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Conceitos de Biodiversidade

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Unidade 1 - Parte 1
	Site:
	ESKADA | Cursos Abertos da UEMA
	Curso:
	Gestão com Pessoas
	Livro:
	Unidade 1 - Parte 1
	Impresso por:
	Victor Augusto de Lima Silva
	Data:
	segunda, 21 set 2020, 23:44
Sumário
· 1. Gestão com Pessoas – GP na Administração
· 2. Lei no 4.769 e Lei no 7.321
· 3. Código de Ética do Administrador
1. Gestão com Pessoas – GP na Administração
Polary (2015) descreve a Gestão com Pessoas (GP), como importante área de especialidade da Administração, com base nos campos privativos e áreas de atuação da legislação vigente.
Nesse contexto, constatamos que o foco central e atual das práticas de atração de pessoal adotadas pelas empresas e difundidas pelos proissionais em Gestão com Pessoas, é direcionado primeiro à procura de pessoas talentosas e competentes, que são capazes de encontrar sentido no que fazem e nos resultados do seu trabalho, para depois serem treinadas, aperfeiçoadas e/ou desenvolvidas.
A Administração é uma ciência, do grupo das Ciências Sociais, caracterizada cientiicamente pelos critérios de clareza, métodos, e técnicas de investigação cientíica, generalidade, dentre outros, em que o caráter de universalidade torna legítimo os preceitos da ciência tais como: o Planejamento, a Organização, a Direção e o Controle, que são considerados princípios universais da administração.
Dentre as características que deine o Método Cientíico de pesquisa em Administração, Cooper e Schinder (2004) destacam: Propósito claramente deinido; Processo de pesquisa detalhado; Projeto de pesquisa (totalmente planejado); Limitações reveladas francamente; Altos padrões éticos aplicados; Análise adequada às necessidades do tomador de decisão; Resultados apresentados de forma não ambígua; Conclusões justiicadas; e Experiência reletida do pesquisador.
2. Lei no 4.769 e Lei no 7.321
No Brasil, a Administração é regida pela Lei no 4.769 de 09 de setembro de 1965, definida primeiramente como a profissão de Técnico de Administração, sendo alterado posteriormente pela Lei no 7.321 de 13 de junho de 1985, o termo de Técnico de Administração para Administrador.
A legislação vigente, desde então, define com clareza a profissão de Administrador, destacando os campos privativos de atuação (arts. 2º da Lei no 4.769/65 e 3º do Regulamento aprovado pelo Decreto no 61.934/67), e assim define o Art. 2o. A atividade profissional de Administrador será exercida, como profissão liberal ou não, mediante:
a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, cheia intermediária, direção superior;
b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da Administração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, administração financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos.
O Art. 3º diz que o exercício da profissão de Administrador é privativo:
a) dos bacharéis em Administração Pública ou de Empresas, diplomados no Brasil, em cursos regulares de ensino superior, oficial, oficializado ou reconhecido, cujo currículo seja fixado pelo Conselho Federal de Educação, nos termos da Lei n.o 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
b) dos diplomados no exterior, em cursos regulares de Administração, após a revalidação do diploma no Ministério da Educação, bem como dos diplomados, até a fixação do referido currículo, por cursos de bacharelado em Administração, devidamente reconhecidos;
c) dos que, embora não diplomados nos termos das alíneas anteriores, ou em outros cursos superiores e de ensino médio, contêm, na data da vigência desta Lei, cinco anos, ou mais, de atividades próprias no campo profissional de Administrador definido no art. 2º.
§ 2º A apresentação do diploma não dispensa a prestação de concurso, quando exigido para o provimento do cargo.
A Gestão com Pessoas (GP) é uma Especialidade da Administração, descrita no Art. 2º. “A atividade profissional” da letra b da Lei no 4.769 de 09 de setembro de 1965 como “administração e seleção de pessoal”, e “relações industriais”.
No entanto, a terminologia evoluiu nos períodos clássico, moderno e contemporâneo (1790 até a atualidade), descrita no item 4.4 deste fascículo, que vai desde Administração de Pessoal até Gestão com Pessoas (GP), mas observa-se predominar ainda na literatura administrativa a denominação de Recursos Humanos, neste fascículo, optamos pela terminologia de Gestão com Pessoas (GP).
A lei esclarece ainda, que as empresas, escritórios técnicos e entidades que exploram as atividades profissionais privativas do Administrador, terão que ser registradas no Conselho de Administração na Jurisdição onde possui registro comercial. Organizações como:
· Administradoras de cartões de crédito;
· Administradoras de consórcios;
· Administração de bens em geral;
· Administração de condomínios;
· Administração de imóveis;
· Comércio exterior;
· Cooperativas;
· Factoring;
· Holding pura e mista.
