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ALMEIDA ANTÓNIO JOÃO Correntes teóricas de antropologia (Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário) Universidade Rovuma Campus de Nacala-Porto Janeiro, 2021 1 ALMEIDA ANTÓNIO JOÃO CORRENTES TEÓRICAS DE ANTROPOLOGIA Universidade Rovuma Campus de Nacala-Porto Janeiro, 2021 Trabalho de carácter avaliativo na cadeira de Antropologia Cultural de Moçambique do curso de Licenciatura em Gestão Ambiental Desenvolvimento Comunitário, 2º ano. Leccionada pelo: Dr. Luís Pereira 2 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3 2. CONCEITO DA ANTROPOLOGIA ...................................................................................... 4 3. AS CORRENTES TEÓRICAS DA ANTROPOLOGIA ........................................................ 4 3.1. Evolucionismo ..................................................................................................................... 4 3.1.1. Evolucionismo Cultural Clássico ..................................................................................... 6 3.2. O DIFUSIONISMO ............................................................................................................. 6 3.2.1. Escola sociológica francesa .............................................................................................. 8 3.3. O ESTRUTURALISMO ...................................................................................................... 8 3.3.1. Concepção De Estruturalismo Em Lévi-Strauss .............................................................. 9 3.4. ANTROPOLOGIA CULTURALISTA NORTE-AMERICANA ..................................... 10 3.5. FUNCIONALISMO .......................................................................................................... 11 3.5.1. O Funcionalismo de Malinowski ................................................................................... 12 3.5.2. Método Funcionalista ..................................................................................................... 13 4. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 14 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 15 3 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como tema As Correntes Teóricas da Antropologia e pertence à cadeira de Antropologia Cultural Moçambicana, procura fazer uma análise duma forma breve acerca do evolucionismo antropológico, estruturalismo, difusionismo e o funcionalismo, ideias estas expostas por meio de alguns pensadores, como é o caso de: Lewis Henry Morgan (1877), Edward Burnett Tylor (1871) e James George Frazer (1908), bem como fazer os possíveis detalhes das suas teorias em relação as correntes acima em epigrafe. Estas correntes antropológicas têm-se colocado no campo da Antropologia como um modelo de inteligibilidade, para o qual a categoria de tempo (sincronia e diacronia). Pode-se afirmar que a antropologia conquistou seu lugar entre as ciências, primeiramente, foi considerada como a história natural e física do homem e do seu processo evolutivo, no espaço e no tempo, e por um lado essa concepção vinha satisfazer o significado literal da palavra, por outro restringia o seu campo de estudo às características do homem físico. 4 2. CONCEITO DA ANTROPOLOGIA Segundo MELLO, (1991:), “a antropologia é a ciência que estuda o homem e a humanidade como um todo, ou seja, estuda todas as dimensões apresentadas pela presença do homem na Terra”. Considerando que a Antropologia Cultural quando o estudo, é voltado para as maneiras e culturas de sobrevivência do homem, e a Antropologia Biológica voltada para a evolução da espécie durante a história. A antropologia é um termo de origem grega, formado por “anthropos” (homem, ou humano) e, “logos” (razão, pensamento, discurso e estudo). A história da antropologia está indissociavelmente ligada à busca pelo conhecimento de nossa origem, isto é, das formas mais simples de organização social e de mentalidade até as formas mais complexas das nossas sociedades. No século XIX, a etnologia se aderiu à teoria do monogenismo enquanto a antropologia física defendia o poligenismo. Foi nesse período que surgiram duas linhas de pensamento teórico entre os etnólogos acerca da origem do ser humano: o evolucionismo e o difusionismo. 