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SENAI - FÁBIO DE ARAÚJO MOTTA SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSOS SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Sumário 1 NOÇÕES DE GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES ................ 9 1.1 Grandeza física .................................................................................................. 9 1.2 Sistema Internacional de Unidades (SI)............................................................. 9 1.3 Pressão ............................................................................................................ 10 1.3.1 Pressão atmosférica ................................................................................... 10 1.3.2 Como podemos medir a pressão atmosférica? .......................................... 11 1.3.3 Pressão absoluta ........................................................................................ 11 1.3.4 Pressão Manométrica ................................................................................ 12 1.3.5 Pressão diferencial ..................................................................................... 12 1.3.6 Pressão interna de um Vaso ....................................................................... 13 1.3.7 Unidades de Pressão .................................................................................. 13 1.4 Calor e Temperatura ....................................................................................... 16 1.4.1 Temperatura ............................................................................................... 16 1.4.2 Escalas de temperatura .............................................................................. 16 1.4.3 Calor ........................................................................................................... 18 1.4.4 Propagação do Calor .................................................................................. 18 1.4.5 Teoria do Vapor .......................................................................................... 25 2 EQUIPAMENTOS DE PROCESSO ..................................... 29 2.1 Trocadores de Calor ........................................................................................ 29 2.1.1 Natureza e Características dos Fluidos ....................................................... 29 2.1.2 Temperaturas de Operação ....................................................................... 29 2.1.3 Pressões de Operação ................................................................................ 29 2.1.4 Velocidade de Escoamento ........................................................................ 30 2.1.5 Perda de Carga Admissível ......................................................................... 30 2.1.6 Fator de Sujeira .......................................................................................... 31 2.1.7 Localização dos Fluidos .............................................................................. 31 2.1.8 Classificação de trocadores de calor .......................................................... 32 2.2 Tubulações industriais ..................................................................................... 36 2.2.1 Definição ..................................................................................................... 36 2.2.2 Custo ........................................................................................................... 36 2.2.3 Instalação ................................................................................................... 37 2.3 Válvulas e acessórios de tubulação ................................................................. 38 2.3.1 Classificação das Válvulas ........................................................................... 38 2.3.2 Acessórios de Tubulação ............................................................................ 44 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2.4 Purgadores ...................................................................................................... 45 2.4.1 Purgador Mecânico de Boia ....................................................................... 45 2.4.2 Purgador Mecânico de balde invertido ...................................................... 47 2.4.3 Purgadores Termodinâmicos ..................................................................... 48 2.4.4 Purgador Termostático de Pressão Balanceada ......................................... 50 2.4.5 Purgador Termostático Bimetálico ............................................................. 51 2.5 Máquinas hidráulicas ...................................................................................... 51 2.5.1 Bombas ....................................................................................................... 52 2.6 Turbinas ........................................................................................................... 62 2.6.1 Turbina a vapor .......................................................................................... 62 2.6.2 Componentes básicos das turbinas ............................................................ 62 2.6.3 Aplicação .................................................................................................... 64 2.6.4 Classificação das Turbinas a vapor ............................................................. 65 2.6.5 Vantagens da turbina a vapor .................................................................... 66 2.6.6 Desvantagens ............................................................................................. 67 2.6.7 Manutenção (padrão) de turbinas a vapor ................................................ 67 2.7 Ejetores............................................................................................................ 68 2.8 Compressores .................................................................................................. 68 2.8.1 Finalidade e Aplicações .............................................................................. 68 2.8.2 Classificação ............................................................................................... 69 2.9 Vasos de pressão ............................................................................................. 74 2.10 Fornos .............................................................................................................. 76 2.10.1 Classificação quanto à utilização .............................................................. 76 2.10.2 Principais partes de um forno .................................................................. 76 2.10.3 Construção dos fornos ............................................................................. 77 2.11 Caldeiras .......................................................................................................... 77 2.11.1 Descrição .................................................................................................. 77 2.11.2 Classificação ............................................................................................. 78 3 ELETRICIDADE ............................................................ 80 3.1 Introdução ....................................................................................................... 80 3.2 Energia elétrica ................................................................................................ 80 3.3 Potencial elétrico ............................................................................................. 81 3.4 Tensão .............................................................................................................81 3.5 Corrente elétrica ............................................................................................. 82 3.6 Resistência elétrica .......................................................................................... 82 3.6.1 Segunda lei de Ohm ................................................................................... 83 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 3.6.2 Primeira lei de Ohm .................................................................................... 84 3.7 Potência elétrica .............................................................................................. 84 4 INSTRUMENTAÇÃO ...................................................... 85 4.1 Introdução à instrumentação .......................................................................... 85 4.2 Classificação de instrumentos de medição ..................................................... 86 4.2.1 Classificação por Função ............................................................................ 86 4.2.2 Classificação por Sinal de Transmissão ou Suprimento ............................. 87 4.2.3 Tipo Hidráulico ........................................................................................... 89 4.2.4 Tipo elétrico ................................................................................................ 90 4.2.5 Tipo Digital .................................................................................................. 91 4.2.6 Via Rádio ..................................................................................................... 92 4.2.7 Via Modem ................................................................................................. 