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ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
Book · June 2020
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| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 45
ABORDAGEM CIRÚRGICA 
DOS DENTES INCLUSOS
Ricardo José de Holanda Vasconcellos 
David moraes de Oliveira 
George Borja de Freitas
INTRODUÇÃO
O tratamento dos dentes inclusos é o procedimento mais realizado pelos cirurgiões bucomaxi-
lofaciais e uma das áreas mais fascinantes da Odontologia, pois exige extremo conhecimento 
científico, habilidade e técnica para sua realização. existem muitas terminologias para esse 
procedimento, e elas são usadas, muitas vezes, como sinônimos, mas possuem sentidos pró-
prios, dentre os quais: inclusão, impacção, retenção ou dente não irrompido. esses termos são 
geralmente utilizados para indicar a colocação parcial ou total de dente no interior do osso. 
em uma análise da literatura, pode-se observar que as opiniões divergem muito nesse campo. 
Sendo assim, alguns autores preferem a terminologia inclusão, principalmente os brasileiros 
e os castelhanos, ao passo que outros adotam o termo impactado, destacando-se aqueles 
da escola americana. Outros ainda ficam com a terminologia de dentes não irrompidos e, 
outros, com o termo retenção, por significar melhor a condição do elemento quanto sua 
ação de movimentação na cavidade bucal.1 Devido a essa variedade, cada país ou escola 
estabelece uma terminologia própria.
46 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
As inclusões dentárias representam uma alteração de desenvolvimento em que um determi-
nado dente, chegada a época normal de sua erupção, permanece no interior dos tecidos. 
Dependendo da característica desse tecido, a inclusão pode ser classificada em óssea ou 
submucosa. A semi-inclusão seria a condição em que o dente se encontra parcialmente 
erupcionado na cavidade bucal.2
existem vários méritos que envolvem a definição da nomenclatura, não obstante, neste arti-
go, dá-se preferência ao termo inclusão, pois se considera impacção uma situação em que o 
elemento dental encontra um obstáculo mecânico no seu trajeto convencional de erupção.
OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor poderá:
 reconhecer a nomenclatura e sinonímia dos dentes inclusos;
 identificar os índices de incidência e fatores etiológicos relacionados às inclusões 
dentárias;
 reconhecer os critérios de indicação e contraindicação para cirurgia de remoção dos 
dentes inclusos;
 reconhecer os passos operatórios do procedimento cirúrgico e conduta pós-operatória;
 identificar os possíveis acidentes e complicações, bem como suas respectivas condutas.
ESqUEMA CONCEITUAL
Etiologia
Prevenção de cistos e 
tumores odontogênicos
Tratamento de dores 
sem origem aparente
Incidência
Indicações
Prevenção da fratura mandibular
Prevenção da cárie dentária
Prevenção do apinhamento dental
Prevenção da doença periodontal
Dentes inclusos sob próteses
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 47
exames laboratoriais
exames de imagem
Conclusão
Procedirmento cirúrgico:
 instrumental e sequência cirúrgica
Manejo do paciente no pós-operatório
Conduta pré-operatória
Acidentes e complicações
Tracionamento ortocirúrgico
Transplantes dentais
Antibioticoterapia profilática
Corticoides
Analgesia preemptiva
limpeza da cavidade e sutura
Osteotomia
Incisão ou diérese
Descolamento mucoperiosteal 
e afastamento do retalho
Odontossecção e remoção do dente
Caso clínico 5
Caso clínico 3
Caso clínico 1
Caso clínico 4
Caso clínico 2
Casos clínicos
Aproveitamento dos dentes inclusos
Classificação
Prevenção da reabsorção radicular
Tratamento da pericoronarite
lesão cirúrgica a estruturas adjacentes
extremos de idadeCondição sistêmica comprometidaDecisão pelo tratamento 
cirúrgico e contraindicações
Medicação pré-operatória
48 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
INCIDÊNCIA
No que diz respeito à epidemiologia, os terceiros molares são os dentes que mais fre-
quentemente se encontram inclusos: inferiores (35%) e superiores (34%), seguidos dos 
caninos (9%), pré-molares mandibulares, pré-molares maxilares e segundos molares.3 Os 
primeiros molares e os incisivos inferiores raramente se apresentam inclusos. Um estudo 
realizado por Verri,4 com um total de 3.000 pacientes avaliados, apresentou os seguintes 
percentuais, demonstrados no Quadro 1. 
Quadro 1
ESTUDO COM TOTAL DE 3.000 PACIENTES
Grupo de dentes
Terceiros mIs
Terceiros molares superiores (mS) 
Caninos superiores
Supranumerários
Segundos pré-mIs
Incisivos centrais superiores
Segundos pré-mS
Caninos inferiores
Primeiros pré-mIs
Primeiros pré-mS
Segundos mIs
Primeiros mIs
Incisivos laterais superiores
Incisivos laterais inferiores
Fonte: Verri (1973).4
Percentual (%)
37,28
20,28
16,94
11,39
3,89
2,5
2,22
1,94
1,39
0,55
0,28
0,28
0,28
0,28
em um estudo de 3.874 radiografias, Dachi e Howell5 observaram que a incidência de pacientes 
com, pelo menos, um dente retido era de 16,7%. A incidência de retenção foi observada com 
relação ao sexo entre terceiros molares retidos. Não obstante, não foi observada diferença 
estatisticamente significante entre os sexos, contudo os caninos retidos foram notados com 
maior frequência entre as mulheres. Não se verificou predisposição às retenções bilaterais 
entre terceiros molares, ao passo que houve predominância de unilateralidade entre caninos.
ETIOLOGIA
existe, na literatura, uma grande discussão no que diz respeito à etiologia das inclusões 
dentárias. Para ocorrência das inclusões, são elencadas: causas filogenéticas, fatores locais e 
sistêmicos. Com relação aos fatores sistêmicos, é possível citar doenças que interferem no 
metabolismo do cálcio, por exemplo:6,7
 raquitismo; 
 disfunções hormonais; 
 sífilis congênita; 
 tuberculose; 
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 49
 progeria; 
 acondroplasia; 
 mongolismo; 
 síndromes hereditárias, como a displasia cleidocraniana, síndrome de Down, síndrome 
basocelular nevoide, síndrome de Gardner;
 doenças febris; 
 irradiação.
As causas locais são representadas por obstruções mecânicas, por exemplo:8-10 
 falta de espaço; 
 fibrosamento dos tecidos moles;
 condensação óssea na região; 
 desvio da trajetória de erupção; 
 degenerações teciduais; 
 anomalias próprias do dente (dilaceração radicular e macrodontia); 
 patologias císticas e tumorais também contribuem para ocorrência das inclusões, 
podendo causar impedimento da erupção e deslocamento dos dentes para posições 
atípicas.
INDICAÇÕES
Os critérios de indicações para realização da exérese cirúrgica dos dentes inclusos estão bem 
estabelecidos na literatura. No entanto, é grande a quantidade de pacientes jovens com dentes 
inclusos assintomáticos que têm procurado os serviços de cirurgia para remoção desses dentes. 
 É grande o dilema do cirurgião-dentista sobre se deve indicar a cirurgia de um dente 
assintomático, com todo potencial de complicações pós-operatórias que pode advir 
da cirurgia, ou se seria correto esperar o surgimento de uma doença, piorando a 
saúde do paciente e o prognóstico do procedimento.11
A indicação da remoção de terceiros molares assintomáticos é muito controversa, o cirurgião 
deve sempre mensurar o custo-benefício do procedimento. Se as vantagens obtidas com a 
exérese sobrepujarem os riscos, deve-se sempre indicar a cirurgia. A experiência dos autores 
deste artigo indica que a remoção precoce desses dentes inclusos traz inúmeros benefícios 
ao paciente, dentre os quais: 
 maior poder de recuperação pós-operatória;
 ausência de comorbidades advindas com a senilidade;
 menor condensação óssea.
50 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
De forma bastante objetiva, é possível elencar uma série de indicações para remoção dos 
dentes inclusos, dentre os quais: 
 prevenção da doença periodontal; 
 prevenção de cáries dentárias; 
 prevenção da pericoronarite; 
 dentes inclusos sob próteses dentárias; 
 prevenção de cistos e tumores odontogênicos; 
 prevenção da reabsorção radicular; 
 de dores sem origem aparente; 
 prevenção de fraturas mandibulares; 
 facilitação do tratamento ortodôntico; 
 presença de dentes na linha de fratura óssea. 
 Antes de optar pela exérese cirúrgica de caninos, pré-molares e incisivos inclusos, 
é preciso que o cirurgião-dentista se certifique da impossibilidade de execução de 
tratamento ortocirúrgico desses dentes.
1. Quais os grupos de dentes encontram-se mais frequentemente inclusos?
A) Pré-molares.
B) Caninos.
C) Incisivos.
D) Terceiros molares.
Resposta no final do artigo
2. existe, na literatura, uma grande discussão no que diz respeito à etiologia das inclusões 
dentárias. São elencadas para ocorrência das inclusões: causas filogenéticas, fatores locais 
e sistêmicos. Com relação aos fatores sistêmicos, é possível citar doenças que interferem 
no metabolismo do cálcio. Cite três exemplos.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 51
3. Dentre as alternativas a seguir, o que é considerado como fator local das inclusões den-
tárias?
A) Carcinoma nevoide basocelular.
B) Sífilis congênita.
C) Irradiação.
D) Obstrução mecânica por falta de espaço.
