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Unidade 3 -Microbiologia

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Unidade 3 -Microbiologia
Identificando algumas características dos fungos e as principais doenças que causam
Classificação, crescimento e isolamento dos Fungos
O estudo dos fungos é chamado de micologia, nas unidades anteriores você já estudou algumas características dos fungos, está lembrado? vamos relembrar algumas particularidades desses seres.
Os fungos são organismos eucarióticos, podem ser unicelulares ou multicelulares, alguns são microscópicos e outros macroscópicos, é muito comum nos depararmos com os fungos no nosso dia-a-dia, alguns exemplos citados nas unidades 1 e 2 mostram que eles são os responsáveis pelo mofo das roupas, pela decomposição da matéria orgânica, alguns são utilizados na culinária, na fabricação de alimentos e medicamentos, mas nem tudo são flores, os fungos também são responsáveis por provocar inúmeras doenças em humanos como veremos no decorrer deste capítulo.
Mais de 100 mil espécies de fungos já foram identificadas, os mais conhecidos são: leveduras, bolores e cogumelos. As Leveduras estão vastamente espalhadas pela natureza, certamente você já as observou como um pó branco que cobre frutas e folhas, são unicelulares e não filamentosos. Os bolores são multicelulares e microscópicos, porém quando crescem em colônia é possível enxerga-los a olho nu. É formado por vários filamentos chamados de hifa, o conjunto de hifas forma um micélio (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Assim como todos os seres vivos, para conseguirem crescer e se desenvolver os fungos precisam de nutrientes. Para que consigam se desenvolver, os fungos nutrem-se através de 3 formas diferentes, podem ser saprófitos quando se alimentam da matéria orgânica, geralmente em decomposição, parasitas quando vivem em outros organismos vivos, ocasionando prejuízos para o hospedeiro e simbiontes quando se desenvolvem em outros organismos, mas através de uma relação benéfica para ambos (TRABULSI, 2015).
Para o seu desenvolvimento, os fungos exigem, de preferência, carboidratos simples como a D-glicose. Entretanto, outros açúcares como sacarose, maltose e fontes de carbono mais complexas como amido e celulose também podem ser utilizados. Substâncias nitrogenadas inorgânicas como, sais de amônia ou nitratos, ou orgânicas, como as peptonas e sais minerais como sulfatos e fosfatos, também são necessárias. Oligoelementos como ferro, zinco, manganês, cobre, molibdênio e cálcio são exigidos, porém em pequenas quantidades (TRABULSI, 2015 p. 557).
A maioria dos fungos crescem na presença de fontes simples de nitrogênio e carboidrato. O meio de cultura utilizado com frequência na micologia para o isolamento dos fungos é o ágar de Sabouraud que possui glicose e carbono na sua composição. No entanto, outros meios de cultura, também podem ser utilizados como ágar inibidor de bolores. No processo de crescimento dos fungos alguns fatores são importantes e podem interferir no seu desenvolvimento, tais como a umidade, a temperatura, o pH, etc. (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
Em condições ideais, a umidade relativa do ar para o desenvolvimento dos fungos devem ser em torno de 75 a 95%, mas eles também conseguem se desenvolver em lugares com teores baixos de umidade. A temperatura para seu crescimento varia de acordo com as espécies, desse modo, envolve uma larga faixa. Os fungos de importância clínica, geralmente apresentam temperatura ótima entre 20°C e 30°C, e um pH em torno de 5,6 é ótimo para o crescimento deles. O crescimento dos fungos é demorado, uma cultura geralmente precisa de 7 a 15 dias de incubação (TRABULSI, 2015).
No cultivo de fungos clínicos por meio de amostras que não são estéreis, são acrescentados antibióticos para impedir que bactérias e fungos bolores saprófitos também cresçam.
Micoses
As doenças ocasionadas pelos fungos são chamadas de micoses, você já teve alguma micose? acredito que se você nunca teve algum tipo de micose, pelos menos já presenciou alguém com alguma micose ou escutou esse termo. Um exemplo bastante comum de micoses são as “frieiras” que surgem entre os dedos dos pés.
As micoses são doenças crônicas, ou seja, de longa duração, isso acontece devido ao lento crescimento dos fungos. Esses organismos atuam causando três tipos de doenças nas pessoas: alérgicas, tóxicas e infecciosas. As alergias são frequentemente percebidas em pessoas expostas a ambientes úmidos, o que favorece o crescimento dos fungos saprofíticos e liberação de esporos e conídios por eles no ar. Durante o inverno, por exemplo, é bastante comum o aumento na incidência e prevalência de algumas doenças respiratórias tais como a asma e a rinite, justamente por conta da exposição ao alergênio.
As infecções fúngicas podem ser classificadas de 5 formas diferentes: sistêmica, subcutânea, cutânea, superficial e oportunista. As micoses superficiais são ocasionadas por fungos que podem ser encontrados nos fios de cabelos e em células da epiderme. As micoses oportunistas são aquelas causadas por fungos oportunistas, ou seja, que acometem indivíduos que estão com o sistema imunológico prejudicado (TORTORA, 2012).
Um exemplo de fungo oportunista que você já deve ter ouvido falar é o candida, que desencadeia uma famosa doença conhecida como candidíase, bastante comum entre as mulheres. A espécie mais conhecida desse gênero é o candida albicans, estima-se que cerca de 75% das mulheres já foram acometidas por esse tipo de fungo. Indivíduos imunocomprometidos são mais susceptíveis a infecções por candida albicans, esse fungo frequentemente também afeta a cavidade oral, ocasionando a candidíase oral, veja na figura 1 a demonstração de uma pessoa com candidíase oral (TORTORA, 2012).
As micoses cutâneas são aquelas que acometem a pele, couro cabeludo e unhas, são causadas por fungos dermatófitos, esse tipo de fungo degrada a queratina, proteína encontrada na pele, cabelos e unhas. A transmissão desse tipo de micose acontece pelo contato com pessoas ou animais infectados ou pelo contato direto com materiais contaminados. Entre os sinais e sintomas mais comuns das micoses cutâneas verifica-se a presença de prurido, descamação, lesões arredondadas na pele, unhas espessadas e opacas e pelos tonsurados (MURRAY, 2014; TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
As micoses subcutâneas referem-se as micoses que ocorrem em tecidos mais profundos da pele, geralmente são contraídas por meio de acidentes com materiais contaminados com certos tipos de fungos, os quais são encontrados no solo e vegetação. Esses fungos podem causar abcessos e úlceras difíceis de serem cicatrizadas. Um exemplo de micose subcutânea é a esporotricose (MURRAY, 2014; TRABULSI, 2015).
A esporotricose é uma micose causada pelo fungo universal da espécie Sporothrix spp, comum em locais de clima tropical e subtropical. Afeta homens e animais, nos seres humanos, a infecção geralmente é restrita à pele, porém em alguns casos pode espalhar-se através da corrente sanguínea e atingir outros órgãos.
As micoses sistêmicas, como o próprio nome já diz são infecções que acontecem em todo o corpo, podendo prejudicar tecidos e órgãos, sem ficar limitada a uma certa região. Um exemplo de micose sistêmica é a histoplasmose, doença causada pelo Histoplasma capsulatum que afeta, principalmente, os pulmões e é bastante semelhante a tuberculose. As micoses sistêmicas não são contagiosas entre humanos (TORTORA, 2012).
A doença tóxica acontece quando ocorre o consumo de alimentos contaminados com fungos que produzem micotoxinas, ou através de consumo de fungos macroscópicos que são venenosos.
Ascomicetos
Os ascomicetos são fungos septados e incluem alguns tipos de leveduras, são chamados de fungos de saco por conta de sua morfologia, os ascomicetos pertencem ao filo Ascomycota, o maior grupo do reino Fungi. Podem ser saprófitos, parasitas ou simbiontes. Normalmente, estão presentes na água e no solo (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
A principal característica dos ascomicetos é a presença de um asco, estrutura onde são produzidos os ascósporos, que são esporos de origem sexuada, sua formação acontecea partir da fusão de dois núcleos de duas células. A maioria das espécies patogênicas para o homem são: Hemiascomycetes, Loculoascomycetes e Plectomycetes (TRABULSI, 2015).