92 4.3 Objetivo da instrumentação ............................................................................ 93 5 OPERAÇÃO DE UNIDADE ............................................... 94 5.1 Introdução ....................................................................................................... 94 6 PRIMEIROS SOCORROS ................................................ 95 6.1 Histórico .......................................................................................................... 95 6.2 Definição.......................................................................................................... 95 6.3 Objetivos ......................................................................................................... 95 6.4 Cruz vermelha ................................................................................................. 96 6.5 Curiosidades .................................................................................................... 96 6.5.1 Conhecendo o corpo humano .................................................................... 96 6.6 Classificação de atendimentos de primeiros socorros .................................... 99 6.6.1 Atendimento de urgência ........................................................................... 99 6.6.2 Atendimento de emergência...................................................................... 99 6.7 Socorrista ....................................................................................................... 100 6.8 Atendimentos especializados ........................................................................ 100 6.8.1 Regras básicas: atendimento de urgência e emergência ......................... 101 6.9 Parada respiratória ........................................................................................ 111 6.10 Parada cardiorrespiratória ou parada cardiopulmonar ................................ 112 6.11 Queimaduras ................................................................................................. 113 6.12 Fraturas ......................................................................................................... 115 6.12.1 Definições ............................................................................................... 115 6.12.2 Identificação ........................................................................................... 115 6.12.3 Tratamento da fratura fechada: ............................................................. 116 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 6.12.4 Tratamento da fratura exposta: ............................................................. 116 6.13 Hemorragias .................................................................................................. 117 6.13.1 Classificação ........................................................................................... 117 6.13.2 Tipos ....................................................................................................... 117 6.13.3 Procedimentos em caso de Hemorragia (O que fazer) .......................... 117 6.14 Ferimentos .................................................................................................... 119 6.14.1 Ferimentos fechados .............................................................................. 119 6.14.2 Ferimentos abertos ................................................................................ 119 6.15 Desmaios e convulsões ................................................................................. 120 6.15.1 Desmaio .................................................................................................. 120 6.16 Convulsão ...................................................................................................... 121 6.16.1 Características ........................................................................................ 121 6.17 Afogamentos ................................................................................................. 122 6.17.1 Sinais e sintomas .................................................................................... 122 6.17.2 Prevenção ............................................................................................... 122 6.17.3 Primeiros socorros em afogamento ....................................................... 123 6.18 Acidentes com animais peçonhentos ............................................................ 125 6.18.1 Sinais e sintomas .................................................................................... 126 6.18.2 O que fazer ............................................................................................. 126 6.18.3 O que não fazer ...................................................................................... 126 6.18.4 Características ........................................................................................ 126 6.18.5 Como evitar acidente ............................................................................. 127 6.19 Intoxicações e envenenamento .................................................................... 127 6.19.1 Substâncias comuns nas intoxicações .................................................... 127 6.19.2 Vias de penetração ................................................................................. 128 6.19.3 Sinais e sintomas .................................................................................... 128 6.19.4 O que fazer ............................................................................................. 129 6.19.5 Centros de referência ............................................................................. 129 7 LEGISLAÇÃO E NORMALIZAÇÃO .................................. 130 7.1.1 Capitulo V da CLT-Da Segurança e da Medicina do Trabalho .................. 130 7.1.2 Portaria MTB Nº 1082 DE 18/12/2018 ..................................................... 131 8 Referências bibliográficas ............................................185 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Lista de figuras Figura 1- Camadas da Atmosfera terrestre .................................................................... 10 Figura 2-Experiência de Torricelli ................................................................................... 11 Figura 3-Manovacuômetro ............................................................................................. 12 Figura 4-Manômetro em “U” ......................................................................................... 12 Figura 5-Pressão interna de um vaso ............................................................................. 13 Figura 6-Princípio de Pascal ............................................................................................ 14 Figura 7-Relação entre as pressões ................................................................................ 14 Figura 8-Ação da pressão interna em um vaso móvel ................................................... 15 Figura 9-Ação da pressão atmosférica sobre vagões ..................................................... 15 Figura 10-Condução térmica .......................................................................................... 18 Figura 11-Convecção térmica ......................................................................................... 19 Figura 12-Irradiação solar ............................................................................................... 19 Figura 13-Irradiação térmica .......................................................................................... 19 Figura 14-Água no estado sólido, líquido e gasoso ........................................................ 21 Figura 15-Trocador de calor de contato direto .............................................................. 32 Figura 16-Trocador de calor de transferência direta ..................................................... 33 Figura 17-Trocador de calor carcaça e tubos (transferência direta) .............................. 33 Figura 18-Trocador de armazenamento......................................................................... 34 Figura 19-Trocador de calor tubo duplo ........................................................................ 34 Figura 20-Trocador de calor de serpentina .................................................................... 35 Figura 21-Trocador de calor tipo placa .......................................................................... 35 Figura 22-Condensador evaporativo .............................................................................. 36 Figura 23-Instalação típica.............................................................................................. 37 Figura 24-Tipos de válvulas século XV ............................................................................ 38 Figura 25-Purgadores - tipos de acionamento ............................................................... 45 Figura 26-Purgador tipo boia livre(funcionamento) ...................................................... 45 Figura 27–Purgador tipo boia com alavanca (Funcionamento) ..................................... 46 Figura 28–Purgador de boia- Exemplo de aplicação 01 ................................................. 46 Figura 29-purgador de boia-Exemplo de aplicação 02 ................................................... 46 Figura 30–Purgador de balde invertido-Funcionamento ............................................... 