Resposta no final do artigo
4. Por que a indicação da remoção de terceiros molares assintomáticos é muito controversa? 
PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTÁRIA
A cárie dentária é uma doença multifatorial dependente da presença da placa bacteriana, 
mau hábito de higiene bucal e dieta rica em carboidratos. Os dentes inclusos, em especial os 
terceiros molares, por sua posição na arcada e diferentes graus de impacções, tornam-se nichos 
de acúmulo de placa bacteriana, dificultando ou até mesmo impossibilitando a higienização 
correta, contribuindo para o desenvolvimento da cárie dentária. 
 A cárie pode aparecer na superfície oclusal do terceiro molar ou na superfície de 
contato na distal do segundo molar.11 
estudos científicos de Shugars e colaboradores12 têm mostrado maior prevalência de cárie 
oclusal em terceiros molares nos grupos etários mais avançados, bem como o aumento na 
incidência nos grupos mais jovens ao longo do tempo. Desse modo, a remoção precoce 
desses dentes evita procedimentos restauradores e/ou endodônticos, tanto nos terceiros 
molares quanto nos segundos molares, com redução dos custos, tempo de tratamento e 
complicações para o paciente.
52 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
 Os terceiros molares com maior potencial para o desenvolvimento de cárie e com 
melhor indicação para remoção profilática seriam aqueles que se encontram 
parcialmente erupcionados sem expectativa de função (Pell & Gregory A ou B), 
mesioangulados entre 40-80º e com íntima relação com a junção cemento-esmalte 
do segundo molar.11
PREVENÇÃO DA DOENÇA PERIODONTAL
 Dentes erupcionados próximos a dentes inclusos são predispostos à doença 
periodontal. A simples presença de um terceiro molar impactado na superfície distal 
do segundo molar reduz significantemente a quantidade de osso nessa região.13 
A localização anatômica do terceiro molar pode dificultar a higiene e facilitar a 
instalação e progressão da doença periodontal.
em 2007, a Associação Americana de Cirurgiões Bucomaxilofaciais (AAOmS) desenvolveu 
um trabalho intitulado “White paper on third molar data” em relação à doença pe-
riodontal. esse estudo concluiu que a ausência de sintomas não indica a ausência de 
doença; a doença periodontal progride na ausência de sintomas; defeitos periodontais ao 
redor dos terceiros molares pioram com o passar da idade; sua relação com a doença pe-
riodontal severa e refratária e pior resultado no tratamento da doença periodontal apoiam 
a hipótese de que a presença do terceiro molar irrompido ou parcialmente irrompido é 
preditor dedoença periodontal.11
 O problema periodontal que resulta da impacção do terceiro molar é especialmente 
sério na maxila, assim como naqueles casos em que a bolsa periodontal começa a 
envolver a superfície distal do dente adjacente, podendo ocasionar a sua perda nos 
casos mais severos.
Desse modo, preconiza-se a remoção profilática dos terceiros molares impactados erupciona-
dos ou semierupcionados, a fim de prevenir a instalação e progressão da doença periodontal.
PREVENÇÃO DE CISTOS E TUMORES ODONTOGÊNICOS
Quando um dente incluso e/ou impactado encontra-se imerso completamente no processo 
alveolar, o saco folicular associado com o elemento dentário quase sempre também se encontra 
retido. Na maioria dos pacientes, esse folículo permanece com o seu tamanho fisiológico, 
no entanto, ele poderá sofrer degeneração cística e tornar-se um cisto (por exemplo, cisto 
dentígero) ou um tumor odontogênico (por exemplo, tumor odontogênico ceratocístico).
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 53
 Quando o paciente é proservado e acompanhado periodicamente, torna-se possível 
uma abordagem precoce e um melhor prognóstico para o caso. Todavia, quando 
não monitoradas, as referidas lesões podem atingir grandes proporções. 
Como regra, se o espaço folicular em volta da coroa de um dente é superior a 3mm, deve-se 
levantar a hipótese de haver degeneração cística do capuz pericoronário.13 essa possibilidade 
de transformação cística e tumoral em torno de um dente incluso é bem relatada na 
literatura. Todavia, há um consenso, nos diversos estudos avaliados, de que essa frequência 
de alterações é muito baixa.11
Um estudo relevante realizado por Guven e colaboradores14 analisou retrospectivamente 9.994 
terceiros molares impactados, apresentando 231 cistos (2,31%) e 79 tumores odontogênicos 
(0,79%), sendo dois deles malignos (0,02%). O interessante deste estudo é que, dos 310 
pacientes que possuíam cistos/tumores, 131 não possuíam sintomas relacionados à doença, 
ratificando que a ausência de sintomas não implica ausência de doença.
Um estudo realizado em 2008 por martins Filho e colaboradores15 objetivou avaliar histologi-
camente o folículo pericoronário de terceiros molares inclusos sem evidência radiográfica de 
patologia associada, no intuito de identificar a presença de alterações que possam justificar a 
remoção profilática desses dentes. Foram utilizados 31 terceiros molares inclusos extraídos de 
23 indivíduos, destes, 23 foram diagnosticados como folículos pericoronários sem alterações 
(74%), ao passo que oito apresentaram alterações patológicas (26%), sugerindo que a ausência 
de alterações radiográficas não reflete, necessariamente, ausência de alterações histológicas.
 Conclui-se que ausência de sintomatologia e de alterações nos aspectos radiográficos 
não é conclusiva no que se refere ao diagnóstico de lesões associadas a terceiros 
molares inclusos. Desta forma, de acordo com os trabalhos abordados, a remoção 
profilática de terceiros molares inclusos é recomendável em pacientes jovens, com o 
objetivo de prevenir o desenvolvimento de cistos e tumores associados a esses dentes.
PREVENÇÃO DA FRATURA MANDIBULAR
 O espaço ocupado por um terceiro molar impactado no ramo e/ou corpo mandibular 
reduz a quantidade e resistência óssea, tornando a região mais suscetível a fraturas. 
Desta maneira, quanto maior o grau de impacção, maior a predisposição de um 
indivíduo sofrer uma fratura nessa região quando exposto a um trauma.11
54 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
Duan e Zhang16 examinaram 700 pacientes com fratura mandibular e constataram que a 
presença do terceiro molar aumenta significativamente o risco de fratura do ângulo mandi-
bular. Segundo os autores, esse risco aumenta quando os terceiros molares encontram-se 
na classe B-II de Pell & Gregory. esses dados são concordantes com o estudo do Halmos e 
colaboradores,17 que afirmou que a presença dos terceiros molares aumentou 2,8 vezes o 
risco de fratura do ângulo mandibular.
 Se a fratura mandibular se encontra na área de um terceiro molar impactado, 
usualmente, remove-se o elemento antes da redução e fixação da fratura.13 Diante 
do exposto, ratifica-se que a remoção precoce dos terceiros molares mandibulares 
contribui acentuadamente para a diminuição do risco de fratura do ângulo mandibular.
PREVENÇÃO DO APINHAMENTO DENTAL 
É muito comum encontrar pacientes e profissionais que relacionam o apinhamento dental com 
a erupção dos terceiros molares. Gil e Gil11 afirmam que o apinhamento possui causa multi-
fatorial, contudo a contribuição dada pelo terceiro molar ainda é incerta. existem estudos que 
suportam e refutam o papel do terceiro molar no desenvolvimento do apinhamento dental. 
Com os estudos disponíveis atualmente na literatura, todavia ainda não se conseguiu es-
tabelecer a relação entre os terceiros molares e o apinhamento dental. O que intriga 
os pesquisadores é o fato de que esse apinhamento ocorre, na maioria das vezes, contem-
porâneo à erupção desses dentes, não obstante, esse fato pode ser atribuído ao crescimento 
terminal da mandíbula.
 Não se acredita que o terceiro molar, por si só, seja capaz de ocasionar o apinhamento 
dental. Desse modo, deve-se ter critério ao se preconizar a exérese desses dentes 
tendo a prevenção do apinhamento dental como justificativa da indicação.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 55
5. A cárie dentária é uma doença dependente de que fatores?
6. Quais são os terceiros molares com maior potencial para o desenvolvimento de cárie, 
com melhor indicação para remoção profilática? 
I – Aqueles que se encontram parcialmente erupcionados sem expectativa de função 
(Pell & Gregory A ou B).
II – mesioangulados entre 40-80º.
III – Com íntima relação com a junção cemento-esmalte do segundo molar.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
7. em 2007, a AAOmS desenvolveu um trabalho intitulado “White paper on third molar 
data” em relação à doença periodontal. A que conclusões chegou este estudo?
56 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
8. Sobre a prevenção de cistos e tumores odontogênicos, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Quando um dente incluso e/ou impactado encontra-se imerso completamente no 
processo alveolar, o saco folicular associado com o elemento dentário também se 
encontra retido.
( ) Quando o paciente é proservado e acompanhado periodicamente, tornam-se possíveis 
uma abordagem precoce e um melhor prognóstico para o caso. 
( ) Como regra, se o espaço folicular em volta da coroa de um dente é superior a 2mm, 
deve-se levantar a hipótese de haver degeneração cística do capuz pericoronário. 
Assinale a alternativa que contém a sequência correta.
A) V – F – V
B) F – V – F
C) V – V – F
D) F – F – V
Resposta no final do artigo
9. Qual é a relação entre o terceiro molar mandibular incluso e a fratura mandibular?
DENTES INCLUSOS SOB PRÓTESES 
Os dentes inclusos que, porventura, tenham permanecido intraósseos devem ser removidos 
antes da confecção da prótese, pois, quando removidos após a confecção, o processo 
alveolar sofrerá a remodelação óssea pós-exodontia e a prótese poderá perder sua funciona-
lidade, e isto é particularmente verdadeiro no caso das próteses mucossuportadas. 
