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Unidade 2 microbiologia

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Unidade 2 - microbiologia
Compreendendo a patogênese da infecção bacteriana
Identificação das bactérias que causam doenças
Como você viu na primeira unidade, as bactérias estão presentes em quase todos os lugares, sabemos que muitas não possuem capacidade de provocar doenças e algumas fazem parte da microbiota normal do ser humano. No entanto, algumas espécies do universo bacteriano são agentes patogênicos, isto é, podem desenvolver doenças em outros seres vivos. Nos seres humanos, vários tipos de bactérias patogênicas são responsáveis por doenças que geraram grandes epidemias mundiais o que resultou em inúmeras mortes. A cólera e a peste, por exemplo, são hoje doenças consideradas controladas, mas devastaram a população em séculos passados. Com o surgimento dos antibióticos e vacinas, houve um grande controle das doenças infecciosas, mas muitas ainda são causa de morbimortalidade e assusta a sociedade com o seu aparecimento. No quadro 1, descrevemos algumas bactérias patogênicas e a respectiva doença que ela ocasiona.
Transmissão da infecção e processo infeccioso
Doença e infecção são termos semelhantes, porém existe uma diferença no significado de cada termo. A infecção acontece quando um agente patogênico invade o organismo e se multiplica. A doença é o conjunto de alterações que acontecem no organismo devido a infecção.
A transmissão da infecção ocorre através da relação entre o agente causador da doença, o hospedeiro e o ambiente. A transmissão de um agente infeccioso para o hospedeiro pode ocorrer por três vias: Transmissão por contato, por veículo ou por vetores (TORTORA, 2012).
Na transmissão por contato, ocorre a transferência de um patógeno através de um contato direto, indireto ou por gotículas. É uma forma de transmissão bastante comum e pode acontecer, naturalmente, através do toque, beijo e relação sexual, por exemplo. As doenças respiratórias e as infecções sexualmente transmissíveis são exemplos de doenças que podem ser transmitidas por contato. A transmissão por contato indireto acontece por meio de um objeto contaminado com o agente infeccioso advindo da sua fonte de reservatório, o uso de seringas contaminadas com o vírus da Aids, é uma forma de transmissão por contato indireto. A transmissão por gotículas ocorre quando uma pessoa infectada expele através da fala, tosse ou espirro gotículas de saliva ou muco contento microrganismos patogênicos. A pneumonia e a coqueluche são exemplos de doenças que podem ser transmitidas através de gotículas (TORTORA, 2012).
A transmissão por veículo acontece quando há uma disseminação de um determinado agente infeccioso na água, nos alimentos, ou no vento. Doenças como a cólera e a leptospirose acontecem através do contato de um hospedeiro com águas contaminadas. Na transmissão por alimentos, agentes infecciosos são ingeridos junto de alimentos que foram malcozidos ou aprontados em condições higiênicas inadequadas. Entre as consequências do consumo de alimentos contaminados pode-se verificar um quadro de intoxicação alimentar ou cisticercose. A transmissão pelo ar consiste na propagação de microrganismos no ar por gotículas, quando são depositados podem percorrer mais de um metro em direção a um novo hospedeiro (TORTORA, 2012).
Tendo o microrganismo se instalado no hospedeiro, inicia-se o processo infeccioso e desenvolvimento da doença. O desenvolvimento de uma infecção e uma consequente doença depende de muitos fatores para acontecer, que envolvem a susceptibilidade do hospedeiro, o ambiente no qual ele se encontra, o grau de exposição ao agente etiológico causador da doença e também de características próprias do microrganismo como patogenicidade e virulência. Quando exposto ao microrganismo, alguns processos acontecem no organismo humano até que surjam os primeiros sinais e sintomas da infecção e a consequente instalação da doença.
O desenvolvimento de uma infecção e consequente doença acontece em fases sequenciais, a primeira corresponde ao período de incubação, fase onde a infecção já aconteceu e começa o aparecimento dos primeiros sintomas da doença. O tempo de duração da incubação depende de alguns fatores, entre eles: o agente causador, a quantidade de microrganismos existentes e a resistência do hospedeiro. Após o período de incubação, inicia-se o período prodrômico, fase curta que se refere ao surgimento de sintomas leves da doença. Observe na figura 1 a representação dos períodos de uma doença
Finalizando a segunda fase, surge o período de doença que corresponde ao momento mais severo, onde é possível observar sinais e sintomas clássicos da doença, febre, dor de garganta, dores musculares, etc. Nessa fase, pode ocorrer também o aumento ou diminuição dos leucócitos, normalmente, as respostas imunológicas do paciente associadas a outros mecanismos de defesa superam o agente patogênico, ocasionando o término do período de doença e iniciando o período de declínio. No período de declínio, os sinais e sintomas regridem e a duração dessa fase pode variar de apenas um há vários dias. No último período, de convalescença, o indivíduo se recupera da doença voltando ao seu estado de normalidade (TORTORA, 2012).
Em algumas doenças infectocontagiosas, a transmissão da doença também pode acontecer no período de incubação e no período de convalescença, além disso, as pessoas em estado de convalescença podem permanecer com o patógeno em seu organismo por anos.
Regulação e Fatores de virulência bacterianos
A capacidade que um agente infeccioso tem de produzir sintomas quando instalado em um organismo em maior ou menor grau, chama-se patogenicidade, e a virulência é definida como a capacidade relativa da bactéria em ocasionar danos ao hospedeiro.
O processo patogênico compreende uma série de acontecimentos, onde alguns elementos bacterianos interagem com o hospedeiro definindo se a doença irá ocorrer, ou não. Para ocasionar a doença é necessário que os patógenos consigam acesso ao hospedeiro, tenham capacidade de se aderir aos tecidos, impedir as defesas e comprometer os tecidos do hospedeiro. Nesse sentido, fatores de virulência são estruturas bacterianas utilizadas durante o processo infeccioso permitindo que o patógeno adentre, se multiplique e permaneça no hospedeiro provocando uma doença. A capacidade de aderência ou adesão das bactérias a mucosa do hospedeiro permite que o agente patogênico consiga resistir a tentativas de expulsão do organismo e, desse modo, conseguem colonizar-se no hospedeiro (TRABULSI, 2015).
O processo de adesão das bactérias ocorre em estágios, o primeiro, normalmente é intercedido por adesinas, estruturas formadas por proteínas que são responsáveis por reconhecer e se ligar aos receptores específicos da célula hospedeira. As adesinas estão localizadas em várias estruturas externas da bactéria, por exemplo nas fímbrias, pili e flagelos (TRABULSI, 2015). Observe na figura 2 a aderência de um patógeno a uma célula.
Além de aderir as bactérias conseguem invadir algumas células do organismo humano, esse processo de invasão acontece quando as bactérias adentram na célula do hospedeiro por meio da fagocitose. A fagocitose é realizada normalmente por células fagocitárias, como os fagócitos, com o objetivo de defender o organismo contra invasores, porém algumas bactérias possuem a capacidade de entrar em células que não são fagocitárias, dessa forma, invadindo a célula. As bactérias invasivas estão inclusas em dois grupos: facultativo e intracelular obrigatório. A entrada desses microrganismos na célula é mediada através das invasinas, proteínas que estão presentes na membrana externa da bactéria. Como consequência da invasão bacteriana, a célula do hospedeiro reage produzindo citosinas e prostaglandinas tentando combater o patógeno (BROOCKS, 2014, TRABULSI, 2015).
