatite, 
epididimite e estenose de uretra. 
Em torno de 50% das mulheres infectadas pelo gonococo seja assintomática, o que 
predispõe a exposição aos contatos sexuais, além de ser agente complicador de Bartholinite, 
salpingite, doença inflamatória pélvica (DIP), pelviperitonite e perihepatite. 
A disseminação da gonorreia ocorre em 0,3 a 3% e afeta vários órgãos e tecidos, 
causando dermatite, artrite, endocardite, meningite e raramente gonococcemia. 
É importante salientar a ocorrência de cancro misto de Rollet, que expressa a 
coinfecção com características iniciais do cancro mole e em seguida do protossifiloma. O 
cancro mole implica em risco para a aquisição e transmissão do HIV, além do papel 
facilitador de úlceras genitais, a infecção por H. ducreyi recruta linfócitos CD4 e macrófagos 
para a região infectada expondo as células-alvo do HIV à contaminação. 
A importância de diagnosticar precocemente a hepatite pelo vírus B pelo teste rápido, 
permite intervenção terapêutica, pelo potencial de cronificação que varia de 3 a 15% podendo 
causar cirrose hepática e carcinoma hepatocelular em 25 a 40%. A estimativa da Organização 
Mundial de Saúde é de 02 bilhões de casos de ocorrência no mundo, com 300 milhões em 
forma crônica. A vacinação é uma forma eficaz de prevenção da infecção, e de fácil acesso na 
rede pública de saúde. 
55 
O Calymmatobacterium granulomatis, cocobacilo encapsulado, pleomorfo, de 
extremidades arredondadas, responsável pela donovanose. A análise filogenética do C. 
granulomatis pela PCR determinou estreita relação com os gêneros Klebsiella e Enterobacter, 
com 95 e 94% de similaridade respectivamente. É uma doença progressiva caracterizada por 
lesões granulomatosas, ulceradas, indolores e autoinoculáveis. Acomete pele e mucosas das 
regiões genital, perianal e inguinal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 A síndrome da imunodeficiência humana adquirida foi à doença de maior 
prevalência e incidência diagnosticada na fase assintomática ou latente 
representando um estado de imunodepressão leve a moderada, e subpopulação de 
56 
linfócitos TCD4+ > 350 células/ mm³. Infecções oportunistas leves surgiram 
quando a redução dos níveis de linfócitos TCD4 atingiram níveis inferires a 350 
células/ mm³. Rinossinusite, pneumonia de repetição, candidíase oral e esofágica, 
herpes zoster e tuberculose pulmonar foram prevalentes. Pneumonia por 
pneumocystis jiroveci, toxoplasmose cerebral e diarreia prolongada, quando a taxa 
de linfócitos TCD4 < 200 células/ mm³. O sarcoma de Kaposi foi evidenciado em 
3% dos casos e a subpopulação de linfócitos T CD4 < 100 células/ mm³. 
 As características histopatológicas do sarcoma de Kaposi evidenciou neoplasia com 
proliferação de células de padrão fusiforme, citoplasma escasso, núcleos alongados, 
com hipercromasia e polimorfismo discreto arranjadas em feixes. Presença de 
hemossiderina e infiltrado inflamatório crônico com plasmócitos. O diagnóstico foi 
confirmado por imuno-histoquímica para o marcador HHV-8. 
 A sensibilidade do teste rápido para detectar a infecção quando presente foi de 
100%, semelhante à especificidade de 100%, que excluiu corretamente os 
indivíduos não infectados através do método qualitativo. Todos foram submetidos 
ao VDRL quantitativo para garantir a presença ou ausência de infeção, mensurar a 
resposta terapêutica pela queda da titulação e o controle de cura sorológico da sífilis 
fora da gravidez, foi feito com o VDRL quantitativo com 3, 6 e 12 meses após o 
tratamento. A sensibilidade e especificidade de teste rápido anti-HIV foi de 100%, 
e as amostras reagentes foram submetidas à análise confirmatória pelo método 
sorológico ELISA anti-HIV 1 e 2. 
 As infecções sexualmente transmissíveis prevalentes neste estudo foram 
HIV/AIDS, HPV, sífilis adquirida latente recente e tardia e gonorreia. O cancro 
misto de Rollet (cancro mole associado ao cancro duro) foi descrito em três 
pacientes, semelhante ao linfogranuloma venéreo e hepatite pelo vírus B. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A incidência de IST apresenta comportamento epidêmico ascendente em todas as 
faixas etárias, incluindo adolescentese idosos. O HVP é a infecção viral 
predominante e elevam os riscos para neoplasias intraepiteliais do colo uterino. As 
57 
IST ulcerativas elevam o risco de aquisição do HIV em 10 a 18% e as uretrites 
gonocócicas e as não gonocócicas em 3 a 10%; 
 A sífilis apresentou elevada incidência nos últimos anos, pela falta da penicilina 
benzatina, droga de primeira escolha para o adequado tratamento; 
 Capacitação de equipe multidisciplinar para a assistência aos pacientes com IST, 
quanto a uma boa anamnese, exame físico e exames complementares, enfatizando a 
promoção e prevenção das IST; 
 Ampliação da assistência médica aos portadores de IST nas unidades básicas de 
saúde, oferecendo testes rápidos anti-HIV, VDRL qualitativo e hepatite B e C; 
 Realizar testes confirmatórios anti-HIV, VDRL quantitativo e pesquisa de 
marcadores para hepatite (anti-HBs, HBsAg, anti-HBC total IgM e IgG, anti-HVC); 
 Evitar o uso indiscriminado de antibióticos pelo risco de indução e seleção de 
germes resistentes, enfatizando a adesão ao tratamento e disponibilizando o 
medicamento imediatamente ao término do atendimento; 
 Agendar retorno periódico, convocar parceiros sexuais e disponibilizar 
preservativos de barreira (masculino e feminino); 
 Observar o status imunitário do paciente, uma vez que hepatite B e HPV são 
imunopreveníveis por de vacinas; 
 O Protocolo Clínico para manejo da infecção pelo HIV em adulto deve obedecer ao 
início da terapia antirretroviral imediatamente após o diagnóstico da infecção, para 
elevar níveis de CD4 e reduzir a carga viral ou torná-la não detectável. 
 
 
 
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