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UNIDADE 1 ÉTICA E BIOÉTICA: PARA DAR INÍCIO À REFLEXÃO. O primeiro artigo da unidade comenta a relação do profissional da saúde (principalmente enfermagem) com a ética, não levando em conta apenas o código de conduta como a relação na prática, abordando diversas situações vivenciadas no cotidiano de um profissional. A ética permeia todas as nossas atitudes e comportamentos e está presente em todas as relações, que são moldadas por ideias, princípios, valores e conceitos que existem dentro de nós e que definem a maneira como agimos, ou seja, que “aprovam” ou “desaprovam” nossas ações e condutas. Entendida como conjunto de princípios morais que regem os direitos e deveres de cada um de nós e que são estabelecidos e aceitos numa época por determinada comunidade humana. A ética se ocupa com o ser humano e pretende a sua perfeição por meio do estudo dos conflitos entre o bem e o mal, que se refletem sobre o agir humano e suas finalidades. Para as teorias éticas, o desejável é o “ser”: ser livre e autônomo (o ser que pondera seus atos no respeito ao outro e no direito comum); ser que age para a benevolência e a beneficência (pratica o bem e não o nocivo); o ser que exercita a justiça (avalia atos, eventos e circunstâncias com a razão e não distorce a verdade); o ser virtuoso no caráter (solidário, generoso, tolerante, que ama a liberdade e o justo). Em qualquer discussão que envolva um tema ético não se pode abrir mão do ‘princípio universal da responsabilidade’. Esta visão ética ampliada de valorização da vida no planeta exige uma postura consciente, solidária, responsável e virtuosa de todos os seres humanos e principalmente daqueles que se propõem a cuidar de outros seres humanos, em instituições de saúde ou em seus domicílios. A Bioética pode ser compreendida como “o estudo sistemático de caráter multidisciplinar, da conduta humana na área das ciências da vida e da saúde, na medida em que esta conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais”. O comportamento ético em atividades de saúde não se limita ao indivíduo, devendo ter também, um enfoque de responsabilidade social e ampliação dos direitos da cidadania, uma vez que sem cidadania não há saúde. Para a abordagem de conflitos morais e dilemas éticos na saúde, a Bioética se sustenta em quatro princípios. Estes princípios devem nortear as discussões, decisões, procedimentos e ações na esfera dos cuidados da saúde. São eles: O princípio da beneficência relaciona-se ao dever de ajudar aos outros, de fazer ou promover o bem a favor de seus interesses. Reconhece o valor moral do outro, levando-se em conta que maximizando o bem do outro, possivelmente pode-se reduzir o mal. Neste princípio, o profissional se compromete em avaliar os riscos e os benefícios potenciais (individuais e coletivos) e a buscar o máximo de benefícios, reduzindo ao mínimo os danos e riscos. É comum que os profissionais da saúde tenham uma atitude paternalista para com os clientes, “é para o seu próprio bem”, mesmo que o cliente discorde. Desta forma, mesmo tendo a intenção de fazer o bem, estão reduzindo adultos a condição de crianças e interferindo em sua liberdade de ação. Para saber o que é bom para cada um dos clientes é preciso que se estabeleça um relacionamento interpessoal de confiança mútua e que o cuidador esteja atento aos limites de sua atuação, uma vez que poderá estar ferindo um outro princípio, a autonomia do cliente. O princípio de não-maleficência implica no dever de se abster de fazer qualquer mal para os clientes, de não causar danos ou colocá-los em risco. O profissional se compromete a avaliar e evitar os danos previsíveis. É preciso evitar qualquer situação que signifique riscos para o mesmo e verificar se o modo de agir não está prejudicando o cliente individual ou coletivamente, se determinada técnica não oferece riscos e ainda, se existe outro modo de executar com menos riscos. Autonomia, o terceiro princípio, diz respeito à autodeterminação ou autogoverno, ao poder de decidir sobre si mesmo. Preconiza que a liberdade