 Aguardar que o osso que recobre o dente incluso reabsorva e ocorra a ulceração da 
mucosa para exposição do dente não é uma situação favorável para exérese. Nesses 
casos em que é realizada a proservação quando ocorre a necessidade da cirurgia, o 
paciente já apresenta alguma doença sistêmica que pode dificultar o procedimento. 
Além da possibilidade de essa mandíbula já se apresentar atrófica, elevando o risco 
de fratura mandibular durante o procedimento.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 57
Naqueles casos de pacientes idosos, com inclusões dentárias profundas, assintomáticos e 
que descobriram ocasionalmente a inclusão, é possível proservaro caso sem necessariamente 
indicar a cirurgia.
TRATAMENTO DE DORES SEM ORIGEM APARENTE
Ocasionalmente, os pacientes procuram atendimento odontológico queixando-se de dor 
na região retromolar que irradia para face e ouvido, sem razão óbvia. Se as questões 
de disfunções temporomandibulares, dores musculares, outras dores faciais e cárie dentária 
forem excluídas e se, ao exame clínico e/ou radiográfico, o paciente apresentar um dente 
não erupcionado ou semi-incluso, a remoção do dente, às vezes, pode resultar na resolução 
do problema.
 Não se pode indicar o procedimento de exérese cirúrgica do elemento dentário 
sob a promessa de que isso irá sanar a dor do paciente; ele deve estar esclarecido 
de que se trata apenas de uma opção terapêutica. Antes da indicação da cirurgia, 
todos os procedimentos menos invasivos devem ter sido tentados.
PREVENÇÃO DA REABSORÇÃO RADICULAR
Durante o processo de erupção, os dentes inclusos podem causar reabsorção radicular no 
dente adjacente, havendo maior propensão quando o dente incluso está mal posicionado 
e impactado por outro dente. O processo que ocasiona a reabsorção radicular ainda 
não está bem definido, mas aparenta ser similar ao processo de reabsorção que os dentes 
decíduos sofrem durante a erupção dos dentes permanentes.18
 Após a remoção dos dentes impactados, as reabsorções pequenas tendem a estabilizar 
pela reparação do cemento danificado, sem que haja alteração clinicamente detectável. 
Nos casos mais avançados, a terapia endodôntica ou até mesmo a exodontia podem 
ser consideradas.13 Nos casos em que foi detectado o risco de reabsorção de dentes 
adjacentes, a remoção dos dentes inclusos deve ser considerada.
58 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
TRATAMENTO DA PERICORONARITE
 A pericoronarite é uma infecção do tecido mole que recobre a coroa de um dente 
impactado parcialmente erupcionado e é quase sempre causada pela flora bacteriana 
normal. 
Quando a coroa está parcialmente erupcionada com grande quantidade de tecido mole em 
excesso na superfície axial e oclusal, os restos alimentares tendem a se depositar nesse 
nicho existente entre o dente e o capuz pericoronário (conhecido como opérculo), sendo 
colonizado por bactérias da flora residente, passando a ocorrer o processo infeccioso, muitas 
vezes, recorrente.
 A pericoronarite pode se apresentar como uma infecção leve, moderada ou grave, 
que requer hospitalização do paciente. De acordo com a intensidade do quadro, o 
tratamento e a conduta profissional irão variar.
Nas formas leve e moderada, a pericoronarite consiste em um edema tecidual localizado 
e doloroso, sem sinais sistêmicos de infecção, como febre e astenia. Desse modo, essas mo-
dalidades não requerem antibioticoterapia sistêmica, sendo necessárias apenas irrigação com 
soro fisiológico 0,9% ou clorexidina 0,12% e a curetagem realizada pelo cirurgião-dentista, 
além de algumas irrigações caseiras que podem ser realizadas pelo próprio paciente.
Nos casos mais graves, com uma grande quantidade de edema, trismo, resultante da dis-
seminação da inflamação aos músculos da mastigação, astenia e febre, o cirurgião-dentista 
deve considerar a administração de um antibiótico juntamente às irrigações, de preferência 
com o digluconato de clorexidina a 0,12%. 
 O antibiótico de escolha é a amoxicilina 500mg, de 8/8 horas, durante sete dias; 
nos pacientes alérgicos às penicilinas, pode-se utilizar a clindamicina 300mg; nos 
casos em que a infecção tem uma evolução rápida e invade os espaços fasciais 
profundos, pode ser necessário internar o paciente em um ambiente hospitalar 
para administração de antibióticos por via parenteral e para que ele receba o devido 
monitoramento do quadro clínico.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 59
Pacientes que apresentam um episódio de pericoronarite, mesmo quando tomadas todas 
as medidas terapêuticas anteriormente citadas, tendem a ter episódios recorrentes de 
pericoronarite, ainda que tratados com sucesso por esses métodos locais. Todavia, não é 
prudente realizar a cirurgia de remoção desses dentes envolvidos com a pericoronarite antes 
da resolução completa do quadro, pois a incidência de complicações pós-operatórias, como 
alveolite, dificuldade de cicatrização e infecção, aumenta substancialmente se o dente for 
removido em plena atividade inflamatória e/ou infecciosa.
Alguns autores preconizam a ulectomia/operculotomia como tratamento e/ou prevenção 
da pericoronarite, não obstante, a remoção do tecido mole circunjacente é sempre um pro-
cedimento doloroso e ineficaz. Desse modo, preconiza-se a remoção precoce desses dentes 
impactados antes da instalação do processo patológico, a fim de proporcionar menos mor-
bidade pós-operatória e mais conforto aos pacientes.
10. Por que os dentes inclusos que, por ventura, tenham permanecido intraósseos devem 
ser removidos antes da confecção da prótese?
11. Sobre a prevenção da reabsorção radicular, assinale a alternativa INCORReTA. 
A) Durante o processo de erupção, os dentes inclusos podem causar reabsorção radi-
cular no dente adjacente, havendo maior propensão quando o dente incluso está 
mal posicionado e impactado por outro dente.
B) O processo que ocasiona a reabsorção radicular está bem definido e é similar ao 
processo de reabsorção que os dentes decíduos sofrem durante a erupção dos dentes 
permanentes.
C) Após a remoção dos dentes impactados, as reabsorções pequenas tendem a esta-
bilizar pela reparação do cemento danificado, sem que haja alteração clinicamente 
detectável. 
D) Nos casos mais avançados, a terapia endodôntica ou até mesmo a exodontia podem 
ser consideradas. Nos casos em que foi detectado o risco de reabsorção de dentes 
adjacentes, a remoção dos dentes inclusos deve ser considerada.
Resposta no final do artigo
60 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
12. Defina pericoronarite.
13. Analise as afirmações sobre a pericoronarite.
I – A pericoronarite pode se apresentar como uma infecção leve, moderada ou grave, 
sem necessidade de hospitalização do paciente.
II – Na forma moderada, a pericoronarite consiste em um edema tecidual localizado e 
doloroso, com sinais sistêmicos de infecção. 
III – Nos casos mais graves, com uma grande quantidade de edema, ocorre trismo, 
resultante da disseminação da inflamação aos músculos da mastigação, astenia e 
febre.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
DECISÃO PELO TRATAMENTO 
CIRÚRGICO E CONTRAINDICAÇÕES
As contraindicações para remoção dos dentes inclusos envolvem, primariamente, as con-
dições físicas, fisiológicas e senilidade do paciente. Peterson13 dividiu as contraindicações 
em três áreas:
 extremos de idade;
 condições sistêmicas;
 lesão cirúrgica a estruturas adjacentes.
ExTREMOS DE IDADE 
Nos pacientes jovens, a resposta inflamatória é bem mais satisfatória do que nos pacientes 
mais senis. Desse modo, existe uma corrente de cirurgiões que indicam remoção precoce 
dos dentes inclusos antes mesmo da completa formação da coroa dentária (germectomia). 
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 61
 O consenso é que a indicação da exérese cirúrgica deve ser adiada até um correto 
diagnóstico da inclusão e/ou impacção dentária.
Pacientes idosos, por sua vez, tendem a responder de forma cada vez menos satisfatória ao 
procedimento cirúrgico, desde a velocidade e qualidade da cicatrização até a recuperação 
pós-operatória. Chuang e colaboradores1 avaliaram 4.004 pacientes com um total de 8.748 
dentes inclusos removidos e observaram que os pacientes que possuíam mais de 25 anos 
apresentaram maior incidência de complicações pós-operatórias, como infecção, maior mor-
bidade pós-operatória, edema e dor. 
Outro fator importante é que a senilidade pode trazer consigo comorbidades sistêmicas 
associadas, como diabete, hipertensão arterial sistêmica, hepatopatias e nefropatias, ou 
até mesmo o uso crônico de medicações. esses fatores, quandopresentes isoladamente ou 
associados, podem potencializar os riscos de complicações trans e pós-operatórias e dificultar 
a otimização dos resultados obtidos com a cirurgia.
Não se deve também deixar de lembrar que a idade avançada proporciona um aumento 
na densidade e calcificação óssea, que acaba ocasionando menor elasticidade e flexibili-
dade da estrutura óssea. Adicionado a isso, observa-se também uma diminuição do espaço 
periodontal, atenuando a distância entre o dente e o osso alveolar. essa combinação de fatores 
pode requerer do cirurgião manobras operatórias, por exemplo: odontossecção, osteotomias/
ostectomias para exérese desses elementos inclusos. 
 A idade avançada representa a contraindicação mais comum para a remoção dos 
dentes inclusos. 
