Buscar

PCO - Andrei Sauthier Barbieri (2)

Prévia do material em texto

1 
 
USO DE SILÍCIO NO CONTROLE DE DOENÇAS EM TRIGO 1 
Andrei Sauthier Barbieri1 Clovis Dalri Marcolin2 2 
 3 
RESUMO 4 
O trigo é a base de alimentação de muitos países, e no Brasil o Rio Grande do Sul (RS) é um 5 
dos principais produtores do grão. O rendimento do trigo é afetado pela incidência de doenças, 6 
principalmente em condições climáticas favoráveis aos patógenos, e a nutrição mineral, como 7 
indução de resistência, pode ser uma alternativa ao manejo integrado de doenças. Desta forma, o 8 
trabalho teve como objetivo avaliar o controle de doenças na cultura do trigo pela aplicação de 9 
produtos silicatados e em mistura com fungicidas. O experimento foi conduzido no IFRS – Campus 10 
Sertão, município de Sertão-RS utilizando a cultivar OR/TBIO Marfim. Os tratamentos foram 11 
dispostos em delineamento experimental de blocos ao acaso, com 12 tratamentos e 4 repetições. Os 12 
tratamentos foram: T1: testemunha; T2: 3 aplicações de Si 8% pó molhável (PM); T3: 3 aplicações 13 
de Si 8% solução (S); T4: 1 aplicação de fungicida; T5: 2 aplicações de fungicida; T6: 3 aplicações 14 
de fungicida; T7: 1 aplicação de fungicida + Si 8% PM; T8: 2 aplicações de fungicida + Si 8% PM; 15 
T9: 3 aplicações de fungicida + Si 8% PM; T10: 1 aplicação de fungicida + Si 8% S; T11: 2 aplicações 16 
de fungicida + Si 8% S; T12: 3 aplicações de fungicida + Si 8% S. O tratamento 3X fungicida + Si 17 
8% S foi o melhor para controle de mancha amarela. Mesmo não tendo diferença significativa entre 18 
os tratamentos com e sem Si no controle de giberela, brusone e no rendimento, o tratamento 3X 19 
fungicida + Si 8% S obteve um custo/benefício satisfatório. O Si pode ser usado como uma ferramenta 20 
indutora de resistência no manejo integrado de doenças. 21 
Palavras-chave: Dióxido de silício; Triticum aestivum L.; brusone; giberela; mancha amarela. 22 
 23 
1 Acadêmico do curso de agronomia do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus 
Sertão, RS Brasil. E-mail: andreibarbieri09@gmail.com. 
2 Eng. Agr. Dr. Professor, orientador do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus 
Sertão, RS Brasil. E-mail: clovis.marcolin@sertao.ifrs.edu.br. 
2 
 
INTRODUÇÃO 1 
O trigo (Triticum aestivum L.), constitui a base da alimentação de muitos países. O Brasil é 2 
considerado um dos maiores importadores de trigo, com consumo nacional de 11,4 milhões de 3 
toneladas. Os estados da Região Sul foram responsáveis pela produção de 4,8 milhões de toneladas 4 
na safra agrícola de 2018, em uma área de 1,83 milhões de hectares, obtendo rendimento médio de 5 
grãos de 2.641 kg ha-1, correspondendo a 89% da produção nacional. O estado do Rio Grande do Sul 6 
produziu 1,8 milhões de toneladas, com rendimento médio de 2.746 kg ha-1 neste mesmo ano agrícola 7 
(CONAB, 2019). 8 
Os fatores climáticos possuem grande influência na cultura do trigo, podendo causar perdas 9 
de rendimento de duas formas: diretamente pela ocorrência de geadas ou excesso de chuvas e 10 
indiretamente ao proporcionar condições adequadas para a proliferação de doenças, que são os 11 
principais fatores limitantes da produção (BARROS et al., 2006). 12 
Uma dessas doenças, a mancha amarela (Pyrenophora tritici-repentis) é considerada uma 13 
doença comum no cultivo de trigo em sistema plantio direto, pois seu ciclo continua nos restos 14 
culturais, sendo sua forma de sobrevivência durante a entressafra. As condições ideais para ocorrência 15 
são temperatura entre 18 e 28 ºC, combinado com período de molhamento variando de 12 a 30 horas 16 
contínuas, dependendo da susceptibilidade da cultivar (SANTANA et al., 2012). 17 
Além das doenças de folhas como a mancha amarela, a Giberela (Gibberella zeae), que ataca 18 
a espiga, também é característica nas lavouras de trigo. Seus sintomas são o esbranquiçamento das 19 
espiguetas infectadas e coloração salmão em algumas glumas externas, deixando as aristas com um 20 
aspecto arrepiado, e grãos chochos, com menor peso e tamanho. As condições de desenvolvimento 21 
são temperatura entre 20 e 25 ºC e molhamento entre 48 e 72 horas (SANTANA et al., 2012). 22 
A Brusone (Pyricularia grisea) é uma doença da espiga e ocorre com maior severidade em 23 
anos chuvosos e temperaturas em torno de 25ºC. Seus sintomas são a descoloração das espiguetas 24 
acima do local de infecção na ráquis, onde se observa um ponto de escurecimento. Pode não ocorrer 25 
3 
 
