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CAPÍTULO 3 O Composto Mercadológico A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Estudar o composto mercadológico e a relação entre os 4P’s (Produto, Preço, Praça e Promoção). 3 Capacitar para a aplicação do Composto no ambiente mercadológico 46 Vendas e Marketing 47 O Composto Mercadológico Capítulo 3 Contextualização Todo planejamento de marketing e vendas tem início com o planejamento estratégico da empresa, é ele quem dá as diretrizes e fornece um norte para a empresa. O planejamento estratégico orienta o planejamento de marketing que, por sua vez, é a base do plano de vendas. Antes de se estruturar um plano de marketing, é fundamental que a empresa tenha em mente quanto se investirá para que os objetivos organizacionais sejam alcançados. Esse valor pode ser determinado tanto em função do volume de vendas quanto da participação que a empresa deseja alcançar no mercado. Não trataremos, nesta disciplina, do planejamento estratégico organizacional, visto ser este um tema amplo e que merece sua devida atenção. Abordaremos o planejamento de marketing, com foco no Composto Mercadológico ou Marketing Mix, como é amplamente conhecido. Churchill (2000) conceitua o Marketing Mix - ou Composto Mercadológico - como um conjunto de estratégias utilizadas desde a concepção do produto até a sua colocação no mercado, com o objetivo de criar valor ao consumidor e atingir os resultados almejados pela empresa. Novamente, aqui se vê o foco central do marketing que, por um lado, visa a satisfação das necessidades e desejos do cliente e, por outro, a lucratividade da empresa. Os quatro elementos básicos do Composto Mercadológico, conhecidos classicamente por 4 P’s, são: Produto, Preço, Praça e Promoção. O Composto de Marketing é também conhecido por “microambiente de marketing”, ou seja, são as variáveis controláveis de marketing, aquelas que estão no controle e que dependem única e exclusivamente de ações da empresa (fatores internos). Existe, também, o “macroambiente de marketing”, formado pelas variáveis incontroláveis de marketing. Como o próprio nome indica essas variáveis não estão sob o controle da empresa e dependem de fatores externos aos quais a empresa precisa adaptar-se. Como exemplos das variáveis incontroláveis, podemos citar a economia, a concorrência, a tecnologia, a política, as questões sociais e legais, entre outras. O macroambiente não depende da vontade da empresa, portanto é necessário que seja realizado um planejamento do microambiente (Marketing Mix) para que a empresa possa estruturar-se e, mesmo em meio às ameaças do ambiente externo, possa superar os desafios impostos, transformando-os em oportunidades. 48 Vendas e Marketing Estudaremos nesse capítulo o microambiente de marketing. Cada um dos elementos do Composto Mercadológico tem a sua importância dentro do mix e cabe aos profissionais de marketing saber combiná-los e integrá-los de forma a alcançar o sucesso da empresa. Veremos, a seguir, cada um dos elementos – os 4P’s - com maior detalhamento. Quadro 3 - Composto de Marketing PRODUTO (a oferta da empresa para o mercado) Variedade, qualidade, design, diferenciação, características, nome da marca, embalagem, tamanhos, assistência técnica, garantias e devoluções. PREÇO (o valor que os consu- midores pagam pelo produto) Política de preços, descontos, condições, prazo de pagamento, condições de pagamento. Deve ser estabelecido de forma compatível com o valor percebi- do da oferta. PRAÇA (tornar o produto aces- sível e disponível aos consumidores-alvo) Canais de distribuição, localizações, estoque e transporte. Deve-se identificar, recrutar e conectar os vários intermediários para que seus produtos e serviços sejam distribuídos eficiente- mente no mercado-alvo. PROMOÇÃO (comunicar e promover os produtos junto ao mercado-alvo) Promoção de vendas, propaganda, publicidade, relações públi- cas, venda pessoal e marketing direto. Devem-se desenvolver programas de comunicação e promoção e contratar, treinar e motivar as equipes de vendas. Fonte: Adaptado de Moreira e colaboradores (2007) Produto O planejamento do Composto Mercadológico inicia com a formulação de uma oferta para satisfazer as necessidades e desejos do mercado-alvo. Muitas pessoas entendem que um produto é uma oferta tangível, mas para estudos de marketing, um produto pode ser bem mais do que isso. Segundo Kotler (2006, p.366), “Produto é tudo o que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Entre os produtos comercializados estão os bens físicos, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações informações e ideias.” 49 O Composto Mercadológico Capítulo 3 Vamos a alguns exemplos: quando se faz uma campanha política, quem é o produto? O próprio candidato, ou seja, uma pessoa. Quando vendemos um destino ou atração turística, o produto é o lugar ou a atração. Para efeitos de marketing, tudo aquilo que possa vir a satisfazer a necessidade ou o desejo do consumidor pode ser chamado de produto. Vale aqui uma ressalva para fazermos uma breve distinção entre necessidade e desejo. Necessidade é algo inerente ao ser humano, por exemplo: fome, sede, frio, calor. Já desejos são carências por algo mais específico. Eu posso estar com sede (necessidade), mas eu tenho vontade de beber um guaraná bem gelado (desejo). Eu preciso morar (necessidade), mas eu gostaria de ter um apartamento em frente ao mar (desejo). Classificação de Produto Segundo Kotler (2006), podemos classificar os produtos de duas formas. De acordo com o seu uso, dessa forma, teremos a seguinte divisão: • Bens de consumo: comercializados para uso pessoal e não-comercial. Os bens de consumo podem ainda ser subdivididos em bens de conveniência (comprados com maior frequência e com menor esforço, como sabonetes, jornais, pão), bens de compra comparados (bens de maior valor em que o consumidor normalmente compara as características dos produtos, tais como: móveis, vestuário, eletrodomésticos, carros) e bens de especialidade (produtos com características singulares que exigem um esforço extra de compra, como certos tipos de carro, equipamento fotográfico, instrumentos musicais, produtos de grife, entre outros). • Bens industriais: comercializados para uso comercial. Exemplos: materiais e peças que entram no processo de fabricação de produtos manufaturados, suprimentos, bens de capital (instalações e equipamentos) e serviços empresariais (reparo e manutenção de empresas, serviços de consultoria empresarial, etc.). A segunda classificação ocorre em detrimento das características dos produtos, tais como: durabilidade e tangibilidade. Assim, teremos ainda outra divisão: • Bens duráveis: são bens tangíveis, usados durante um maior período, tais como: eletrodomésticos, automóveis, vestuário. • Bens não-duráveis: são bens tangíveis, normalmente consumidos ou usados uma ou poucas vezes, tais como: alimentos, bebidas, produtos de limpeza, etc. 50 Vendas e Marketing Em cada produto ou serviço que adquirimos, estamos na verdade comprando benefícios. • Serviços: são produtos intangíveis, inseparáveis, variáveis e perecíveis, como vimos no Capítulo 2. Exemplos: bancos, escolas, hospitais, agências de turismo, consultorias, etc. Níveis de Produto Em cada produto ou serviço que adquirimos, estamos na verdade comprando benefícios. Limeira (2006, p.4) afirma que “[...] benefícios são os resultados obtidos com o uso ou consumo do produto, que satisfazem os desejos e as necessidades dos clientes. Podem ser de natureza física (saciar a fome), emocional (receber elogios), psicológica (sentir segurança) ou social (ser aceito no grupo). Portanto, os clientes compram benefícios e não atributos. Estes são meios para que os benefíciossejam alcançados”. Um hóspede de hotel está, na verdade, comprando descanso e pernoite. O comprador de uma furadeira está comprando “furos”. Ao comprar maquiagem você está adquirindo mais beleza. Considerando que cada produto agrega em si um benefício central, chegamos ao estudo dos níveis de produto, no qual cada nível vai agregando mais valor para o produto. Acompanhe na figura: Figura 5 – Os cinco níveis de produto. Fonte: Kotler e Keller (2006) Vamos utilizar, em paralelo, um exemplo para comparar cada nível de produto. Você está procurando por um curso de idiomas para aprender a falar italiano. Ao centro da imagem, vemos o benefício central que é foco fundamental que você está realmente comprando. No caso do curso de italiano, você quer adquirir, como beneficio central, o conhecimento. 51 O Composto Mercadológico Capítulo 3 As empresas de sucesso agregam benefícios a suas ofertas que não somente satisfazem os clientes, mas também os surpreendem e encantam. Encantar é um modo de exceder as expectativas. • Produto Básico: o benefício central será transformado em básico. Assim, a versão básica do produto (escola de idiomas) poderia ser uma casa, com salas de aula, carteiras e lousa. • Produto Esperado: é o conjunto de atributos e condições que os clientes esperam encontrar ou estão acostumados a receber através de outras ofertas no mercado. No exemplo citado, poderíamos pensar em salas limpas, ambiente arejado, boa iluminação, carteiras confortáveis, mesa para o professor. Se a oferta se limitar ao produto esperado, a decisão de compra do consumidor será, preferencialmente, em função de conveniência e custo. • Produto Ampliado: é aquele que excede às expectativas dos clientes. Corresponde aos serviços e benefícios adicionais que distinguem o produto da concorrência. Por exemplo: salas amplas com ar-condicionado, atendimento mais personalizado, lousa interativa, professor com alto nível de instrução e de origem italiana. • Produto Potencial: É onde as empresas procuram novas maneiras de satisfazer os clientes e diferenciar sua oferta. Representa uma transformação inovadora no produto tradicional. O produto potencial indica as transformações que o produto deverá sofrer no futuro. É importante ressaltar que o processo de mudança de níveis de produto é constante. O que hoje pode ser considerado um produto ampliado, amanhã pode ser um produto esperado e assim por diante. O mercado e as exigências dos consumidores mudam com o passar do tempo e, assim, os produtos devem adaptar-se às novas exigências. As empresas de sucesso agregam benefícios a suas ofertas que não somente satisfazem os clientes, mas também os surpreendem e encantam. Encantar é um modo de exceder as expectativas. No entanto, algumas considerações devem ser pontuadas a respeito da estratégia de ampliação de produto. Primeiro, cada ampliação gera custo. O profissional de marketing deve se perguntar se os clientes pagarão o suficiente para cobrir os adicionais. Em segundo lugar, os benefícios ampliados logo se tornam benefícios esperados. Em terceiro, à medida que as empresas elevam o preço de seu produto ampliado, alguns concorrentes podem oferecer uma versão mais simples, a um preço mais baixo, pois muitos clientes continuarão procurando pelo produto básico. Um exemplo disso é a empresa Gol Linhas Aéreas que oferece um produto básico e é um case de sucesso no segmento. Cabe ao profissional de marketing analisar todas essas questões e optar pelo nível de produto mais apropriado ao mercado e aos objetivos da empresa, buscando sempre a lucratividade. 52 Vendas e Marketing Os principais objetivos de uma marca são a identificação, a diferenciação e a proteção das empresas. Através das marcas, é possível criar lealdade se a qualidade associada ao produto/serviço for aceitável. A marca é um fator fundamental de diferenciação dos produtos. Componentes de um Produto De acordo com Las Casas (2006), existem alguns elementos que compõem um produto e são determinantes na decisão de compra. Quanto melhor estes elementos forem elaborados, maior será a chance para a colocação do produto no mercado. A seguir, teremos um breve descritivo dos quatro principais elementos que compõem e diferenciam os produtos, de acordo com o autor. • Marca: a marca é um fator fundamental de diferenciação dos produtos. Quando os consumidores compram um produto, de imediato já fazem a associação da marca com seus atributos e diferenciais, com base em informações e experiências adquiridas. A marca tornou-se um elemento de tamanha força que vários produtos acabaram sendo chamados pelo nome da marca. Como exemplos, podemos citar: Bombril, Gilette, Omo, Coca- Cola, Xerox, Maizena, Google, entre outros casos de sucesso. Segundo Pinho (1996, p. 47), “[...] marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou desenho, ou uma combinação dos mesmos, que pretende identificar os bens e serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los daqueles dos concorrentes.” Os principais objetivos de uma marca são a identificação, a diferenciação e a proteção das empresas. Através das marcas, é possível criar lealdade se a qualidade associada ao produto/serviço for aceitável. • Qualidade: a importância do aspecto qualidade para o marketing é incontestável. Podemos afirmar que de nada adianta todo um esforço de marketing e vendas se a qualidade do produto não estiver de acordo, por isso a grande preocupação dos fabricantes com as certificações da série ISO 9000. A qualidade de qualquer produto e serviço está diretamente relacionada ao desempenho. O preço também é fator de atenção: o cliente até pode aceitar pagar menos e obter um produto inferior, mas deve haver um cuidado para que a qualidade esteja no padrão mínimo aceitável. 