Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Citologia e Embriologia UNIDADE 4 1 CITOLOGIA E EMBRIOLOGIA UNIDADE IV Caro(a) aluno(a), nas unidades anteriores vimos o corpo humano do ponto de vista celular, estudando os componentes celulares – desde membrana celular, passando pelas organelas até o seu núcleo interfásico – compreendendo assim que a célula atua como unidade básica e fundamental dos seres vivos. Nesta unidade, iremos estudar do ponto de vista embriológico o corpo humano, entendendo como ocorre o desenvolvimento do organismo desde o processo de fertilização até o seu completo desenvolvimento. Veremos inicialmente nesta unidade como ocorre o processo de fecundação, a junção do espermatozóide (gameta masculino) com o óvulo (gameta feminino), dando origem ao zigoto, que contém informações genéticas provenientes do pai e da mãe. Este organismo unicelular (uma célula) é o inicio de todos nós. Esta célula se divide progressivamente, e dá origem a um ser multicelular, organizado em sistemas complexos. Em seguida, veremos as etapas seguintes à fecundação, desde formação do disco embrionário até a formação dos diversos órgãos que constituem o corpo humano, entendendo os principais eventos que ocorrem nas primeiras semanas de desenvolvimento. Antes de iniciarmos o conteúdo desta unidade, vamos recapitular um pouco do processo da gametogênese para que assim, você consiga compreender melhor o processo de gametogênese. Gametogênese é o processo de formação e desenvolvimento das células sexuais, os gametas (ou células germinativas), preparando-as para a fertilização. Durante esse processo, o número de cromossomos é diminuído pela metade, gerando células especializadas, com apenas 23 cromossomos (haplóides). Estas células, que inicialmente possuem 46 cromossomos, passam por divisões meióticas durante o desenvolvimento fetal até a puberdade do indivíduo. Nas mulheres este processo é denominado ovogênese, e nos homens, espermatogênese. É importante saber que a fecundação é a sequência complexa de eventos moleculares coordenados que se iniciam com o contato entre um espermatozóide e um oócito, terminando com o entrelaçamento dos cromossomos maternos e paternos na metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto. O evento da fecundação acontece de maneira organizada dentro da célula, numa sequência de fazes específicas que culminam com a formação do zigoto. Esse processo se inicia com a passagem do espermatozóide através da corona radiata do ovócito, essa ação é permitida graças à ação da hialuronidase, que é liberada a partir do acrossoma do espermatozóide. Após sua passagem pela corona radiata, outra barreira que o espermatoize encontra é a zona pelúcida, dessa forma, é necessário mais uma vez que o acrossoma libere enzimas hidrolíticas que atuem na destruição dessa barreira. Dessa vez, a enzima liberada é a acrosina, responsável por formar um caminho para o espermatozóide chegar até o oócito. Para compreender melhor como ocorre esse processo, é necessária a visualização do vídeo: https://www. youtube.com/watch?v=vLQJncyroUY (com duração de aproximadamente 6 minutos e de visualização obrigatória). Após a passagem do espermatozoide pela zona pelúcida e entrando em contanto com o oócito ocorre a fusão das membranas 2 plasmáticas celulares dessas células, liberando grânulos corticais que leva a alterações na zona pelúcida, essa alteração permite que outros espermatozóides invadam a zona pelúcida e entrem em contato com o oócito. Você lembra que o oócito parou sua divisão celular na metáfase da segunda divisão meiótica? Após ocorrer essa fusão como espermatozóide é que a segunda divisão meiótica é completada formando um oócito maduro e um segundo corpo polar, o núcleo do oócito maduro se torna o pronúcleo feminino. Outra característica importante da fecundação é a formação do prónúcleo masculino, onde o núcleo do espermatozóide aumenta de tamanho e forma esta estrutura, ocorrendo também a degeneração da cauda, concomitantemente a este processo ocorre também a replicação do DNA dos pronúcleos masculino e feminino e a fusão destes, culminando com a formação do zigoto (a combinação de 23 cromossomos