A multiplicação e o desenvolvimento das bactérias acontecem tanto no meio intracelular como no meio extracelular, depende do tipo de bactéria, as que se desenvolvem apenas dentro da célula necessitam de nutrientes que a própria célula hospedeira fornece, alguns pontospositivos para as bactérias intracelular é que elas não podem ser fagocitadas.
Muitas bactérias precisam de fontes de ferro para o seu desenvolvimento. A maior parte do ferro do nosso organismo está disponibilizada dentro da célula associada às proteínas, como a mioglobina, ferritina e a hemoglobina. Restando apenas uma pequena quantidade de ferro no ambiente extracelular, nesses casos este íon está ligado a glicoproteínas como a transferrina, encontrada no sangue e a lactoferrina localizada em secreções e nas mucosas. Dessa forma, sobra uma pequena quantidade de ferro, que não é suficiente para o desenvolvimento das bactérias, o que faz com que elas utilizem algumas táticas para obtenção de ferro (BROOCKS, 2014, TRABULSI, 2015).
As principais estratégias utilizadas pelas bactérias para aquisição de ferro são: a produção e utilização de sideróforos; a captação de ferro de compostos, tais como: heme, transferrina e lactoferrina, sem o uso de sideróforos; e a redução de Fe III a Fe II, com subsequente transporte de Fe II.
Os sideróforos são compostos de baixo peso molecular que possuem uma grande afinidade por ferro e formam complexos importantes para as células. Os sideróforos podem ser classificados em fenolatos e hidroxamatos, esses dois grupos de sideróforos são solúveis em FeII. Do grupo dos fenolatos participa a enterobactina, que faz parte de todas as enterobactérias. Do grupo dos hidroxamatos encontra-se a aerobactina, na qual é produzida por diversas bactérias patogênicas da família Enterobacteriaceae (BROOCKS, 2014, TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015). Veja na figura 3, a estrutura de um tipo de sideróforo.
Por meio dos sideróforos, algumas bactérias podem apresentar receptores que se ligam inteiramente às proteínas que transportam o ferro para a hemoglobina. As moléculas de hemoglobina são absorvidas pela bactéria junto com o ferro. As bactérias podem, ainda, produzir algumas toxinas quando os níveis de ferro estão baixos, essas toxinas matam as células do hospedeiro, disponibilizando o ferro a bactéria usá-lo como fonte de nutriente. A capacidade que as bactérias possuem para produzir toxinas é chamada de toxigenicidade. Quando as toxinas são liberadas pelas bactérias, além de destruir a célula do hospedeiro, elas provocam vários sinais e sintomas, por exemplo, febre, diarreia e choque. Além disso, podem bloquear a síntese de proteínas e danificar o sistema nervoso central, ocasionando espasmos (BROOCKS, 2014, TRABULSI, 2015).
As toxinas são classificadas em dois grupos: exotoxinas e endotoxinas. As exotoxinas são produzidas dentro das células bacterianas, sendo liberadas após a quebra da célula. Algumas são proteínas e outras são enzimas. São produzidas tanto por bactérias gram-positivas como gram-negativas, essas toxinas atuam danificando as células dos hospedeiros ou bloqueando algumas funções metabólicas. Os sinais e sintomas das doenças causadas por bactérias que liberam exotoxinas são ocasionados pelas toxinas, e dessa forma, são sintomas muito específicos. O botulismo, por exemplo, geralmente é ocasionado pelo consumo da exotoxina, e não pela infecção bacteriana (BROOCKS, 2014, TRABULSI, 2015).
As endotoxinas, diferentemente das exotoxinas fazem parte da parede celular de bactérias gram-negativas. Está lembrado que as bactérias gram-negativas possuem uma membrana externa que envolve a camada de peptideoglicana da parede celular e que a membrana externa é formada por lipoproteínas, fosfolipídeos e lipopolissacarídeos. As endotoxinas são lipopolissacarídeos, que estão presentes na parede celular das bactérias gram-negativas. São liberadas quando as bactérias gram-negativas são destruídas. Alguns antibióticos que são utilizados para o tratamento de doenças ocasionadas por bactérias gram-negativas possuem a capacidade de quebrar essas bactérias, e como consequência ocorre a liberação das endotoxinas, o que pode refletir gerando uma piora imediata dos sintomas. Mas, por outro lado, o paciente tende a apresentar uma melhora da doença à medida que as endotoxinas vão sendo destruídas no organismo (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
Um detalhe importante sobre as endotoxinas é que todas elas provocam os mesmos sinais e sintomas, por mais que seja em grau maior ou menor independentemente da espécie bacteriana. A maioria dos sintomas provocados pela endotoxinas incluem calafrios, febre, fraqueza, dores musculares, e em casos extremos pode levar ao choque e até mesmo ao óbito.
Em gestantes que são acometidas por infecções ocasionadas por bactérias gram-negativas, a liberação das endotoxinas pode induzir o aborto, por isso é importante que toda medicação utilizada por esse grupo de mulheres seja orientada por um médico.
Você ficou com alguma dúvida sobre o que acabou de estudar? Vamos resumir o capítulo para esclarecê-las. O capítulo foi iniciado apresentando algumas bactérias patogênicas que são responsáveis por doenças que geraram grandes epidemias mundiais o que resultou e resulta em inúmeras mortes mundiais. Em seguida foi descrito sobre como ocorre o processo de transmissão da infecção, que ocorre através da relação entre o agente causador da doença, o hospedeiro e o ambiente. A transmissão de um agente infeccioso para o hospedeiro pode ocorrer por três vias: Transmissão por contato, por veículo ou por vetores. O processo infeccioso também foi discutido nesse capítulo, ele começa quando o microrganismo se instala no hospedeiro, provocando em seguida o desenvolvimento da doença. O desenvolvimento de uma infecção depende de muitos fatores para acontecer, que envolvem a susceptibilidade do hospedeiro, o ambiente no qual ele se encontra, o grau de exposição ao agente etiológico causador da doença e também de características próprias do microrganismo como patogenicidade e virulência. Quando exposto ao microrganismo, alguns processos acontecem no organismo humano até que surjam os primeiros sinais e sintomas da infecção e a consequente instalação da doença. O desenvolvimento da doença acontece em fases sequenciais, a primeira corresponde ao período de incubação, a segunda ao período prodrômico, a terceira ao período da doença, a quarta ao período de declínio e a quinta ao período de convalescença. Alguns termos com patogenicidade e virulência também foram conceituados. A capacidade que um agente infeccioso tem de produzir sintomas quando instalado em um organismo em maior ou menor grau, chama-se patogenicidade, e a virulência é definida como a capacidade relativa da bactéria em ocasionar danos ao hospedeiro. Finalizando o capítulo, você estudou sobre a regulação e os fatores de virulência, mecanismos utilizados pelas bactérias para permanecerem no organismo humano, você viu sobre a adesão, invasão e sideróforos e sobre as exotoxinas e endotoxinas.