· Instituições financeiras (Bancos de investimento e desenvolvimento, Distribuidoras de títulos e valores mobiliários, Sociedades corretoras de valores mobiliários e câmbio e Sociedades de crédito, financiamento e investimentos);
· Operadoras de turismo;
· Prestadoras de serviços de Consultoria nos diversos campos de atuação privativos do Administrador;
· Prestadoras de serviços terceirizados ou locadoras/fornecedoras de mão de obra (asseio e conservação, vigilância e segurança, copeiragem e outros);
· Processamento de dados/Informática; outros campos conexos.
Por meio do Art. 6 foram criados o Conselho Federal de Administração (CFA) e os Conselhos Regionais de Administração (CRAs), constituindo em seu conjunto uma autarquia dotada de personalidade jurídica de direito público, com autonomia técnica, administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Trabalho.
O Art. 17, explica que os Sindicatos e Associações Profissionais de Administradores cooperarão com o CFA para a divulgação das modernas técnicas de Administração, no exercício da profissão.
A missão do sistema CFA/CRA é “promover a difusão da Ciência da Administração e a valorização da profissão do Administrador, visando à defesa da sociedade”.
Nesse sentido, a sua ação mais importante diz respeito à fiscalização do exercício ilegal da profissão, visando garantir nas organizações públicas a contratação de profissionais habilitados e registrados nos respectivos Conselhos Regionais de Administração (CRAs).
3. Código de Ética do Administrador
Além da lei, Polary (2015) destaca também o Código de Ética Profissional do Administrador, aprovado pela resolução normativa CFA n°253, de 30 de março de 2001, versando sobre o valor moral e da ética, cujo preâmbulo trata:
· Das Disposições Preliminares;
· Dos Tribunais de Ética dos Administradores;
· Dos Deveres; das Proibições; dos Direitos;
· Dos Honorários Proi ssionais;
· Dos Deveres Especiais em relação aos Colegas;
· Dos Deveres Especiais em relação à Classe;
· Das Infrações e Sanções Disciplinares;
· Das Normas Procedimentais para o Processo Ético e das Disposições Finais.
A ética profissional se configura como o elemento norteador das ações do administrador, dotado de vontade pessoal, espontânea e consciente em que cada profissional deve ter, enquanto ser humano, atuante e pensante, tanto na profissão de administrador, quanto na vida pessoal, principalmente numa sociedade que busca incorporar uma escala de valores morais e éticos consistentes e que resulte numa melhor credibilidade a nível interno e externo do país.
As referências aqui citadas da legislação e do Código de Ética da Profissão de Administrador expressam o teor maior que direcionam as ações da profissão, no entanto, convém acompanhar as suas constantes alterações, inclusões e/ou extinção no que cerne a matéria, por meio dos sites do Sistema CFA/CRA em todo o país.
Assim, disponibilizamos o sitea seguir para o devido acompanhamento dessas constantes alterações do Código de Ética do Administrador:
O Sistema CFA/CRAs (Conselhos Federal e Conselhos Regionais de Administração) e ANGRAD (Associação Nacional dos Cursos de Administração) promovem eventos específicos da categoria profissional do Administrador em nível nacional e internacional, a exemplo dos descritos a seguir:
· Fórum Internacional de Administração – FIA (Figura 1);
· Encontro Brasileiro de Administração – ENBRA (Figura 2);
· Encontro Nacional dos Cursos de Graduação em Administração – ENANGRAD; (Figura 3);
· Encontro Regional de Administração – ERAD; (Figura 4);
· Encontro Maranhense de Administração – EMAD (Figura 5), dentre outros, conforme figuras a seguir:
Figura 1 - Internacional (FIA-Fórum Internacional de Administração)
Fonte: http://www.fia.com.br
Figura 2 - Nacional (ENBRA - Encontro Brasileiro de Administradores)
Fonte: http://www.euvouproenbra.com.br
Figura 3 - Nacional (ENANGRAD - Encontro Anual da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração)
Fonte: http://www.enangrad.org.br
Figura 4 - Encontros Regionais (ERAD - Encontro Regional de Administração)
Fonte: http://www.cfa.org.br
Figura 5 - Encontro Maranhense de Administração – EMAD
Fonte: http://www.cfa.org.br
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Livro: UNIDADE 2
	Site:
	ESKADA | Cursos Abertos da UEMA
	Curso:
	Conceitos em Biodiversidade
	Livro:
	Livro: UNIDADE 2
	Impresso por:
	Victor Augusto de Lima Silva
	Data:
	terça, 22 set 2020, 00:25
Sumário
· 1. AULA 1: O valor da Biodiversidade
· 2. AULA 2: O que são Serviços Ambientais?
· 3. AULA 3: Pagamentos por Serviços Ambientais
· 4. AULA 4: Perda da Biodiversidade
1. AULA 1: O valor da Biodiversidade
2.1 O valor da Biodiversidade
Segundo FARBER et al., (2002), “valor” é a capacidade que determinada ação, bem ou serviço pode contribuir para uma pessoa alcançar seu objetivo ou satisfação. É um processo, pelo qual são pesados os prós e os contras que determinada escolha pode gerar em benefício do indivíduo.