em cada pronúcleo resulta em um zigoto com 46 cromossomos). Por fim, ocorre a ruptura das membranas pronucleares, a condesação dos cromossomos, o rearranjo dos cromossomos para a divisão celular mitótica e a primeira clivagem do zigoto. Observe que o processo de fertilização apresenta inúmeros resultados que são de extrema importância para a célula, como reativar a divisão celular do oócito secundário, produzindo assim, o segundo corpo polar; é responsável por restaurar o número diplóide normal de cromossomos no zigoto, proporcionando uma variabilidade genética. A fertilização ainda determina o cromossomo sexual do embrião, pois um espermatozóide portador de cromossomo sexual X produz um embrião feminino, e um espermatozóide portador do cromossomo Y produz um embrião masculino, além de causar a ativação metabólica do oócito, que garantirá a clivagem do zigoto. Após abordamos as principais características da fecundação, recomendo que você assista ao vídeo que ilustra de maneira didática as fases desse processo. O vídeo se encontra no link: www.youtube.com/watch?v=lqeVYeSCp2I e tem duração aproximadamente de 2 minutos. Você percebeu que o principal resultado do processo de fertilização é a formação de uma única célula com metade de seus cromossomos oriundos da mãe e a outra metade proveniente do pai. Todavia, é necessário que essa nova célula passe por sucessivas divisões mitóticas com a finalidade de formar uma massa de células que formará posteriormente o embrião. O processo de sucessivas divisões mitóticas do zigoto é chamado de Clivagem, esse processo leva a um rápido aumento no número de células. O zigoto primeiramente se divide em duas células, que serão chamadas de blastômeros, essas células vão se tornando cada vez menores a cada divisão. A divisão do zigoto começa aproximadamente 30 horas após a fecundação. Após o estágio de oito células, os blastômeros mudam sua forma e se alinham firmemente uns contra os outros, a compactação. A compactação possibilita uma melhor interação entre célula-célula e é um pré-requisito para a separação das células internas que formam a massa celular interna. Quando há 12 a 32 blastômeros, o concepto passa a ser chamado de mórula, a mórula possui células internas, o embrioblasto ou massa celular interna, que são envolvidas por uma camada de blastômeros que formam o trofoblasto. Para uma melhor compreensão desta divisão, assista ao vídeo com duração aproximadamente de 3 minutos: www.youtube.com/watch?v=0ierexWtcLA e observe a figura 1 que mostra como essas células se dividem. Vale falar pra você que as células trofoblásticas secretam uma proteína imunossupresora, o fator de gravidez precoce, que pode ser detectada no soro materno dentro de 24 a 48 horas após a implantação. 3 Após a formação da mórula, esta segue em direção ao útero (aproximadamente quatro dias após a fecundação), no seu interior, o líquido uterino passa através da zona pelúcida para formar um espaço repleto de líquido, a cavidade blastocística. Com o aumento do líquido na cavidade, os blastômeros são separados em duas partes: o trofoblasto, que são células externas delgadas que dão origem à parte embrionária da placenta; e o embrioblasto, que consiste num grupo pequeno de blastômeros que será o primórdio do embrião. Logo os espaços se fundem, e dão origem a uma só cavidade, denominada cavidade blastocística. A partir deste momento, o concepto passa a ser chamado de blastocisto (Fig. 1). Figura 1: Estágios da clivagem do zigoto e formação do blastocisto (Fonte: http://www.famema.br/ ensino/embriologia/img/primeiras-semanas/primeiras semanas/primeirassemanas2.jpg) Aproximadamente seis dias após a fecundação, o blastocisto adere ao epitélio endometrial, essa adesão ao epitélio, permite que o trofoblasto comece a proliferar rapidamente e se diferenciarem duas camadas: o citotrofoblasto – uma camada interna de células – e o sinciciotrofoblasto, a camada externa que consiste em uma massa multinucleada formada pela fusão das células. Observe os detalhes dessas estruturas na figura abaixo (Fig. 2): 4 Figura 2: Adesão do blastocisto ao epitélio endometrial durante os estágios iniciais de sua