3. AS CORRENTES TEÓRICAS DA ANTROPOLOGIA 3.1. Evolucionismo Por volta de 1830 alguns postulados e comentários sobre o evolucionismo antropológico: surgiram na Europa. Eram algumas teorias, desvinculadas de condicionamentos míticos ou religiosos, que tentavam explicar semelhanças e diferenças entre fenômenos socioculturais. O fio condutor foi o conceito de evolução cuja ideia central era de que seria possível ordenar em série as formas de vida natural de tal modo que se infere intuitivamente ou passar de uma forma de vida a outra. Podemos dizer que foi a partir deste ponto que a antropologia científica deu seus passos iniciais, começando com o evolucionismo, portanto, a primeira das escolas antropológicas. (CASTRO, 2004, p. 15). 5 Evolucionismo é uma teoria que defende o processo de evolução das espécies de seres vivos, através de modificações lentas e progressivas consoantes ao ambiente em que habitam. Um dos maiores nomes do Evolucionismo foi o naturalista britânico Charles Darwin (1809 - 1882), que desenvolveu no século XIX um conjunto de estudos que deram origem ao Darwinismo, teoria tida como sinonimo do evolucionismo, consagrando-se como pai da teoria da Evolução. Outros representantes são: Edward B. Tylor (1832-1917), Lewis H. Morgan (1818-1881) e James Frazer (1854-1941). Alguns traços importantes desta corrente foram: i. Naturalismo anticriacionista; ii. Progresso indefinido; iii. Seleção natural; iv. A linha de evolução parte do simples e chega ao complexo; do homogêneo ao heterogêneo. v. Utiliza o método comparativo Assim, para Morgan, a cultura humana é o produto de uma evolução natural, sujeita à leis que regem as faculdades mentais do animal humano em seu estado social. De esta forma, a evolução da cultura poderia ser objeto de estudo científico e tal foi seu objetivo. A metodologia de trabalho na classificação e comparação de achados antropológicos. Com efeito, foi um pioneiro na realização de trabalhos quantitativos de campo na etnologia. Morgan centrou seu interesse na evolução social da família, desde os casais circunstanciais até a monogamia, considerada própria da civilização. Morgan estabelecia três etapas sucessivas e graduais: Selvagismo: que por sua vez se dividia em inferior-médio (identificado pela pesca e o domínio do fogo) e superior (com domínio de armas como o arco e a flecha). Barbárie: no nível inferior somente com o domínio da cerâmica e a domesticação; no nível médio com a conquista da agricultura e o ferro no nível superior. Civilização: etapa correspondente aos povos que desenvolveram o alfabeto fonético e que possuíam registros literários. 6 Assim, Taylor defendia que existiam diferentes tipos de famílias que evoluíam até chegar à família patriarcal em suas formas poligâmica e monogâmica. 3.1.1. Evolucionismo Cultural Clássico Para BORON (2007), evolucionismo foi influenciado pela teoria da selecção natural de Charles Darwin que se consistia na tentativa de explicar a diversidade de espécies de seres vivos através da evolução. No entanto, a teoria de evolução empregada pelos etnólogos deve mais a outro autor,o sociólogo e filósofo Herbert Spencer, cujo conceito de evolução difere em importantes aspectos daquela desenvolvida por Darwin. Mesmo assim, posteriormente, a abordagem Spenceriana ficou conhecido como darwinismo social (MELLO, 1991, p. 231). Inspirados na ideia da gradual evolução das espécies, pensadores e estudiosos do ser humano elaboraram um paradigma que hoje chamamos de evolucionismo cultural ou antropologia evolucionista, segundo o qual os diferentes grupos humanos se desenvolvem a partir de estágios mais primitivos até alcançar etapas mais avançadas de um processo evolutivo universal. O principal eixo da epistemologia desse paradigma era o método comparativo, ou seja, o cotejo das diversas manifestações culturais de diferentes povos com o objectivo de encontrar semelhanças de desenvolvimento cultural (CASTRO, 2004, p. 45). 