A reprodução assexuada acontece por meio dos conídios, produzidos através do conidióforo. A palavra conídio denota pó, esses esporos são com facilidade liberados da cadeia formada no conidióforo ao menor contato e flutuam no ar como poeira (TORTORA, 2012). Veja na figura 2 a representação da reprodução assexual de um ascomiceto.
Figura 2 – Ciclo da reprodução assexual de um ascomiceto
Na reprodução sexual, a partir do micélio vegetativo desenvolvido, ocorre a plasmogamia, ou seja, união do citoplasma de duas células, logo em seguida acontece a cariogamia, união dos dois núcleos, depois acontece meiose e mitoses, na etapa seguinte o asco abre-se para liberação dos ascósporos e finalizando o ciclo, o ascósporo germina para produzir a hifa (TORTORA, 2012).
Hipersensibilidade a Fungos
Frequentemente, as pessoas são expostas a esporos e conídios que estão presentes no ar, as vias respiratórias são as mais afetadas por essas partículas. A hipersensibilidade aos fungos é manifestada nas pessoas através de doenças respiratórias, a asma, rinite e a sinusite, por exemplo, são comumente relacionadas a hipersensibilidade a estes microrganismos (BROOCKS, 2014).
Com frequência, essas partículas possuem potentes antígenos de superfície, capazes de estimular e desencadear reações alérgicas pronunciadas. Tais respostas de hipersensibilidade não exigem o crescimento nem mesmo a viabilidade do fungo indutor, embora em alguns casos (aspergilose broncopulmonar alérgica) possam ocorrer simultaneamente infecção e alergia (BROOCKS, 2014, p. 711).
O diagnóstico da alergia ocasionada por fungos é realizado a partir de testes laboratoriais, o teste cutâneo com extratos fúngicos é bastante utilizado para esta finalidade, além disso a realização de provas sorológicas para comprovação de IgE específica, testes de provocação e pesquisa de fungos no ambiente frequentado pelo paciente também são realizados (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
O tratamento para este tipo de alergia, consiste em evitar se expor ao alergênio agressor, uso de corticosteroides e tentativa de dessensibilização do paciente.
Micotoxinas e Quimioterapia Antifúngica.
Micotoxinas são metabólitos tóxicos liberados por fungos microscópicos, que resulta em uma micotoxicose que são as intoxicações resultantes da ingestão de alimentos contaminados com micotoxinas. Quando a intoxicação acontece devido ao consumo de fungos macroscópicos é chamada de micetismos.
Estima-se que existe em torno de 250 mil espécies de fungos, dessas apenas 300 são produtoras de micotoxinas, sendo 30 responsáveis por quadros micotoxicológicos (TRABULSI, 2015). As principais espécies que produzem toxinas fazem parte dos gêneros: Aspergillus, Penicillium, Fusarium, Claviceps, Pithomyces, Myrothecium, Stachybotrys, Phoma e Alternaria (TRABULSI, 2015).
As micotoxinas são substâncias produzidas por fungos filamentosos, no qual o seu consumo, contato ou inalação, pode resultar em doenças ou até mesmo provocar o óbito. Você já comeu algum cogumelo? saiba que alguns tipos de cogumelos são venenosos e mesmo o seu cozimento não é capaz de eliminar o efeito das toxinas presentes nele, podendo gerar danos no fígado, rins ou mesmo ser fatal. As micotoxinas também são consumidas juntamente de alimentos contaminados por fungos microscópicos, tais como vegetais, grãos e cereais.
O grau de intoxicação pelas micotoxinas depende da quantidade que é ingerida ou inalada, de acordo com isso a toxicidade pode ser aguda, crônica, mutagênica ou teratogênica. Na intoxicação aguda pode ser percebido danos no fígado e nos rins, sendo muitas vezes fatal. A crônica pode induzir o câncer, principalmente, hepático. Algumas intervêm na replicação do DNA e, como resultado causam implicações mutagênicas e teratogênicas (TRABULSI, 2015).
No passado, intoxicações fúngicas foram responsáveis por ocasionar grandes epidemias no homem e também em animais. O ergotismo, foi a maior delas, sendo responsável por inúmeras mortes na Europa. A doença ocasiona vasoconstricção podendo resultar em isquemia dos vasos sanguíneos. A epidemia foi relacionada ao consumo de pão preparado com farinha de centeio contaminada com Claviceps purpúrea e Claviceps paspali.
O tratamento das infecções fúngicas costuma ser longo por conta do demorado crescimento dos fungos, alguns fármacos são utilizados durante o tratamento, mas a maioria apresenta algumas limitações, como acentuados efeitos colaterais, estreito espectro antifúngico, e pouca penetração em determinados tecidos (BROOCKS, 2014).
Os fármacos utilizados no tratamento compreendem os polienos: anfotericina B e nistatina. No entanto, a nicomicina, pradimicina e sordarina também são utilizados.
As classes de fármacos atualmente disponíveis consistem em polienos (anfotericina B e nistatina), que se ligam ao ergosterol na membrana celular; a flucitosina, um análogo da pirimidina; os azóis e outros inibidores da síntese do ergosterol, como as alilalaminas; as equinocandinas, que inibem a síntese da β-glucana da parede celular; e a griseofulvina, que interfere na organização dos microtúbulos (BROOCKS, 2014, p. 32).
E então? ficou alguma dúvida sobre os fungos? vamos revisar algumas características desses seres. Os fungos são organismos eucarióticos, podem ser unicelulares ou multicelulares, alguns são microscópicos e outros macroscópicos. Mais de 100 mil espécies de fungos já foram identificadas, os mais conhecidos são: leveduras, bolores e cogumelos. As Leveduras estão vastamente espalhadas pela natureza, são unicelulares e não filamentosos. Os bolores são multicelulares e microscópicos, porém quando crescem em colônia é possível enxergá-los a olho nu. Os fungos são formados por vários filamentos chamados de hifa, o conjunto de hifas forma um micélio. Para que consigam se desenvolver, os fungos nutremse através de 3 formas diferentes, podem ser saprófitos quando se alimentam da matéria orgânica geralmente em decomposição, parasitas quando vivem em outros organismos vivos, ocasionando prejuízos para o hospedeiro e simbiontes quando se desenvolvem em outros organismos, sem gerar prejuízos. As doenças ocasionadas pelos fungos são chamadas de micoses. As micoses são doenças crônicas, ou seja, de longa duração, isso acontece devido ao lento crescimento dos fungos. Esses organismos atuam causando três tipos de doenças nas pessoas: alérgicas, tóxicas e infecciosas. As alergias são frequentemente percebidas em pessoas expostas a ambientes úmidos, o que favorece o crescimento dos fungos saprofíticos e liberação de esporos e conídios por eles no ar. Frequentemente, as pessoas são expostas a esporos e conídios que estão presentes no ar, as vias respiratórias são as mais afetadas por essas partículas. A hipersensibilidade aos fungos é manifestada nas pessoas através de doenças respiratórias, a asma, rinite e a sinusite, por exemplo, são comumente relacionadas a hipersensibilidade a estes microrganismos. As infecções fúngicas podem ser classificadas de 5 formas diferentes: sistêmica, subcutânea, cutânea, superficial e oportunista. As micoses superficiais são ocasionadas por fungos que podem ser encontrados nos fios de cabelos e em células da epiderme. As micoses oportunistas são aquelas causadas por fungos oportunistas, ou seja, que acometem indivíduos que estão com o sistema imunológico prejudicado. O tratamento das infecções fúngicas costuma ser longo por conta do demorado crescimento dos fungos.
Caracterizando os vírus
Introdução aos vírus, definição, origem e classificação dos vírus
Durante a unidade 2 descrevemos algumas características dos vírus, está lembrado? Se não, não se preocupe, neste capítulo e no próximo estudaremos exclusivamente e detalhadamente sobre eles, vamos lá.
Como discorremos na unidade 2, os vírus são microrganismos muito pequenos, os menores que existe, possíveis de serem vistos apenas através damicroscopia eletrônica, são também acelulares, isto é, não possuem células, diferente dos demais microrganismos, bactérias, fungos, protozoários, etc.