a formação de grãos ou formar grãos chochos, dependendo o momento da infecção (SANTANA et 1 
al., 2012). 2 
Além do clima, outros fatores como cultivares suscetíveis, agressividade do patógeno e 3 
época do início da infecção podem ser agravantes no processo produtivo, caso não seja realizado o 4 
posicionamento correto da cultivar quanto a época de semeadura, monitoramento das doenças e época 5 
de aplicação de fungicidas (BARROS et al., 2006). 6 
As perdas por doenças no trigo podem ser muito expressivas. Quando as condições de 7 
ambiente são favoráveis aos patógenos os danos podem representar perdas de rendimento de até 48% 8 
para mancha amarela (REES e PLATZ, 1983), 25,9% para giberela (PANISSON et al., 2003) e 32% 9 
para brusone (GOULART, 2007). 10 
A nutrição mineral de plantas é uma ferramenta que pode ser utilizada como indutor de 11 
resistência à doenças por causar modificações na forma de crescimento, morfologia, anatomia e 12 
composição química, além de influenciar o crescimento e a produção das plantas (COLHOUM, 13 
1973). Os nutrientes minerais também aumentam a resistência de plantas aos patógenos, pelo 14 
engrossamento da espessura da epiderme, tornando-a mais rígida, com aumento do teor de lignina 15 
e/ou sílicas (BROADLEY et al., 2012). 16 
Um elemento que tem efeito indutor de resistência é o Silício (Si), que é o segundo mais 17 
abundante na crosta terrestre. O aumento de concentração de Si na planta estimula o crescimento e a 18 
produção, melhora o arranjo foliar, alivia estresses abióticos e principalmente aumenta a resistência 19 
das plantas a doenças causadas por fungos e bactérias (BROADLEY et al., 2012). 20 
São propostos dois mecanismos de resistência do Si a doenças, o primeiro age como barreira 21 
física quando depositado sob a cutícula, formando dupla camada Si-cutícula, que impede a penetração 22 
de fungos na planta. O segundo, é quando o Si absorvido atua como modulador de resistência do 23 
4 
 
hospedeiro ao patógeno, aumentando a quantidade de lignina, fenóis e fitoalexinas produzidos pela 1 
planta como resposta à infecção (BROADLEY et al., 2012). 2 
Diante disso, o trabalho teve como objetivo avaliar o controle de doenças na cultura do trigo 3 
pela aplicação de produtos silicatados e em mistura com fungicidas. 4 
 5 
MATERIAL E MÉTODOS 6 
O experimento foi conduzido na área experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência 7 
e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Sertão, que tem altitude de 703 m, latitude 8 
28°02’41’’ Sul e longitude 52°16’06’’ Oeste. O solo da região é classificado como Nitossolo 9 
Vermelho Distroférrico típico (STRECK et al., 2018), o índice pluvial médio é de 1787 mm anuais e 10 
o clima da região é do tipo subtropical úmido (CUNHA, 2017). 11 
Foi utilizada a cultivar OR/TBIO Marfim, que possui ciclo precoce e é susceptível à giberela, 12 
brusone, manchas foliares e oídio. Foi semeado no dia 13 de julho com auxílio de uma semeadora 13 
SHM 15/17, com densidade de 330 sementes aptas por metro quadrado, obedecendo o zoneamento 14 
agrícola da região e as recomendações da empresa produtora da semente. Foi realizada uma adubação 15 
de 20 kg N, 70 kg de P2O5 e 45 kg de K2O ha
-1 à lanço antes da semeadura e adubação nitrogenada 16 
de 90 kg de N ha-1, também à lanço, quando as plantas se encontravam no início do perfilhamento, 17 
para uma expectativa de rendimento de 4.000 kg ha-1.18 
Os tratamentos foram dispostos em delineamento experimental de blocos ao acaso, com 12 19 
tratamentos e 4 repetições, conforme tabela 1. Cada parcela tinha medidas de 2 metros de largura e 5 20 
metros de comprimentos, totalizando 10 metros quadrados. 21 
Para definir o momento da primeira aplicação foi utilizado o critério indicador de primeira 22 
aplicação, calculado a partir do limiar de dano econômico (LDE) (FRANCO & EVANGELISTA, 23 
2018). A primeira aplicação foi realizada quando a cultura estava no estádio de emborrachamento, 24 
5 
 