47 Figura 31–Purgador de balde invertido-instalação típica .............................................. 48 Figura 32–Purgador termodinâmico-tipos ..................................................................... 48 Figura 33-Purgador termodinâmico-Funcionamento .................................................... 49 Figura 34–Purgador de pressão balanceada-Funcionamento ....................................... 50 Figura 35–Purgador bimetálico-Funcionamento ........................................................... 51 Figura 36–Bomba centrifuga .......................................................................................... 55 Figura 37-Bomba centrifuga ........................................................................................... 55 Figura 38b- rotor de sucção dupla ................................................................................. 56 Figura 39-Gaxeta e caixa de gaxeta ................................................................................ 58 Figura 40-Selo mecânico ................................................................................................ 59 Figura 41-Anéis de borracha O’ring ................................................................................ 59 Figura 42-Retentor (componentes básicos) ................................................................... 60 Figura 43-Partes de uma turbina a vapor ....................................................................... 63 Figura 44-Rotor esquemático de uma turbina a vapor .................................................. 64 Figura 45-Rotor esquemático de uma turbina a vapor .................................................. 64 Figura 46-Detalhes internos de um ejetor ..................................................................... 68 Figura 47–Compressor volumétrico esquemático ......................................................... 70 file:///C:/Users/roliveira/Desktop/Apostila%20Unidades%20de%20processo-2018%20Ricardo.rev1.1.2.docx%23_Toc518305059 file:///C:/Users/roliveira/Desktop/Apostila%20Unidades%20de%20processo-2018%20Ricardo.rev1.1.2.docx%23_Toc518305064 file:///C:/Users/roliveira/Desktop/Apostila%20Unidades%20de%20processo-2018%20Ricardo.rev1.1.2.docx%23_Toc518305066 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Figura 48–Compressor dinâmico esquemático .............................................................. 73 Figura 49-Rotor e carcaça de um compressor axial ....................................................... 74 Figura 50-Vaso de pressão típico em aço ....................................................................... 75 Figura 51-reservatório de amônia sob pressão .............................................................. 75 Figura 52-Auto forno ...................................................................................................... 76 Figura 53–Caldeira flamotubular .................................................................................... 78 Figura 54-Caldeira aquatubular ...................................................................................... 79 Figura 55-Caldeira mista ................................................................................................. 79 Figura 56– Modelo de uma Estrutura atômica .............................................................. 80 Figura 57-Ligação típica bateria e lâmpada .................................................................... 81 Figura 58-Representação esquemática da corrente elétrica ......................................... 82 Figura 59-simbologia – resistência elétrica .................................................................... 83 Figura 60-Circuitos elétricos com resistências em serie e em paralelo ......................... 83 Figura 61–Representação da resistência elétrica em um fio ......................................... 83 Figura 62-Comportamento ilustrado (Tensão, corrente e resistência elétrica) ............. 84 Figura 63-Diagrama malha de controle aberta .............................................................. 86 Figura 64-Diagrama Malha de controle fechada ............................................................ 86 Figura 65-Exemplo de configuração de uma malha de controle ................................... 87 Figura 66-Instrumentaçãopneumática .......................................................................... 88 Figura 67-Instrumentação hidráulica ............................................................................. 89 Figura 68-Instrumentação elétrica ................................................................................. 90 Figura 69-Instrumentação digital (supervisório) ............................................................ 91 Figura 70-Transmissão de sinais ..................................................................................... 92 Figura 71–Locais de aplicação da instrumentação e controle na indústria ................... 93 Figura 72-Partes do corpo humano ................................................................................ 98 Figura 73-Esqueleto humano ......................................................................................... 98 Figura 74.A-Escoriação Figura 74.B-Queimadura de 1º grau ..................... 99 Figura 75-Traumatismo crânio encefálico ...................................................................... 99 Figura 76-Socorrista em ação ....................................................................................... 100 Figura 77-Unidades móveis de resgate ........................................................................ 101 Figura 78-Sinalização .................................................................................................... 101 Figura 79-Manobras de desobstrução das vias aéreas ................................................ 103 Figura 80.A-Colares em diversos tamanhos Figura 80.B-Colar ajustável ............. 104 Figura 81-Verificação de sinais vitais............................................................................ 105 Figura 82.A-Pulso carotídeo Figura 82.B-Pulso radial ...................... 106 Figura 83-Meios de comunicação de emergência ........................................................ 106 Figura 84-Aferição de pressão ...................................................................................... 108 Figura 85-recursos para reanimação respiratória ........................................................ 112 Figura 86-Posicionamento para RCP ............................................................................ 113 Figura 87-Tecido epitelial ............................................................................................. 114 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Lista de tabelas Tabela 1-Unidades fundamentais do SI ............................................................................ 9 Tabela 2-Tabela de unidades de pressão ....................................................................... 13 Tabela 3-Tabela do ponto de fusão e calor latente........................................................ 22 Tabela 4-Tabela de coeficientes de dilatação dos sólidos ............................................. 24 Tabela 5-Tabela de coeficientes de dilatação dos líquidos ............................................ 25 Tabela 6-Propriedades do vapor saturado ..................................................................... 26 Tabela 7-Desvantagens de uso do vapor superaquecido para aquecimento ................ 27 Tabela 8-Relação entre vapor saturado e pressão manométrica .................................. 27 Tabela 9-Relação entre vapor saturado e pressão absoluta .......................................... 28 Tabela 10-Comparação entre bombas volumétricas e hidrodinâmicas ......................... 61 Tabela 11-Classificação por função de instrumentos..................................................... 87 Tabela 12-Escala de coma de Glasgow ......................................................................... 