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ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL PARA GATOS DOMÉSTICOS MANTIDOS EM BIOTÉRIO

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V Congresso de Zootecnia da Amazônia
VII Seminário de Ensino da Zootecnia da Amazônia
V Seminário de Pós-Graduação em Produção Animal na Amazônia
30/10 a 01/11 de 2019, Universidade Federal do Oeste do Pará – PA, Brasil
ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL PARA GATOS DOMÉSTICOS MANTIDOS EM BIOTÉRIO
ALINE SEABRA DE ANDRADE¹; FERNANDO CAUÊ ALVES ALENCAR²; LARISSA EMANUELE BARBOSA PERALTA³; MAYARA PRISCILA LIMA DE ARAÚJO4; FERNANDA MARTINS-HATANO5
1Instituto de Saúde e Produção Animal (ISPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Belém – PA, (91) 988190725, alineseabra@outlook.com
²ISPA/UFRA, Belém – PA, fernandocaue10@gmail.com
³ISPA/UFRA, Belém – PA, laaritwoperalta@gmail.com
4ISPA/UFRA, Belém – PA, lima.mayarapriscila@gmail.com
5ISPA/UFRA, Belém – PA, fernanda.martins.ufra@gmail.com
RESUMO: Os gatos se adaptam bem em ambientes reduzidos e toleram grandes períodos longe da presença humana, aumentando a popularidade dos felinos. A falta de conhecimento sobre seu comportamento natural faz com que muitos tutores não contribuam para o bem-estar do animal. O objetivo do trabalho foi avaliar a preferência dos gatos domésticos alojados no biotério Canil e Gatil da Universidade Federal Rural da Amazônia quanto à utilização de recursos de enriquecimento ambiental. O trabalho foi realizado entre agosto e dezembro de 2018, com seis gatos acima de oito meses de idade, castrados, alojados em baias individuais. Foram inseridos enriquecimentos dos tipos cognitivo e físico dispostos simultaneamente (dias 1 e 6) e individualmente (dias 2, 3, 4 e 5). As observações foram feitas através de filmagens em 16 horas por seis dias, das 16 horas às 8 horas. As análises de frequência foram realizadas pelo teste de Qui-Quadrado com nível de significância de 5% e as de duração submetidas ao teste de Tukey, a nível de significância de 5%. Todos os animais utilizaram os recursos, despendendo de 51,2% das 576 horas observadas em atividade. Dessa forma, a utilização de recursos de enriquecimento para gatos de biotério é necessária, motivando os animais a exercer mais atividades, contribuindo para o seu bem-estar. 
PALAVRAS–CHAVE: bem-estar animal. felinos. ambiência.
ENVIRONMENTAL ENRICHMENT FOR DOMESTIC CATS KEPT IN A BIOTERY
ABSTRACT: Cats adapt well in reduced environments and tolerate long periods away from human presence, increasing the popularity of felines. Lack of knowledge about their natural behavior means that many guardians do not contribute to the welfare of the animal. The objective of this study was to evaluate the preference of domestic cats housed in the Kennel and Cattery vivarium of the Federal Rural University of Amazonia regarding the use of environmental enrichment resources. The study was conducted between August and December 2018, with six cats over eight months of age, castrated, housed in individual pens. Enrichment of cognitive and physical types arranged simultaneously (days 1 and 6) and individually (days 2, 3, 4 and 5) were inserted. Observations were made by filming at 16 hours for six days, from 16 hours to 8 hours. Frequency analyzes were performed by the Chi-square test with a significance level of 5% and the duration submitted to the Tukey test at a significance level of 5%. All animals used the resources, spending 51.2% of the 576 hours observed in activity. Thus, the use of enrichment resources for animal houses is necessary, motivating animals to perform more activities, contributing to their welfare.
KEYWORDS: animal welfare. feline. ambience.
INTRODUÇÃO: A facilidade em adaptar-se em ambientes reduzidos e tolerar longos períodos longe da presença humana, fez com que o gato (Felis catus) ganhasse maior popularidade entre os humanos. Contudo, a falta de conhecimento dos tutores sobre seu comportamento natural pode contribuir para que sejam expostos a péssimas condições de bem-estar. Vários fatores podem influenciar no comportamento de gatos domésticos, sendo marcante a falta de atividade, que resulta em estresse (BENEFIEL E GREENOUGH, 1998; WESTROOP et al., 2006), e alterações comportamentais. O Enriquecimento Ambiental (EA) pode ser definido como aumento da complexidade do ambiente, tornando o habitat mais estimulante e menos previsível para o animal (YOUNG, 2003; VAN PRAAG, 2000). Portanto, a aplicação de técnicas de EA para gatos domésticos confinados pode impactar positivamente em suas condições de bem-estar, o que pode ser comprovado pelo estudo de comportamento animal (BEAVER, 1992; BEKOFF, 1995), com aumento da atividade física e das habilidades motoras e cognitivas (NEWBERRY, 1995). Algumas peculiaridades da espécie devem ser levadas em consideração ao oferecer EA, como o período de atividade, o comportamento social, a idade, cognição e capacidade de adaptação (BIBEN, 1979; CARO, 1979; WEST, 1974). Técnicas e itens eficientes e criativos podem ser desenvolvidos com materiais reciclados ou reutilizados, tornando seu uso acessível para abrigos e domicílios (ROCHLITZ, 2005). Compreender o comportamento normal do gato doméstico e utilizar técnicas de manejo e EA adequadas são o alicerce para o controle e o tratamento de comportamentos indesejáveis (ROCHLITZ, 2005). Para isto, testes de preferência são realizados buscando estabelecer a eficiência do manejo para a espécie a ser beneficiada. Desta forma, o presente trabalho pretendeu inserir recursos de EA e observar as preferências dos gatos alojados no biotério CG/UFRA, de modo a contribuir para o manejo, bem-estar e sucesso na inserção dos animais em famílias adotivas.