de cada ser humano deve ser resguardada. Deontologia e bioética nutricional A violação da autonomia só é eticamente aceitável, quando o bem público se sobrepõe ao bem individual. Cabe aos profissionais da saúde oferecer as informações técnicas necessárias para orientar as decisões do cliente, sem utilização de formas de influência ou manipulação, para que possa participar das decisões sobre o cuidado/assistência à sua saúde, isto é, ter respeito pelo ser humano e seus direitos à dignidade, à privacidade e à liberdade. O princípio da justiça relaciona-se à distribuição coerente e adequada de deveres e benefícios sociais. No Brasil, a Constituição de 1988 refere que a saúde é direito de todos. Dessa forma, todo cidadão tem direito à assistência de saúde, sempre que precisar, independente de possuir ou não um plano de saúde. Conhecendo estes quatro princípios podemos utilizá-los como recursos para análise e compreensão de situações de conflito, sempre que estas se apresentarem, comparando com casos semelhantes que já tenham ocorrido e ponderando as consequências das condutas tomadas anteriormente sobre os clientes, familiares e a comunidade. Esta relação terapêutica deve-se fundamentar na parceria com o cliente, na possibilidade do deste fazer escolhas e, principalmente, na possibilidade de o profissional compreender a escolha do cliente. A ética em saúde é permeada pelo “bem pensar” e pela “introspecção” (autoexame), não sendo suficiente a “boa intenção”. O autoexame nos permite descobrir que somos seres falíveis, frágeis, insuficientes, carentes e que necessitamos de mútua compreensão. A bioética é um instrumento que nos guiará nas reflexões cotidianas de nosso trabalho, sendo fundamental para que as gerações futuras tenham a vida com mais qualidade. SAÚDE PÚBLICA, BIOÉTICA E EQUIDADE Este segundo artigo aborda a questão do investimento financeiro na saúde e sua relação com a ética. Vendo que um valor muito abaixo do necessário viola os direitos humanos, porém a situação se dificulta por se tratar de uma economia frágil que temos no Brasil. BIOÉTICA: A bioética surge para solucionar e resolver muitas vezes os conflitos existentes das interações humanas no âmbito das ciências da saúde ou ciências da vida, em tudo aquilo que envolve questões morais e dos sistemas de valores que chamamos de ética. A bioética tem a função de assegurar o bem-estar das pessoas, garantindo e evitando possíveis danos que possam ocorrer aos seus interesses. O dever da bioética é proporcionar ao profissional e aos que são atendidos por ele, o direito ao respeito e a vontade, respeitado suas crenças e os valores de cada indivíduo. PESQUISAS EM ANIMAIS: UMA REFLEXÃO BIOÉTICA Russel e Burch4, em 1959, propuseram uma filosofia denominada “Princípio dos três R: replacement, reduction e refinement”. Segundo a mesma, replacement significa trocar animais de desenvolvimento superior por formas de vida mais primitivas; reduction sugere a maior redução possível do número de animais a serem utilizados em um experimento e refinement indica a redução do sofrimento dos animais, visando ao maior conforto dos mesmos durante a execução do experimento É imprescindível que os pesquisadores conheçam e entendam a legislação que re- gulamenta essa prática, para que possam conciliar os conceitos de bioética e garantir boa credibilidade dos resultados, seja para impor limites de dor e sofrimento, como para fiscalizar instalações e procedimentos. No Brasil, a lei 6.638/79 foi a primeira a estabelecer normas para a prática didático-científi- ca em animais; entretanto, a mesma ainda não abordava o princípiodos “3R”. O CONCEA determina as normas para o cuidado, as instalações dos centros de criação, o uso humanitário, além da busca de técnicas alternativas para a substituição do uso de animais. O não cumprimento dessas normas implica em penalidades, que variam entre advertências, multas e interdições. Assim, as questões acerca de como os animais devem ser usados e tratados saem do contexto exclusivo da ciência, requerendo reflexões em valores sociais e conceitos de ética