aproximadamente 70 dias após a emergência. A outras duas aplicações ocorreram em um intervalo 1 
de 15 dias, sendo a segunda no estádio de floração e a terceira no estádio de grão massa mole 2 
(ZADOKS et al., 1974). Foram utilizados dois produtos à base de silício, diferenciados pela 3 
formulação, sendo um Pó Molhável (PM) e outro Solução (S). 4 
 5 
Tabela 1. Tratamentos, fertilizantes silicatados, fungicidas e número de aplicações, Sertão-RS, 2018 6 
 Tratamento 1° Aplicação 2° Aplicação 3° Aplicação 
1 Testemunha X X X 
2 3X Si PM Si 8% Si 8% Si 8% 
3 3X Si S Si 8% Si 8% Si 8% 
4 1X fungicida X 
Piraclostrobina + 
Epoxiconazol 
X 
5 2X fungicida X 
Piraclostrobina + 
Epoxiconazol 
Trifloxistrobina + 
Protioconazol 
6 3X fungicida 
Azoxistrobina + 
Ciproconazol 
Piraclostrobina + 
Epoxiconazol 
Trifloxistrobina + 
Protioconazol 
7 
1X fungicida + Si 
PM 
X 
Piraclostrobina + 
Epoxiconazol + Si 8% 
X 
8 
2X fungicida + Si 
PM 
X 
Piraclostrobina + 
Epoxiconazol + Si 8% 
Trifloxistrobina + 
Protioconazol + Si 8% 
9 
3X fungicida + Si 
PM 
Azoxistrobina + 
Ciproconazol + Si 8% 
Piraclostrobina + 
Epoxiconazol + Si 8% 
Trifloxistrobina + 
Protioconazol + Si 8% 
10 1X fungicida + Si S X 
Piraclostrobina + 
Epoxiconazol + Si 8% 
X 
11 2X fungicida + Si S X 
Piraclostrobina + 
Epoxiconazol + Si 8% 
Trifloxistrobina + 
Protioconazol + Si 8% 
12 3X fungicida + Si S 
Azoxistrobina + 
Ciproconazol + Si 8% 
Piraclostrobina + 
Epoxiconazol + Si 8% 
Trifloxistrobina + 
Protioconazol + Si 8% 
Obs.: X= sem aplicação. PM= formulação pó molhável; S= formulação Solução. 7 
 8 
 As aplicações foram realizadas com pulverizador costal pressurizado a CO2, com volume de 9 
calda de 180 L ha-1. A barra de aplicação possuía quatro bicos do tipo leque, espaçadas a 0,5 m, do 10 
modelo Micron 11002 Air. Em todas as aplicações foram feitas misturas de calda com os produtos 11 
silicatados e fungicidas, seguindo essa mesma ordem de mistura. 12 
A primeira avaliação procedeu na semana posterior à primeira aplicação, e posteriormente 13 
repetiu-se a cada 7 dias. As avaliações de severidade das doenças foram feitas de forma visual nas 14 
6 
 