Você já teve alguma doença viral? Algumas delas, como a gripe é bastante comum entre a população. Apesar das doenças virais existirem há séculos, durante muito tempo os vírus ficaram sem ser estudados, o que causou a morte de milhões de pessoas ao longo dos anos. Somente em 1935, o químico norteamericano Wendell Stanley, isolou pela primeira vez, o vírus do mosaico do tabaco, sendo possível a realização do seu estudo (TORTORA, 2012).
A descoberta de alguns deles ainda é recente, o HIV e o coronavírus, por exemplo, só foram descobertos na década de 1990 e 1980 (TORTORA, 2012). Uma vez ou outra, esses “seres” acelulares nos assustam, causando epidemias que são responsáveis pela morte de milhares de pessoas. O mais recente descoberto é o COVID-19, um subtipo da família coronavírus, identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, na China, responsável por ocasionar uma pandemia que até o momento não foi controlada, ocasionando milhares de mortes.
Os vírus são acelulares, parasitas intracelulares obrigatórios, possuem apenas um tipo de ácido nucleico, que pode ser o DNA ou RNA, alguns são envolvidos por uma capa proteica, chamada de capsídeo e por uma membrana lipídica, denominada envelope.
Embora muitas pesquisas sejam realizadas, ainda não há um consenso sobre os vírus serem seres vivos ou não, alguns pesquisadores o consideram como seres vivos, outros não, pois são inativos fora de células hospedeiras, o que o faz um parasita intracelular obrigatório. Dessa forma, eles podem ser organismos vivos ou não, dependendo do ambiente onde se encontram (TORTORA 2012).
Os vírus são classificados de acordo com várias características que podem variar de acordo com cada grupo. Atualmente, a determinação da sequência do genoma é utilizada para identificação inicial do vírus. Eles são classificados de acordo com sua morfologia, tamanho, forma, tipo de simetria, presença ou ausência de membranas, tipo de ácido nucleico, número de fitas, propriedade antigênicas, propriedade das proteínas virais, abrangendo o número, tamanho e funções estruturais das proteínas, etc. (BROOCKS, 2014).
Estrutura Viral e composição química dos vírus
Existe uma grande diversidade de vírus e eles variam bastante na sua estrutura e organização. São microrganismos que apresentam uma estrutura bastante simples quando comparados a microrganismos que possuem células. Os vírus são formados basicamente por um tipo de ácido nucleico, que estão envolvidos por uma membrana formada por proteínas, chamada de capsídeo, em alguns casos, também pode estar presente uma membrana lipoproteica, denominada envoltório ou envelope (TRABULSI, 2015). Observe na figura 3 a estrutura de um vírus.
O envelope tem como função envolver a partícula viral, é a estrutura mais externa, nem todos os vírus possuem essa estrutura, apenas os mais desenvolvidos, o envelope é formado por uma membrana que contém lipídeos e é adquirido durante a maturação viral (BROOCKS, 2014). É facilmente rompido quando exposto a soluções ácidas, como detergentes e éter, resultando na inativação do vírus e de sua capacidade infecciosa (MURRAY, 2014; TRABULSI, 2015).
Figura 3 – Estrutura viral
Esta é a explicação científica para a importância da higienização das mãos e das superfícies quando são expostos a determinados tipos de vírus, o COVID-19, por exemplo é um vírus que apresenta envelope e quando submetidos a estas soluções é inativado, perdendo a sua capacidade infecciosa.
O capsídeo é uma membrana formada por proteínas que engloba o ácido nucleico. É uma estrutura bastante rígida o que faz com que o vírus seja capaz de resistir a condições ambientais extremas (MURRAY, 2014). O capsídeo é formado por unidades menores chamadas de capsômeros, que pode variar em quantidade de acordo com cada espécie viral (TRABULSI, 2015).
De acordo com a morfologia do capsídeo, os vírus podem ser classificados em: icosaédricos, helicoidais e de estrutura complexa. Os icosaédricos recebem esse nome porque sua estrutura é semelhante a um polígono icosaedro com 20 lados em forma de triângulo, os adenovírus e os herpesvírus são alguns exemplos. Veja na figura 3 o modelo e a microscopia eletrônica do adenovírus (TRABULSI, 2015).
Um fato importante sobre os vírus icosaédricos é que eles não apresentam necessariamente morfologia icosaédrica, e pode mostrar-se através de morfologias distintas, desde que mantenham a simetria icosaédrica (TRABULSI, 2015).
Nos vírus helicoidais, o ácido nucleico fica no interior do capsômero, o vírus da raiva e influenza fazem parte dessa classificação, são vírus que podem ser rígidos ou flexíveis. Os vírus de estrutura complexa são os que apresentam estruturas que os icosaédricos e os helicoidais não apresentam, os bacteriófagos, por exemplo, são vírus de estrutura complexa (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Os bacteriófagos geralmente apresentam uma cabeça em formato de polígono, com estruturas adicionais, que incluem uma cauda, com bainha contrátil, placa basal, fibras e outras estruturas (TRABULSI, 2015).
Como já mencionamos e você já sabe, os vírus possuem, apenas um tipo de ácido nucleico, que pode ser ou o DNA ou o RNA, o ácido nucleico é o responsável por carregar as informações genéticas para sua propagação. O DNA e o RNA podem apresentar formato de fita simples ou dupla. Dessa forma, os genomas virais podem ser classificados em quatro tipos: DNA fita dupla; DNA fita simples; RNA fita dupla e RNA fita simples. A quantidade de ácido nucléico em um vírus pode variar de 2.000 a 2,5 milhões de bases ou pares de bases (TRABULSI, 2015).
As proteínas virais apresentam diversas funções importantes. A principal delas é colaborar com a transferência do ácido nucleico do vírus de uma célula hospedeira para outra. Além disso, ajudam a proteger o genoma viral contra o bloqueio por nucleases, cooperam no encaixe da partícula viral a uma célula apta e são as que dão formato a simetria estrutural da partícula viral (BROOCKS, 2014).
Alguns tipos de proteínas virais, as de superfície, por exemplo, apresentam algumas atividades específicas como aglutinação
Cultivo, ensaio e identificação dos vírus
Uma particularidade dos vírus é que eles não possuem a capacidade de se multiplicar em ambiente extracelular, o que dificulta a sua identificação. Outra característica sobre os vírus, é que eles também não se multiplicam em meios de cultura laboratoriais, necessitando permanecer, obrigatoriamente, associados a células vivas.
Os laboratórios cultivam os vírus com objetivo de analisar minuciosamente o comportamento e replicação viral. O crescimento celular in vitro é primordial para a caracterização dos vírus. Quando os vírus são cultivados em animais, normalmente são utilizados três métodos: uso de animais, ovos embrionados e cultura celular (TORTORA, 2012).
Alguns vírus só podem ser cultivados em animais como camundongos, coelhos e cobaias. A maioria dos estudos para avaliar a resposta imune contra infecções virais também é realizada em animais infectados. A inoculação de animais pode ser utilizada como um procedimento diagnóstico para a identificação e o isolamento de um vírus a partir de amostras clínicas. Após ser inoculado com o espécime clínico, o animal é observado quanto ao aparecimento de sinais de doença ou é sacrificado para que seus tecidos possam ser analisados à procura de partículas virais (TORTORA, 2012, p. 377).
Determinados vírus que afetam humanos não conseguem se multiplicar em animais, as vezes conseguem se multiplicar, porém não causam doença. Isso explica porque o entendimento e a cura para alguns tipos de vírus ainda não foram conhecidos, para o vírus da Aids, por exemplo, ainda não foi descoberto um modelo animal que seja possível analisar a atividade do vírus e o efeito de drogas in vivo.
Uma subespécie do HIV pode infectar os chimpanzés, porém, os sintomas da doença não são percebidos nesses animais, edessa forma, não podem ser utilizados para o estudo dos efeitos da multiplicação dos vírus ou no tratamento da Aids. Algumas pesquisas realizam o desenvolvimento de vacinas que sejam eficazes contra a doença, algumas, inclusive, estão sendo testadas em humanos, mas a evolução da doença é muito lenta, o que pode demorar anos para verificar sua eficácia.
Quando os vírus conseguem se multiplicar em ovos embrionados, esse é um método conveniente e barato para o cultivo de alguns vírus animais. Nesse método, é realizado uma perfuração na casca do ovo embrionado, e então é injetado uma suspensão viral dentro do ovo (TORTORA, 2012).