Neste contexto, o ser humano atribui valor para a biodiversidade baseado nos benefícios que esta lhe concede tais como a manutenção da vida no planeta, da sociedade humana e na sustentação das diferentes formas de vida que o homem possui.
A Convenção da Diversidade Biológica reconhece o valor intrínseco da diversidade biológica e dos valores ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e estéticos da diversidade biológica e de seus componentes.
Os valores que o homem atribuiu à biodiversidade podem ser agrupadas em três diferentes tipos: valores intrínsecos, valores de uso e valores de não-uso.
Os valores intrínsecos correspondem ao valor que os ecossistemas possuem por si só e independe da satisfação do homem. Esses valores não podem ser absorvidos pelo sistema monetário, eles são baseados em valores teológicos ou éticos. Os valores de não-uso são os valores atribuídos pelo homem para a existência e sobrevivência da biodiversidade. Por exemplo, o quanto uma pessoa está disposta a pagar para que uma espécie seja protegida em seu habitat natural, mesmo que nunca veja pessoalmente a espécie. Os valores de uso podem ser divididos em três: uso direto, indireto e de opção.
Os valores de uso direto são aqueles que usufruirmos diretamente dos ecossistemas, como a extração de madeira, alimento e etc. Os valores de uso indireto são os benefícios que a biodiversidade nos fornece de forma indireta como o sequestro de carbono, ciclagem de nutrientes, polinização etc., os valores de opção estão relacionados ao valor que futuramente a biodiversidade pode fornecer, por exemplo, um princípio ativo de um determinado medicamento que ainda não foi descoberto, mas está disponível no ecossistema para um uso futuro (Tabela 1) (BARBIERI, 2010; MOTOKONE et al., 2010; GUEDES & SEEHUSEN, 2011).
Para uma boa parte dos benefícios produzidos pela biodiversidade, como os de uso indireto, não existia um valor econômico atribuído a ele, ou seja, é como se não nos custasse nada. Você já pensou se tivesse que pagar pelo m3 do ar que respira? Ou se toda verdura e fruta que você comprasse na feira tivesse no valor de compra a polinização realizada pelos insetos? Utilizamos esses benefícios com a percepção de que é “de graça”, como se fosse obrigação da biodiversidade nos fornecer.
Vamos ilustrar com um exemplo hipotético trazido por Azevedo (2008), onde dois irmãos herdariam uma terra com aproximadamente 10.000 hectares. O primeiro decide preservar a área de floresta herdada, sem alterar o ecossistema nela existente. O segundo irmão decide obter o maior lucro possível para si, explorando ao máximo o ecossistema. Dessa forma, ele vende as árvores para uma madeireira, vende os direitos de uso do solo e subsolo para exploração mineral. Esgotados esses recursos, ele utiliza a área para depósito de dejetos de produção de empresas. Esgotada também essa possibilidade, ele constrói na área um grande complexo industrial e comercial.
Do ponto de vista da sociedade capitalista em que vivemos, o primeiro irmão é visto como um sonhador e lunático, e o segundo irmão é visto como exemplo a ser seguido, gerando riqueza e empregos. O que não se percebe, são os custos ecológicos que essa produção gerou, geralmente (melhor dizendo, quase sempre) eles não entram na conta do proprietário nos lucros, esses custos ambientais são externalizados, sendo pago por toda sociedade, incluindo as gerações futuras.
No esforço de mudar essa lógica de pensamento e demonstrar que a biodiversidade é fornecedora de recursos e serviços insubstituíveis e vitais, surgiu uma corrente de pensamento econômico que vem ganhando força cada dia mais: Economia Ecológica. Também conhecida como economia verde, essa corrente estabelece que os avanços científicos e tecnológicos são importantes para a sociedade, mas não devem ultrapassar os limites dos ecossistemas. Está baseada na relação entre economia, sociedade e manutenção do meio ambiente de forma sustentável (Figura 1).
Na visão da Economia Ecológica, os custos e as estimativas de perdas irreversíveis da biodiversidade e de seus recursos relacionados devem ser computados. Foi nessa perspectiva, que em 2007 iniciou-se um projeto para a valoração da diversidade biológica e dos ecossistemas – o estudo “Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade”, conhecido como Relatório Teeb (The Economics of Ecosystems and Biodiversity). Este trabalho reuniu pesquisadores das áreas de Ciência, Economia e Política, conduzido pelas Nações Unidas. O relatório de 2009 calculou que o valor total da biodiversidade e de seus serviços é de US$ 33 trilhões por ano, o dobro do valor da economia mundial. Observe:
2. AULA 2: O que são Serviços Ambientais?
2.2 O que são Serviços Ambientais?
Os serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos são bens e serviços providos pelo ambiente que contribuem direta ou indiretamente para o bem estar humano. Segundo o Millennium Ecosystem Assessment (MA) – Avaliação Ecossistêmica do Milênio, os serviços ambientais estão divididos em quatro categorias:
1. Serviços de Provisão – são aqueles bens e serviços que suprem as necessidades básicas da vida, como alimento (frutos, pescado, caça), energia (lenha, carvão),  bras (madeira), água etc;
2. Serviços de Regulação – são os benefícios obtidos pelos processos naturais que regulam as condições ambientais que sustentam a vida, como a puri cação do ar e regulação do clima;
3. Serviços de Suporte – são os processos naturais que dão suporte para outros serviços ecossistêmicos, como a polinização, a ciclagem de nutrientes e a formação do solo;
4. Serviços Culturais – são os benefícios não materiais fornecidos para as pessoas relacionadas com lazer, espiritualidade, educação etc.
3. AULA 3: Pagamentos por Serviços Ambientais
2.3 Pagamentos por Serviços Ambientais
Você já ouviu falar em Pagamentos por Serviços Ambientais? Também conhecido como PSA, pode ser definido como:
[...] uma transação voluntária,na qual um serviço ambiental bem definido, ou um uso da terra que possa assegurar este serviço, é adquirido por, pelo menos, um comprador de no mínimo, um provedor, sob a condição de que ele garanta a provisão do serviço (condicionalidade) (Wunder, 2005, p. 3).
PSA é um instrumento econômico gerado com a finalidade de incentivar ações de proteção, manejo e uso sustentável dos recursos naturais. A ideia é recompensar, com dinheiro, aqueles que preservam os recursos naturais ou incentivar outros a fazerem o mesmo, que sem o incentivo não participariam (Figura 3). Podem receber o incentivo, o poder público, empresas, ou o próprio cidadão que cede os direitos da área preservada. Devido ser baseado em um sistema de recompensa, esse instrumento é muito discutido na sociedade atual (GUEDES & SEEHUSEN, 2011).
Os PSA podem ser divididos em duas categorias: pagamento e compensação. A primeira categoria envolve moradores locais, que recebem o pagamento para atuarem como Agentes Ambientais Voluntários, para um serviço de manutenção, sensibilização e fiscalização dos recursos naturais da região onde vivem. A segunda categoria, refere-se a uma compensação pela perda de remuneração em decorrência ao respeito às regras de manejo e/ou de proteção dentro da Unidade de Conservação.
Exemplos de PSA:
·  Sequestro de carbono – uma indústria que não consegue diminuir a sua emissão de carbono, pode pagar para uma comunidade manter sua área florestal preservada (Figura 4);
·  Proteção da Biodiversidade – o governo pode pagar para os agricultores que mantiverem determinada porcentagem de sua propriedade com mata nativa ou em regeneração, sem desmatar;
·  Manutenção da Paisagem – uma empresa de turismo pode pagar para uma comunidade preservar determinada área utilizada para turismo, evitando a caça, queimada e poluição.
A rede WWF (World Wide Fund for Nature) realizou um estudo estabelecendo preços para alguns serviços ambientais. Retiramos alguns desses valores do relatório “Mantendo a floresta amazônica em pé: uma questão de valores” (Tabela 2).
 
4. AULA 4: Perda da Biodiversidade
2.4 Perda da Biodiversidade
A perda da biodiversidade pode assumir muitas formas, mas, na sua mais fundamental e irreversível é a que envolve a extinção de espécies. Ao longo do tempo geológico, a extinção de espécies vem ocorrendo, portanto, é um processo natural que ocorre sem a intervenção do homem. No entanto, é inquestionável que as extinções causadas direta ou indiretamente pelo homem estão ocorrendo a um ritmo que excede quaisquer estimativas razoáveis de taxas de extinção. Por isso tem sido chamada de “a sexta extinção” em comparação ás outras cinco extinções em massa reveladas pelos registros geológicos (Figura 5) (FRANKHAM et al., 2008).
As causas indiretas da perda de biodiversidade incluem o crescimento da população e o desenvolvimento econômico. As causas diretas são a perda do hábitat por degradação e fragmentação, alterações climáticas como o aquecimento do mar, espécies exóticas invasoras que competem com espécies nativas, sobre-exploração e poluição. A exploração da biodiversidade pelo homem não é algo que ocorre apenas recentemente. Observe a Figura 6, ela é uma pintura que retrata a derrubada de árvores da Mata Atlântica no período do Brasil Colonial, que atualmente possui menos que 8% de sua área original.
Diante desse quadro, esforços são necessários para impedir a destruição da diversidade biológica. A Biologia da Conservação surgiu como uma disciplina que reúne pessoas e conhecimento de várias áreas para combater a crise da Biodiversidade. Mas quais seriam os principais objetivos da biologia da conservação? Segundo Primack & Rodrigues (2001), ela possui dois principais: “[...] primeiro, entender os efeitos da atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas, e, segundo, desenvolver abordagens práticas para prevenir a extinção de espécies e se possível, reintegrar as espécies ameaçadas ao seu ecossistema funcional.”