53 O Composto Mercadológico Capítulo 3 A embalagem é grande influenciadora no processo de decisão de compra. Chega-se a dizer que ela é o vendedor silencioso de uma empresa. • Embalagem: Las Casas (2006, p. 171) afirma que “[...] a embalagem é o invólucro protetor do produto e serve para facilitar a armazenagem, proteger, facilitar seu uso, conservar e ajudar a vendê-lo.” Nos supermercados e lojas de autosserviço, a embalagem é grande influenciadora no processo de decisão de compra. Chega-se a dizer que ela é o vendedor silencioso de uma empresa. • Serviços e Garantias: todo produto pode agregar um serviço. Quanto maior a facilidade proporcionada pelo serviço, maior a chance de venda do produto. O leque da prestação de serviços é amplo e vai desde o atendimento ao cliente até o pós-vendas e assistência técnica. Além de agregar valor, os serviços e as garantias têm a função de proporcionar maior credibilidade na venda de diversos produtos. Leite Moça O leite condensado da Nestlé é um produto internacional da empresa suíça. No entanto, o nome utilizado no Brasil (Moça) e o design da lata foram criados no nosso país, que hoje é o maior mercado para o produto. O design diferenciado da embalagem, além de sua qualidade e tradição, contribui para agregar valor ao produto e dificulta a sua cópia. Figura 6 - Embalagem do leite Moça Fonte: Disponível em : <www.nestle.com.br>. Acesso em: 04 jan. 2012 54 Vendas e Marketing O que surge hoje com um novo produto nada mais é do que uma adaptação de uma antiga necessidade não satisfeita. Toda e qualquer estratégia de marketing e vendas deve adequar-se à fase em que o produto se encontra. As fases do ciclo de vida do produto são: Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio. Ciclo de Vida do Produto Embora já tenhamos estudado amplamente este tópico no Capítulo 2, vale aqui reforçar que todos os produtos têm um determinado tempo de vida útil e, dessa forma, toda e qualquer estratégia de marketing e vendas deve adequar-se à fase em que o produto se encontra. As fasesdo ciclo de vida do produto são: Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio, conforme nos mostra a figura. Figura 7 – Ciclo de vida de um produto Fonte: Las Casas (2006). Novos Produtos O que surge hoje com um novo produto nada mais é do que uma adaptação de uma antiga necessidade não satisfeita. Gerar novas ideias para produzir novos produtos exige recursos tecnológicos, recursos financeiros e recursos humanos. A tecnologia exige investimentos na área de pesquisa e desenvolvimento na busca de aplicações práticas no campo dos negócios. A introdução de um novo produto no mercado deve seguir algumas etapas: • Avaliação do posicionamento interno e externo da empresa: antes de introduzir um produto no mercado, a empresa deve se autoavaliar em termos de condições internas para que o novo produto venha a ser uma vantagem para ela. • Pesquisa de Viabilidade: antes do desenvolvimento do projeto de novo produto é importante verificar as possibilidades técnicas de mercado e de integração com os negócios atuais da empresa em termos de recursos necessários. 55 O Composto Mercadológico Capítulo 3 • Desenvolvimento do Produto: esta etapa inclui o desenvolvimento técnico, a estimativa de custo de planejamento e produção de um novo produto, bem como a previsão de mercado, os planos de marketing e a análise do ponto de equilíbrio. • Teste de Marketing: o produto é colocado para teste em um mercado representativo do universo em que ele será comercializado normalmente. Para o desenvolvimento de produto, poderá ser usada a seguinte sequência: – Identificação de oportunidades; – Investigação das ideias; – Análise de viabilidade; – Teste de mercado; – Decisão de continuar ou parar; – Introdução do produto no mercado; – Comercialização. Coca-Cola Mesmo as marcas mais tradicionais, como a Coca-Cola, vêm se renovando periodicamente através de novos produtos e inovação no design de suas embalagens. Saiba mais das estratégias da marca, acessando www.colacola.com.br. Figura 8 - Embalagens de Coca-Cola Fonte:Disponível em:<www.pontopublicitario. wordpress.com>. Acesso em: 04 jan. 2012 56 Vendas e Marketing Grande parte das decisões de compra é feita considerando o preço do produto. Atividade de Estudos: 1) Estudamos até aqui o primeiro componente do Composto de Marketing: o Produto. Escolha 2 anúncios de revista e/ou jornal e responda: • Qual o produto anunciado? • Qual a classificação do produto? • Qual o benefício central do produto ofertado? • Em qual dos cinco níveis o produto se encontra, considerando o mercado atual? • Em que fase do ciclo de vida você acredita que o produto se encontra? _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Preço Vamos agora estudar o 2o P do Composto de Marketing: Preço. Grande parte das decisões de compra é feita considerando o preço do produto. Temos um mercado com necessidades e desejos ilimitados, porém com recursos limitados em sua grande maioria. Portanto, o consumidor somente comprará um produto ou serviço se o preço estiver de acordo com as suas expectativas e com o grau de satisfação que a compra trará. O preço ajuda a avaliar os produtos e, para o marketing, é elemento fundamental por representar o retorno do investimento da empresa. Uma boa estratégia de precificação pode levar a empresa ao sucesso e à lucratividade, em contrapartida, uma má estratégia pode levar a empresa ao declínio. 57 O Composto Mercadológico Capítulo 3 O preço é o único elemento do mix de marketing que produz receita; os demais produzem custos. Ele também é um dos elementos mais flexíveis: pode ser alterado com rapidez, ao contrário das características de produtos, dos compromissos com os canais de distribuição e até das promoções. O preço também informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido pela empresa para seu produto ou marca. Um produto bem desenhado e comercializado pode determinar um preço superior e obter lucro. (KOTLER, 2006, p. 428). Antes de estudarmos as principais estratégias, objetivos e políticas de preços, precisamos considerar a lei da oferta e da demanda. Os preços estão sujeitos a esta lei. Veja que, quando existe uma maior oferta com relação à demanda, os preços tendem a diminuir. Já quando a demanda é maior do que a oferta, os preços tendem a subir para que se chegue ao ponto de equilíbrio. Vamos a um exemplo prático: quanto custa, em média, um frasco de 50g de gel higienizante para as mãos (álcool gel)? Pesquisando em supermercados e farmácias, podemos encontrar o produto a um preço entre R$ 3,00 e R$ 4,00. Agora, quanto custa o mesmo frasco em períodos de proliferação da gripe H1N1? Pelo menos 50% acima do valor normal. Em função de fatores externos (no caso, a gripe), houve um descompasso da balança em que a procura