implantação. (Fonte:http://embriologiaufrn.webnode.com.br/news/a2%C2%BA%20semana%20de%20 desenvolvimento%20/) Saiba que ao final da primeira semana o blastocisto está superficialmente implantado na camada endometrial na parte póstero-superior do útero. O sinciciotrofoblasto é altamente invasivo e se adere a partir do pólo embrionário, liberando enzimas que induzem a apoptose das células endometriais, possibilitando a implantação do blastocisto no endométrio do útero. Esse é responsável pela produção do hormônio hCG que mantém a atividade hormonal no corpo lúteo durante a gravidez e forma a base para os testes de gravidez. Ao final da primeira semana, uma camada de células cubóides, chamadas de hipoblasto, aparece na superfície do embrioblasto, com a face voltada para a cavidade blastocística. Vimos acima que a implantação do blastocisto começa no final da primeira semana e normalmente ocorre no endométrio, em geral, na região superior do corpo do útero. Porém, é apenas na segunda semana de desenvolvimento que a implantação do blastocisto se completa. Assista ao vídeo com duração aproximadamente de 3 minutos: www.youtube.com/watch?v=wVeWkXHH-M0 e visualize como ocorre esse processo. À medida que a implantação do blastocisto progride, várias mudanças ocorrem no embrioblasto resultando na formação de uma placa bilaminar de células, o disco embrionário composto por duas camadas, o epiblasto e o hipoblasto. Este disco apresenta uma importante função biológica, pois ele é responsável por originar as camadas germinativas que formam todos os tecidos e órgãos do embrião. O epiblasto é a camada mais espessa, formada por células cilíndricas altas relacionadas com a cavidade amniótica, sendo responsável por formar o assoalho da cavidade amniótica. Já o hipoblasto confere uma camada mais delgada, formada por células cúbicas e pequenas, que formará o teto da cavidade exocelômica e é continuo com as células que migram do hipoblasto para formar a membrana exocelômica. A membrana e a cavidade exocelômica se modificam e formam a vesícula umbilical primária. A camada mais externa de células da vesícula umbilical forma uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o mesoderma extraembrionário. 5 Abaixo está ilustrado o desenvolvimento dessas camadas (Fig. 3): Figura 3: Desenvolvimento do disco bilaminar (Fonte: http://embriologiaufrn.webnode.com.br/news/ a2%C2%BA%20semana%20de%20desenvolvimento%20/) Concomitante a esses processos, aparece um pequeno espaço no embrioblasto, a cavidade amniótica. Em pouco tempo, as células âmniogênicas (formadoras do âmnio), os amnioblastos, se separam do epiblasto e se organizam para formar uma membrana fina, o âmnio, que envolve a cavidade amniótica. Após a formação do âmnio, do disco embrionário e da vesícula umbilical, aparecem no sinciciotrofoblasto cavidades isoladas chamadas de lacunas, essas lacunas são preenchidas com uma mistura de sangue materno derivado dos capilares endometriais rompidos e restos celulares das glândulas uterinas erodidas. Essa comunicação dos vasos sanguíneos erodidos com as lacunas representa o início da circulação uteroplacentária. No 10º dia, o embrião encontra-se completamente implantado no endométrio, com essa implantação, as células do tecido conjuntivo endometrial sofrem uma transformação conhecida como reação decidual, que resulta na sinalização de AMPc e progesterona. Essa reação tecidual é caracterizada por promover uma área imunologicamente privilegiada para o concepto. Essas células ainda acumulam glicogênio e lipídios, ficando com o seu citoplasma intumescido, sendo chamadas de células deciduais secretoras. É importante que você saiba que por volta do décimo segundo dia, as lacunas sinciciotrofoblásticas próximas se fundem e formam as redes lacunares (os primórdios dos espaços intervilosos da placenta), onde o sangue materno flui. Enquanto ocorrem essas mudanças no trofoblasto e no endométrio, o mesoderma extraembrionário cresce e surgem no seu interior espaços celômicos extraembrionários isolados. Estes espaços se fusionam e formam uma grande cavidade isolada, o celoma extraembrionário. Com a formação do celoma extraembrionário, a vesícula umbilical primária diminui de tamanho, e forma a vesícula umbilical secundária, ou simplesmente saco vitelino, que desempenha importante papel na transferência seletiva do líquido nutritivo para o disco embrionário. Por volta do 14° dia, o embrião ainda apresenta a forma de um disco bilaminar, e células hipoblásticas (células do hipoblasto) formam uma área espessa circular, denominada placa pré-cordal, que indica o futuro local da boca, a região cranial do embrião. 