Certamente você já tomou alguma vacina, não é mesmo? Durante as vezes que você foi vacinado lembra de alguma vez ser questionado se você possui alergia a ovo? a explicação para essa pergunta é justificada pelo fato de muitas vacinas serem desenvolvidas utilizando ovos embrionados, e dessa forma, podem apresentar proteínas que estão presentes no ovo.
As culturas de células têm sido bastante utilizadas para o cultivo de muitos vírus e consistem em células que se dividem em meio de cultura em laboratório.
A obtenção de uma linhagem celular é iniciada com o tratamento enzimático de fragmentos do tecido animal para separação das células. As células isoladas são suspensas em uma solução com pressão osmótica, nutrientes e fatores de crescimento necessários ao seu desenvolvimento. As células normais tendem a aderir ao recipiente de plástico ou vidro e se reproduzem formando uma monocamada. A infecção viral dessa monocamada muitas vezes causa a sua destruição à medida que os vírus se multiplicam (TORTORA, 2012, p. 378).
O crescimento celular in vitro é primordial para a caracterização dos vírus. Os vírus se multiplicam de duas formas diferentes: culturas primárias e culturas continuas. O tipo de cultura celular utilizado para cultura de vírus depende da sensibilidade das células a determinado vírus (BROOCKS, 2014; TORTORA, 2012).
Os vírus isolados podem ser identificados a partir de diversas técnicas laboratoriais. Para isso, alguns métodos são utilizados, entre eles métodos sorológicos e moleculares, nos sorológicos, o vírus é detectado e identificado por sua reação com anticorpos. Entre os métodos moleculares, a reação em cadeia da polimerase pode ser utilizada, com este método foi possível identificar o coronavírus associado a síndrome respiratória aguda grave na China, em 2002 (TORTORA, 2012).
Genética, Replicação e transmissão dos vírus
O estudo da genética é um importante instrumento para conhecer a estrutura e a função do genoma viral, assim como seu desempenho no processo infeccioso e desenvolvimento da doença.
A genética viral atua colaborando com o desenvolvimento de vacinas que sejam mais eficazes. Muitas vezes, algumas infecções virais passam por repetidas recidivas ou permanecem na presença de anticorpos. A avaliação genética pode contribuir com a identificação dos processos específicos dos vírus passíveis de atuar como alvos prontos para o desenvolvimento da terapia antiviral.
Por mais que os vírus sejam geneticamente diferentes, isto é, diferem na quantidade de genes que possuem, o genoma viral, ou seja, o conjunto de todos os genes, deve codificar três tipos de funções. Primeiramente, eles devem provocar alteração na estrutura e/ou o funcionamento da célula atingida. Depois devem promover a replicação do seu genoma e por último devem originar outras partículas virais (TRABULSI, 2015).
Para que um vírus se multiplique, ele precisa ter a capacidade de invadir a célula hospedeira e assumir o comando da sua maquinaria metabólica. Um único vírion pode originar, em uma única célula hospedeira, inúmeras partículas virais semelhantes. Esse processo pode alterar de maneira drástica a célula hospedeira, podendo causar sua morte.
Para que ocorra a replicação do vírus, é necessária a síntese das proteínas virais pelo mecanismo de síntese proteica da célula hospedeira. Por conseguinte, o genoma do vírus deve ser capaz de produzir um RNAm. Foram identificados vários mecanismos que permitem aos RNA virais competir de forma bem-sucedida com os RNAm celulares, a fim de produzir quantidades adequadas de proteínas virais (BROOCKS, 2014, p. 421).
Os vírus possuem diversas estratégias que são utilizadas durante a sua multiplicação nas células hospedeiras. Apesar de existirem diferenças entre as espécies, o processo de replicação é parecido. De forma geral, a replicação viral acontece em cinco etapas consecutivas. As duas primeiras etapas referem-se a fixação, penetração e desnudamento. Quando ocorre a ligação do vírus com a célula hospedeira, a partícula viral é capturada para o interior da célula, provendo a sua penetração, logo em seguida acontece o desnudamento, onde ocorre a separação do ácido nucleico dos outros elementos virais (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
A terceira etapa consiste na síntese dos componentes virais. Essa fase ocorre após o desnudamento do genoma viral, e compreende a produção de novas partículas virais em cada célula infectada através da replicação do ácido nucleico e produção do capsídeo (TRABULSI, 2015).
A quarta etapa é a maturação, onde, as proteínas e o ácido nucleico viral se unem para desenvolver partículas virais maduras. A quinta e última etapa, consiste na liberação, processo em que o vírus deixa a célula onde ocorreu seu processo de maturação e invade outra célula que ainda não tenha sido infectada (TRABULSI, 2015).
Ao longo dos anos, os vírus conseguiram desenvolver formas para sobreviver na natureza e serem transmitidos de um hospedeiro para outro. A forma de transmissão dos vírus depende de alguns fatores que inclui o modo de interação entre o vírus e o hospedeiro (BROOCKS, 2014).
Os vírus podem ser transmitidos para humanos através de várias formas, por exemplo, você já deve ter observado que é comum que em uma mesma casa quando alguém adoece de uma gripe, é normal que outras pessoas da mesma casa também fiquem gripados, essa é uma situação bastante comum do dia a dia e corresponde a uma forma de transmissão por contato. As principais formas de transmissão por contato incluem perdigotos, contato sexual, contato mão boca, mão olhos, etc. Outras formas de transmissão dos vírus podem ser de forma indireta pela via orofecal, ou transmissão por vetores.
Alguns vírus são altamente contagiosos, o vírus do sarampo, por exemplo, é um desses. Uma única pessoa com sarampo consegue transmitir o vírus para 90% das pessoas que estão próximas a ela. Estima-se que uma única pessoa com sarampo transmita o vírus para mais 18 pessoas.
Terminamos o capítulo 2, vamos fazer uma revisão sobre tudo que você estudou. No início do capítulo descrevemos algumas características dos vírus, eles são acelulares, parasitas intracelulares obrigatórios, portadores de um único tipo de ácido nucleico, que pode ser ou o DNA ou o RNA. Embora muitas pesquisas sejam realizadas, ainda não há um consenso sobre os vírus serem seres vivos ou não, alguns pesquisadores o consideram como seres vivos, outros não, pois são inativos fora de células hospedeiras. Os vírus podem ser classificados de acordo com várias características que podem variar de acordo com cada espécie. A determinação da sequência do genoma é utilizada para identificação inicial do vírus, e também são classificados de acordo com sua morfologia, tamanho, forma, tipo de simetria, presença ou ausência de membranas, tipo de ácido nucleico, número de fitas, propriedade antigênicas, propriedade das proteínas virais. São microrganismos que apresentam uma estrutura bastante simples, são formados basicamente por um tipo de ácido nucleico, que estão envolvidos por uma membrana formada por proteínas, chamada de capsídeo, em alguns casos, também pode estar presente uma membrana lipoproteica, denominada envoltório. Os laboratórios cultivam os vírus com objetivo de analisar minuciosamente o comportamento e replicação viral. O crescimento celular in vitro é primordial para a caracterização dos vírus. Quando os vírus são cultivadosEntendendo o processo da patogênese das doenças virais
Princípios, patogenia e prevenção de doenças virais
Desde a descoberta do vírus, as doenças causadas por eles sempre foram uma preocupação para a humanidade. Ao longo dos anos, pesquisas foram desenvolvidas para compreender os princípios, patogenicidade, além de formas de combater os vírus, como vacinas e fármacos. No entanto, novos agentes estão sendo descobertos, ao mesmo tempo que a incidência de doenças antes consideradas sob controle vem aumentando com a evolução e a propagação dos vírus.
Vários fatores colaboram para o surgimento das doenças virais. Alguns fatores contribuem para o aumento da exposição humana aos vírus, outros promovem a propagação das infecções. Outros fatores ocasionam modificações nas características virais e nas respostas do hospedeiro à infecção. Alguns fatores incluem: alterações ambientais, comportamento humano, fenômenos socioeconômicos e demográficos, viagens, entre outros fatores (BROOCKS, 2014).