superou a oferta, resultando em aumento nos valores do produto. É claro que as empresas “aproveitam” essas oportunidades para faturar mais. Mas se não houvesse tamanha procura, elas não poderiam aumentar o valor dos produtos. Outro ponto de atenção para a determinação de preços é a análise de demanda dos produtos. O administrador deve investigar se o produto tem demanda elástica ou inelástica. A demanda é elástica quando alguma alteração no preço do produto (aumento ou redução) influencia diretamente na quantidade de venda deste produto. Quando um aumento ou redução do preço não afeta significativamente as vendas, dizemos que a demanda é inelástica. Os produtos com demanda mais elástica são aqueles que podem ser facilmente substituídos. Por exemplo, se o preço dos automóveis aumentar, pode-se optar pela compra de usados ou outros meios de transporte. Já na demanda inelástica, os produtos não podem ser substituídos com facilidade. Alterações no preço do combustível ou do pão poderão não afetar drasticamente o seu consumo. Fatores de Influência sobre os Preços Além da lei da oferta e demanda e da análise do tipo de demanda (elástica ou inelástica), outros fatores exercem influência sobre os preços, segundo Las Casas (2006): 58 Vendas e Marketing • Concorrência: sem dúvida a concorrência é forte influência na determinação de preços. Quanto maior a concorrência, mais competitivo se torna o mercado e, consequentemente, maior a batalha pelos preços. A líder de mercado é quem determina os preços, sendo seguida pelas demais. É importante pontuar que a luta pelo consumidor não pode se dar apenas pelo preço, é necessário que a empresa agregue outros valores ao seu produto ou serviço, senão poderá ser canibalizada, perdendo gradativamente sua margem de lucro e ficando sem fôlego para sobreviver. • Ciclo de vida do produto: o ciclo de vida em que o produto se encontra (introdução, crescimento, maturidade e declínio) também é determinante para a estratégia de precificação. Produtos no estágio introdutório normalmente não sofrem tanta concorrência, por isso permitem maior liberdade na prática de preços. Na maturidade, na qual o mercado caracteriza-se por um grande número de concorrentes e vendas mais estabilizadas, os preços devem ser mais competitivos ou até promocionais, caso a empresa queira ampliar sua fatia de mercado. • Fatores culturais e sociais: estes fatores também exercem influência nos preços, já que a sociedade muda seus valores em diferentes períodos, o que acaba aumentando a procura por determinadosprodutos. Hoje, com a busca pelo equilíbrio entre mente e corpo, existe uma maior procura por atividades como yoga e pilates, por exemplo. • Fatores políticos, legais e econômicos: inflação, câmbio, recessão e mudanças econômicas afetam os preços e a procura por determinados produtos. Com o crescimento da economia de países como a China, aumentando o nível das importações, os brasileiros começaram a procurar por cursos de mandarim. A abertura de mercado para países como Índia e China também obrigou as empresas brasileiras a reverem seus preços. • Governo: não podemos deixar de mencionar a relevância do governo na determinação dos preços, devido aos impostos, tributos e mecanismos de fiscalização. Estratégias de Precificação Ao lançar um produto, as empresas podem optar por uma dessas estratégias, de acordo com Las Casas (2006): 59 O Composto Mercadológico Capítulo 3 • Estratégia de desnatação: com essa estratégia, os preços são estabelecidos em patamares mais elevados, visando a atingir determinada classe social. Posteriormente, os preços são reduzidos, a fim de atingir maior fatia do mercado. Nesse caso, parte-se do princípio de que é mais fácil reduzir preços posteriormente do que aumentá-los. • Estratégia de penetração: nesse caso, os preços são determinados em níveis mais baixos, com o objetivo de vender grandes volumes e atingir o maior número possível de consumidores. Ao utilizar essa estratégia, as empresas devem estar cientes de que é mais difícil conseguir aumentar os preços posteriormente. Ambas as estratégias são válidas mercadologicamente, dependendo sempre do objetivo e posicionamento que a empresa busca ter no mercado. Objetivos de Precificação Os objetivos mais gerais para a determinação de preços, de acordo com Las Casas (2006), são: • Retorno no investimento: nesse caso, a empresa está primeiramente preocupada em conseguir retorno sobre o investimento realizado em determinado empreendimento ou produto. • Preços da concorrência: ao invés de se preocuparem primeiramente com os custos dos produtos e com o retorno sobre o investimento, os administradores têm nos preços de seus concorrentes seu ponto de partida. Os preços, desse modo, podem ser determinados abaixo ou acima da concorrência, dependendo do objetivo da empresa. • Preços promocionais: são objetivados pelas empresas que querem ser mais competitivas, utilizando preços promocionais eventualmente ou até por determinados períodos de tempo, ainda assim permitindo a sobrevivência da empresa no mercado. • Fatia de mercado: a empresa poderá determinar qual a fatia de mercado que deseja atingir em determinado tempo (exemplo: 10% do mercado em um ano). Nesse caso, será utilizada uma política de preços que permita atingir esse objetivo. 60 Vendas e Marketing Confira no quadro uma relação mais completa de objetivos de precificação: Quadro 4 – Objetivos de preços 1. Retorno no investimento. 2. Ganhar fatia de mercado. 3. Maximização do lucro em longo prazo. 4. Maximização do lucro em curto prazo. 5. Crescimento. 6. Estabilização de mercado. 7. Manter liderança de preço. 8. Desencorajar a concorrência. 9. Acelerar a saída da concorrência. 10. Evitar controle e investigação do governo. 11. Manter lealdade de intermediários e ganhar seu apoio para vendas. 12. Melhorar a imagem da empresa e de seus produtos. 13. Criar interesse pelo produto. 14. Ser considerado como honesto e confiável pelos concorrentes. 15. Ajudar a venda de produtos fracos na linha. 16. Desencorajar concorrentes para redução de preços. 17. Valorizar o produto. 18. Gerar tráfego/fluxo de caixa. 19. Lucratividade máxima para a linha de produtos. 20. Recuperar investimento rapidamente. Fonte: Adaptado de Las Casas (2006, p. 192). Política de Preços Las Casas (2006) explica que existem várias opções para a adoção de uma politica de preços, de acordo com a obtenção dos objetivos da empresa. Citaremos os principais: • Preços costumeiros: são aqueles que estão na faixa que os consumidores estão acostumados a pagar, de acordo com o mercado. • Preços de linha: a empresa pode optar por uma política de preços por linha, podendo comercializar uma linha de preços mais baixos e outra de preços mais altos. Essa política permite maior cobertura do mercado. Diversas empresas de vestuário têm investido nessa política para atingir variadas classes sociais. 