Finalmente, naqueles casos em que um dente incluso é descoberto ocasionalmente em um 
exame de rotina, estando retido no osso alveolar por muitos anos, sem doença periodontal, 
cárie ou degeneração cística e mais de 05mm de osso alveolar o recobrindo em toda sua 
superfície, é improvável que enfermidades relacionadas a esse dente ocorram. Desse modo, 
preconiza-se um controle clínico e radiográfico uma vez ao ano para assegurar que ne-
nhuma consequência adversa ocorra.
 Se o dente incluso apresentar sinais de infecção, doença periodontal, degeneração 
cística, estiver sob próteses dentárias incomodando o paciente ou se tornarem 
sintomáticos, deve-se indicar a sua remoção.
62 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
CONDIÇÃO SISTÊMICA COMPROMETIDA
O comprometimento da condição sistêmica é fator muito significativo a ser considerado 
quando se depara com cirurgia de dente incluso, principalmente em pacientes que possuem 
enfermidades que podem colocar sua vida em risco. Assim, em pacientes que já tenham tido 
infarto do miocárdio, acidentes vasculocerebrais há mais ou menos seis meses ou um ano, 
a cirurgia deverá ser postergada.
 A senilidade e o comprometimento da função sistêmica geralmente caminham 
juntos, ao passo que comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica, diabete, 
coagulopatias, nefropatias, hepatopatias, podem representar uma contraindicação 
ao procedimento cirúrgico. 
Desse modo, dentes inclusos assintomáticos em pacientes portadores de enfermidades que 
potencialmente podem dificultar um bom resultado operatório, a exérese cirúrgica deve ser 
vista como eletiva. entretanto, se o dente tornar-se sintomático, o cirurgião deve trabalhar 
em conjunto com o médico do paciente para planejar a cirurgia com o mínimo de sequelas 
no pós-operatório.13
LESÃO CIRÚRGICA A ESTRUTURAS ADJACENTES
A extração de dentes retidos assintomáticos pode levar, em muitos casos, a lesões importantes 
nos tecidos de suporte circunvizinhos ou ainda em estruturas anatômicas importantes, como 
seio maxilar, fossa pterigoide, cavidade nasal. essas injúrias têm aumentado assustadoramente, 
talvez pelo grande número de dentes retidos extraídos assintomaticamente e também pelo 
fato do alarmante número de profissionais não habilitados que realizam esse tipo de manobra. 
A parestesia do nervo lingual, alveolar inferior ou mentual, quando da extração de dentes 
retidos, é uma complicação séria que deverá ser discutida amplamente com o cliente antes 
da cirurgia para serem minimizados problemas de ansiedade no pós-operatório. Isto poderia, 
raramente, ser considerada uma contraindicação à cirurgia, ou até mesmo motivo para se levar 
em consideração a possibilidade da execução de técnicas cirúrgicas alternativas, como a odon-
totectomia parcial intencional, minimizando o risco de trauma cirúrgico à estrutura nervosa.19
CLASSIFICAÇÃO
A remoção dos dentes inclusos pode ser relativamente fácil ou extremamente difícil, depen-
dendo de diversos fatores, como: 
 angulação do dente; 
 grau de impacção dentária ou óssea; 
 localização em relação ao ramo mandibular e a estruturas anatômicas importantes. 
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 63
Utilizando os esquemas de classificação, o cirurgião pode obter maior previsibilidade de 
dificuldade cirúrgica, prognóstico operatório, assim como possibilitar o diálogo técnico entre 
os profissionais. A maioria dos sistemas de classificação dos dentes inclusos é baseada em 
análises radiográficas.
 existem diversos sistemas de classificação para os dentes inclusos que utilizam como 
parâmetro a inclinação do longo eixo do dente e a altura do dente em relação ao 
plano oclusal do segundo molar. Dente incluso ou não irrompido é o órgão dentário 
que, mesmo completamente desenvolvido, não irrompeu na cavidade bucal, 
encontrando-se, portanto, totalmente coberto por tecido ósseo e/ou por mucosa.20
A classificação de Winter (1926)21 refere-se à orientação do longo eixo do terceiro molar 
incluso em relação ao segundo molar vizinho, determinando sete formas de posicionamento 
dos dentes (Quadro 2). esse sistema de classificação dá previsibilidade ao eixo de saída do 
dente incluso, assim como da quantidade de ostectomia requerida para sua exérese. 
Quadro 2
CLASSIFICAÇÃO DE WINTER
Posição
Vertical
mesial
Distal
labial
lingual
Horizontal
Invertida
Tipo de fratura
Quando o longo eixo do terceiro molar inferior (mI) for paralelo ao longo 
eixo do segundo mI.
Quando o longo eixo do terceiro mI estiver em posição medial, relacionado 
com o segundo mI.
Quando o longo eixo do terceiro mI estiver em posição distal ao do segun-
do mI.
Quando o longo eixo do terceiro mI estiver em posição labial ou vestibular-
mente ao do segundo mI.
Quando o longo eixo do terceiro mI estiver em posição lingual ao do 
segundo mI.
Quando o longo eixo do terceiro mI estiver perpendicularmente ao do 
segundo mI.
Quando a coroa do terceiro mI estiver em posição contrária à do segundo 
mI.
Fonte: Winter (1926).21
64 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
A impacção mais prevalente de todos os dentes impactados é a mesioangular (43%). 
Quando o longo eixo de terceiro molar encontra-se perpendicular ao segundo molar, esse dente 
impactado é considerado horizontal. essas impacções são as menos frequentes (3%) dos casos. 
Na impacção vertical, o longo eixo de terceiro molar encontra-se paralelo ao segundo molar. 
esse tipo de impacção é o segundo mais prevalente (38%) dos casos.13 
 Na impacção distoangular, o longo eixo do terceiro molar apresenta uma orientação 
para distal em direção ao ramo mandibular. esse tipo de angulação é o que apresenta 
a maior dificuldade para remoção. 
 Adicionalmente a essas angulações citadas, os dentes inclusos ainda podem 
apresentar inclinação vestibular, lingual ou palatina. menos frequentemente ainda, 
pode-se encontrar a inclinação transversal, isto é, em uma posição absolutamente 
horizontal na direção vestibulolingual.
A classificação de Pell e Gregory22 refere-se ao espaço entre o ramo da mandíbula e a face 
do segundo molar vizinho e à profundidade relativa do terceiro molar incluso em relação ao 
segundo molar vizinho, podendo ser classificada em Classe I, II e III, em relação ao ramo, ou 
classe A, B e C, quando comparada ao plano oclusal. esta classificação relaciona o terceiro 
mI com a borda anterior do ramo da mandíbula:
 Classe I – se o diâmetro mesiodistal da coroa está completamente à frente do bordo 
anterior do ramo mandibular;
 Classe II – se o dente estiver posicionado posteriormente, de forma que cerca de sua 
metade esteja coberta pelo ramo mandibular;
 Classe III – se o dente estiver localizado completamente dentro do ramo mandibular.
A classificação de Pell & Gregory também relaciona o terceiro molar com o plano oclusal do 
segundo molar:
 Classe A – face oclusal do terceiro molar no mesmo nível ou acima do segundo molar;
 Classe B – face oclusal do terceiro molar entre o nível oclusal e o nível cervical;
 Classe C – face oclusal do terceiro molar abaixo da linha cervical do segundo molar.
Garcia e colaboradores19 avaliaram 88 radiografias panorâmicas e fizeram a distribuição em 
grupos etários, analisando a frequência dos dentes inclusosde acordo com os tipos de dentes 
e ainda realizaram uma análise, mais detalhada, do dente incluso mais frequente, baseando-
se na classificação de Winter (1926)21 e Pell e Gregory (1933).22 
Os resultados encontrados foram: terceiro mI – 49,3%; terceiro mS – 36,9%; supranumerários 
– 6,7%. O terceiro mI encontrou-se, de acordo com a classificação de Winter, com 36,9% na 
posição vertical e 32,0% na mesioangular. De acordo com a classificação de Pell e Gregory, 
o terceiro mI apresentou-se em classe 2 em 72,8% e na posição A em 47,6% dos casos. 
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 65
 mediante os resultados, é possível concluir que o dente incluso de maior frequência 
foi o terceiro mI; e a posição mais comumente observada desta unidade foi a vertical 
– Classe 2A.
Os sistemas de classificação abordados são de extrema importância para que se determine 
o grau de dificuldade do procedimento cirúrgico e para que se possa discutir os casos 
entre os profissionais, devendo ser empregados em conjunto para que seja possível descrever 
tecnicamente toda inclusão dentária e que se tenha uma previsibilidade de odontossecção e 
osteotomia requeridas para o caso e eixo de exérese do elemento em questão.
14. São consideradas contraindicações para remoção dos dentes inclusos:
I – extremos de idade.
II – Proximidade com estruturas nobres.
III – Comprometimento sistêmico.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
15. Com relação ao tratamento cirúrgico e contraindicações, assinale a alternativa INCORReTA.
A) Nos pacientes jovens, a resposta inflamatória é bem mais satisfatória do que nos 
pacientes mais senis. 
B) O consenso é que a indicação da exérese cirúrgica deve ser adiada até um correto 
diagnóstico da inclusão e/ou impacção dentária.
C) Pacientes idosos tendem a responder de forma cada vez menos satisfatória ao proce-
dimento cirúrgico, desde a velocidade e qualidade da cicatrização até a recuperação 
pós-operatória.
D) A idade avançada proporciona redução na densidade e calcificação óssea, o que 
acaba ocasionando menor elasticidade e flexibilidade da estrutura óssea.
Resposta no final do artigo
66 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
16. A remoção dos dentes inclusos pode ser relativamente fácil ou extremamente difícil, 
dependendo de diversos fatores. Cite-os. 
17. A classificação de Winter refere-se à orientação do longo eixo do terceiro molar incluso 
em relação ao segundo molar vizinho, determinando quantas formas de posicionamento 
dos dentes?