A doença viral consiste em uma irregularidade nociva ocasionada pela infecção do hospedeiro pelo vírus. A doença clínica consiste na manifestação de sinais e sintomas em um hospedeiro. A síndrome é o conjunto específico de sinais e sintomas. As infecções virais que não produzem sintomas no hospedeiro são conhecidas como infecções subclínicas (BROOCKS, 2014).
Um exemplo vivido em 2020 de infecção subclínica são os casos assintomáticos de infecções pelo coronavírus (COVID-19), onde as pessoas possuem e transmitem o vírus, mas não apresentam nenhum sintoma.
O processo de patogênese da infecção viral compreende o ciclo de replicação do vírus. As consequências celulares à infecção são variáveis podendo ocasionar efeitos não aparentes até efeitos citopatológicos como o câncer BROOCKS, 2014).
A patogênese viral é o processo que ocorre durante a infecção viral de um hospedeiro. Como a infecção viral não resulta sempre em doença aparente ou imediata, a fronteira entre infecção e doença torna-se menos clara. Desta forma, é mais adequado considerar a patogênese da infecção viral, independente da produção de doença imediata ou aparente. Grande parte do conhecimento atual da patogênese viral foi obtida por estudos experimentais em modelos animais (TRABULSI, 2015, p. 655).
A infecção viral tem início com a transmissão do vírus de um hospedeiro para outro. A transmissão pode ser horizontal e vertical. A horizontal refere-se a transmissão entre dois hospedeiros e pode ser direta ou indireta. Na transmissão vertical o vírus pode ser transmitido de forma congênita, que incluem as transmissões através do leite materno, ou quando o vírus consegue atravessar a barreira placentária, a infecção também pode acontecer durante o parto (TRABULSI, 2015).
O processo da patogênese viral acontece em etapas específicas que compreende: entrada do vírus no hospedeiro, replicação e propagação do vírus, dano celular, resposta imunológica da pessoa infectada, eliminação do vírus pelo organismo ou instalação da infecção e disseminação do vírus (BROOCKS, 2014).
Os vírus conseguem penetrar no organismo de um hospedeiro através de cinco formas diferentes, podendo ou não ocasionar lesões, os locais pelos quais os vírus penetram no organismo são: pele, trato respiratório, trato gastrointestinal, trato geniturinário e a conjuntiva. Observe na figura 5 os locais de penetração dos vírus (TRABULSI, 2015).
Após a penetração do vírus no hospedeiro, ele geralmente inicia sua multiplicação nas células do local de entrada. Ocasionado uma infecção local ou disseminando-se de forma sistêmica, entre os vírus que causam infecções locais podemos citar o vírus da influenza e coronavírus que provoca infecções do trato respiratório superior (BROOKS, 2014; TRABULSI, 2015).
A propagação do vírus pode ser determinada, em parte, por genes virais específicos. Estudos realizados com reovírus mostraram que a extensão da propagação a partir do trato gastrintestinal é determinada por uma das proteínas externas do capsídeo (BROOCKS, 2014, p 432,).
Após a disseminação do vírus, ocorre sua fixação e replicação nos órgãos-alvo específicos. Alguns vírus possuem uma preferência a determinados tecidos e órgãos, essa preferência é chamada de tropismo.
O grau de doença sistêmica viral depende dos órgãos infectados e da capacidade de infecção do vírus nesses órgãos. Essa capacidade está relacionada com a presença de receptores virais nas células do hospedeiro, além de outros fatores intracelulares. As modificações fisiológicas ocorridas no organismo do hospedeiro através da lesão do tecido são responsáveis pelo desenvolvimento de doença (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
O hospedeiro poderá recuperar-se da infecção ou não. O organismo utiliza alguns mecanismos para que a recuperação da infecção viral aconteça, entre eles as respostas imunológicas que incluem a imunidade inata e adquirida (Você estudará sobre os tipos de imunidade na unidade 4) (BROOCKS, 2014; TRABULSI, 2015).
Sem dúvidas, a melhor forma de tratamento consiste na resposta imunológica do hospedeiro, que irá determinar a intensidade e a duração da doença (MURRAY, 2014).
Como descrevemos anteriormente, as doenças virais são adquiridas através do contato de um hospedeiro susceptível com o vírus, então sua prevenção baseia-se em evitar o contato e a exposição aos vírus. Medidas simples como higienização adequada das mãos, cobrir ao rosto quando espirrar ou tossir e evitar levar a mão suja ao rosto pode evitar a contaminação por alguns vírus como por exemplo, influenza, coronavírus, sarampo, etc. Outra medida extremamente importante é a vacinação, existem vacinas para um grande número de doenças virais, a não vacinação da população é um risco e pode trazer novamente doenças que anteriormente tinham sido consideradas controladas. Para as doenças virais que são transmitidas por contato sexual e ainda não existe vacina, como a Aids, a prevenção consiste na conscientização das pessoas para o uso de preservativos. Outras doenças virais que são transmitidas por vetores, a dengue, por exemplo, também depende em parte, da conscientização da população em não manter água acumulada.
Parvovírus, adenovírus, poxvírus e herpesvírus
O parvovírus humano B19 foi descoberto no ano de 1975, e tem sido apontado como desencadeador, em indivíduos com distúrbios hemolíticos, da crise aplástica transitória. Causa uma doença chamada de eritema infecioso, a transmissão desse vírus acontece pelo contato com secreções respiratórias de pessoas contaminadas com o vírus. Geralmente, afeta mais crianças e adolescentes ocasionando eritemas por todo o corpo (TRABULSI, 2015).
É um vírus que apresenta uma estrutura bastante simples, contendo um DNA em fita simples. Depois do contato com o vírus, ele pode ser acusado no organismo entre cinco e seis dias. Os sinais e sintomas iniciais incluem sintomas gerais como febre, malestar e dor muscular, em torno de 10 a 14 dias surgem os sintomas específicos da doença tais como, erupção eritematosa generalizada e inflamação das articulações (TRABULSI, 2015).
A erupção do eritema infeccioso é semelhante a “bochechas esbofeteadas” nas faces e uma erupção reticular, maculopapular no tronco e nas extremidades. Adultos, principalmente mulheres, apresentam mais frequentemente, em vez de erupção, artropatia que pode permanecer por semanas, meses ou anos (TRABULSI, 2015, p. 787).
Até o momento, não existe vacina e terapia antiviral contra o parvovírus humano. A prevenção consiste em práticas adequadas de higiene, as mesmas mencionadas anteriormente para prevenção de outras doenças como o sarampo (BROOCKS, 2014).
Em gestantes, apesar do risco de contaminação ser baixo, a infecção pelo parvovírus B19 pode ocasionar um sério risco para o feto, gerando hidropsia fetal, ou seja, acúmulo exagerado de líquido no corpo do feto, ou mesmo a morte devido a uma anemia grave. Nesses casos, a morte fetal, geralmente ocorre antes de 20 semanas de gestação (BROOCKS, 2014).
O adenovírus, são vírus não envelopados, medem cerca de 70 a 90nm de diâmetro e são icosaédricos. Possuem cápside com 252 capsômeros e apresentam DNA em fita dupla com um genoma composto por cerca de 36 mil pares de bases (BROOCKS 2014; MURRAY, 2014; TRABULSI, 2015).
Em 1953, os adenovírus foram isolados pela primeira vez. A partir daí, já foram descobertos cerca de 100 sorotipos, entre os quais, no mínimo 52 infectam humanos. Comumente as infecções ocasionadas pelo adenovírus causam distúrbios no sistema respiratório, gastrointestinal, urinário e também nos olhos (MURRAY, 2014).
A maioria das infecções por adenovírus são subclínicas, ou seja, ocorrem sem apresentar sintomas, dessa forma, o vírus pode permanecer no hospedeiro sem que ele saiba durante meses. Sua transmissão acontece da mesma forma que o parvovírus, coronavírus etc. por aerossóis e contato com secreções contaminadas e também pode ser adquirido pela via fecal-oral (MURRAY 2014; TRABULSI 2015).
O poxvírus representa os maiores e mais complexos entre os vírus que provocam infecções em humanos. Na maioria das vezes, os poxvírus que causam infecções humanas pertencem aos gêneros Orthopoxvirus e Parapoxvirus, no entanto, existem vários poxvírus classificados nos gêneros Yatapoxvirus e Molluscipoxvirus (BROOCKS, 2014).