Investigando a microbiota normal humana
Microbiota normal humana
Todos nós possuímos milhares de bactérias no nosso organismo, essas bactérias, ao contrário das que você viu no capítulo anterior, não causam doenças e fazem parte da nossa microbiota normal. A microbiota compreende a presença de microrganismos que fazem parte do nosso organismo, mas não causam doenças, infecções ou qualquer outro prejuízo ao hospedeiro. Os seres humanos não possuem microrganismos na vida intrauterina, mas ao nascimento, os microrganismos se estabelecem em várias regiões do corpo, tornando-se parte da microbiota normal.
Esses microrganismos estão presentes em abundância no nosso organismo, porém, algumas partes do corpo humano estão livres deles, as regiões que mais apresentam microrganismos são as que estão em contato com o meio externo como a pele e mucosas. A microbiota pode ser classificada de duas formas: transitória e permanente. A transitória ocorre quando os microrganismos permanecem por um período de tempo e depois desaparecem sem causar danos. A residente compreende a flora normal do organismo, isto é, os microrganismos tornam-se permanentes por período de tempo indeterminado, sem causar doenças em condições normais (TORTORA, 2012; TRABULSI 2015).
Os microrganismosque fazem parte da microbiota normal estabelecem uma relação de simbiose com o hospedeiro, eles retiram nutrientes da região onde colonizam e, de certo modo, protegem aquele espaço contra invasão de microrganismos que sejam patogênicos, por um mecanismo conhecido como antagonismo microbiano, onde atuam promovendo a alteração do pH daquele local, liberam de substâncias que são prejudiciais aos patógenos, etc (TORTORA, 2012).
O corpo humano é abundantemente abrigado por bactérias, estima-se que cada pessoa, possui cerca de dez vezes mais células bacterianas do que células normais humanas.
Microbiota normal da pele e da boca
A nossa pele é uma das regiões do nosso corpo onde é possível encontrar uma grande quantidade de microrganismos, por conta do contato direto com o meio externo. As axilas e períneos são as regiões de maior concentração microbiana, devido a umidade e temperatura que favorece a sua sobrevivência. Entre os microrganismos que podem ser encontrados fazendo parte da microbiota normal da pele é possível verificar a presença dos seguintes componentes: Bactérias (Propionibacterium, Staphylococcus, Corynebacterium, Micrococcus, Acinetobacter, Brevibacterium) e fungos (Pityrosporum, Candida, Malassezia) (TRABULSI, 2015).
A boca apresenta uma vasta população microbiana, presente entre os dentes, gengiva e mucosa. É estimado que cerca de 700 espécies de bactérias façam parte da microbiota normal da boca. Os gêneros comumente encontrados na boca são: Staphylococcus, Streptococcus, Neisseria, Bacteroides, Actinomyces, Prevotella, Porphyromonas, Treponema e Mycoplasma (TRABULSI, 2015).
Há uma grande quantidade de bactérias na nossa boca, estima-se que a saliva possui em torno de 108 bactérias/ml e as placas dos dentes apresentam cerca de 1011 bactérias/cm.
Microbiota normal do trato respiratório superior e do trato intestinal
Uma grande quantidade de bactérias coloniza o trato respiratório superior. O nariz é frequentemente colonizado por Staphylococcus e Corynebacterium. Em pessoas que fizeram uso de alguns tipos de antibióticos, pode ser encontrado Klebsiella pneumoniae, E. coli e P. aeruginosa. Na faringe e traqueia, frequentemente, é encontrado Streptococcus pneumoniae, Neisseria, Staphylococcus, Haemophilus e Mycoplasma. Os bronquíolos e alvéolos são em condições normais, estéreis, ou seja, não apresentam microrganismos (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
Em relação a microbiota intestinal, no íleo verificamos a presença de anaeróbios facultativos, Enterobactérias e anaeróbios obrigatórios tais como, Bacteroides, Veilonella, Clostridium, Lactobacillus e Enterococcus. O cólon apresenta a maior densidade e diversidade de micro-organismos do corpo humano, e os gêneros mais frequentemente encontrados são Bacteroides, Bifidobacterium, Escherichia coli, Clostridium, Eubacterium, Bacillus, Peptostreptococcus, Fusobacterium e Ruminococcus (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015). Observe na figura 4 bactérias que estão presentes no intestino grosso.
Microbiota normal da vagina
A microbiota do trato genital feminino é modificada de acordo com a idade, ciclo menstrual, pH, uso de anticoncepcional e relação sexual. Do nascimento até os primeiros seis meses de vida é comum uma presença maior de Lactobacillus. Algumas pesquisas têm mostrado que no período reprodutivo, a microbiota da vagina é formada por 85% de Lactobacillus, Gardnerella e Atopodium. Na vulva é possível encontrar Staphylococcus coagulase negativo, S. saprophyticus e E. coli (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
Microbiota normal do olho
No olho é possível encontrar as seguintes bactérias: Staphylococcus epidermidis, S. aureus, difteroides, Propionibacterium, Corynebacterium, estreptococos e Micrococcus. Normalmente, a conjuntiva, mucosa transparente externa do olho, apresenta os mesmos microrganismos que são encontrados na pele (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
Devido a conjuntiva estar exposta diretamente ao ambiente externo é comum a presença de muitos microrganismos nessa região. No entanto, as lágrimas e o ato de piscar auxiliam na eliminação de alguns micróbios ou impedem que outros colonizem.
Mecanismo de ação de agentes antimicrobianos, Resistência a agentes antimicrobianos e origem da resistência aos fármacos
Quando o nosso organismo não consegue impedir ou acabar com uma doença, se faz necessário o uso de drogas antimicrobianas que atuam muitas vezes inibindo o crescimento dos microrganismos ou matando-os. Os medicamentos antimicrobianos podem ser classificados de duas formas: bactericidas ou bacteriostático. Os bactericidas atuam matando os micróbios e os bacteriostáticos impedindo o seu crescimento. Estas drogas agem de cinco modos diferentes na célula bacteriana, inibindo a síntese de parede celular, inibindo a síntese de proteínas, inibindo a replicação do ácido nucleico, danificando a membrana plasmática ou inibindo a síntese de metabólitos essenciais (TORTORA, 2012).
Muitos antibióticos atuam impedindo a síntese da parede celular, neste grupo os mais utilizados são os β-lactâmicos, as penicilinas, cefalosporinas, bacitracina e vancomicina. Entre os que inibem a síntese proteica tem-se o cloranfenicol, eritromicina, tetraciclinas e estreptomicinas. Inúmeros antimicrobianos impedem o processo de replicação do DNA, porém mostram-se com uma atuação limitada, visto que também intervêm no metabolismo dos ácidos nucleicos dos hospedeiros, alguns exemplos dessas drogas são as quinolonas e a rifampina. Os antibióticos que danificam a membrana plasmática provocam mudanças na permeabilidade da membrana o que ocasiona a perda de metabólitos essenciais da célula microbiana, a polimixina B é um exemplo de antibiótico que atua na membrana plasmática bacteriana. A sulfanilamida e o trimetoprim são drogas que inibem a síntese de metabolitos importantes (TORTORA, 2012).
A resistência dos micróbios aos antibióticos ou agentes antimicrobianos tem sido uma grande preocupação para a medicina, uma vez que dificulta o tratamento das doenças e eleva a taxa de mortalidade. A origem da resistência microbiana devese as modificações genéticas ocasionadas na célula microbiana, o que permite que elas se tornem resistentes.