A) 3
B) 5
C) 7
D) 9
Resposta no final do artigo
18. Correlacione as colunas com a classificação de Pell & Gregory quanto à relação do terceiro 
mI com a borda anterior do ramo da mandíbula.
(1) Classe I
(2) Classe II
(3) Classe III
Resposta ao final do artigo
( ) Se o diâmetro mesiodistal da coroa está completamente à frente 
do bordo anterior do ramo mandibular.
( ) Se o dente estiver localizado completamente dentro do ramo 
mandibular.
( ) Se o dente estiver posicionado posteriormente, de forma que 
cerca de sua metade esteja coberta pelo ramo mandibular.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 67
CONDUTA PRÉ-OPERATÓRIA
As cirurgias dos dentes inclusos geralmente estão associadas a um elevado grau de an-
siedade por parte dos pacientes. Desse modo, o cirurgião deve trabalhar bem a parte emo-
cional e passar total confiança ao paciente, explicando como procederá durante a cirurgia, 
falando sobre os eventuais ruídos que irão surgir durante o procedimento, minimizando o 
trauma cirúrgico ocasionado. É salutar, por parte do cirurgião, a solicitação de exames 
pré-operatórios em cirurgias de dentes inclusos, abrangendo duas vertentes: 
 exames laboratoriais; 
 exames de imagem.
O perfil, geralmente jovem, dos pacientes que requerem a cirurgia de dentes inclusos acaba 
criando um protocolo básico de exames a serem solicitados.11 
 Os exames complementares jamais substituirão um exame clínico sistemático e 
criterioso. esses exames auxiliarão na determinação do prognóstico operatório e 
planejamento cirúrgico. A avaliação completa do paciente, independentemente da 
idade que possua, atuará como aliado na prevenção de acidentes e complicações 
trans e pós-operatórias.
ExAMES LABORATORIAIS
 Antes de solicitar um exame laboratorial, é crucial que o profissional saiba qual 
exame está solicitando, por que está solicitando, que saiba interpretar o exame 
solicitado e faça a adequação do seu resultado à cirurgia proposta. esse fato possui 
fundamental importância, pois a responsabilidade profissional não se restringe ao 
tratamento odontológico, mas também às modificações que porventura venham 
ocorrer após a cirurgia.
Nos pacientes que apresentam alguma doença sistêmica crônica, esse manejo pré-operatório 
toma fundamental importância, principalmente naqueles pacientes com histórico recente de 
acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio ou que fazem uso crônico de 
medicações anticoagulantes. Nesses casos, é imprescindível um trabalho multidisciplinar, 
englobando uma interação com o médico responsável pelo paciente. O cirurgião deve ter em 
mente três variáveis a serem avaliadas antes de solicitar os exames laboratoriais: 
 cirurgia a ser executada; 
 classificação do paciente segundo a Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA) 
(Quadro 3); 
 faixa etária do paciente.
68 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
Quadro 3
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO DO PACIENTE SEGUNDO A ASA
I
II
III
IV
V
VI
Indivíduo normal saudável.
Paciente com doença sistêmica leve ou moderada.
Paciente com doença sistêmica grave que limita a atividade, mas não 
incapacitante.
Paciente com doença sistêmica grave que limita a atividade, incapacitante 
e é uma ameaça constante a vida.
Paciente moribundo que não espera sobreviver mais do que 24 horas com 
ou sem cirurgia.
Paciente com morte cerebral, sendo mantido para doação de órgãos.
Fonte: Nogueira (2004).2
É prudente solicitar exames laboratoriais para pacientes ASA II ou superior, de acordo 
com sua doença preexistente (Quadro 4). 
Quadro 4
EXAMES LABORATORIAIS FREQUENTEMENTE UTILIZADOS 
DE ACORDO COM A DOENÇA PREEXISTENTE 
Exame
leucograma
Hemograma
Contagem de plaquetas
Glicemia
Tempo de sangramento
Tempo de protrombina
Tempo de tromboplastina ativada
Indicação
Infecção recente
HIV
Quimioterapia/radiação
Uso crônico de corticoides
Anemias
Histórico de sangramento e doenças hepáticas
Diabete
Desordens sanguíneas
Coagulopatias
Alcoolismo
Terapia com anticoagulante
Doenças hepáticas
Histórico de AVC
Fonte: Gil e Gil (2012).11
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 69
ExAMES DE IMAGEM
A radiografia panorâmica dos maxilares é, sem dúvidas, um exame mandatório para 
planejamento e execução das cirurgias dos dentes inclusos. A grande vantagem desse exa-
me é permitir uma avaliação completa dos maxilares, dentes e estruturas adjacentes em um 
único exame. 
A radiografia panorâmica apresenta uma série de utilidades no diagnóstico e planeja-
mento dos dentes inclusos: 
 identifica a presença dos dentes inclusos; 
 localiza posições ectópicas; 
 demonstra localização e angulação dos dentes inclusos; 
 relaciona os terceiros molares com o canal mandibular e o seio maxilar. 
 A grande limitação da radiografia panorâmica é a impossibilidade de mostrar a 
relação tridimensional dos ápices dos dentes inclusos, assim como localizá-los no 
sentido vestibulolingual.11
Quando se encontra dificuldade tanto de ratificar ou não a relação dos dentes inclusos com o 
canal mandibular quanto de realizar a localização radiográfica desses dentes inclusos, pode-se 
dispor da tomografia computadorizada de feixe cônico – Cone Beam, um exame que 
apresenta grande precisão na localização e posição tridimensional dos elementos estudados. 
 O cirurgião deve ter conhecimento de todas essas situações para saber quando e 
qual exame radiográfico solicitar para determinaro seu planejamento cirúrgico.
19. As cirurgias dos dentes inclusos geralmente estão associadas a um elevado grau de an-
siedade por parte dos pacientes. Nesse aspecto, como deve ser o trabalho do cirurgião?
70 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
20 O cirurgião deve ter em mente três variáveis a serem avaliadas antes de solicitar os exames 
laboratoriais. Quais são elas?
21. Correlacione as colunas com a classificação do estado físico do paciente, segundo a ASA.
(1) I
(2) II
(3) III
(4) IV
(5) V
(6) VI
Resposta ao final do artigo
22. Quais são as funções da radiografia panorâmica no diagnóstico e no planejamento dos 
dentes inclusos?
MEDICAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
A medicação prescrita no pré-operatório tem como funções: 
 reduzir o edema pós-operatório; 
 reduzir a dor no trans e pós-operatório; 
 minimizar o risco de infecção da ferida cirúrgica. 
em alguns casos, medicamentos podem ser utilizados para o controle da ansiedade. Dessa 
forma, o cirurgião pode optar pelos fármacos: corticoides, antibióticos, anti-inflamatórios não 
esteroides (AINes), analgésicos e ansiolíticos.
( ) Paciente com doença sistêmica grave que limita a atividade, 
incapacitante e é uma ameaça constante a vida.
( ) Paciente com doença sistêmica leve ou moderada.
( ) Paciente com doença sistêmica grave que limita a atividade, 
mas não incapacitante.
( ) Indivíduo normal saudável.
( ) Paciente com morte cerebral, sendo mantido para doação de 
órgãos.
( ) Paciente moribundo que não espera sobreviver mais que 24h 
com ou sem cirurgia.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 71
CORTICOIDES
Todo procedimento cirúrgico de maior ou menor invasividade ocasiona um trauma tecidual, 
gerando a liberação de mediadores químicos da inflamação (prostaglandina, histamina, 
bradicinina, serotonina, entre outros), que acabam resultando em sinais clínicos como dor, 
edema e perda da função por parte do paciente. 
 Sabe-se que a inflamação é responsável pela reparação tecidual, não obstante, seu 
excesso causa danos ao paciente.
Desse modo, os corticoides, quando administrados no pré-operatório, atuam estabilizando 
a membrana celular, impedindo que ocorra a saída de fluidos do meio intracelular para o 
meio extracelular, ocasionando o edema. essa classe medicamentosa também atua reduzindo 
a resposta inflamatória pela diminuição da permeabilidade capilar e síntese de prostaglan-
dinas. Como resultado clínico, há a diminuição da magnitude da dor, edema e trismo 
pós-operatórios.
Dan e colaboradores23 realizaram uma revisão sistemática da literatura com metanálise para 
observar o efeito do corticoide no edema, na analgesia e no desenvolvimento de possíveis 
efeitos colaterais em cirurgias bucais. Os autores concluíram que o uso de corticoide prévio 
à cirurgia reduziu, de maneira significativa, a dor e o edema, sem aumento na incidência de 
infecção pós-operatória e com mínimos efeitos adversos. 
 A literatura mostra que, quando o corticoide é utilizado por um período de 3-5 dias, 
não resulta em risco ao paciente. O uso de corticoides está contraindicado em casos 
de pacientes com infecções virais ou fúngicas ativas, glaucoma primário, pacientes 
com doenças psicóticas e pacientes com tuberculose.
ANALGESIA PREEMPTIVA
Como já mencionado, a cirurgia para exérese dos dentes inclusos pode causar um processo 
inflamatório severo, em que é observado, frequentemente, no quadro pós-operatório, o 
sintoma de dor, além de sinais de edema e trismo. Desta forma, a dor pós-operatória surge 
com grande intensidade nas 12 horas iniciais, tendo seu pico máximo entre 3-5 horas após 
o término da cirurgia.24,25
 Sendo a dor pós-operatória um evento previsível em cirurgias bucais, a administração 
pré-operatória de fármacos de ação anti-inflamatória e analgésica deve ser 
considerada, já que tais medicamentos atuam minimizando o desconforto e a dor 
pós-operatória quando são empregados com a finalidade de analgesia preemptiva.26
72 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
A analgesia preemptiva é uma modalidade de tratamento cujo princípio básico é a admi-
nistração de analgésicos antes da ocorrência de estímulos dolorosos, reduzindo ou 
prevenindo a dor e diminuindo a dose analgésica requerida no pós-operatório, comparada 
com a dose utilizada após a ocorrência do estímulo doloroso. esse tratamento antinociceptivo 
atenua ou previne o desenvolvimento da sensibilização central induzida pela cirurgia. 