6 Vimos até aqui os principais acontecimentos que marcam a segunda semana de desenvolvimento, o final desta é caracterizada pelo surgimento das vilosidades coriônicas primárias. As vilosidades coriônicas primárias são formadas a partir da proliferação das células cititrofoblásticas que produz extensões celulares que crescem no interior do sinciciotrofoblasto, essas projeções, por sua vez, formam as vilosidades coriônicas primárias (formarão as vilosidades placentárias). O celoma extraembrionário formado anteriormente divide o mesorderma extraembionário em duas camadas: o mesoderma somático extraembrionário, que reveste o trofoblasto e cobre o âmnio. Este posteriormente junto com as duas camadas do trofoblasto irá formar o córion. E o mesoderma esplâncnico extraembrionário, que envolve a vesícula umbilical. A terceira semana do desenvolvimento embrionário ocorre durante a semana de ausência do período menstrual, isto é, cinco semanas após o primeiro dia do último período menstrual normal. A interrupção da menstruação frequentemente é a indicação de que a concepção ocorreu, cerca de três semanas após a concepção, uma gestação normal pode ser detectada por ultrassonografia. A terceira semana é caracterizada por alguns eventos, como: aparecimento da linha primitiva; formação da notocorda e formação do disco trilaminar Você já ouviu falar em gastrulação? Saiba que esse processo é fundamental para que ocorra o desenvolvimento do corpo humano. (Para uma maior compreensão do conteúdo, iremos dividir as fases em tópicos) § Gastrulação: A gastrulação é um processo pelo qual o disco embrionário bilaminar é convertido em disco embrionário trilaminar, marca o inicio da morfogênese – processo de desenvolvimento da forma e estrutura de vários órgãos e partes do corpo. Durante a gastrulação ocorrem alguns eventos importantes, tendo início com a formação da linha primitiva. Recomendo que você assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=AhZoRxb01qY, com duração de aproximadamente quatro minutos, este vídeo irá ajudá-lo a entender vários processos que veremos posteriormente. Formação da linha primitiva: No início da terceira semana ocorre o surgimento da linha primitiva, a partir da extremidade caudal do embrião como resultado da proliferação e migração de células do epiblasto para o plano mediando do disco embrionário, constituindo o primeiro sinal da gastrulação. Na sua extremidade cefálica surge o nó primitivo, com uma pequena depressão no centro chamado fosseta primitiva e ao longo da linha forma-se o sulco primitivo. O aparecimento da linha primitiva torna possível identificar o eixo embrionário. Após esse processo, ocorrem a invaginação de células do epiblasto que dão origem as três camadas germinativas do embrião: o mesênquima ou mesoblasto, uma rede frouxa de tecido conjuntivo embrionário, que origina os tecidos de sustentação e conjuntivos do corpo; outras células do epiblasto migram através da linha primitivapelo sulco primitivo formando o mesoderma intra-embrionário e outras deslocam o hipoblasto e formam endoderma intra-embrionário. As demais células que permanecem no epiblasto formam o ectoderma intra-embrionario. A linha primitiva regride e desaparece na quarta semana do desenvolvimento. Cada uma das três camadas germinativas dará origem a tecidos e órgãos específicos: o ectoderma dará origem à epiderme, sistema nervoso central e periférico e a várias outras estruturas; o mesoderma originará as camadas musculares lisas, tecidos conjuntivos, e é fonte de células do sangue e da medula óssea, esqueleto, músculos estriados e dos órgãos reprodutores e excretor; já o endoderma vai originar os revestimentos epiteliais das passagens respiratórias e trato gastrointestinal, incluindo glândulas associadas. 