 
MATERIAL E MÉTODOS: O estudo foi realizado no biotério Canil e Gatil da Universidade Federal Rural da Amazônia (CG/UFRA), no período de agosto a dezembro de 2018. O CG/UFRA disponibilizou animais residentes e suas instalações para a realização das atividades. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética para Uso de Animais (CEUA/UFRA) antes do início das atividades. Os critérios para inclusão dos animais foram: ter idade acima de oito meses até 3 anos, estarem alojados no CG/UFRA há pelo menos um mês, castrados há pelo menos um mês, estarem livres de enfermidades e não estarem inseridos em outro projeto de pesquisa. As baias individuais foram utilizadas para a realização do presente estudo. A pesquisa foi realizada com uma amostra de seis gatos domésticos sem raça definida, sendo três machos e três fêmeas, através da observação do comportamento na baia individual, utilizando o método de animal focal, em que o observador direciona a sua observação para um indivíduo por tempo determinado ou enquanto o evento comportamental acontece (SOUTO, 2005). Foram disponibilizados recursos de EA dos tipos físico (rede suspensa e caixa de papelão) e cognitivo (brinquedos e arranhadores). Os brinquedos eram amarrados em fios e colocados no chão da baia. Os arranhadores foram feitos de papelão, dispostos na posição horizontal, e de fio de sisal, dispostos na posição vertical. Foi realizado o registro audiovisual com uma câmera IP HD instalada dentro da baia de cada animal, sendo registrada a atividade do mesmo num período de 16 horas corridas, a partir das 16 horas até as 8 horas do dia seguinte, coincidindo com a última e primeira refeição do dia, durante seis dias (66 horas de filmagem por animal). Nesse período não há presença de pessoas no biotério, diminuindo a interferência deste fator no comportamento dos animais. No primeiro dia, foram colocados todos os recursos de EA simultaneamente. A partir do segundo dia os recursos foram disponibilizados individualmente, de modo que o animal não tivesse opção de escolha e aumentasse as chances de interagir com aquele tipo e aprender como utilizá-lo. Do segundo ao quinto dia foram ofertados, respectivamente, os seguintes enriquecimentos: a caixa, a rede, os brinquedos amarrados pela baia e os arranhadores. No sexto dia, todos os recursos foram novamente ofertados simultaneamente, oportunizando a escolha do enriquecimento pelo animal após ser apresentado a cada um individualmente. Foram observadas a frequência comque o animal interagia com o recurso ofertado e a duração de tempo que o utilizou, sendo deitando, cheirando, mordendo ou qualquer outro tipo de interação. Os dados de frequência foram submetidos ao teste de Qui-Quadrado com nível de significância de 5% e os de duração submetidos ao teste de Tukey, a nível de significância de 5%, utilizando o programa de análises SAS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todos os animais utilizaram os recursos disponibilizados, despendendo de 51,2% das 576 horas observadas em atividade. O recurso utilizado por mais tempo foi do tipo cognitivo = 0,36 0,66 e = 0,02 0,02 minutos de interação), seguidos de físicos (caixa) (= 1,07 0,64 minutos de interação). Chandler et al. (1998), afirmam que, por terem hábito noturno, os felinos têm maior disposição nesse período, sendo a oferta de enriquecimento de extrema importância para o seu bem-estar. Quando foi dada a opção de escolha do tipo de recurso a serem utilizados (dias 1 e 6), os animais investiram em média 51,3% do tempo em interações, sendo que esse tempo foi similar (48,7%) quando os tipos de enriquecimento foram apresentados separadamente. Observou-se que a frequência de interação com os recursos foi maior enquanto apresentados nos dias 1 e 6 (5,38 5,78) do que do dia 2 ao 5 (0,931,08). Isso indica que a oferta simultânea promoveu maior atividade dos animais do que quando os recursos foram apresentados individualmente. O estudo de Guandolini (2009), realizado com várias espécies de felinos que vivem em zoológicos, teve resultados semelhantes, pois os animais começaram a interagir mais com o enriquecimento à medida que ele se tornou mais complexo. A utilização dos recursos pelos animais no dia 1 (= 0,55 0,4 minutos de interação) não se modificou após cada recurso ter sido apresentado separadamente (= 0,51 0,42 minutos de interação). Observou-se que os animais mantiveram suas preferências desde o primeiro momento de interação. Isso sugere que as preferências podem ser identificadas desde a inserção do animal no biotério, com vista a identificar as melhores opções para cada um. Quando os recursos foram disponibilizados simultaneamente, os brinquedos (Dia 1: 6,7 2,1 e Dia 6: 8 5,03) e os arranhadores (Dia 1: = 6,3 4,7 e Dia 6: = 7,3 10,2) foram os enriquecimentos cognitivos com maior número de interações. Dentre os recursos físicos, os animais preferiram a caixa (Dia 1: = 15 1,7 e Dia 6: = 14,7 2,08). Dehasse e Buyser (1996) explicam que antes da adoção de um gato, o tutor deve providenciar utensílios indispensáveis, dos quais arranhadores e brinquedos fazem parte, mostrando a eficiência destes recursos relacionados ao comportamento natural de felinos. Quanto a eficiência da caixa como um recurso de EA físico, Moreira et al. (2007) mostraram que pequenos ambientes cativos enriquecidos com objetos que sirvam para se esconder ou descansar diminuíram a resposta ao estresse de gatos. Quando os recursos foram apresentados separadamente, os animais obtiveram maior frequência com os arranhadores (= 7,0 3,61) e a caixa (=14,7 1,53).
