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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/342435225 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS Book · June 2020 CITATIONS 0 READS 625 3 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: RG Academic Publishers & Reviewers View project Investigation of the relationship between the sinusal ostium diameter and changes in the maxillary sinus: a cone beam computerized tomography study View project George Borja de Freitas Faculdade São Leopoldo Mandic 56 PUBLICATIONS 14 CITATIONS SEE PROFILE Ricardo José De Holanda Vasconcellos Universidade de Pernambuco 15 PUBLICATIONS 5 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by George Borja de Freitas on 25 June 2020. 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Sendo assim, alguns autores preferem a terminologia inclusão, principalmente os brasileiros e os castelhanos, ao passo que outros adotam o termo impactado, destacando-se aqueles da escola americana. Outros ainda ficam com a terminologia de dentes não irrompidos e, outros, com o termo retenção, por significar melhor a condição do elemento quanto sua ação de movimentação na cavidade bucal.1 Devido a essa variedade, cada país ou escola estabelece uma terminologia própria. 46 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS As inclusões dentárias representam uma alteração de desenvolvimento em que um determi- nado dente, chegada a época normal de sua erupção, permanece no interior dos tecidos. Dependendo da característica desse tecido, a inclusão pode ser classificada em óssea ou submucosa. A semi-inclusão seria a condição em que o dente se encontra parcialmente erupcionado na cavidade bucal.2 existem vários méritos que envolvem a definição da nomenclatura, não obstante, neste arti- go, dá-se preferência ao termo inclusão, pois se considera impacção uma situação em que o elemento dental encontra um obstáculo mecânico no seu trajeto convencional de erupção. OBJETIVOS Ao final da leitura deste artigo, o leitor poderá: reconhecer a nomenclatura e sinonímia dos dentes inclusos; identificar os índices de incidência e fatores etiológicos relacionados às inclusões dentárias; reconhecer os critérios de indicação e contraindicação para cirurgia de remoção dos dentes inclusos; reconhecer os passos operatórios do procedimento cirúrgico e conduta pós-operatória; identificar os possíveis acidentes e complicações, bem como suas respectivas condutas. ESqUEMA CONCEITUAL Etiologia Prevenção de cistos e tumores odontogênicos Tratamento de dores sem origem aparente Incidência Indicações Prevenção da fratura mandibular Prevenção da cárie dentária Prevenção do apinhamento dental Prevenção da doença periodontal Dentes inclusos sob próteses | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 47 exames laboratoriais exames de imagem Conclusão Procedirmento cirúrgico: instrumental e sequência cirúrgica Manejo do paciente no pós-operatório Conduta pré-operatória Acidentes e complicações Tracionamento ortocirúrgico Transplantes dentais Antibioticoterapia profilática Corticoides Analgesia preemptiva limpeza da cavidade e sutura Osteotomia Incisão ou diérese Descolamento mucoperiosteal e afastamento do retalho Odontossecção e remoção do dente Caso clínico 5 Caso clínico 3 Caso clínico 1 Caso clínico 4 Caso clínico 2 Casos clínicos Aproveitamento dos dentes inclusos Classificação Prevenção da reabsorção radicular Tratamento da pericoronarite lesão cirúrgica a estruturas adjacentes extremos de idadeCondição sistêmica comprometidaDecisão pelo tratamento cirúrgico e contraindicações Medicação pré-operatória 48 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS INCIDÊNCIA No que diz respeito à epidemiologia, os terceiros molares são os dentes que mais fre- quentemente se encontram inclusos: inferiores (35%) e superiores (34%), seguidos dos caninos (9%), pré-molares mandibulares, pré-molares maxilares e segundos molares.3 Os primeiros molares e os incisivos inferiores raramente se apresentam inclusos. Um estudo realizado por Verri,4 com um total de 3.000 pacientes avaliados, apresentou os seguintes percentuais, demonstrados no Quadro 1. Quadro 1 ESTUDO COM TOTAL DE 3.000 PACIENTES Grupo de dentes Terceiros mIs Terceiros molares superiores (mS) Caninos superiores Supranumerários Segundos pré-mIs Incisivos centrais superiores Segundos pré-mS Caninos inferiores Primeiros pré-mIs Primeiros pré-mS Segundos mIs Primeiros mIs Incisivos laterais superiores Incisivos laterais inferiores Fonte: Verri (1973).4 Percentual (%) 37,28 20,28 16,94 11,39 3,89 2,5 2,22 1,94 1,39 0,55 0,28 0,28 0,28 0,28 em um estudo de 3.874 radiografias, Dachi e Howell5 observaram que a incidência de pacientes com, pelo menos, um dente retido era de 16,7%. A incidência de retenção foi observada com relação ao sexo entre terceiros molares retidos. Não obstante, não foi observada diferença estatisticamente significante entre os sexos, contudo os caninos retidos foram notados com maior frequência entre as mulheres. Não se verificou predisposição às retenções bilaterais entre terceiros molares, ao passo que houve predominância de unilateralidade entre caninos. ETIOLOGIA existe, na literatura, uma grande discussão no que diz respeito à etiologia das inclusões dentárias. Para ocorrência das inclusões, são elencadas: causas filogenéticas, fatores locais e sistêmicos. Com relação aos fatores sistêmicos, é possível citar doenças que interferem no metabolismo do cálcio, por exemplo:6,7 raquitismo; disfunções hormonais; sífilis congênita; tuberculose; | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 49 progeria; acondroplasia; mongolismo; síndromes hereditárias, como a displasia cleidocraniana, síndrome de Down, síndrome basocelular nevoide, síndrome de Gardner; doenças febris; irradiação. As causas locais são representadas por obstruções mecânicas, por exemplo:8-10 falta de espaço; fibrosamento dos tecidos moles; condensação óssea na região; desvio da trajetória de erupção; degenerações teciduais; anomalias próprias do dente (dilaceração radicular e macrodontia); patologias císticas e tumorais também contribuem para ocorrência das inclusões, podendo causar impedimento da erupção e deslocamento dos dentes para posições atípicas. INDICAÇÕES Os critérios de indicações para realização da exérese cirúrgica dos dentes inclusos estão bem estabelecidos na literatura. No entanto, é grande a quantidade de pacientes jovens com dentes inclusos assintomáticos que têm procurado os serviços de cirurgia para remoção desses dentes. É grande o dilema do cirurgião-dentista sobre se deve indicar a cirurgia de um dente assintomático, com todo potencial de complicações pós-operatórias que pode advir da cirurgia, ou se seria correto esperar o surgimento de uma doença, piorando a saúde do paciente e o prognóstico do procedimento.11 A indicação da remoção de terceiros molares assintomáticos é muito controversa, o cirurgião deve sempre mensurar o custo-benefício do procedimento. Se as vantagens obtidas com a exérese sobrepujarem os riscos, deve-se sempre indicar a cirurgia. A experiência dos autores deste artigo indica que a remoção precoce desses dentes inclusos traz inúmeros benefícios ao paciente, dentre os quais: maior poder de recuperação pós-operatória; ausência de comorbidades advindas com a senilidade; menor condensação óssea. 50 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS De forma bastante objetiva, é possível elencar uma série de indicações para remoção dos dentes inclusos, dentre os quais: prevenção da doença periodontal; prevenção de cáries dentárias; prevenção da pericoronarite; dentes inclusos sob próteses dentárias; prevenção de cistos e tumores odontogênicos; prevenção da reabsorção radicular; de dores sem origem aparente; prevenção de fraturas mandibulares; facilitação do tratamento ortodôntico; presença de dentes na linha de fratura óssea. Antes de optar pela exérese cirúrgica de caninos, pré-molares e incisivos inclusos, é preciso que o cirurgião-dentista se certifique da impossibilidade de execução de tratamento ortocirúrgico desses dentes. 1. Quais os grupos de dentes encontram-se mais frequentemente inclusos? A) Pré-molares. B) Caninos. C) Incisivos. D) Terceiros molares. Resposta no final do artigo 2. existe, na literatura, uma grande discussão no que diz respeito à etiologia das inclusões dentárias. São elencadas para ocorrência das inclusões: causas filogenéticas, fatores locais e sistêmicos. Com relação aos fatores sistêmicos, é possível citar doenças que interferem no metabolismo do cálcio. Cite três exemplos. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 51 3. Dentre as alternativas a seguir, o que é considerado como fator local das inclusões den- tárias? A) Carcinoma nevoide basocelular. B) Sífilis congênita. C) Irradiação. D) Obstrução mecânica por falta de espaço. Resposta no final do artigo 4. Por que a indicação da remoção de terceiros molares assintomáticos é muito controversa? PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTÁRIA A cárie dentária é uma doença multifatorial dependente da presença da placa bacteriana, mau hábito de higiene bucal e dieta rica em carboidratos. Os dentes inclusos, em especial os terceiros molares, por sua posição na arcada e diferentes graus de impacções, tornam-se nichos de acúmulo de placa bacteriana, dificultando ou até mesmo impossibilitando a higienização correta, contribuindo para o desenvolvimento da cárie dentária. A cárie pode aparecer na superfície oclusal do terceiro molar ou na superfície de contato na distal do segundo molar.11 estudos científicos de Shugars e colaboradores12 têm mostrado maior prevalência de cárie oclusal em terceiros molares nos grupos etários mais avançados, bem como o aumento na incidência nos grupos mais jovens ao longo do tempo. Desse modo, a remoção precoce desses dentes evita procedimentos restauradores e/ou endodônticos, tanto nos terceiros molares quanto nos segundos molares, com redução dos custos, tempo de tratamento e complicações para o paciente. 