102 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 9 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1 NOÇÕES DE GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES 1.1 Grandeza física É tudo aquilo que envolve medidas, ou seja, que pode ser mensurado. Medir significa comparar quantitativamente uma grandeza física com uma unidade através de uma escala pré-definida. Em outras palavras, medir uma grandeza física é compará-la com outra grandeza de mesma espécie. Verifica-se, então, quantas vezes a unidade está contida na grandeza que está sendo medida. Nas medições, as grandezas sempre devem vir acompanhadas de unidades. Exemplos de grandezas físicas: Pressão, massa, temperatura, velocidade, etc. 1.2 Sistema Internacional de Unidades (SI) Conforme já mencionado, toda grandeza física pode ser medida e para se fazer uma medição é necessário que se estabeleça uma unidade. Por exemplo, a unidade de comprimento oficial no Brasil é o metro, cujo símbolo é “m”. Existem outras unidades de medida de comprimento, como a polegada, a milha, a jarda, etc. que são utilizadas principalmente nos E.U.A. Devido à grande influência econômica dos E.U.A. sobre os demais países, a polegada acaba sendo também utilizada em países como o Brasil. No entanto, o sistema de unidades oficial do Brasil e da grande maioria dos demais países do mundo é o Sistema Internacional de Unidades – SI. A Tab. 1 mostra as sete unidades fundamentais do SI, além da grandeza e o símbolo correspondentes. Observe a maneira correta de escrever o nome da unidade e o símbolo. Por exemplo, o símbolo correto de metro é “m” e não “M”, “mts”, etc. como muitas vezes encontramos no cotidiano. Tabela 1-Unidades fundamentais do SI GRANDEZA UNIDADE SIMBOLO Comprimento Metro m Massa Quilograma kg Tempo Segundo s Corrente elétrica Ampére A Temperatura termodinâmica Kelvin K Quantidade de matéria Mol mol Intensidade luminosa Candela cd SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 10 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.3 Pressão 1.3.1 Pressão atmosférica É a força que o ar da atmosfera exerce sobre a área da superfície do planeta. Essa pressão pode mudar de acordo com a variação de altitude, ou seja, quanto menor a altitude maior a pressão exercida pelo ar na superfície terrestre. Figura 1- Camadas da Atmosfera terrestre Matematicamente a pressão é definida como sendo: 𝑃 = 𝐹 𝐴 (1) onde: P : pressão [Pa]; F : força [N]; A : área [m²]. A unidade de pressão é a unidade de força dividida pela unidade de área. Como a unidade de força no SI é Newton[N] e a de área é metro ao quadrado[m²], então, a unidade de pressão no SI é [N/m²], também conhecida como Pascal [Pa]. No entanto, outras unidades são usuais: [kgf/cm²], [lbf/pol²], [bar], etc. https://www.infoescola.com/geografia/atmosfera/ SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 11 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.3.2 Como podemos medir a pressão atmosférica? Em 1643, o matemático e físico italiano Evangelista Torricelli conseguiu determinar a medida da pressão atmosférica ao nível do mar. Para isso, Torricelli encheu, com mercúrio, um tubo de vidro de aproximadamente um metro de comprimento e mergulhou-o em um recipiente, também com mercúrio (como mostra a figura 02 a seguir). Figura 2-Experiência de Torricelli O físico italiano notou que a coluna de mercúrio descia um pouco, se estabilizando aproximadamente a 76cm (760mm) acima da superfície e interpretou essa experiência dizendo que, o que mantinha a coluna de mercúrio nesta altura era a pressão atmosférica. A coluna de 76 cm só é obtida no nível do mar, pois, quando a altitude varia a pressão atmosférica também varia, como citado anteriormente. Com essa experiência definiu-se que ao nível do mar 1 atm (uma atmosfera) é a pressão equivalente a exercida por uma coluna de 76cm de mercúrio, onde g = 9,8 m/s², portanto: 1atm = 76 cmHg = 760 mmHg = 101,325 kPa 1.3.3 Pressão absoluta É a pressão positiva a partir do vácuo perfeito, ou seja, a soma da pressão atmosférica do local e a pressão manométrica. 𝑃𝑎𝑏𝑠 = 𝑃𝑚𝑎𝑛 + 𝑃𝑎𝑡𝑚 (2) Quando representamos uma pressão abaixo da pressão atmosférica por pressão absoluta, esta é denominada grau de vácuo ou pressão barométrica. SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 12 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.3.4 Pressão Manométrica Também chamada de pressão relativa, é a pressão medida em relação à pressão atmosférica existente no local, podendo ser: Positiva ou Negativa. Uma pressão negativa, em relação a pressão atmosférica, é denominada de pressão de vácuo. Figura 3-Manovacuômetro 1.3.5 Pressão diferencial É o resultado da diferença de duas pressões medidas. Em outras palavras, é a pressão medida em qualquer ponto, menos no ponto zero de referência da pressão atmosférica. Figura 4-Manômetro em “U” SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 13 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.3.6 Pressão interna de um Vaso É a pressão existente em seu interior ou relativa, somada a atmosférica. Figura 5-Pressão interna de um vaso 1.3.7 Unidades de Pressão Tabela 2-Tabela de unidades de pressão SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 14 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Figura 6-Princípio de Pascal Figura 7-Relação entre as pressões SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 15 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Figura 8-Ação da pressão interna em um vaso móvel Figura 9-Ação da pressão atmosférica sobre vagões SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 16 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.4 Calor e Temperatura Calor e Temperatura são dois conceitos fundamentais na termologia (Termofísica) os quais, são considerados sinônimos. No entanto, o calor designa a troca de energia entre corpos, enquanto que a temperatura caracteriza a agitação das moléculas de um corpo. 1.4.1 Temperatura A temperatura é uma grandeza física que está associada à agitação das moléculas, ou seja, a energia cinética que ocorre entre as moléculas de um determinado corpo ou substância. Dessa forma, quanto maior a temperatura de um corpo maior será a agitação das moléculas presentes nele, enquanto, num corpo mais frio, as moléculas apresentam pouca energia cinética, logo, exibem pouco movimento. 1.4.2 Escalas de temperatura 1.4.2.1 Escala Fahrenheit A Escala Fahrenheit foi criada em 1724 pelo físico e engenheiro Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736). Recebe esse nome em homenagem ao seu criador. Nos Estados Unidos e na Inglaterra a temperatura é medida em Fahrenheit. O símbolo dessa escala termométrica é °F. Ponto de Fusão da Água: 32 °C Ponto de Ebulição da Água: 212 °C 1.4.2.2 Escala Celsius A Escala Celsius foi criada em 1742 pelo astrônomo sueco Anders Celsius (1701-1744). Recebe esse nome em homenagem ao seu criador. É a escala termométrica mais utilizada no mundo, inclusive no Brasil. O símbolo dessa escala é °C. Ponto de Fusão da Água: 0 °C Ponto de Ebulição da Água: 100 °C Obs: As expressões "Graus Celsius" e "Graus Centígrados" são sinônimas. No entanto, graus centígrados foi substituída pelo grau Celsius na Conferência Geral de Pesos e Medidas (1948). SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 17 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.4.2.3 Escala Kelvin A Escala Kelvin é chamada de "escala absoluta" pois tem como ponto de referência o zero absoluto. Ela foi criada em 1864 pelo físico, matemático e engenheiro irlandês William Thomson (1824-1907). Recebe esse nome uma vez que ele também ficou conhecido como Lord Kelvin. O símbolo dessa escala termométrica é K. Ponto de Fusão da Água: 273 K Ponto de Ebulição da Água: 373 K 1.4.2.4 Escala Rankine A escala Rankine usa o mesmo princípio, iniciando em -459,67°F sendo que para a variação de 1° na escala Rankine teremos a mesma variação de 1° na escala Fahrenheit. Portanto, na escala Rankine a água congela a 491,67°R e evapora a 671,67°R. Outras escalas de temperatura existem, porém de raríssima utilização, como é o caso da escala Réaumur (°Ré) que considera o ponto de fusão do gelo a 0°Ré e o ponto de ebulição da água a 80°Ré (para pressão 760mm de mercúrio). No Sistema Internacional de Unidades (SI), a temperatura pode ser medida em Celsius (°C), Fahrenheit (°F) ou Kelvin (K). Fórmulas A fórmula utilizada para a conversão das escalas termométricas citadas acima é: 𝑇𝑐 5 = 𝑇𝑓 − 32 9 = 𝑇𝑘 − 273 5 (3) Tc : temperatura em Celsius; Tf : temperatura em Fahrenheit; Tk : temperatura Kelvin. De acordo com os pontos de fusão e ebulição de cada escala, podemos: http://www.termopares.com.br/teoria_temperatura_gabriel_fahrenheit/ SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 18 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta • Converter Celsius em Fahrenheit ou vice-versa: 𝑇𝑐 5 = 𝑇𝑓 − 32 9 (4) • Converter Celsius em Kelvin: 𝑇𝑘 = 𝑇𝑐 + 273 (5) • Converter Kelvin em Celsius: 𝑇𝑘 = 𝑇𝑐 + 273 (6) • Converter Kelvin em Fahrenheit ou vice-versa: 𝑇𝑓 − 32 9 = 𝑇𝑘 − 273 5 (7) 1.4.3 Calor O calor é um conceito que caracteriza a troca de energia entre corpos. A energia térmica sempre se propaga do corpo mais quente (alta temperatura) para o corpo mais frio (baixa temperatura), com o intuito de atingirem o equilíbrio térmico (temperatura iguais). Em outras palavras, o calor ou a energia calorífica, consiste na transição de energia térmica de um corpo ao outro. No Sistema Internacional (SI), o calor é medido em calorias (cal), ou, em joules (J). Importante destacar que: 1 𝑐𝑎𝑙 = 4,2 𝐽 1.4.4 Propagação do Calor A transferência de energia calorífera entre os corpos ocorre de três maneiras: condução, convecção e irradiação. 1.4.4.1 Condução Na condução térmica, a propagação do calor ocorre devido ao aumento da temperatura de um corpo, de forma que a energia cinética aumenta a partir da agitação das moléculas. Um exemplo dessa transferência de energia calorífica acontece ao mexer uma panela no fogo com uma colher de alumínio; nota-se que o alumínio rapidamente se esquenta queimando a mão. Figura 10-Condução térmica https://www.todamateria.com.br/equilibrio-termico/ https://www.todamateria.com.br/conducao-termica/ SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 19 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.4.4.2 Convecção Na convecção térmica, a transferência de calor acontece por meio das correntes de convecção que ocorre entre os fluidos (líquidos e gases), decorrente do aumento da temperatura em ambientes fechados. Isso explica o aquecimento da água numa panela fechada, onde a água que está mais próxima à fonte de calor, sobe, enquanto a que está fria, desce. Nesse sentido, a água ferverá mais rápido se a panela estiver fechada. Figura 11-Convecção térmica 1.4.4.3 Irradiação A Irradiação térmica, ou radiação, corresponde a transferência calorífica por meio de ondas eletromagnéticas, de forma que ocorre sem que haja o contato entre os corpos, assim, pode ocorrer também no vácuo. Exemplo disso é a irradiação solar que incide no planeta Terra. Figura 12-Irradiação solar As radiações infravermelhas, em particular, são chamadas ondas de calor, embora todas as radiações do espectro eletromagnético transportem energia. Um meio material pode ser opacopara uma determinada radiação e transparente para outra. Figura 13-Irradiação térmica https://www.todamateria.com.br/conveccao-termica/ https://www.todamateria.com.br/irradiacao-termica/ SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 20 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.4.4.4 Calor Sensível O calor sensível corresponde a variação de temperatura de um corpo. No Sistema Internacional (SI), o calor sensível é medido em J/K, expresso pela fórmula: 𝑄 = 𝑚. 