 Uma das vantagens do emprego dos conceitos da analgesia preemptiva na clínica 
diária é que, com a prevenção ou redução da memória da dor, as necessidades 
analgésicas pós-trauma podem ser diminuídas, melhorando a qualidade da analgesia 
oferecida ao paciente.27,28
em uma análise comparativa entre o codatenTm e a nimesulida para analgesia preemptiva em 
cirurgia de terceiros mIs, verificou-se que, no pós-operatório imediato, os pacientes apresentaram 
menos dor sob o efeito da nimesulida quando comparada com o codatenTm.28 
ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA
Os protocolos de indicação de antibioticoterapia profilática estão bem estabelecidos na litera-
tura nos pacientes suscetíveis a desenvolver endocardite bacteriana, não obstante, a grande 
discussão gira em torno da indicação de protocolos de antibioticoterapia profilática 
em pacientes saudáveis. 
 Nos casos em que o paciente apresenta uma infecção preexistente no sítio operatório, 
por exemplo, pericoronarite ou abscesso, é preconizada a prescrição de antibióticos 
no pré e pós-operatório, a fim de minimizar o potencial de contaminação e/ou 
infecção no pós-operatório.
Os autores são concordantes de que a cavidade bucal é um ambiente potencialmente con-
taminado, sendo esperada uma taxa de infecção que pode chegar a 10%, de acordo com 
Gil e Gil.11 Segundo Woolf e Chong,29 os procedimentos cirúrgicos em locais potencialmente 
contaminados, contaminados ou infectados necessitam de antibioticoterapia profilática, este 
fato seria, por si só, um motivo para seu uso em cirurgias de dentes inclusos.
 Os profissionais que advogam contra o uso dos antibióticos no pós-operatório 
baseiam-se em três argumentos principais: baixas taxas de infecção pós-operatória 
em cirurgias bucais, seleção e aumento da resistência bacteriana e aparecimento 
de reações adversas.11
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 73
Ren e malmstron realizaram metanálise de ensaios clínicos randomizados a respeito da 
prescrição de antibioticoterapia profilática. Os principais resultados encontrados foram: com 
relação à incidência de infecção pós-operatória, esta ocorreu em 4% dos pacientes que re-
ceberam antibioticoterapia profilática contra 6,1% do grupo controle, sendo esta diferença 
significante. em relação à alveolite seca, a taxa de incidência no grupo que recebeu antibiótico 
foi de 6,2% e de 14,4% no grupo controle, diferença estatisticamente significante. Nesse 
estudo, os autores concluíram também que os antibióticos possuem maior eficácia quando 
administrados no pré-operatório, sua utilização no pós-operatório não apresentou vantagens 
significativas que justifiquem seu uso.11 
 O uso da profilaxia antibiótica é de escolha de cada cirurgião ou de determinada 
escola, contudo, ao decidir realizá-la, deve-se utilizar o antibiótico contra um 
determinado grupo de patógeno pelo menor tempo possível, antes que esse 
patógeno colonize a ferida cirúrgica, com a principal intenção de diminuir o risco 
de infecção pós-operatória.
A correta profilaxia depende de três fatores básicos: escolha do tipo e concentração do 
antibiótico e o tempo correto para sua administração. A flora bacteriana patogênica já é bem 
conhecida, devendo o antibiótico escolhido ser eficaz na eliminação desses microrganismos, 
de preferência bactericida e espectro reduzido, para não alterar a microbiota residente. Desse 
modo, a escolha recai sobre as penicilinas (amoxicilina 500mg), podendo ser substituídas pelas 
lincosaminas (clindamicina 300mg) ou pelos macrolídeos (azitromicina 500mg). O último fatora ser considerado é o momento oportuno para emprego do antibiótico.11
 Sugere-se, como regime profilático, o seguinte esquema terapêutico: administração 
de amoxicilina 2g por via oral (em dosagem única) 1 hora antes da cirurgia. 
Dependendo da cirurgia, quantidade de osteotomia/ostectomia e odontossecção, 
realiza-se o seguinte esquema terapêutico: 1g de amoxicilina, por via oral 1 hora 
antes da cirurgia, continuada, com 500mg a cada 8 horas por cinco dias. em casos 
de pacientes alérgicos à penicilina, utilizam-se 600mg de cindamicina ou 500mg 
de azitromicina, por via oral 1 hora antes da cirurgia, continuada por cinco dias a 
cada 24 horas.
74 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
23. Pode ser considerada uma das principais funções da medicação prescrita no pré-operatório: 
I – reduzir o edema pós-operatório. 
II – reduzir a dor no trans e pós-operatório. 
III – minimizar o risco de infecção da ferida cirúrgica. 
Quais estão corretas?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
24. Como agem os corticoides quando administrados no pré-operatório de cirurgias de 
dentes inclusos?
25. A cirurgia para exérese dos dentes inclusos, pode causar um processo inflamatório severo, 
em que é observado, frequentemente, no quadro pós-operatório, o sintoma de dor, além de 
sinais de edema e trismo. Desta forma, a dor pós-operatória surge com grande intensidade 
nas 12 horas iniciais, tendo seu pico máximo quantas horas após o término da cirurgia?
A) Após 2 horas.
B) entre 3-5 horas.
C) Até 1 hora.
D) entre 8-12 horas.
Resposta no final do artigo
26. Qual é o princípio básico da analgesia preemptiva?
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 75
27. Sobre a antibioticoterapia profilática assinale a alternativa INCORReTA.
A) Nos casos em que o paciente apresenta uma infecção preexistente no sítio operatório, 
por exemplo, pericoronarite ou abscesso, é preconizada a prescrição de antibióticos no 
pré e pós-operatório, a fim de minimizar o potencial de contaminação e/ou infecção 
no pós-operatório.
B) Segundo Woolf e Chong, os procedimentos cirúrgicos em locais potencialmente con-
taminados, contaminados ou infectados necessitam de antibioticoterapia profilática, 
este fato seria, por si só, um motivo para seu uso em cirurgias de dentes inclusos.
C) Os profissionais que advogam contra o uso dos antibióticos no pós-operatório 
baseiam-se em um principal argumento: as baixas taxas de infecção pós-operatória 
em cirurgias bucais.
D) O uso da profilaxia antibiótica é de escolha de cada cirurgião ou de determinada 
escola, contudo, ao decidir realizá-la, deve-se utilizar o antibiótico contra um deter-
minado grupo de patógeno pelo menor tempo possível, antes que esse patógeno 
colonize a ferida cirúrgica, com a principal intenção de diminuir o risco de infecção 
pós-operatória.
Resposta no final do artigo
PROCEDIMENTO CIRÚRGICO: 
INSTRUMENTAL E SEqUÊNCIA CIRÚRGICA
Para que se possa obter êxito nos procedimentos cirúrgicos, é fundamental um bom plane-
jamento pré-operatório, que, via de regra, estará alicerçado em um criterioso exame clínico 
e em uma correta solicitação e interpretação dos exames complementares. Outro fator de 
crucial importância é o conhecimento anatômico das diferentes regiões maxilofaciais 
que, além de atenuar o risco de acidentes e complicações trans e pós-operatórias, facilitará 
o planejamento das incisões e o manuseio atraumático dos tecidos, o que favorece a preser-
vação da vitalidade e a boa cicatrização.
Devido às peculiaridades anatômicas da cavidade bucal, existe uma variedade de incisões, 
ao passo que sua correta indicação desempenhará forte influência no êxito da cirurgia.2 A 
seguir, será descrita cada etapa cirúrgica e os instrumentos utilizados:
 1º passo: incisão ou diérese;
 2º passo: descolamento mucoperiósteo;
 3º passo: afastamento do retalho;
 4º passo: ostectomia;
 5º passo: odontossecção;
 6º passo: remoção ou exérese do dente;
 7º passo: limpeza da cavidade;
 8º passo: suturas.
76 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
INCISÃO OU DIÉRESE
 A diérese é o procedimento cirúrgico por meio do qual o cirurgião divide ou separa 
os tecidos, objetivando acessar o osso alveolar subjacente ou o próprio dente quando 
esse se encontra incluso ou submucoso. 
Uma incisão bem planejada e executada resulta em poucos danos ao retalho obtido, 
com melhor recuperação pós-operatória, menos dor e edema e melhor cicatrização.30 O pro-
cedimento de incisão deve compreender a mucosa e o periósteo, utilizando como material 
o cabo de bisturi nº 3, lâminas de bisturi nº 15, 15c ou 12, dependendo do planejamento e 
da área de incisão (Figuras 1A e 1B).
10 11 12 15
Figura 1 – Cabo de bisturi 
nº 3 e as lâminas nº 10, 11, 
12 e 15.30
Fonte: Arquivo de imagens 
dos autores.
Uma série de fatores que devem ser levados em consideração para um correto pla-
nejamento das incisões:11
 utilizar sempre lâminas novas; 
 incisar sempre de maneira firme e contínua, já que as incisões interrompidas causam 
maior dano tecidual; 
 incisar de maneira perpendicular à superfície, criando margens cruentas simétricas 
que resultam em melhor reparo; 
 manter uma distância segura de estruturas nobres, como vasos e nervos;
 o acesso deve ter suprimento sanguíneo próprio, permitir acesso ao tecido subjacente, 
poder ser recolocado na posição original e poder ser mantido com sutura, evitando 
incisões sobre as papilas gengivais e elevações ósseas. 