A resistência microbiana compreende a capacidade que determinados microrganismos possuem de resistir a ação de drogas que são utilizadas para destruí-los.
A resistência aos antimicrobianos pode ser natural, quando se refere a uma determinada particularidade que uma espécie bacteriana apresenta, desse modo, todas as amostras desta espécie apresentarão a mesma característica, ou pode ser adquirida, quando apenas uma parte da amostra tornar-se resistente (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Alguns mecanismos são utilizados pelas bactérias que faz com que elas resistam ação dos antibióticos, são eles: bloqueio da entrada do antibiótico na célula, destruição ou inativação da droga por enzimas, alterações ocorridas no sítio alvo da droga e efluxo celular da droga (TORTORA, 2012). (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015) Veja na figura 5 uma representação do mecanismo de resistências aos antibióticos.
O bloqueio da entrada do antibiótico na célula microbiana é comum em bactérias gram-negativas devido a estrutura de sua parede celular, nessas bactérias a existência das porinas bloqueia a absorção de moléculas, impedindo a entrada do antibiótico na célula. Em alguns casos, o antibiótico consegue penetrar na célula da bactéria, mas algumas enzimas bacterianas o inativa ou o destrói, principalmente, os que são produzidos naturalmente, como as penicilinas e as cefalosporinas, alguns antibióticos sintéticos, as fluoroquinolonas, por exemplo, apresentam chances reduzidas de serem destruídos dessa maneira. Algumas bactérias gram-negativas, possuem a capacidade de expulsar o antibiótico absorvido, de forma que impeça uma concentração elevada no seu interior, o que ocasionaria sua destruição (TORTORA, 2012).
O conhecimento dos mecanismos de resistência microbiana é de extrema importância para compreender que a terapia inadequada e o uso indiscriminado desses fármacos contribuempara o aumento e desenvolvimento da resistência bacteriana. Em diversos países, principalmente os menos desenvolvidos, os antibióticos são utilizados de forma demasiada pela população, muitas vezes não são prescritos por médicos e não existe nenhuma limitação quanto ao seu acesso.
Atividade antimicrobiana in vitro e in vivo
Devido à resistência bacteriana, o desenvolvimento de novos antibióticos que sejam eficazes no tratamento de diversas doenças é uma realidade nos dias atuais. Dessa forma, pesquisas são utilizadas para avaliar a atividade antimicrobiana in vitro e in vivo. As drogas que são produzidas em laboratório são chamadas de quimioterápicos e as que são produzidas através de seres vivos são denominadas de antibióticos. A atividade in vitro refere-se ao comportamento do agente antimicrobiano em um ambiente extracelular, ou seja, em um laboratório, e a atividade antimicrobiana in vivo compreende o desempenho da droga no organismo vivo. Para avaliação da atividade antimicrobiana in vitro são utilizados inúmeros testes laboratoriais.
Relações fármaco-parasita e relações hospedeiroparasita
A relação dos fármacos com os parasitas depende do tipo de fármaco e do tipo de parasitas. Para cada tipo de parasita existe um fármaco que vai atuar inibindo o seu crescimento ou o destruindo. A relação hospedeiro-parasita é conhecida como parasitismo, onde um organismo, nesse caso, o parasita, adquire benefícios gerando prejuízos ao hospedeiro. Nesse tipo de relação, os parasitas sobrevivem através de nutrientes e tecidos extraídos do hospedeiro. Os parasitas podem ser endoparasitas quando vivem no interior do hospedeiro ou ectoparasitas quando estão no exterior do hospedeiro. Alguns exemplos de parasitismo em humanos é a amebíase, giardíase, ascaridíase e teníase todos parasitas intestinais (TORTOR, 2012; TRABULSI, 2015).
Uso clínico dos antibióticos e associações dos agentes antimicrobianos
Os antibióticos são conceituados como substâncias que podem ser de origem natural ou sintética, utilizados para impedir o crescimento ou ocasionar a morte de bactérias. São indicados para o tratamento de diversas doenças e cada grupo possui um mecanismo de ação diferente. A indicação de um agente antimicrobiano deve estar associada ao diagnóstico da doença e seu respectivo agente etiológico, também é importante que se tenha conhecimento se o microrganismo é sensível ou resistente ao antimicrobiano, para que seja adota a antibioticoterapia correta. Antes de iniciar o antibiótico, é necessário que sejam feitos exames como coleta de sangue, urina, fezes e secreções para detectar os agentes responsáveis e verificar sua sensibilidade ou resistência aos antibióticos.
Em algumas situações específicas, é necessário que seja feito a administração de mais de um antibiótico, ou associação de dois ou mais antimicrobianos ao mesmo tempo com o objetivo de se obter atuação sinérgica entre os mesmos, pois algumas vezes o efeito dessa combinação é mais intenso quando comparado a utilização de apenas um antimicrobiano. Os medicamentos que irão ser associados devem ter, de preferência algumas características como ação bactericida, mecanismo de ação diferente e espectro específico.
Um exemplo de associação entre antimicrobianos, é a utilização simultânea da penicilina e estreptomicina para o tratamento da endocardite, quando administradas juntas essas duas drogas potencializam o seu efeito, o estrago a parede celular da bactéria causado pela penicilina faz com que seja mais fácil a entrada da estreptomicina na célula bacteriana, dessa forma, a possibilidade de destruir a célula bacteriana e acabar com a infecção aumenta.
O que achou desse capítulo? gostou do que aprendeu? para que não fique dúvidas vamos resumir tudo que o foi apresentado no capítulo. No início foi abordado sobre a microbiota normal humana, o que corresponde a presença de microrganismos que fazem parte do nosso organismo, mas não causam doenças, infecções ou qualquer outro prejuízo ao hospedeiro. A microbiota pode ser classificada de duas formas: transitória e permanente. A transitória ocorre quando os microrganismos permanecem por um período de tempo e depois desaparecem sem causar danos. A residente compreende a flora normal do organismo, isto é, os microrganismos tornam-se permanentes por período de tempo indeterminado, sem causar doenças em condições normais. Foi visto os principais microrganismos que fazem parte da microbiota normal da boca, da pele, dos olhos, do intestino, do trato respiratório superior e da vagina. Também foi estudado sobre os mecanismos de ação de agentes antimicrobianos, quando o nosso organismo não consegue impedir ou acabar com uma doença, se faz necessário o uso de drogas antimicrobianas que atuam muitas vezes inibindo o crescimento dos microrganismos ou matandoos. Os medicamentos antimicrobianos podem ser classificados de duas formas: bactericidas ou bacteriostático. Os bactericidas atuam matando os micróbios e os bacteriostáticos impedindo o seu crescimento. Estas drogas agem de cinco modos diferentes na célula bacteriana, inibindo a síntese de parede celular, inibindo a síntese de proteínas, inibindo a replicação do ácido nucleico, danificando a membrana plasmática ou inibindo a síntese de metabólitos essenciais. Além disso, descrevemos sobre os principais mecanismos de resistência aos agentes antimicrobianos, que são eles: bloqueio da entrada do antibiótico na célula, destruição ou inativação da droga por enzimas, alterações ocorridas no sítio alvo da droga e efluxo celular da droga. Finalizando o capítulo, falamos sobre as relações fármaco-parasita, relações hospedeiro-parasita e sobre o uso clínico dos antibióticos e associações dos agentes antimicrobianos que em muitos casos é importante para se obter um efeito melhor das drogas em danificar a célula bacteriana, reduzindo, dessa forma, a infecção.