A Biologia da Conservação tem suas bases em disciplinas como taxonomia, ecologia, zoologia, botânica e genética, buscando fornecer soluções práticas para a crise da biodiversidade, considerando sempre em suas decisões, em primeiro lugar, a preservação e conservação das comunidades biológicas e, em segundo lugar, fatores econômicos (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). Vamos discutir mais sobre as contribuições da Biologia da Conservação e alternativas sustentáveis na próxima unidade.
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Livro: UNIDADE 3
	Site:
	ESKADA | Cursos Abertos da UEMA
	Curso:
	Conceitos em Biodiversidade
	Livro:
	Livro: UNIDADE 3
	Impresso por:
	Victor Augusto de Lima Silva
	Data:
	terça, 22 set 2020, 00:40
Sumário
· 1. AULA 1: Conceitos importantes em Biologia da Conservação
· 2. AULA 2: Lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção
· 3. AULA 3: Espécies Exóticas Invasoras
· 4. AULA 4: Fragmentação de Habitats
· 5. AULA 5: Projetos Conservacionistas
· 5.1. 3.5.2 Projeto TAMAR
1. AULA 1: Conceitos importantes em Biologia da Conservação
3.1 Conceitos importantes em Biologia da Conservação
Os conceitos apresentados a seguir são de extrema importância para a biologia de conservação. Observe:
PRESERVAÇÃO: proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, em seu estado natural, sem interferência humana, independente de seu valor utilitário ou econômico (BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000);
CONSERVAÇÃO: proteção dos recursos naturais, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, de forma sustentável, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer às necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral (BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000);
RESTAURAÇÃO: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original (BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000);
RECUPERAÇÃO: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original (BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000);
SISTEMAS AGROFLORESTAIS: são formas de uso ou manejo da terra onde culturas agrícolas são plantadas reunidas a representantes de florestas nativas (Figura 1);
ESPÉCIES BANDEIRAS: são espécies escolhidas como ícone ou símbolo de conservação de um ecossistema ou de sua própria espécie. São exemplos de espécies bandeiras no Brasil o Mico-Leão Dourado (Leontopithecus rosalia), o Muriqui-do-Sul (Brachyteles arachnoides) e a Onça-pintada (Panthera onca), que representa a conservação do bioma Mata Atlântica (Figura 2);
ESPÉCIES GUARDA-CHUVA: são espécies que precisam de extensas áreas preservadas para sobreviver e se reproduzir, e conservando ela e seu habitat, indiretamente preserva-se outras espécies que convivem no mesmo ecossistema. A onça-pintada é um exemplo de espécie guarda-chuva, pois a sua preservação e de seu habitat natural, protege outras espécies;
ESPÉCIES CARISMÁTICAS: são aquelas espécies que tem um apelo emocional no público em geral, que olhamos e dizemos que “fofinho” ou “bonitinho”. Geralmente, as espécies-bandeiras são espécies carismáticas, que chamam a atenção do público para alguma causa ambiental. Um exemplo de espécie carismática é o panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca), que de tão carismática foi escolhido como marca da WWF (World Wide Fund for Nature) (Figura 3).
2. AULA 2: Lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção
3.2 Lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção
Como sabemos que uma espécie está ameaçada de extinção?
Utilizamos o método de classificação de grau de ameaça criado pela ONG suíça IUCN (sigla inglesa para União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais), em 1963. Esse método desenvolvido pela IUCN é utilizado internacionalmente e é a base para a elaboraçãodo chamado “Livro Vermelho” das espécies ameaçadas de extinção, aqui no Brasil essa listagem é feita pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio, conforme Figura 4, a seguir: (FRANKHAM et al., 2008).
As espécies são classificadas em sete graus de ameaça: extinta, extinta na natureza, criticamente em perigo, vulnerável, quase ameaçada e pouco preocupante. Espécies criticamente em perigo são aquelas que apresentam, por exemplo, redução do tamanho populacional em ≥ 80% nos últimos 10 anos ou três gerações, ou uma área de ocupação ≤ 100 quilômetros quadrados, ou uma população estável ≤ 250 adultos, ou uma probabilidade de extinção ≥ 50% nos próximos 10 nos ou três gerações, ou alguma dessas características combinadas. Por exemplo, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie brasileira de ave que possui atualmente 92 indivíduos vivos em cativeiro, sendo considerada pela IUCN como criticamente em perigo, apesar de o governo brasileiro já ter declarado que essa espécie está extinta da natureza desde 2000 (FRANKHAM et al., 2008).
A listagem das espécies no Livro Vermelho em categorias de ameaça fornece uma ferramenta importante para a conservação da biodiversidade, sendo utilizada como base de muitas políticas e leis para proteção de espécies e hábitats.