As infecções ocasionadas por esse tipo de vírus caracterizam-se pela presença de exantema por todo o corpo. Lembra da varíola? Finalmente essa doença foi erradicada em 1980, porém alastrou a população em décadas atrás, a varíola pertence a este grupo viral (BROOCKS, 2014).
Apesar da varíola ter sido erradicada, atualmente existe uma grande preocupação sobre a possibilidade de o vírus da varíola ser utilizado como agente de arma biológica, visto que a maioria da população mundial, atualmente, apresenta baixa ou nenhuma imunidade contra esse tipo de vírus.
O Herpesvírus consiste em um grande grupo de vírus que apresentam envelope e DNA. A morfologia, forma de replicação e capacidade de estabelecer infecções latentes e recorrentes representam características comuns desses vírus (MURRAY, 2014).
Os herpesvírus são responsáveis pelo desenvolvimento de várias doenças em humanos. Uma característica particular dos herpesvírus é sua capacidade de provocar infecções que perseveram durante toda a vida de seus hospedeiros, com manifestações clínicas recorrentes (BROOCKS, 2014).
Os herpesvírus que comumente infectam os seres humanos são os herpesvírus simples tipos 1 e 2 (HSV-1, HSV-2), o vírus varicela-zóster, o citomegalovírus (CMV), o vírus Epstein- Barr (EBV), os herpesvírus humanos 6 e 7, bem como o herpesvírus 8 (associado ao sarcoma de Kaposi [KSHV]). O herpesvírus B de macacos também pode infectar os seres humanos (BROOCKS, 2014, p. 467).
Reovírus, rotavírus, arbovírus, ortomixovírus, paramixovírus e coronavírus
Os reovírus são vírus de tamanho médio, seu genoma consiste em RNA de fita dupla e não são envelopados. A família inclui os gêneros ortorreovírus, rotavírus, orbivírus e coltivírus.
O rotavírus representa uma causa importante de gastrenterite infantil em todo o mundo, estima-se que 50% de todos os casos de diarreia em crianças que são hospitalizadas são causadas pelo rotavírus (MURRAY, 2014).
Os rotavírus são classificados em cinco espécies que vão de A ao E, além de mais duas espécies tentativas, F e G. O período de incubação do rotavírus varia de 1 a 3 dias. Os sintomas clássicos da infecção pelo rotavírus consistem em diarreia, febre, dor abdominal e vômitos, que normalmente resulta em desidratação. O tratamento baseia-se na reposição de líquidos, de forma a reestabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico (BROOCKS, 2014).
Os arbovírus são vírus transmitidos por vetores, representam um grupo que possuem um complexo ciclo de transmissão. A transmissão dos arbovírus acontece através de artrópodes hematófagos de um hospedeiro vertebrado para outro (BROOCKS, 2014).
As principais doenças ocasionadas pelos arbovírus são: febre amarela, dengue, encefalite japonesa B, encefalite de St. Louis, encefalite equina do oeste e encefalite equina do leste, encefalite transmitida por carrapato, febre do Nilo Ocidental e a febre transmitida pelo mosquito-pólvora (BROOCKS, 2014).
Dessas doenças, a febre amarela atualmente é endêmica na região norte do Brasil, caracteriza-se pela presença de febre alta, cefaleia intensa e duradoura, falta de apetite, náuseas e dor muscular.
Ficou interessado em saber mais sobre a febre amarela? Recomendamos a leitura do artigo científico sobre essa doença viral disponível no link: https://bit.ly/2W84ise (Acesso em 14/03/2020)
Apesar de possuir uma nomenclatura que pode parecer estranha e desconhecida, os ortomixovírus compreendem um grupo de vírus bastante comum que são as influenzas. Os vírus influenza são transmitidos de um hospedeiro humano a outro por meio gotículas ou por contato com mãos e objetos contaminados (TRABULSI, 2015).
Dentre as infecções virais, a gripe é considerada uma das mais prevalentes, a pandemia da gripe espanhola, por exemplo, levou ao óbito cerca de 40 milhões de pessoas entre os anos 1918 e 1919. Características específicas do seu genoma permite o desenvolvimento de novas cepas através das mutações que ocorrem, isso justifica o porquê que anualmente as pessoas devem ser vacinadas contra a influenza (MURRAY, 2014).
A família Paramyxoviridae inclui os seguintes gêneros: Morbillivirus, Paramyxovirus e Pneumovirus. Entre os morbilivírus patogênicos ao homem, podemos citar o vírus do sarampo; entre os paramixovírus, o vírus parainfluenza e o vírus da caxumba, e entre os pneumovírus, o vírus sincicial respiratório (VSR) e o recém descoberto e relativamente comum metapneumovírus (MURRAY, 2014, p.980).
Os paramixovírus causam várias doenças, algumas delas são bem conhecidas, o sarampo, por exemplo, é uma doença que provoca infecção generalizada, caracterizada pela presença de exantema maculopapular. A prevalência do sarampo tem aumentado de forma considerável nos últimos anos (MURRAY, 2014).
A prevenção do sarampo ocorre através da vacinação, por conta da redução da imunização da população contra esse vírus, a prevalência desta doença tem aumentado no Brasil.
Os coronavírus são vírus envelopados composto de RNA. São considerados a segunda causa mais prevalente dos resfriados comuns. Na maioria dos casos, os coronavírus provocam sintomas respiratórios, a transmissão acontece através do contato com gotículas de pessoas contaminadas (MURRAY, 2014).
Recentemente, foi descoberto um novo agente do coronavírus, o COVID- 19, que tem provocado os mesmos sintomas que os demais agentes do coronavírus provocam. Até o momento, não existe um tratamento específico para o vírus, apenas os sintomas são tratados e a recuperação depende da resposta imunológica de cada organismo, logo, aquelas pessoas que possuem sistema imune deficiente, certamente serão mais prejudicadas pelo vírus.
Ficou interessado em saber mais sobre o covid-19? Indicamos a leitura do artigo científico intitulado como achados patológicos do covid-19 associados à síndrome do desconforto respiratório agudo. Disponível no link: https://bit.ly/2Wgro01 (Acesso em 14/03/2020).
Infecções por vírus lentos, raiva, vírus tumorais, oncogênese, Aids e lentivírus,
O longo período de incubação desses vírus, que dura em torno de 30 anos nos seres humanos, dificulta os estudos sobre esses vírus. Após esse tempo, eles podem ocasionar danos no sistema nervoso central. A raiva é adquirida através de um vírus pertencente aos rabdovírus. A infecção da raiva é obtida pela mordida de um animal infectado, normalmente por cachorros, mas também pode ser transmitida através da inalação do vírus aerossolisado (MURRAY, 2014).
Agentes virais lentos são filtráveis e podem transmitir doenças, mas normalmente não obedecem à definição padrão de um vírus. Ao contrário dos vírus convencionais, esses agentes não têm estrutura de virion ou genoma, não provocam resposta imune e são extremamente resistentes à inativação por calor, desinfetantes e radiação. O agente viral lento é um mutante ou forma de conformaçãodistinta de uma proteína hospedeira conhecida como um príon que pode transmitir a doença. Alguns tipos de vírus provocam evoluções lentas (MURRAY, 2014, p. 1148).
A raiva é fatal quando a doença clínica é aparente, o vírus replica-se de forma silenciosa no local de inserção e depois desloca-se para o sistema nervoso central, afetando o hipocampo, o tronco cerebral, as células ganglionares dos núcleos pontinos e as células de Purkinje do cerebelo. Quando invadem o cérebro e a medula espinal, provoca encefalite e os neurônios são degenerados (MURRAY, 2014).
Os vírus tumorais são aqueles que podem causar tumores quando infectam animais susceptíveis. Alguns deles possuem grande potencial ontogênico e estão relacionados com surgimento de câncer em humanos, por exemplo, o papilomavírus humano (HPV), o vírus Epstein-Barr (EBV), o herpes-vírus humano tipo 8, o vírus da hepatite B, o vírus da hepatite e dois retrovírus humanos. A oncogênese é um processo longo que ocorre em várias etapas, ou seja, inúmeras alterações devem acontecer para transformação de uma célula normal em maligna (BROOCKS, 2014).