52 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS Os terceiros molares com maior potencial para o desenvolvimento de cárie e com melhor indicação para remoção profilática seriam aqueles que se encontram parcialmente erupcionados sem expectativa de função (Pell & Gregory A ou B), mesioangulados entre 40-80º e com íntima relação com a junção cemento-esmalte do segundo molar.11 PREVENÇÃO DA DOENÇA PERIODONTAL Dentes erupcionados próximos a dentes inclusos são predispostos à doença periodontal. A simples presença de um terceiro molar impactado na superfície distal do segundo molar reduz significantemente a quantidade de osso nessa região.13 A localização anatômica do terceiro molar pode dificultar a higiene e facilitar a instalação e progressão da doença periodontal. em 2007, a Associação Americana de Cirurgiões Bucomaxilofaciais (AAOmS) desenvolveu um trabalho intitulado “White paper on third molar data” em relação à doença pe- riodontal. esse estudo concluiu que a ausência de sintomas não indica a ausência de doença; a doença periodontal progride na ausência de sintomas; defeitos periodontais ao redor dos terceiros molares pioram com o passar da idade; sua relação com a doença pe- riodontal severa e refratária e pior resultado no tratamento da doença periodontal apoiam a hipótese de que a presença do terceiro molar irrompido ou parcialmente irrompido é preditor dedoença periodontal.11 O problema periodontal que resulta da impacção do terceiro molar é especialmente sério na maxila, assim como naqueles casos em que a bolsa periodontal começa a envolver a superfície distal do dente adjacente, podendo ocasionar a sua perda nos casos mais severos. Desse modo, preconiza-se a remoção profilática dos terceiros molares impactados erupciona- dos ou semierupcionados, a fim de prevenir a instalação e progressão da doença periodontal. PREVENÇÃO DE CISTOS E TUMORES ODONTOGÊNICOS Quando um dente incluso e/ou impactado encontra-se imerso completamente no processo alveolar, o saco folicular associado com o elemento dentário quase sempre também se encontra retido. Na maioria dos pacientes, esse folículo permanece com o seu tamanho fisiológico, no entanto, ele poderá sofrer degeneração cística e tornar-se um cisto (por exemplo, cisto dentígero) ou um tumor odontogênico (por exemplo, tumor odontogênico ceratocístico). | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 53 Quando o paciente é proservado e acompanhado periodicamente, torna-se possível uma abordagem precoce e um melhor prognóstico para o caso. Todavia, quando não monitoradas, as referidas lesões podem atingir grandes proporções. Como regra, se o espaço folicular em volta da coroa de um dente é superior a 3mm, deve-se levantar a hipótese de haver degeneração cística do capuz pericoronário.13 essa possibilidade de transformação cística e tumoral em torno de um dente incluso é bem relatada na literatura. Todavia, há um consenso, nos diversos estudos avaliados, de que essa frequência de alterações é muito baixa.11 Um estudo relevante realizado por Guven e colaboradores14 analisou retrospectivamente 9.994 terceiros molares impactados, apresentando 231 cistos (2,31%) e 79 tumores odontogênicos (0,79%), sendo dois deles malignos (0,02%). O interessante deste estudo é que, dos 310 pacientes que possuíam cistos/tumores, 131 não possuíam sintomas relacionados à doença, ratificando que a ausência de sintomas não implica ausência de doença. Um estudo realizado em 2008 por martins Filho e colaboradores15 objetivou avaliar histologi- camente o folículo pericoronário de terceiros molares inclusos sem evidência radiográfica de patologia associada, no intuito de identificar a presença de alterações que possam justificar a remoção profilática desses dentes. Foram utilizados 31 terceiros molares inclusos extraídos de 23 indivíduos, destes, 23 foram diagnosticados como folículos pericoronários sem alterações (74%), ao passo que oito apresentaram alterações patológicas (26%), sugerindo que a ausência de alterações radiográficas não reflete, necessariamente, ausência de alterações histológicas. Conclui-se que ausência de sintomatologia e de alterações nos aspectos radiográficos não é conclusiva no que se refere ao diagnóstico de lesões associadas a terceiros molares inclusos. Desta forma, de acordo com os trabalhos abordados, a remoção profilática de terceiros molares inclusos é recomendável em pacientes jovens, com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de cistos e tumores associados a esses dentes. PREVENÇÃO DA FRATURA MANDIBULAR O espaço ocupado por um terceiro molar impactado no ramo e/ou corpo mandibular reduz a quantidade e resistência óssea, tornando a região mais suscetível a fraturas. Desta maneira, quanto maior o grau de impacção, maior a predisposição de um indivíduo sofrer uma fratura nessa região quando exposto a um trauma.11 54 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS Duan e Zhang16 examinaram 700 pacientes com fratura mandibular e constataram que a presença do terceiro molar aumenta significativamente o risco de fratura do ângulo mandi- bular. Segundo os autores, esse risco aumenta quando os terceiros molares encontram-se na classe B-II de Pell & Gregory. esses dados são concordantes com o estudo do Halmos e colaboradores,17 que afirmou que a presença dos terceiros molares aumentou 2,8 vezes o risco de fratura do ângulo mandibular. Se a fratura mandibular se encontra na área de um terceiro molar impactado, usualmente, remove-se o elemento antes da redução e fixação da fratura.13 Diante do exposto, ratifica-se que a remoção precoce dos terceiros molares mandibulares contribui acentuadamente para a diminuição do risco de fratura do ângulo mandibular. PREVENÇÃO DO APINHAMENTO DENTAL É muito comum encontrar pacientes e profissionais que relacionam o apinhamento dental com a erupção dos terceiros molares. Gil e Gil11 afirmam que o apinhamento possui causa multi- fatorial, contudo a contribuição dada pelo terceiro molar ainda é incerta. existem estudos que suportam e refutam o papel do terceiro molar no desenvolvimento do apinhamento dental. Com os estudos disponíveis atualmente na literatura, todavia ainda não se conseguiu es- tabelecer a relação entre os terceiros molares e o apinhamento dental. O que intriga os pesquisadores é o fato de que esse apinhamento ocorre, na maioria das vezes, contem- porâneo à erupção desses dentes, não obstante, esse fato pode ser atribuído ao crescimento terminal da mandíbula. Não se acredita que o terceiro molar, por si só, seja capaz de ocasionar o apinhamento dental. Desse modo, deve-se ter critério ao se preconizar a exérese desses dentes tendo a prevenção do apinhamento dental como justificativa da indicação. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 55 5. A cárie dentária é uma doença dependente de que fatores? 6. Quais são os terceiros molares com maior potencial para o desenvolvimento de cárie, com melhor indicação para remoção profilática? I – Aqueles que se encontram parcialmente erupcionados sem expectativa de função (Pell & Gregory A ou B). II – mesioangulados entre 40-80º. III – Com íntima relação com a junção cemento-esmalte do segundo molar. Quais estão corretas? A) Apenas a I. B) Apenas a II. C) Apenas a III. D) A I, a II e a III. Resposta no final do artigo 7. em 2007, a AAOmS desenvolveu um trabalho intitulado “White paper on third molar data” em relação à doença periodontal. A que conclusões chegou este estudo? 56 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS 8. Sobre a prevenção de cistos e tumores odontogênicos, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) Quando um dente incluso e/ou impactado encontra-se imerso completamente no processo alveolar, o saco folicular associado com o elemento dentário também se encontra retido. ( ) Quando o paciente é proservado e acompanhado periodicamente, tornam-se possíveis uma abordagem precoce e um melhor prognóstico para o caso. ( ) Como regra, se o espaço folicular em volta da coroa de um dente é superior a 2mm, deve-se levantar a hipótese de haver degeneração cística do capuz pericoronário. Assinale a alternativa que contém a sequência correta. A) V – F – V B) F – V – F C) V – V – F D) F – F – V Resposta no final do artigo 9. Qual é a relação entre o terceiro molar mandibular incluso e a fratura mandibular? DENTES INCLUSOS SOB PRÓTESES Os dentes inclusos que, porventura, tenham permanecido intraósseos devem ser removidos antes da confecção da prótese, pois, quando removidos após a confecção, o processo alveolar sofrerá a remodelação óssea pós-exodontia e a prótese poderá perder sua funciona- lidade, e isto é particularmente verdadeiro no caso das próteses mucossuportadas. Aguardar que o osso que recobre o dente incluso reabsorva e ocorra a ulceração da mucosa para exposição do dente não é uma situação favorável para exérese. Nesses casos em que é realizada a proservação quando ocorre a necessidade da cirurgia, o paciente já apresenta alguma doença sistêmica que pode dificultar o procedimento. Além da possibilidade de essa mandíbula já se apresentar atrófica, elevando o risco de fratura mandibular durante o procedimento. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 57 Naqueles casos de pacientes idosos, com inclusões dentárias profundas, assintomáticos e que descobriram ocasionalmente a inclusão, é possível proservaro caso sem necessariamente indicar a cirurgia. TRATAMENTO DE DORES SEM ORIGEM APARENTE Ocasionalmente, os pacientes procuram atendimento odontológico queixando-se de dor na região retromolar que irradia para face e ouvido, sem razão óbvia. Se as questões de disfunções temporomandibulares, dores musculares, outras dores faciais e cárie dentária forem excluídas e se, ao exame clínico e/ou radiográfico, o paciente apresentar um dente não erupcionado ou semi-incluso, a remoção do dente, às vezes, pode resultar na resolução do problema. Não se pode indicar o procedimento de exérese cirúrgica do elemento dentário sob a promessa de que isso irá sanar a dor do paciente; ele deve estar esclarecido de que se trata apenas de uma opção terapêutica. Antes da indicação da cirurgia, todos os procedimentos menos invasivos devem ter sido tentados. PREVENÇÃO DA REABSORÇÃO RADICULAR Durante o processo de erupção, os dentes inclusos podem causar reabsorção radicular no dente adjacente, havendo maior propensão quando o dente incluso está mal posicionado e impactado por outro dente. O processo que ocasiona a reabsorção radicular ainda não está bem definido, mas aparenta ser similar ao processo de reabsorção que os dentes decíduos sofrem durante a erupção dos dentes permanentes.18 Após a remoção dos dentes impactados, as reabsorções pequenas tendem a estabilizar pela reparação do cemento danificado, sem que haja alteração clinicamente detectável. Nos casos mais avançados, a terapia endodôntica ou até mesmo a exodontia podem ser consideradas.13 Nos casos em que foi detectado o risco de reabsorção de dentes adjacentes, a remoção dos dentes inclusos deve ser considerada. 58 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS TRATAMENTO DA PERICORONARITE A pericoronarite é uma infecção do tecido mole que recobre a coroa de um dente impactado parcialmente erupcionado e é quase sempre causada pela flora bacteriana normal. Quando a coroa está parcialmente erupcionada com grande quantidade de tecido mole em excesso na superfície axial e oclusal, os restos alimentares tendem a se depositar nesse nicho existente entre o dente e o capuz pericoronário (conhecido como opérculo), sendo colonizado por bactérias da flora residente, passando a ocorrer o processo infeccioso, muitas vezes, recorrente. A pericoronarite pode se apresentar como uma infecção leve, moderada ou grave, que requer hospitalização do paciente. De acordo com a intensidade do quadro, o tratamento e a conduta profissional irão variar. Nas formas leve e moderada, a pericoronarite consiste em um edema tecidual localizado e doloroso, sem sinais sistêmicos de infecção, como febre e astenia. Desse modo, essas mo- dalidades não requerem antibioticoterapia sistêmica, sendo necessárias apenas irrigação com soro fisiológico 0,9% ou clorexidina 0,12% e a curetagem realizada pelo cirurgião-dentista, além de algumas irrigações caseiras que podem ser realizadas pelo próprio paciente. Nos casos mais graves, com uma grande quantidade de edema, trismo, resultante da dis- seminação da inflamação aos músculos da mastigação, astenia e febre, o cirurgião-dentista deve considerar a administração de um antibiótico juntamente às irrigações, de preferência com o digluconato de clorexidina a 0,12%. O antibiótico de escolha é a amoxicilina 500mg, de 8/8 horas, durante sete dias; nos pacientes alérgicos às penicilinas, pode-se utilizar a clindamicina 300mg; nos casos em que a infecção tem uma evolução rápida e invade os espaços fasciais profundos, pode ser necessário internar o paciente em um ambiente hospitalar para administração de antibióticos por via parenteral e para que ele receba o devido monitoramento do quadro clínico. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 59 Pacientes que apresentam um episódio de pericoronarite, mesmo quando tomadas todas as medidas terapêuticas anteriormente citadas, tendem a ter episódios recorrentes de pericoronarite, ainda que tratados com sucesso por esses métodos locais. Todavia, não é prudente realizar a cirurgia de remoção desses dentes envolvidos com a pericoronarite antes da resolução completa do quadro, pois a incidência de complicações pós-operatórias, como alveolite, dificuldade de cicatrização e infecção, aumenta substancialmente se o dente for removido em plena atividade inflamatória e/ou infecciosa. Alguns autores preconizam a ulectomia/operculotomia como tratamento e/ou prevenção da pericoronarite, não obstante, a remoção do tecido mole circunjacente é sempre um pro- cedimento doloroso e ineficaz. Desse modo, preconiza-se a remoção precoce desses dentes impactados antes da instalação do processo patológico, a fim de proporcionar menos mor- bidade pós-operatória e mais conforto aos pacientes. 10. Por que os dentes inclusos que, por ventura, tenham permanecido intraósseos devem ser removidos antes da confecção da prótese? 11. Sobre a prevenção da reabsorção radicular, assinale a alternativa INCORReTA. A) Durante o processo de erupção, os dentes inclusos podem causar reabsorção radi- cular no dente adjacente, havendo maior propensão quando o dente incluso está mal posicionado e impactado por outro dente. B) O processo que ocasiona a reabsorção radicular está bem definido e é similar ao processo de reabsorção que os dentes decíduos sofrem durante a erupção dos dentes permanentes. C) Após a remoção dos dentes impactados, as reabsorções pequenas tendem a esta- bilizar pela reparação do cemento danificado, sem que haja alteração clinicamente detectável. D) Nos casos mais avançados, a terapia endodôntica ou até mesmo a exodontia podem ser consideradas. Nos casos em que foi detectado o risco de reabsorção de dentes adjacentes, a remoção dos dentes inclusos deve ser considerada. Resposta no final do artigo 60 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS 12. Defina pericoronarite. 13. Analise as afirmações sobre a pericoronarite. I – A pericoronarite pode se apresentar como uma infecção leve, moderada ou grave, sem necessidade de hospitalização do paciente. II – Na forma moderada, a pericoronarite consiste em um edema tecidual localizado e doloroso, com sinais sistêmicos de infecção. III – Nos casos mais graves, com uma grande quantidade de edema, ocorre trismo, resultante da disseminação da inflamação aos músculos da mastigação, astenia e febre. Quais estão corretas? A) Apenas a I. B) Apenas a II. C) Apenas a III. D) A I, a II e a III. Resposta no final do artigo DECISÃO PELO TRATAMENTO CIRÚRGICO E CONTRAINDICAÇÕES As contraindicações para remoção dos dentes inclusos envolvem, primariamente, as con- dições físicas, fisiológicas e senilidade do paciente. Peterson13 dividiu as contraindicações em três áreas: extremos de idade; condições sistêmicas; lesão cirúrgica a estruturas adjacentes. ExTREMOS DE IDADE Nos pacientes jovens, a resposta inflamatória é bem mais satisfatória do que nos pacientes mais senis. Desse modo, existe uma corrente de cirurgiões que indicam remoção precoce dos dentes inclusos antes mesmo da completa formação da coroa dentária (germectomia). | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 61 O consenso é que a indicação da exérese cirúrgica deve ser adiada até um correto diagnóstico da inclusão e/ou impacção dentária. Pacientes idosos, por sua vez, tendem a responder de forma cada vez menos satisfatória ao procedimento cirúrgico, desde a velocidade e qualidade da cicatrização até a recuperação pós-operatória. Chuang e colaboradores1 avaliaram 4.004 pacientes com um total de 8.748 dentes inclusos removidos e observaram que os pacientes que possuíam mais de 25 anos apresentaram maior incidência de complicações pós-operatórias, como infecção, maior mor- bidade pós-operatória, edema e dor. Outro fator importante é que a senilidade pode trazer consigo comorbidades sistêmicas associadas, como diabete, hipertensão arterial sistêmica, hepatopatias e nefropatias, ou até mesmo o uso crônico de medicações. esses fatores, quandopresentes isoladamente ou associados, podem potencializar os riscos de complicações trans e pós-operatórias e dificultar a otimização dos resultados obtidos com a cirurgia. Não se deve também deixar de lembrar que a idade avançada proporciona um aumento na densidade e calcificação óssea, que acaba ocasionando menor elasticidade e flexibili- dade da estrutura óssea. Adicionado a isso, observa-se também uma diminuição do espaço periodontal, atenuando a distância entre o dente e o osso alveolar. essa combinação de fatores pode requerer do cirurgião manobras operatórias, por exemplo: odontossecção, osteotomias/ ostectomias para exérese desses elementos inclusos. A idade avançada representa a contraindicação mais comum para a remoção dos dentes inclusos. Finalmente, naqueles casos em que um dente incluso é descoberto ocasionalmente em um exame de rotina, estando retido no osso alveolar por muitos anos, sem doença periodontal, cárie ou degeneração cística e mais de 05mm de osso alveolar o recobrindo em toda sua superfície, é improvável que enfermidades relacionadas a esse dente ocorram. Desse modo, preconiza-se um controle clínico e radiográfico uma vez ao ano para assegurar que ne- nhuma consequência adversa ocorra. Se o dente incluso apresentar sinais de infecção, doença periodontal, degeneração cística, estiver sob próteses dentárias incomodando o paciente ou se tornarem sintomáticos, deve-se indicar a sua remoção. 