plantas, em uma área de 0,25 m² por parcela, através de uma escala de notas de 0-100%, sendo que 1 
0% representa ausência de dano e 100% representa a planta toda infestada. Para as doenças que 2 
acometem a espiga, contou-se o número de espiguetas infestadas e estipulado o percentual de dano. 3 
Utilizando os valores de severidade das doenças também foram calculadas: a Área Abaixo da 4 
Curva de Progresso da Doença (AACPD), através da fórmula AACPD= Σ [((y1 + y2) /2) *(t2 -t1)], 5 
onde y1 e y2 são duas avaliações consecutivas realizadas nos tempos t1 e t2, respectivamente; e a 6 
eficiência dos tratamentos (SHANER & FINNEY, 1977). Não foi realizado este cálculo para brusone, 7 
por ter apenas dados de uma avaliação para esta doença. 8 
Para facilitar as avaliações do percentual de dano da doença, que acomete principalmente a 9 
folha, foi utilizado uma escala de notas em percentual (ALVES et al., 2015), com divisão de notas na 10 
escala de dez pontos percentuais. Algumas quantificações de dano podem ser observadas na figura 1. 11 
 12 
 13 
Figura 1- Quantificação percentual de dano de Pyrenophora tritici-repentis nas folhas de trigo. 14 
 15 
Para cada parcela foram colhidas 4 fileiras em uma distância de 3 m, totalizando uma área 16 
total de 2,04 m². A colheita e a trilha foram realizadas de forma manual no momento que a cultura 17 
atingiu o ponto de maturação fisiológica. Os dados coletados foram submetidos à análise estatística, 18 
7 
 
com o auxílio do programa Assistat, utilizando teste de análise de variância e quando significativo as 1 
médias foram comparadas por teste Tukey a 5% de probabilidade de erro. 2 
 3 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 4 
Mancha amarela 5 
A tabela 2 apresenta os dados referentes aos danos de mancha amarela durante o ciclo do trigo. 6 
Pode-se analisar que na última avaliação o tratamento 3X Fungicida + Si S apresentou um controle 7 
superior aos demais tratamentos. Nos tratamentos que receberam duas ou três aplicações 8 
acompanhadas de Silício, o percentual de dano causado pela doença na folha foi menor do que nos 9 
tratamentos sem Silício. 10 
 11 
Tabela 2- Severidade de mancha amarela na cultura do trigo em diferentes épocas de avaliação 12 
conforme os tratamentos, Sertão-RS, 2018 13 
Tratamento Aval. I Aval. II Aval. III Aval. IV Aval. V 
1 Testemunha 9,00 ab 9,00 NS 15,75 abcd 21,75 abcd 58,25 abcd 
2 3X Si PM 8,00 ab 8,00 12,00 abcd 17,25 abcd 39,50 abcd 
3 3X Si S 7,75 ab 8,50 14,25 abcd 18,00 abcd 47,25 abcd 
4 1X fungicida 9,00 ab 9,00 12,00 abcd 12,00 abcd 46,25 abcd 
5 2X fungicida 7,75 ab 9,00 12,50 abcd 14,25 abcd 40,00 abcd 
6 3X fungicida 6,25 ab 8,00 08,00 abcd 11,00 abcd 29,50 abcd 
7 1X fungicida + Si PM 9,00 ab 9,00 10,50 abcd 13,25 abcd 43,75 abcd 
8 2X fungicida + Si PM 8,50 ab 9,00 09,50 abcd 11,75 abcd 28,25 abcd 
9 3X fungicida + Si PM 7,25 ab 8,50 09,50 abcd 11,00 abcd 21,75 abcd 
10 1X fungicida + Si S 8,50 ab 8,50 09,25 abcd 11,25 abcd 41,50 abcd 
11 2X fungicida + Si S 8,50 ab 8,50 11,75 abcd 12,75 abcd 29,50 abcd 
12 3X fungicida + Si S 8,00 ab 8,00 9,00 abcd 10,00 abcd 20,25 abcd 
CV (%): 13,59 8,86 20,06 15,23 8,55 
Obs.: Aval. = Avaliação; CV = coeficiente de variação. Avaliação I em 04/10/18 (espigamento); Avaliação II em 11/10/18 14 
(florescimento); Avaliação III em 18/10/18 (grão leitoso); Avaliação IV em 25/10/18 (grão massa mole); Avaliação V 15 
em 01/11/18 (grão massa dura). As médias seguidas por mesma letra não diferem entre si, na mesma coluna, pelo teste 16 
de Tukey a 5%. NS= não significativo. PM= formulação pó molhável; S= formulação Solução. 17 
 18 
8 
 