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 77
São tipos de retalhos:
 linear;
 sucular (envelope ou gengival ou maurel);
 triangular (Newmann modificada ou mead);
 trapezoidal (Newmann);
 semilunar (Partsch);
 forma de U (Wassmund).
Os critérios para indicação do tipo de acesso devem ser pautados de acordo com a anatomia 
regional e o caso abordado. A incisão sucular é apresentada nas Figuras 2A e 2B.
A
B
Figura 2 – A e B) Incisão sucular (envelope ou gengival 
ou maurel).
Fonte: A) Freitas (2006).30 B) Arquivo de imagens dos autores.
78 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
A incisão triangular é apresentada nas Figuras 3A e 3B.
A B
Figura 3 – A e B) Triangular (Newmann modificada ou mead).
Fonte: Freitas (2006).30
As Figuras 4A e 4B apresentam a incisão trapezoidal. 
A
B
Figura 4 – A e B) Trapezoidal (Newmann).
Fonte: A) Freitas (2006).30 B) Arquivo dos autores.
DESCOLAMENTO MUCOPERIOSTEAL E AFASTAMENTO DO RETALHO
O descolamento mucoperiosteal para acesso dos dentes inclusos deve sempre ser de 
espessura total, para permitir acesso ao osso subjacente e consequente visualização das 
estruturas abordadas. 
 O descolamento deve ser realizado sempre apoiado em osso sadio, de forma 
cuidadosa e atraumática, possuir uma extensão suficiente, evitando tensões 
desnecessárias que podem ocasionar a laceração do retalho. 
Ratifica-se a importância do conhecimento anatômico locorregional e de se respeitar o 
periósteo, o que favorecerá a cicatrização e a recuperação no pós-operatório. Nesse passo ope-
ratório, serão utilizados os descoladores (molt, Free, cureta de molt) e o afastador de minessota.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 79
OSTEOTOMIA
Depois da avaliação clínica e radiográfica, incisão e afastamento adequado do retalho, o cirur-
gião deve avaliar a quantidade de osso a ser removido, a fim de possibilitar a execução 
da próxima etapa cirúrgica, qual seja, a odontossecção ou a remoção do dente. 
 A decisão sobre a quantidade necessária depende principalmente do grau de 
impacção do dente, número e curvatura das raízes e angulação do dente.11
O primeiro fator a ser discutido na osteotomia diz respeito à escolha do material utiliza-
do: cinzel e martelo, caneta de alta rotação ou peça de mão em baixa rotação. essa escolha 
depende da experiência do profissional e da sua escola de formação. Prefere-se a utilização 
da caneta de alta rotação com irrigação contínua externa utilizando soro fisiológico 0,9%. 
 Não encontramosproblema na utilização da peça reta, não obstante, somos 
resistentes à utilização inadvertida do cinzel/martelo pelo extremo trauma psicológico 
que esse instrumento vem a causar aos pacientes. Também contraindicamos a 
utilização da água do equipo odontológico para refrigeração quando for utilizada a 
caneta de alta rotação, pois entendemos que tal ação ocasiona a quebra da cadeia 
asséptica indispensável para segurança no procedimento cirúrgico.
Para realização da osteotomia, utilizam-se preferencialmente as brocas carbide nº: 701,702, 
06 e 08, sob irrigação contínua com soro fisiológico 0,9% estéril. A osteotomia requerida 
para os terceiros mS é, na maioria das vezes, mais fácil de executar quando comparada aos 
demais dentes inclusos. Raras são as vezes em que o profissional precisará utilizar brocas para 
remoção óssea, uma vez que o tecido ósseo maxilar é menos denso.31
ODONTOSSECÇÃO E REMOÇÃO DO DENTE
Após a completa exposição da coroa do dente incluso, o cirurgião deve avaliar a necessidade 
ou não de seccionar o dente. Frequentemente, utiliza-se a odontossecção, principalmente 
para remoção dos terceiros mIs, caninos e pré-molares, pois entende-se que o sacrifício do 
tecido ósseo não se justifica quando da remoção de um dente incluso. Adicionado a isso, 
uma quantidade exagerada de osteotomia em detrimento da odontossecção ocasiona mais 
dor e edema pós-operatório, maior tempo e dificuldade de cicatrização.
80 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
A odontossecção visa facilitar a remoção de um dente pela diminuição de áreas e zonas 
retentivas do próprio dente pela sua fragmentação, bem como visa preservar tecido ósseo 
hígido e estruturas anatômicas adjacentes. Chama-se atenção para o planejamento do local 
da odontossecção, que é variável, de acordo com o posicionamento do dente incluso, e, 
principalmente, a forma e o número das raízes.2 Para remoção do dente, o cirurgião utilizará 
os elevadores (ou extratores) e/ou fórceps dentais.
 Os elevadores (ou extratores) devem ser utilizados de forma criteriosa para não 
ocasionar fraturas dentárias ou ósseas indesejadas, o movimento de alavanca deve 
ser aplicado de forma perpendicular em relação ao longo eixo do dente, sendo 
girada de maneira a deslocar o dente em relação ao seu eixo de saída.
LIMPEZA DA CAVIDADE E SUTURA
As etapas descritas anteriormente geram uma grande quantidade de remanescentes cirúrgi-
cos e alteram toda anatomia no local. Dessa forma, a higienização da cavidade cirúrgica e a 
sutura desempenham fundamental importância no processo cicatricial, prevenção da infecção 
e reposicionamento dos tecidos a sua posição anatômica. Desse modo, preconiza-se, ao 
término da cirurgia, uma lavagem copiosa da loja cirúrgica e dos tecidos adjacentes, 
utilizando soro fisiológico 0,9%, antes de realizar a sutura.
O preparo da cavidade compreende três etapas distintas:11 
 curetagem e remoção do capuz pericoronário remanescente; 
 limagem das margens ósseas; 
 irrigação final com aspiração. 
A finalização do procedimento cirúrgico ocorre com a instalação das suturas, que possuem 
como funções primordiais a estabilização e a reanatomização das margens da ferida sufi-
cientes para assegurar uma correta cicatrização das bordas cruentas. Os principais objetivos 
da sutura são: 
 reposicionar os tecidos na posição original, ou em outra desejada, de maneira precisa 
e atraumática;
 restituir a função e acelerar a cicatrização; 
 reduzir os espaços anatômicos (espaço morto); 
 promover hemostasia; 
 estabilizar do coágulo; 
 preservar a estética.
Outro fator crucial durante a sutura é a escolha de um fio ideal para o caso abordado, 
se nylon ou seda, monofilamentar ou multifilamentar, reabsorvível ou não reabsorvível, 
calibre ideal. Utiliza-se preferencialmente fio nylon, monofilamentar, não reabsovível de 
espessura 4-0 ou 5-0 ou o fio reabsorvível vicryl, na espessura 3-0 ou 4-0.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 81
 As características de um fio ideal são: segurança no nó, resistência tênsil adequada, 
fácil manuseio, causar baixa reação tecidual, não provocar ou manter infecção, ser 
resistente ao meio ao qual atua e custo acessível. 
Uma falha comum no fechamento da ferida usando suturas é a falta de medidas adequa-
das para o controle de tensão. É geralmente reconhecido que as altas tensões exercidas pelas 
suturas e aplicadas às bordas da ferida podem conduzir a deiscência, rasgando as margens de 
tecido mole, resultando em uma laceração e cicatrização por segunda intenção. estes casos 
de deiscência dos tecidos moles podem prolongar o tempo de cicatrização e aumentar a dor 
e desconforto no pós-operatório.32
28. Complete a coluna com a sequência da abordagem cirúrgica dos dentes inclusos.
( ) Suturas.
( ) Incisão ou diérese.
( ) Ostectomia.
( ) Odontossecção.
( ) Afastamento do retalho.
( ) Descolamento mucoperiósteo.
( ) limpeza da cavidade.
( ) Remoção ou exérese do dente.
Resposta ao final do artigo
29. Defina a diérese.
30. Cite 4 fatores que devem ser levados em consideração para um correto planejamento 
das incisões cirúrgicas.
82 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
31. Assinale a alternativa correta quanto aos tipos de retalhos.
A) linear.
B) Semilunar (Wassmund).
C) Forma de U (Partsch).
D) Sucular (mead).
Resposta no final do artigo
32. Depois da avaliação clínica e radiográfica, incisão e afastamento adequado do retalho, 
o cirurgião deve avaliar a quantidade de osso a ser removido, a fim de possibilitar a exe-
cução da próxima etapa cirúrgica, qual seja, a odontossecção ou a remoção do dente. 
Neste sentido, que fatores são levados em consideração no momento de decidir sobre 
a quantidade óssea a ser extraída?
33. Sobre a limpeza da cavidade e sutura, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Preconiza-se, ao término da cirurgia, uma lavagem copiosa da loja cirúrgica e dos 
tecidos adjacentes, utilizando soro fisiológico 0,9%, antes de realizar a sutura.
( ) Segundo Nazareno Gil, o preparo da cavidade compreende duas etapas distintas: 
curetagem e remoção do capuz pericoronário remanescente e irrigação final com 
aspiração. 
( ) A finalização do procedimento cirúrgico ocorre com a instalação das suturas, que 
possuem como funções primordiais a estabilização das margens da ferida suficientes 
para assegurar uma correta cicatrização das bordas cruentas.