62 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS CONDIÇÃO SISTÊMICA COMPROMETIDA O comprometimento da condição sistêmica é fator muito significativo a ser considerado quando se depara com cirurgia de dente incluso, principalmente em pacientes que possuem enfermidades que podem colocar sua vida em risco. Assim, em pacientes que já tenham tido infarto do miocárdio, acidentes vasculocerebrais há mais ou menos seis meses ou um ano, a cirurgia deverá ser postergada. A senilidade e o comprometimento da função sistêmica geralmente caminham juntos, ao passo que comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica, diabete, coagulopatias, nefropatias, hepatopatias, podem representar uma contraindicação ao procedimento cirúrgico. Desse modo, dentes inclusos assintomáticos em pacientes portadores de enfermidades que potencialmente podem dificultar um bom resultado operatório, a exérese cirúrgica deve ser vista como eletiva. entretanto, se o dente tornar-se sintomático, o cirurgião deve trabalhar em conjunto com o médico do paciente para planejar a cirurgia com o mínimo de sequelas no pós-operatório.13 LESÃO CIRÚRGICA A ESTRUTURAS ADJACENTES A extração de dentes retidos assintomáticos pode levar, em muitos casos, a lesões importantes nos tecidos de suporte circunvizinhos ou ainda em estruturas anatômicas importantes, como seio maxilar, fossa pterigoide, cavidade nasal. essas injúrias têm aumentado assustadoramente, talvez pelo grande número de dentes retidos extraídos assintomaticamente e também pelo fato do alarmante número de profissionais não habilitados que realizam esse tipo de manobra. A parestesia do nervo lingual, alveolar inferior ou mentual, quando da extração de dentes retidos, é uma complicação séria que deverá ser discutida amplamente com o cliente antes da cirurgia para serem minimizados problemas de ansiedade no pós-operatório. Isto poderia, raramente, ser considerada uma contraindicação à cirurgia, ou até mesmo motivo para se levar em consideração a possibilidade da execução de técnicas cirúrgicas alternativas, como a odon- totectomia parcial intencional, minimizando o risco de trauma cirúrgico à estrutura nervosa.19 CLASSIFICAÇÃO A remoção dos dentes inclusos pode ser relativamente fácil ou extremamente difícil, depen- dendo de diversos fatores, como: angulação do dente; grau de impacção dentária ou óssea; localização em relação ao ramo mandibular e a estruturas anatômicas importantes. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 63 Utilizando os esquemas de classificação, o cirurgião pode obter maior previsibilidade de dificuldade cirúrgica, prognóstico operatório, assim como possibilitar o diálogo técnico entre os profissionais. A maioria dos sistemas de classificação dos dentes inclusos é baseada em análises radiográficas. existem diversos sistemas de classificação para os dentes inclusos que utilizam como parâmetro a inclinação do longo eixo do dente e a altura do dente em relação ao plano oclusal do segundo molar. Dente incluso ou não irrompido é o órgão dentário que, mesmo completamente desenvolvido, não irrompeu na cavidade bucal, encontrando-se, portanto, totalmente coberto por tecido ósseo e/ou por mucosa.20 A classificação de Winter (1926)21 refere-se à orientação do longo eixo do terceiro molar incluso em relação ao segundo molar vizinho, determinando sete formas de posicionamento dos dentes (Quadro 2). esse sistema de classificação dá previsibilidade ao eixo de saída do dente incluso, assim como da quantidade de ostectomia requerida para sua exérese. Quadro 2 CLASSIFICAÇÃO DE WINTER Posição Vertical mesial Distal labial lingual Horizontal Invertida Tipo de fratura Quando o longo eixo do terceiro molar inferior (mI) for paralelo ao longo eixo do segundo mI. Quando o longo eixo do terceiro mI estiver em posição medial, relacionado com o segundo mI. Quando o longo eixo do terceiro mI estiver em posição distal ao do segun- do mI. Quando o longo eixo do terceiro mI estiver em posição labial ou vestibular- mente ao do segundo mI. Quando o longo eixo do terceiro mI estiver em posição lingual ao do segundo mI. Quando o longo eixo do terceiro mI estiver perpendicularmente ao do segundo mI. Quando a coroa do terceiro mI estiver em posição contrária à do segundo mI. Fonte: Winter (1926).21 64 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS A impacção mais prevalente de todos os dentes impactados é a mesioangular (43%). Quando o longo eixo de terceiro molar encontra-se perpendicular ao segundo molar, esse dente impactado é considerado horizontal. essas impacções são as menos frequentes (3%) dos casos. Na impacção vertical, o longo eixo de terceiro molar encontra-se paralelo ao segundo molar. esse tipo de impacção é o segundo mais prevalente (38%) dos casos.13 Na impacção distoangular, o longo eixo do terceiro molar apresenta uma orientação para distal em direção ao ramo mandibular. esse tipo de angulação é o que apresenta a maior dificuldade para remoção. Adicionalmente a essas angulações citadas, os dentes inclusos ainda podem apresentar inclinação vestibular, lingual ou palatina. menos frequentemente ainda, pode-se encontrar a inclinação transversal, isto é, em uma posição absolutamente horizontal na direção vestibulolingual. A classificação de Pell e Gregory22 refere-se ao espaço entre o ramo da mandíbula e a face do segundo molar vizinho e à profundidade relativa do terceiro molar incluso em relação ao segundo molar vizinho, podendo ser classificada em Classe I, II e III, em relação ao ramo, ou classe A, B e C, quando comparada ao plano oclusal. esta classificação relaciona o terceiro mI com a borda anterior do ramo da mandíbula: Classe I – se o diâmetro mesiodistal da coroa está completamente à frente do bordo anterior do ramo mandibular; Classe II – se o dente estiver posicionado posteriormente, de forma que cerca de sua metade esteja coberta pelo ramo mandibular; Classe III – se o dente estiver localizado completamente dentro do ramo mandibular. A classificação de Pell & Gregory também relaciona o terceiro molar com o plano oclusal do segundo molar: Classe A – face oclusal do terceiro molar no mesmo nível ou acima do segundo molar; Classe B – face oclusal do terceiro molar entre o nível oclusal e o nível cervical; Classe C – face oclusal do terceiro molar abaixo da linha cervical do segundo molar. Garcia e colaboradores19 avaliaram 88 radiografias panorâmicas e fizeram a distribuição em grupos etários, analisando a frequência dos dentes inclusosde acordo com os tipos de dentes e ainda realizaram uma análise, mais detalhada, do dente incluso mais frequente, baseando- se na classificação de Winter (1926)21 e Pell e Gregory (1933).22 Os resultados encontrados foram: terceiro mI – 49,3%; terceiro mS – 36,9%; supranumerários – 6,7%. O terceiro mI encontrou-se, de acordo com a classificação de Winter, com 36,9% na posição vertical e 32,0% na mesioangular. De acordo com a classificação de Pell e Gregory, o terceiro mI apresentou-se em classe 2 em 72,8% e na posição A em 47,6% dos casos. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 65 mediante os resultados, é possível concluir que o dente incluso de maior frequência foi o terceiro mI; e a posição mais comumente observada desta unidade foi a vertical – Classe 2A. Os sistemas de classificação abordados são de extrema importância para que se determine o grau de dificuldade do procedimento cirúrgico e para que se possa discutir os casos entre os profissionais, devendo ser empregados em conjunto para que seja possível descrever tecnicamente toda inclusão dentária e que se tenha uma previsibilidade de odontossecção e osteotomia requeridas para o caso e eixo de exérese do elemento em questão. 14. São consideradas contraindicações para remoção dos dentes inclusos: I – extremos de idade. II – Proximidade com estruturas nobres. III – Comprometimento sistêmico. Quais estão corretas? A) Apenas a I. B) Apenas a II. C) Apenas a III. D) A I, a II e a III. Resposta no final do artigo 15. Com relação ao tratamento cirúrgico e contraindicações, assinale a alternativa INCORReTA. A) Nos pacientes jovens, a resposta inflamatória é bem mais satisfatória do que nos pacientes mais senis. B) O consenso é que a indicação da exérese cirúrgica deve ser adiada até um correto diagnóstico da inclusão e/ou impacção dentária. C) Pacientes idosos tendem a responder de forma cada vez menos satisfatória ao proce- dimento cirúrgico, desde a velocidade e qualidade da cicatrização até a recuperação pós-operatória. D) A idade avançada proporciona redução na densidade e calcificação óssea, o que acaba ocasionando menor elasticidade e flexibilidade da estrutura óssea. Resposta no final do artigo 66 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS 16. A remoção dos dentes inclusos pode ser relativamente fácil ou extremamente difícil, dependendo de diversos fatores. Cite-os. 17. A classificação de Winter refere-se à orientação do longo eixo do terceiro molar incluso em relação ao segundo molar vizinho, determinando quantas formas de posicionamento dos dentes? A) 3 B) 5 C) 7 D) 9 Resposta no final do artigo 18. Correlacione as colunas com a classificação de Pell & Gregory quanto à relação do terceiro mI com a borda anterior do ramo da mandíbula. (1) Classe I (2) Classe II (3) Classe III Resposta ao final do artigo ( ) Se o diâmetro mesiodistal da coroa está completamente à frente do bordo anterior do ramo mandibular. ( ) Se o dente estiver localizado completamente dentro do ramo mandibular. ( ) Se o dente estiver posicionado posteriormente, de forma que cerca de sua metade esteja coberta pelo ramo mandibular. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 67 CONDUTA PRÉ-OPERATÓRIA As cirurgias dos dentes inclusos geralmente estão associadas a um elevado grau de an- siedade por parte dos pacientes. Desse modo, o cirurgião deve trabalhar bem a parte emo- cional e passar total confiança ao paciente, explicando como procederá durante a cirurgia, falando sobre os eventuais ruídos que irão surgir durante o procedimento, minimizando o trauma cirúrgico ocasionado. É salutar, por parte do cirurgião, a solicitação de exames pré-operatórios em cirurgias de dentes inclusos, abrangendo duas vertentes: exames laboratoriais; exames de imagem. O perfil, geralmente jovem, dos pacientes que requerem a cirurgia de dentes inclusos acaba criando um protocolo básico de exames a serem solicitados.11 Os exames complementares jamais substituirão um exame clínico sistemático e criterioso. esses exames auxiliarão na determinação do prognóstico operatório e planejamento cirúrgico. A avaliação completa do paciente, independentemente da idade que possua, atuará como aliado na prevenção de acidentes e complicações trans e pós-operatórias. ExAMES LABORATORIAIS Antes de solicitar um exame laboratorial, é crucial que o profissional saiba qual exame está solicitando, por que está solicitando, que saiba interpretar o exame solicitado e faça a adequação do seu resultado à cirurgia proposta. esse fato possui fundamental importância, pois a responsabilidade profissional não se restringe ao tratamento odontológico, mas também às modificações que porventura venham ocorrer após a cirurgia. Nos pacientes que apresentam alguma doença sistêmica crônica, esse manejo pré-operatório toma fundamental importância, principalmente naqueles pacientes com histórico recente de acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio ou que fazem uso crônico de medicações anticoagulantes. Nesses casos, é imprescindível um trabalho multidisciplinar, englobando uma interação com o médico responsável pelo paciente. O cirurgião deve ter em mente três variáveis a serem avaliadas antes de solicitar os exames laboratoriais: cirurgia a ser executada; classificação do paciente segundo a Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA) (Quadro 3); faixa etária do paciente. 68 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS Quadro 3 CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO DO PACIENTE SEGUNDO A ASA I II III IV V VI Indivíduo normal saudável. Paciente com doença sistêmica leve ou moderada. Paciente com doença sistêmica grave que limita a atividade, mas não incapacitante. Paciente com doença sistêmica grave que limita a atividade, incapacitante e é uma ameaça constante a vida. Paciente moribundo que não espera sobreviver mais do que 24 horas com ou sem cirurgia. Paciente com morte cerebral, sendo mantido para doação de órgãos. Fonte: Nogueira (2004).2 É prudente solicitar exames laboratoriais para pacientes ASA II ou superior, de acordo com sua doença preexistente (Quadro 4). Quadro 4 EXAMES LABORATORIAIS FREQUENTEMENTE UTILIZADOS DE ACORDO COM A DOENÇA PREEXISTENTE Exame leucograma Hemograma Contagem de plaquetas Glicemia Tempo de sangramento Tempo de protrombina Tempo de tromboplastina ativada Indicação Infecção recente HIV Quimioterapia/radiação Uso crônico de corticoides Anemias Histórico de sangramento e doenças hepáticas Diabete Desordens sanguíneas Coagulopatias Alcoolismo Terapia com anticoagulante Doenças hepáticas Histórico de AVC Fonte: Gil e Gil (2012).11 | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 69 ExAMES DE IMAGEM A radiografia panorâmica dos maxilares é, sem dúvidas, um exame mandatório para planejamento e execução das cirurgias dos dentes inclusos. A grande vantagem desse exa- me é permitir uma avaliação completa dos maxilares, dentes e estruturas adjacentes em um único exame. A radiografia panorâmica apresenta uma série de utilidades no diagnóstico e planeja- mento dos dentes inclusos: identifica a presença dos dentes inclusos; localiza posições ectópicas; demonstra localização e angulação dos dentes inclusos; relaciona os terceiros molares com o canal mandibular e o seio maxilar. A grande limitação da radiografia panorâmica é a impossibilidade de mostrar a relação tridimensional dos ápices dos dentes inclusos, assim como localizá-los no sentido vestibulolingual.11 Quando se encontra dificuldade tanto de ratificar ou não a relação dos dentes inclusos com o canal mandibular quanto de realizar a localização radiográfica desses dentes inclusos, pode-se dispor da tomografia computadorizada de feixe cônico – Cone Beam, um exame que apresenta grande precisão na localização e posição tridimensional dos elementos estudados. O cirurgião deve ter conhecimento de todas essas situações para saber quando e qual exame radiográfico solicitar para determinaro seu planejamento cirúrgico. 19. As cirurgias dos dentes inclusos geralmente estão associadas a um elevado grau de an- siedade por parte dos pacientes. Nesse aspecto, como deve ser o trabalho do cirurgião? 70 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS 20 O cirurgião deve ter em mente três variáveis a serem avaliadas antes de solicitar os exames laboratoriais. Quais são elas? 21. Correlacione as colunas com a classificação do estado físico do paciente, segundo a ASA. (1) I (2) II (3) III (4) IV (5) V (6) VI Resposta ao final do artigo 22. Quais são as funções da radiografia panorâmica no diagnóstico e no planejamento dos dentes inclusos? MEDICAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA A medicação prescrita no pré-operatório tem como funções: reduzir o edema pós-operatório; reduzir a dor no trans e pós-operatório; minimizar o risco de infecção da ferida cirúrgica. em alguns casos, medicamentos podem ser utilizados para o controle da ansiedade. Dessa forma, o cirurgião pode optar pelos fármacos: corticoides, antibióticos, anti-inflamatórios não esteroides (AINes), analgésicos e ansiolíticos. ( ) Paciente com doença sistêmica grave que limita a atividade, incapacitante e é uma ameaça constante a vida. ( ) Paciente com doença sistêmica leve ou moderada. ( ) Paciente com doença sistêmica grave que limita a atividade, mas não incapacitante. ( ) Indivíduo normal saudável. ( ) Paciente com morte cerebral, sendo mantido para doação de órgãos. ( ) Paciente moribundo que não espera sobreviver mais que 24h com ou sem cirurgia. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 71 CORTICOIDES Todo procedimento cirúrgico de maior ou menor invasividade ocasiona um trauma tecidual, gerando a liberação de mediadores químicos da inflamação (prostaglandina, histamina, bradicinina, serotonina, entre outros), que acabam resultando em sinais clínicos como dor, edema e perda da função por parte do paciente. Sabe-se que a inflamação é responsável pela reparação tecidual, não obstante, seu excesso causa danos ao paciente. Desse modo, os corticoides, quando administrados no pré-operatório, atuam estabilizando a membrana celular, impedindo que ocorra a saída de fluidos do meio intracelular para o meio extracelular, ocasionando o edema. essa classe medicamentosa também atua reduzindo a resposta inflamatória pela diminuição da permeabilidade capilar e síntese de prostaglan- dinas. Como resultado clínico, há a diminuição da magnitude da dor, edema e trismo pós-operatórios. Dan e colaboradores23 realizaram uma revisão sistemática da literatura com metanálise para observar o efeito do corticoide no edema, na analgesia e no desenvolvimento de possíveis efeitos colaterais em cirurgias bucais. Os autores concluíram que o uso de corticoide prévio à cirurgia reduziu, de maneira significativa, a dor e o edema, sem aumento na incidência de infecção pós-operatória e com mínimos efeitos adversos. A literatura mostra que, quando o corticoide é utilizado por um período de 3-5 dias, não resulta em risco ao paciente. O uso de corticoides está contraindicado em casos de pacientes com infecções virais ou fúngicas ativas, glaucoma primário, pacientes com doenças psicóticas e pacientes com tuberculose. ANALGESIA PREEMPTIVA Como já mencionado, a cirurgia para exérese dos dentes inclusos pode causar um processo inflamatório severo, em que é observado, frequentemente, no quadro pós-operatório, o sintoma de dor, além de sinais de edema e trismo. Desta forma, a dor pós-operatória surge com grande intensidade nas 12 horas iniciais, tendo seu pico máximo entre 3-5 horas após o término da cirurgia.24,25 Sendo a dor pós-operatória um evento previsível em cirurgias bucais, a