3.2. O DIFUSIONISMO O difusionismo tornou-se popular, nos finais do século XIX, quando o evolucionismo era ainda uma teoria influente, e constituiu um domínio das teorias evolucionistas. Existiram duas escolas principais: uma na Alemanha-Áustria e outra na Grã-Bretanha. Quanto ao difusionismo britânico, as suas principais figuras foram Grafton Elliot Smith (1871- 1937), William J. Perry (1887-1949) e W. H. R. Rivers (1864-1922). A sua ideia central era a de que as civilizações mais “avançadas”, das quais a Europa representava o expoente máximo, tinham a sua origem no velho Egipto, considerado uma civilização avançada devido ao facto de nela se ter desenvolvido a prática da agricultura muito cedo e de esta ter levado ao desenvolvimento de 7 formas de religião, arquitectura e arte muito “avançadas”. Para os difusionistas britânicos, a evolução independente e paralela parecia de menor importância, senão mesmo uma concepção errada. Para eles, a difusão a partir do Egipto explicava o desenvolvimento de todas as outras civilizações. A espécie humana não era particularmente inventiva, pelo que não fazia sentido que soluções extremamente engenhosas e requerendo grandes capacidades tivessem sido inventadas várias vezes em sítios diferentes. A humanidade era sobretudo imitadora e não inventora. A escola germano-austríaca assentou sobretudo nos trabalhos de Fredrick Ratzel (1844-1904), Fritz Graebner (1877-1934) e do padre Wilhelm Schmidt (1868-1954), e teve o seu apogeu nas duas primeiras décadas do século XX. Basicamente, as teorias eram as mesmas da escola britânica, com uma diferença importante, o facto de os alemães acreditarem que a difusão se havia feito a partir de vários “centros civilizacionais”, enquanto os britânicos achavam que apenas o Egipto tinha funcionado como tal. O difusionismo é conceitualmente uma reação às ideias evolucionistas de unilateralidade, isto é, ao evolucionismo universal de acordo as leis determinadas. Assim, os estudos desta escola se concentraram nas semelhanças de objetos pertencentes a diferentes culturas, bem como especulações sobre a difusão destes objetos entre culturas. Assim, um objeto foi inventado uma só vez em uma sociedade em particular e a partir dali se expandia através de diferentes povos. Ao contrário do evolucionismo que postula um desenvolvimento paralelo entre civilizações, o difusionismo enfatiza o contato cultural e o intercâmbio, de tal maneira que o progresso cultural mesmo é compreendido como uma conseqüência do intercâmbio. Desta forma, ao se produzir um contato entre duas culturas, se estabelece um intercâmbio de traços associados que foram tomados na qualidade de “empréstimo”, mas que passam a formar parte da cultura. Conceito de empréstimo cultural: É a transposição de elementos culturais através de um processo seletivo em que os traços que mais se adaptam à cultura são assimilados de tal modo que se transformam, incluindo em sua função. 8 São considerados aportes do difusionismo a importância outorgada à inter-relação entre os fenômenos culturais, a notável acumulação de informação etnográfica e a insistência nos trabalhos de campo (pesquisas de campo). 3.2.1. Escola sociológica francesa Principais representantes da escola francesa: Émile Durkheim (1858-1917), Marcel Mauss (1852- 1950), Levy-Brhul (1857-1939), Ch. A. van Gennep (1873-1957). Durkheim, fundador da escola sociológica francesa, assinalou de forma precisa a interdependência de todos os fenômenos sociais, qualquer fato seria estudado tendo em conta os demais através de uma visão totalizante. Com efeito, esta linha é um claro precedente do funcionalismo. Marcel Mauss por sua vez, defendeu que nenhuma disciplina humana poderia construir conceitos ou classificações para interpretar-los isoladamente, a consequência direta desta ideia seria a rejeição ao método comparativo. 3.3. O ESTRUTURALISMO Estruturalismo como corrente do pensamento antropológico pertence a década dos anos sessenta do seculo XX. O estudioso de mais representativo é Claude Lévi-Strauss. O estruturalismo e uma espécie de refinamento do funcionalismo que possui modelos de abordagem que permitem explicar o aspecto sincrónico da cultura; Segundo MARTINEZ (2009:112) “O estruturalismo procura explorar as inter-relações através dos quais o significado é produzido dentro de uma cultura, baseada na linguagem dos signos, da análise de seus componentes e das funções cumpridas dentro de um todo”. O estruturalismo busca superar algumas deficiências observadas em outras teorias e tem a pretensão de alcançar uma explicação da lógica das organizações sociais em sua dimensão sincrónica, sem deixar de lado a dimensão diacrónica. A metodologia do estruturalismo se deve particularmente à linguística, e desenvolve a noção de estrutura.Enquanto o estrutural- funcionalismo de Radcliffe-Brown se preocupava acima de tudo com o funcionamento do sistema social, o estruturalismo de Lévi-Strauss procurava descobrir a origem desse mesmo sistema, assim 9 como provar a universalidade dessa origem, a qual segundo ele se ancorava na estrutura profunda da mente humana, que ele via como única e universal, ao contrário de Lucien Lévi-Bruhl (1857- 1939), que defendia a existência de uma “mentalidade primitiva” diferente da mentalidade do “europeu civilizado”.