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CAPÍTULO I – O QUE É A TEORIA DA HISTÓRIA? A Teoria da História é a teoria da História como ciência e ela é constituída de três elementos: história, ciência e teoria. Teorias são formas de saber com um alto grau de generalização enquanto proposições sobre fatos particulares e, por conseguinte, integram o pensamento científico. Neste último aspecto a Teoria da História não é utilizada para interpretar o passado humano, mas a própria interpretação, para esse modo de pensar usa-se o termo técnico-filosófico de metateoria. FORMA REFLEXIVA A teoria da história é o estudo da História enquanto ciência bem como dos elementos que a compõe, mas não apenas isso, ele ultrapassa o pensamento científico especializado para emitir questionamentos sobre este pensamento. Seguindo essa linha de raciocínio é importante é importante destacar que o que faz a pessoa ter a competência especializada, no campo da ciência, não se restringe a dominar os procedimentos científicos exigidos pelo conhecimento científico. A capacidade de manusear e caracterizar seus elementos básicos, isto é, ter aptidão de dizer no que consiste a própria competência, bem como de que maneira ela é obtida. A teoria da história é, pois, uma teoria da prática da ciência e não apenas de elementos que a integra. TRÊS DIMENSÕES O conhecimento reflexivo elaborado pela teoria da história possui três dimensões: a. Disciplinar: contém o saber da história como ciência especializada que carrega as características que distingue a História de outros modos de lidar com o passado humano. O ponto central aqui é o significado de ocupar-se da história de maneira científica. b. Interdisciplinar: ela articula a parte científica da História em conjuntos abrangentes com outras áreas do conhecimento que lidam de formas diferentes com o mesmo tipo de conhecimento ou que possui algum tipo de afinidade com esse conhecimento científico produzido. Como ponto central é saber como esse manuseio do saber fornecido pela ciência da história se relaciona com outras formas de lidar com o passado e como se diferenciam. c. Transdisciplinar: vai lidar com a conexão entre o pensamento histórico científico e a vida humana prática. A questão central aqui é qual seria o papel central do conhecimento histórico científico produzido na orientação cultural da vida humana, como ela se articularia com outras práticas e interpretações do homem e de seu mundo e se existiria um papel único que somente o conhecimento produzido pela CAPÍTULO I – O QUE É A TEORIA DA HISTÓRIA? história como ciência poderia desempenhar na “cultura da memória” ou “memória histórica”. ULTRAPASSAGENS DE LIMETES Antes de falar o que significa lidar “cientificamente” com a história é necessário esclarecer o que se entende por história. É sempre bom deixar claro que a história é muito mais ampla e antiga que a disciplina acadêmica especializada uma vez que ela é elemento essencial de qualquer orientação cultural dos seres humanos. A teoria da história integra modos de pensar e campos de discussão que são igualmente marcados pela especialização. Essa questão, sobre o que é história, traz o aspecto filosófico para a teoria da história, a cientificidade do pensamento faz com que ela tenha caráter de teoria do conhecimento, metodologia e teoria da ciência. Todas essas facetas compõe a matéria de teoria da história e por isso ela possui uma relação especialmente estreita com a didática da história. TEMAS Esses diversos aspectos tratam de dois temas fundamentais: a história e seu manejo cognitivo. No que diz respeito à história, neste caso, o mais relevante é saber o que é essa realidade chamada história, se é objetivamente dado, como um objeto mais ou menos fixo do conhecimento ou trata-se de ‘‘apenas’’ uma interpretação posterior de um passado há muito transcorrido. No tocante ao manejo cognitivo da história, o que se percebe com mais relevância é o questionamento se o pensamento histórico seria ou não capaz de ser científico e se seria possível que o conhecimento histórico fosse medido em um formato científico usando a capacidade probatória que vem de outros campos científicos, especialmente das ciências naturais. Os dois temas dependem um do outro pois a história não é apenas um mero fato dado e cujo conhecimento é carregado de interpretação e subjetividade. Se este é o campo do conhecimento humano que lida com o passado, então lida-se com algo que objetivamente aconteceu. Por isso é importante lembrar que a história é composta por fatos e interpretações, ou seja, ela possui um lado que é objetivo e outro subjetivo. Existe também uma divisão entre a função prática do pensamento histórico (a utilidade dele para a vida) e a forma científica de pensar (maneira pela qual a ciência da história se define). A correlação entre os dois é conhecida como “sentido”. É a teoria da história que faz a pergunta pelo “sentido”, pergunta esta que é a mais fundamental. FUNÇÕES A teoria da história ocupa então um espaço próprio dentro do campo científico reflexivo CAPÍTULO I – O QUE É A TEORIA DA HISTÓRIA? pois, não está tão institucionalizada quanto as disciplinas cujas especialidades são as épocas, regiões ou assuntos, mas por seu modo de pensar perpassar especialidades e, ao mesmo tempo, estar subjacente a elas a teoria da história é uma matéria tão essencial. Ao mesmo tempo ela não consegue exercer sua tarefa sem fazer uso de outras áreas do conhecimento (filosofia, por exemplo) faz com que seu estatuto (meta)disciplinar precário. Além disso a disciplina possui uma série de funções que não podem ser ignoradas. Quais sejam: 1. É imprescindível no ensino acadêmico para a profissionalização didática pois se apresenta aos estudantes com uma variedade imensa de campos, mas que ao mesmo tempo deseja ser identificável. Por esses aspectos diversos precisa ser considerada a partir de uma ótica supraordenada. 2. Na pesquisa histórica ela desempenha a função de “esclarecimento reflexivo”. Sendo a pesquisa histórica o cerne ciência da histórica deve, portanto, obedecer uma lógica que é determinada pelo discurso dos especialistas. Por outro lado, não se pode ignorar os impulsos que vêm de fora, provenientes de outras ciências. 3. O pensamento histórico se articula à historiografia. Ela ocupa um lugar peculiar pois obedece a critérios de apresentação que podem ir além dela que abre margem para imprecisões quanto ao estatuto cognitivo do conhecimento histórico. Assim a teoria da história pode elaborar um esclarecimento reflexivo. 4. A função de orientação, obtida através do desempenho adquirido pelo conhecimento histórico científico, estão presentes nos processos de orientação da cultura no presente não lhe seria intrínseco ou seria esse critério também essencial para a formação interna específica do conhecimento histórico? A teoria da história pode mostrar que este é, na verdade, um falso dilema. Ela assume então função relevante sem a qual não consegue determinar suficientemente a formação histórica e por causa de sua importância. Jéssica Fernandes Mourão https://www.instagram.com/jessicafernands https://www.instagram.com/jessicafernands
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