administração pré-operatória de fármacos de ação anti-inflamatória e analgésica deve ser considerada, já que tais medicamentos atuam minimizando o desconforto e a dor pós-operatória quando são empregados com a finalidade de analgesia preemptiva.26 72 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS A analgesia preemptiva é uma modalidade de tratamento cujo princípio básico é a admi- nistração de analgésicos antes da ocorrência de estímulos dolorosos, reduzindo ou prevenindo a dor e diminuindo a dose analgésica requerida no pós-operatório, comparada com a dose utilizada após a ocorrência do estímulo doloroso. esse tratamento antinociceptivo atenua ou previne o desenvolvimento da sensibilização central induzida pela cirurgia. Uma das vantagens do emprego dos conceitos da analgesia preemptiva na clínica diária é que, com a prevenção ou redução da memória da dor, as necessidades analgésicas pós-trauma podem ser diminuídas, melhorando a qualidade da analgesia oferecida ao paciente.27,28 em uma análise comparativa entre o codatenTm e a nimesulida para analgesia preemptiva em cirurgia de terceiros mIs, verificou-se que, no pós-operatório imediato, os pacientes apresentaram menos dor sob o efeito da nimesulida quando comparada com o codatenTm.28 ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA Os protocolos de indicação de antibioticoterapia profilática estão bem estabelecidos na litera- tura nos pacientes suscetíveis a desenvolver endocardite bacteriana, não obstante, a grande discussão gira em torno da indicação de protocolos de antibioticoterapia profilática em pacientes saudáveis. Nos casos em que o paciente apresenta uma infecção preexistente no sítio operatório, por exemplo, pericoronarite ou abscesso, é preconizada a prescrição de antibióticos no pré e pós-operatório, a fim de minimizar o potencial de contaminação e/ou infecção no pós-operatório. Os autores são concordantes de que a cavidade bucal é um ambiente potencialmente con- taminado, sendo esperada uma taxa de infecção que pode chegar a 10%, de acordo com Gil e Gil.11 Segundo Woolf e Chong,29 os procedimentos cirúrgicos em locais potencialmente contaminados, contaminados ou infectados necessitam de antibioticoterapia profilática, este fato seria, por si só, um motivo para seu uso em cirurgias de dentes inclusos. Os profissionais que advogam contra o uso dos antibióticos no pós-operatório baseiam-se em três argumentos principais: baixas taxas de infecção pós-operatória em cirurgias bucais, seleção e aumento da resistência bacteriana e aparecimento de reações adversas.11 | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 73 Ren e malmstron realizaram metanálise de ensaios clínicos randomizados a respeito da prescrição de antibioticoterapia profilática. Os principais resultados encontrados foram: com relação à incidência de infecção pós-operatória, esta ocorreu em 4% dos pacientes que re- ceberam antibioticoterapia profilática contra 6,1% do grupo controle, sendo esta diferença significante. em relação à alveolite seca, a taxa de incidência no grupo que recebeu antibiótico foi de 6,2% e de 14,4% no grupo controle, diferença estatisticamente significante. Nesse estudo, os autores concluíram também que os antibióticos possuem maior eficácia quando administrados no pré-operatório, sua utilização no pós-operatório não apresentou vantagens significativas que justifiquem seu uso.11 O uso da profilaxia antibiótica é de escolha de cada cirurgião ou de determinada escola, contudo, ao decidir realizá-la, deve-se utilizar o antibiótico contra um determinado grupo de patógeno pelo menor tempo possível, antes que esse patógeno colonize a ferida cirúrgica, com a principal intenção de diminuir o risco de infecção pós-operatória. A correta profilaxia depende de três fatores básicos: escolha do tipo e concentração do antibiótico e o tempo correto para sua administração. A flora bacteriana patogênica já é bem conhecida, devendo o antibiótico escolhido ser eficaz na eliminação desses microrganismos, de preferência bactericida e espectro reduzido, para não alterar a microbiota residente. Desse modo, a escolha recai sobre as penicilinas (amoxicilina 500mg), podendo ser substituídas pelas lincosaminas (clindamicina 300mg) ou pelos macrolídeos (azitromicina 500mg). O último fatora ser considerado é o momento oportuno para emprego do antibiótico.11 Sugere-se, como regime profilático, o seguinte esquema terapêutico: administração de amoxicilina 2g por via oral (em dosagem única) 1 hora antes da cirurgia. Dependendo da cirurgia, quantidade de osteotomia/ostectomia e odontossecção, realiza-se o seguinte esquema terapêutico: 1g de amoxicilina, por via oral 1 hora antes da cirurgia, continuada, com 500mg a cada 8 horas por cinco dias. em casos de pacientes alérgicos à penicilina, utilizam-se 600mg de cindamicina ou 500mg de azitromicina, por via oral 1 hora antes da cirurgia, continuada por cinco dias a cada 24 horas. 74 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS 23. Pode ser considerada uma das principais funções da medicação prescrita no pré-operatório: I – reduzir o edema pós-operatório. II – reduzir a dor no trans e pós-operatório. III – minimizar o risco de infecção da ferida cirúrgica. Quais estão corretas? A) Apenas a I. B) Apenas a II. C) Apenas a III. D) A I, a II e a III. Resposta no final do artigo 24. Como agem os corticoides quando administrados no pré-operatório de cirurgias de dentes inclusos? 25. A cirurgia para exérese dos dentes inclusos, pode causar um processo inflamatório severo, em que é observado, frequentemente, no quadro pós-operatório, o sintoma de dor, além de sinais de edema e trismo. Desta forma, a dor pós-operatória surge com grande intensidade nas 12 horas iniciais, tendo seu pico máximo quantas horas após o término da cirurgia? A) Após 2 horas. B) entre 3-5 horas. C) Até 1 hora. D) entre 8-12 horas. Resposta no final do artigo 26. Qual é o princípio básico da analgesia preemptiva? | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 75 27. Sobre a antibioticoterapia profilática assinale a alternativa INCORReTA. A) Nos casos em que o paciente apresenta uma infecção preexistente no sítio operatório, por exemplo, pericoronarite ou abscesso, é preconizada a prescrição de antibióticos no pré e pós-operatório, a fim de minimizar o potencial de contaminação e/ou infecção no pós-operatório. B) Segundo Woolf e Chong, os procedimentos cirúrgicos em locais potencialmente con- taminados, contaminados ou infectados necessitam de antibioticoterapia profilática, este fato seria, por si só, um motivo para seu uso em cirurgias de dentes inclusos. C) Os profissionais que advogam contra o uso dos antibióticos no pós-operatório baseiam-se em um principal argumento: as baixas taxas de infecção pós-operatória em cirurgias bucais. D) O uso da profilaxia antibiótica é de escolha de cada cirurgião ou de determinada escola, contudo, ao decidir realizá-la, deve-se utilizar o antibiótico contra um deter- minado grupo de patógeno pelo menor tempo possível, antes que esse patógeno colonize a ferida cirúrgica, com a principal intenção de diminuir o risco de infecção pós-operatória. Resposta no final do artigo PROCEDIMENTO CIRÚRGICO: INSTRUMENTAL E SEqUÊNCIA CIRÚRGICA Para que se possa obter êxito nos procedimentos cirúrgicos, é fundamental um bom plane- jamento pré-operatório, que, via de regra, estará alicerçado em um criterioso exame clínico e em uma correta solicitação e interpretação dos exames complementares. Outro fator de crucial importância é o conhecimento anatômico das diferentes regiões maxilofaciais que, além de atenuar o risco de acidentes e complicações trans e pós-operatórias, facilitará o planejamento das incisões e o manuseio atraumático dos tecidos, o que favorece a preser- vação da vitalidade e a boa cicatrização. Devido às peculiaridades anatômicas da cavidade bucal, existe uma variedade de incisões, ao passo que sua correta indicação desempenhará forte influência no êxito da cirurgia.2 A seguir, será descrita cada etapa cirúrgica e os instrumentos utilizados: 1º passo: incisão ou diérese; 2º passo: descolamento mucoperiósteo; 3º passo: afastamento do retalho; 4º passo: ostectomia; 5º passo: odontossecção; 6º passo: remoção ou exérese do dente; 7º passo: limpeza da cavidade; 8º passo: suturas. 76 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS INCISÃO OU DIÉRESE A diérese é o procedimento cirúrgico por meio do qual o cirurgião divide ou separa os tecidos, objetivando acessar o osso alveolar subjacente ou o próprio dente quando esse se encontra incluso ou submucoso. Uma incisão bem planejada e executada resulta em poucos danos ao retalho obtido, com melhor recuperação pós-operatória, menos dor e edema e melhor cicatrização.30 O pro- cedimento de incisão deve compreender a mucosa e o periósteo, utilizando como material o cabo de bisturi nº 3, lâminas de bisturi nº 15, 15c ou 12, dependendo do planejamento e da área de incisão (Figuras 1A e 1B). 10 11 12 15 Figura 1 – Cabo de bisturi nº 3 e as lâminas nº 10, 11, 12 e 15.30 Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Uma série de fatores que devem ser levados em consideração para um correto pla- nejamento das incisões:11 utilizar sempre lâminas novas; incisar sempre de maneira firme e contínua, já que as incisões interrompidas causam maior dano tecidual; incisar de maneira perpendicular à superfície, criando margens cruentas simétricas que resultam em melhor reparo; manter uma distância segura de estruturas nobres, como vasos e nervos; o acesso deve ter suprimento sanguíneo próprio, permitir acesso ao tecido subjacente, poder ser recolocado na posição original e poder ser mantido com sutura, evitando incisões sobre as papilas gengivais e elevações ósseas. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 77 São tipos de retalhos: linear; sucular (envelope ou gengival ou maurel); triangular (Newmann modificada ou mead); trapezoidal (Newmann); semilunar (Partsch); forma de U (Wassmund). Os critérios para indicação do tipo de acesso devem ser pautados de acordo com a anatomia regional e o caso abordado. A incisão sucular é apresentada nas Figuras 2A e 2B. A B Figura 2 – A e B) Incisão sucular (envelope ou gengival ou maurel). Fonte: A) Freitas (2006).30 B) Arquivo de imagens dos autores. 78 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS A incisão triangular é apresentada nas Figuras 3A e 3B. A B Figura 3 – A e B) Triangular (Newmann modificada ou mead). Fonte: Freitas (2006).30 As Figuras 4A e 4B apresentam a incisão trapezoidal. A B Figura 4 – A e B) Trapezoidal (Newmann). Fonte: A) Freitas (2006).30 B) Arquivo dos autores. DESCOLAMENTO MUCOPERIOSTEAL E AFASTAMENTO DO RETALHO O descolamento mucoperiosteal para acesso dos dentes inclusos deve sempre ser de espessura total, para permitir acesso ao osso subjacente e consequente visualização das estruturas abordadas. O descolamento deve ser realizado sempre apoiado em osso sadio, de forma cuidadosa e atraumática, possuir uma extensão suficiente, evitando tensões desnecessárias que podem ocasionar a laceração do retalho. Ratifica-se a importância do conhecimento anatômico locorregional e de se respeitar o periósteo, o que favorecerá a cicatrização e a recuperação no pós-operatório. Nesse passo ope- ratório, serão utilizados os descoladores (molt, Free, cureta de molt) e o afastador de minessota. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 79 OSTEOTOMIA Depois da avaliação clínica e radiográfica, incisão e afastamento adequado do retalho, o cirur- gião deve avaliar a quantidade de osso a ser removido, a fim de possibilitar a execução da próxima etapa cirúrgica, qual seja, a odontossecção ou a remoção do dente. A decisão sobre a quantidade necessária depende principalmente do grau de impacção do dente, número e curvatura das raízes e angulação do dente.11 O primeiro fator a ser discutido na osteotomia diz respeito à escolha do material utiliza- do: cinzel e martelo, caneta de alta rotação ou peça de mão em baixa rotação. essa escolha depende da experiência do profissional e da sua escola de formação. Prefere-se a utilização da caneta de alta rotação com irrigação contínua externa utilizando soro fisiológico 0,9%. Não encontramosproblema na utilização da peça reta, não obstante, somos resistentes à utilização inadvertida do cinzel/martelo pelo extremo trauma psicológico que esse instrumento vem a causar aos pacientes. Também contraindicamos a utilização da água do equipo odontológico para refrigeração quando for utilizada a caneta de alta rotação, pois entendemos que tal ação ocasiona a quebra da cadeia asséptica indispensável para segurança no procedimento cirúrgico. Para realização da osteotomia, utilizam-se preferencialmente as brocas carbide nº: 701,702, 06 e 08, sob irrigação contínua com soro fisiológico 0,9% estéril. A osteotomia requerida para os terceiros mS é, na maioria das vezes, mais fácil de executar quando comparada aos demais dentes inclusos. Raras são as vezes em que o profissional precisará utilizar brocas para remoção óssea, uma vez que o tecido ósseo maxilar é menos denso.31 ODONTOSSECÇÃO E REMOÇÃO DO DENTE Após a completa exposição da coroa do dente incluso, o cirurgião deve avaliar a necessidade ou não de seccionar o dente. Frequentemente, utiliza-se a odontossecção, principalmente para remoção dos terceiros mIs, caninos e pré-molares, pois entende-se que o sacrifício do tecido ósseo não se justifica quando da remoção de um dente incluso. Adicionado a isso, uma quantidade exagerada de osteotomia em detrimento da odontossecção ocasiona mais dor e edema pós-operatório, maior tempo e dificuldade de cicatrização. 80 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS A odontossecção visa facilitar a remoção de um dente pela diminuição de áreas e zonas retentivas do próprio dente pela sua fragmentação, bem como visa preservar tecido ósseo hígido e estruturas anatômicas adjacentes. Chama-se atenção para o planejamento do local da odontossecção, que é variável, de acordo com o posicionamento do dente incluso, e, principalmente, a forma e o número das raízes.2 Para remoção do dente, o cirurgião utilizará os elevadores (ou extratores) e/ou fórceps dentais. Os elevadores (ou extratores) devem ser utilizados de forma criteriosa para não ocasionar fraturas dentárias ou ósseas indesejadas, o movimento de alavanca deve ser aplicado de forma perpendicular em relação ao longo eixo do dente, sendo girada de maneira a deslocar o dente em relação ao seu eixo de saída. LIMPEZA DA CAVIDADE E SUTURA As etapas descritas anteriormente geram uma grande quantidade de remanescentes cirúrgi- cos e alteram toda anatomia no local. Dessa forma, a higienização da cavidade cirúrgica e a sutura desempenham fundamental importância no processo cicatricial, prevenção da infecção e reposicionamento dos tecidos a sua posição anatômica. Desse modo, preconiza-se, ao término da cirurgia, uma lavagem copiosa da loja cirúrgica e dos tecidos adjacentes, utilizando soro fisiológico 0,9%, antes de realizar a sutura. O preparo da cavidade compreende três etapas distintas:11 curetagem e remoção do capuz pericoronário remanescente; limagem das margens ósseas; irrigação final com aspiração. A finalização do procedimento cirúrgico ocorre com a instalação das suturas, que possuem como funções primordiais a estabilização e a reanatomização das margens da ferida sufi- cientes para assegurar uma correta cicatrização das bordas cruentas. Os principais objetivos da sutura são: reposicionar os tecidos na posição original, ou em outra desejada, de maneira precisa e atraumática; restituir a função e acelerar a cicatrização; reduzir os espaços anatômicos (espaço morto); promover hemostasia; estabilizar do coágulo; preservar a estética. Outro fator crucial durante a sutura é a escolha de um fio ideal para o caso abordado, se nylon ou seda, monofilamentar ou multifilamentar, reabsorvível ou não reabsorvível, calibre ideal. Utiliza-se preferencialmente fio nylon, monofilamentar, não reabsovível de espessura 4-0 ou 5-0 ou o fio reabsorvível vicryl, na espessura 3-0 ou 4-0. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 81 As características de um fio ideal são: segurança no nó, resistência tênsil adequada, fácil manuseio, causar baixa reação tecidual, não provocar ou manter infecção, ser resistente ao meio ao qual atua e custo acessível. Uma falha comum no fechamento da ferida usando suturas é a falta de medidas adequa- das para o controle de tensão. É geralmente reconhecido que as altas tensões exercidas pelas suturas e aplicadas às bordas da ferida podem conduzir a deiscência, rasgando as margens de tecido mole, resultando em uma laceração e cicatrização por segunda intenção. estes casos de deiscência dos tecidos moles podem prolongar o tempo de cicatrização e aumentar a dor e desconforto no pós-operatório.32 28. Complete a coluna com a sequência da abordagem cirúrgica dos dentes inclusos. ( ) Suturas. ( ) Incisão ou diérese. ( ) Ostectomia. ( ) Odontossecção. ( ) Afastamento do retalho. ( ) Descolamento mucoperiósteo. ( ) limpeza da cavidade. ( ) Remoção ou exérese do dente. Resposta ao final do artigo 29. Defina a diérese. 30. Cite 4 fatores que devem ser levados em consideração para um correto planejamento das incisões cirúrgicas. 82 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS 31. Assinale a alternativa correta quanto aos tipos de retalhos. A) linear. B) Semilunar (Wassmund). C) Forma de U (Partsch). D) Sucular (mead). Resposta no final do artigo 32. Depois da avaliação clínica e radiográfica, incisão e afastamento adequado do retalho, o cirurgião deve avaliar a quantidade de osso a ser removido, a fim de possibilitar a exe- cução da próxima etapa cirúrgica, qual seja, a odontossecção ou a remoção do dente. Neste sentido, que fatores são levados em consideração no momento de decidir sobre a quantidade óssea a ser extraída? 