A aids foi descrita pela primeira vez em 1981, é considerada uma epidemia mundial e afeta diferentes populações. Das doenças causadas por vírus da Aids é uma das mais temidas, sendo considerada, atualmente, um dos mais importantes problemas de saúde em todo mundo. Ainda não existe cura ou vacina contra o HIV, mas a terapia antirretroviral tem melhorado a qualidade de vida das pessoas portadoras do vírus, o que representa uma grande conquista para medicina (BROOKS, 2014).
O HIV é um retrovírus do gênero Lentivírus. Os lentivírus são conhecidos por causarem infecções lentas que se desenvolvem por longos anos em seus hospedeiros, possuem um genoma complexo contento RNA de fita simples e são envelopados (BROOCKS 2014).
Tem interesse em aprender mais sobre a aids? Sugerimos a leitura do artigo científico disponível no link: https://bit.ly/2Spl0T0 (Acesso em 15/03/2020).
Tratamento das doenças virais
Com o desenvolvimento das pesquisas foi descoberto várias formas de inativar ou de proteger as pessoas contra os vírus, as vacinas são uma delas, atualmente existe vacina para algumas doenças virais, o que promove a prevenção da doença, outras ainda não possuem vacinação. Também foram desenvolvidos vários fármacos antivirais que atuam impedindo a replicação dos vírus no organismo.
Por outro lado, ainda não existe tratamento específico para uma grande quantidade de doenças virais, a dengue e o coronavírus, são exemplos, nesses casos, apenas os sintomas da doença são tratados, sendo importante o repouso e hidratação.
E aí, gostou do capítulo? espero que sim, vamos resumir tudo que você estudou e esclarecer alguma dúvida que tenha ficado. Nesse capítulo, você estudou sobre alguns tipos de vírus, sobre as doenças virais e sobre seu processo patogênico. Os vírus são responsáveis por uma série de doenças que acometem os humanos, algumas são curáveis e outras ainda não. A melhor forma de não adquirir uma doença viral e através de sua prevenção. A doença viral consiste em uma irregularidade nociva ocasionada pela infecção do hospedeiro pelo vírus. A doença clínica consiste na manifestação de sinais e sintomas em um hospedeiro. A síndrome é o conjunto específico de sinais e sintomas. As infecções virais que não produzem sintomas no hospedeiro são conhecidas como infecções subclínicas. O processo de patogênese da infecção viral compreende o ciclo de replicação do vírus. Quando infectado o hospedeiro poderá recuperar-se da infecção ou não. O organismo utiliza alguns mecanismos para que a recuperação da infecção viral aconteça, entre eles as respostas imunológicas que incluem a imunidade inata e adquirida. Ainda não existe tratamento específico para uma grande quantidade de doenças virais, nesses casos, apenas os sintomas da doença são tratados, sendo importante o repouso e hidratação.
Identificando as principais características dos parasitas
Classificação dos parasitas
Quando analisamos os seres vivos podemos observar que a sua interação é de extrema importância para manutenção da vida. Dessa forma, pode-se assegurar que nenhum ser vivo possui a capacidade de sobreviver e reproduzir-se independente do outro (NEVES, 2004).
No entanto, esse relacionamento dos seres vivos nem sempre é benéfico para ambos os lados. Nesse sentido, temos os parasitas, está lembrado sobre o parasitismo? Já conceituamos ele nas unidades anteriores. O parasitismo é um tipo de relação entre um parasita e um hospedeiro, no qual apenas o parasita recebe benefícios, e à medida que se beneficia, recebendo abrigo e nutrientes, gera prejuízos ao hospedeiro.
O estudo dos parasitas é conhecido como parasitologia, esta ciência classifica os parasitas em vários grupos, mas os protozoários e os helmintos são os parasitas mais importantes para a clínica médica (BROOCKS, 2014).
Os protozoários são microrganismos unicelulares, eucarióticos, com tamanho entre 2 a 100 μm. Normalmente, são encontrados na água e no solo, apresentam um protoplasma que fica envolvido por uma membrana celular, possuem organelas, entre elas, retículo endoplasmático, grânulos e vacúolos contráteis e digestivos (BROOCKS, 2014; MURRAY, 2014).
Apresentam núcleo bem definido e com membrana nuclear. Alguns protozoários possuem um núcleo, outros, apresentam dois ou mais núcleos semelhantes. Em relação a morfologia desses microrganismos, podemos observar diversas formas de protozoários, que variam de acordo com sua fase evolutiva e o lugar onde se encontram (NEVES, 2004).
Sua morfologia pode ser esférica, oval ou alongada. Alguns protozoários possuem cílios, e por isso são chamados de ciliados, outros têm flagelos e são chamados de flagelados, mas também existem aqueles que não possuem nenhuma organela de locomoção específica (NEVES, 2004).
Os protozoários podem ser classificados em quatro grupos de acordo com o seu modo de locomoção e reprodução que são eles: flagelados, amebas, esporozoários e ciliados. Estes microrganismos se reproduzem de forma assexuada através da fissão, brotamento ou esquizogonia, a maioria deles são heterotróficos aeróbicos (BROOCKS, 2014; TORTORA, 2012).
Os helmintos são os responsáveis pelas verminoses em humanos. Pertencem a dois filos: Nematoda composto por vermes cilíndricos e Platyhelminthes que são vermes achatados (BROOCKS, 2014). Ao contrário dos protozoários, os helmintos são multicelulares e geralmente são macroscópicos, com tamanho entre 1nm a 1m e as vezes até maior, são complexos, longos e simétricos bilateralmente.
Flagelados, hemoflagelados e amebas
Os protozoários flagelados são assim chamados porque possuem flagelos em formato de chicote, a quantidade de flagelos varia de acordo com cada espécie. Alguns flagelos ainda possuem uma membrana ondulante em sua estrutura, essa estrutura ajuda o protozoário em sua locomoção. Os flagelos estão organizados em quatro filos: Metamonada, Parabasalia, Percolozoa e Euglenozoa. Alguns exemplos de flagelos incluem os parasitas intestinais, geniturinários e do sangue, tais como: Giardia, Trichomonas e Trypanosoma, respectivamente (BROOCKS, 2014; MURRAY, 2014). Observe na figura 6, um exemplo de protozoário flagelado.
Os hemoflagelados são os parasitas do sangue, geralmente são transmitidos por meio da picada de insetos hematófagos. Os hemoflagelados têm uma morfologia fina e alongada, apresentado uma membrana ondulante. O Trypanosoma cruzi é um clássico exemplo de parasita sanguíneo, esse parasita é o agente causador da doença de chagas que é adquirida pela picada do barbeiro. A infecção pelo Tripanosoma cruzi evolui em estágios, que vai de agudo a crônico (TORTORA, 2012).
No estágio agudo, é comum a presença de febre e edema das glândulas, cerca de 20 a 30% das pessoas infectadas desenvolvem, anos depois, a forma crônica da doença. No estágio crônico, são observadas degenerações nos nervos responsáveis por controlar as contrações peristálticas do esôfago ou do colo. No entanto, a maioria das mortes depessoas portadoras da doença de chagas é resultado de danos ao coração (TORTORA, 2012). Veja na figura 7 a representação do Tripanosoma cruzi, hemoflagelado responsável pela doença de chagas.
As amebas são protozoárias que se locomovem e nutremse através de pseudópodes, ou falsos pés, a maioria das espécies não são patogênicas, porém também existem patogênicas.
Algumas amebas vivem normalmente como componentes da microbiota humana, estabelecendo uma relação de comensalismo, e dessa forma não prejudicam o homem, como por exemplo, a Entamoeba gengivalis e Entamoeba coli. No entanto, um único tipo de ameba é patogênico, a Entamoeba histolytica, encontrada no intestino humano. Estima-se que aproximadamente 10% da população humana pode estar colonizada por essa ameba (AMABIS, 2004; TORTORA, 2014).
A Entamoeba histolytica ocasiona uma doença muito comum que você deve conhecer chamada de amebíase, essa doença representa um importante problema de saúde pública, sendo responsável por aproximadamente cem mil mortes anuais, compondo a segunda causa de mortes por parasitoses (NEVES, 2004).
Entre os sinais e sintomas da amebíase, pode-se observar fortes dores abdominais, diarreia, náuseas, desidratação, etc. Os sintomas podem apresenta-se em quatro dias depois da exposição ao parasita, 1 ano depois, ou ainda nunca ocorrer (BROOCKS, 2014).