(Lévi-Bruhl 1922) 3.3.1. Concepção De Estruturalismo Em Lévi-Strauss Quando se fala em estrutura, pensa-se em algo solido e fundamental. Algo dotado de substancia. Benveniste, ao escrever sobre o termo estrutura" na linguística, atribui sua origem aos cursos de Ferdinand de Saussure. Suas considerações nos permitem entender que a centralização da visão no aspecto sistémico garante muita coisa comum entre o funcionalismo e o estruturalismo de Lévi- Strauss. A principal diferença entre o conceito de estrutura usado por Radclif e Brown e o que aparece em Lévi-Strauss está no fato de que para este, a estrutura seria apenas uma matriz ou modelo de análise construído a partir da observação da realidade social. Lévi-Strauss percebeu dois tipos de dinâmica na realidade social: uma previsível porque prevista no próprio sistema ou estrutura, outra imprevisão, isto é, imponderável, por se dever a casos e circunstancias exógenas a estrutura. Os estudos estruturalistas de Lévi-Strauss uma constante lutam contra o etnocentrismo, na medida em que retira qualquer ponto de vista do centro do empreendimento antropológico e a força a se debruçar no conjunto de sistemas simbólicos das sociedades “primitivas”. Com isso, podemos nos aproximar a dois elementos que nos proporcionarão reflectir sobre a singularidade do pensamento estruturalista: o signo diacrítico e a dissolução do sujeito. Nas suas explanações Claude Lévi-Strauss apresenta a existência de uma “sociológica” que torna possível a experiência individual de um membro de uma cultura, as “sociedades primitivas” ou os costumes dos “povos selvagens”, como se denominou por muito tempo, só poderiam ser compreendidos segundoseu próprio conjunto de sistemas simbólicos. Nessa ordem de ideia, BONOMI, (2009:79) “sistemas explicativos não pertencentes ao horizonte simbólico das sociedades, é preciso compreender que a natureza desse conhecimento deveria se referir ao logos, referente ao objecto, e pelo qual este se permitiria”. 10 Portanto, como as regras que regem uma língua e tornam possível a compreensão da fala, o sujeito do conhecimento apenas pode explicitar estruturas que tornam os fenómenos inteligíveis. É exactamente a partir dessa contribuição de Saussure, a separação entre parole e langue, que nos permitirá dizer que logos é também entendido no sentido de linguagem. A existência fenoménica dos objectos deve sua inteligibilidade à pré-existência de uma estrutura que não está sob domínio da fala (parole), mas sob domínio da língua (langue). Estrutura é imanente à existência fenoménica, mas na medida em que se apresenta na práxis do sujeito (como em sua fala se manifesta a estrutura de sua língua), a estrutura é inconsciente. O antropólogo aparece, sendo assim, com um tipo de actividade semelhante a de um psicanalista que explicita as estruturas. Porém com a diferença de que o antropólogo o faz ao nível do grupo, ou ainda ao nível do indivíduo somente na medida em que este manifesta fenomenalmente a estrutura. 3.4. ANTROPOLOGIA CULTURALISTA NORTE-AMERICANA A Escola Antropológica Norte-Americana pesquisa, de modo especial, a identificação dos patterns of culture (padrões culturais). Ela procura as normatizações do desenvolvimento das culturas. Franz Boas (1858-1942) foi o principal expoente dessa escola. A exemplo de Malinowski, Boas desenvolveu um intenso trabalho de campo. O antropólogo se detinha no detalhe dos detalhes, para fazer uma transcrição meticulosa da realidade. Essa escola defende que as culturas, de maneira geral, são diversas, mas têm características comuns, padrões culturais. Esses padrões são resultados do agrupamento de complexos culturais. O padrão é uma norma regularizadora que estabelece os valores de aceitação e rejeição, dentro de uma determinada cultura. Diz Ruth Benedict (1989, p. 60), uma das principais expoentes dessa escola, que: “Esta elaboração da cultura num padrão coerente não se pode ignorar como se fosse um pormenor sem importância. O conjunto, como a ciência está a afirmar insistentemente em muitos campos, não é apenas a soma de todas as suas partes, mas o resultado de um único arranjo e única inter-relação das partes, de que resultou uma nova identidade [...]