33. Sobre a limpeza da cavidade e sutura, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) Preconiza-se, ao término da cirurgia, uma lavagem copiosa da loja cirúrgica e dos tecidos adjacentes, utilizando soro fisiológico 0,9%, antes de realizar a sutura. ( ) Segundo Nazareno Gil, o preparo da cavidade compreende duas etapas distintas: curetagem e remoção do capuz pericoronário remanescente e irrigação final com aspiração. ( ) A finalização do procedimento cirúrgico ocorre com a instalação das suturas, que possuem como funções primordiais a estabilização das margens da ferida suficientes para assegurar uma correta cicatrização das bordas cruentas. ( ) Uma falha comum no fechamento da ferida usando suturas é a falta de medidas adequadas para o controle de tensão. Resposta no final do artigo | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 83 APROVEITAMENTO DOS DENTES INCLUSOS TRANSPLANTES DENTAIS Apesar de todos os avanços alcançados na Odontologia e de todas as medidas de saúde bucal coletiva que visam prevenir a perda precoce dos dentes devido a problemas como doença periodontal e cárie, infelizmente, sua prática ainda é rotineira naquela fatia menos esclare- cida e com menor poder aquisitivo da população, sobretudo nos serviços públicos de saúde. A mutilação de uma exodontia pode deixar sequelas físicas, funcionais e psicológicas, que podem comprometer a saúde geral dos pacientes.2 A reposição dos dentes perdidos pode ser realizada por meio do uso de próteses fixas ou removíveis, implantes dentários ou aparelhos ortodônticos. A maior limitação dessas alternati- vas terapêuticas é o fator financeiro, pois nem sempre elas podem ser financiadas por todos os pacientes. Desse modo, o transplante dental toma fundamental importância por representar uma alternativa viável, exequível e que consegue atender a todas as camadas da população. O transplante dentário autógeno é a movimentação cirúrgica de um dente – vital ou tratado endodonticamente – do seu lugar original na cavidade bucal para outro lugar. esse tipo de transplante autógeno foi documentado pela primeira vez por Hale, sendo que os princípios dessa técnica cirúrgica são praticamente os mesmos até os dias atuais. O sucesso de transplantes de germe dentário dependeda integridade da membrana periodontal ou saco dentário; também é influenciado pela assepsia e técnica cirúrgica atraumática, bem como pelo menor tempo de permanência extra-alveolar do dente a ser transplantado.33,34 Além disso, deve-se considerar que a possibilidade de transplante é aumentada pelo fato da odontogênese tardia de terceiros molares em relação aos demais dentes.35,36 Há três maneiras de classificar o transplante dentário:33 de acordo com a relação taxonômica entre o doador e o receptor (autógeno); de acordo com a relação anatômica entre a origem do dente doado e a localização do transplante (isotópico); de acordo com a vitalidade do transplante (homovital). 84 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS O transplante dentário pode ser indicado em casos de ausência dentária congênita, por perdas prematuras de molares permanentes, traumatismos, iatrogenias, perdas dentárias ocasionadas por tumores e, ainda, quando o tratamento protético for inviável por motivos socioeconômicos. Quanto ao sucesso dos transplantes, ou seja, sua revascularização e reinervação, os prog- nósticos mais favoráveis ocorrem em pacientes jovens, ou seja, em dentes com rizogênese incompleta, pois há possibilidade de revascularização por meio do forame apical do dente transplantado. Atualmente, nos mais de 900 casos de transplantes de terceiros mIs e mS para alvéolos de primeiros molares, o sucesso alcançado foi superior a 95,0%. A não obturação do conduto radicular favorece uma nova inserção das fibras do ligamento periodontal.33 A análise da literatura evidencia que diversos fatores interferem no sucesso dos trans- plantes dentais. Assim, é essencial a correta seleção de casos, o emprego de técnica cirúrgica atraumática, além de se instituir um método adequado de contenção. O tempo que o dente permanece fora do alvéolo, o estado do alvéolo para o qual ele será transplantado, bem como a integridade da membrana periodontal ou saco dental e a assepsia cirúrgica também exercem influência no prognóstico.18 As principais indicações para realização de transplantes dentais autógenos estão condicionadas a fatores relacionados com os dentes a serem substituídos: cáries extensas; reabsorção radicular; periodontite; fratura coronorradicular; agenesias; aplasias. A maioria dos transplantes realizados é dos terceiros molares para alvéolo dos primeiros molares sem a possibilidade de tratamento conservador.2 Alguns fatores precisam ser levados em consideração antes da indicação e realização da cirurgia: os pacientes devem apresentar uma boa saúde geral, deve haver espaço mesiodistal suficiente, não deve haver condição patológica aguda no sítio receptor, o dente transplantado deve ser imobilizado e protegido no sítio do alvéolo, deve ser dada atenção especial ao grau de desenvolvimento radicular do dente a ser implantado. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 85 As contraindicações ao procedimento de transplante são aquelas situações em que for possível o aproveitamento do dente a ser extraído (leito receptor), seja por meio da terapia endodôntica, periodontal e/ou protética. Nesses casos, o transplante deve ser colocado em última opção. TRACIONAMENTO ORTOCIRÚRGICO Outra opção de aproveitamento dos dentes inclusos é o tracionamento ortodôntico-cirúrgico. essa modalidade terapêutica visa à colocação de um dente incluso em sua posição ana- tômica. Via de regra, consiste na associação de procedimentos cirúrgicos e ortodônticos, sendo necessários um trabalho multidisciplinar e acompanhamento clínico e radiográfico para finalização do caso.2 existem várias técnicas descritas na literatura para realização das desinclusões cirúrgico-ortodônticas: perfuração coronária; técnica do laço; colagem de pinos; colagem de botões ortodônticos. A perfuração coronária consiste em fazer uma pequena perfuração atravessando o ân- gulo incisal do dente, permitindo que um fio ortodôntico seja amarrado a ele e fixado com resina composta.1 Há a desvantagem de, posteriormente, o dente necessitar de tratamento restaurador, além do risco de exposições pulpares acidentais. A técnica do laço foi bas- tante empregada antes do advento da colagem de bráquetes e consiste em laçar o dente empregando fio ortodôntico, que é torcido, adaptando, assim, à região cervical da coroa, facilitando a tração. esta técnica não mais é utilizada por favorecer reabsorção na região do colo dental, onde o fio é aplicado. É preferível recobrir o dente incluso com retalho mucoperiosteal ao invés da exposição ci- rúrgica da coroa ao meio bucal, dando ênfase para as técnicas de colagem direta com tela ortodôntica e resina composta. Nos casos de inclusões retroalveolares profundas, realizam transfixação junto à borda incisal da coroa. A ulectomia, geralmente, ocasiona a formação bolsas periodontais, sendo frequente a ocorrência de recessões gengivais.37 Antes da colagem direta, um pino ou parafuso pode ser posicionado na coroa do dente não irrompido e, em circunstâncias especiais, isso permanece como alternativa, ou então um fio de ligadura pode ser colocado ao redor do acessório antes de o retalho ser posicionado e suturado. A tração ortodôntica para trazer o dente impactado para o arco deve começar o mais cedo possível após a cirurgia ou, não sendo possível, não demorar mais do que 2 ou 3 semanas.38 86 ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS DENTES INCLUSOS O que existe sedimentado na literatura atualmente, no que tange às desinclusões cirúrgico-ortodônticas, é que, quanto mais cedo for descoberta a impacção dos dentes inclusos e o consequente pronto atendimento, melhor será o tratamento e prognóstico do caso. A exposição cirúrgica dos dentes inclusos deve ser a mais conservadora possível. Para a escolha da técnica de tracionamento ortodôntico-cirúrgico, é necessário levar em conside- ração a localização e a posição em que o dente incluso se encontra. Por fim, a melhor técnica utilizada atualmente é a técnica fechada, cujo dente incluso, depois de colocado o dispositivo para a extrusão, é recoberto com o retalho mucoperiostal, evitando problemas periodontais. MANEJO DO PACIENTE NO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório corresponde ao período de tempo compreendido entre o término da cirurgia e a plena recuperação clínica relativa às alterações determinadas pelo ato cirúrgico.2 Toda manobra cirúrgica não está concluída com a sutura, e sim com a correta orientação pós-operatória aos pacientes e, também, com a eliminação adequada dos pontos após 5-7 dias. Toda orientação pós-operatória possui fundamental importância, pois, somente com sua perfeita execução e acompanhamento, a cirurgia terá o resultado esperado. Assim, além de ser explicado corretamente ao paciente tudo aquilo que ele deverá fazer e seguir, deve-se entregar estas mesmas orientações a ele, por escrito, para que ele possa seguir exatamente tudo aquilo que foi aconselhado a fazer. São elas: aplicar bolsas de gelo na face, sobre o local operado durante 20 minutos, com 30 minutos de descanso, durante 48 horas, iniciando este procedimento imediatamente após a cirurgia; retirar a gaze protetora da boca após 30 minutos; não fazer bochechos e não cuspir pelo menos durante as primeiras 48 horas, mantendo unicamente a higienização bucal por meio da escovação dental; nas primeiras 48 horas, a alimentação deverá ser líquida, pastosa, fria, gelada, evitando- -se alimentos de difícil mastigação; evitar exposição ao sol, excessos físicos, quando se deitar, posicionar-se sempre com a cabeça mais elevada do que o resto do corpo; em casos de sangramento maior do que aquele considerado normal, febre alta, edema excessivo, dor aguda, deve-se entrar em contato com o cirurgião; seguir rigorosamente os horários das medicações prescritas; se houver travamento da boca após o segundo dia, iniciar exercícios de abertura. | PRO-ODONTO CIRURGIA | CIClO 8 | VOlUme 4 | 87 O não seguimento das orientações
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