Identificando as principais características dos bacilos gram positivos
Coloração de Gram
No ano de 1889, o bacteriologista Hans Christian Gram, desenvolveu a coloração que ganhou o seu nome, coloração de gram, para diferenciar as bactérias em dois grupos, o grupo que apresentava a coloração violeta escuro ou purpura após a tentativa de descoloração com álcool foram colocadas no grupo de bactérias gram-positivas, e as que não mantinham essa coloração após o uso do álcool foram classificadas em gramnegativas. Porém, este último grupo, assume a cor rosa quando utilizado o corante safranina. No procedimento, realizado por Gram, ele utilizou um esfregaço fixado pelo calor e recobriu-o com corante cristal violeta, depois de um certo tempo, ele lavou o corante purpura e recobriu o esfregaço com iodo, depois lavou novamente o esfregaço, retirando o iodo, nesse momento todas as bactérias assumiram a cor purpura ou violeta escura, depois, novamente a lâmina foi lavada com álcool e nesse momento, foi observado que algumas bactérias permaneceram com a coloração purpura e outras não. Observe na figura 6 esse procedimento.
Além da coloração, outras diferenças são percebidas entre gram-positivas e gram-negativas, uma delas é em relação a parede celular, as bactérias gram-negativas apresentam uma parede celular mais complexa contendo algumas finas camadas de peptideoglicanas e uma estrutura que as gram-positivas não apresentam, a membrana externa, que contém uma camada de lipopolissacarídeos (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
O método descoberto por Gram é uma técnica de coloração fundamental e bastante utilizada na microbiologia médica, sendo muito eficaz quando utilizada em bactérias que estão em crescimento. No entanto, os resultados dessa coloração não são utilizados totalmente, devido determinadas células bacterianas não se corar fortemente ou não assumir nenhuma cor.
Bacilos gram-positivos formadores de esporos
Os bacilos são microrganismos amplamente distribuído pelo ambiente, entre os gram-positivos formadores de esporos, os gêneros Clostridium, Bacillus, são citados como os mais importantes para microbiologia médica. Os endósporos são estruturasformadas quando o ambiente no qual as bactérias se encontram são pobres em água e nutrientes. A formação do esporo ocorre através do processo de diferenciação celular (TRABULSI, 2015). Veja na figura 7 a representação da formação de endósporos.
Espécies do gênero Bacillus e Clostridium
Os Clostridium são microrganismos anaeróbicos obrigatórios, ou seja, não utilizam oxigênio para sua respiração. Esse tipo de gênero possui cerca de 150 espécies, sendo algumas delas patogênicas para humanos, normalmente são encontradas no solo e no intestino, suas células possuem endósporos que comumente desfiguram a célula. O desenvolvimento dos esporos pelas bactérias é importante para a medicina por conta da resistência que os endósporos possuem ao calor e a vários compostos químicos. Várias doenças estão associadas com as espécies desse gênero, Clostridium tetani, é um dos mais importantes, agente responsável pelo tétano, doença que provoca espasmos nos músculos, podendo ser localizado ou generalizado. A prevenção dessa doença consiste aquisição da vacina antitetânica, tríplice viral, administrada em três doses, durante os três primeiros meses de vida, e depois com reforços (TRABULSI, 2015). Veja na figura 8 a representação do Clostridium tetani.
O botulismo é causado pelo Clostridium botulinum, bacilo que apresenta esporos ovais subterminais, encontrado na maioria das vezes no solo e em agroprodutos. Quatro grupos fazem parte dessa espécie. O primeiro grupo inclui os microrganismos proteolíticos que produzem as toxinas A, B ou F. O segundo grupo reúne os microrganismos que não são proteolíticos, os quais produzir as toxinas B, E ou F. O terceiro grupo reúne microrganismos produtores de toxinas C e D, e o grupo quarto engloga o tipo G (TRABULSI, 2015).
Clostridium perfringens ocasiona a gangrena gasosa, Clostridium perfringens pode causar diarreia, quando é consumido algum alimento contaminado, outra espécie, o Clostridium difficile também pode ocasionar é diarreia, quando alguma medida terapêutica com antibiótico modifica a microbiota normal do intestino, o que provoca o crescimento acentuado da bactéria produtora de toxina C. difficile.
As bactérias do gênero Bacillus são bastonetes que formam endosporos. É muito comum encontrar esse gênero no solo, apenas poucas espécies são patogênicas para os humanos, algumas são utilizadas para produção de antibióticos. Estima-se que exista mais de 50 espécies do gênero, entre as espécies que causam doenças temos o Bacillus anthracis que causa o antraz, é uma bactéria anaeróbica facultativa, muitas vezes forma cadeias em cultura, o antraz é uma doença que afeta animais como ovelhas, cavalos e alguns outros mamíferos e que pode ser transmitida para humanos, devido a vacinação dos animais e adoção de medidas de higiene, foi observado uma redução significativa dessa doença nos últimos anos. Quando a transmissão acontece ocasiona sintomas cutâneos, respiratórios e gastrointestinais, sendo a forma cutânea a mais comum, formando lesões na pele. As formas respiratória e gastrointestinal provocam septicemia e choque, levando a morte com muita frequência. A penicilina, ciprofloxacino, doxicilina, levofloxacino e clindamicina são os antibióticos de escolha utilizado para o tratamento (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
O Bacillus thuringiensis é um dos patógenos de insetos mais conhecidos, produz uma toxina letal para os insetos e, dessa forma, é bastante utilizado no controle de algumas pragas, normalmente são encontrados no solo e no intestino de animais. O Bacillus cereus é uma bactéria bastante comum no ambiente e em poucos casos é apontada como o agente causador de intoxicação alimentar, quando acontece pode provocar dois tipos de sintomas, náuseas e vômitos ou diarreia, que normalmente duram em torno de 9 a 24 horas, é encontrado no solo e em plantações de arroz (TRABULSI, 2015). Observe na figura 9 o Bacillus cereus.
Bacilos gram-positivos não formadores de esporos
Os bacilos Gram-positivos anaeróbios não formadores de esporos apresentam uma grande variedade genotípica e fenotípica. Normalmente, esses microrganismos estão localizados na pele e na superfície das mucosas humanas. São patógenos oportunistas, isto é, causam doenças quando o indivíduo se encontra com sua imunidade baixa, as infecções provocadas por esse tipo de bactérias, normalmente, são endógenas e demandam fatores predisponentes. São encontrados com maior prevalência em infecções de feridas, cirúrgicas ou não, abscessos, peritonites ou infecções sistêmicas (TRABULSI, 2015).