61 O Composto Mercadológico Capítulo 3 Ambas as estratégias são válidas mercadologicamente, dependendo sempre do objetivo e posicionamento que a empresa busca ter no mercado. • Preços psicológicos: são os valores quebrados, dando a impressão de que o produto é mais barato. Como exemplo, podemos citar as lojas de 1,99. • Preços únicos e preços negociados: a política de preços únicos é inflexível, não permitindo negociações para os seus diversos compradores. Já nos preços negociados, a negociação de preços acontece de acordo com cada caso, de cliente para cliente. Havaianas Criada para ser o calçado mais barato possível de ser fabricado, a sandália Havaianas se transformou, após uma brilhante estratégia de marketing, em um dos maiores sucessos internacionais brasileiros. Em alguns países, o preço de venda do produto supera a casa dos cem dólares. Figura 9 - Anúncio de Havaianas Fonte: Disponível em: <www.havaianas.com>. Acesso em: 04 jan. 2012. Métodos para Determinação de Preços A empresa deve selecionar o método para determinação de preços mais adequado aos seus objetivos e políticas de preços. Algumas empresas consideram inicialmente os preços da concorrência, enquanto outras estabelecem preços a partir de seus custos ou, ainda, pode haver uma combinação destas duas alternativas. Las Casas (2006) explica os três principais métodos para determinação de preços: 62 Vendas e Marketing • Custo total-plus: a soma de todas as despesas para execução de um projeto é reembolsada à empresa e um percentual é adicionado como pagamento pela prestação de serviços. Este método é utilizado para grandes projetos, inclusive para órgãos governamentais, em que a previsão de custos seja quase impossível de ser realizada. • Mark-up: neste método um percentual é adicionado aos custos para chegar ao preço final. O cálculo pode ser feito com base na fórmula “Custo + Mark-up (%) preço de venda”. Este método de fácil aplicação é muito usado no varejo, mas tem o inconveniente de considerar apenas custos na determinação de preços, desconsiderando a realidade do mercado. • Preço geográfico: este método considera a inclusão (ou não) do transporte de mercadorias do fabricante ao comprador no preço final. A partir da seleção do método, chega-se ao preço final ou preço de lista. É importante que o administrador tenha o preço de lista como base, sem esquecer-se de planejar uma política de descontos para casos especiais. Os descontos podem variar para clientes intermediários, por quantidades compradas e, ainda, para pagamento à vista. Existem situações que justificam algumas diferenciações, mas deve-se tomar cuidado para não ocasionar insatisfação entre os consumidores. Brastemp Duet A lavadora-secadora de roupas Duet da Brastemp pode ser até quatro vezes mais cara do que os modelos concorrentes. Figura 10 - Lava-seca Duet da Brastemp Fonte: Disponível em: <www.submarino.com>. Acesso em: 04 jan. 2012. 63 O Composto Mercadológico Capítulo 3 Passos para Determinação de Preços A empresa precisa considerar muitos fatores para estabelecer sua política de determinação de preços. Descrevemos um procedimento em sete passos: Quadro 5 – Passos para a determinação de preços Decisão do objetivo da determinação de preços. Determinação dos segmentos a serem atingidos (mercado-alvo). Determinação da demanda e estimativa de custos. Análise do preço da concorrência. Determinação da política de preços. Seleção do método de determinaçãode preços. Seleção do preço final com base nas análises anteriores. Fonte: Adaptado de Las Casas (2006, p. 193). “A qualidade fica depois que o comprador se esquece do preço”. Henry Royce, um dos fundadores da Rolls-Royce. Atividade de Estudos: 1) Estudamos o segundo componente do Composto de Marketing: o Preço. Analise a proposta de preços das Casas Bahia (www. casasbahia.com.br) e responda: • Qual a estratégia de precificação utilizada pelas Casas Bahia? • Quais você considera os 3 principais objetivos de precificação? • Qual a política de preços adotada? • Justifique as suas respostas. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 64 Vendas e Marketing A praça, também denominada distribuição ou canais de marketing, proporciona ao consumidor utilidade e conveniência em termos de lugar e tempo. A colocação de produtos em locais apropriados e no tempo certo é determinante para o sucesso de qualquer estratégia mercadológica. Praça A praça, também denominada distribuição ou canais de marketing, proporciona ao consumidor utilidade e conveniência em termos de lugar e tempo. A colocação de produtos em locais apropriados e no tempo certo é determinante para o sucesso de qualquer estratégia mercadológica. Um bom produto e um preço adequado não são suficientes para assegurar vendas. É necessária também a existência de uma forma eficiente de conduzir os produtos até os compradores finais. Caso contrário, o plano de marketing será deficiente, pois os consumidores estão acostumados e muitas vezes exigem comprar seus produtos em locais que lhes sejam acessíveis e convenientes, além de disponíveis quando deles necessitam. (LAS CASAS, 2006, p. 212). Conforme afirma o autor, de nada adianta um bom produto a um preço adequado se este produto não chega até o consumidor. O elemento Praça, dentro do composto mercadológico, deve assegurar que os produtos estejam acessíveis e disponíveis ao consumidor, em locais de sua conveniência. Um canal de distribuição é responsável pela transferência dos produtos dos fabricantes para os consumidores, preenchendo as lacunas de tempo, local e posse que separam os produtos e serviços daqueles que necessitam ou desejam tais bens. A maioria dos fabricantes não vende diretamente aos consumidores finais. Entre essas duas partes existem um ou mais intermediários. Todo esse conjunto constitui um canal de marketing também chamado de canal de distribuição. Canais de marketing são conjuntos de organizações interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar um produto ou serviço para uso ou consumo. Eles formam o conjunto de caminhos que o produto ou serviço segue depois da produção, culminando na compra ou na utilização pelo usuário final. (KOTLER, 2006, p. 464). O conjunto das atividades relativas à movimentação eficiente dos produtos do fabricante até o consumidor final (logística) também está contemplado no P de Praça. Os canais de distribuição afetam todas as outras decisões de marketing. Os produtos devem estar disponíveis em pontos de venda adequados a eles. Da 65 O Composto Mercadológico Capítulo 3 Os intermediários facilitam o fluxo de produtos e serviços, reduzindo a distância entre o fabricante, sua