Você sabe como acontece a transmissão da amebíase? A transmissão da amebíase acontece por meio do consumo de alimentos ou água contaminada por cistos maduros. Os alimentos podem ser contaminados por cistos transportados através das baratas e moscas. A falta de comportamento higiênico também pode contribuir para a propagação do parasita (NEVES, 2004). 
Esporozoários, microsporídeos e helmintos
Os esporozoários são protozoários que apresentam um complexo ciclo de vida, são formadores de esporos e são dotados de organelas que produzem substâncias que os ajudam a adentrar em células do hospedeiro, o que lhes caracterizam com parasitas intracelulares. Entre os parasitas intracelulares que afetam humanos incluem-se: Cryptosporidium; Cyclospora; Toxoplasma e o Plasmodium, agente causador da malária (BROOCKS, 2014; MURRAY, 2014).
Algumas espécies do Cryptosporidium podem causar infecções em pessoas que são imunodeficientes, quando isso acontece causam infecções intestinais, causando forte diarreia (BROOCKS, 2014). Outro exemplo de esporozoário é o Plasmodium é o agente causador da malária, esse protozoário desenvolve-se através de reprodução sexuada no mosquito Anopheles (BROOCKS, 2014; TORTORA, 2014).
Quando um Anopheles carreando o estágio infectivo do Plasmodium, chamado de esporozoíto, pica um humano, os esporozoítos podem ser injetados. Os esporozoítos sofrem esquizogonia nas células do fígado e produzem milhares de progênies chamadas de merozoítos, os quais infectam as células vermelhas do sangue (TORTORA, 2012, p. 348).
O Toxoplasma gondii também é um parasita intracelular de humanos e causa uma doença chamada de toxoplasmose, a transmissão da doença ocorre através das fezes de gatos domésticos infectados.
Ficou interessado em saber mais sobre o toxoplasma gondii? Indicamos a leitura do artigo cientifico, disponível através do link: https://bit.ly/2VNZJEz (Acesso em 15/03/2020).
Os microsporídeos representam um grupo de parasitas intracelulares, uma de suas características principais é a presença de um esporo unicelular que possui um tipo de mola espiralada contendo filamentos tubulares polares pelo qual o esporoplasma é introduzido em uma célula hospedeira (BROOCKS, 2014).
A transmissão dos microsporídeos acontece através da ingestão de alimentos ou água contendo esporos. Em gestantes, comumente também acontece a transmissão transplacentária. Os microsporídeos são apontados como parasitas oportunistas e, desse modo, tende a provocar infecções naquelas pessoas imunocomprometidas, provocando, nessas pessoas, infecções sistêmicas, intestinais e oftalmológicas (BROOCKS, 2014).
Os helmintos formam um grupo numeroso de organismos, bastante comum entre a população, incluindo espécies que são ou não parasitas. São representados pelos filos Nematoda, Platyhelminthes e Acanthocephala. Por conta de sua morfologia, os helmintos são conhecidos como “crina de cavalo” (NEVES, 2004).
Geralmente, os helmintos provocam infecções intestinais benignas, exceto quando existe uma grande quantidade de helmintos no organismo. Os nematódeos são adquiridos por via orofecal, dessa forma, os hábitos de higiene inadequados, como não lavar corretamente frutas, verduras e legumes antes consumi-los pode contribuir para a infecção por esses parasitas. As infecções intestinais mais comuns por nematódeos incluem a ancilostomíase e a ascaridíase (BROOCKS, 2014).
Estima-se que em torno de 20% da população mundial possui ancilostomídeos em seu organismo e cerca de 1,5 bilhão de pessoas áscaris lumbricoides. Estas infecções, ocasionam diversos danos para o hospedeiro (BROOCKS, 2014; NEVES, 2004).
Na ancilostomíase, o ancilostomo prende-se a parede do intestino, onde se alimenta de sangue e do tecido intestinal, quando estão presentes em grande quantidade pode ocasionar a anemia, além dos sintomas comuns como dor abdominal e diarreia (BROOCKS, 2014).
A ascaridíase também provoca infecções intestinais, as lombrigas, como são conhecidas popularmente, quando chegam na fase adulta, as fêmeas costumam medir entre 20 a 50 cm, e os machos, 15 a 30 cm de comprimento. A aquisição ocorre através da ingestão dos ovos do áscaris lumbricoides através de alimentos ou água contaminada (BROOCKS, 2014). Veja na figura 9 a representação da áscaris lumbricoides.
Após a exposição ao parasita, as larvas progridem até o duodeno, vão para o sistema circulatório, instalando-se nos capilares do pulmão, logo em seguida, adentram nos alvéolos e nos bronquíolos e depois na traqueia e faringe, as larvas são deglutidas e retornam ao intestino, onde passam pelo processo de maturação (BROOCKS, 2014).
Quando estão presentes em grande quantidade, podem provocar obstrução intestinal, biliar e pancreático. Quando expostos a determinados fármacos as “lombrigas” tendem a migrar, o que pode provocar perfuração intestinal, e como consequência peritonite, além de provocar sua eliminação pelo ânus (BROOCKS, 2014).
Os platelmintos são vermes achatados, seus corpos assemelham-se a folhas e podem ser divididos em trematódeos e cestoides. A maioria dos trematódeos são hermafrodita, ou seja, possuem órgãos sexuais masculinos e femininos em um único corpo, apresentam um ventosa oral e ventral e outras estruturas. Observe na figura 10 a anatomia de trematódeo (MURRAY, 2014).
Os cestoides consistem em helmintos que apresentam formato de fita e o seu corpo é formado por proglotes, também são hermafroditas e nutrem-se absorvendo os nutrientes por meio da parede de seu corpo. Um exemplo de cestoide são as tênias, taenia solium e saginata, que parasitam o intestino de seus hospedeiros (MURRAY, 2014).
São endoparasitos desprovidos de epiderme, de cavidade geral e de sistema digestivo; os órgãos de fixação estão localizados na extremidade anterior. O corpo é, em geral, alongado e construído por segmentos; algumas vezes lembram trematódeos (NEVES, 2004, p. 186).
A transmissão da Taenia ocorre, principalmente através do consumo de carne bovina e suína malcozida contaminada, na maioria das vezes, esses parasitas provocam desconforto abdominal e diarreia. Através do parasitológico de fezes é possível fazer o diagnóstico dessa parasitose (MURRAY, 2014).
Tratamento de doenças causadas por parasitas.
O tratamento das parasitoses varia de acordo com cada doença, geralmente são utilizados fármacos antiparasitários. Porém, existem algumas dificuldades no tratamento das parasitoses, alguns agentes antiparasitários precisam de administração demorada, podendo gerar efeitos somente em determinados estágios de uma doença. Para cada parasitose é indicado uma terapia específica, os anti-protozoários são utilizados nas infecções por protozoários e os anti-helmínticosnas infecções por helmintos.
Concluímos este capítulo e esta unidade, espero que tenha gostado de tudo que estudou até aqui. Vamos agora, fazer a revisão do capítulo. Este capítulo foi dedicado aos parasitas que são aqueles que se relacionam com um hospedeiro, adquirindo benefícios e gerando prejuízos para o hospedeiro. O estudo dos parasitas é conhecido como parasitologia, esta ciência classifica os parasitas em vários grupos, mas os protozoários e os helmintos são os parasitas mais importantes para a clínica médica. Os protozoários são microrganismos unicelulares, eucarióticos, com tamanho entre 2 a 100 μm. Normalmente, são encontrados na água e no solo, apresentam um protoplasma que fica envolvido por uma membrana celular, possuem organelas, entre elas, retículo endoplasmático, grânulos e vacúolos contráteis e digestivos, são classificados em flagelados, amebas, esporozoários e ciliados, o Trichomonas vaginalis, Entamoeba histolytica, Toxoplasma e Plasmodium são exemplos de protozoários. Os helmintos formam um grupo numeroso de organismos, bastante comum entre a população, incluindo espécies que são ou não parasitas. São representados pelos filos Nematoda, Platyhelminthes e Acanthocephala. Ascaris lumbricoides e taenia solium e saginata são exemplos de helmintos.
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