Corynebacterium, Propionibacterium, Listeria, Erysipelothrix e espécies relacionadas
As bactérias do gênero Corynebacterium são aeróbicas ou anaeróbicas facultativas, imóveis e não são capazes de formar esporos, tendem a ser pleomórficas, isto é, possuem a capacidade de apresentar mais de uma forma, sua morfologia muitas vezes é modificada de acordo com a idade das células. Estima-se que exista mais de noventa espécies do gênero, dessas, 40 estão associadas com o surgimento de infecções em humanos e também em animais, entre as espécies patogênicas a mais conhecida é a Corynebacterium diphtheriae, agente que causa a difteria. As cepas de C. diphtheriae estão divididas em quatro subespécies, de acordo com a morfologia colonial e o perfil bioquímico: gravis, mitis, intermedius e belfanti.
A difteria é uma doença infecciosa respiratória que permanece sendo uma importante causa de morbimortalidade mundial. Após a colonização, o C. diphtheriae começa o processo infeccioso centrado no trato respiratório superior, com a distribuição de uma pseudomembrana branco-acinzentada, a qual se estende para as tonsilas, naso e orofaringe. Outras espécies do gênero incluem: Corynebacterium urealyticum; Corynebacterium pseudodiphtheriticum; Corynebacterium jeikeium e o Corynebacterium pseudotuberculosis (TRABULSI, 2015). Veja na figura 10, características das tonsilas de uma pessoa com difteria.
A prevenção da difteria é adquirida através da administração da vacina antidiftérica. É importante que a cobertura vacinal esteja sempre acima de 95%, em especial na população infantil, para evitar surtos e epidemias da doença.
Propionibacterium, é um bacilo gram-positivo, pleomórfico, as espécies desse gênero são encontradas na microbiota da pele, Propionibacterium acnes é a espécie que tem sido apontada como um dos principais agentes causadores da acne, outras espécies podem ser encontradas ocasionando infecções após cirurgias o uso de próteses. Além disso, pode ocasionar endocardites, sobretudo após a implantação de válvulas prostéticas (TRABULSI, 2015).
Listeria são bacilos, não formadores de esporos, grampositivos aeróbicos e anaeróbicos facultativos. Estão presentes em todo o mundo, normalmente estão presentes no intestino de mamíferos humanos e animais. Existem algumas espécies de Listeria, entre elas: Listeria monocytogenes, Listeria innocua, Listeria welshimeri, Listeria seeligeri, Listeria ivanovii, Listeria grayi, Listeria marthii, Listeria rocourtiae, Listeria denitrificans, Listeria fleischmannii, Listeria murrayi e Listeria weihenstephanensis (TRABULSI, 2015).
A Listeria monocytogenes é considerado o principal agente patogênico para os seres humanos. Listeria monocytogenes é uma bactéria que não apresenta cápsula e possui motilidade por meio dos seus flagelos. Apresenta-se como bastonetes pequenos, com terminações arredondadas e medindo entre 0,5 a 2 μm de comprimento e 0,5 μm de diâmetro.
É um patógeno oportunista, responsável por causar várias infecções graves em pessoas com sistema imunológico deficiente, gestantes, idosos e recém-nascidos. A doença ocasionada por esse microrganismo é chamada de listeriose, adquirida após a ingestão de alimentos contaminados, pode manifestar-se através de uma gastroenterite, ou através de doenças mais graves com a meningite, encefalite e septicemia. Alguns casos da doença têm sido causados por uma variedade de alimentos, tais como leite, queijos, manteiga, peixes defumados, salsichas, produtos à base de carne de peru,hortaliças e frutas, entre outros. Estima-se que desses alimentos, aproximadamente 32% dos casos podem ser causados pelo consumo de queijos ou produtos embutidos (TRABULSI, 2015).
Considerando que a listeriose é adquirida através do consumo de alimentos contaminados, sua prevenção consiste na conscientização indústria alimentícia para evitar a contaminação dos alimentos, e também das pessoas para que façam a correta higienização das frutas e vegetais crus antes de ingeri-los.
Erysipelothrix rhusiopathiae é um bacilo gram-positivo, anaeróbio facultativo, imóvel, também pleomórfo, sua morfologia muda de bastonetes curtos a longos filamentos em sua forma rugosa. Está distribuído no mundo todo, sendo comum ser encontrado estabelecendo uma relação de comensalismo no trato digestivo de mamíferos, principalmente de suínos, e aves (TRABULSI, 2015).
Nos suínos provoca a erisipela, conhecida por causar infecções cutâneas agudas ou crônicas, do tipo erisipeliforme ou com manifestações graves, como septicemia e artrite. Em seres humanos, a infecção acontece através de escoriações na pele e após contato ocupacional com carnes contaminadas. Após o surgimento da lesão, que normalmente ocorre nos dedos das mãos, inicia-se o período de incubação que dura em torno de dois a sete dias, quando começam a surgir pequenas lesões não purulentas, dor, edema e eritema.
No homem, a infecção é chamada de erisipeloide, além dos sintomas cutâneos, podem ocorrer linfangite, artrite adjacente e em casos raros, quando a bactéria consegue migrar para a corrente sanguínea pode causar endocardite, problemas neurológicos, entre outros. Para o tratamento da doença é utilizado alguns antibióticos como a penicilina, ampicilina, ceftriaxona e cefalotina, comumente a bactéria é resistente à vancomicina e aminoglicosídeos.
Finalizamos mais um capítulo, para que não fique dúvidas sobre o assunto que você acabou de estudar, vamos revisar todo o conteúdo. Nesse capítulo, você estudou sobre os principais tipos de bacilos gram positivos, no início foi falado sobre a coloração de gram que diferencia as bactérias gram positivas das gram negativas, em seguida, foi apresentado algumas características dos bacilos gram positivos formadores de esporos, são microrganismos que estão amplamente distribuído pelo ambiente, entre os gram-positivos formadores de esporos, os gêneros Clostridium, Bacillus, são citados como os mais importantes para microbiologia médica. Os endósporos são estruturas formadas quando o ambiente no qual as bactérias se encontram são pobres em água e nutrientes. A formação do esporo ocorre através do processo de diferenciação celular. Os Clostridium são microrganismos anaeróbicos obrigatórios. Esse tipo de gênero possui cerca de 150 espécies, sendo algumas delas patogênicas para humanos, normalmente são encontradas no solo e no intestino. Várias doenças estão associadas com as espécies desse gênero, Clostridium tetani, é um dos mais importantes, agente responsável pelo tétano, doença que provoca espasmos nos músculos, podendo ser localizado ou generalizado. As bactérias do gênero Bacillus são bastonetes que formam endosporos. É muito comum encontrar esse gênero no solo, apenas poucas espécies são patogênicas para os humanos. Estima-se que exista mais de 50 espécies do gênero, entre as espécies que causam doenças temos o Bacillus anthracis que causa o antraz. Também foram descritas as principais espécies dos bacilos gram positivos não formadores de esporos, esse tipo de bactéria apresenta uma grande variedade genotípica e fenotípica. Normalmente, estão localizados na pele e na superfície das mucosas humanas e são patógenos oportunistas, as infecções provocadas por esse tipo de bactérias, são endógenas e demandam fatores predisponentes.