diversidade de ofertas e o consumidor. O número de pontos de contato da marca com os clientes amplia drasticamente através do uso dos intermediários. mesma forma, o preço dos produtos pode variar de acordo com o tipo de canal utilizado. Um mesmo produto pode ter preços diferenciados se comercializado em uma grande rede varejista ou em lojas especializadas, por exemplo. Por isso, as decisões a respeito dos canais de marketing estão entre as mais difíceis a serem tomadas pela empresa. O Papel dos Canais de Marketing Por que um fabricante delega parte do trabalho de vendas a intermediários? Kotler (2006) responde a essa questão da seguinte forma: • Os fabricantes obtêm diversas vantagens ao utilizar intermediários como canais de distribuição. Uma delas é que, dessa forma, eles podem concentrar-se no seu negócio principal. • Muitos fabricantes não dispõem de recursos financeiros para comercializar seus produtos diretamente ao consumidor final. A GM vende carros para mais de 8 mil revendedores somente na América Latina. Mesmo para um gigante como ela, seria difícil levantar o capital necessário para adquirir todas essas revendas. • E, em terceiro lugar, existem casos em que a comercialização direta simplesmente não é viável. Imagine se uma empresa de gomas de marcar, por exemplo, tivesse que abrir inúmeros pontos de venda para estar presente na vida do consumidor. Ou, ainda, imagine se ela tivesse que enviar as gomas pelo correio. Isso seria impraticável, visto que o consumidor busca por conveniência. Quando vamos a um supermercado, buscamos uma diversidade de produtos, de alimentos a produtos de limpeza, facilitando o nosso cotidiano e ganhando tempo e outros benefícios. Dessa forma, podemos concluir que os intermediários facilitam o fluxo de produtos e serviços, reduzindo a distância entre o fabricante, sua diversidade de ofertas e o consumidor. O número de pontos de contato da marca com os clientes amplia drasticamente através do uso dos intermediários. Vejamos, então, algumas das funções dos membros do canal. 66 Vendas e Marketing Existem dois tipos fundamentais de canais: o direto, no qual a comercialização acontece sem intermediação, e o indireto, em que existem um ou mais intermediários entre o fabricante e o consumidor. Quadro 6 – Funções dos membros do canal • Reunir informações sobre clientes atuais e potenciais, concorrentes, outros participantes e forças do ambiente de marketing. • Desenvolver e disseminar mensagens persuasivas para estimular a compra. • Entrar em acordo sobre preço e outras condições para que se possa realizar a transferên- cia de propriedade ou posse. • Formalizar os pedidos com os fabricantes. • Levantar os recursos para financiar estoques em diferentes níveis no canal de marketing. • Assumir riscos relacionados à operação do canal. • Fornecer condições para a armazenagem e a movimentação dos produtos físicos. • Fornecer condições para o pagamento das faturas dos compradores por meio de bancos e outras instituições financeiras. • Supervisionar a transferência real de propriedade de uma organização ou pessoa para outra organização ou pessoa. Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 469). Tipos e Níveis de Canal De uma forma bem ampla, podemos dizer que existem dois tipos fundamentais de canais: o direto, no qual a comercialização acontece sem intermediação, e o indireto, em que existem um ou mais intermediários entre o fabricante e o consumidor. O canal de marketing direto (também chamado de canal de nível zero) consiste em um fabricante que vende diretamente ao consumidor final, como, por exemplo: vendas de porta em porta (Avon), reuniões domiciliares com vendas de produtos (Tupperware), mala direta e catálogos (Posthaus), telemarketing (Operadoras de telefonia), vendas pela televisão (Polishop), vendas pela internet e lojas próprias do fabricante. Já a venda indireta pode passar por um, dois ou até três níveis de intermediação, tanto para bens de consumo como para bens industriais, conforme nos mostra a figura. 67 O Composto Mercadológico Capítulo 3 Figura 11 – Canais de marketing para bens de consumo e de marketing industriais Fonte: Kotler e Keller(2006, p. 471). Seleção e Opções de Canal As empresas podem escolher entre uma ou mais opções para fazer seu produto chegar ao consumidor, utilizando desde a sua força de vendas até representantes, distribuidores, revendedores, mala direta, telemarketing, internet, entre outros. Cada canal apresenta vantagens e desvantagens e, muitas vezes, a combinação de vários canais (mix de canais) é uma solução a ser estudada. Para selecionar os canais mais adequados para cada situação, Kotler (2006) recomenda que a empresa identifique: • quais os tipos de intermediários disponíveis para conduzir as suas operações; • qual o número de intermediários necessário; • quais os direitos e responsabilidades de cada membro do canal. Kotler (2006) recomenda a busca por canais de marketing inovadores, vejamos alguns exemplos. A marca Medion vendeu 600 mil PCs na Europa em duas semanas de promoções relâmpago nos supermercados Aldi. A Avon está abrindo portas para o Bank One distribuir seus cartões de crédito. A Calyx e Corolla vendem flores por meio de entrega direta, com um catálogo impresso e uma loja virtual. Veja um exemplo prático de alternativas de canais para um fabricante de telefones celulares para automóveis. 68 Vendas e Marketing É importante que as empresas planejem e escolham com cuidado os seus canais, afinal eles funcionam como uma espécie de extensão da empresa. Quadro 7 – Alternativas de canal para um fabricante de telefones celulares para automóveis • A empresa poderia vender o produto a montadoras de automóveis para que fosse instala- do como equipamento original. • A empresa poderia vender o produto a concessionárias. • A empresa poderia vender o produto aos revendedores de equipamentos automotivos, por meio de uma força de vendas direta ou de distribuidores. • A empresa poderia vender o produto a revendedores especializados em telefones, por meio de uma força de vendas direta ou de revendedores. • A empresa poderia vender o produto por catálogos de reembolso postal. • A empresa poderia vender o produto em grandes redes varejistas. Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 476). Disney A Disney vende seus vídeos por meio de cinco canais principais: locadoras de filmes, como a Blockbuster; lojas próprias da empresa, as Disneys Stores; grandes redes varejistas, como a Best Buy; pela internet, através da Amazon e as Disneys Stores online; através de catálogos da Disney e empresas licenciadas da marca. Essa variedade de canais proporciona à empresa uma cobertura máxima de mercado, permitindo oferecer seus vídeos por diversos preços. É importante que as empresas planejem e escolham com cuidado os seus canais, afinal eles funcionam como uma espécie de extensão da empresa. Imagine a má impressão que os clientes teriam ao entrar num Mc Donald’s de aparência suja ou desagradável. Portanto, é de fundamental importância o planejamento e a implementação de programas de treinamento também para os intermediários. A decisão pelos canais mais apropriados é algo que deve ser revisto constantemente. Modificações devem ser realizadas no caso de ineficiência do intermediário, na mudança de comportamento do consumidor, na expansão do mercado ou com o surgimento de novos concorrentes ou canais, ou na mudança de estágio do produto dentro do seu ciclo de vida. É importante também que a empresa esteja atenta a conflitos entre os canais. Entre a empresa e seus intermediários deve prevalecer, em primeira mão, a compatibilidade de metas e percepções. 69 O Composto Mercadológico Capítulo 3 Apple Para aumentar a sua fatia de mercado, a Apple inaugurou, desde 2001, mais de 300 lojas em 10 países. As lojas são voltadas para clientes que gostam de tecnologia, com apresentações de produtos e workshops, assim como dicas de especialistas da área. Embora o site da empresa (www.apple.com) estivesse gerando cerca de 25% das vendas da empresa na época, seu próprio canal de varejo era uma extensão natural da marca. Figura 12 - Loja Apple na 5a Avenida em Nova Iorque Fonte: Disponível em: <www.apple.com>. Acesso em: 04 jan. 2012. Levi’s A Levi’s moveu uma ação contra a Tesco na Europa, alegando que o varejista estava prejudicando a imagem da marca ao vender jeans Levi’s importados a preços irrisórios. A Tesco oferecia, no Reino Unido, as genuínas calças jeans pela metade do preço. A Levi’s também desaprovava o fato de seu produto ser comercializado em redes que vendiam gêneros alimentícios. Após uma acirrada batalha judicial, em 2001 a Levi’s ganhou o causa. Logo após, a fabricante norte-americana decidiu lançar uma marca de jeans com preço mais acessível para ser comercializada em redes de supermercados como a Wal-Mart dos Estados Unidos. Por este exemplo, podemos perceber como a questão da escolha dos canais afeta diretamente todo o composto de marketing. 70 Vendas e Marketing À medida que a tecnologia evolui, novos caminhos se abrem tanto para os setores de serviços quanto para a venda de produtos. O comércio eletrônico está aí e deve ser avaliado dentro das opções de canais que uma empresa pode dispor. É um caminho sem volta que proporciona comodidade e agilidade nas transações entre a empresa e o cliente. Canais para a Venda de Serviços O conceito de canais de marketing não se limita à distribuição de produtos físicos. Os prestadores de serviços também enfrentam o desafio de fazer com que seus serviços estejam disponíveis e acessíveis ao consumidor. Vamos a alguns exemplos: uma rede de ensino pode diversificar seus canais de distribuição de várias formas. Pode oferecer seus serviços através de unidades educacionais (escolas), pode ainda fazer parcerias com fundações e outras organizações, além da possibilidade do ensino a distância, videoaulas, entre outras alternativas. Da mesma forma, as agências bancárias estão presentes na vida dos consumidores através de pontos de contato em supermercados, shoppings, caixas eletrônicos e internet. À medida que a tecnologia evolui, novos caminhos se abrem tanto para os setores de serviços quanto para a venda de produtos. Descobrir e explorar esses caminhos é primordial para alcançar uma população dispersa e chegar ao mercado desejado pela empresa. O comércio eletrônico está aí e deve ser avaliado dentro das opções de canais que uma empresa pode dispor. É um caminho sem volta que proporciona comodidade e agilidade nas transações entre a empresa e o cliente. Atividade de Estudos: 1) Estudamos o terceiro componente do Composto de Marketing: a Praça ou Distribuição. Ainda analisando a empresa Casas Bahia (www.casasbahia.com.br), identifique quais os principais canais utilizados que intermediam a venda entre a rede varejista e o consumidor. Relacione as principais vantagens e desvantagens de cada canal, sob o ponto de vista do consumidor. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 71 O Composto Mercadológico Capítulo 3 Para facilitar nossos estudos, vamos considerar Promoção igual à Comunicação, ou seja, como o conjunto de ferramentas que visa a divulgar e comunicar um produto, serviço, marca ou empresa. Promoção Vamos agora estudar o último elemento do Composto de Marketing: Promoção. Muitas pessoas confundem o termo “promoção” com descontos e liquidações. Ações promocionais desta ordem também fazem parte do 4o P de marketing, mas é fundamental que haja entendimento de que o P de Promoção é muito mais abrangente.Como o termo original “Promotion” vem do inglês, precisamos aqui fazer uma adaptação, no sentido de dar a este elemento sua real conotação e amplitude. Para facilitar nossos estudos, vamos considerar Promoção igual à Comunicação, ou seja, como o conjunto de ferramentas que visa a divulgar e comunicar um produto, serviço, marca ou empresa. Os estudiosos de marketing têm utilizando o termo Comunicação Integrada de Marketing (CIM) para explicar que existe um mix de diferentes ferramentas na comunicação que devem ser utilizadas de forma integrada ao marketing para atingir os objetivos de uma organização. Uma vez entendida essa questão, vamos adiante para o que dizem os autores sobre esse importante elemento do mix de marketing. PROMOÇÃO = COMUNICAÇÃO Para aprofundar seu conhecimento em Comunicação, leia Comunicação Integrada de Marketing. Uma visão global. Roberto Correa. Editora Saraiva. O marketing moderno exige muito mais do que desenvolver um bom produto a um preço atraente e torná-lo acessível. As empresas precisam também se comunicar com as partes interessadas atuais e potenciais e com o público em geral. Para a maioria das empresas, o problema não é comunicar, e sim o que dizer, como dizer, para quem dizer e com que frequência dizer. (KOTLER, 2006, p. 532). De acordo com a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP, 2012), promoção refere-se a informar, persuadir e influenciar pessoas na escolha de produtos, conceitos ou ideias. 