𝑐. 𝛥𝜃 (8) Q : quantidade de calor m : massa c : calor específico Δθ : variação de temperatura 1.4.4.5 Calor Latente O calor latente está associado à quantidade de calor recebida ou cedida por um corpo de modo que sua temperatura permanece a mesma, enquanto seu estado físico modifica-se. No Sistema Internacional (SI), o calor latente é medido em [J/Kg] (Joule/Quilograma), expresso pela fórmula: 𝑄 = 𝑚. 𝐿 (9) Q : quantidade de calor m : massa L : calor latente 1.4.4.6 Calor Específico O calor específico depende diretamente da substância do corpo, ou seja, do material do qual é constituído esse corpo. No Sistema Internacional (SI), o calor específico é medido em [J/kg.K] [Joule/(Quilograma.Kelvin)], expresso pela seguinte fórmula: 𝑐 = 𝑄 𝑚. 𝛥𝜃 (10) Q : quantidade de calor m: massa Δθ : variação de temperatura https://www.todamateria.com.br/calor-sensivel/ https://www.todamateria.com.br/calor-latente/ https://www.todamateria.com.br/calor-especifico/ SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 21 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.4.4.7 Capacidade Térmica A capacidade térmica (C) corresponde a quantidade de calor presente num corpo em relação a variação de temperatura sofrida por ele. Diferente do calor específico (c), o qual depende somente da substância, a capacidade térmica (C), depende diretamente da substância e da massa do corpo. No Sistema Internacional (SI), a capacidade térmica é medida [J/K] (Joule/Kelvin), expressa pela fórmula: 𝑪 = 𝑄/𝛥𝜃 (11) ou seja 𝑪 = 𝑚. 𝑐 (12) C : capacidade térmica Q : quantidade de calor Δθ : variação de temperatura m : massa c : calor específico Observe que o calor sensível corresponde a variação de temperatura de um corpo, expresso pela fórmula (8). Portanto, se substituirmos a expressão (8) na expressão (11) teremos (12): 𝑪 = 𝑚. 𝑐. 𝛥𝜃 𝛥𝜃 Logo, 𝑪 = 𝑚. 𝑐 1.4.4.8 Ponto de Fusão e Ponto de Ebulição O ponto de fusão e o ponto de ebulição representam os marcos de temperatura nos quais uma substância muda de estado, a uma dada pressão. Figura 14-Água no estado sólido, líquido e gasoso https://www.todamateria.com.br/capacidade-termica/ SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 22 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.4.4.8.1 Ponto de Fusão Quando uma substância no estado sólido recebe calor, ocorre um aumento no grau de agitação de suas moléculas. Consequentemente sua temperatura também aumenta. Ao atingir uma determinada temperatura (ponto de fusão), a agitação das moléculas é tal que rompe as ligações internas entre os átomos. Durante esse processo sua temperatura se mantém constante, pois, o calor recebido é usado unicamente para a mudança de estado. Na tabela abaixo indicamos a temperatura do ponto de fusão e o calor latente de algumas substâncias à pressão atmosférica. Tabela 3-Tabela do ponto de fusão e calor latente 1.4.4.8.2 Ponto de Ebulição A ebulição é caracterizada pela passagem rápida do estado líquido para o gasoso, com a formação de vapores (bolhas) no interior do líquido. Da mesma forma que ocorre na fusão, existe uma temperatura (ponto de ebulição) em que uma determinada substância passa do estado líquido para o estado gasoso. Para que isso ocorra é necessário que tal substância receba calor. Durante toda a mudança de fase, a temperatura permanece constante. https://www.todamateria.com.br/calor-e-temperatura/ https://www.todamateria.com.br/pressao-atmosferica/ https://www.todamateria.com.br/ebulicao/ SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 23 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta O calor latente de vaporização (Lv) é a quantidade de calor por unidade de massa, necessária para uma substância mudar de fase. 1.4.4.9 Dilatação Térmica A dilatação térmica é uma variação dimensional que ocorre num corpo exposto ao aquecimento térmico, devido ao distanciamento entre seus átomos, provocado pela agitação destes, quando submetidos ao calor. 1.4.4.9.1 Dilatação Linear A dilatação linear resulta do aumento de volume em apenas uma dimensão: o comprimento. É o que acontece, por exemplo, com um fio, em que o seu comprimento é mais relevante do que o seu diâmetro, em termos comparativos. Para calcular a dilatação linear utilizamos a seguinte fórmula: 𝛥𝐿 = 𝐿0. 𝛼. 𝛥𝜃 (13) ΔL = Variação do comprimento L0 = Comprimento inicial α = Coeficiente de dilatação linear Δθ = Variação de temperatura 1.4.4.9.2 Dilatação Superficial A dilatação superficial resulta do aumento do objeto em duas dimensões, comprimento e largura. É o que acontece, por exemplo, com uma chapa de metal delgada. Para calcular a dilatação superficial utilizamos a seguinte fórmula: 𝛥𝐴 = 𝐴0. 𝛽. 𝛥𝜃 (14) 𝛥𝐴 = Variação da área 𝐴0 = Área inicial 𝛽 = Coeficiente de dilatação superficial 𝛥𝜃 = Variação de temperatura Importa destacar que 𝛽 (beta) é duas vezes maior que α (alfa). A dilatação superficial se refere a duas dimensões, enquanto a linear, apenas a uma. https://www.todamateria.com.br/vaporizacao/ https://www.todamateria.com.br/dilatacao-linear/ https://www.todamateria.com.br/dilatacao-superficial/ SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 24 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.4.4.9.3 Dilatação Volumétrica A dilatação volumétrica resulta do aumento de volume em comprimento, largura e profundidade, o que acontece, por exemplo, com uma barra de ouro. Para calcular a dilatação volumétrica utilizamos a seguinte fórmula: 𝛥𝑉 = 𝑉0. 𝛾. 𝛥𝜃 (15) ΔV = Variação do volume V0 = Volume inicial 𝛾 = Coeficiente de dilatação volumétrica Δθ = Variação de temperatura Repare que o coeficiente γ (gama) é três vezes maior que o α (alfa) (coeficiente de dilatação linear). A dilatação volumétrica trata de três dimensões, enquanto a linear, de apenas uma. 1.4.4.10 Dilatação Térmica dos Sólidos Há corpos que se dilatam com mais facilidade em decorrência do material com que são feitos. Compare quais os materiais têm mais e quais têm menos propensão para aumentar de tamanho. Tabela 4-Tabela de coeficientes de dilatação dos sólidos Sólidos Coeficientes de Dilatação Porcelana 3.10-6 Vidro Comum 8.10-6 Platina 9.10-6 Aço 11.10-6 Concreto 12.10-6 Ferro 12.10-6 Ouro 15.10-6 Cobre 17.10-6 Prata 19.10-6 Alumínio 22.10-6 Zinco 26.10-6 Chumbo 27.10-6 De acordo com a tabela acima a porcelana é o material que menos se dilata quando recebe calor. Por sua vez, o chumbo é o material que mais aumenta de volume quando aquecido. https://www.todamateria.com.br/dilatacao-volumetrica/ SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 25 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 1.4.4.11 Dilatação Térmica dos Líquidos De acordo com a exposição de temperatura, medida em graus célsius, a água é o líquido que menos propicia a dilatação, enquanto a acetona a que mais se dilata. Tabela 5-Tabela de coeficientes de dilatação dos líquidos Líquidos Coeficientes de Dilatação Água 1,3.10-4 Mercúrio 1,8.10-4 Glicerina 4,9.10-4 Álcool 11,2.10-4 Acetona 14,93.10-4 1.4.5 Teoria do Vapor 1.4.5.1 O que é vapor? Vapor é o gásformado quando a água passa do estado líquido para o gasoso. Isto ocorre quando as moléculas de H20, que se mantêm juntas no estado líquido através de pontes de hidrogênio, conseguem romper estas (i.e. pontes de hidrogênio). 1.4.5.2 Tipos de Vapor Se água for aquecida além do ponto de ebulição, ela se transforma em vapor, ou água em estado gasoso. No entanto, nem todo vapor é igual. As propriedades do vapor variam gradativamente dependendo da pressão e temperatura na qual ele está sujeito. Vapor saturado (seco) é produzido quando a água é aquecida até o ponto de ebulição (aquecimento sensível) e então vaporizada com calor adicional (aquecimento latente). Se este vapor é então aquecido acima do ponto de saturação, ele se torna vapor superaquecido (aquecimento sensível). 1.4.5.3 Vapor saturado Vapor saturado ocorre em temperaturas e pressões onde o vapor (gás) e água (líquido) podem coexistir. Em outras palavras, isto ocorre quando a taxa de vaporização da água é igual a taxa de condensação. SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 26 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Tabela 6-Propriedades do vapor saturado Propriedade Vantagem Aquecimento rápido e uniforme através de transferência do calor latente Melhorou a qualidade e produtividade do produto Pressão pode controlar temperatura Temperatura pode ser rapidamente e precisamente estabelecida Alto coeficiente de transferência do calor Menor área superficial requerida para transferência de calor, possibilitando redução no gasto inicial do equipamento Origina a partir de água Seguro, limpo e baixo custo 1.4.5.4 Vapor Úmido Esta é a forma mais comum do vapor experimentado nas plantas. Quando o vapor é gerado usando uma caldeira, este geralmente contém umidade vinda de moléculas de água não-vaporizada que foram carregadas para dentro do vapor distribuído. Mesmo as melhores caldeiras podem descarregar vapor contendo 3% a 5% de umidade. À medida em que a água se aproxima do estado saturado e começa a vaporizar, parte da água, geralmente em forma de névoa ou gotículas, é arrastada com o vapor ascendente. Este é um dos motivos pelo qual o separador é instalado em uma linha de vapor. 