Identificando as principais características de bacilos gram-negativos e algumas bactérias gram positivas
Bastonetes gram-negativos entéricos
Os bastonetes gram negativos entéricos são aqueles que afetam o trato digestivo e intestinal dos seres humanos. Inúmeros microrganismos possuem essa capacidade e causam diversas doenças que podem ser graves, caso não sejam tratadas. O quadro clínico das doenças gastrointestinais depende do agente etiológico que a provocou, os bacilos gram negativos entéricos incluem: Escherichia coli; Salmonella; Shigella, etc. Na maioria das vezes, a infecção com esses agentes acontece por meio do consumo de alimentos ou água contaminada (BROOKCS, 2014). Observe na figura 11 a ilustração do ciclo de contaminação pelos microrganismos.
Enterobacteriaceae, Salmonella, Shigella e grupo Salmonella-Arizona
A família Enterobacteriaceae corresponde a patógenos responsáveis por inúmeras doenças, estão entre os principais agentes causadores de infecção intestinal e infecção hospitalar. Existe uma diversidade de espécies que fazem parte desse grupo, formado por bacilos gram-negativos, que apresentam em sua estrutura celular membrana citoplasmática, espaço periplásmico, membrana externa e peptideoglicanas. São anaeróbicos facultativos, fermentadores de glicose e transformam nitrito em nitrato e metabolizam uma série de substâncias. Com frequência, causam infecções intestinais e não intestinais, como infecções do trato urinário, pulmão, pele, e sistema nervoso central. As infecções que ocorrem no intestino e fora dele pode permanecer local ou sistêmica. Entre os gêneros mais conhecidos da família enterobacteriaceae estão: Citrobacter; Edwardsiella; Enterobacter; Escherichia; Hafnia; Klebsiella; Morganella; Proteus; Providencia; Salmonella; Shigella; Serratia e Yersinia (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
Do gênero Citrobacter são conhecidas 11 espécies, mas a maioria são enteropatógenos, a citrobacter freudii, tem sido associada a infecções do trato urinário e respiratório e a e citrobacter diversus pode desenvolver casos de meningites em recémnascidos. O gênero Klebsiella possui duas espécies, K. oxytoca e K. pneumoniae, esta última apresenta, ainda, três subespécies: K. pneumoniae spp pneumoniae, K.pneumoniae spp rhinoscleromatis e K.pneumoniae spp ozaenae. Dessas, a K. pneumoniae mostrase como uma importante causa de pneumonias, e infecções em outros órgãos. É uma bactéria com relevância crescente nas infecções hospitalares e, comumente provoca infecções em pacientes imunodeficientes, tais como recém-nascidos, pacientes cirúrgicos, portadores de HIV, diabetes, pessoas com neoplasias, etc (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
Em hospitais, os índices de colonização por klebsiella pneumoniae, está relacioado com o tempo de internação do paciente. Alguns estudos mostram que diversos procedimentos invasivos como cateterismo vesical e a ventilação mecânica estão relacionados com a colonização por K. pneumoniae.
O gênero Salmonella é formado por bacilos gram-negativos, anaeróbicos facultativos, móveis e não formam esporos. Em relação ao tamanho desses microrganismos, podem variar de cerca de 0,7 a 1,5 μm de diâmetro e 2 a 5 μm de comprimento.
Essas bactérias provocam infecções no homem e em animais, em humanos, as salmonelas são responsáveis por causar várias infecções, sendo mais frequentes a gastroenterite e a febre tifoide. O gênero possui duas espécies: Salmonella entérica e Salmonella bongori, a primeira espécie, por sua vez, é subdividida em 6 subespécies (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
Dentro das subespécies, a Salmonella Thyphimurium, é capaz de provocar gastroenterites em humanos, quando invadem o organismo, através do consumo de alimentos contaminados, essas bactérias migram até a mucosa do intestino, aderindo-se as células desse órgão. Quando conseguem atravessar o epitélio, as bactérias são fagocitadas, por macrófagos, nesse momento, elas liberam uma enzima que provoca a morte dos macrófagos, o que faz com que a bactéria sobreviva (TRABULSI, 2015). Veja na figura 12, o mecanismo de invasão do epitélio intestinal por essa bactéria.
A febre tifoide é uma doença sistêmica que afeta humanos, principalmente, crianças, causada pelos patógenos Salmonella Typhi e Salmonella Paratyphi. Entreos sinais e sintomas da doença verifica-se a presença de febre, dor de cabeça, dor abdominal, diarreia ou constipação, podendo evoluir e causar prejuízos respiratórios, hepáticos e neurológicos. Quando tratada, de forma adequada, a mortalidade não chega a 1%, mas caso a doença não tenha tratamento adequado a taxa de mortalidade pode evoluir para até 20%.
Diferente dos demais gêneros estudados, todas as espécies do gênero Shigella são patogênicas, causam doenças no homem e dificilmente infectam animais. O gênero é formado por quatro espécies Shigella dysenteriae, Shigella flexneri, Shigella boydii e Shigella sonnei. Essas bactérias provocam uma doença conhecida como shigelose, infecção aguda intestinal, considerada endêmica, com uma alta prevalência em crianças e em países em desenvolvimento, com condições sanitárias deficientes. Quando alimentos contaminados pela Shigella são consumidos, as bactérias logo invadem o epitélio do cólon intestinal, provocando uma intensa inflamação que caracteriza a doença (TRABULSI, 2015).
Alguns estudos apontam que a Shigella é muito infecciosa, sendo necessários apenas de dez a cem bactérias para causar a infecção. O período de incubação varia, em média, de 1 a 3 dias, com exceção para S. dysenteriae tipo 1 que varia de 5 a 7 dias. As formas mais simples da shigelose não necessitam de tratamento com antibióticos, normalmente a cura acontece de forma espontânea, sendo importante apenas ingesta de líquidos e eletrólitos para prevenir a sua perda. Em casos graves, é necessário o uso de antibióticos para prevenir complicações da doença, em crianças desnutridas, por exemplo, é essencial o tratamento com antibioticoterapia.
A Salmonella Arizona é uma bactéria que faz parte da subespécie Salmonella entérica. Normalmente causa infecções em répteis, mas em casos incomuns pode infectar seres humanos, principalmente, crianças ou pessoas com sistema imunológico deficiente. Quando acomete humanos, pode desencadear doenças como gastroenterites, peritonites, pleurite, etc.
Bactérias gram-negativas
Está lembrado do capítulo anterior, quando você estudou sobre a bactérias gram positivas e gram negativas? Vamos revisar um pouco sobre as gram negativas, agora. As bactérias gram negativas são aquelas que não conseguem assumir a cor violeta escuro ou púrpura após a coloração de Gram, mas conseguem assume a cor rosa ou vermelha, quando coradas com a safranina, além da diferença na coloração as bactérias gram negativas, possuem muitas diferenças das gram-positivas.
As bactérias gram-negativas formam um grande grupo de microrganismos, muitos deles são patogênicos, a exemplo dos bacilos que foram descritos nos tópicos anteriores. A maioria são bactérias encapsuladas, dotadas de membrana externa e complexa parede celular, o que as tornam mais resistentes, veja a seguir no tópico abaixo, alguns exemplos de bactérias gram-negativas
Pseudomonas e Acinetobacter
Pseudomonas é um gênero formado por um vasto grupo de bactérias gram-negativas, aeróbicas, não fermentadoras. Frequentemente está associada a colonização e infecção hospitalar. Uma das mais importantes espécies do gênero é a Pseudomonas aeruginosa, encontrada no solo, agua animais, etc. Apresenta-se em forma de bacilo, medindo cerca de 0,5 a 0,7 μm de espessura e 1,5 a 3,0 μm de comprimento, não são esporulados e possuem motilidade através de um único flagelo polar. É um patógeno oportunista, por isso, dificilmente ocasiona infecções em pessoas saudáveis, por outro lado, é apontado como um dos principais responsáveis por desencadear infecções em pacientes imunocomprometidos, (vítimas de traumas, cirurgias, queimaduras, uso de cateter prolongado, prematuros, idosos, uso de corticoides, radiação, diabetes, neoplasias, etc.) (BROOCKS, 2014; TORTORA 2012; TRABULSI, 2015).