3. AULA 3: Espécies Exóticas Invasoras
3.3 Espécies Exóticas Invasoras
Uma espécie “exótica”, “introduzida” ou “naturalizada”, pode ser definida como uma espécie que se encontra fora da área de sua distribuição natural, introduzida por ações humanas. Quando essa espécie se estabelece no novo hábitat, expande a sua distribuição e começa a ameaçar outras espécies nativas, hábitats e ecossistemas onde foi introduzida, passando a ser considerada uma espécie exótica invasora (PIMENTEL et al., 2001; LEÃO et al., 2011).
As características mais comuns das espécies exóticas invasoras são a rápida reprodução e crescimento, alta capacidade de dispersão, plasticidade fenotípica, e capacidade de sobreviver com vários tipos de alimentos e em uma ampla gama de condições ambientais.
Espécies exóticas invasoras têm invadido e afetado ecossistemas em todo o planeta, decorrente das alterações ambientais e interferência humana, além da agressividade e capacidade de excluir espécies nativas.
Já foram registradas no Brasil a ocorrência de 386 espécies exóticas invasoras, sendo a maior parte introduzidas intencionalmente por motivos econômicos (LEÃO et al., 2011). São exemplos de espécies exóticas invasoras no Brasil:
· Caracol-gigante-africano (Achatina fulica) (Figura 5), nativo no leste-nordeste da África, foi introduzido no Brasil em 1988, visando o cultivo e comercialização do escargot. A comercialização fracassou, os criadores foram abandonados e os caracóis foram soltos no ambiente, hoje já são encontrados em 23 dos 26 estados brasileiros (PAIVA, 2004);
· Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) (Figura 6), originário da Ásia, foi introduzido em 1991 através de água de lastro de navios mercantes na Argentina. O seu primeiro registro no Brasil foi em 2001 no rio Paraná, hoje já pode ser encontrado no pantanal matogrossense. A sua população pode chegar a uma densidade populacional de 150 mil indivíduos por metro quadrado, o que tem gerado incrustações massivas e obstrução de encanamentos e filtros de água de estações de tratamento, fábricas e usinas hidrelétricas, causando graves perdas econômicas (MANSUR et al., 1999; GISP, 2005);
· Camarão-da-malásia (Macrobrachium rosenbergii) conforme Figura 7, espécie de camarão de água doce originária da região da Ásia, introduzido no Brasil para cultivo, representa uma grave ameaça às espécies nativas devido ser um carnívoro voraz, como também gera um grande impacto no ambiente por ser portador do vírus da mancha branca. No Maranhão, essa espécie já pode ser encontrada em toda costa e Baixada Maranhense (LEÃO et al., 2011).
4. AULA 4: Fragmentação de Habitats
3.4 Fragmentação de Habitats
A Fragmentação de Habitats é um processo de degradação de uma região nativa e homogênea que resulta em remanescentes menores e separados entre si (os fragmentos) conforme Figura 9. Essa modificação altera as condições presentes na área inicial, modificando aspectos da ocupação, reprodução, alimentação e até a sobrevivência de uma espécie em particular (FRANKLIN et al., 2002).
As causas da fragmentação podem ser naturais, como desastres ambientais, ou , ou seja, causadas pelo homem como a agricultura, pastagens e expansão das cidades, sendo esta a principal causa de fragmentação de habitats.
Os impactos são percebidos principalmente nas espécies que precisam de maiores áreas para sobreviver, essas espécies são conhecidas como espécies de interior e geralmente desaparecem em fragmentos pequenos e/ou muito impactados. Enquanto isso, outras espécies de borda ou região de ecótono permanecem e até aumentam sua população como se pode ver na Figura 10.
O exemplo da  gura 11 demonstra a relação entre a fragmentação de habitats e as espécies de borda e interior. Os gráficos mostram a probabilidade de ocorrências de quatro espécies de pássaros existentes na América do Norte, sendo duas espécies de borda (Dumetella carolinensis e Turdus migratorius) e duas espécies de interior (Helmintheros vermivorus e Seiurus aurocapillus), em áreas de fragmentos. A probabilidade de ocorrência das espécies varia com o tamanho do fragmento, observando que as espécies de interior possuem uma maior ocorrência em fragmentos com tamanho maior ou igual a 32 hectares (SMITH & SMITH, 1998).
A conservação de espécies que vivem em fragmentos é um desafio para a biologia da conservação, mas é possível que haja um manejo adequado que permita o fluxo gênico entre populações de diferentes fragmentos. Uma das principais medidas conservacionistas, além do próprio manejo, que diminuem o impacto causado pela fragmentação de hábitats, são os Corredores Ecológicos como sinaliza a Figura 12.
Os Corredores Ecológicos conforme cita a figura 12, são porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação ou fragmentos de florestas nativas, possibilitando entre eles o fluxo de genes e a movimentação da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior (BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000).