. 11 O Culturalismo Norte-Americano exerceu influência no campo das Ciências Sociais do Brasil. Gil- berto Freire (1990-1987), autor de Casa Grande e Senzala, foi discípulo de Franz Boas e parte considerável de sua abordagem da cultura brasileira teve como inspiração as teorias desenvolvidas pelo pesquisador alemão, radicado nos Estados Unidos. 3.5. FUNCIONALISMO Principais representantes: Bronislaw Malinowski (1884-1943), Radcliffe-Brown (1881-1955). O funcionalismo é uma corrente antropológica que teve o seu apogeu a partir de 1930, mas veio crescendo desde 1914 quando Malinowski iniciou seus estudos. Um ponto marcante do funcionalismo foi haver imprimido ao estudo da antropologia uma nova orientação. Até então, tanto o evolucionismo como os difusionismos preocuparam-se com as origens, com os problemas das transformações socioculturais. Segundo Malinowski citado por UNLIMANN (1980:104), “defendia que as instituições desempenham funções específicas e, assim, contribuem para sustentar a ordem social”. UNLIMANN (1980:107) “O funcionalismo enfatizava a interconexão orgânica de todas as partes de uma cultura pondo em primeiro plano a ideia de totalidade. Desta maneira, postulava uma universidade funcional que se opõe ao difusionismo”. Malinowski e, depois Radclife Brow, preocuparam-se em estudar e explicar o funcionalismo da cultura num momento dado. Ao funcionalismo não interessa mais explicar o presente pelo passado, mas o passado pelo presente. Minha indiferença pelo passado e sua reconstituição não é, portanto, uma questão de pretérito por assim dizer, o passado sempre será atraente para o antiquário e todo antropólogo é um antiquário (...) eu pelo menos, certamente sou. A minha indiferença por certos tipos de evolucionismo e uma questão de métodos. MALINOWSKI (1985: 241). O ponto marcante desta escola é a visão sistemática utilizada na análise da cultura, procurou explicar a maneira de ser de cada cultura, buscando as razões não mais nas origens. Os funcionalistas acreditavam ser possível conhecer uma cultura sem estudar-lhe a história. 12 Malinowski foi quem mais desenvolveu esse tipo de actuação dentro da antropologia, segundo ele era preciso fazer um estágio dos antropólogos junto aos povos primitivos. 3.5.1. O Funcionalismo de Malinowski Definir a cultura como produto da natureza humana, isto é, reconhecia-se como filha da unidade psíquica do homem. O próprio conceito de cultura vai apoiar-se no conceito de natureza humana. Por natureza humana, portanto exprimimos o determinismo biológico que impõe a toda civilização e a todos os indivíduos a realização de funções corporais tais como respirar, dormir, repousar, reproduzir (MALINOWSKI: 246) O determinismo de que ele fala e o que se prende ao fato irretorquível de que as culturas poderão assumir formas mais variadas, mas deverão, necessariamente se aptas a satisfazer as necessidades básicas do homem. Cultura, segundo MALINOWSKI é o todo integral constituído por implementos de bem de consumo, por cartas constitucionais para os vários agrupamentos sociais, por ideias e ofícios humanos, por crenças e costumes. Malinowski considerou axiomas gerais do funcionalismo: a) A cultura é essencialmente uma aparelhagem instrumental pela qual o homem é colocado numa posição melhor para lidar com os problemas especados, concretos que lhe deparam em seu ambiente, no curso da satisfação de suas necessidades. b) E um sistema de objectos, actividades e atitudes, no qual parte existe como meio para um fim. c) É uma integral na qual vários elementos são interdependentes. d) Essas actividades e objectos organizados em torno de tarefas importantes e vitais, em instituições tais como a família, o clã, a comunidade local, a tribo e as equipes organizadas de cooperação económica política, legal e actividade educacional. e) Do ponto de vista dinâmico a cultura pode ser analisada numa serie de