1.4.5.5 Vapor superaquecido Vapor superaquecido é criado através do aquecimento adicional sobre o vapor úmido ou saturado, acima do ponto de vapor saturado. Isto produz um vapor que tem temperatura mais alta e densidade mais baixa do que um vapor saturado à mesma pressão. O vapor superaquecido é usado principalmente em aplicação de propulsão/movimento de turbinas e equipamentos propelidos a vapor, pelos seguintes motivos: 1. Mantem o nível seco do vapor para o equipamento, onde a performance é debilitada pela presença de condensado; 2. Otimiza a eficiência térmica e capacidade de trabalho; 3. Não serão gerados condensados dentro do equipamento durante o funcionamento normal, minimizando o risco de danos por golpes de aríete, erosões ou corrosões. SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 27 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Tabela 7-Desvantagens de uso do vapor superaquecido para aquecimento Propriedade Desvantagem Baixo coeficiente de transferência de calor Produtividade reduzida Maior área de superfície de transferência de calor necessária Variação na temperatura do vapor mesmo em pressão constante Vapor superaquecido precisa manter alta velocidade, senão a temperatura cairá à medida que o calor é perdido do sistema. Calor sensível é usado para transferir calor Queda de temperatura pode ter um impacto negativo sobre a qualidade do produto Temperatura pode ser extremamente alta Materiais de construção mais fortes podem ser necessários, requerendo um alto gasto inicial de equipamento. 1.4.5.6 Tabela de Vapor Saturado A tabela de vapor saturado é uma ferramenta indispensável para todos engenheiros que estiverem trabalhando com vapor. Ela é tipicamente utilizada para determinar a temperatura do vapor saturado a partir da pressão do vapor ou vice-versa, pressão a partir da temperatura do vapor saturado. O dado encontrado na tabela de vapor saturado sempre se refere ao vapor em um ponto de saturação particular, também conhecido como ponto de ebulição. Este é o ponto onde a água (líquido) e o vapor (gás) podem coexistir na mesma temperatura e pressão. Tabela 8-Relação entre vapor saturado e pressão manométrica Pressão Manométrica (kgf/cm²) Temperatura (°C) Pressão Manométrica (kgf/cm²) Temperatura (°C) Pressão Manométrica (kgf/cm²) Temperatura (°C) 0,0 99,1 1,8 130,5 6,0 164,2 0,1 101,8 2,0 132,9 6,5 167,0 0,2 104,2 2,2 135,1 7,0 169,6 0,3 106,6 2,4 137,2 7,5 172,1 0,4 108,7 2,6 139,2 8,0 174,5 0,5 110,8 2,8 141,1 8,5 176,8 0,6 112,7 3,0 142,9 9,0 179,0 0,8 116,3 3,5 147,2 10,0 183,2 1,0 119,6 4,0 151,1 11,0 187,1 1,2 122,6 4,5 154,7 12,0 190,7 1,4 125,5 5,0 158,1 13,0 194,1 1,6 128,1 5,5 161,2 14,0 197,4 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 28 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Tabela 9-Relação entre vapor saturado e pressão absoluta Pressão absoluta (kgf/cm²) Temperatura (°C) Pressão absoluta (kgf/cm²) Temperatura (°C) 0,01 6,7 8,0 169,6 0,015 12,7 8,5 172,1 0,02 17,2 9,0 174,5 0,025 20,8 9,5 176,8 0,03 23,8 10 179,0 0,04 28,6 11 183,2 0,05 32,5 12 187,1 0,06 35,8 13 190,7 0,08 41,2 14 194,1 0,10 45,4 15 197,4 0,12 49,1 16 200,4 0,15 53,6 17 203,4 0,20 59,7 18 206,1 0,25 64,6 19 208,8 0,30 68,7 20 211,4 0,35 72,2 22 216,2 0,40 75,4 24 220,8 0,50 80,9 26 225,0 0,60 85,5 28 229,0 0,70 89,5 30 232,8 0,80 92,9 32 236,3 0,90 96,2 34 239,8 1,00 99,1 36 243,0 1,10 101,8 38 246,2 1,20 104,2 40 249,2 1,30 106,6 42 252,1 1,40 108,7 44 254,9 1,50 110,8 46 257,6 1,60 112,7 48 260,2 1,80 116,3 50 262,7 2,00 119,6 55 268,7 2,20 122,6 60 274,3 2,40 125,5 65 279,5 2,60 128,1 70 284,5 2,80 130,5 75 289,2 3,00 132,9 80 293,6 3,20 135,1 85 297,9 3,40 137,2 90 301,9 3,60 139,2 95 395,8 3,80 141,1 100 309,5 4,00 142,9 110 316,6 4,50 147,2 120 323,2 5,00 151,1 130 329,3 5,50 154,7 140 335,1 6,00 158,1 150 340,6 6,50 161,2 160 345,7 7,00 164,2 180 355,3 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 29 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2 EQUIPAMENTOS DE PROCESSO 2.1 Trocadores de Calor Há diversos tipos construtivos de trocadores de calor. Trata-se de um equipamento onde ocorre uma troca térmica entre dois fluidos, geralmente separados por uma parede. As varáveis de processo envolvidas num equipamento de troca térmica são muitas e quase sempre interdependentes. As principais são as seguintes: 2.1.1 Natureza e Características dos Fluidos As propriedades físicas de maior interesse na troca térmica são a condutibilidade térmica, a densidade, a viscosidade e o calor específico. Além das propriedades físicas citadas, é preciso ter em conta características como a corrosividade, a toxidez, a periculosidade, a inflamabilidade. Vale lembrar que os valores dessas propriedades variam em função da temperatura que, por sua vez, se altera ao longo de um trocador de calor. Na maioria das vezes, é aceitável como simplificação que se adotem os valores das propriedades à temperatura média entre a entrada e a saída. 2.1.2 Temperaturas de Operação As temperaturas de entrada e saída de um fluido num trocador de calor, chamadas de temperaturas terminais (nos extremos do trocador), dependem das exigências do processo. 2.1.3 Pressões de Operação Como o trocador de calor é sempre um equipamento inserido numa unidade de processo, as pressões dos fluidos também dependemdo resto do sistema. Em alguns casos, porém, as pressões são ditadas pelas exigências específicas do processo de troca térmica. Por exemplo, para possibilitar a condensação de certos fluidos, a pressão de operação tem que ser alta, se se quer usar água como fluido de resfriamento. Ou então, no caso de um trocador de calor de placas, a pressão de operação não pode ser muito elevada, pela dificuldade de prover uma resistência mecânica estrutural às placas e às vedações entre elas. Para as situações em que as pressões são muito elevadas, deve- se consultar normas específicas a respeito. A espessura da parede deve ser naturalmente maior e sistemas de segurança adequados precisam ser previstos. SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 30 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2.1.4 Velocidade de Escoamento A velocidade de escoamento influi em quatro aspectos fundamentais: • a eficiência de troca térmica; • a perda de carga • a erosão e • o depósito de sujeira. Quanto maior a velocidade de escoamento num trocador de calor, maior a intensidade de turbulência criada e melhor deve ser o coeficiente de transporte de energia. Consequentemente, a área do trocador necessária para uma dada carga térmica será menor. Nesse aspecto, é desejável que a velocidade de escoamento seja alta. Mas essa turbulência intensa também implica num atrito maior e uma perda de carga maior, podendo até ultrapassar valores máximos admissíveis. Nesse aspecto, não é desejável uma velocidade de escoamento exagerada. Portanto, nos projetos de um trocador de calor, objetiva-se melhorar a eficiência de troca térmica sem acarretar uma perda de carga excessiva. Além desses dois pontos, a velocidade de escoamento está ligada à erosão e ao depósito de sólidos. Uma velocidade muito pequena favorece o depósito de sujeira e a dificuldade da sua remoção. Por outro lado, uma velocidade exageradamente alta pode acarretar uma erosão intensa; se o fluido é corrosivo ou contém sólidos em suspensão, o efeito será mais danoso ainda. Logo, a velocidade de escoamento não pode ser nem muito alta nem muito baixa. Há, na literatura, faixas de valores práticos, recomendados para velocidade de escoamento num trocador de calor. 2.1.5 Perda de Carga Admissível A queda de pressão (ou mais precisamente a variação de energia expressa em altura manométrica) entre a entrada e a saída é conhecida como a perda de carga num trocador de calor. Para cada fluido num dado processo, é estipulado um valor de perda de carga máximo ou perda de carga admissível, por várias razões. Uma perda de carga excessiva representa um consumo operacional de energia elevado, devendo, portanto, ser evitada. Além disso, não se deve esquecer que o trocador de calor é sempre um equipamento componente de uma unidade de processo. O fluido que sai dele, em muitas vezes, vai ainda passar por tubulações e outros equipamentos a jusante, com suas respectivas perdas de carga; portanto na saída do trocador de calor, o fluido precisa ter ainda uma pressão suficiente para vencer as perdas subsequentes. SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 31 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Conforme já destacado, a perda de carga está intimamente associada à velocidade de escoamento. Na literatura, há faixas de valores usuais para perdas de carga admissíveis. 