5. AULA 5: Projetos Conservacionistas
3. 5 Projetos Conservacionistas
3.5.1 Projeto Ararinha na Natureza
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie ameaçada de extinção da fauna brasileira (Figura 14). A sua categoria é de extinta na natureza desde o ano 2000. Originária da região de caatinga da Bahia, a ararinha-azul teve a sua população quase toda devastada, principalmente devido ao tráfico de animais silvestres e a degradação do hábitat onde viviam. Hoje existem somente 92 espécimes em cativeiro, sendo que somente 11 estão no Brasil. Por serem tão poucos indivíduos, todas as instituições que possuem em cativeiros esses espécimes, trabalham de forma coordenada e lidam com os espécimes como uma população única (ICMBio, 2014).
O Projeto Ararinha na Natureza foi criado com o objetivo de transformar esse quadro, com ações que visam a reprodução dessas aves em cativeiro e para que no futuro elas sejam reintroduzidas em seu habitat natural, além de ações educativas e políticas públicas, que possam conservar o habitat natural da ararinha-azul e criar condições que permitam a sua reintrodução (Figura 17).
O projeto é coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio), com a parceria da VALE, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil) (ICMBio, 2014). Também são parceiros desse projeto as organizações internacionais Al Wabra Wildlife Preservation (AWWP) e Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), essas instituições possuem exemplares da espécie em cativeiro.
5.1. 3.5.2 ProjetoTAMAR
3.5.2 Projeto TAMAR
O Projeto TAMAR surgiu com o objetivo de proteger as tartarugas-marinhas no Brasil, que estão ameaçadas de extinção. O projeto foi criado em 1980 pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, atualmente o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. O nome do projeto surgiu da contração do nome tartaruga marinha necessária no início do projeto devido ao pouco espaço que as placas de metal utilizadas para a identificação das tartarugas possuíam. Hoje, o nome TAMAR é utilizado para designar o Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas, executado pelo ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, protegendo 1.100km do litoral brasileiro, em 25 localidades que servem como áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso desses animais, no litoral e ilhas oceânicas, em nove estados brasileiros como veremos a seguir na Figura 19.
O projeto é exemplo mundial de projeto de conservação marinha, atuando na pesquisa aplicada, inclusão social e educação ambiental. O projeto procura apoio das comunidades costeiras para conservação das tartarugas-marinhas, e para tanto, oferece alternativas econômicas que ajudam na economia da própria comunidade. Em troca da conservação dos ecossistemas marinho e costeiro, a estratégia de conservação é conhecida como espécie-bandeira ou espécie-guarda-chuva.
As tartarugas-marinhas protegidas são como mostra a Figura 20:
Tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta
Tartaruga-de-pente, Eretmochelys imbricata
Tartaruga-de-couro, Dermochelys coriácea
Tartaruga-verde, Chelonia mydas
Tartaruga-oliva, Lepidochelys olivácea
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Livro: UNIDADE 4
	Site:
	ESKADA | Cursos Abertos da UEMA
	Curso:
	Conceitos em Biodiversidade
	Livro:
	Livro: UNIDADE 4
	Impresso por:
	Victor Augusto de Lima Silva
	Data:
	terça, 22 set 2020, 01:13
Sumário
· 1. AULA 1: Revelando a Biodiversidade escondida
· 2. AULA 2: Identificação forense para conservação
· 3. AULA 3: Bioinvasões
· 4. AULA 4: Sexagem
1. AULA 1: Revelando a Biodiversidade escondida
4.1 Revelando a Biodiversidade escondida
Na unidade 1, discutimos os vários problemas que os cientistas enfrentam na identificação de espécies, tais como a existência de espécies crípticas e politípicas. A maioria das espécies é descrita a partir de caracteres morfológicos, o que é bastante dificultada nos grupos que apresentam espécies crípticas, como por exemplo, os veados-muntjac da China (Muntiacus reevesi, Figura 1) e da Índia (Muntiacus muntjak, Figura 2) que são morfologicamente similares, mas constituem duas espécies diferentes, pois, o primeiro possui um conjunto de 46 cromossomos e o último apresenta 6 cromossomos nos machos e 7 nas fêmeas (FRANKHAM et al., 2008).
Nesses casos, o emprego de ferramentas moleculares tem ajudado aos taxonomistas na delimitação de espécies, identificação de híbridos e subespécies. Por exemplo, um caso de identificação de espécies crípticas em golfinhos do gênero Sotalia que ocorrem no Brasil. Acreditava-se que a espécie Sotalia fluviatilis (Figura 3) possuía dois “ecótipos”: um marinho e outro fluvial. Mas estudos com dois marcadores do DNA mitocondrial revelaram que os dois ecótipos são, de fato, duas espécies diferentes com separação entre as duas datadas do Plioceno (Figura 4).