Outro ponto importante é que nos tratamentos que foram realizadas 3 aplicações apenas com 1 
Si (tratamento 2 e 3) não tiveram diferença significativa na severidade da doença quando comparados 2 
ao tratamento com duas aplicações de fungicida. 3 
Resultados semelhantes para o controle de mancha amarela também foram apresentados por 4 
Rodighero et al. (2016), que identificou um controle maior da doença quando aplicou dióxido de 5 
silício em mistura com fungicidas, em relação à aplicações isoladas dos mesmos fungicidas. Em outro 6 
trabalho a aplicação de Si diminui o número total de lesões de mancha amarela em 40% e 44% nas 7 
folhas de duas cultivares diferentes de trigo, e fortaleceu as respostas do trigo à infecção de mancha 8 
amarela, reduzindo sua severidade (DORNELES et al., 2018). 9 
O nível de dano econômico a partir do limiar de dano econômico (LDE) (FRANCO & 10 
EVANGELISTA, 2018), considerando eficiência do fungicida de 80%, é viável a aplicação quando 11 
a cultura apresenta dano foliar de mancha amarela de 4,2%. 12 
 13 
Giberela 14 
Todos os tratamentos com aplicação de silício em mistura com fungicidas não tiveram 15 
diferença significativa no controle de giberela aos tratamentos que utilizaram apenas fungicidas. 16 
Porém, um fato importante é que a aplicação somente de Si também não diferiu da aplicação em 17 
mistura. Ou seja, a adição de Si aos fungicidas não apresentou aumento no nível de controle, mas 18 
quando aplicado apenas Si, o controle foi igual ao dos tratamentos aonde apenas foi aplicado 19 
fungicidas (Tabela 3). 20 
Para giberela, experimentosmostraram que os danos causados pela presença da mesma em 21 
trigo foram de 17,5% quando a incidência chegou a 76% (PANISSON, et al., 2003). Estimando um 22 
rendimento de 3.000 kg ha-1, o nível de dano econômico seria atingido quando 17% das plantas 23 
estiverem infectadas, considerando custo de aplicação de 2 sacas ha-1. 24 
9 
 
Tabela 3- Severidade de Giberela na cultura do trigo em diferentes épocas de avaliação conforme os 1 
tratamentos, Sertão-RS, 2018 2 
Tratamentos Avaliação III Avaliação IV Avaliação V 
1 Testemunha 16,25 abcd 23,00 abc 28,25 abc 
2 3X Si PM 12,75 abcd 20,75 abc 23,00 abc 
3 3X Si S 14,00 abcd 21,00 abc 25,50 abc 
4 1X fungicida 14,50 abcd 17,50 abc 21,75 abc 
5 2X fungicida 11,75 abcd 17,00 abc 22,25 abc 
6 3X fungicida 08,50 abcd 14,00 abc 22,25 abc 
7 1X fungicida + Si PM 10,00 abcd 12,25 abc 22,25 abc 
8 2X fungicida + Si PM 09,25 abcd 13,50 abc 22,00 abc 
9 3X fungicida + Si PM 07,50 abcd 12,50 abc 21,00 abc 
10 1X fungicida + Si S 09,00 abcd 12,75 abc 22,50 abc 
11 2X fungicida + Si S 11,25 abcd 12,75 abc 25,00 abc 
12 3X fungicida + Si S 06,75 abcd 10,75 abc 21,00 abc 
CV (%): 23,9 15,88 7,42 
Obs.: CV = coeficiente de variação. Avaliação III em 18/10/18 (grão leitoso); Avaliação IV em 25/10/18 (grão massa 3 
mole); Avaliação V em 01/11/18 (grão massa dura). As médias seguidas por mesma letra não diferem entre si, na mesma 4 
coluna, pelo teste de Tukey a 5%. PM= formulação pó molhável; S= formulação Solução. 5 
 6 
Brusone 7 
Os tratamentos com o mesmo número de aplicações não foram significativos no controle de 8 
Brusone. A testemunha teve a maior severidade de doença, e os tratamento 9 e 12, com três aplicações 9 
de fungicidas e Si tiveram menor percentual de severidade de doenças (Tabela 4). 10 
Analisando todas as doenças, percebe-se uma redução dos sintomas quando utilizado 11 
aplicação de Si em mistura com fungicidas. A redução dos sintomas das doenças pode estar associada 12 
a ativação da capacidade que a planta possui para se defender dos patógenos, pela ativação dos 13 
mecanismos de defesa. Plantas com maior concentração de Si apresentam uma resposta mais rápida 14 
contra o patógeno, através da produção de compostos de defesa, atrasando o processo de infecção e 15 
reduzindo os componentes de resistência à doenças (DORNELES et al., 2018). 16 
10 
 