7 Formação do processo notocordal: Algumas células mesenquimais migram cefalicamente do nó e da fosseta primitiva formando um cordão celular mediano o processo notocordal. Esse processo adquire uma luz, o canal notocordal - e cresce até alcançar a placa precordal, área de células endodérmicas firmemente aderidas a ectoderma. Estas camadas fundidas formam a membrana bucofaríngea (boca). Caudalmente a linha primitiva há uma área circular também com disco bilaminar, a membrana cloacal (ânus). Vale dizer, que algumas células da linha primitiva migram cefalicamente do processo notocordal, formando mesoderma cardiogênico na área cardiogênica, onde o primódio do coração começa a desenvolver no final da terceira semana. A notocorda surge pela transformação do bastão celular do processo notocordal. O assoalho do processo notocordal funde-se com o endoderma e degeneram. Ocorre então a proliferação de células notocordais a partir da extremidade cefálica, a placa notocordal se dobra e forma a notocorda. A notocorda é responsável por definir o eixo do embrião, dando-lhe certa rigidez, serve como base para o desenvolvimento do esqueleto axial, além de indicar a futura área dos corpos vertebrais. Ocorre também nessa fase a formação da coluna vertebral ao redor da notocorda, se estendendo desde a membrana orofaríngea até o nó primitivo. (Fig. 4). Figura 4: Formação do disco trilaminar (Fonte: https://felipebatistela.wordpress.com/2309-terceira- semana-do-desenvolvimento-embrionario/) Outra importante estrutura que se desenvolve durante a terceira semana é o alantóide, este é um anexo embrionário que surge por volta do 16° dia na parede caudal do saco vitelino. Durante a maior parte do desenvolvimento, o alantóide persiste como uma linha que se estende da bexiga urinária até a região umbilical, chamada de úraco, a qual nos adultos corresponderá ao ligamento umbilical mediano. Esta estrutura está envolvida na formação inicial do sangue, os vãos sanguíneos do alantóide tornam-se as artérias e veias umbilicais. Como falado anteriormente, a terceira semana de desenvolvimento é marcado também pela formação do tubo neural. Os processos envolvidos na formação da placa neural e também das pregas neurais para formar o tubo neural constituem a neurulação, tendo início na terceira semana e sendo completada na quarta de desenvolvimento. O vídeo: www.youtube.com/watch?v=uG7Va9_jn7A, com duração de 4:25, mostra com detalhes como ocorre esse processo. Formação do tubo neural: A formação da placa neural é induzida pela notocorda em desenvolvimento, onde o ectoderma embrionário acima dela se espessa e forma uma placa alongada e espessa de células neuroepiteliais chamada de placa neural. O ectoderma da placa neural dá origem ao sistema nervoso central e a outras estruturas como a retina. Por volta do 18° dia, a placa neural se invagina ao longo do eixo central, formando o sulco neural mediano, com pregas neurais em cada lado. No fim da terceira semana, as pregas neurais começam a aproximar-se e a se fundir, formando o tubo neural, primórdio do SNC. Este logo se separa do ectoderma da superfície, se diferencia e forma a epiderme da pele. A fusão das pregas neurais 8 avança em direção cefálica e caudal, permanecendo abertas na extremidade cranial - neuroporo rostral – até o 25º dia e na extremidade caudal – neuroporo caudal – até o 27º dia. Com a fusão das pregas neurais para formar o tubo neural, algumas células neuroectodérmicas perdem suas afinidades epiteliais e adesão com as células vizinhas. Quando o tubo neural se separa do ectoderma da superfície, estas células da crista neural migram de cada lado do tubo neural, formando uma massa achatada e irregular, a crista neural. Logo, a crista se separa em duas partes, direita e esquerda, e origina os gânglios espinhais e os gânglios do sistema autônomo e as meninges. Desenvolvimento dos somitos: Durante a formação da notocorda e do tubo neural, o mesoderma intra-embrionário de cada lado destas estruturas prolifera para formar o mesoderma paraxial. Próximo ao fim da 3ª semana de gestação, o mesoderma paraxial diferencia-se e forma os somitos. Esses