aplicada. Isso porque as considerações éticas são emocionais, enquanto a ciência é racional, objetiva e livre de valores. Deve-se, portanto, buscar soluções eticamente responsáveis e viáveis, que beneficiem tanto os animais em si, como os homens e o meio ambiente. Pode-se dizer que o uso de animais na ciência e no meio acadêmico se divide em três áreas: ensino, pesquisa, e teste de produtos. Cabe moralmente ao Homem, como ser racional, garantir um tratamento digno aos animais que contribuem para os avanços da pesquisa. A forma mais segura de seguir este caminho é estabelecendo leis claras e pesquisas bem delineadas, envolvendo a sociedade para designar as normas éticas. Atualmente, é na busca desses ideais que toda e qualquer atividade de pesquisa em animal deveria estar concentrada. ÉTICA NA PESQUISA CIENTÍFICA – O PAPEL DO PROFESSOR NA CONSTRUÇÃO DE UM CIDADÃO ÉTICO O verdadeiro trabalho de pesquisa deve, sempre, pautar-se em princípios éticos. Esta consciência precisa ser estimulada e desenvolvida em todas as áreas de graduação, principalmente pelos professores e orientadores que, direta ou indiretamente, são responsáveis pela criação científica de seus discentes. Apesar das facilidades promovidas pelo “micro-boom”, que permite o acesso às informações de qualquer canto do mundo em fração de segundos, o uso indevido dessas ferramentas eletrônicas e digitais promovem também a banalização do plágio, com a cópia indiscriminada de textos, trechos e, até mesmo, de trabalhos inteiros, disseminando a ocorrência cada vez mais frequente desses crimes virtuais, se é que assim se pode chamar. O que de fato se verifica é que a modernização dos meios de comunicação, ao mesmo tempo em que facilitaram a disseminação da informação, proporcionaram também formas mais eficazes para se constatar o uso indevido da mesma, o que não acontecia em tempos anteriores. O plágio constitui crime de “usurpação intelectual” dos mais repudiantes, pois que “por sua malícia, sua dissimulação, sua consciente e intencional má-fé”, o plagiador apropria-se de obra intelectual alheia como se sua fosse. O papel do professor passa a ser, também, o de incutir no aluno o despertar por um rigor científico necessário, revestido de uma indestrutível postura ética O agir moral significa, em breves linhas, não se ater apenas ao seu próprio ponto de vista, mas ser capaz de realizar esta “descentração”, pois, assim, o indivíduo vai ser capaz de questionar, pensar e criticar, construindo um ponto de vista próprio, mas absorvendo aquilo que a sociedade tem para oferecer. Deve reconhecer que o mundo é feito por seus semelhantes que, apesar de humanos, são muito diferentes, mas com quem devem partilhar tudo, inclusive conhecimentos. A ética não se direciona no sentido de prescrever normas de conduta, mas busca exprimir um sentido racional e voluntário para as condutas humanas. Portanto, o modo ético de agir advém dos desejos humanos e se caracterizam pela repetição de atitudes boas e justas, donde se depreende que a formação do caráter está ligada ao hábito e à instrução, e a expressão da personalidade ética da pessoa deverá traduzir a conexão entre seu ethos como caráter e o seu ethos como hábito. Tipos de plágio: Mais que a simples cópia de trechos literários, a academia tem reconhecido diferentes tipos de plágio. Entre eles, destacam-se (1) o autoplágio, em que um indivíduo utiliza um trabalho próprio já publicado anteriormente, mas apresentado de maneira diversa; (2) a autoria fantasma, onde há a inserção de supostos autores que efetivamente não participaram de modo significativo, levando indivíduos à apropriação dos benefícios de conteúdos que os recompensa indevidamente; combinações, em variados graus, de (3) plágios literários (cópias de textos, integrais ou em partes, substituindo-lhes algumas palavras) e (4) plágios de conteúdo (em que as ideias de autores originais são reapresentadas sem que lhes seja reconhecida a origem). CÓDIGO DE ÉTICA DO NUTRICIONISTA Princípios Fundamentais: Art. 1°. O nutricionista é profissional de saúde, que, atendendo aos princípios da ciência