Tabela 4- Severidade decBrusone na cultura do trigo em diferentes épocas de avaliação conforme os 1 
tratamentos, Sertão-RS, 2018 2 
Tratamentos Avaliação V 
1 Testemunha 32,00 abc 
2 3X Si (pó molhável) 25,25 abc 
3 3X Si (solução) 24,00 abc 
4 1X fungicida 24,00 abc 
5 2X fungicida 22,50 abc 
6 3X fungicida 25,25 abc 
7 1X fungicida + Si (pó molhável) 23,75 abc 
8 2X fungicida + Si (pó molhável) 23,00 abc 
9 3X fungicida + Si (pó molhável) 21,75 abc 
10 1X fungicida + Si (solução) 30,00 abc 
11 2X fungicida + Si (solução) 24,25 abc 
12 3X fungicida + Si (solução) 23,00 abc 
CV (%): 11,83 
Obs.: CV = coeficiente de variação. Avaliação V em 01/11/18(grão massa dura). As médias seguidas por mesma letra 3 
não diferem entre si, na coluna, pelo teste de Tukey a 5%. 4 
 5 
Rendimento, Número de grãos por espiga e Peso de mil grãos 6 
Os tratamentos não diferiram entre si no quando comparadas as médias de número de grãos 7 
por espiga e peso de grãos. O tratamento 12, com rendimento de 2799 kg ha-1, apresentou diferença 8 
significativa para os tratamentos 1, 2 e 4. Mesmo que se observe um aumento no rendimento nos 9 
tratamentos que receberam Si em comparação aos que foi aplicado somente fungicidas, o mesmo não 10 
foi significativo (Tabela 5). 11 
O rendimento diminuiu no tratamento com mistura de Si PM quando comparado ao sem 12 
mistura. Isso porque o pH de calda pode elevar-se a 11,5 com a adição do silicato, tendo a 13 
possibilidade dos fungicidas se tornarem inativos para o controle de doenças, sabendo que o pH ideal 14 
para a calda de fungicidas é em torno de 5,0 (COUTINHO et al., 2004 apud VOLF et al., 2012). 15 
 16 
11 
 
Tabela 5- Número de grãos por espiga, peso de mil grãos e rendimento de trigo, Sertão-RS, 2018 1 
 Tratamento Nº grãos/espiga PMG (g) Rend. (kg ha-1) 
1 Testemunha 19,67Ms 28,47Ms 2.091 ab 
2 3X Si (pó molhável) 20,12 27,50 2.221 ab 
3 3X Si (solução) 20,90 27,34 2.452 ab 
4 1X fungicida 19,95 26,99 2.258 ab 
5 2X fungicida 21,42 29,94 2.408 ab 
6 3X fungicida 22,25 29,75 2.598 ab 
7 1X fungicida + Si (pó molhável) 21,85 28,05 2.380 ab 
8 2X fungicida + Si (pó molhável) 20,55 27,58 2.455 ab 
9 3X fungicida + Si (pó molhável) 22,10 28,78 2.538 ab 
10 1X fungicida + Si (solução) 20,25 29,74 2.575 ab 
11 2X fungicida + Si (solução) 21,50 28,34 2.559 ab 
12 3X fungicida + Si (solução) 22,55 27,89 2.799 ab 
CV (%): 7,34 6,57 8,37 
Obs.: CV= coeficiente de variação. PMG= peso de mil grãos. Rend.= Rendimento. Ms= não significativo. As médias 2 
seguidas por mesma letra não diferem entre si, na mesma coluna, pelo teste de Tukey a 5%. 3 
 4 
Apesar de não haver diferença no rendimento entre os tratamentos que tiveram alguma 5 
aplicação, o custo/benefício da aplicação de Si em mistura foi positivo para alguns tratamentos. 6 
Quando comparamos os tratamentos com 3 aplicações, com e sem Si, pode-se analisar que quando 7 
foi utilizado Si 8% S, o investimento para a aplicação de Si foi de R$ 66,12, e o rendimento aumentou 8 
em 3,35 sc. ha-1 dando um retorno de R$ 57,83, considerando o preço mínimo da saca na época de 9 
colheita (R$ 37,00), subentendendo que obteve um retorno satisfatório de rendimento. 10 
 11 
AACPD e Eficiência dos Produtos 12 
A partir dos valores de severidade de doença, foi calculado a AACPD (Figura 2). Quanto 13 
maior o valor, maior a severidade da doença, e quanto menor o valor, melhor foi o seu controle. Para 14 
mancha amarela, a testemunha apresentou o maior valor AACPD, 658, enquanto que o tratamento 12 15 
12 
 