Com esses dados, o ecótipo marinho, conhecido como boto-cinza, foi denominado de Sotalia guianensis (Figura 5), enquanto o fluvial, conhecido como tucuxi, reteve o binômio Sotalia fluviatilis. Esses resultados foram importantes pra a conservação das duas espécies, pois cada uma delas precisa de um plano de manejo separado já que possuem habitats completamente diferentes (CUNHA et al., 2005).
2. AULA 2: Identificação forense para conservação
4.2 Identificação forense para conservação
A aplicação da genética estende-se para identificação de produtos de animais e plantas ameaçadas de extinção comercializadas de forma ilegal. Alguns tentam enganar a lei, comercializando produtos de espécies próximas cujo comércio é legalizado ou oriundas de cultivo, mas a utilização de marcadores moleculares permite a identificação a partir material já industrializado e pode fornecer o local de origem do indivíduo. Por exemplo, kits de análise baseados em Polimorfismos no Comprimento de Fragmentos de Restrição Terminal (T-RFLP) de genes mitocondriais e nucleares já estão disponíveis para a identificação e controle da pesca ilegal de peixes brasileiros, como o mero (Epinephelus itajara), cuja carne, vendida em postas e  lé, é comercializada como se fosse garoupa (Epinephelus marginatus). Esses kits são importantes instrumentos para os órgãos de  fiscalização ambiental e fornecem provas concretas para condenação dos infratores (FRANKHAM et al., 2008).
3. AULA 3: Bioinvasões
AULA 3: Bioinvasões
Dados de Biologia Molecular e genética podem ser utilizados também para acompanhar o processo de bioinvasão e para propor medidas que minimizem os impactos causados por espécies exóticas invasoras. Um exemplo bem sucedido de utilização de dados genéticos foi o estudo realizado com dados de microssatélites para o controle de populações invasoras de porcos ferais (Sus scrofa) na Austrália. Esses animais são prejudiciais a conservação de espécies nativas, pois apresentam um comportamento competitivo e predatório, além de disseminarem doenças.
Como medida de controle das populações de porcos ferais eram realizadas periodicamente abatimento desses animais. Entretanto, o tamanho de algumas populações não diminuíam com o abate. O estudo com microssatélites revelou que as populações que não diminuíam eram geneticamente similares a outras populações, sendo que essas serviam como fonte de imigrantes. Como alternativa, propôs-se a divisão das populações em Unidades de Erradicação, que uniria as populações que serviam de fonte (nesse trabalho foram identificados 5 Unidades de Erradicação), e os abates seriam realizados concomitantemente em todas as Unidades de Erradicação (Figura 8). Dessa forma, os abates passaram a ser mais eficientes e as populações de porcos ferais diminuíram (COWLED et al., 2008).
4. AULA 4: Sexagem
4.4 Sexagem
Algumas vezes, a sexagem morfológica de animais é dicultada, devido à mostra de estudo não apresentar genitálias (como é o caso de amostras degradadas, carcaças etc.), e for de difícil visualização ou a espécie não apresentar dimorsmo sexual visível (como ocorre em cerca de 50% das aves). Nesses casos, marcadores moleculares podem ser usados para a determinação do sexo de forma não invasiva (GRIFFITHS et al., 1998).
Um exemplo dessa aplicação é o uso de marcadores do cromossomo Y, como o fator de diferenciação testicular (SRY), ou regiões pseudohomólogas do cromossomo X e Y, que é o caso dos genes da proteína zinc nger (ZFX e ZFY). O marcador molecular SRY produz uma banda em machos (referente a presença do fragmento do Y) e em fêmeas não apresenta nenhuma banda (devido a ausência do Y). Já o marcador molecular ZFX e ZFY baseia-se na amplificação simultânea de fragmentos presentes no cromossomo X e Y: machos produzem duas bandas, enquanto as fêmeas produzem só uma banda (referente a presença só do cromossomo X) (Figura 9).
Esses marcadores têm sido utilizados na sexagem, por exemplo, do boto-cinza (Sotalia guianensis, Figura 5) e do tucuxi (Sotalia  uviatilis, Figura 3). Esses cetáceos não apresentam dimorfismo sexual externo facilmente observável e a maioria dos estudos dessas espécies são realizados pela técnica de foto-identificação, o que torna difícil a determinação do sexo, já que a foto-identificação depende de uma boa foto da região ventral do animal, o que é bem difícil de conseguir no campo.
 
A aplicação dos marcadores ZFX/ZFY e SRY tem permitido a identificação do sexo dos indivíduos foto-identificados e também de carcaças recolhidas já em estado de putrefação. Na figura 10 vemos o resultado de um gel de eletroforese para a determinação do sexo de indivíduos de Sotalia guianensis utilizando os marcadoresZFX/ZFY e SRY: para ZFX/ZFY, machos aparecem com duas bandas e fêmeas só com uma; para o SRY, machos aparecem com uma banda e fêmeas não apresentam nenhuma (CUNHA; Solé-Cava, 2007).

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