Normalmente, possui resistência adquirida a muitos antibióticos, o que justifica sua difícil erradicação da infecção e consecutivos fracassos terapêuticos. Está relacionado com o surgimento de infecções em diversas partes do corpo humano, por possuir fímbrias, pode aderir-se com facilidade a outras células.
Pseudomonas aeruginosa consegue desenvolver-se dentro de um ser humano sem lhes causar danos até que forme um biofilme que ataca o sistema imunológico do hospedeiro. As bactérias que são capazes de formar biofilme colonizam os pulmões de pacientes com fibrose cística e são uma das principais causas de morte nesses pacientes.
O gênero Acinetobacter é formado por cocobacilos gramnegativos, não esporulados, não fermentadores, aeróbios e imóveis. A maioria das espécies desse gênero consegue crescer em condições extremas, contendo uma simples fonte de carbono e energia. Atualmente, são conhecidas 31 espécies do gênero, dessas, o Acinetobacter baumannii é o principal para a clínica médica. Acinetobacter baumannii, é também um patógeno oportunista, associado a infecções hospitalares, normalmente, coloniza membranas e mucosas que apresentam feridas e dificilmente é encontrado na microbiota normal da pele. Pacientes internado em hospitais com imunidade comprometida, tem sido alvo desse patógeno (BROOCKS, 2014; TORTORA 2012; TRABULSI, 2015).
Nestes pacientes, os principais locais colonizados são o sistema respiratório, sistema nervoso central, sistema urinário, ferida cirúrgica e os olhos. Um fato importante do Acinetobacter está na sua capacidade de desenvolver mecanismos de resistência contra os principais grupos de antibióticos disponíveis. Com muita facilidade a Acinetobacter baumannii apresentar resistência aos beta-lactâmicos de amplo espectro e aos aminoglicosídeos, o que dificulta o tratamento das infecções ocasionadas por essas bactérias.
Estafilococos, estreptococos e enterococos
Os estafilococos são cocos gram-positivos, anaeróbios facultativos e imóveis. A espécie mais importante conhecida é a Staphylococcus aureus, uma característica particular dessa espécie consiste na sua capacidade de sobreviver e crescer em ambientes com alta pressão osmótica e baixa umidade. Essa bactéria produz muitas toxinas que favorecem a sua capacidade de invadir o corpo e provocar danos, elevando a sua patogenicidade (BROOCKS, 2014; TORTORA 2012; TRABULSI, 2015).
Ao longo do tempo, o Staphylococcus aureus conseguiu desenvolver resistência a vários antibióticos comercializados, o que dificulta o tratamento em pacientes acometidos com essa bactéria. Antibióticos como a penicilina e vancomicina são alguns exemplos.
É encontrada com facilidade em humanos, estabelecendo uma relação de comensalismo, ou seja, gerando benefícios para a bactéria, mas sem causar prejuízos para o hospedeiro, porém, em situações específicas, onde acontece diminuição da imunidade, pode tornar-se um parasita, o que o faz um patógeno oportunista. A cavidade nasal é a região do corpo que é mais propícia para a colonização de Staphylococcus aureus, outros locais como as axilas, vagina, faringe e nas mãos. As infecções provocadas por esse tipo de bactéria podem levar a endocardite, meningite, osteomielite, pneumonia, infecções dos tecidos cartilaginosos, etc. (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015). Veja na figura 13, a representação de uma colônia de Staphylococcus aureus.
Os estreptococos são cocos gram-positivos esféricos, anaeróbicos facultativos, que normalmente, aparecem em cadeias, o gênero Streptococcus é o que tem apresentado maior importância clínica. Muitos fazem parte da microbiota normal humana, são encontrados, principalmente, nas vias aéreas superiores e trato intestinal. Algumas espécies são patogênicas, e outras são patógenos oportunistas. Os patogênicos produzem diversas substâncias que favorecem a sua patogenicidade, tais como enzimas que destroem as células fagocitárias, que os ingerem. As enzimas liberadas por algumas espécies de Streptococcus espalham infecções ao destruir o tecido conjuntivo do hospedeiro, levando a um prejuízo significativo para os tecidos. As espécies mais conhecidas desse gênero são: Streptococcus agalactiae; Streptococcus pneumoniae, e Streptococcus pyogenes. O Streptococcus pneumoniae,é um agente bastante conhecido responsável por ocasionar doenças como a pneumonia, meningite, bacteremia, otite e sinusite (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015). Observe na figura 14 uma cadeia de Streptococcus.
Os enterococos são formados por cocos gram-positivos que formam cadeias curtas e são anaeróbicos facultativos. O gênero Enterococcus, apresenta atualmente, cerca de 50 espécies, em seres humanos, as espécies Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium são as mais encontradas ocasionado infecções em algumas regiões do organismo, tais como o trato gastrintestinal, a vagina e a cavidade oral. Muitas vezes, são encontrados também nas fezes humanas, em ambientes hospitalares, mãos, etc. São muito resistentes a uma grande quantidade de antibióticos (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
[[Resumindo]]: Chegamos ao final de mais uma unidade, aprendeu tudo que viu nesse capítulo? Vamos ao resumo dele. Nesse capítulo, você estudou sobre alguns bacilos gram-negativos e alguns bacilos gram-positivos. No início, foi apresentado algumas características dos bastonetes gram negativos entéricos que são aqueles que afetam o trato digestivo e intestinal dos seres humanos. Inúmeros microrganismos possuem essa capacidade e causam diversas doenças que podem ser graves, caso não sejam tratadas. O quadro clínico das doenças gastrointestinais depende do agente etiológico que a provocou. Algumas bactérias como Enterobacteriaceae, Salmonella e Shigella foram descritas com maiores detalhes. A família Enterobacteriaceae corresponde a patógenos responsáveis por inúmeras doenças, estão entre os principais agentes causadores de infecção intestinal e infecção hospitalar. O gênero Salmonella é formado por bacilos gramnegativos, anaeróbicos facultativos, móveis e não formadores de esporos, as salmonelas são responsáveis por causar várias infecções, sendo mais frequentes a gastroenterite e a febre tifoide. O gênero possui duas espécies: Salmonella entérica e Salmonella bongori, a primeira espécie, por sua vez, é subdividida em 6 subespécies. Também foi apresentado outros agentes bacterianos como Pseudomonas e Acinetobacter, patógenos oportunistas que causam infecções em diferentes regiões do corpo. Por último, vimos algumas características dos estafilococos, estreptococos, e enterococos, que são bactérias gram-positivas responsáveis por inúmeras doenças em humanos, tais como pneumonia, meningite, otites, etc.
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