teve o menor valor, 336. O tratamento 6, sem mistura de Si, 385. Pode-se notar que a adição do Si 1 
aumentou a eficiência do controle de mancha amarela na cultura do trigo. 2 
 3 
 4 
Figura 2- Rendimento e valores da AACPD para macha amarela e giberela. 5 
 6 
A AACPD para giberela também apresentou maior valor na testemunha, 397. O tratamento 7 
12, com adição de Si solução teve valor mais baixo de todos os tratamentos, 207, mostrando uma 8 
eficiência maior no controle de giberela, quando comparado ao tratamento 9, que teve adição de Si 9 
pó molhável e apresentou valor AACPD de 231, e comparado ao tratamento 6, 254, sem adição de Si 10 
nas aplicações. 11 
Quando se compara os tratamentos pela figura 2, percebe-se que o tratamento 3X fungicida + 12 
Si S teve maior eficiência no controle de giberela e mancha amarela, e maior rendimento. O Si de 13 
formulação pó molhável (tratamento 2), quando aplicado individualmente foi mais eficiente que o Si 14 
de formulação solução (tratamento 3), porém quando aplicado em mistura com fungicidas, o Si 15 
formulado em solução teve melhor controle, e rendimento de grãos. 16 
 17 
13 
 
 1 
Figura 3- Eficiência de controle de mancha amarela, giberela e rendimento. 2 
 3 
 A eficiência dos tratamentos no controle das doenças não alcançou 50% em nenhum 4 
tratamento, pois temperaturas médias diárias em torno de 20 °C e chuvas que ultrapassaram os 300 5 
mm no meses de setembro e outubro e 200 mm no mês de novembro (INMET, 2018), favoreceram a 6 
ocorrência das doenças, ao oferecer condições favoráveis, como longo período de molhamento da 7 
planta, combinado com temperaturas ótimas de desenvolvimento. 8 
 9 
CONCLUSÃO 10 
O tratamento 3X fungicida + Si S foi o melhor para controle de mancha amarela e obteve um 11 
custo/benefício satisfatório. 12 
O Si pode ser usado como uma ferramenta indutora de resistência no manejo integrado de 13 
doenças. 14 
 15 
14 
 
REFERÊNCIAS 1 
ALVES, G. C. S.; SANTOS, L. C.; DUARTE, H. S. S.; DIAS, V.; ZAMBOLIM, L.; ROCHA, M. R. 2 
Escaladiagramática para quantificação da ferrugem da folha do trigo. Multi-Science Journal. v.1, 3 
pag. 128-133. 2015. Disponível em: https://www.ifgoiano.edu.br/periodicos/index.php/multiscience/ 4 
article/download/59/34. Acesso em: 17/06/2019. 5 
 6 
BARROS, B. C.; CASTRO, J. L.; PATRÍCIO, F. R. A. Resposta de cultivares de trigo (Triticum 7 
aestivum L.) ao controle químico das principais doenças fúngicas da cultura. Summa 8 
Phytopathologica, v.32, n.3, p.239-246, 2006. 9 
 10 
BROADLEY, M.; BROWN, P.; CAKMAK, I.; MA, J. F.; RENGEL, Z.; ZHAO, F. Benefical 11 
Elements. In: MARSCHNER H. Mineral nutrition of higher plants. 3edn. Pag. 259-260. London: 12 
School of Agriculture, Food and Wine. The University of Adelaide, Australia. 2012. 13 
 14 
COLHOUN, J. Effects of environmental factors on plant diseases. Ann. Ver. Phytopathology. 1973, 15 
Cap.11, p.343-364. 16 
 17 
CONAB. Análise mensal: Trigo - Janeiro de 2019. Brasília, DF. 25 jan. 2000. Acesso em: 18 
05/03/2019. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-19 
agropecuario-e-extrativista/analises-do-mercado/historico-mensal-de-trigo> 20 
 21 
CUNHA, G. R. Clima de Passo Fundo – Normais Climatológicas. 2017. Disponível em: 22 
http://www.cnpt.embrapa.br/pesquisa/agromet/pdf/Clima_de_Passo_Fundo.pdf. Acesso em: 23 
17/06/2019. 24 
 25 
DORNELES, K. R.; PAZDIORA, P. C.; HOFFMANN, J. F.; CHAVES, F. C.; MONTE, L. G.; 26 
RODRIGUES, F. A.; DALLAGNOL, L. J. Wheat leaf resistance to Pyrenophora tritici-repentis 27 
induced by silicon activation of phenylpropanoid metabolism. Plant Pathology. nº 67, pag. 1713–28 
1724. 2018. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/ppa.12876>. Acesso 29 
em: 15/0502019. 30 
 31 
FRANCO, F. A.; EVANGELISTA, A. Informações técnicas para trigo e triticale safra 2018. 32 
Cascavel, PR. Comissão de Pesquisa de Trigo e Triticale, 2018. 258 p. 33 
 34 
GOULART, A. C. P.; SOUZA, P. G.; URASHIMA, A. S. Danos em trigo causados pela infecção de 35 
Pyricularia grisea. Summa Phytopathologica, v.33, n.4, p.358-363, 2007. Disponível em: 36 
<https://www.agrolink.com.br/downloads/85946.pdf>. Acesso em: 06/03/2019. 37 
http://www.cnpt.embrapa.br/pesquisa/agromet/pdf/Clima_de_Passo_Fundo.pdf
https://www.agrolink.com.br/downloads/85946.pdf
15 
 