CONCLUSÕES: O estudo constatou que os gatos preferiram a caixa e os arranhadores, recursos com os quais os animais fizeram interação mais vezes e por mais tempo, que podem ser confeccionados com materiais de baixo custo. Os animais apresentaram preferências individuais, que podem ser identificadas desde a sua inserção no biotério, para determinar as melhores opções para cada um. Observou-se que a utilização de recursos de enriquecimento ambiental para gatos de biotério é necessária, mesmo no período noturno, motivando os animais a exercer mais atividades, contribuindo para o seu bem-estar, reduzindo a ocorrência de comportamentos anormais, estereotipias e processos patológicos. Portanto, o desenvolvimento de pesquisas sobre o enriquecimento ambiental para o bem-estar de gatos domésticos é imprescindível, pois este aumenta a possibilidade de o animal ter uma melhor qualidade de vida, oferece aos tutores a oportunidade de compreender o seu comportamento natural e fortalecer o vínculo com o seu animal.
REFERÊNCIAS: 
BEAVER B. V. Feline Behavior: A guide for veterinarians. Philadelphia: EUA; Saunders, 1992.
BEKOFF, M. Play signals as a punctuation: the structure of social play in canids. Behavior, v. 132, p. 419-429, 1995.
BENEFIEL, A. A., GREENOUGH, W.T. Effects of experience and environment on the developing and mature brain: Implications of laboratory animal housing. Institute for Laboratory Animal Research Journal, v. 39, n. 1, 1998.
BIBEN, M. Predation and predatory play behavior of domestic cats. Animal Behavior, v. 27, p. 81-94, 1979.
CARO, T.M. Predatory Behavior in domestic cat mothers. Behavior, v. 74, n.1-2, p.129-148, 1979.
CHANDLER, A. E., HILBERY, A. D. R., GASKELL, C. J. Medicina e terapêutica de felinos. 2 ed. São Paulo: Manole, 1998.
DEHASSE, J.; BUYSER, C. Comportamento e educação do gato. São Paulo: Livraria Varela, 122 p. 1996.
GUANDOLINI, G. C. Enriquecimento ambiental para gatos domésticos (Felis silvestres catus) a importância dos odores. Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto. São Paulo, 2009.
MOREIRA N.; BROWN, J. L.; MORAES, W.; SWANSON, W. F. & MONTEIRO-FILHO, E. L. A. Effect of housing and environmental enrichment on adrenocortical activity, behaviour and reproductive cyclicity in the female tigrina (Leopardus tigrinus) and margay (Leopardus wiedii). Zoo Biology 26: 441-460. 2007.
NEWBERRY, R.C. Environmental enrichment: increasing the biological relevance of captive environments. Applied Animal Behavior Science, v. 44, p. 229-243, 1995.
ROCHLITZ, I. A review of the housing requirements of domestics cats (Felis silvestres catus), kept in the home. Applied Animal Behavior Science, v. 93, p. 97 – 109, 2005.
SOUTO, A. Etologia: Princípios E Reflexões – 3. Ed. – Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2005. 346 p.
van PRAAG, H.; GAGE, F.H. Neural consequences of environmental enrichment. Neuroscience, v. 1., p. 191-198, 2000.
WEST, M. Social play in the domestic cat. American Zoology, v.14, p.427-436, 1974.
WESTROOP, J.L. et al. Evaluation of the effects of stress in cats with idiopathic cystitis. American Journal of Veterinary Research, v. 67, n. 4, p. 731-736, 2006.
YOUNG, R. J. Environmental enrichment for captive animals. Cornwall: Blackwell Publishing, 2003.

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