da Nutrição, tem como função contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade. Art. 2°. Ao nutricionista cabe a produção do conhecimento sobre a Alimentação e a Nutrição nas diversas áreas de atuação profissional, buscando continuamente o aperfeiçoamento técnico-científico, pautando-se nos princípios éticos que regem a prática científica e a profissão. Art. 3°. O nutricionista tem o compromisso de conhecer e pautar a sua atuação nos princípios da bioética, nos princípios universais dos direitos humanos, na Constituição do Brasil e nos preceitos éticos contidos neste Código. NUTRIÇÃO E MÍDIA Conforme apresentado, a disseminação na mídia de conceitos relacionados a nutrição requerem debates e transformações, no intuito de que a população tenha acesso a conteúdos pautados em princípios científicos e éticos. Profissionais da saúde e da comunicação devem assumir na sociedade seus papéis de cidadãos, buscando em suas atividades, a saúde pública e, portanto, contribuindo para o bem comum. A NUTRIÇÃO CLÍNICA AMPLIADA E A HUMANIZAÇÃO da relação nutricionista- paciente: contribuições para reflexão Observa-se ainda que os cursos de nutrição, compreendidos na lógica fragmentada dos saberes em saúde, em sua maioria conjecturada dentro do modelo biomédico, têm dado pouca ou nenhuma importância às dimensões humana e social dos sujeitos na trajetória de formação acadêmico- profissional do nutricionista, bem como não têm tratado devidamente o tema “alimentação” como fenômeno sicobiossociocultural. Isso passa a ser preocupante na medida em que os elementos de trabalho desse profissional são o homem e sua comida: um processo relacional demasiadamente complexo. Os aspectos sensoriais, psicológicos e socioculturais também devem estar envolvidos na atenção dietoterápica. Historicamente, o nutricionista clínico, ao prestar atendimento a pacientes portadores de problemas nutricionais e de saúde, vem minimizando seus valores subjetivos e a promoção de sua autonomia, reduzindo-o praticamente à sua doença (“o obeso”, por exemplo), não o vendo, portanto, como um ser (sujeito) que possui historicidade, culturalidade e temporalidade. Como política, a humanização deve, portanto, traduzir princípios e modos de operar no conjunto das relações entre trabalhadores e usuários, entre os diferentes trabalhadores, entre diversas unidades e serviços de saúde e entre instâncias que constituem o SUS. Assim, entende-se o processo de humanização da nutrição como a capacidade de oferecer cuidado nutricional de forma integral e qualificado, valorizando o diálogo e a escuta em suficiência na relação profissional-usuário e articulando o conhecimento tecnocientífico das áreas de alimentação, nutrição e saúde com princípios ético-humanísticos, com aspectos psicossocioculturais do ser humano, acolhimento, melhoria do ambiente de cuidado nutricional e das condições de trabalho dos nutricionistas. POLITICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO Lançada em 2003, a Política Nacional de Humanização (PNH) busca pôr em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde, produzindo mudançasnos modos de gerir e cuidar. A PNH estimula a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários para construir processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários no cuidado de si PNAE O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública. * Lei nº 5.276/1967, que há 50 anos regulamentou no Brasil a profissão de nutricionista * Lei Nº 6.583 e Lei Nº 8.234 com os aspectos legais distintivos da regulação da formação de nutricionistas; a Constituição Brasileira define que é livre o exercício de qualquer profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer, compreendendo esta legalidade sob dois aspectos: legislação reguladora do ensino no país e regulamentação da profissão. As normativas dão o norte da formação de médicos e de nutricionistas, definindo o perfil e a vocação de cada profissional, entendendo-se que a graduação estabelecerá a relação entre o profissional e a profissão.
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