INMET. Tempo/Gráficos. 2019. Disponível em: 1 
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=tempo /graficos. Acesso em: 16/06/2019. 2 
MIERZIAK, J.; KOSTIN, K.; KULMA, A. Flavonoids as important molecules of plant interactions 3 
with the environment. Molecules 19, 16240–65. 2014. 4 
 5 
PANISSON, E.; REIS, E.M.; BOLLER, W. Quantificação de danos causados pela Giberela em 6 
cereais de inverno, na safra 2000, em Passo Fundo, RS. Fitopatologia Brasileira 28: pag. 189-192. 7 
2003. 8 
 9 
REES, R.G.; PLATZ, G.J. Effects of yellow spot on wheat: comparison of epidemics at different 10 
stages of crop development. Australian Journal of Agricultural Research, Melbourne, v. 34, p. 39- 11 
46, 1983. 12 
 13 
RODIGHERO, A. BAZZOTTI, M. NADAL, M. BORTOLOTO, P. SACARDO, R. TREVIZAN, K. 14 
CAMILLO, M. F. KARPINSKI, L. A. SEXTO, P. A. da S. WEIPPERT, R. M. OLIVEIRA, F. 15 
MEIRELES, R. B. Influência do silício via aplicação foliar no controle de Drechslera tritici-16 
repentis na cultura do trigo. Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS 17 
– Brasil. Acesso em: 13/06/2018. Disponível em: 18 
https://www.ideau.com.br/getulio/mic/restrito/upload/projet o/arquivo_236.pdf. 19 
 20 
SANTANA, F. M. [et al.]. Manual de identificação de doenças de trigo. Passo Fundo: Embrapa 21 
Trigo, 2012. 22 
 23 
SHANER, G.; FINNEY, R. The effect of nitrogen fertilization on the expression of slow-mildewing 24 
resistance in Knox wheat. Phytopathology, v. 67, n. 8, p. 1051-1056, 1977. Disponível em: 25 
https://www.apsnet.org/publications/phytopathology/backissues/Documents/1977Articles/Phyto67n26 
08_1051.PDF. Acesso em: 14/06/2019. 27 
 28 
STRECK, E. V.; FLORES, C. A.; SCHNEIDER, P. Solos do Rio Grande do Sul. 3. Ed., 252 pg. 29 
Porto Alegre: Emater/RS-Ascar, 2018. 30 
 31 
VOLF, M. R.; SICHOCKI, D.; MAGGIONI, E. J.; RIBEIRO, J. F.; MAYER, M. C.; FELLER, D. 32 
O. Associação de silicato de potássio a diferentes fungicidas no controle mancha alvo na cultura da 33 
soja. Cuiabá, MT, 2012. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 6, 2012, Cuiabá. Soja: 34 
integração nacional e desenvolvimento sustentável: Anais. Brasília, DF: Embrapa, 2012. 4 p. 35 
 36 
ZADOKS, J. C.; CHANG, T. T.; KONZAK, C. F. A decimal code for the growth stages of cereals. 37 
Weede Research, v. 14, p. 415-421, 1974. Disponível em: 38 
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10. Acesso em: 18/06/2019. 39

Continue navegando