2.1.6 Fator de Sujeira O depósito de materiais indesejáveis na superfície de um trocador de calor aumenta a resistência à transferência de energia, diminuindo a eficiência de troca térmica e pode obstruir a passagem do fluido, aumentando a sua perda de carga. O processo de formação do depósito é em geral complexo. Pode ser devido à sedimentação, à polimerização, à cristalização, ao coqueamento, à corrosão, ou a causas de natureza orgânica (como algas). Esses mecanismos podem ocorrer independente ou paralelamente. A taxa de depósito é afetada pelas condições de processo do trocador tais como a natureza dos fluidos, a velocidade de escoamento, as temperaturas dos fluidos, a temperatura na parede, o material de construção do equipamento, o grau de acabamento da superfície como a rugosidade ou tipo de revestimento interno. 2.1.7 Localização dos Fluidos Para um trocador de calor do tipo casco-tubos, por exemplo, uma das decisões importantes a ser tomada no início do projeto é definir qual dos fluidos deve circular pelo lado interno (feixe tubular) e qual pelo lado externo (casco). Uma localização malfeita implica num projeto não otimizado e numa operação com problemas frequentes. Os aspectos básicos levados em consideração referem-se à limpeza do equipamento, à manutenção, a problemas decorrentes de vazamento e à eficiência de troca térmica. Para decidir a localização dos fluidos, deve-se considerar: (a) Fluido com maior tendência de incrustação; (b) Fluido corrosivo; (c) Fluido com temperatura ou pressão muito elevadas; (d) Fluido com menor velocidade de escoamento; (e) Fluido mais viscoso; (f) Fluidos letais e tóxicos; (g) Fluido com diferença, entre temperaturas terminais, elevada. Uma prioridade que serve de orientação é dada pela seguinte relação, onde o fluido de posição anterior é em geral alocado nos tubos: Água de resfriamento; Fluido corrosivo ou fluido com alta tendência de incrustação; Fluido menos viscoso; Fluido de temperatura e pressão elevadas; Fluido de maior vazão. SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 32 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2.1.8 Classificação de trocadores de calor Figura 15-Trocador de calor de contato direto classificação dos trocadores de calor De acordo com os processos de tranferência Contato direto contato indireto Transferencia direta Tipo armazenamento De acordo com o tipo de construção Tubular carcaça e tubo tubo duplo serpentina tipo placa SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 33 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Figura 16-Trocador de calor de transferência direta Figura 17-Trocador de calor carcaça e tubos (transferência direta) SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 34 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Figura 18-Trocador de armazenamento Figura 19-Trocador de calor tubo duplo SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 35 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Figura 20-Trocador de calor de serpentina Figura 21-Trocador de calor tipo placa SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 36 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Figura 22-Condensador evaporativo 2.2 Tubulações industriais 2.2.1 Definição Chama-se de tubulação ao Conjunto de tubos e seus acessórios. A necessidade da existência das tubulações decorre principalmente do fato de o ponto de geração ou armazenamento dos fluidos estar distante do ponto de utilização. Aplicações: Utiliza-se tubulações para o transporte de todos os materiais capazes de escoar, tais como: ➢ vapor para força e/ou para aquecimento; ➢ água potável ou de processos industriais; ➢ óleos combustíveis ou lubrificantes; ➢ ar comprimido; ➢ gases e/ou líquidos industriais; ➢ materiais pastosos e ➢ particulados sólidos em suspensão. 2.2.2 Custo Em indústrias de processamento, indústrias químicas, refinarias de petróleo, indústrias petroquímicas, boa parte das indústrias alimentícias e farmacêuticas, o custo das tubulações pode representar, em média: ✓ 50% do custo total da montagem de todos os equipamentos; ✓ 25% do custo total da instalação industrial; ✓ 20%do custo total do projeto da indústria. SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 37 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2.2.3 Instalação 2.2.3.1 Tubulação de Admissão Numa instalação nova é recomendável lavar a tubulação de admissão antes de conectá-la à bomba. Com exceção do desalinhamento, a maioria das instalações envolvendo uma única bomba centrífuga apresenta possíveis falhas na tubulação de admissão. Por isso é importante a sua correta instalação. O diâmetro da tubulação de admissão, que deverá ser tão curta quanto possível. Caso isso não seja possível, o diâmetro deverá ser aumentado. Bolsas de ar e pontos altos na linha de admissão causam problemas. 2.2.3.2 Tubulação de Descarga (Recalque) Esta deverá ser também tão curta e isenta de curvas quanto possível para evitar as perdas de carga. Válvulas de retenção e registros deverão ser colocados próximos a bomba. Figura 23-Instalação típica SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 38 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2.3 Válvulas e acessórios de tubulação As válvulas são dispositivos destinados a estabelecer, controlar e interromper o fluxo em uma tubulação. São os acessórios mais importantes existentes nas tubulações, e que por isso devem merecer o maior cuidado na sua especificação, escolha e localização. Em qualquer instalação deve haver sempre o menor número possível de válvulas, compatível com o funcionamento da mesma, porque as válvulas são peças caras, onde sempre há possibilidade de vazamentos (em juntas, gaxetas etc.) e que introduzem perdas de carga, às vezes de grande valor. As válvulas são, entretanto, peças indispensáveis, sem as quais as tubulações seriam inteiramente inúteis. Por esse motivo, o desenvolvimento das válvulas é tão antigo quanto o das próprias tubulações; a Figura abaixo mostra, por exemplo, alguns tipos de válvulas projetadas no Séc. XV por Leonardo da Vinci. Figura 24-Tipos de válvulas século XV As válvulas representam, em média, cerca de 8% do custo total de uma instalação de processamento. A localização das válvulas deve ser estudada com cuidado, para que a manobra e a manutenção das mesmas sejam fáceis, e para que as válvulas possam ser realmente úteis. 2.3.1 Classificação das Válvulas Existe uma grande variedade de tipos de válvulas, algumas para uso geral, e outras para finalidades específicas. São os seguintes os tipos mais importantes de válvulas: Válvulas de Bloqueio (block-valves) Válvulas de Regulagem (throttling valves) Válvulas que Permitem o Fluxo em Um só Sentido Válvulas que Controlam a Pressão de Montante Válvulas que Controlam a Pressão de Jusante SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 39 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2.3.1.1 Válvulas de Bloqueio (block-valves) • Válvulas de gaveta (gate valves). • Válvulas macho (plug, cock valves). • Válvulas de esfera (ball valves). SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 40 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta • Válvulas de comporta (slide, blast valves). Denominam-se válvulas de bloqueio as válvulas que se destinam primordialmente a apenas estabelecer ou interromper o fluxo, isto é, que só devem funcionar completamente abertas ou completamente fechadas. As válvulas de bloqueio costumam ser sempre do mesmo diâmetro nominal da tubulação, e têm uma abertura de passagem de fluido com secção transversal comparável com a da própria tubulação. 2.3.1.2 Válvulas de Regulagem (throttling valves) • Válvulas globo (globe valves). • Válvulas de agulha (needle valves). SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 41 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta • Válvulas de controle (control valves). • Válvulas borboleta (butterfly valves). • Válvulas de diafragma (diaphragm valves). SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 42 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Válvulas de regulagem são as destinadas especificamente para controlar o fluxo, podendo por isso trabalhar em qualquer posição de fechamento parcial. Essas válvulas são as vezes, por motivo de economia, de diâmetro nominal menor do que a tubulação. As Válvulas borboleta e de diafragma, embora sejam especificamente válvulas de regulagem, também podem trabalhar como válvulas de bloqueio. 2.3.1.3 Válvulas que Permitem o Fluxo em Um só Sentido • Válvulas de retenção (check valves). • Válvulas de retenção e fechamento (stop-check valves). SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 43 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta • Válvulas de pé (foot valves). 2.3.1.4 Válvulas que Controlam a Pressão de Montante • Válvulas de segurança e de alívio (safety, relif valves). • Válvulas de contrapressão (back-pressure valves). SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 44 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2.3.1.5 Válvulas que Controlam a Pressão de Jusante • Válvulas redutoras e reguladoras de pressão. 