são bem proeminentes durante a quarta e quinta semanas, sendo usados como um dos critérios para determinar a idade do embrião. No fim das 5ª semana 42 a 44 pares de somitos estão presentes e avançam cefalocaudalmente dando origem à maior parte do esqueleto axial e músculos associados, assim como a derme da pele adjacente. Desenvolvimento do celoma intra-embrionário: o primórdio do celoma intraembrionário (cavidade do corpo do embrião) surge a partir de espaços celômicos pequenos e isolados no mesoderma lateral e no mesoderma cardiogênico. Estes espaços coalescem formando uma única cavidade, o celoma intrambrionário, que divide o mesoderma lateral em duas camadas: camada parietal/somática que cobre o âmnio, formando a parede do corpo do embrião; e a camada visceral/ esplâncnica que cobre o saco vitelino, formando a parede do intestino do embrião. Durante o 2° mês, o celoma está dividido em 3 cavidades: Cavidade pericárdica, cavidades pleurais e cavidade peritoneal. Desenvolvimento do sistema cardiovascular: No final da segunda semana, a nutrição embrionária é obtida do sangue materno por difusão através do córion, celoma extraembrionário e vesícula umbilical. A formação inicial do sistema cardiovascular está correlacionada à necessidade urgente de transporte de oxigênio e nutrientes para o embrião a partir da circulação materna através do córion. Com isso, por volta do inicio da 3°semana começa a vasculogênese e angiogênese. A formação dos vasos sanguíneos inicia-se com a agregação dos angioblastos – ilhotas sanguíneas. Pequenas cavidades vão se formando dentro das ilhotas, os angioblatos se achatam e originam o endotélio primitivo. Essas cavidades se unem formando redes de canais endoteliais. O coração e os grandes vasos provêm de células mesenquimais da área cardiogênica. Durante a 3ª semana os tubos endocárdicos se fundem, originando o tubo cardíaco primitivo. No fim da 3ª semana o sangue já circula e desenvolve-se o primórdio de uma circulação uteroplacentária. As células sanguíneas desenvolvem-se a partir de células endoteliais especializadas, os hemangioblastos na vesícula umbilical e no alantóide no final da terceira semana, porém a formação do sangue não se inicia no embrião até a quinta semana. Este processo ocorre primeiro em várias partes do mesênquima embrionário. O coração e os grandes vasos formam-se a partir de células mesenquimais no primórdio do coração ou na área cardiogênica. Ainda na terceira semana, os tubos cardíacos endocárdicos, que se fundem, formando um tubo cardíaco primitivo, esse, por sua vez, se unem com os vasos sanguíneos do embrião para formar o sistema cardiovascular primitivo. Você irá compreender melhor esse processo assistindo ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=1nYWwKxwgUk, com duração aproximadamente de 5 minutos. Dessa forma, o sangue circula e o coração começa a bater por volta do 21º ou 22º dia, mostrando que o sistema cardiovascular é o primeiro sistema que alcança um estágio funcionalprimitivo. 9 Entenda que as três camadas germinativas (ectoderma, mesoderma e endoderma) que foram formadas durante a gastrulação dão origem aos primórdios de todos os tecidos e órgãos. As células de cada camada germinativa se dividem, migram, agregam-se e se diferenciam em padrões bastante precisos enquanto formam os vários sistemas orgânicos. Saiba que cada sistema do corpo tem seu próprio padrão de desenvolvimento, e a maior parte dos processos de morfogênese é regulada por mecanismos moleculares complexos, considerando assim o desenvolvimento embrionário como um processo de crescimento e aumento da complexidade estrutural e funcional. O período de organogênese ocorre da quarta a oitava semana do desenvolvimento embrionário. Durante o período da quarta a oitava semana, que representa a maior parte do período embrionário, todos os principais órgãos e sistemas do corpo são formados das três camadas germinativas. Ao final da oitava semana, o funcionamento da maioria dos principais sistemas de órgãos é mínimo, com exceção do sistema cardiovascular. À medida que há o surgimento dos órgãos, a forma do embrião muda, de tal maneira que ao final da 8ª semana já possui