72 Vendas e Marketing Comunicação não é o que você diz, mas sim o que os outros entendem. O processo de comunicação envolve um emissor ou comunicador, uma mensagem e um receptor. A comunicação se torna cada vez mais difícil à medida que um número crescente de empresas precisa sobressair-se para atrair a atenção do consumidor. Para atingir os mercados- alvo e construir marcas fortes, os profissionais de marketing e comunicação têm o desafio de integrar, de maneira criativa, os elementos do mix de comunicação. A comunicação se torna cada vez mais difícil à medida que um número crescente de empresas precisa sobressair-se para atrair a atenção do consumidor. Para atingir os mercados-alvo e construir marcas fortes, os profissionais de marketing e comunicação têm o desafio de integrar, de maneira criativa, os elementos do mix de comunicação. Las Casas (2006, p. 240) pontua que “[...] o administrador de marketing deve se preocupar com as várias formas, que sejam eficientes, para informar aos consumidores a respeito dos seus produtos, serviços ou formação da própria imagem da empresa.” Modelo de Comunicação Quando pensamos em processo de comunicação, devemos considerar seus principais componentes. O processo de comunicação envolve um emissor ou comunicador, uma mensagem e um receptor, conforme ilustra a figura: Figura 13 – Modelo de comunicação Fonte: Las Casas (2006, p. 240). Tão importante quanto emitir uma mensagem é colocar-se no lugar do receptor para que ele possa compreender e associar o que o emissor quis comunicar. Um ditado muito utilizado nesta área, de David Ogilvy (1998), enfatiza que comunicação não é o que você diz, mas sim o que os outros entendem. Por isso, é necessário fazer uma análise da audiência e planejar qual a melhor forma de atingi-la (o que dizer e como dizer). Somente ocorrendo o processo de entendimento por parte do receptor, podemos dizer que realmente houve comunicação. O feedback também é uma importante ferramenta para que o comunicador possa avaliar o resultado do seu esforço. Ruídos de comunicação devem ser evitados. 73 O Composto Mercadológico Capítulo 3 A Comunicação deve fazer o consumidor mover-se em 4 níveis: • Chamar a atenção. • Despertar o interesse. • Criar desejo. • Levar à ação (compra). Através da comunicação, as empresas buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores sobre os seus produtos e serviços. Funções da Comunicação A comunicação tem a função de trazer o produto ao conhecimento do público. Através da comunicação, as empresas buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores sobre os seus produtos e serviços. O objetivo maior de qualquer ação de comunicação é estabelecer diálogo e construir relacionamento com os clientes. Outras funções da comunicação: • Atua na imagem da marca. • Facilita a penetração do produto no mercado. • Amplia o mercado. • Tem papéis diferentes em cada estágio do ciclo de vida do produto. A Comunicação deve fazer o consumidor mover-se em 4 níveis: • Chamar a atenção. • Despertar o interesse. • Criar desejo. • Levar à ação (compra). De acordo com Kotler (2006), existem oito etapas para desenvolver uma comunicação eficaz: • Identificação do público-alvo. • Determinação dos objetivos. • Elaboração da comunicação (mensagem, estratégia criativa). • Seleção dos canais de comunicação. • Estabelecimento do orçamento. • Decisão sobre o mix de comunicação. • Mensuração dos resultados da comunicação. • Gerenciamento da comunicação integrada de marketing. Mix de Comunicação de Marketing O mix de comunicação é composto por seis formas essenciais de comunicação: • Propaganda. • Promoção de vendas. • Relações Públicas/Assessoria de Imprensa. • Venda Pessoal. • Marketing Direto. • Merchandising. – Estudaremos com maior profundidade cada umas dessas formas no próximo capítulo. 74 Vendas e Marketing Para conhecer, de forma divertida, um pouco mais do mercado de comunicação, uma dica é o filme “Do que as mulheres gostam”, com Mel Gibson e Helen Hunt. Lançamento: 2000 (EUA). Tempo: 120 minutos. Atividade de Estudos: 1) Estudamos o quarto e último componente do Composto de Marketing: a Promoção (Comunicação). Pesquise um anúncio de jornal ou revista e avalie: • Qual o produto/serviço anunciado? • Qual o público-alvo da mensagem? • Qual o conteúdo da mensagem em termos de promessa? (O que o anúncio promete)? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ Algumas Considerações 75 O Composto Mercadológico Capítulo 3 Este capítulo teve como objetivo abordar os quatro elementos do Composto Mercadológico, também conhecido como Marketing Mix: Produto, Preço, Praça e Promoção. O composto de Marketing é o conjunto de estratégias utilizadas desde a concepção do produto, passando pelas estratégias de precificação e distribuição, até a sua divulgação/comunicação junto ao mercado-alvo. Cada um dos quatro elementos tem o seu papel e a sua importância dentro do mix e cabe ao profissional de marketing saber integrá-los, a fim de obter os melhores resultados para a empresa. É importante lembrar que, ao realizarmos alterações para um dos elementos, todos eles deverão ser revistos, buscando, assim, uma unidade de objetivos e melhores resultados. Os 4 P’s básicos – Produto, Preço, Praça e Promoção – servem para desenvolver estratégias de qualquer tipo de produto ou serviço. No entanto, alguns autores agregam alguns elementos específicos ao marketing de serviços, constituindo, assim, o mix ampliado, conhecido como também como os 7 P’s. Além dos 4 P’s tradicionais (Produto,Preço, Praça e Promoção), o marketing de serviços agrega: • People (Pessoas): todas as pessoas envolvidas direta e indiretamente na produção e consumo de um serviço é parte importante do marketing mix. • Process (Processos): os procedimentos, mecanismos e fluxo de atividades pelos quais um serviço é consumido são elementos essenciais da estratégia de marketing. • Physical Evidence (Evidências Físicas): o ambiente no qual um serviço é prestado, assim como itens físicos, pode tornar palpável a promessa de que um serviço representa. Para finalizar, a teoria dos 4 P’s pode ser complementada pelos 4 C’s: Quadro 8 – Os 4 P’s versus os 4 C’s 4 P’s 4 C’s Produto Consumidor, suas necessidades e desejos Preço Custo para o consumidor Praça Conveniência Promoção Comunicação Fonte: Moreira e colaboradores (2007, p. 50). O próximo capítulo terá enfoque nos elementos do Mix de Comunicação, suas características e importância dentro do Composto Mercadológico. Referências 76 Vendas e Marketing ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE. Disponível em: <www.abap.com.br>. Acesso em: 04 jan. 2012. CHURCHILL, Gilbert Jr. Marketing – Criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2000. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Técnicas de Vendas: como vender e obter bons resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006. LIMEIRA, Tânia Maria Vidigal. Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2006. MOREIRA, Júlio César Tavares et al. Administração de Vendas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. OGILVY, David. Confissões de um publicitário. 2. ed. São Paulo: Bertrand Brasil, 2001. PINHO, J.B. O poder das marcas. São Paulo: Summus, 1996.
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