2.3.2 Acessórios de Tubulação Classificação dos Acessórios de Tubulação Podemos dar a seguinte classificação de acordo com as finalidades e tipos dos principais acessórios de tubulação: 2.3.2.1 Finalidades e Tipos 1. Fazer mudanças de direção em tubulação: Curvas de raio longo Curvas de raio curto Curvas de redução Joelhos (elbows) Joelhos de redução de 22 ½º 45º, 90º e 180º 2. Fazer derivações em tubulações: Tês normais (de 90º) Tês de 45º Tês de redução Peças em “Y” Cruzetas (crosses) Cruzetas de redução Selas (saddles) Colares (sockolets, Weldolets etc) Anéis de reforço 3. Fazer mudanças de diâmetro em tubulações: Reduções concêntricas Reduções excêntricas Reduções bucha 4. Fazer ligações de tubos entre si: Luvas (couplings) Uniões Flanges Niples Virolas (para uso com flanges soltos) SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 45 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2.4 Purgadores Purgador é um dispositivo que libera automaticamente condensado, sem perder vapor. Eliminar de forma eficiente o ar, remover o condensado sem perder vapor, com eficiência térmica e confiabilidade, são as características de um bom purgador. Figura 25-Purgadores - tipos de acionamento 2.4.1 Purgador Mecânico de Boia Existem dois projetos básicos usados para purgador de boia: Boia com alavanca e Boia livre. Figura 26-Purgador tipo boia livre(funcionamento) SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 46 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Figura 27–Purgador tipo boia com alavanca (Funcionamento) No início do processo, o elemento eliminador de ar termostático permite a passagem do ar. Sem ele, o purgador ficaria travado pela presença do ar. O condensado alcança o purgador, levanta a boia, e o mecanismo abre a válvula principal (sede). O condensado quente fecha o elemento eliminador de ar. O condensado é descarregado à temperatura do vapor saturado. Quando o vapor chega, a boia desce e fecha a válvula principal (sede). Esta válvula principal (sede) está sempre abaixo do nível da água, prevenindo contra o escape de vapor vivo. Figura 28–Purgador de boia- Exemplo de aplicação 01 Figura 29-purgador de boia-Exemplo de aplicação 02 2.4.1.1 Principais Características do purgador de boia Proporcionama descarga contínua do condensado na mesma temperatura do vapor, sendo ideais para aplicações onde haja a necessidade da imediata eliminação do condensado; São os únicos que possibilitam a eliminação do vapor preso, desde que dotados da válvula tipo SLR; Bateria de Aquecedores de ar Drenagens com Purgadores de Bóia Drenagem com Purgador de Bóia Vaso Encamisado Produto SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 47 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta São bons eliminadores de ar, desde que providos com elemento próprio. Absorvem muito bem quaisquer variações de pressão e/ou vazão; Podem sofrer danos por golpes de aríete e por condensado corrosivo. 2.4.2 Purgador Mecânico de balde invertido Por suas características, são os purgadores mais recomendados para a remoção de condensado em equipamentos de áreas com risco de contaminação interna e externa e em linhas de vapor com presença continua de golpes de aríete. 2.4.2.1 Principais Características do purgador de balde invertido Atendem altas pressões; São muito resistentes a golpes de aríete e a condensado corrosivo; Eliminam o ar de forma lenta; Necessitam de um selo d’água para operar; Necessitam de válvula de retenção na entrada para se evitar a perda do selo d’água, em função de eventuais variações de pressão. 2.4.2.2 Funcionamento Figura 30–Purgador de balde invertido-Funcionamento O condensado entra no purgador e forma o selo d´água no seu interior. O peso do balde mantém a sede aberta. O condensado flui ao redor do balde até ser eliminado do purgador; O vapor entra por baixo do balde, elevando-o. Isso faz com que o mecanismo com obturador também suba, fechando a sede; O vapor enclausurado condensa e um pouco do vapor escapa através do orifício do balde. O peso do balde vai puxar o mecanismo do obturador para baixo, abrindo a sede e repetindo o ciclo. O pequeno orifício de escape do balde elimina o ar para o topo do purgador vagarosamente. SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 48 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Figura 31–Purgador de balde invertido-instalação típica 2.4.3 Purgadores Termodinâmicos Purgadores de vapor do tipo termodinâmico são valorizados pelo seu tamanho compacto e versatilidade sobre a larga faixa de pressão. Existem duas categorias básicas de purgadores de vapor termodinâmico: termodinâmico do tipo disco e termodinâmico do tipo impulso. Figura 32–Purgador termodinâmico-tipos Em purgadores do tipo disco, a válvula abre e fecha conforme as mudanças das forças que agem sobre a válvula plana em forma de SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 49 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta disco e em purgadores do tipo impulso, o movimento do pistão controla o fluxo. O vapor pode ser ajustado para aumentar ou limitar a vazão. Os dois tipos de purgadores termodinâmicos, disco e impulso, descarregam o condensado de forma intermitente. 2.4.3.1 Funcionamento Figura 33-Purgador termodinâmico-Funcionamento 1-No início, a pressão de entrada atua na parte inferior do disco, elevando este e permitindo a descarga do ar e do condensado que chegam; 2-Quando o fluxo de condensado quente passa pela câmara de controle sua pressão cai, produzindo vapor flash. A alta velocidade do vapor flash cria uma zona de baixa pressão na parte inferior do disco, puxando-o e fechando a sede; 3-Simultaneamente o vapor flash pressuriza a parte superior do disco, empurrando este para baixo. O disco assenta na sede, mantendo a câmara superior pressurizada; 4-O vapor flash acima do disco condensa, devido à troca térmica com a tampa do purgador, liberando o disco para a passagem do condensado que chega, reiniciando o ciclo de funcionamento. 2.4.3.2 Principais Características - purgador termodinâmico Não necessitam de ajustes em função das variações de pressão; São muito compactos e possuem grandes capacidades de descarga em comparação ao seu tamanho; Admitem altas pressões; Não sofrem danos por golpes de aríete e condensado corrosivo; São de fácil manutenção; Podem operar em qualquer posição (preferencialmente na horizontal, em função do desgaste do disco); Não admitem contrapressões ou pressões diferenciais baixas; Eliminam o ar, desde que a pressão no início do processo se eleve lentamente; Possuem uma ISOTAMPA, para evitar que ocorra uma rápida condensação do vapor flash contido na câmara de controle. Sem ela o purgador promove aberturas e fechamentos em curtos espaços de tempo, causando perda de vapor e desgaste prematuro; Descarregam o condensado de forma intermitente; 1 2 3 4 1 2 3 4 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 50 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta Não atendem bem grandes variações de pressão e vazão de condensado. 2.4.4 Purgador Termostático de Pressão Balanceada Também conhecidos como “Purgadores de controle de temperatura”, ou, “Purgadores de pressão equilibrada”, seu princípio operacional baseia-se na diferença da temperatura do vapor e do condensado. 2.4.4.1 Principais características do Purgador Termostático de Pressão Balanceada Permitem ajustes para descarregar condensado a baixas temperaturas (aproveitamento do calor sensível); São excelentes eliminadores de ar; São muito resistentes a golpes de aríete e a vibrações; Não absorvem grandes variações de pressão, em função de sua forma construtiva; Possuem baixa resistência quando da presença de condensado corrosivo; Descarregam condensado a temperaturas abaixo de 100C, possibilitando alagamentos. Não devem ser aplicados em drenagem de sistemas onde se requeira eliminação imediata do condensado. 2.4.4.2 Funcionamento Figura 34–Purgador de pressão balanceada-Funcionamento 1-No início do processo, o ar frio e o condensado entram no purgador e são descarregados livremente porque a cápsula também está fria e a válvula aberta. 2-Quando o condensado se aproxima da temperatura do vapor a cápsula vai aquecendo. O líquido da cápsula evapora, causando uma pressurização interna que atua sobre o diafragma, empurrando a válvula contra a sede, antes de ocorrer perda de vapor. 3-O condensado esfria. A pressão de vapor no interior da cápsula diminui e a válvula começa a abrir. O condensado é descarregado e o ciclo se repete. 1 2 3 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE UNIDADES DE PROCESSO 51 Material desenvolvido pelo SENAI de Uberlândia - Fábio de Araújo Motta 2.4.5 Purgador Termostático Bimetálico 2.4.5.1 Principais Características Possuem grandes capacidades de descarga comparados com seu tamanho; São excelentes eliminadores de ar; São muito resistentes a golpes de aríete; Podem ser projetados para resistir a ação de condensado corrosivo; Podem trabalhar em altas pressões e com vapor superaquecido; O obturador localizado na saída serve como retenção ao fluxo inverso; São de fácil manutenção; Não respondem rapidamente às variações de pressão; Descarregam o condensado abaixo da temperatura de saturação, não sendo viável sua instalação em sistemas onde se necessita uma rápida drenagem do condensado. 2.4.5.2 Funcionamento Figura 35–Purgador bimetálico-Funcionamento 1-No início, o elemento bimetálico está relaxado, e a válvula está aberta. O condensado frio e o ar são eliminados. 2-O fluxo de condensado quente através do purgador aquece o elemento, que vai puxando a válvula contra a sede. 3-Quando a temperatura do condensado descarregado se aproxima da temperatura do vapor, o elemento fecha a válvula. O novo condensado chega, relaxa o elemento e permite a abertura da válvula, repetindo o ciclo. 2.5 Máquinas hidráulicas As máquinas hidráulicas podem ser de duas classes: Máquinas Motrizes: são aquelas que retiram
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