um aspecto humano. O período da organogênese por fins didáticos pode ser dividido em três fases: o período de crescimento, onde envolve a divisão celular e formação de produtos celulares; o período de morfogênese, que inclui movimentos celulares em massa que permitem a interação das células durante a formação dos tecidos e por fim a fase de diferenciação que compreende a maturação dos processos fisiológicos que resulta na formação de tecidos e órgãos capazes de desempenhar funções especializadas. Vimos acima que uma das fases do período da organogênese é a fase da morfogênese, esse processo tem início com o dobramento do embrião. O dobramento do embrião é um evento muito importante no estabelecimento da forma corporal, tornando o disco embrionário trilaminar achatado em um embrião levemente cilíndrico. O dobramento ocorre nos planos mediano e horizontal e é decorrente do rápido crescimento do embrião, particularmente do encéfalo e da medula espinhal. O dobramento das laterais do embrião resulta do crescimento dos somitos, que produzem as pregas laterais direita e esquerda. Os dobramentos nas extremidades cefálica e caudal e nas laterais do embrião ocorrem simultaneamente, o embrião passa assim a apresentar um formato curvo. São observados ainda na quarta semana, os brotos dos membros superiores e inferiores e as fossetas óticas (os primórdios das orelhas internas). As mudanças na forma corporal continuam ocorrendo nas próximas semanas, porém em grau bem menor quando comparadas com a quarta semana. Na quinta semana é observado um crescimento da cabeça excedendo o crescimento de outras partes, o que é causado principalmente pelo rápido desenvolvimento das proeminências encefálicas e faciais; é observado ainda o desenvolvimento das cristas mesonéfricas, que indicam o local dos rins mesonéfricos, os primórdios dos rins permanentes. Na sexta semana, o embrião mostra-se movimentos espontâneos, como contorção do tronco e dos membros. É possível visualizar também o desenvolvimento dos primórdios dos dedos, os raios digitais, além da aurícula. Os olhos ficam claramente maiores devido à formação de pigmentos na retina. O tronco começa a ocupar uma posição ereta. A sétima semana é caracterizada por uma mudança considerável dos membros, sendo observadas estruturas que separam parcialmente os futuros dedos. Já na oitava semana do 10 período embrionário, os dedos da mão estão individualizados e começa a ser observado o surgimento do plexo vascular do couro cabeludo, além da ossificação primária ser iniciada no fêmur. No final da semana, o embrião já apresenta características humanas distintas; no entanto, a cabeça ainda é desproporcionalmente maior, constituindo quase metade do embrião. A região do pescoço está estabelecida e as pálpebras estão se fechando, e ao final da oitava semana, elas começam a se unir através da fusão epitelial, finalizando assim, o período embrionário. O vídeo a seguir mostra de maneira sucinta os processos que ocorrem da quarta a oitava semana de desenvolvimento embrionário: www.youtube.com/watch?v=EW-eWvH2MXQ. É necessário que você organize seu tempo, pois o vídeo tem 43 minutos. As semanas seguintes estão caracterizadas como o período fetal de desenvolvimento e está relacionado com o crescimento do corpo e com a diferenciação dos tecidos, órgãos e sistemas. A taxa de crescimento do corpo durante o período fetal é elevada, e o ganho de peso pelo feto é enorme das últimas semanas. Veja as principais modificações sofridas nesse período no vídeo: www.youtube.com/watch?v=qrYFW3pVYZI, este vídeo com tempo de duração de 30 minutos irá ajudá-lo a entender como é maravilhoso as modificações sofridas pelo corpo humano até seu amplo desenvolvimento. Vimos nesta unidade, os principais mecanismos que regulam o desenvolvimento do ser humano, desde processo de fertilização até a sua diferenciação nos principais órgãos e sistemas. Talvez, tenha parecido um pouco complexo, né? Mas, se você assistir todos os vídeos, além da leitura do livro-texto irá facilitar a compreensão da sua aprendizagem. Além disso, você deve realizar as atividades propostas para aprimorar ainda mais os seus conhecimentos.
Compartilhar