( ) Uma falha comum no fechamento da ferida usando suturas é a falta de medidas 
adequadas para o controle de tensão.
Resposta no final do artigo
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 83
APROVEITAMENTO DOS DENTES INCLUSOS
TRANSPLANTES DENTAIS
Apesar de todos os avanços alcançados na Odontologia e de todas as medidas de saúde bucal 
coletiva que visam prevenir a perda precoce dos dentes devido a problemas como doença 
periodontal e cárie, infelizmente, sua prática ainda é rotineira naquela fatia menos esclare-
cida e com menor poder aquisitivo da população, sobretudo nos serviços públicos de saúde. 
 A mutilação de uma exodontia pode deixar sequelas físicas, funcionais e psicológicas, 
que podem comprometer a saúde geral dos pacientes.2
A reposição dos dentes perdidos pode ser realizada por meio do uso de próteses fixas ou 
removíveis, implantes dentários ou aparelhos ortodônticos. A maior limitação dessas alternati-
vas terapêuticas é o fator financeiro, pois nem sempre elas podem ser financiadas por todos os 
pacientes. Desse modo, o transplante dental toma fundamental importância por representar 
uma alternativa viável, exequível e que consegue atender a todas as camadas da população. 
O transplante dentário autógeno é a movimentação cirúrgica de um dente – vital ou tratado 
endodonticamente – do seu lugar original na cavidade bucal para outro lugar. esse tipo de 
transplante autógeno foi documentado pela primeira vez por Hale, sendo que os princípios 
dessa técnica cirúrgica são praticamente os mesmos até os dias atuais. 
 O sucesso de transplantes de germe dentário dependeda integridade da membrana 
periodontal ou saco dentário; também é influenciado pela assepsia e técnica cirúrgica 
atraumática, bem como pelo menor tempo de permanência extra-alveolar do 
dente a ser transplantado.33,34 Além disso, deve-se considerar que a possibilidade 
de transplante é aumentada pelo fato da odontogênese tardia de terceiros molares 
em relação aos demais dentes.35,36
Há três maneiras de classificar o transplante dentário:33 
 de acordo com a relação taxonômica entre o doador e o receptor (autógeno); 
 de acordo com a relação anatômica entre a origem do dente doado e a localização 
do transplante (isotópico); 
 de acordo com a vitalidade do transplante (homovital). 
84 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
 O transplante dentário pode ser indicado em casos de ausência dentária congênita, 
por perdas prematuras de molares permanentes, traumatismos, iatrogenias, perdas 
dentárias ocasionadas por tumores e, ainda, quando o tratamento protético for 
inviável por motivos socioeconômicos.
Quanto ao sucesso dos transplantes, ou seja, sua revascularização e reinervação, os prog-
nósticos mais favoráveis ocorrem em pacientes jovens, ou seja, em dentes com rizogênese 
incompleta, pois há possibilidade de revascularização por meio do forame apical do dente 
transplantado. Atualmente, nos mais de 900 casos de transplantes de terceiros mIs e mS para 
alvéolos de primeiros molares, o sucesso alcançado foi superior a 95,0%. A não obturação 
do conduto radicular favorece uma nova inserção das fibras do ligamento periodontal.33
A análise da literatura evidencia que diversos fatores interferem no sucesso dos trans-
plantes dentais. Assim, é essencial a correta seleção de casos, o emprego de técnica cirúrgica 
atraumática, além de se instituir um método adequado de contenção. O tempo que o dente 
permanece fora do alvéolo, o estado do alvéolo para o qual ele será transplantado, bem 
como a integridade da membrana periodontal ou saco dental e a assepsia cirúrgica também 
exercem influência no prognóstico.18
As principais indicações para realização de transplantes dentais autógenos estão 
condicionadas a fatores relacionados com os dentes a serem substituídos: 
 cáries extensas; 
 reabsorção radicular; 
 periodontite;
 fratura coronorradicular;
 agenesias; 
 aplasias. 
 A maioria dos transplantes realizados é dos terceiros molares para alvéolo dos 
primeiros molares sem a possibilidade de tratamento conservador.2
 Alguns fatores precisam ser levados em consideração antes da indicação e realização 
da cirurgia: os pacientes devem apresentar uma boa saúde geral, deve haver espaço 
mesiodistal suficiente, não deve haver condição patológica aguda no sítio receptor, o 
dente transplantado deve ser imobilizado e protegido no sítio do alvéolo, deve ser dada 
atenção especial ao grau de desenvolvimento radicular do dente a ser implantado.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 85
As contraindicações ao procedimento de transplante são aquelas situações em que for 
possível o aproveitamento do dente a ser extraído (leito receptor), seja por meio da terapia 
endodôntica, periodontal e/ou protética. Nesses casos, o transplante deve ser colocado 
em última opção.
TRACIONAMENTO ORTOCIRÚRGICO
Outra opção de aproveitamento dos dentes inclusos é o tracionamento ortodôntico-cirúrgico. 
essa modalidade terapêutica visa à colocação de um dente incluso em sua posição ana-
tômica. Via de regra, consiste na associação de procedimentos cirúrgicos e ortodônticos, 
sendo necessários um trabalho multidisciplinar e acompanhamento clínico e radiográfico 
para finalização do caso.2 existem várias técnicas descritas na literatura para realização das 
desinclusões cirúrgico-ortodônticas:
 perfuração coronária; 
 técnica do laço; 
 colagem de pinos; 
 colagem de botões ortodônticos.
A perfuração coronária consiste em fazer uma pequena perfuração atravessando o ân-
gulo incisal do dente, permitindo que um fio ortodôntico seja amarrado a ele e fixado com 
resina composta.1 Há a desvantagem de, posteriormente, o dente necessitar de tratamento 
restaurador, além do risco de exposições pulpares acidentais. A técnica do laço foi bas-
tante empregada antes do advento da colagem de bráquetes e consiste em laçar o dente 
empregando fio ortodôntico, que é torcido, adaptando, assim, à região cervical da coroa, 
facilitando a tração. esta técnica não mais é utilizada por favorecer reabsorção na região do 
colo dental, onde o fio é aplicado.
É preferível recobrir o dente incluso com retalho mucoperiosteal ao invés da exposição ci-
rúrgica da coroa ao meio bucal, dando ênfase para as técnicas de colagem direta com tela 
ortodôntica e resina composta. Nos casos de inclusões retroalveolares profundas, realizam 
transfixação junto à borda incisal da coroa. A ulectomia, geralmente, ocasiona a formação 
bolsas periodontais, sendo frequente a ocorrência de recessões gengivais.37
Antes da colagem direta, um pino ou parafuso pode ser posicionado na coroa do dente não 
irrompido e, em circunstâncias especiais, isso permanece como alternativa, ou então um 
fio de ligadura pode ser colocado ao redor do acessório antes de o retalho ser posicionado 
e suturado. A tração ortodôntica para trazer o dente impactado para o arco deve 
começar o mais cedo possível após a cirurgia ou, não sendo possível, não demorar mais do 
que 2 ou 3 semanas.38
86 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS
 O que existe sedimentado na literatura atualmente, no que tange às desinclusões 
cirúrgico-ortodônticas, é que, quanto mais cedo for descoberta a impacção dos 
dentes inclusos e o consequente pronto atendimento, melhor será o tratamento e 
prognóstico do caso. 
A exposição cirúrgica dos dentes inclusos deve ser a mais conservadora possível. Para 
a escolha da técnica de tracionamento ortodôntico-cirúrgico, é necessário levar em conside-
ração a localização e a posição em que o dente incluso se encontra. Por fim, a melhor técnica 
utilizada atualmente é a técnica fechada, cujo dente incluso, depois de colocado o dispositivo 
para a extrusão, é recoberto com o retalho mucoperiostal, evitando problemas periodontais.
MANEJO DO PACIENTE NO PÓS-OPERATÓRIO
 O pós-operatório corresponde ao período de tempo compreendido entre o término 
da cirurgia e a plena recuperação clínica relativa às alterações determinadas pelo 
ato cirúrgico.2
 Toda manobra cirúrgica não está concluída com a sutura, e sim com a correta 
orientação pós-operatória aos pacientes e, também, com a eliminação adequada 
dos pontos após 5-7 dias. 
Toda orientação pós-operatória possui fundamental importância, pois, somente com 
sua perfeita execução e acompanhamento, a cirurgia terá o resultado esperado. Assim, além 
de ser explicado corretamente ao paciente tudo aquilo que ele deverá fazer e seguir, deve-se 
entregar estas mesmas orientações a ele, por escrito, para que ele possa seguir exatamente 
tudo aquilo que foi aconselhado a fazer. São elas:
 aplicar bolsas de gelo na face, sobre o local operado durante 20 minutos, com 30 
minutos de descanso, durante 48 horas, iniciando este procedimento imediatamente 
após a cirurgia; 
 retirar a gaze protetora da boca após 30 minutos;
 não fazer bochechos e não cuspir pelo menos durante as primeiras 48 horas, mantendo 
unicamente a higienização bucal por meio da escovação dental; 
 nas primeiras 48 horas, a alimentação deverá ser líquida, pastosa, fria, gelada, evitando-
-se alimentos de difícil mastigação;
 evitar exposição ao sol, excessos físicos, quando se deitar, posicionar-se sempre com 
a cabeça mais elevada do que o resto do corpo; 
 em casos de sangramento maior do que aquele considerado normal, febre alta, edema 
excessivo, dor aguda, deve-se entrar em contato com o cirurgião; 
 seguir rigorosamente os horários das medicações prescritas;
 se houver travamento da boca após o segundo dia, iniciar exercícios de abertura.
| PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 87
 O não seguimento das orientações

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