aspectos tais como: educação, controle social, economia, sistemas de conhecimento, crença e moralidade e também modos de expressão criadora e artística. Malinowski elegeu a instituição constituída como unidade básica da sua análise funcionalista. Ele precisava de um modelo concreto de análise que permitisse servir como guia no trabalho a unidade 13 funcional que designa por instituição defere do complexo de cultura ou traços, quando definido como composto de elementos que não se situam em qualquer relação necessária. Com o efeito a unidade funcional é concrecta, ou seja, pode ser observada como um agrupamento definido. Malinowski considera a instituição constituída pelos seguintes elementos: Estatuto pessoal; Aparelhagem material, actividade e funções. Portanto, o conceito da função é a satisfação da necessidade quer básicos quer derivadas. Malinowski fez uma lista de tipos institucionais que podemos considerar arbitrária, embora não se possa negar a sua utilidade prática. 3.5.2. Método Funcionalista Refere-se ao estudo das culturas sob o ponto de vista da função, ou seja, ressalta a funcionalidade de cada unidade da cultura no contexto cultural global. Uma característica da abordagem funcional é descobrir as convenções existentes em uma cultura e saber como funcional. Averiguar as funções de usos e costumes de determinada cultura que levam a uma identidade cultural,observação, entrevista, etc. As formas de pensar e agir de grupos diferentes devem merecer o maior respeito possível e, por isso, seria injusto a introdução deliberada de mudanças no interior dessas culturas. Por exemplo: O ensino do cristianismo entre grupos tribais Moçambicanos os durante praticamente quinhentos anos foi uma violência e um desrespeito a cultura indígena. Para os antropólogos, a cultura tem significado amplo: engloba os modos comuns e aprendidos da vida transmitidos pelos indivíduos e grupos em sociedade. 14 4. CONCLUSÃO Após uma exaustiva pesquisa concluímos que antropologia é a ciência humana e social que busca conhecer a diferença e alteridade, então estudá-la pode nos faz compreender que, longe de haver somente uma formação cultural que dê sentido às acções dos homens, toda e qualquer cultura é coerente em si mesma quando vista de forma total e a partir de seus próprios pressupostos. Mais ainda, aprendemos que nossa cultura e sociedade não são as únicas, nem as mais verdadeiras, originais e autênticas; não obstante, as escolas antropológicas nos ensinaram que todo e qualquer esquema cultural e ou classificatório é mais um dentro dos inúmeros outros, que também coabitam o mundo juntamente connosco. Aprendemos uma importante lição: nossa sociedade não é superior a qualquer outra, seja ela uma tribo do Sudão, na África, ou uma tribo indígena no Mato Grosso do Sul, no Brasil. Vistos a partir dos quadros centrais de qualquer cultura, os homens se julgam sempre mais humanos do que os outros; mais fortes, inteligentes e sinceros do que os outros, quaisquer que sejam Enfim, as correntes antropológicas nos ensinam a nos descentrarmos de nós mesmos assim como de nossa própria sociedade e cultura. Isso é um exercício fantástico e que nos abre as portas para novos universos, novas possibilidades e alternativas de aprendermos com os outros e de nos vermos através dos outros, conhecendo-nos mais profundamente. 15 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, Celso. Apresentação. In: BOAS, Franz. Antropologia cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004, p.7-23 LÉVI-STRAUSS, C.In: O cru e o cozido. Editora Cosac & Naify, São Paulo 2004. MARTINZ. F.L. antropologia Cultural. Editora Brasíliao.São Paulo. 2008. UNLIMANN, R. Antropologia Cultural- Escola Superior de Teologia S. Lourenço Brindisi, Porto Alegre, 1980. LEACH, Edmund. As ideias de Lévi-Strauss. São Paulo, 1977. CUCHE, Denis: A noção de cultura nas ciências Sociais. Bauru: EDUSC, 1999. LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003 MARCONI, M. de A. PRESOTTO, Z.M.N. Antropologia: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1985 BOAS, Franz. Antropologia cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. MELLO, L. G. Antropologia Cultural – Iniciação, teoria e temas. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1991.
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